SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 19
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS - CFCH
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS GEOGRÁFICAS – DCG
GEOMORFOLOGIA COSTEIRA
DELTAS E ESTUÁRIOS
Deltas
São feições progradacionais associadas a depósitos sedimentares fluviais
retrabalhados por energias marinhas
Tem-se varias definições:
 Barrell (1912) usou o termo delta para designar um depósito parcialmente subaéreo
construído por um rio no encontro com um corpo permanente de água.
 Bates (1953) definiu um delta como depósito sedimentar construído por fluxo de
água dentro de um corpo permanente de água.
 Wright (1978) define um delta como acumulações costeiras subaquosas e
subaéreas, construídas a partir de sedimentos trazidos por um rio, adjacentes ou em
estreita proximidade com o mesmo, incluindo os depósitos reafeiçoados
secundariamente pelos diversos agentes da bacia receptora, tais como ondas
correntes e marés.
O que diferencia um sistema deltaico de um complexo deltaico?
 O conjunto de subambientes que constituem o ambiente deltaico é denominado
Sistema Deltaico.
 Já o complexo corresponde a uma associação de deltas, geológico e geneticamente
relacionados entre si, porém independentes espacial e temporalmente.
Formação dos Deltas
Para a formação do delta é necessário que um rio (corrente aquosa), transporte carga
sedimentar e flua rumo a um corpo permanente de água em relativo repouso. Além
disso, para que a carga sedimentar transportada por um rio se acumule junto a sua foz e
resulte na formação de um delta os seguintes fatores são fundamentais (SUGUIO,
2003):
 Regime fluvial
 Processos costeiros
 Fatores climáticos
 Comportamento estrutural do sitio deposicional
Tipologia dos Deltas
Devido as interações entre a dinâmica fluvial e a marinha, diferentes critérios têm sido
utilizados na classificação de deltas (SUGUIO, 2003) :
- Lyell (1832) – considerando a bacia receptora classificou os deltas em:
• Continentais – são encontrados na foz dos rios que deságuam em lagoas ou em
outros rios;
• Marinhos ou oceânicos – localizam-se na foz dos rios que deságuam nos oceanos
ou mares, sendo constituídos por depósitos aluviais e fluviomarinhos.
- Scott e Fisher (1969) estabeleceram dois grandes grupos de deltas:
• Deltas construtivos
• Deltas destrutivos
Tipologia dos Deltas
Deltas construtivos Deltas destrutivos
Fonte: SUGUIO, 2003.
Tipologia dos Deltas
- Galloway (1975) propôs uma
classificação ternária, através de um
diagrama triangular que tem como
membros extremos o fornecimento de
sedimentos, o fluxo de energia das
ondas e o fluxo de energia das marés.
Fonte: SUGUIO, 2010.
Subambientes Deltaicos
 Os deltas compreendem uma porção
subaérea que a planície deltaica,
situada acima da baixa maré, e a
subaquosa representando a porção
submersa, separadas pelo limite de
influência das marés.
 O conceito clássico do delta admite
uma subdivisão em três províncias de
sedimentação:
• Planície ou plataforma deltaica
• Frente deltaica
• Prodelta
Fonte: SUGUIO, 2003.
Deltas quaternários brasileiros
Mudança do sistema deltaico na
Vila do Cabeço. Fonte:
Dominguez, 2009.
Delta do rio
Jequitinhonha,
dominado por
ondas. Fonte:
Dominguez
Delta do ri Doce (ES) Delta do rio Parnaíba do Sul (RJ)
Impactos e efeitos
 Em muitas áreas, as terras úmidas deltaicas sofreram controle das cheias com a
construção de barragens, que reduziu o seu aporte sedimentar e com os grandes diques
artificiais que evitaram as cheias menores, mas frequentes, que alimentavam as terras
alagáveis deltaicas.
 são ambientes extremamente dinâmicos com constante erosão e deposição,
então construções não são indicadas para essas regiões, no entanto nem
sempre isso acontece, como é o caso da Vila do Cabeço do Delta do São
Francisco que já foi destruída pela mudança na dinâmica deltaica, reconstruída
mais recuada e que hoje já está novamente em perigo devido à erosão.
Estuários
 Em termos geológicos, estuário é a
terminação de uma vale afogado
durante eventos transgressivos, que
recebe sedimentos tanto de fontes
fluviais quanto marinhas..
• ponto de vista oceanográfico, os
estuários foram definidos por
Pritchard (1967) como corpos d’água
costeiros, semiconfinados, onde
ocorre a mistura de água doce,
proveniente do continente, com água
salgada do oceano.
Com relação a salinidade
• zona estuarina fluvial, região mais interna do estuário fortemente relacionada com
o aporte fluvial com salinidades menores que 1
• zona estuarina média apresenta salinidades variando de 1 a 35, onde ocorre a
intensa mistura entre as águas salgadas e doces
• zona estuarina costeira ou desembocadura onde a forçante marinha (marés, ondas
e correntes) predomina.
Esquema geomorfológico de um estuário.
Fonte: Miranda, Castro & Kjerfve, 2002
Classificação
Domínio por ondas Domínio por mares
Os estuários são também classificados em
função do grau de estratificação (Stommel,
1953):
• Estuários verticalmente homogêneos:
Nestes, a água é misturada verticalmente
e os estuários. são homogêneos da
superfície ate o fundo, em cada local em
particular do estuário. A salinidade
aumenta ao longo do estuário, da
cabeceira à boca.
• Estuários moderadamente estratificados:
Nestes, a salinidade aumenta mais
próximo ao mar, mas a água apresenta
duas camadas; a camada de superfície é
menos salina que a do fundo, havendo
mistura entre elas. Estes estuários são
normalmente rasos e controlados pelos
rios.
• Estuários fortemente estratificados:
Nestes, na camada de superfície, a
salinidade aumenta de quase zero (no
rio) a valores próximos aos encontrados
no oceano (na extremidade aberta);
entretanto, na camada de fundo, se tem
uma salinidade praticamente uniforme,
da cabeceira para a boca.
Diversidade de espécies
• Apesar da alta produtividade, os
ambientes estuarinos apresentam
níveis de diversidade baixos
• Existe uma clara zonação nas regiões
estuarinas devido ao forte gradiente
de salinidade, as espécies dulcícolas
diminuem com o aumento da
salinidade e as espécies marinhas se
tornam mais dominantes, na região de
mistura intensa existe uma
diminuição do número de espécies,
pois somente “espécies estuarinas”,
que suportam grandes variações de
salinidade.
Impactos e efeitos
• Descargas de efluentes domésticos à eutrofização;
• Despejos industriais à contaminação por metais;
• Pesticidas à contaminação por substancias tóxicas;
• Construções de barragens à diminuição do aporte fluvial,
aumento da salinidade, concentração de poluentes no estuário,
perda de habitats;
• Desmatamento à assoreamento de canais e perda de habitats;
• Efluentes térmicos à perda da diversidade;
• Urbanização à perda de habitats.
REFERÊNCIAS
BANDEIRA JUNIOR A.N; PETRI, S.; SUGUIO, K. The Doce River delta. An example of higly
destructive wave – demicated delta on the Brazilian Atlantic coastline, State of Espírito
Santo. In: International Symposium on Costal Evolution in the Quaternary. Proceedings: 275-295.
São Paulo, 1979.
BATES, C.C. Rational theory of delta formation. Bull. American Assoc. Petr. Geologists,
37(9): 2 119-2 162, 1953.
M.L. (Ed.). Deltas – models for exploration. Houston (USA): Houston Geological
Society, 1975. p. 87-98.
MARTIN, Louis; SUGUIO, Kenitiro; FLEXOR, J. M. As fl utuações do nível do mar
durante o Quaternário superior e a evolução geológica dos “deltas”
brasileiros. Boletim IG-SP, Publicação Especial. 15: 1-186. São Paulo, 1993.
SCOTT, A.J.; FISHER, W.L. Delta systems and deltaic deposition. Discussion
notes. Austin: Department of Geological Sciences, Bureau of Economic Geology,
University of Texas, 1969.
DOMINGUEZ, J. M. L. Notas de aula de Processos Sedimentares e Problemas
Ambientais na Zona Costeira. Instituto de Geociências da Universidade Federal da
Bahia, 2009.
REFERÊNCIAS
Neto et al. Introdução à Geologia Marinha. Ed Interciência, Rio de Janeiro, 2004.
SCHUBEL, J. R.; HAYES, M. O.; PRITCHARD, D. W. The estuarine environment:
estuaries and estuariane sedimentation. Washington: American Geological Institute,
1974.
Kaiser, M.J. et al. Marine Ecology: processes, systems and impacts. Oxford University
Press, 557p: 2005.
Capítulo 16 - Oceanografia costeira e estuários
Material escrito pelo Prof. Dr. Joseph Harari e disponibilizado impresso durante aulas
da disciplina IOF 1202 - Oceanografia Física Descritiva, ministrada no Instituto
Oceanográfico da Universidade de São Paulo no ano de 2007.
https://www.danilorvieira.com/disciplinas/iof1202/ofd_capitulo16.php

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Bacias Hidrográficas - Parte I
Bacias Hidrográficas - Parte IBacias Hidrográficas - Parte I
Bacias Hidrográficas - Parte I
LCGRH UFC
 
Geo 13 ambientes sedimentares
Geo 13   ambientes sedimentaresGeo 13   ambientes sedimentares
Geo 13 ambientes sedimentares
Nuno Correia
 
Geo 6 FormaçãO De Rochas Sedimentares
Geo 6   FormaçãO De Rochas SedimentaresGeo 6   FormaçãO De Rochas Sedimentares
Geo 6 FormaçãO De Rochas Sedimentares
Nuno Correia
 
Accao Geologica De Um Rio
Accao Geologica De Um RioAccao Geologica De Um Rio
Accao Geologica De Um Rio
Nuno Correia
 
Princípios Estratigráficos
Princípios EstratigráficosPrincípios Estratigráficos
Princípios Estratigráficos
Gabriela Bruno
 

Mais procurados (20)

Delta
DeltaDelta
Delta
 
Geomorfologia litorânea
Geomorfologia litorâneaGeomorfologia litorânea
Geomorfologia litorânea
 
Transgressão e regressão marinha
Transgressão e regressão marinhaTransgressão e regressão marinha
Transgressão e regressão marinha
 
Bacias Hidrográficas - Parte I
Bacias Hidrográficas - Parte IBacias Hidrográficas - Parte I
Bacias Hidrográficas - Parte I
 
Geo 13 ambientes sedimentares
Geo 13   ambientes sedimentaresGeo 13   ambientes sedimentares
Geo 13 ambientes sedimentares
 
A gênese dos ecossistemas lacustres
A gênese dos ecossistemas lacustresA gênese dos ecossistemas lacustres
A gênese dos ecossistemas lacustres
 
Geomorfologia fluvial
Geomorfologia fluvialGeomorfologia fluvial
Geomorfologia fluvial
 
Braquiópodes, Paleontologia. Biologia, Geologia
Braquiópodes, Paleontologia. Biologia, GeologiaBraquiópodes, Paleontologia. Biologia, Geologia
Braquiópodes, Paleontologia. Biologia, Geologia
 
Progradação, agradação e retrogradação
Progradação, agradação e retrogradaçãoProgradação, agradação e retrogradação
Progradação, agradação e retrogradação
 
Bacia Hidrográfica
Bacia HidrográficaBacia Hidrográfica
Bacia Hidrográfica
 
Processos Endogenéticos na Formação do Relevo
Processos Endogenéticos na Formação do RelevoProcessos Endogenéticos na Formação do Relevo
Processos Endogenéticos na Formação do Relevo
 
Intemperismo apresentação
Intemperismo apresentaçãoIntemperismo apresentação
Intemperismo apresentação
 
Geo 6 FormaçãO De Rochas Sedimentares
Geo 6   FormaçãO De Rochas SedimentaresGeo 6   FormaçãO De Rochas Sedimentares
Geo 6 FormaçãO De Rochas Sedimentares
 
Escoamento Superficial
Escoamento SuperficialEscoamento Superficial
Escoamento Superficial
 
Accao Geologica De Um Rio
Accao Geologica De Um RioAccao Geologica De Um Rio
Accao Geologica De Um Rio
 
Fundamentos de Geologia Geral (1)
Fundamentos de Geologia Geral (1)Fundamentos de Geologia Geral (1)
Fundamentos de Geologia Geral (1)
 
Princípios Estratigráficos
Princípios EstratigráficosPrincípios Estratigráficos
Princípios Estratigráficos
 
RELATÓRIO DE CAMPO - GEOLOGIA
RELATÓRIO DE CAMPO - GEOLOGIARELATÓRIO DE CAMPO - GEOLOGIA
RELATÓRIO DE CAMPO - GEOLOGIA
 
Rochas sedimentares
Rochas sedimentaresRochas sedimentares
Rochas sedimentares
 
Atividade vulcânica
Atividade vulcânicaAtividade vulcânica
Atividade vulcânica
 

Destaque (14)

23533815 deltaico
23533815 deltaico23533815 deltaico
23533815 deltaico
 
Apostila de estratigrafia geral
Apostila de estratigrafia geralApostila de estratigrafia geral
Apostila de estratigrafia geral
 
Estuarios
EstuariosEstuarios
Estuarios
 
Flora Y Fauna Representativa De Estuarios Y Lagunas
Flora Y Fauna Representativa De Estuarios Y LagunasFlora Y Fauna Representativa De Estuarios Y Lagunas
Flora Y Fauna Representativa De Estuarios Y Lagunas
 
Construindo marcas no ambiente online
Construindo marcas no ambiente onlineConstruindo marcas no ambiente online
Construindo marcas no ambiente online
 
1676
16761676
1676
 
149
149149
149
 
Humedales y Estuarios
Humedales y EstuariosHumedales y Estuarios
Humedales y Estuarios
 
áSia Quadro Natural
áSia   Quadro NaturaláSia   Quadro Natural
áSia Quadro Natural
 
AGENTES EXTERNOS DO RELEVO
AGENTES EXTERNOS DO RELEVOAGENTES EXTERNOS DO RELEVO
AGENTES EXTERNOS DO RELEVO
 
Agentes modeladores do relevo externos
Agentes modeladores do relevo externosAgentes modeladores do relevo externos
Agentes modeladores do relevo externos
 
Ambientes costeiros e marinhos e Tundras
Ambientes costeiros e marinhos e TundrasAmbientes costeiros e marinhos e Tundras
Ambientes costeiros e marinhos e Tundras
 
Hidrografia
HidrografiaHidrografia
Hidrografia
 
Aula de hidrografia do brasil
Aula de hidrografia do brasilAula de hidrografia do brasil
Aula de hidrografia do brasil
 

Semelhante a Deltas e Estuários

Hidrografia
HidrografiaHidrografia
Hidrografia
Ely Leal
 
A NOSSA VIAGEM AO ENCONTRO DO CONHECIMENTO...
A NOSSA VIAGEM AO ENCONTRO DO CONHECIMENTO...A NOSSA VIAGEM AO ENCONTRO DO CONHECIMENTO...
A NOSSA VIAGEM AO ENCONTRO DO CONHECIMENTO...
grupoc1
 
Hidrografia geral e do brasil
Hidrografia geral e do brasilHidrografia geral e do brasil
Hidrografia geral e do brasil
Roberto Costa
 

Semelhante a Deltas e Estuários (20)

Caminho das Águas - .pdf
Caminho das Águas - .pdfCaminho das Águas - .pdf
Caminho das Águas - .pdf
 
Processos sedimentologicos em estuarios vfm
Processos sedimentologicos em estuarios vfmProcessos sedimentologicos em estuarios vfm
Processos sedimentologicos em estuarios vfm
 
Hidrografia e suas particularidades
Hidrografia e suas particularidadesHidrografia e suas particularidades
Hidrografia e suas particularidades
 
Hidrografia
HidrografiaHidrografia
Hidrografia
 
Hidrografia Oceanos, Mares, rios e Lagos
Hidrografia Oceanos, Mares, rios e LagosHidrografia Oceanos, Mares, rios e Lagos
Hidrografia Oceanos, Mares, rios e Lagos
 
A NOSSA VIAGEM AO ENCONTRO DO CONHECIMENTO...
A NOSSA VIAGEM AO ENCONTRO DO CONHECIMENTO...A NOSSA VIAGEM AO ENCONTRO DO CONHECIMENTO...
A NOSSA VIAGEM AO ENCONTRO DO CONHECIMENTO...
 
Hidrografia
HidrografiaHidrografia
Hidrografia
 
Samuel Barrêto
Samuel BarrêtoSamuel Barrêto
Samuel Barrêto
 
Revisão de prova de geografia 1º ano
Revisão de prova de geografia 1º anoRevisão de prova de geografia 1º ano
Revisão de prova de geografia 1º ano
 
Hidrosfera -- Revisão 6º ano
Hidrosfera -- Revisão 6º anoHidrosfera -- Revisão 6º ano
Hidrosfera -- Revisão 6º ano
 
Hidrosfera 6º ano
Hidrosfera 6º anoHidrosfera 6º ano
Hidrosfera 6º ano
 
Disponibilidades hídricas
Disponibilidades hídricasDisponibilidades hídricas
Disponibilidades hídricas
 
hidrosfera-140825140645-phpapp02 (1).pptx
hidrosfera-140825140645-phpapp02 (1).pptxhidrosfera-140825140645-phpapp02 (1).pptx
hidrosfera-140825140645-phpapp02 (1).pptx
 
hidrosfera-140825140645-phpapphidrosfera02.pptx
hidrosfera-140825140645-phpapphidrosfera02.pptxhidrosfera-140825140645-phpapphidrosfera02.pptx
hidrosfera-140825140645-phpapphidrosfera02.pptx
 
hidrosfera-140825140645-phpapp02.pdf
hidrosfera-140825140645-phpapp02.pdfhidrosfera-140825140645-phpapp02.pdf
hidrosfera-140825140645-phpapp02.pdf
 
Hidrografia
HidrografiaHidrografia
Hidrografia
 
recursosmaritimos_2.doc
recursosmaritimos_2.docrecursosmaritimos_2.doc
recursosmaritimos_2.doc
 
Hidrosfera: as Águas Continentais
Hidrosfera: as Águas ContinentaisHidrosfera: as Águas Continentais
Hidrosfera: as Águas Continentais
 
Hidrografia
HidrografiaHidrografia
Hidrografia
 
Hidrografia geral e do brasil
Hidrografia geral e do brasilHidrografia geral e do brasil
Hidrografia geral e do brasil
 

Último

Biotecnologias e manejos de cultivares .
Biotecnologias e manejos de cultivares .Biotecnologias e manejos de cultivares .
Biotecnologias e manejos de cultivares .
Geagra UFG
 
FATORES NATURAIS TERAPEUTICOS #NTF Lazzerini
FATORES NATURAIS TERAPEUTICOS #NTF LazzeriniFATORES NATURAIS TERAPEUTICOS #NTF Lazzerini
FATORES NATURAIS TERAPEUTICOS #NTF Lazzerini
fabiolazzerini1
 

Último (7)

608802261-Europa-Asia-Oceania-dominios-morfoclimaticos.pptx
608802261-Europa-Asia-Oceania-dominios-morfoclimaticos.pptx608802261-Europa-Asia-Oceania-dominios-morfoclimaticos.pptx
608802261-Europa-Asia-Oceania-dominios-morfoclimaticos.pptx
 
PUBERDADE E TIPOS DE REPRODUÇÃO EM CÃES.
PUBERDADE E TIPOS DE REPRODUÇÃO EM CÃES.PUBERDADE E TIPOS DE REPRODUÇÃO EM CÃES.
PUBERDADE E TIPOS DE REPRODUÇÃO EM CÃES.
 
Apresentacao-Novo-Marco-do-Saneamento.pdf
Apresentacao-Novo-Marco-do-Saneamento.pdfApresentacao-Novo-Marco-do-Saneamento.pdf
Apresentacao-Novo-Marco-do-Saneamento.pdf
 
70mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm7367.pptx
70mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm7367.pptx70mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm7367.pptx
70mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm7367.pptx
 
Biotecnologias e manejos de cultivares .
Biotecnologias e manejos de cultivares .Biotecnologias e manejos de cultivares .
Biotecnologias e manejos de cultivares .
 
SustentabilidadeUrbana_DireitoCidade_21Mai10.ppt
SustentabilidadeUrbana_DireitoCidade_21Mai10.pptSustentabilidadeUrbana_DireitoCidade_21Mai10.ppt
SustentabilidadeUrbana_DireitoCidade_21Mai10.ppt
 
FATORES NATURAIS TERAPEUTICOS #NTF Lazzerini
FATORES NATURAIS TERAPEUTICOS #NTF LazzeriniFATORES NATURAIS TERAPEUTICOS #NTF Lazzerini
FATORES NATURAIS TERAPEUTICOS #NTF Lazzerini
 

Deltas e Estuários

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS - CFCH DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS GEOGRÁFICAS – DCG GEOMORFOLOGIA COSTEIRA DELTAS E ESTUÁRIOS
  • 2. Deltas São feições progradacionais associadas a depósitos sedimentares fluviais retrabalhados por energias marinhas Tem-se varias definições:  Barrell (1912) usou o termo delta para designar um depósito parcialmente subaéreo construído por um rio no encontro com um corpo permanente de água.  Bates (1953) definiu um delta como depósito sedimentar construído por fluxo de água dentro de um corpo permanente de água.  Wright (1978) define um delta como acumulações costeiras subaquosas e subaéreas, construídas a partir de sedimentos trazidos por um rio, adjacentes ou em estreita proximidade com o mesmo, incluindo os depósitos reafeiçoados secundariamente pelos diversos agentes da bacia receptora, tais como ondas correntes e marés.
  • 3. O que diferencia um sistema deltaico de um complexo deltaico?  O conjunto de subambientes que constituem o ambiente deltaico é denominado Sistema Deltaico.  Já o complexo corresponde a uma associação de deltas, geológico e geneticamente relacionados entre si, porém independentes espacial e temporalmente.
  • 4. Formação dos Deltas Para a formação do delta é necessário que um rio (corrente aquosa), transporte carga sedimentar e flua rumo a um corpo permanente de água em relativo repouso. Além disso, para que a carga sedimentar transportada por um rio se acumule junto a sua foz e resulte na formação de um delta os seguintes fatores são fundamentais (SUGUIO, 2003):  Regime fluvial  Processos costeiros  Fatores climáticos  Comportamento estrutural do sitio deposicional
  • 5. Tipologia dos Deltas Devido as interações entre a dinâmica fluvial e a marinha, diferentes critérios têm sido utilizados na classificação de deltas (SUGUIO, 2003) : - Lyell (1832) – considerando a bacia receptora classificou os deltas em: • Continentais – são encontrados na foz dos rios que deságuam em lagoas ou em outros rios; • Marinhos ou oceânicos – localizam-se na foz dos rios que deságuam nos oceanos ou mares, sendo constituídos por depósitos aluviais e fluviomarinhos. - Scott e Fisher (1969) estabeleceram dois grandes grupos de deltas: • Deltas construtivos • Deltas destrutivos
  • 6. Tipologia dos Deltas Deltas construtivos Deltas destrutivos Fonte: SUGUIO, 2003.
  • 7. Tipologia dos Deltas - Galloway (1975) propôs uma classificação ternária, através de um diagrama triangular que tem como membros extremos o fornecimento de sedimentos, o fluxo de energia das ondas e o fluxo de energia das marés. Fonte: SUGUIO, 2010.
  • 8. Subambientes Deltaicos  Os deltas compreendem uma porção subaérea que a planície deltaica, situada acima da baixa maré, e a subaquosa representando a porção submersa, separadas pelo limite de influência das marés.  O conceito clássico do delta admite uma subdivisão em três províncias de sedimentação: • Planície ou plataforma deltaica • Frente deltaica • Prodelta Fonte: SUGUIO, 2003.
  • 9. Deltas quaternários brasileiros Mudança do sistema deltaico na Vila do Cabeço. Fonte: Dominguez, 2009. Delta do rio Jequitinhonha, dominado por ondas. Fonte: Dominguez Delta do ri Doce (ES) Delta do rio Parnaíba do Sul (RJ)
  • 10. Impactos e efeitos  Em muitas áreas, as terras úmidas deltaicas sofreram controle das cheias com a construção de barragens, que reduziu o seu aporte sedimentar e com os grandes diques artificiais que evitaram as cheias menores, mas frequentes, que alimentavam as terras alagáveis deltaicas.  são ambientes extremamente dinâmicos com constante erosão e deposição, então construções não são indicadas para essas regiões, no entanto nem sempre isso acontece, como é o caso da Vila do Cabeço do Delta do São Francisco que já foi destruída pela mudança na dinâmica deltaica, reconstruída mais recuada e que hoje já está novamente em perigo devido à erosão.
  • 11. Estuários  Em termos geológicos, estuário é a terminação de uma vale afogado durante eventos transgressivos, que recebe sedimentos tanto de fontes fluviais quanto marinhas.. • ponto de vista oceanográfico, os estuários foram definidos por Pritchard (1967) como corpos d’água costeiros, semiconfinados, onde ocorre a mistura de água doce, proveniente do continente, com água salgada do oceano.
  • 12. Com relação a salinidade • zona estuarina fluvial, região mais interna do estuário fortemente relacionada com o aporte fluvial com salinidades menores que 1 • zona estuarina média apresenta salinidades variando de 1 a 35, onde ocorre a intensa mistura entre as águas salgadas e doces • zona estuarina costeira ou desembocadura onde a forçante marinha (marés, ondas e correntes) predomina.
  • 13. Esquema geomorfológico de um estuário. Fonte: Miranda, Castro & Kjerfve, 2002
  • 15. Os estuários são também classificados em função do grau de estratificação (Stommel, 1953): • Estuários verticalmente homogêneos: Nestes, a água é misturada verticalmente e os estuários. são homogêneos da superfície ate o fundo, em cada local em particular do estuário. A salinidade aumenta ao longo do estuário, da cabeceira à boca. • Estuários moderadamente estratificados: Nestes, a salinidade aumenta mais próximo ao mar, mas a água apresenta duas camadas; a camada de superfície é menos salina que a do fundo, havendo mistura entre elas. Estes estuários são normalmente rasos e controlados pelos rios. • Estuários fortemente estratificados: Nestes, na camada de superfície, a salinidade aumenta de quase zero (no rio) a valores próximos aos encontrados no oceano (na extremidade aberta); entretanto, na camada de fundo, se tem uma salinidade praticamente uniforme, da cabeceira para a boca.
  • 16. Diversidade de espécies • Apesar da alta produtividade, os ambientes estuarinos apresentam níveis de diversidade baixos • Existe uma clara zonação nas regiões estuarinas devido ao forte gradiente de salinidade, as espécies dulcícolas diminuem com o aumento da salinidade e as espécies marinhas se tornam mais dominantes, na região de mistura intensa existe uma diminuição do número de espécies, pois somente “espécies estuarinas”, que suportam grandes variações de salinidade.
  • 17. Impactos e efeitos • Descargas de efluentes domésticos à eutrofização; • Despejos industriais à contaminação por metais; • Pesticidas à contaminação por substancias tóxicas; • Construções de barragens à diminuição do aporte fluvial, aumento da salinidade, concentração de poluentes no estuário, perda de habitats; • Desmatamento à assoreamento de canais e perda de habitats; • Efluentes térmicos à perda da diversidade; • Urbanização à perda de habitats.
  • 18. REFERÊNCIAS BANDEIRA JUNIOR A.N; PETRI, S.; SUGUIO, K. The Doce River delta. An example of higly destructive wave – demicated delta on the Brazilian Atlantic coastline, State of Espírito Santo. In: International Symposium on Costal Evolution in the Quaternary. Proceedings: 275-295. São Paulo, 1979. BATES, C.C. Rational theory of delta formation. Bull. American Assoc. Petr. Geologists, 37(9): 2 119-2 162, 1953. M.L. (Ed.). Deltas – models for exploration. Houston (USA): Houston Geological Society, 1975. p. 87-98. MARTIN, Louis; SUGUIO, Kenitiro; FLEXOR, J. M. As fl utuações do nível do mar durante o Quaternário superior e a evolução geológica dos “deltas” brasileiros. Boletim IG-SP, Publicação Especial. 15: 1-186. São Paulo, 1993. SCOTT, A.J.; FISHER, W.L. Delta systems and deltaic deposition. Discussion notes. Austin: Department of Geological Sciences, Bureau of Economic Geology, University of Texas, 1969. DOMINGUEZ, J. M. L. Notas de aula de Processos Sedimentares e Problemas Ambientais na Zona Costeira. Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia, 2009.
  • 19. REFERÊNCIAS Neto et al. Introdução à Geologia Marinha. Ed Interciência, Rio de Janeiro, 2004. SCHUBEL, J. R.; HAYES, M. O.; PRITCHARD, D. W. The estuarine environment: estuaries and estuariane sedimentation. Washington: American Geological Institute, 1974. Kaiser, M.J. et al. Marine Ecology: processes, systems and impacts. Oxford University Press, 557p: 2005. Capítulo 16 - Oceanografia costeira e estuários Material escrito pelo Prof. Dr. Joseph Harari e disponibilizado impresso durante aulas da disciplina IOF 1202 - Oceanografia Física Descritiva, ministrada no Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo no ano de 2007. https://www.danilorvieira.com/disciplinas/iof1202/ofd_capitulo16.php