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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA (UFRO)
      CENTRO DE HERMENÊUTICA DO PRESENTE                      PRIMEIRA VERSÃO
                                                               ISSN 1517-5421    lathé biosa   7
          PRIMEIRA VERSÃO
        ANO I, Nº07 JUNHO - PORTO VELHO, 2001
                         VOLUME I

                       ISSN 1517-5421


                         EDITOR
                   NILSON SANTOS


                 CONSELHO EDITORIAL
            ALBERTO LINS CALDAS - História
             ARNEIDE CEMIN - Antropologia
            FABÍOLA LINS CALDAS - História
         JOSÉ JANUÁRIO DO AMARAL - Geografia
                MIGUEL NENEVÉ - Letras
            VALDEMIR MIOTELLO - Filosofia

Os textos de até 5 laudas, tamanho de folha A4, fonte Times
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           deverão ser encaminhados para e-mail:
                                                                   BACHELARD - IMAGINÁRIO E
                     nilson@unir.br
                                                               MODERNIDADE: CIÊNCIA E IMAGINAÇÃO
                     CAIXA POSTAL 775
                     CEP: 78.900-970
                      PORTO VELHO-RO                                                  ARNEIDE CEMIN

                TIRAGEM 150 EXEMPLARES

      EDITORA UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA                                  αΩ
Arneide Cemin                                                                            BACHELARD - IMAGINÁRIO E MODERNIDADE:
       Professora de Sociologia                                                                              CIÊNCIA E IMAGINAÇÃO
       cemin@portovelho.com



       Bachelard é reconhecidamente um homem de ciência, seus textos epistemológicos fundamentam-se nos dados das Ciências físicas e químicas.
Homem de ciência, Filósofo da Ciência, que, entretanto, ao mesmo tempo contribuiu de forma decisiva para uma Metafísica da Imaginação, uma Filosofia
da Imaginação entendida enquanto poética, no sentido de poiésis, de criação. De acordo com o desenvolvimento Filosófico da modernidade – Metafísica
Crítica/Kant, e Fenomenologia/Husserl, o autor indaga acerca da contextura própria dos fenômenos Ciência e Imaginação. Mas, como procede Bachelard
para abordar os domínios da ciência e da poiésis?
       Faz uso de uma de suas categorias epistemológicas, a noção de “ruptura” ou “corte epistemológico” que, no caso, configura-se em corte na
imagem pela qual ilustra duplamente o homem. A partir da consideração das funções psíquicas fundamentais, tais como a função do real e a função do
irreal; distingue e analisa o homem da ciência, “homem diurno”, que deve atuar no domínio da consciência, locus da técnica reprodutora; e o homem da
poiésis, “homem noturno”, enraizado nos domínios mais arcaicos, profundos, e ainda desconhecidos da psique, locus da criação. De modo que propõe
uma psicanálise da razão e da imaginação.
        Ao mesmo tempo, Bachelard, no conjunto de sua obra, potencializa a razão, purificando-a do “pré-saber”, incluindo as cosmologias tradicionais e
os representantes das pulsões: intimações cósmicas e orgânicas, respectivamente, recomendando que a razão científica seja “psicanalizada” para que se
torne razão consciente. No mesmo movimento, limita o projeto da razão, evidenciando que ela não vai ao ontológico, ao “lócus” de criação do ser, uma
vez que atua a nível pré-consciente e consciente, quando bem conduzida.
       Para que a ciência realize adequadamente sua contextura fenomenológica, ele propõe os procedimentos epistemológicos suscetíveis de orientar a
razão científica: o já citado “corte epistemológico”; a “superação dos obstáculos” (resistências, inércias, imagens primeiras); e, a “vigilância
epistemológica”.
   Quanto à objetividade científica, ele argumenta que não há verdade com validade universal; cada ciência cria a sua verdade; assim, além dos
parâmetros de validade intrínsecos a cada ciência, para além das verdades suscitadas pelas epistemologias regionais, a objetividade deve ser
intersubjetiva, dizendo respeito à verificação coletiva, ao estabelecimento de critérios públicos e à circulação e confrontação de idéias no interior das
comunidades científicas.




                                                                                                                                   ISSN 1517 - 5421     2
Ao discutir o confronto entre o Determinismo e o Indeterminismo, aborda a causalidade salientando que desde a teoria da relatividade sabemos
que o tempo é inseparável do espaço. Sendo assim, a causa não pode ser unívoca, ela é um estado escolhido entre outros estados possíveis, e estes, por
sua vez, não se inserem em um instante particular retirado de uma temporalidade absoluta, mas são, eles próprios (a multiplicidade dos estados),
fundados em um instante singular.
         Compreende que a Filosofia da Ciência só pode ser histórica, e argumenta que a história da ciência é feita de descontinuidades, rupturas e
retificações sobre o seu “tecido de erros”. Entretanto, a ciência não vive apenas de descontinuidades; assim, a relação entre o passado, o presente e o
devir não é ignorada por ele que a especifica através da noção de “recorrência epistemológica”.
         Afirmando que ciência e poiésis são dois projetos distintos, deve o homem de ciência abdicar da imaginação? A resposta é não. Dissemos que
Bachelard contribuiu para o prestígio da imaginação, ao considera-la como tema de reflexão, reafirmando que ela é função psíquica fundamental e
definindo-a como poiésis, criação. Constituindo-se como a experiência mesma da novidade e da abertura antropológica entre o homem, ele próprio, e o
mundo.
         Entretanto, sua pedagogia adverte que, quando se trata de fazer ciência, as “imagens primeiras”, oriundas das solicitações pulsionais, cósmicas e
socais devem ser “purificadas” pelos procedimentos epistemológicos do corte, da superação e da vigilância.
         Mas com essa formulação Bachelard nos colocaria diante do dilema ciência ou poiésis? Não, se considerarmos o que decorre da pedagogia do
autor, pois o que ele nos propõe é uma atitude filosófica. Um chamamento para que nos tornemos filósofos, amantes da sabedoria e, com isso, a cada
vez, termos a possibilidade demiúrgica de sermos os criadores dos fenômenos aos quais nos dedicamos: conhecimento, elucidação.
         A ciência, diz ele, é invenção humana, é “fenomenotécnica”, fenômeno humano, artefato cultural. E o fato científico se “conquista”, contra o senso
comum – nosso e do meio; se “constrói” – não é dado natural; e, se “comprova”, através da substituição das metafísicas intuitivas e imediatas pelas
metafísicas discursivas, passando constantemente da descrição ao comentário teórico.
         Sendo a ciência produto do espírito humano relacionado ao mundo exterior, não se sustentam as unilateralidades postas pelo Racionalismo e pelo
Idealismo de um lado; e, pelo Realismo e pelo Empirismo de outro, visto que a cultura científica ocorre entre essas duas metafísicas contraditórias, porém
complementares, pois a demonstração científica se apóia tanto na experiência (empiria) quanto no raciocínio (razão).
         Assim, a psicologia do espírito cientifico requer a síntese das contradições e exige que o direcionamento do vetor epistemológico vá do racional
para o real. Embora, não haja positividade absoluta nem do experimento nem da razão, pois a relação entre a teoria e a experiência é tão estreita no
pensamento científico contemporâneo que ele deve ser flexível, móvel para, a cada vez, reordenar os seus dados, retificando os seus erros; bem como,
deve dar conta das ambigüidades.



                                                                                                                                    ISSN 1517 - 5421      3
O epistemólogo deve colocar-se entre o realismo e o racionalismo para perceber o movimento duplo pelo qual a “ciência simplifica o real e
complexifica a razão”. A ciência moderna baseia-se no projeto que obriga a refletir antes de observar, construir os instrumentos de observação, levando
em conta que os instrumentos são “teorias materializadas”. Sendo o fenômeno um “tecido de relações”, é preciso construí-lo por métodos múltiplos,
rompendo com a crença de que o “ser é sempre o sinal da unidade”, inscrever no ser os caracteres complementares e “fundar uma ontologia do
complementar menos asperamente dialética que a metafísica do contraditório”.
       É preciso realizar a nível psicológico o projeto epistemológico da ciência contemporânea que é “racionalismo aberto” porque “racionalismo
aplicado”, e a interação entre a prática e a teoria permite as surpresas tanto de uma nova imagem ou nova associação de imagens, quanto as surpresas
criadas pelas sugestões do pensamento teórico.
       Entretanto, ele argumenta que o fundamento da surpresa é a função imaginante e que a felicidade do sábio é unir o poder da ação racionalista ao
poder da ação criadora, ao poder da ação poética. Indica que reconhecemos a marca do progresso através daquilo que põe na nossa razão segurança e
felicidade, pois a “compreensão tem um eixo dinâmico, é um impulso espiritual, é um impulso vital”. Torna-se necessário, pois, abolir o pensamento
usual, o pensamento sem esforço. Retomando Nietzsche, ele estabelece a “filosofia do não”, do porque não, pois cita: “tudo o que é decisivo só nasce
apesar de. Apesar da evidência, apesar da experiência imediata.




       BIBLIOGRAFIA:

BACHELARD, Gaston. O Novo Espírito Científico. Lisboa, Edições 70, 1986.




                                                                                                                                 ISSN 1517 - 5421     4
VITRINE
                     SUGESTÃO DE LEITURA                                                                        LINKS

      DISCURSO PEDAGÓGICO, MITO E IDEOLOGIA:
      O Imaginário de Paulo Freire e Anísio Teixeira                           Centro Brasileiro de Filosofia Para Crianças
                                                                               http://www.cbfc.com.br

                       Maria Cecília Sanchez Teixeira                          Ibero-american Science& Technology Consortium
                                   Quartet                                     www.istec.org

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                                                                               www.fastweb.com
RESUMO: Este livro realiza análise inédita da obra de dois grandes
educadores, permitindo desvelar os mitos dominantes, segundo Gilbert           Línguas
Durant. Tanto em Paulo Freire, quanto em Anísio Teixeira, há uma profunda      www.weblinguas.com
crença no homem, na ciência, e na razão, mas são diferentes os mitos
organizadores em cada um. Em Freire, a derivação lembra o mito de              downloads
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Prometeu? Protótipo de progressismo cristão, socialista e revolucionário. Em
Teixeira, os traços míticos levam ao Prometeu do século XX: racionalista,
cientificista, progressista mas não revolucionário.                            www.superdowloads.com.br

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SUMÁRIO: Um Paradigma do Imaginário; Imaginário e Discurso                     www.zdnet.com/downloads
Pedagógico; A Dimensão mítico-ideológica do discurso Pedagógico de Paulo
Freire; A Dimensão mítico-ideológica do discurso Pedagógico de Anísio          Arte
Teixeira; Conclusões.                                                          www.mundodaarte.com.br

                                                                               Picasso
Áreas de interesse: Filosofia, Educação, Antropologia, Sociologia.             www.clubinternet.com/picasso

                                                                               Literatura de Cordel
Palavras-chave: Filosofia da Educação, Educação, Crítica, Imaginário           www.ssac.unicamp.br/suarq/cedae/cedae-flc-varal.html
Social, Filosofia.




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07. Bachelard - Imaginário e Modernidade: Ciência e Imaginação. Ano I, Nº 07 - Volume I - Porto Velho - Junho/2001.

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA (UFRO) CENTRO DE HERMENÊUTICA DO PRESENTE PRIMEIRA VERSÃO ISSN 1517-5421 lathé biosa 7 PRIMEIRA VERSÃO ANO I, Nº07 JUNHO - PORTO VELHO, 2001 VOLUME I ISSN 1517-5421 EDITOR NILSON SANTOS CONSELHO EDITORIAL ALBERTO LINS CALDAS - História ARNEIDE CEMIN - Antropologia FABÍOLA LINS CALDAS - História JOSÉ JANUÁRIO DO AMARAL - Geografia MIGUEL NENEVÉ - Letras VALDEMIR MIOTELLO - Filosofia Os textos de até 5 laudas, tamanho de folha A4, fonte Times New Roman 11, espaço 1.5, formatados em “Word for Windows” deverão ser encaminhados para e-mail: BACHELARD - IMAGINÁRIO E nilson@unir.br MODERNIDADE: CIÊNCIA E IMAGINAÇÃO CAIXA POSTAL 775 CEP: 78.900-970 PORTO VELHO-RO ARNEIDE CEMIN TIRAGEM 150 EXEMPLARES EDITORA UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA αΩ
  • 2. Arneide Cemin BACHELARD - IMAGINÁRIO E MODERNIDADE: Professora de Sociologia CIÊNCIA E IMAGINAÇÃO cemin@portovelho.com Bachelard é reconhecidamente um homem de ciência, seus textos epistemológicos fundamentam-se nos dados das Ciências físicas e químicas. Homem de ciência, Filósofo da Ciência, que, entretanto, ao mesmo tempo contribuiu de forma decisiva para uma Metafísica da Imaginação, uma Filosofia da Imaginação entendida enquanto poética, no sentido de poiésis, de criação. De acordo com o desenvolvimento Filosófico da modernidade – Metafísica Crítica/Kant, e Fenomenologia/Husserl, o autor indaga acerca da contextura própria dos fenômenos Ciência e Imaginação. Mas, como procede Bachelard para abordar os domínios da ciência e da poiésis? Faz uso de uma de suas categorias epistemológicas, a noção de “ruptura” ou “corte epistemológico” que, no caso, configura-se em corte na imagem pela qual ilustra duplamente o homem. A partir da consideração das funções psíquicas fundamentais, tais como a função do real e a função do irreal; distingue e analisa o homem da ciência, “homem diurno”, que deve atuar no domínio da consciência, locus da técnica reprodutora; e o homem da poiésis, “homem noturno”, enraizado nos domínios mais arcaicos, profundos, e ainda desconhecidos da psique, locus da criação. De modo que propõe uma psicanálise da razão e da imaginação. Ao mesmo tempo, Bachelard, no conjunto de sua obra, potencializa a razão, purificando-a do “pré-saber”, incluindo as cosmologias tradicionais e os representantes das pulsões: intimações cósmicas e orgânicas, respectivamente, recomendando que a razão científica seja “psicanalizada” para que se torne razão consciente. No mesmo movimento, limita o projeto da razão, evidenciando que ela não vai ao ontológico, ao “lócus” de criação do ser, uma vez que atua a nível pré-consciente e consciente, quando bem conduzida. Para que a ciência realize adequadamente sua contextura fenomenológica, ele propõe os procedimentos epistemológicos suscetíveis de orientar a razão científica: o já citado “corte epistemológico”; a “superação dos obstáculos” (resistências, inércias, imagens primeiras); e, a “vigilância epistemológica”. Quanto à objetividade científica, ele argumenta que não há verdade com validade universal; cada ciência cria a sua verdade; assim, além dos parâmetros de validade intrínsecos a cada ciência, para além das verdades suscitadas pelas epistemologias regionais, a objetividade deve ser intersubjetiva, dizendo respeito à verificação coletiva, ao estabelecimento de critérios públicos e à circulação e confrontação de idéias no interior das comunidades científicas. ISSN 1517 - 5421 2
  • 3. Ao discutir o confronto entre o Determinismo e o Indeterminismo, aborda a causalidade salientando que desde a teoria da relatividade sabemos que o tempo é inseparável do espaço. Sendo assim, a causa não pode ser unívoca, ela é um estado escolhido entre outros estados possíveis, e estes, por sua vez, não se inserem em um instante particular retirado de uma temporalidade absoluta, mas são, eles próprios (a multiplicidade dos estados), fundados em um instante singular. Compreende que a Filosofia da Ciência só pode ser histórica, e argumenta que a história da ciência é feita de descontinuidades, rupturas e retificações sobre o seu “tecido de erros”. Entretanto, a ciência não vive apenas de descontinuidades; assim, a relação entre o passado, o presente e o devir não é ignorada por ele que a especifica através da noção de “recorrência epistemológica”. Afirmando que ciência e poiésis são dois projetos distintos, deve o homem de ciência abdicar da imaginação? A resposta é não. Dissemos que Bachelard contribuiu para o prestígio da imaginação, ao considera-la como tema de reflexão, reafirmando que ela é função psíquica fundamental e definindo-a como poiésis, criação. Constituindo-se como a experiência mesma da novidade e da abertura antropológica entre o homem, ele próprio, e o mundo. Entretanto, sua pedagogia adverte que, quando se trata de fazer ciência, as “imagens primeiras”, oriundas das solicitações pulsionais, cósmicas e socais devem ser “purificadas” pelos procedimentos epistemológicos do corte, da superação e da vigilância. Mas com essa formulação Bachelard nos colocaria diante do dilema ciência ou poiésis? Não, se considerarmos o que decorre da pedagogia do autor, pois o que ele nos propõe é uma atitude filosófica. Um chamamento para que nos tornemos filósofos, amantes da sabedoria e, com isso, a cada vez, termos a possibilidade demiúrgica de sermos os criadores dos fenômenos aos quais nos dedicamos: conhecimento, elucidação. A ciência, diz ele, é invenção humana, é “fenomenotécnica”, fenômeno humano, artefato cultural. E o fato científico se “conquista”, contra o senso comum – nosso e do meio; se “constrói” – não é dado natural; e, se “comprova”, através da substituição das metafísicas intuitivas e imediatas pelas metafísicas discursivas, passando constantemente da descrição ao comentário teórico. Sendo a ciência produto do espírito humano relacionado ao mundo exterior, não se sustentam as unilateralidades postas pelo Racionalismo e pelo Idealismo de um lado; e, pelo Realismo e pelo Empirismo de outro, visto que a cultura científica ocorre entre essas duas metafísicas contraditórias, porém complementares, pois a demonstração científica se apóia tanto na experiência (empiria) quanto no raciocínio (razão). Assim, a psicologia do espírito cientifico requer a síntese das contradições e exige que o direcionamento do vetor epistemológico vá do racional para o real. Embora, não haja positividade absoluta nem do experimento nem da razão, pois a relação entre a teoria e a experiência é tão estreita no pensamento científico contemporâneo que ele deve ser flexível, móvel para, a cada vez, reordenar os seus dados, retificando os seus erros; bem como, deve dar conta das ambigüidades. ISSN 1517 - 5421 3
  • 4. O epistemólogo deve colocar-se entre o realismo e o racionalismo para perceber o movimento duplo pelo qual a “ciência simplifica o real e complexifica a razão”. A ciência moderna baseia-se no projeto que obriga a refletir antes de observar, construir os instrumentos de observação, levando em conta que os instrumentos são “teorias materializadas”. Sendo o fenômeno um “tecido de relações”, é preciso construí-lo por métodos múltiplos, rompendo com a crença de que o “ser é sempre o sinal da unidade”, inscrever no ser os caracteres complementares e “fundar uma ontologia do complementar menos asperamente dialética que a metafísica do contraditório”. É preciso realizar a nível psicológico o projeto epistemológico da ciência contemporânea que é “racionalismo aberto” porque “racionalismo aplicado”, e a interação entre a prática e a teoria permite as surpresas tanto de uma nova imagem ou nova associação de imagens, quanto as surpresas criadas pelas sugestões do pensamento teórico. Entretanto, ele argumenta que o fundamento da surpresa é a função imaginante e que a felicidade do sábio é unir o poder da ação racionalista ao poder da ação criadora, ao poder da ação poética. Indica que reconhecemos a marca do progresso através daquilo que põe na nossa razão segurança e felicidade, pois a “compreensão tem um eixo dinâmico, é um impulso espiritual, é um impulso vital”. Torna-se necessário, pois, abolir o pensamento usual, o pensamento sem esforço. Retomando Nietzsche, ele estabelece a “filosofia do não”, do porque não, pois cita: “tudo o que é decisivo só nasce apesar de. Apesar da evidência, apesar da experiência imediata. BIBLIOGRAFIA: BACHELARD, Gaston. O Novo Espírito Científico. Lisboa, Edições 70, 1986. ISSN 1517 - 5421 4
  • 5. VITRINE SUGESTÃO DE LEITURA LINKS DISCURSO PEDAGÓGICO, MITO E IDEOLOGIA: O Imaginário de Paulo Freire e Anísio Teixeira Centro Brasileiro de Filosofia Para Crianças http://www.cbfc.com.br Maria Cecília Sanchez Teixeira Ibero-american Science& Technology Consortium Quartet www.istec.org Educação no exterior www.fastweb.com RESUMO: Este livro realiza análise inédita da obra de dois grandes educadores, permitindo desvelar os mitos dominantes, segundo Gilbert Línguas Durant. Tanto em Paulo Freire, quanto em Anísio Teixeira, há uma profunda www.weblinguas.com crença no homem, na ciência, e na razão, mas são diferentes os mitos organizadores em cada um. Em Freire, a derivação lembra o mito de downloads www.downloads.com Prometeu? Protótipo de progressismo cristão, socialista e revolucionário. Em Teixeira, os traços míticos levam ao Prometeu do século XX: racionalista, cientificista, progressista mas não revolucionário. www.superdowloads.com.br www.tucows.com SUMÁRIO: Um Paradigma do Imaginário; Imaginário e Discurso www.zdnet.com/downloads Pedagógico; A Dimensão mítico-ideológica do discurso Pedagógico de Paulo Freire; A Dimensão mítico-ideológica do discurso Pedagógico de Anísio Arte Teixeira; Conclusões. www.mundodaarte.com.br Picasso Áreas de interesse: Filosofia, Educação, Antropologia, Sociologia. www.clubinternet.com/picasso Literatura de Cordel Palavras-chave: Filosofia da Educação, Educação, Crítica, Imaginário www.ssac.unicamp.br/suarq/cedae/cedae-flc-varal.html Social, Filosofia. ISSN 1517 - 5421 5