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Ministério da Educação
                   Secretaria de Educação Especial
ISSN - 1677-8073




                                                     Ano 14 - Edição Especial/2002
Edição Especial
                                                  Educação Física Adaptada




Comitê Editorial:
  Marilene Ribeiro dos Santos
  Ivana de Siqueira
  Luzimar Camões Peixoto
  Marlene de Oliveira Gotti
  Maria Cristina Dümpel de Oliveira
  Maria de Fátima Cardoso Telles
  Samira Jorge

Coordenação Editorial:
  Maria Cristina Dümpel de Oliveira

Edição de Texto:
   Maria de Fátima Cardoso Telles

Revisão:
   Maria de Fátima Cardoso Telles
   Maria Cristina Dümpel de Oliveira
   Marlene de Oliveira Gotti

Equipe de Apoio:
  Eduardo Edmundo Souto
  Irene Aparecida Braga
  Lúcia Maria Gonçalves Sampaio
  Silenir de Lima Aguiar
  Equipe Técnica da SEESP

Colaboradores Especiais:
   Fotos: Júlio César Paes de Oliveira
          Wanderley Pessoa
          Fotos cedidas pela Escola Parque Vivencial do
          Paranoá / Brasília/ D.F./ GDF/Secretaria de Educação.


Revista INTEGRAÇÃO é uma publicação trimestral da Secretaria de Educação
Especial do Ministério da Educação.
Esplanada dos Ministérios, Bloco "L", 6° Andar, Sala 600.
CEP:70047-901 - Brasília/DF.
Fones: (61) 410-8651/8642; 410-9115/9116.
E-mail: publicacao@mec.gov.br

Tiragem desta edição: 35 mil exemplares.
As matérias publicadas pela revista Integração podem ser reproduzidas,
desde que citada a fonte. Quando assinadas, indicar o autor. Artigos
assinados expressam as opiniões de seus respectivos autores e, não
necessariamente, as da SEESP, que os edita por julgar que eles contêm
elementos de reflexão e debate.
Editorial
   Esta edição especial da Integração tem como tema
a Educação Física voltada para os alunos com
necessidades educacionais especiais, no âmbito de sua
inclusão nas classes comuns do sistema regular de
ensino.

  Nossa intenção é sinalizarmos para a necessidade
de, em consonância com as palavras do professor
Apolônio do Carmo, “situar, discutir e analisar, no
quadro social e educacional brasileiro, os desafios que
os profissionais da Educação Física estão tendo, em
face da inclusão”.

    Ao definirmos esta temática, entendemos que
estaremos contribuindo para que os Programas de
Educação Física das Secretarias Estaduais e Municipais
de Educação incluam em suas propostas o atendimento
ao aluno com necessidades especiais, “construindo um
projeto pedagógico que respeite as diferenças
individuais e considere a diversidade de idéias,
sentimentos e ações”, conforme citado no artigo da
professora Verena Pedrinelli.

                        Marilene Ribeiro dos Santos
SUMÁRIO
04   Entrevista
     Marilene Ribeiro dos Santos

06   Inclusão e Educação Física
     Inclusão escolar e Educação Física: que movimentos são estes?
     Apolônio Abadio do Carmo
14   O princípio da inclusão: um elemento da metodologia das aulas de Educação Física.
     Elizabeth Ferretti Lemos

23   Inclusão e Assistência Social
     A inclusão e a lei orgânica da Assistência Social.
     Edison Duarte e Tereza P. Santos

26   Educação Física e Prática Pedagógica
     Educação Física e inclusão: considerações sobre a prática pedagógica na escola.
     Ruth Eugênia Cidade e Patrícia Silvestre Freitas

31   Educação Física e Diversidade
     Possibilidades na diferença: o processo de inclusão de todos nós.
     Verena J. Pedrinelli

35   Educação Física: Novos Caminhos
     Educação Física inclusiva: um grande desafio para o século XXI.
     Sônia Bertoni Sousa

39   Formação Docente e Educação Física
     A formação profissional do professor de Educação Física diante das necessidades
     educativas especiais de pessoas com paralisia cerebral.
     Gilmar de Carvalho Cruz, Écliton Pimentel e Luciano Basso

42   Informe Especial
     Teleconferência sobre o Programa de Educação Física Adaptada.

43   Depoimentos
        • Bianor Domingues
        • Amado de Paula da Silva
ENTREVISTA


                    MARILENE RIBEIRO
                      DOS SANTOS
                                                                                        *




        “              TEMOS DE ASSEGURAR QUE, NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DE
                   RECURSOS HUMANOS, CUJO PRINCIPAL VEÍCULO É A UNIVERSIDADE,
                   AS QUESTÕES RELACIONADAS À DEFICIÊNCIA E À INCLUSÃO SOCIAL
                    E EDUCACIONAL DA PESSOA COM NECESSIDADES ESPECIAIS SEJAM



                                                                                                   ”
                       CADA VEZ MAIS ABORDADAS E APRIMORADAS NO CURRÍCULO.


Professora Marilene, o que levou a Secretaria de                 cacionais especiais não é um fato novo, nem
Educação Especial do Ministério da Educação a                    tampouco desconhecido dos profissionais da área
criar o Programa de Educação Física Adaptada?                    de Educação Física. Entretanto, em que pesem os
                                                                 relevantes trabalhos existentes e conhecidos a res-
    O envolvimento da Secretaria de Educação Espe-               peito da Educação Física e dos esportes dirigidos a
cial (SEESP) com as pessoas com necessidades edu-                essas pessoas, as ações educacionais, historicamen-


*
    Secretária de Educação Especial do Ministério da Educação.


4
te, têm-se dado de forma segregada. Isso ocorre,          expressar e de mostrar seu potencial, muitas vezes
principalmente, pelo fato de alunos com necessida-        tolhido.
des especiais receberem, da parte de professores
pouco preparados, dispensa das aulas de Educação
Física. Essa falta de preparo dos professores tem de-     Existe algum Programa de financiamento voltado
corrido, em função de até pouco tempo, da                 para a área da Educação Física Adaptada?
inexistência, em sua formação, dos conteúdos ou
disciplinas destinados a prepará-los para atuar com           Neste ano de 2002, a SEESP/MEC disponibilizou uma
esses alunos, e também de uma falta maior de infor-       linha de financiamento especial para a realização dos
mações sobre a questão. Por todas essas razões a          cursos de multiplicadores nos Estados. Estes nos envia-
SEESP/MEC criou o Programa de Educação Física             ram seus projetos, os quais foram analisados e encami-
Adaptada.                                                 nhados ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da
                                                          Educação (FNDE), com vistas a sua aprovação.
                                                              Para o próximo ano, as Secretarias Estaduais e
Qual o objetivo do Programa?                              Municipais de Educação, por meio de seus órgãos
                                                          da Educação Física e da Educação Especial, deverão
    O objetivo geral do Programa é o atendimento à        prever em seus Planos de Trabalho Anual (PTA), ações
criança, garantindo seu acesso e sua permanência          que contemplem cursos de capacitação em Educa-
na escola regular, contemplando sua participação efe-     ção Física Adaptada.
tiva nas aulas de Educação Física. Para tanto, faz-se
necessária a capacitação dos professores de Educa-
ção Física do sistema regular de ensino, em uma vi-       Existe alguma ação da Secretaria de Educação Es-
são inclusivista, isto é, de inclusão do aluno com ne-    pecial/SEESP em parceria com as Universidades,
cessidades especiais nas escolas do ensino regular.       no que se refere aos cursos de Licenciatura, para
    O Programa foi dividido em duas etapas, sendo         a formação de competências para atuar com os
que a primeira foi realizada no mês de novembro e a       alunos com necessidades especiais, no âmbito da
segunda no mês de dezembro de 2001, ambas em              Educação Física?
Brasília, totalizando 189 (cento e oitenta e nove) pro-
fessores treinados. Esses professores, em seguida,            No ano de 1994, foi expedida, pelo Ministério da
atuarão, em uma terceira etapa, como                      Educação, para todo o sistema de ensino superior, a
multiplicadores em seus Estados, com o apoio da           Portaria número 1.793/94, contendo sugestões para
Secretaria de Educação Especial (SEESP/MEC), das          a inclusão de conteúdos e disciplinas sobre Educa-
Secretarias Estaduais de Educação, bem como dos           ção Especial nos cursos de graduação e licenciatura
órgãos locais de educação especial. Assim, será pos-      das instituições de ensino superior (IES).
sibilitado a todos os professores o acesso à                  Após um levantamento feito junto às IES, especi-
capacitação e às informações necessárias e adequa-        ficamente, junto àquelas que mantém cursos de li-
das para que os alunos com necessidades educacio-         cenciatura em Educação Física, foi constatado que,
nais especiais sejam cada vez mais beneficiados, e        em sua maioria, elas oferecem, em suas grades
não excluídos.                                            curriculares, disciplinas sobre Educação Especial. Essa
                                                          é uma boa notícia, pois temos de assegurar que, no
                                                          processo de formação de recursos humanos, cujo
Como a senhora vê a questão da inclusão de cri-           principal veículo é a universidade, as questões relaci-
anças com necessidades educacionais especiais             onadas à deficiência e à inclusão social e educacio-
nas aulas de Educação Física do sistema regular           nal da pessoa com necessidades especiais sejam cada
de ensino?                                                vez mais abordadas e aprimoradas no currículo.

    No Brasil, segundo dados do Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP/MEC,            Quais as perspectivas da SEESP para o futuro do
2001), existem 384 (trezentos e oitenta e quatro)         Programa?
mil crianças com algum tipo de deficiência matricu-
ladas nas escolas públicas. Hoje, apenas uma peque-          Ao final do ano de 2002, estaremos fazendo um
na parte dessas crianças tem a chance de praticar         balanço dos cursos de multiplicadores, realizados nos
atividades físicas, oferecidas nas aulas de Educação      Estados, para que possamos expandir ações que ve-
Física das escolas regulares. Isso precisa mudar, pois    nham beneficiar os professores de Educação Física
o exercício físico é uma das atividades que mais be-      do sistema regular de ensino, bem como os alunos
nefícios pode trazer aos alunos com necessidades          com necessidades especiais incluídos nas classes co-
especiais, por possibilitar-lhes a oportunidade de se     muns das escolas regulares.

                                                                                                               5
INCLUSÃO E EDUCAÇÃO FÍSICA


                      INCLUSÃO ESCOLAR E A
                      EDUCAÇÃO FÍSICA: QUE
                     MOVIMENTOS SÃO ESTES?




                                                                                                   Apolônio Abadio do Carmo *


   O objetivo deste texto é situar, discutir e analisar                 ensino e a pesquisa voltados para as pessoas com
no quadro social e educacional brasileiro os desafios                   deficiência.
que os profissionais da Educação Física estão tendo,                        Afirmamos isto porque, ainda, são poucos os pro-
em face da política de inclusão1, aqui entendida como                   fessores de Educação Física que não têm dúvidas em
necessária tanto para o aluno com deficiência, quanto                   relação às possibilidades dessas pessoas praticarem al-
para o considerado normal.                                              gum tipo de atividade esportiva, recreativa ou de lazer.
   A história percorrida pela Educação Física ao lon-                       Felizmente os ideários perversos da aptidão físi-
go das últimas duas décadas, no Brasil, em que pese                     ca, e da máxima mens sana in corpore sano2 , com-
seu intenso envolvimento com as mais diversas for-                      batidos longamente por diferentes autores brasilei-
mas de esportes adaptados desde os anos setenta,                        ros,3 há algum tempo cederam lugar para uma ou-
apresenta, ainda, problemas das mais diferentes or-                     tra concepção de homem, corpo e movimento.
dens e formas, como qualquer outra área do conhe-                       Estamos falando da diversidade humana, das dife-
cimento, sobretudo no tocante ao atendimento ao                         renças, das desigualdades.

1
  O termo inclusão é recente e teve sua origem na palavra inglesa “full inclusion”. Segundo STAINBACK e STAINBACK (1992) trata-se de um
novo paradigma que os autores definem da seguinte maneira: a noção de “full inclusion” prescreve a educação de todos os alunos nas
classes e escolas de bairro....reflete mais clara e precisamente o que é adequado: todas as crianças devem ser incluídas na vida social e
educacional da escola e classe de seu bairro, e não somente colocada no curso geral “mainstream” da escola e da vida comunitária, depois
de já ter sido excluída. In: MANTOAN, M. T. A integração da pessoa com deficiência. p. 176.
* Professor da Universidade Federal de Uberlândia/MG.

6
Com isso, o trabalho que a área da Educação Fí-                      diretrizes emanadas do Encontro Mundial de Educa-
sica vem desenvolvendo com as pessoas com defici-                        ção para Todos, realizado em 1990 na Tailândia e da
ência, nas duas últimas décadas, possibilitou a aber-                    Declaração de Salamanca de 19945 .
tura de novos campos de trabalho e pesquisas. A                              Essa nova tendência inclusivista no cenário políti-
fundação da Sociedade Brasileira de Atividade Motora                     co educacional brasileiro tem deixado os dirigentes
Adaptada, a criação de um Grupo de Trabalho nos                          educacionais confusos diante da obrigação de ter
Congressos do CBCE, a inclusão de várias linhas de                       que trabalhar no mesmo espaço e tempo, com cri-
pesquisas nos Programas de Mestrado e Doutorado                          anças que apresentam as mais diferentes formas de
no Brasil, tanto em Educação quanto em Educação                          habilidades, capacidades, comportamentos e histó-
Física, o fortalecimento do Comitê Paraolímpico Bra-                     rias de vida. O velho e desgastado ideário da igual-
sileiro e as grandes conquistas dos atletas nas últi-                    dade universal entre os homens começa a dar sinais
mas Paraolimpíadas, em Atlanta nos Estados Unidos                        de exaustão e um novo discurso começa a se tornar
e em Sidney na Austrália, exemplificam e corrobo-                        hegemônico. Estamos falando das diferenças con-
ram com nossas afirmações.                                               cretas existentes entre os homens, que sempre exis-
    Acreditamos que tudo isso seja fruto de uma lon-                     tiram, porém foram negadas ou desconsideradas pela
ga luta social envolvendo diferentes segmentos de e                      grande maioria dos educadores .
para deficientes4 , brasileiros e de outras nações.                          Atualmente, diante da tendência inclusivista a es-
    Por essas razões, atualmente as pessoas com de-                      cola está “nua” e não tem como camuflar suas limi-
ficiência que tiveram acesso aos esportes atingiram                      tações e lacunas. O impacto da inclusão escolar é
um razoável estágio em termos de acesso, participa-                      tão forte que existe até quem diga, como forma de
ção e desenvolvimento físico desportivo. Basta olhar                     apelo ao absurdo ou tentativa de relativizar o pro-
a quantidade de atletas existentes, o número de dis-                     blema, que “todos somos deficientes e diferentes”.
ciplinas voltadas para este fim nos cursos de gradu-                         Os defensores desse ideário, mecanicamente,
ação em Educação Física e o contingente de profes-                       acreditam que, por sermos todos limitados em algu-
sores atuando na área, que teremos as mais claras                        ma coisa, logicamente, por esta razão, somos, to-
respostas.                                                               dos deficientes.
    Entretanto, em que pese todas essas realizações,                         Com isso, tentam de forma simplista reduzir os
muito ainda necessita ser feito, principalmente na                       problemas decorrentes da violência simbólica6 , à ve-
tentativa de minimizar setores resistentes que conti-                    lha máxima, “quem não tiver uma limitação que atire
nuam, na maioria dos Estados brasileiros, desenvol-                      a primeira pedra”. Esquecem de todas as implicações
vendo ações no interior das escolas visando                              que os estigmas e a violência simbólica possuem, prin-
prioritariamente às crianças consideradas “normais”                      cipalmente enquanto elementos distintivos de clas-
ou aptas para a prática das atividades físicas con-                      se, raça, crença e valores sociais.
vencionais.                                                                  Contra essas idéias afirmamos que todos somos
    Esta situação, entretanto, tende a sofrer profun-                    diferentes e desiguais7 e não deficientes. Primeiro por-
das modificações em face da política de inclusão es-                     que somos sujeitos concretos; segundo porque so-
colar desencadeada pelo governo federal, fruto das                       mos de natureza biológica diferentes e socialmente


2
  Esta máxima valoriza e confirma a idéia de superioridade do espírito sobre o corpo. “... significa que a Educação Física rigorosa põe o
corpo na posse de saúde perfeita, permitindo que a alma se desprenda do mundo do corpo e dos sentidos para melhor se concentrar na
contemplação das idéias. Caso contrário a fraqueza física torna-se empecilho maior à vida superior do espírito. MARTINS & ARANHA.
Filosofando, 1996. p. 311.
3
 Ver a respeito em CASTELLANI FILHO, L. Educação Física no Brasil. A história que não se conta. Campinas: Papirus, 1998. COLETIVO DE
AUTORES: Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992. SOARES, Carmem L. Educação Física: raízes européias
e Brasil. São Paulo: Cortez, 1994.
4
 Instituições de deficientes são aquelas fundadas e dirigidas somente por pessoas com deficiência, enquanto que instituições para
deficientes são aquelas fundadas e dirigidas por pessoas não-deficientes.
5
 Em março de 1990, realizou-se em Jomtien, na Tailândia, a Conferência Mundial de Educação Para Todos, convocada pela Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e Banco Mundial, com o propósito de gerar um compromisso mundial de buscar uma
solução conjunta dos países para a crise na área educacional..
6
  Violência Simbólica segundo BORDIEU & PASSERON (1975) “... é todo o poder que chega a impor significações e a impô-las como
legítimas, dissimulando as relações de força que estão na base de sua força, acrescentando sua própria força, isto é, propriamente
simbólica, a essas relações de força...”p.19.
7
  Entendemos como sendo diferença a natureza biológica do indivíduo e, desigualdade a natureza social. Entretanto, dialeticamente
essas duas naturezas se interpenetram e não são excludentes, pelo contrário são complementares, podendo, portanto existir desigualdade
na diferença e diferença na diferença.

                                                                                                                                            7
INCLUSÃO E EDUCAÇÃO FÍSICA
desiguais; terceiro porque os atributos excepcional,    dentre outras – têm conseguido ao longo dos últi-
pessoa com deficiência, pessoa com necessidades         mos trinta anos, com pequenos arranjos
educacionais especiais, homossexual, prostituta, ne-    metodológicos, trabalhar no mesmo espaço e tem-
gro, índio, menor infrator, dentre outros, têm que      po alguns casos isolados envolvendo a diversidade
existir para que os não-portadores de deficiência,      humana.
não-homossexuais, não-prostitutas, os não–negros            No caso específico da Educação Física apesar des-
e não infratores também, possam existir. Além disso,    sa área já estar trabalhando há vários anos com pes-
todos nós conhecemos por quem, a quem se apli-          soas com deficiência, na grande maioria dos cursos
cam e a quem não se aplicam estes atributos.            de graduação, nas escolas e nos clubes, as diferen-
    No nosso modo de entender, em face das publi-       tes atividades realizadas têm sido desenvolvidas em
cações, pesquisas e conhecimentos acumulados na         espaços e tempos diferentes.
área, utilizar discursos de que todos somos deficien-       Acreditamos que isto esteja ocorrendo porque o
tes na tentativa de relativizar os estigmas e precon-   conhecimento veiculado por essa área, historicamen-
ceitos, é, no mínimo, uma posição ingênua, insen-       te, foi edificado visando atender concepções unas
sata e que precisa ser superada pelos educadores.       de saúde, de homem e corpo, deixando de levar em
    Retomando a discussão acerca dos impactos da        conta que a realidade em que vivemos é diversa e
inclusão podemos afirmar que as tão sonhadas tur-       formada concretamente por homens diferentes em
mas ou classes “homogêneas”, nas quais todas as         raça, cor, sexo, habilidades, capacidades, limites e
crianças deveriam ser “iguais” em idade, peso, altu-    possibilidades.
ra, e habilidades, estão prestes a se transformarem         Esta visão a-histórica, simplista e parcial da reali-
em classes da diversidade humana, onde todas são        dade, utilizada pelos professores de Educação Física,
diferentes e desiguais. E nos perguntamos: será que     tem tido reflexos diretos no trabalho que vem sendo
os professores de Educação Física que tanto sucesso     desenvolvido com as pessoas com deficiência.
têm conseguido com os atletas portadores de defici-         Esses profissionais têm preferido muito mais fa-
ência, no campo segregado e diferenciado dos jo-        zer arranjos, adaptações e improvisações nos conhe-
gos e competições, terão condições de desenvolver       cimentos existentes, do que gerar novos conhecimen-
suas atividades escolares em grupos envolvendo de-      tos e atividades motoras adequadas e dirigidas aos
ficientes e não-deficientes? Os conhecimentos que       alunos com deficiência.
os professores de Educação Física dominam possibi-          Os técnicos e os professores fazem as adapta-
litam-lhes, pedagógica, metodológica e tecnicamen-      ções quando transferem, como se fosse a única pos-
te, trabalhar a diversidade humana no mesmo espa-       sibilidade, os conhecimentos das diferentes modali-
ço e tempo da Escola Regular? As atividades motoras     dades esportivas conhecidas e universalmente disse-
e os esportes para os alunos com deficiência têm        minadas ( basquete, futebol, voleibol, natação, tênis




    “
               ...o conhecimento veiculado pela Educação Física, historicamente, foi



                                                                                                 ”
              edificado visando atender concepções unas de saúde, de homem e corpo,
              deixando de levar em conta que a realidade em que vivemos é diversa...

que ser necessariamente adaptados e ministrados se-     dentre outras) para a prática junto aos alunos que
paradamente das demais crianças?                        apresentam deficiências. Adaptam os fundamentos
    Diante de todos estes questionamentos o profes-     às regras e à medida que os problemas vão surgindo
sor de Educação Física deve estar se perguntando: o     no interior das práticas, novas mudanças vão sendo
que fazer para conciliar a política de inclusão com o   realizadas na tentativa de adequar o inadequado.
trabalho em uma classe de quarenta alunos “consi-           Essa forma de pensar possui grande similitude
derados normais” juntamente com alunos que apre-        com o famoso ideário da equalização social presen-
sentam uma deficiência física, mental, visual ou au-    te na escola nova, que acreditava poder corrigir a
ditiva, diferentes e desiguais?                         marginalidade fruto das desigualdades sociais, pe-
    Temos consciência da complexidade desta respos-     las vias do ajustamento e da adaptação dos indiví-
ta, por isso, esperamos até o final deste texto apon-   duos à sociedade, incutindo-lhes o sentimento de
tarmos algumas pistas para auxiliar os professores a    aceitação passiva e alienada.
encontrarem saídas para essa questão.                       Tal concepção tem profundas implicações
    Especificando um pouco mais nossas análises va-     sociopolíticas e econômicas, principalmente quan-
mos perceber que no cotidiano de uma escola regu-       do a adaptação é situada como sinônimo de
lar brasileira as várias áreas do conhecimento – Edu-   equalização, ou como forma de concretizar a eqüi-
cação Física, Matemática, Física, Ciências, História    dade de oportunidades.

8
Uma das implicações diz respeito aos mecanis-            a inclusão escolar, vista em outra perspectiva, venha
mos utilizados pela sociedade, por meio das escolas,         a ser o móvel que vai possibilitar profundas modifi-
partidos políticos, igrejas e outras instituições sociais,   cações nesse sentido.
que busca, a todo custo, a hegemonia de valores, leis,           Afirmamos isto porque, com o advento da inclu-
crenças e conhecimentos. Para que isso ocorra, ou-           são, mesmo no plano do discurso, o princípio explí-
tros valores, leis e conhecimentos necessitam ser su-        cito e defendido é o da diferença, da desigualdade.
focados.                                                     Desse modo, a relação entre o ideário dominante
    No caso específico da Educação Física, para que          (todos somos iguais) e o ideário emergente (todos
os conhecimentos produzidos e disseminados nos               somos diferentes) se torna mutuamente excludente,
esportes possam prevalecer é necessário que a adap-          pois concretamente fica difícil conciliar uma concep-
tação tenha que ocorrer. Portanto, advogar a adap-           ção abstrata com uma concepção concreta de ho-
tação significa, em última análise, defender a               mem.
hegemonia de um corpo de conhecimento sobre                      E é justamente aí que reside o grande desafio para
outro, mesmo que este outro ainda nem tenha es-              a comunidade científica da área, isto é, conciliar os
boçado nascer.                                               princípios da Educação Física adaptada com os prin-
    Muitos profissionais da Educação Física acredi-          cípios da inclusão escolar, que em tese são contradi-
tam que ao adaptarem os conhecimentos existentes             tórios.
aos portadores de deficiência estão realizando um                O mais interessante de tudo é que tanto os prin-
grande feito, ou sendo extremamente criativos. No            cípios da primeira linha de pensamento quanto os
nosso modo de entender, todo esse sucesso e                  da segunda, em última análise, defendem os mes-
criatividade, existe, porém, está servindo muito mais        mos valores, porém às avessas. À guisa de
para manter o princípio da igualdade universal entre         exemplificação poderíamos dizer que os defensores
os homens e as mazelas daí decorrentes, do que para          da Educação Física adaptada, ao mesmo tempo que
explicitar o princípio da diferença e da desigualda-         realizam práticas segregadoras, defendem e apóiam
de, na tentativa de superação deste quadro social.           as políticas inclusivistas.
    É muito interessante como esta questão contra-               Com isto, as políticas segregadoras e inclusivistas,
ditória se apresenta na realidade objetiva em que vi-        mesmo sendo contraditórias, se identificam, fazen-
vemos. Senão vejamos: os professores que trabalham           do com que os princípios inclusivistas da Educação
com alunos portadores de deficiência, em sua gran-           Física adaptada tornem-se princípios segregadores.
de maioria, se apresentam contra a discriminação, o              Isso tem ocorrido porque a grande maioria dos
preconceito e a segregação social. Entretanto, o cor-        profissionais da área não tem tido a preocupação,
po de conhecimentos que utilizam, na prática, na             nem percebe que a concepção de homem presente
tentativa de vencer esses comportamentos indesejá-           em seus discursos e práticas é contraditória.
veis os conduz diretamente à manutenção desses                   Falam e lutam por um homem e uma sociedade
mesmos comportamentos. Em outras palavras os                 onde todos sejam iguais, tenham as mesmas condi-
professores precisam, no discurso, ser o que não são,        ções, os mesmos direitos e deveres. Porém, traba-
para, na prática, conseguirem ser o que realmente            lham com um homem concreto, diferente, discrimi-
são.                                                         nado, desigual, e utilizam como instrumental os co-
    E nos perguntamos: será que esses profissionais          nhecimentos gerados historicamente para atender
não percebem os componentes de poder e interesse             as características e valores deste primeiro tipo de
presentes em todos os conhecimentos, e que são               homem.
justamente esses interesses e poderes que determi-               Diante desta contradição, os profissionais, ao
nam o que tem e o que não tem valor social ?                 invés de enfrentá-la na busca de sua superação,
    Vale aqui relembrar Habermas (1982) quando               optam por práticas e discursos adaptativos,
afirma a esse respeito que “....o saber não pode, en-        reorganizadores, maquiadores do real, dando
quanto tal, ser isolado de suas conseqüências. Não é         uma “nova“ feição, uma “nova” aparência a esta
pela contemplação de algo, na suposta apropriação            realidade.
conceitual daquilo que as coisas são num determina-              Acontece, porém que a questão principal, homem
do instante, que os homens aprendem, mas pela                concreto, desigual e diferente tratado como homem
transformação desta coisa, pelas conseqüências que           abstrato e igual, continua presente e sem solução.
seu saber opera no real...”                                      A persistir esta ação, não temos dúvidas de que,
    Nesta linha de raciocínio, esperamos ter deixado         por mais que tentem, pela via da adaptação pura e
claro o quanto os profissionais envolvidos com a             simples, solucionar este problema, a história, por estar
Educação Física adaptada necessitam produzir co-             em movimento e ser condicionada, conduzirá o pro-
nhecimentos que tragam conseqüências e contribu-             cesso sempre para o eixo central do pensamento
am para modificar o atual contexto social em que             dominante e hegemônico que é o da pseudo-igual-
vivem as pessoas com deficiência. Acreditamos que            dade universal entre os homens.

                                                                                                                   9
INCLUSÃO E EDUCAÇÃO FÍSICA
    Esta tendência fará com que todas as ações políti-                   Com isto, os conhecimentos vão sendo transmi-
cas centradas nas adaptações conduzam os parâmetros                  tidos, os alunos com deficiência vão tendo acesso às
avaliativos dos resultados esperados para bem próxi-                 atividades esportivas e as pesquisas sendo desenvol-
mo dos valores preconizados pela base igualitária.                   vidas muito mais com a preocupação em adaptar do
    A busca incondicional de resultados e medalhas,                  que em criar atividades compatíveis com as condi-
fraudes e manipulações nas classificações funcionais,                ções e habilidades dessas pessoas.
atletas que apresentam cada vez menos comprome-                          A continuar essa tendência, podemos afirmar que,
timento físico, mental e ou sensorial, e muitas ou-                  brevemente, cada vez menos pessoas estarão sendo
tras peculiaridades que cercam o mundo da Educa-                     envolvidas nas atividades físicas, isto é, restarão ape-
ção Física Adaptada e dos Esportes Paraolímpicos,                    nas os mais aptos, os melhores, os mais próximos
são exemplos do que estamos falando.                                 do mundo dos iguais.
    Nesta linha de pensamento percebemos ainda que                       Temos claro que o conhecimento se dá no tempo
o direcionamento das pesquisas nessa área têm bus-                   e não está preso ao tempo. Sua dinamicidade lhe
cado aproximar ao máximo os resultados dos atletas                   impõe movimento, criação e não apenas repetição
com deficiência com os resultados dos atletas nor-                   ou adaptações. Se os que fazem adaptações as
mais. Alguém poderia questionar sobre o que há de                    constróem na tentativa de demonstrar as capacida-
errado nisso. Por que as pessoas com deficiência não                 des e habilidades dos considerados deficientes em
podem realizar ou praticar os mesmos esportes que                    comparação com os normais, visando assegurar-lhes
as demais pessoas praticam, ou atingirem seus limi-                  reconhecimento social, estão redondamente equivo-
tes máximos de rendimento esportivo?                                 cados com este caminho.
    Pode parecer, para muitos, que não existe nada de                    Pois se assim fosse, nossos atletas com deficiên-
errado em pesquisar nesta direção, ou que as pessoas                 cia que receberam medalhas de ouro paraolímpicas
com deficiência pratiquem os esportes universalmen-                  seriam ídolos nacionais ou garotos-propaganda de
te disseminados e consigam resultados tão surpreen-                  inúmeras empresas. Não me recordo de ter visto, ao
dentes quanto os dos atletas não-deficientes.                        longo dos últimos trinta anos, algum medalhista com
    Acontece, porém, que esta questão não é tão sim-                 deficiência fazendo propaganda de tênis, camiseta
ples assim, pois tanto a escolha do que pesquisar,                   ou bebidas energéticas, como ocorre com os atletas
como a do que ensinar é uma decisão política                         normais.
alicerçada em uma concepção de homem, mundo e                            Não estamos defendendo a segregação de co-
sociedade.                                                           nhecimentos a essas pessoas, ou que não devam
    Todas as vezes que escolhemos o que ensinar,                     praticar os esportes adaptados que aí estão. Pelo
escolhemos, também o que deve ser ignorado. O                        contrário, temos clareza que essa é uma fase impor-
mesmo princípio se aplica à pesquisa, porque acre-                   tante e transitória do percurso histórico que estamos
ditamos que poucos são os pesquisadores que ain-                     vivendo. Não podemos é permanecer presos neste
da defendem a neutralidade científica.                               tempo e com esses conhecimentos.
    Portanto, o problema que estamos vivenciando,                        Como afirmamos anteriormente, o conhecimen-
atualmente, na relação inclusão versus atividade físi-               to se dá no tempo e não está preso ao tempo, e, por
ca adaptada reside precisamente na indefinição do                    ser produto da humanidade não deve ser proprieda-
marco referencial norteador da relação.                              de nem de classe nem de segmentos sociais isola-
    Esta indefinição por mais paradoxal que possa                    dos. Por isso, deve ser socializado ao máximo à to-
parecer está presente também nos textos que preco-                   dos os indivíduos, até mesmo para que percebam
nizam a própria proposta inclusiva.8 Em que pese o                   seus limites e contradições.
fato de o texto não se referir diretamente à igualda-                    Nossa preocupação fundamental neste texto é
de universal entre os homens, o faz mesmo assim,                     fazer com que os profissionais envolvidos com a área
de forma indireta, quando defende a promoção da                      reflitam sobre o descaso que tem sido dado às pes-
eqüidade do acesso à educação sem levar em consi-                    quisas visando novos conhecimentos (jogos, brinca-
deração as finalidades da escola, os conhecimentos                   deiras, atividades físicas) compatíveis com as possi-
veiculados, as avaliações realizadas, enfim, sua                     bilidades e realidades das diferentes formas com que
organicidade.                                                        se apresenta a diversidade humana.



8
  Os países participantes do Encontro Mundial de Educação Para Todos assinaram uma declaração Mundial em que se comprometeram a
lutar pela universalização do acesso à educação e promover sua eqüidade, a ampliar os meios e a abrangência da ação educativa,
fortalecer as alianças em todos os níveis e setores e fortalecer a solidariedade internacional. (grifo nosso). Em relação à Educação
Especial, diz o texto da Declaração: “As necessidades básicas de aprendizagem das pessoas portadoras de deficiência requerem atenção
especial. É preciso tomar as medidas que garantam a igualdade de acesso à educação aos portadores de todo e qualquer tipo de
deficiência, como parte integrante do sistema educativo”. (grifo nosso).In: Revista Integração, ano5, nº 14, 1994, p.01.

10
Apesar de termos afirmado no início deste texto                        3 sob o ponto de vista individual e imediato; e
que a Educação Física conseguiu superar a visão par-                       3 sob o ponto de vista coletivo e mediato.
cial e limitada de corpo, temos clareza que ela ainda                      No plano coletivo, precisamos levar em conside-
não está preparada para tratar o uno e o diverso                       ração que tanto o sucesso quanto a discriminação
simultaneamente, conforme sugere a política da in-                     são construções mediatas, históricas e objetivadas, e
clusão. Seus conteúdos estão parados no tempo, o                       os mesmos mecanismos sociais que edificam um ído-
que lhe obriga a recorrer às adaptações.                               lo, também, o destroem.
    À guisa de exemplificação destacamos o golball e                       No plano individual, a prática desportiva é tão
o futebol de salão com bola de guizo, duas formas                      importante para as pessoas com deficiência quanto
que os profissionais e os “deficientes” conseguiram,                   para quaisquer outras pessoas. As pesquisas desen-
com a melhor das intenções, adaptar para permitir                      volvidas em nossos cursos de Pós-Graduação têm
aos cegos condições de participação em jogos cole-                     demonstrado isso há vários anos.
tivos. Acontece, entretanto, que tanto um quanto o                         Entretanto, atribuir aos esportes adaptados a ca-
outro exigem dos participantes e assistentes com-                      pacidade de minimizar as discriminações e preconcei-
portamentos completamente incompatíveis com a                          tos, mostrando ao mundo que os portadores de defi-




              “                                                                                          ”
                              ...a prática desportiva é tão importante para as pessoas
                              com deficiência quanto para quaisquer outras pessoas.


natureza dos jogos de quadra. Ambos exigem silên-                      ciência são capazes, é, no nosso modo de entender,
cio da torcida. Vejam bem, silêncio da torcida!                        uma pretensão ingênua e a-histórica, pois essas ma-
    Ora, deveriam, então proibir a torcida de assistir,                zelas sociais não são frutos da ignorância humana,
pois torcer silenciosamente é tarefa muito mais ade-                   nem do desconhecimento das capacidades das pes-
quada para quem está aguardando a saída de um                          soas com deficiência. Pelo contrário, a sociedade em
doente na porta da UTI de um hospital do que para                      suas mais distintas épocas sempre negou a essas pes-
quem está numa quadra assistindo uma partida de                        soas o direito de cidadania. Em alguns países e em
futebol, handebol ou basquete.                                         alguma época lhes foi negado até o direito à vida.9
    E nos perguntamos: será que a partir da inteli-                         Dito isto, esperamos que os professores de Edu-
gência cinestésica, da capacidade de orientação es-                    cação Física, em face da proposta de inclusão esco-
pacial, percepção e discriminação tátil e auditiva não                 lar, tomem partido nessa luta social, não se distanci-
poderíamos pesquisar e desenvolver jogos e compe-                      ando da realidade, nem se deixando petrificar pelas
tições entre os cegos, bem como entre eles e as pes-                   adaptações motivadas por sentimentos passionais e
soas que não possuem essas limitações sensoriais?                      pieguistas tão comuns entre as pessoas que traba-
    Seguramente, poderíamos. Porém, existem meca-                      lham com alunos que apresentam necessidades edu-
nismos, já referidos anteriormente, gerados pela pró-                  cacionais especiais.
pria sociedade, que têm nos impedido de fazê- lo.                           Por isso, a proposta da inclusão, enquanto tese
    Dentre eles, destacaríamos a crença tanto dos atle-                que pretende possibilitar, indistintamente, acesso e
tas com deficiência como de seus treinadores de que                    permanência de todos na escola, é altamente louvá-
o sucesso nos esportes minimiza o processo histórico                   vel e oportuna, porém enquanto prática real e possí-
de discriminação e leva ao reconhecimento social.                      vel é totalmente frágil e até enganosa pelas razões já
    No nosso entendimento, pensam assim apenas os                      discutidas anteriormente.
que não conseguem perceber que a grande maioria                             Não podemos nos esquecer que acima das ques-
das pessoas com deficiência não pratica esporte por-                   tões superficiais que têm orientado o debate tais
que as relações sociais usurparam destas pessoas es-                   como, se devemos ou não incluir todos na escola, se
ses direitos, e não porque elas são incapazes. Que elas                a escola precisa primeiro preparar os professores ou
são capazes não temos nenhuma dúvida, até porque                       adaptar-se arquitetonicamente, está a necessidade
se não fossem, não estariam, há vários anos pratican-                  urgente de garantirmos o acesso e a permanência
do atividades esportivas. Por essas razões, esta ques-                 de todos os brasileiros aos diferentes níveis de
tão precisa ser analisada sob dois aspectos:                           escolarização, bem como o domínio do conhecimen-



9
  A obra de SILVA, Otto, M. A Epopéia Ignorada, trata com muita propriedade acerca da história dos deficientes nas diferentes épocas da
história.

                                                                                                                                   11
INCLUSÃO E EDUCAÇÃO FÍSICA
to gerado historicamente por toda a humanidade.             Quanto à Educação Física acreditamos que seus
    Para que isso ocorra não podemos ignorar o lo-       pesquisadores precisam avançar no sentido de dar
cal e o tipo de conhecimento que estamos reivindi-       respostas à nova relação social que deve ser
cando, pois o tipo de conhecimento e local onde é        estabelecida a partir da inclusão escolar.
transmitido, nesta sociedade hodierna, faz muita            Temos consciência de que conhecimentos acerca
diferença na vida do indivíduo.                          de atividades físicas segregadas existem demais, po-
    Uma coisa é estudar e ser egresso de uma escola      rém, pesquisas que apontem soluções para as ques-
pública ou particular. Outra é estudar em uma esco-      tões aqui levantadas, existem poucas.
la especial, cuja carga estigmatizante é altamente          Finalmente, como o leitor pode perceber, escre-
excludente nas relações sociais vigentes.                vemos este texto com o objetivo muito mais de
    Sem nenhuma pretensão de comparar os fatos,          conclamar os pesquisadores da área para solucionar
mas apenas utilizando o recurso da exemplificação,       o desafio da inclusão, do que para apresentar algo
diríamos que o mesmo ocorre com os ex-presidiári-        propositivo. Temos atualmente mais dúvidas do que
os. Eles, pelo fato de terem o estigma de ex-detentos,   respostas. Porém, temos feito dessas dúvidas o mo-
mesmo depois de terem cumprido toda pena imposta         tor de nossas reflexões e a busca de alternativas
pela justiça, dificilmente têm acesso ao trabalho e      superadoras.
ao convívio social pleno.
    As relações sociais estabelecidas lhes impuseram
uma pena que mesmo depois de cumprida, conti-                              BIBLIOGRAFIA
nua presente em suas vidas. É o que Goffman (1982)
denominou de estigma moral. No caso específico dos       BOURDIEU & PASSERON . A reprodução: elementos
alunos com deficiência, eles carregam o que este              para uma teoria do sistema de ensino. Rio de
autor denominou de estigma físico.                            Janeiro: Francisco Alves, 1975.
    Neste sentido, o entendimento das questões afe-
tas aos estigmas exige que tenhamos clareza de que,      BRASIL. Ministério da Educação. Plano Decenal de
independente do indivíduo ser paraplégico,                     Educação para Todos. Brasília: 2000.
hemiplégico, deficiente mental ou visual, não pode-
mos negar-lhe a possibilidade de ter acesso ao conhe-    _______ .Ministério da Educação, SEESP. Política
cimento e às riquezas da humanidade que ele, de al-            Nacional de Educação Especial. Brasília, 1994.
guma forma, também, ajudou a produzir, e que por
                                                         _______.MEC,SEF,SEESP. Parâmetros Curriculares
questões de poder e dominação não tem tido acesso.
                                                              Nacionais : Adaptações Curriculares. Brasília:
Entretanto, não precisamos, para conseguir isto, ne-
                                                              1999.
gar seu estado de diferença, de desigualdade, porque
                                                         _______.MEC,SEF,SEESP. Parâmetros Curriculares
                                                              Nacionais da Educação Especial. Brasília: 2000.




“
                ...os pesquisadores
                                                         CARMO, Apolônio Abadio. Deficiência física: a socie-
               precisam avançar no                           dade cria, recupera e discrimina. 2ª ed. Brasília:
             sentido de dar respostas                        Escopo, 1991.
              à nova relação social
            que deve ser estabelecida                    CARVALHO, Rosita Edler. O papel da UNESCO e do
                                                              MEC frente a integração. Educação Especial:



                                        ”
                a partir da política                          Perspectiva e reflexões. In: Seminário Nacional
               de inclusão escolar.                           de Integração da Pessoa Portadora de Defici-
                                                              ência no Contexto Educacional. Florianópolis:
                                                              1994. Anais, p 20.
é na diferença e na desigualdade que devem repousar
                                                         ___________. A Nova LDB e a Educação Especial. Rio
as bases de nossas ações, e, seguramente, a primeira
                                                               de Janeiro: WVA, 1997. 2ª Ed.
delas é não querer igualar o desigual.
    Precisamos levar em conta que existem diferen-       ___________. Integração, inclusão e modalidade da
tes tipos de conhecimentos e distintas capacidades             Educação Especial: mitos e fatos. Brasília:
para apreendê-los. Reiteramos que a decisão do que             Revista Integração.n.7, p: 19-25, 1997.
ensinar e a quem ensinar é política e exige de quem
a toma, sensatez e compromisso para com esta de-         CASTELLANI FILHO, L. Educação física no Brasil: a
cisão, pois todas as vezes que selecionamos conhe-            história que não se conta. Campinas: Papirus,
cimento selecionamos, também, ignorância.                     1998.

12
COLETIVO DE AUTORES: Metodologia do ensino de           MADER, G. Integração da pessoa portadora de defi-
     Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.              ciência: a vivência de um novo paradigma. In:
                                                            MANTOAN. M. T. A integração de pessoas com
D’ANTINO, Maria Eloísa. A questão da integração             deficiência: contribuições para uma reflexão
     do aluno com deficiência mental na escola re-          sobre o tema. São Paulo: Memnon/ Senac,
     gular. In: MANTOAN, Maria Tereza E. A                  1997.
     integração de pessoas com deficiência: con-
     tribuições para uma reflexão sobre o tema. São     MARTINS & ARANHA. Filosofando: introdução à Fi-
     Paulo: Memnom, 1997, p 97-103.                          losofia. 2ª Ed. São Paulo: Ed. Moderna, 1996.

DECLARAÇÃO Mundial Sobre Educação Para Todos:           MAZZOTTA, Marcos J. S. Educação Especial no Bra-
     Satisfação das necessidades básicas de apren-          sil: história e políticas públicas. 2ª ed. São Paulo
     dizagem, In: Conferência Mundial Sobre Edu-            : Cortez, 1999.
     cação Para Todos. Jomtien. Tailândia, 1990.
                                                        ____________.Trabalho docente e formação de pro-
DORÉ, ROBERT et al. A integração escolar: Os princi-          fessores de Educação Especial. São Paulo: EPU,
     pais conceitos, os desafios e os fatores de su-          1993.
     cesso no secundário. In: MANTOAN, Maria
     Tereza E. A Integração de Pessoas com Defici-      MANTOAN, M. T. A integração de pessoas com
     ência: Contribuições para uma reflexão sobre           deficiência: contribuições para uma reflexão
     o tema. São Paulo : Senac, 1997.                       sobre o tema. São Paulo: Memnon/Senac,
                                                            1997.
FALVEY, Mary A. et al. Inclusive and heterogeneous
      schooling: assessment, curriculum and             PONCE, Aníbal. Educação e luta de classe. 7a ed. São
      instruction. Baltimore: Paul Bookes Publishing,        Paulo: Cortez,1986.
      1998.
                                                        RONCIN, C. ; VAYER, P. Integração da criança defici-
                                                             ente na classe comum. São Paulo: Manole,
FREITAG, B. Escola, estado e sociedade. 6ª ed. São
                                                             1989.
      Paulo: Moraes, 1986.
                                                        SANTOS, E.F.R.R. Atendimento às famílias de defici-
FREIRE, P. A importância do ato de ler. São Paulo :
                                                             entes: uma análise das propostas institucionais
      Cortez, 1987.
                                                             a partir dos relatos de profissionais que atu-
                                                             am na área. Dissertação (Mestrado em Edu-
FOUCAULT, M. Poder corpo. In: Microfísica do po-
                                                             cação Especial) – Universidade Federal de São
     der. 5a ed. Rio de Janeiro: Graal.1985.
                                                             Carlos : São Carlos, 1993.
FROMM, E. Conceito marxista de homem. Rio de            SASSAKI, Romeu K. Inclusão: construindo uma so-
    Janeiro: Zahar, 1983.                                    ciedade para todos. 3ª ed. Rio de Janeiro:
                                                             WVA, 1997.
GOFFMAN, E. Estigma: notas sobre a manipulação da
     identidade deteriorada. São Paulo: Zahar, 1982.    SARUP, M. Marxismo e educação. Rio de Janeiro:
                                                             Guanabara,1986.
HABERMAS, J. Conhecimento e interesse. Rio de Ja-
     neiro: Zahar,1982.                                 SKLIAR, Carlos. Educação e exclusão: abordagens
                                                              socioantropológicas em Educação Especial. 2ª
JANNUZZI. Gilberta. A luta pela educação do defici-           ed. Porto Alegre: Mediação, 1997.
      ente mental no Brasil.
 São Paulo: Cortez, 1985.                               SILVA, O. M. A epopéia ignorada. São Paulo: Cedas,
                                                               1896. 470 p.
KOPNIN, V. A dialética como lógica e teoria do co-
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     leira, 1978.                                            péias e Brasil. São Paulo: Cortez, 1994.

LIBÂNIO,J.C. Democratização da escola pública: a        STAINBACK, Susan; STAINBACK ,William. Inclusão:
      pedagogia crítico-social dos conteúdos. 2a.ed.          um guia para educadores. Porto Alegre:
      São Paulo: Loyola,1985.                                 Artmed, 1999. (Trad. Magda França Lopes.)

                                                                                                             13
INCLUSÃO E EDUCAÇÃO FÍSICA


                                                                                O PRINCÍPIO DA
                                                                                    INCLUSÃO: UM
                                                                                      ELEMENTO DA
                                                                                    METODOLOGIA
                                                                                     DAS AULAS DE
     “      Os aros olímpicos, ao envolverem
             os portadores de necessidades                              EDUCAÇÃO FÍSICA
               especiais, representam elos
             pela inclusão, por direito, entre
            o compromisso socioeducacional
                e o bem-estar dos povos
                   de todas as Nações.

                                                         ”
                                      A autora.

                                                                                                        Elisabeth Ferretti Lemos *

                                                          INTRODUÇÃO
     A Educação Física referendada, em dezembro de l997, nos Parâmetros Curriculares Nacionais / MEC, como disciplina
curricular na grade de ensino das escolas regulares, vem resgatar a proposta da Educação para Todos, principalmente, no que
se refere aos alunos que apresentam necessidades especiais, permanentes ou não.
     Seguindo uma tendência mundial, um dos verdadeiros objetivos da Educação Física, como ciência, manifesta-se pelo trato
humano. No âmbito escolar, apresenta-se, também, como vetor interdisciplinar, permitindo direcionar sua projeção, desde a
escolha do foco de estudo, até o ponto de convergência das demais disciplinas a serem vivificadas pelo ser humano.
     Estratificando o contexto ótico decorrido da aplicação deste Projeto Pedagógico de Ensino: O Princípio da Inclusão..., foi
possível revelar os resultados do processo metodológico aplicado, contribuindo para o significativo reconhecimento da
pluralidade atitudinal, da diversidade de conteúdos e, até mesmo, se preciso for, do programa individualizado de ensino para
os alunos com necessidades educacionais especiais.
     Todas as atividades programadas para a mesma aula podem gerar novas oportunidades de sucesso, não só na Educação
Física, como também, nas demais disciplinas que congraçam o direito de todos à educação.
     Respeitados os diferentes modos de aprender, sobressaiu-se, de forma natural, a solidariedade entre todos os alunos, sob
a primazia do diálogo e da convivência, propiciando o êxito, sempre que possível, dos alunos com necessidades especiais.
     O domínio e aplicabilidade do conceito de Inclusão, proposto por Mosston, (1986)1 , sob o enfoque da dinâmica operacional
e organizacional, permitiu à autora identificar a questão que norteou a concretização da pesquisa: Como promover a inclusão
de todos os alunos nas aulas práticas de Educação Física?


* Professora Licenciada em Educação Física pela Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG.
Auxiliar de Fisioterapia/FUNED-ESMIG.
Pós-Graduada em Processo Ensino-Aprendizagem: Uma Fundamentação Filosófico-Antropológica e Técnico-Pedagógica. F. C./São Paulo.
Pós- Graduada em Teoria e Prática Pedagógica no Ensino Técnico – CEFET/ MG.
Mestre em Educação pela Universidade São Marcos/S. P. - UNI - B.H. – Centro Universitário de Belo Horizonte/M.G.
E-Mail: ferrettilemos @ hotmail.com
1
  Mosston, Muska (1986) – Pesquisador que, com a ajuda do governo americano, criou uma Escola Pública Modelo, no estado de Nova
Jersey, onde vem desenvolvendo estudos sobre as metodologias de ensino, não só da Educação Física, mas de todas as disciplinas escolares.

14
OBJETIVO GERAL:                                     postas, ao observar a preferência pelo Voleibol, o
                                                                       seu desempenho e efeito ilustrativo, dentro da reali-
Verificar os efeitos da ampliação do tempo real, de                    dade desses educandos.
uma para duas aulas consecutivas, de Educação Físi-                         A formação de turmas para as aulas de Educação
ca, no processo de inclusão de todos os alunos, res-                   Física se fez por duas turmas mistas que foram divi-
peitando-se as diferenças individuais, especialmente                   didas por sexo na praça de esportes, sendo as tur-
daqueles com menor performance psicomotora.                            mas femininas o alvo de abrangência deste projeto.
                                                                       Escolhemos seis turmas do ensino médio e três tur-
                                                                       mas do ensino fundamental, no turno da manhã.
             OBJETIVOS ESPECÍFICOS:                                         Ao considerar a evolução histórica da Educação
                                                                       Física, observa–se, atualmente, no âmbito escolar, uma
    3 Dar oportunidade ao aluno de conhecer suas                       tendência a desconsiderar as diferenças individuais de
      possibilidades e vencer seus limites, por meio                   cada aluno durante as aulas práticas, sem atividades
      da ação docente, durante as aulas práticas;                      físicas não-desportivas, o que faz com que os alunos
    3 facilitar ao aluno com necessidades especiais                    busquem melhorar sua performance psicomotora em
      sua presença à praça de esportes, observadas                     academias, clínicas estéticas de musculação e
      suas limitações, permitindo-lhe a participação,                  escolinhas de esportes do sistema particular.
      sempre que possível, nas aulas de Educação                            A Educação Física envolve momentos de
      Física; e                                                        descontração, desinibição, aproximações da convi-
    3 promover a confraternização desportiva entre                     vência humana, um comportamento sui generis que
      os alunos da escola regular, abrangendo, in-                     entende-se concebível inserir nessas reflexões a ci-
      clusive, os alunos com necessidades educacio-                    tação do Prof. Dr. Moura (1995)2 textualizada em
      nais especiais.                                                  “O impulso lúdico na educação” ao destacar Schiller.
                                                                       Este autor admite identificar a expressão impulso
    As referidas propostas de estudo estiveram em                      lúdico com o termo jogo, como se faz na lingua-
contínuas análises, desde 1980, quando houve a in-                     gem corrente, porém imprimindo-lhe uma amplia-
tenção de descrevê-las, incorporando-as à disciplina                   ção.
Metodologia de Elaboração de Projetos em Educa-                             Schiller entende o impulso lúdico como jogo en-
ção, a partir de julho de 1995, início do VI PCDET/                    tre as capacidades racionais e sensíveis do homem e
CEFET/MG.                                                              a ausência de regras ou conceitos como a “liberdade
    Em março do ano passado, converteu–se em con-                      humana”. Para ele, “de todos os estados do homem
teúdo capitular da dissertação de Mestrado em Edu-                     é o jogo e somente ele que o torna completo(...) (...)o
cação, aprovada pela Universidade de São Marcos/SP.                    homem joga somente quando é homem no pleno
    O campo de ação das propostas aqui descritas                       sentido da palavra, e somente é homem pleno quan-
foi desenvolvido, e implantado após sua conclusão,                     do joga.”
em uma das escolas públicas da rede estadual, em                            A postura didática do professor de Educação Fí-
Belo Horizonte/MG. Visou-se um projeto pedagógi-                       sica, em sala de aula - entendida como espaço em
co, para área de habilitação, a ser aplicado em sala                   que esta aula é ministrada, seja pátio, quadra, pisci-
de aula, durante um bimestre letivo, apresentando                      na ou sala convencional – deverá ser a de buscar
soluções práticas a problemas educacionais específi-                   enriquecer seu trabalho, por meio de seu currículo
cos. Imediatamente, as pesquisas literárias funda-                     oculto (Giroux 1986)3 , servindo-se de seu ethos po-
mentaram as metas de atuação sob o título: “Princí-                    sitivo, (Mortimore, Peter, in: Entrevista, 1995)4 , ao
pio da inclusão – um elemento da metodologia das                       acompanhar seus alunos durante as tarefas práticas
aulas de Educação Física.”                                             propostas. Muitas vezes, sem que o professor perce-
    Para se pensar nos problemas pedagógicos da                        ba, as atividades de sua performance didático – pe-
Educação Física, foi de primordial importância co-                     dagógica, ficam retidas na memória de seus alunos,
nhecer as condições reais dessa escola.                                para o resto da vida.
    Houve anuência da direção escolar e adesão da                           Segundo Gadotti, (1993), um dos grandes desa-
maioria dos alunos ao integrarem-se às metas pro-                      fios dos educadores brasileiros, nos dias atuais, é a


2
  Moura, Dácio Guimarães de. – Prof. Doutor em Educação, Professor de Metodologia de Elaboração de Projetos em Educação do VI PCDET
- CEFET/MG – Impulso Lúdico, 1996, p 4.
3
  Giroux 1986,“Currículo oculto” é uma outra faceta do currículo escolar, que, na grande maioria das vezes, fica relegada a um segundo
plano. É o currículo implícito no cotidiano das relações sociais da sala de aula, da escola e da sociedade. Apresenta-se no trato com a
divergência de posicionamentos, nas diferenças de enfoques, na pluralidade, no encontro com o inusitado e nas possibilidades de um
devir*. Dalben, Angela I. L.,1992, p.31-33.
4
  Mortimore, Peter - Diretor do Institute of Education, professor da Universidade de Londres.

                                                                                                                                   15
INCLUSÃO E EDUCAÇÃO FÍSICA
busca de uma educação para todos que respeite a                           dores, está no reduzido tempo de aula disponível
diversidade, as minorias, os direitos humanos, elimi-                     para que todos os alunos exercitem as atividades
nando estereótipos e substituindo o conceito de                           propostas.
igualdade das pessoas pelo de eqüidade, ou seja,                              Bento, J. O. (1987), mostra em seus estudos que
pelo exercício da igualdade de direitos e o respeito                      “numa aula de cinqüenta minutos o tempo disponí-
às diferenças.                                                            vel para cada aluno se movimentar é extremamente
   Neste sentido, a autora deste projeto prossegue                        escasso, não só pelo tempo em si, como também,
a breve investigação sinóptica sobre a aprendizagem,                      pela limitação da participação efetiva das turmas de
expõe a necessidade de sedimentá-la por variáveis                         elevado número de alunos para uma quadra de es-
angulares, considerando o nexo da questão do apren-                       portes que, na escola, comporta, no máximo,
diz frente ao inusitado da representação do apren-                        quatorze jogadores em ação desportiva.”
dido e conclui enfatizando que, a princípio, para al-                         Desde 1979, o pronunciamento do Conselho Es-
guns o conhecimento vem de fora para dentro e para                        tadual de Educação6 , esclarece o seguinte:
outros vem de dentro para fora.                                               “Todavia dependendo da condução das ativida-
   A Educação Física, como disciplina curricular, de-                     des de Educação Física pelo professor e de sua capa-
verá ter como princípio norteador aceitar as diferen-                     cidade de diversificação das mesmas, as aulas
ças na aprendizagem e abandonar as idéias de                              geminadas deixarão de ser problema para a escola
homogeneidade e de exclusão dos menos aptos.                              que disso necessitar valer-se.”
   Ao voltar para o aluno o reflexo da luz emitida                            Entretanto, a publicação número 256/79/CEE, do
pelo movimento do seu self, procura-se a interação                        mesmo decreto, estabelece, como padrão de refe-
de sua aspiração com sua realidade ao descobrir, pela                     rência, um total de três sessões semanais para o en-
ação, o que “ele próprio é capaz de fazer.”                               sino fundamental e médio, (item I, art. 5º).
                                                                              Tendo em vista os grandes problemas que coman-
                                                                          dam a cultura e a civilização, focaliza-se, neste pro-
                      JUSTIFICATIVA                                       jeto, uma trajetória metodológica que se identifica
                                                                          com o “estilo de inclusão” , criado por Mosston,
    Com freqüência, observa-se que a Educação Físi-                       (1986) cujo termo “estilo de ensino” ele conceitua
ca costuma considerar as preferências da maioria das                      como “múltiplos níveis de performance na mesma
pessoas familiarizadas com as habilidades esporti-                        tarefa”.
vas, ao selecionar os melhores atletas representan-                           Consideramos oportuno ilustrar o conceito de in-
tes do “esporte na escola”, em vez de tentar defen-                       clusão, apresentado por Mosston, (1986), p.32,
der o “esporte da escola”. (Bracht,1992 )5 Reforça-                       quando, por meio do salto em altura, enfatiza que:
se, assim, a apatia e o desânimo dos menos expres-
sivos, sempre discriminados e, muitas vezes, levados
a ceder seu lugar na quadra, pela falta de domínio
das habilidades vivenciais desportivas.
    Este quadro gera desafios a serem solucionados.
O projeto em estudo propõe-se a acrescentar suges-
tões para amenizá-los, com o objetivo de contribuir                                   Figura 01                          Figura 02
para o avanço qualitativo do ensino, fornecendo sub-
sídios para uma reflexão entre os professores de Edu-
cação Física escolar, uma vez que, na literatura dis-                         a figura 1, demonstra claramente que à medida
ponível, são poucos os estudos voltados à solução                         que se eleva o sarrafo, ou corda, aumentando-se a
de problemas tais como:                                                   altura, afastamos dessa atividade o aluno que apre-
    3 falta de motivação (problema pessoal);                              senta maior dificuldade, desestimulando-o de inves-
    3 exclusão (problema social);                                         tir em novas tentativas, fazendo com que ele sinta-
    3 má utilização do tempo útil (problema didáti-                       se excluído;
        co - pedagógico).                                                     a figura 2, demonstra que se o sarrafo, ou corda,
                                                                          for inclinado à altura de 0,80 cm de um lado e 0,20
   Uma das causas mais freqüentes da exclusão nas                         cm do outro, irá possibilitar que todos os alunos se-
aulas de Educação Física, apontadas pelos pesquisa-                       jam incluídos, isto é, que todos participem da ativi-



5
  Citado por Marques, Jonh Harley Madureira - Trabalho e Educação: a Lógica da Educação Física no ensino profissionalizante - Curso
Mestrado CEFET - PCDET, Projeto coletivo publicado na Revista Projetos e Trabalhos Práticos no Processo de Educação em Ciência e Tecnologia,
1995:26.
6
  Informativo MAI de ensino - set/out - nº 202, Dec. nº 69.450/71, item I, art. 5º - 1992:29-30.

16
dade proposta. Os alunos decidirão a que altura              Ao sintetizarmos os estudos de Mosston, (1986),
poderão ultrapassar com sucesso e sentir-se-ão esti-     aplicáveis ao que ora se propõe, observamos que um
mulados a tentar o próximo nível.                        dos problemas da Educação Física é a aprendizagem
    Este estilo identifica a importância de gerar op-    eficiente, a qual depende de uma proporção ade-
ções puramente positivas nos pontos de entrada, onde     quada entre a quantidade de uma atividade e a uni-
todos terão um resultado feliz. O exemplo do arranjo     dade de tempo.
da corda inclinada consuma o objetivo explícito de           Segundo este autor, “para aprender qualquer ta-
começar a criar condições para a inclusão.               refa física e atingir um nível razoável de performance,
    “ O papel do estudante é selecionar o nível apro-    o aluno precisa repetir a tarefa. Executá-la ainda
priado para ele sem a preocupação de agradar ao          mais... O único estilo que permite atingir esta meta é
professor. ” Assim, o aluno faz a opção de onde          o estilo da “ inclusão de todos”. Este estilo propõe a
interagir com a tarefa.                                  participação de todos os alunos da escola nas com-
    O bom êxito da primeira tentativa, certamente,       petições esportivas.”
impulsionará o aluno a:                                      A aplicação dos exercícios desportivos, sob o in-
    3 tomar uma decisão futura de acordo com sua         centivo da “ludicidade”, mostra que a competição é
       capacidade (a marca acima ou abaixo);             desejável à medida que os competidores encaram
    3 experimentar novas tentativas numa amplitu-        seus opositores como companheiros de jogo.”
       de de possibilidades; e                           (Bracht, V. 1988:38).
    3 requerer uma área reservada, ou horário ex-            Em termos de cultura corporal, torna-se óbvio que
       tra, para treinamento da tarefa, quando em        a Educação Física precisa conhecer e considerar as
       disputa interclasse ou lazer, o que demonstra     múltiplas diferenças entre as pessoas: variação de
       exercitar o aspecto lúdico da vivência            altura, habilidades, atributos físicos, níveis de ener-
       desportiva entre colegas.                         gia, enfim, possibilidades e limites entre as necessi-
                                                         dades físicas especiais. A questão é organizar os alu-
    De acordo com Mosston (1986), essa proposta          nos, os equipamentos, o espaço e o tempo num re-
permite que “o aluno tenha a oportunidade de apren-      lacionamento distinto capaz de criar diversas condi-
der e aceitar a distância entre aspiração e realidade,   ções à aprendizagem eficaz.
como também, de reduzir o espaço entre ambos.”               As opções de organização, citadas por Mosston,
    O olhar docente “... verificará o papel desempe-     (1986), referentes ao estilo inclusão, são interações
nhado pelo aprendiz frente à sua atuação e não de        entre tarefas e estações ( lugares, locais ) da seguin-
acordo com sua performance...” Desta forma, o pro-       te forma:
fessor poderá indicar ao aluno o fator que determina         Figura 3) ÚNICA ESTAÇÃO -
o grau de dificuldade da tarefa executada. (idem,ib.)                    ÚNICA TAREFA
    O Programa de Atendimento Individual, adotado            Figura 4) ÚNICA ESTAÇÃO -
por Kirk (1904) & Gallagher (1987:203) e segundo                         MÚLTIPLAS TAREFAS
Rafaele Tortora (1995), afirma que o professor, ao           Figura 5) MÚLTIPLAS ESTAÇÕES -
apresentar o conteúdo, pode entender que “...alguns                      TAREFA ÚNICA
alunos, de uma mesma sala, precisam da elaboração            Figura 6) MÚLTIPLAS ESTAÇÕES -
de um programa individualizado de ensino para ni-                        MÚLTIPLAS TAREFAS
velarem suas habilidades. Este programa permitirá que
o professor promova o desenvolvimento do potencial          Os quatro arranjos de organização, conforme
desses alunos, enfatizando na descrição da tarefa a      explicitado acima, conciliam cada aprendiz com o
sua ação positiva, ao selecionar as atividades que o     tempo, os equipamentos e o espaço para praticar o
aluno consegue fazer ... ”.                              exercício. Enquanto os alunos estão envolvidos com
    Para esses autores, é necessário que uma ampla       a tarefa, o professor tem o tempo necessário para
variedade de atividades (alternativas) sejam ofereci-    mover-se de estação a estação e oferecer o incentivo
das aos alunos para que se efetive a inclusão, no        verbal apropriado a cada um.
que se refere à Educação Física escolar. Se conside-
rarmos que esta é uma das propostas deste projeto,
acreditamos que será possível promovermos a inclu-
são de todos os alunos, a partir da criação
diversificada de conteúdos e atividades.
    O professor deverá estar atento às mudanças, ou
adaptações, que deverão ser feitas, para atender aos
alunos que apresentam necessidades especiais, evi-
tando, assim, que eles permaneçam isolados de seus                               Figura 03
colegas e das atividades escolares.

                                                                                                            17
INCLUSÃO E EDUCAÇÃO FÍSICA
                                                        séries do ensino Fundamental, também do turno da
                                                        manhã.
                                                            Observado o paradigma da inclusão, de acordo
                                                        com Mosston, (1986), qual seja o da “inclusão de
                                                        todos”, cada série será dividida em equipes, forma-
                                                        das pelas próprias alunas - “considerando-se o nível
                                                        de performance de cada equipe” (Mosston,1986) e,
                      Figura 04                         todas participarão entre si durante as aulas conse-
                                                        cutivas do segundo bimestre, na modalidade Volei-
                                                        bol, de dezoito aulas. Destas, 8 (oito) aulas serão
                                                        para coletivos a classificarem uma vencedora. É sem-
                                                        pre lembrado aos alunos que a presença à chamada
                                                        da aula se efetiva, fazendo-se mister praticá-la.
                                                            A seguir, apresentamos sugestões de como
                                                        operacionalizar as aulas:
                                                            A) - DIVISÃO DA TURMA POR EQUIPES: a título
                      Figura 05
                                                        de exemplo cita-se uma turma com 36 (trinta e seis)
                                                        alunas que é composta pela união de duas séries
                                                        (SÉRIE “X” e SÉRIE “Y”). Cada série será dividida em
                                                        grupos de 6 (seis) para o 2° bimestre - voleibol, con-
                                                        forme quadro abaixo.

                                                                SÉRIE “X”              SÉRIE “Y”
                                                                EQUIPE 1               EQUIPE 1
                                                                EQUIPE 2               EQUIPE 2
                      Figura 06                                 EQUIPE 3               EQUIPE 3
                                                                18 alunos              18 alunos
                                                                        TOTAL: 36 alunos
   Esses quadros ilustram uma organização deno-
minada de pluralidade de atividades inclusivas,
favorecidas pela diversidade de conteúdos, conheci-         Observações:
da por alguns docentes e que podem ser aplicadas,           a) Caso haja maior número de alunas serão
com sucesso, às demais disciplinas curriculares.        convocadas como suplentes das três equipes de sua
   Mosston, (1986), aponta a organização da aula        série ou formarão a equipe quatro.
em múltiplas estações como uma das estratégias de           b) Caso haja menor número de alunas, poder-se-
ensino que permite a inclusão de todos. As múltiplas    á completá-la repetindo a participação de alguma
estações podem ser organizadas com tarefa única         aluna já inserida.
ou com múltiplas tarefas. Entretanto, a metodologia         c) As próprias alunas formarão as equipes, e, em
a ser aplicada neste projeto estabelecerá a identifi-   rodízio treinarão durante 10 (dez) aulas do bimestre.
cação da atitude organizacional em “Múltiplas esta-     A décima aula será escolhida como o dia da inscri-
ções e Múltiplas tarefas (Fig. 06).                     ção oficial de todos os times da sala.
   Portanto, este trabalho fundamentar-se-á na
metodologia da trajetória de atuação a seguir, con-          A partir da décima-primeira à décima-oitava aula
siderando a questão:                                    serão realizados os jogos inter-equipes das duas tur-
   - Como promover a inclusão de todos os alunos        mas, durante sua aula consecutiva, quando será clas-
em uma aula de Educação Física ?                        sificada uma equipe que participará da “Semana de
                                                        Ouro”.
                                                        Nesses dias, as equipes que aguardam sua vez, con-
                 METODOLOGIA                            tinuam praticando os exercícios desportivos nas áre-
                                                        as livres da praça de esportes.
   As ações propostas neste projeto têm o objetivo           B) - DIVISÃO DAS ATIVIDADES - ADEQUAÇÃO DO
de minimizar as diferenças individuais, o tempo de      TEMPO (100 min) PROGRAMA INDIVIDUAL DE ENSI-
aula, a falta de motivação dos alunos e a exclusão.     NO (PIE – específico).
   Para este estudo, selecionamos cento e cinco alu-         Tomando-se como referência uma turma de 36
nas do ensino fundamental e médio, sendo seis tur-      (trinta e seis) alunas, teremos:
mas do turno da manhã e três de sétima e oitava              1° - Traslado ao local, troca de roupa; (10 min.)

18
2° - Chamada e explanação dos objetivos do dia;                      ma. Os alunos deverão ser rigorosamente seleciona-
(10 min.)                                                               dos quanto ao domínio pessoal da bola e mobilida-
   3° - Tarefas individuais e em conjunto: alonga-                      de do corpo, devido ao jogo paralelo, durante as
mentos, flexionamentos e jogos recreativos; (10 min.)                   aulas consecutivas.
   4°- Expressão esportiva (voleibol); toque de bola                         Os grupos formados pelas seis integrantes tro-
por cima, passe (levantamento), manchete, saque,                        cam de estação a um intervalo de tempo (quinze mi-
cortada, bloqueio, defesa, recuperação de bola jun-                     nutos), aumentando-se a participação por aluna.
to à rede; (10 min.)                                                    Reiteramos que a organização das aulas em Múlti-
   5° - Prática esportiva para as duas equipes; (15                     plas Estações e Múltiplas Tarefas, citado por Mosston,
min.) 1( *)                                                             (1986), conforme foi executada neste projeto, con-
   6° - Prática esportiva para as duas equipes; (15                     cilia cada uma das alunas com o tempo, os equipa-
min.) 2( *)                                                             mentos e o espaço para praticarem as atividades.
   7° - (Prática esportiva para as duas equipes; 15                     Destaca-se, no entanto, ainda de acordo com o refe-
min.) 3 ( *)                                                            rido autor, que “o papel do professor é estar sempre
   8º - Breve avaliação geral, incentivo verbal e volta                 pronto a converter-se em criador, planejador, obser-
à calma; (5 min.), e                                                    vador e conselheiro que, de maneira franca, estimula
   9º - Banho, troca de roupa e retorno à sala. (10 min.)               o aluno a avançar e a tentar superar-se a si mesmo.”
                                                                        Assim, durante as aulas, o professor terá tempo dis-
    Durante as aulas, propõe-se a seguinte organiza-                    ponível para percorrer as estações e oferecer aos alu-
ção:                                                                    nos o estímulo necessário.
    Paralelamente à operacionalização dos três
tempos de 15 min.(*) , os quatro espaços li-
vres da quadra serão ocupados pelas quatro
equipes restantes. (“Múltiplas Estações”) (·).
    Para as quatro estações será organizado
um programa de adequação pessoal dos fun-
damentos básicos do esporte/ voleibol. (“Múl-
tiplas Tarefas”) (·)
    A título de exemplo:
    1- Postura pessoal no toque de bola e de-
sempenho;
    2- Controle de bola, alternando-se man-
chete, toque por cima e deslocar-se para trás;
    3- Passe, levantamento e deslocar-se late-
ralmente;
    4- Manchete, afundo e amortecer a bola
no ataque em defesa.

    O conteúdo proposto para essas tarefas é
flexível. Neste estudo, as variáveis resultaram
do atendimento dado às classes, que apre-
sentaram alunos com necessidades educacio-
nais especiais, respeitadas as habilidades, os
limites e as competências de cada aluno.
    Na figura 07, mostramos como as plurali-
dades atitudinais e a diversidade de conteúdos
podem ser aplicáveis à esta proposta.

   Observação:
   Esse programa educativo das quatro esta-
ções deverá atender às necessidades da tur-

                                                                                             Figura 07

(*)
    - Durante os quinze minutos de prática esportiva para doze alunas das equipes 1,2, e 3 de cada turma, haverá rodízio durante as aulas
e treinamento em campo das táticas de conjunto a saber: os sistemas de ataque e de defesa, as trocas de posição, regras de jogo e
arbitragem, apontar súmulas, placar e juiz de linha. Expressão esportiva, na diversidade de conteúdos, esses espaços permitem, também, a
utilização de jogos recreativos adaptados para atenderem a uma abordagem especial, se necessária.

                                                                                                                                     19
INCLUSÃO E EDUCAÇÃO FÍSICA


                                                    RESULTADOS



ESCOLA ESTADUAL
TURMA FEMININA - MANHÃ –
PROJETO: O PRINCÍPIO DA INCLUSÃO


                                          TOTAL DE ALUNAS POR TURMA
                                                 111               17
                                                 112               15
                                                 113               21
                                                 211               18
                                                 212               19
                                                 311               15
                                                TOTAL              105




                                             Questonário das alunas
                                                   Conclusão


                                                                                                         Resultado
                                                                                                          Análise
                                                                                                         Percentual
     Nome da aluna:                                                      Série:

1. No início das aulas de Educação Física você participou de ginástica para todos, no sentido de      SIM %     NÃO %
   aliviar as tensões da sala de aula?
      sim       não                                                                                     81       19

2. No aquecimento esportivo você executou os fundamentos do esporte, coletivamente?
    sim     não                                                                                         78       22

3. Você participou dos treinos coletivos durante as aulas de Educação Física?
     sim      não                                                                                       78       22

4. Enquanto duas equipes treinavam, você esperava sua vez exercitando os fundamentos do espor-
   te, nos espaços livres da quadra?
     sim      não                                                                                       83       17

5. Você descobriu que pode participar de um jogo coletivo através das aulas de Educação Física?
     sim     não                                                                                        88       12

6. No início do torneio coletivo, você participou de alguma equipe de sua sala?
    sim       não                                                                                       76       24

7. Ao participar de uma equipe, você sentiu a importância da responsabilidade coletiva, isto é, ser
   integrante e estar presente ao compromisso assumido?
     não      sim                                                                                       86       14

8. Despertou em você a aspiração de sua equipe ser a melhor?
    sim      não                                                                                        63       37

9 Como você avalia a sua participação ao longo da execução do “Projeto da Inclusão” em Educação
  Física?                                                                                              Ótimo     28
     Ótimo    Bom        Regular                                                                        Bom      45
                                                                                                      Regular    27




20
6. Você considera que, por meio da participação das
  PRINCÍPIO DA INCLUSÃO UM ELEMENTO                       alunas no Projeto “Princípio da Inclusão” em Educa-
     DA METODOLOGIA DAS AULAS DE                          ção Física, houve contribuição para aumentar-lhes a
     EDUCAÇÃO FÍSICA QUESTIONÁRIO                         auto-estima na comunidade escolar?
    DE AVALIAÇÃO DOS PROFESSORES

1. Na sua opinião, através do Projeto “Princípio da
Inclusão” foi possível verificar se a operação das ati-
vidades físicas e esportivas envolveu as múltiplas di-
ferenças individuais dos alunos, especialmente os
de menor performance psicomotora?                         7. Através das aulas geminadas de Educação Física,
                                                          pela adequação da metodologia do processo ensi-
                                                          no-aprendizagem é possível promover no aluno mais
                                                          participação durante maior tempo efetivo, resultan-
                                                          do-lhe melhor desempenho escolar?


2. Você observou se os alunos deixaram transparecer
satisfação, estímulo e que sentiram –se valorizados
pela presença dos professores durante a realização
dos jogos coletivos do Projeto na “Semana de Ouro”?
                                                          8. Pela repercussão alcançada em nosso segmento
                                                          escolar, por meio da realização do projeto “Princípio
                                                          da Inclusão...” qual a avaliação conclusiva que você
                                                          faria das atividades?


3. Você acredita que, pelo fato do corpo discente
estar incluído na ação pedagógica da Educação Físi-
ca, esta possa ter contribuído para evitar a evasão
escolar?                                                          ÓTIMO 80 %           REGULAR 00 %
                                                                   BOM 20 %          INEXPRESSIVO 00 %


                                                                             CONCLUSÃO

                                                              Os resultados demonstraram que a grande maioria
4. Você concorda que, através da repetição de exer-       dos envolvidos revelaram satisfação e conscien-
cícios positivos, as alunas poderão conhecer suas         tização ao participarem dos momentos de ginástica
possibilidades, vencer seus limites e descobrir a co-     coletiva, no sentido de aliviarem as tensões da sala
ordenação de movimentos necessários para condu-           de aula.
zirem-se a um maior número de acertos na                      As alunas declararam que o aquecimento espor-
prática esportiva?                                        tivo geral fez nascer-lhes mais disposição para exe-
                                                          cutarem os fundamentos do esporte nos espaços li-
                                                          vres da quadra, reforçando-os na prática, não só en-
                                                          quanto duas equipes treinavam, mas também, du-
                                                          rante as aulas nos dias dos jogos oficiais. Motivadas,
                                                          demonstraram, também, alto grau de responsabili-
                                                          dade coletiva por sentirem-se incluídas, valorizadas
5. Foi possível observar nas alunas alguma manifes-       e compromissadas com a proposta deste trabalho.
tação de entusiasmo fortalecida pela interação                Pela repercussão alcançada no segmento escolar,
participativa nos torneios coletivos?                     com a realização do projeto “Princípio da Inclusão”, a
                                                          diretoria e os professores da escola se manifestaram
                                                          por uma avaliação altamente positiva, conforme a aná-
                                                          lise percentual do questionário e depoimentos, ane-
                                                          xos. Foi exposto que devido as aulas consecutivas e a
                                                          concentração de todos os alunos no local da Educação

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  • 1. Ministério da Educação Secretaria de Educação Especial ISSN - 1677-8073 Ano 14 - Edição Especial/2002
  • 2. Edição Especial Educação Física Adaptada Comitê Editorial: Marilene Ribeiro dos Santos Ivana de Siqueira Luzimar Camões Peixoto Marlene de Oliveira Gotti Maria Cristina Dümpel de Oliveira Maria de Fátima Cardoso Telles Samira Jorge Coordenação Editorial: Maria Cristina Dümpel de Oliveira Edição de Texto: Maria de Fátima Cardoso Telles Revisão: Maria de Fátima Cardoso Telles Maria Cristina Dümpel de Oliveira Marlene de Oliveira Gotti Equipe de Apoio: Eduardo Edmundo Souto Irene Aparecida Braga Lúcia Maria Gonçalves Sampaio Silenir de Lima Aguiar Equipe Técnica da SEESP Colaboradores Especiais: Fotos: Júlio César Paes de Oliveira Wanderley Pessoa Fotos cedidas pela Escola Parque Vivencial do Paranoá / Brasília/ D.F./ GDF/Secretaria de Educação. Revista INTEGRAÇÃO é uma publicação trimestral da Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação. Esplanada dos Ministérios, Bloco "L", 6° Andar, Sala 600. CEP:70047-901 - Brasília/DF. Fones: (61) 410-8651/8642; 410-9115/9116. E-mail: publicacao@mec.gov.br Tiragem desta edição: 35 mil exemplares. As matérias publicadas pela revista Integração podem ser reproduzidas, desde que citada a fonte. Quando assinadas, indicar o autor. Artigos assinados expressam as opiniões de seus respectivos autores e, não necessariamente, as da SEESP, que os edita por julgar que eles contêm elementos de reflexão e debate.
  • 3. Editorial Esta edição especial da Integração tem como tema a Educação Física voltada para os alunos com necessidades educacionais especiais, no âmbito de sua inclusão nas classes comuns do sistema regular de ensino. Nossa intenção é sinalizarmos para a necessidade de, em consonância com as palavras do professor Apolônio do Carmo, “situar, discutir e analisar, no quadro social e educacional brasileiro, os desafios que os profissionais da Educação Física estão tendo, em face da inclusão”. Ao definirmos esta temática, entendemos que estaremos contribuindo para que os Programas de Educação Física das Secretarias Estaduais e Municipais de Educação incluam em suas propostas o atendimento ao aluno com necessidades especiais, “construindo um projeto pedagógico que respeite as diferenças individuais e considere a diversidade de idéias, sentimentos e ações”, conforme citado no artigo da professora Verena Pedrinelli. Marilene Ribeiro dos Santos
  • 4.
  • 5. SUMÁRIO 04 Entrevista Marilene Ribeiro dos Santos 06 Inclusão e Educação Física Inclusão escolar e Educação Física: que movimentos são estes? Apolônio Abadio do Carmo 14 O princípio da inclusão: um elemento da metodologia das aulas de Educação Física. Elizabeth Ferretti Lemos 23 Inclusão e Assistência Social A inclusão e a lei orgânica da Assistência Social. Edison Duarte e Tereza P. Santos 26 Educação Física e Prática Pedagógica Educação Física e inclusão: considerações sobre a prática pedagógica na escola. Ruth Eugênia Cidade e Patrícia Silvestre Freitas 31 Educação Física e Diversidade Possibilidades na diferença: o processo de inclusão de todos nós. Verena J. Pedrinelli 35 Educação Física: Novos Caminhos Educação Física inclusiva: um grande desafio para o século XXI. Sônia Bertoni Sousa 39 Formação Docente e Educação Física A formação profissional do professor de Educação Física diante das necessidades educativas especiais de pessoas com paralisia cerebral. Gilmar de Carvalho Cruz, Écliton Pimentel e Luciano Basso 42 Informe Especial Teleconferência sobre o Programa de Educação Física Adaptada. 43 Depoimentos • Bianor Domingues • Amado de Paula da Silva
  • 6. ENTREVISTA MARILENE RIBEIRO DOS SANTOS * “ TEMOS DE ASSEGURAR QUE, NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS, CUJO PRINCIPAL VEÍCULO É A UNIVERSIDADE, AS QUESTÕES RELACIONADAS À DEFICIÊNCIA E À INCLUSÃO SOCIAL E EDUCACIONAL DA PESSOA COM NECESSIDADES ESPECIAIS SEJAM ” CADA VEZ MAIS ABORDADAS E APRIMORADAS NO CURRÍCULO. Professora Marilene, o que levou a Secretaria de cacionais especiais não é um fato novo, nem Educação Especial do Ministério da Educação a tampouco desconhecido dos profissionais da área criar o Programa de Educação Física Adaptada? de Educação Física. Entretanto, em que pesem os relevantes trabalhos existentes e conhecidos a res- O envolvimento da Secretaria de Educação Espe- peito da Educação Física e dos esportes dirigidos a cial (SEESP) com as pessoas com necessidades edu- essas pessoas, as ações educacionais, historicamen- * Secretária de Educação Especial do Ministério da Educação. 4
  • 7. te, têm-se dado de forma segregada. Isso ocorre, expressar e de mostrar seu potencial, muitas vezes principalmente, pelo fato de alunos com necessida- tolhido. des especiais receberem, da parte de professores pouco preparados, dispensa das aulas de Educação Física. Essa falta de preparo dos professores tem de- Existe algum Programa de financiamento voltado corrido, em função de até pouco tempo, da para a área da Educação Física Adaptada? inexistência, em sua formação, dos conteúdos ou disciplinas destinados a prepará-los para atuar com Neste ano de 2002, a SEESP/MEC disponibilizou uma esses alunos, e também de uma falta maior de infor- linha de financiamento especial para a realização dos mações sobre a questão. Por todas essas razões a cursos de multiplicadores nos Estados. Estes nos envia- SEESP/MEC criou o Programa de Educação Física ram seus projetos, os quais foram analisados e encami- Adaptada. nhados ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), com vistas a sua aprovação. Para o próximo ano, as Secretarias Estaduais e Qual o objetivo do Programa? Municipais de Educação, por meio de seus órgãos da Educação Física e da Educação Especial, deverão O objetivo geral do Programa é o atendimento à prever em seus Planos de Trabalho Anual (PTA), ações criança, garantindo seu acesso e sua permanência que contemplem cursos de capacitação em Educa- na escola regular, contemplando sua participação efe- ção Física Adaptada. tiva nas aulas de Educação Física. Para tanto, faz-se necessária a capacitação dos professores de Educa- ção Física do sistema regular de ensino, em uma vi- Existe alguma ação da Secretaria de Educação Es- são inclusivista, isto é, de inclusão do aluno com ne- pecial/SEESP em parceria com as Universidades, cessidades especiais nas escolas do ensino regular. no que se refere aos cursos de Licenciatura, para O Programa foi dividido em duas etapas, sendo a formação de competências para atuar com os que a primeira foi realizada no mês de novembro e a alunos com necessidades especiais, no âmbito da segunda no mês de dezembro de 2001, ambas em Educação Física? Brasília, totalizando 189 (cento e oitenta e nove) pro- fessores treinados. Esses professores, em seguida, No ano de 1994, foi expedida, pelo Ministério da atuarão, em uma terceira etapa, como Educação, para todo o sistema de ensino superior, a multiplicadores em seus Estados, com o apoio da Portaria número 1.793/94, contendo sugestões para Secretaria de Educação Especial (SEESP/MEC), das a inclusão de conteúdos e disciplinas sobre Educa- Secretarias Estaduais de Educação, bem como dos ção Especial nos cursos de graduação e licenciatura órgãos locais de educação especial. Assim, será pos- das instituições de ensino superior (IES). sibilitado a todos os professores o acesso à Após um levantamento feito junto às IES, especi- capacitação e às informações necessárias e adequa- ficamente, junto àquelas que mantém cursos de li- das para que os alunos com necessidades educacio- cenciatura em Educação Física, foi constatado que, nais especiais sejam cada vez mais beneficiados, e em sua maioria, elas oferecem, em suas grades não excluídos. curriculares, disciplinas sobre Educação Especial. Essa é uma boa notícia, pois temos de assegurar que, no processo de formação de recursos humanos, cujo Como a senhora vê a questão da inclusão de cri- principal veículo é a universidade, as questões relaci- anças com necessidades educacionais especiais onadas à deficiência e à inclusão social e educacio- nas aulas de Educação Física do sistema regular nal da pessoa com necessidades especiais sejam cada de ensino? vez mais abordadas e aprimoradas no currículo. No Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP/MEC, Quais as perspectivas da SEESP para o futuro do 2001), existem 384 (trezentos e oitenta e quatro) Programa? mil crianças com algum tipo de deficiência matricu- ladas nas escolas públicas. Hoje, apenas uma peque- Ao final do ano de 2002, estaremos fazendo um na parte dessas crianças tem a chance de praticar balanço dos cursos de multiplicadores, realizados nos atividades físicas, oferecidas nas aulas de Educação Estados, para que possamos expandir ações que ve- Física das escolas regulares. Isso precisa mudar, pois nham beneficiar os professores de Educação Física o exercício físico é uma das atividades que mais be- do sistema regular de ensino, bem como os alunos nefícios pode trazer aos alunos com necessidades com necessidades especiais incluídos nas classes co- especiais, por possibilitar-lhes a oportunidade de se muns das escolas regulares. 5
  • 8. INCLUSÃO E EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSÃO ESCOLAR E A EDUCAÇÃO FÍSICA: QUE MOVIMENTOS SÃO ESTES? Apolônio Abadio do Carmo * O objetivo deste texto é situar, discutir e analisar ensino e a pesquisa voltados para as pessoas com no quadro social e educacional brasileiro os desafios deficiência. que os profissionais da Educação Física estão tendo, Afirmamos isto porque, ainda, são poucos os pro- em face da política de inclusão1, aqui entendida como fessores de Educação Física que não têm dúvidas em necessária tanto para o aluno com deficiência, quanto relação às possibilidades dessas pessoas praticarem al- para o considerado normal. gum tipo de atividade esportiva, recreativa ou de lazer. A história percorrida pela Educação Física ao lon- Felizmente os ideários perversos da aptidão físi- go das últimas duas décadas, no Brasil, em que pese ca, e da máxima mens sana in corpore sano2 , com- seu intenso envolvimento com as mais diversas for- batidos longamente por diferentes autores brasilei- mas de esportes adaptados desde os anos setenta, ros,3 há algum tempo cederam lugar para uma ou- apresenta, ainda, problemas das mais diferentes or- tra concepção de homem, corpo e movimento. dens e formas, como qualquer outra área do conhe- Estamos falando da diversidade humana, das dife- cimento, sobretudo no tocante ao atendimento ao renças, das desigualdades. 1 O termo inclusão é recente e teve sua origem na palavra inglesa “full inclusion”. Segundo STAINBACK e STAINBACK (1992) trata-se de um novo paradigma que os autores definem da seguinte maneira: a noção de “full inclusion” prescreve a educação de todos os alunos nas classes e escolas de bairro....reflete mais clara e precisamente o que é adequado: todas as crianças devem ser incluídas na vida social e educacional da escola e classe de seu bairro, e não somente colocada no curso geral “mainstream” da escola e da vida comunitária, depois de já ter sido excluída. In: MANTOAN, M. T. A integração da pessoa com deficiência. p. 176. * Professor da Universidade Federal de Uberlândia/MG. 6
  • 9. Com isso, o trabalho que a área da Educação Fí- diretrizes emanadas do Encontro Mundial de Educa- sica vem desenvolvendo com as pessoas com defici- ção para Todos, realizado em 1990 na Tailândia e da ência, nas duas últimas décadas, possibilitou a aber- Declaração de Salamanca de 19945 . tura de novos campos de trabalho e pesquisas. A Essa nova tendência inclusivista no cenário políti- fundação da Sociedade Brasileira de Atividade Motora co educacional brasileiro tem deixado os dirigentes Adaptada, a criação de um Grupo de Trabalho nos educacionais confusos diante da obrigação de ter Congressos do CBCE, a inclusão de várias linhas de que trabalhar no mesmo espaço e tempo, com cri- pesquisas nos Programas de Mestrado e Doutorado anças que apresentam as mais diferentes formas de no Brasil, tanto em Educação quanto em Educação habilidades, capacidades, comportamentos e histó- Física, o fortalecimento do Comitê Paraolímpico Bra- rias de vida. O velho e desgastado ideário da igual- sileiro e as grandes conquistas dos atletas nas últi- dade universal entre os homens começa a dar sinais mas Paraolimpíadas, em Atlanta nos Estados Unidos de exaustão e um novo discurso começa a se tornar e em Sidney na Austrália, exemplificam e corrobo- hegemônico. Estamos falando das diferenças con- ram com nossas afirmações. cretas existentes entre os homens, que sempre exis- Acreditamos que tudo isso seja fruto de uma lon- tiram, porém foram negadas ou desconsideradas pela ga luta social envolvendo diferentes segmentos de e grande maioria dos educadores . para deficientes4 , brasileiros e de outras nações. Atualmente, diante da tendência inclusivista a es- Por essas razões, atualmente as pessoas com de- cola está “nua” e não tem como camuflar suas limi- ficiência que tiveram acesso aos esportes atingiram tações e lacunas. O impacto da inclusão escolar é um razoável estágio em termos de acesso, participa- tão forte que existe até quem diga, como forma de ção e desenvolvimento físico desportivo. Basta olhar apelo ao absurdo ou tentativa de relativizar o pro- a quantidade de atletas existentes, o número de dis- blema, que “todos somos deficientes e diferentes”. ciplinas voltadas para este fim nos cursos de gradu- Os defensores desse ideário, mecanicamente, ação em Educação Física e o contingente de profes- acreditam que, por sermos todos limitados em algu- sores atuando na área, que teremos as mais claras ma coisa, logicamente, por esta razão, somos, to- respostas. dos deficientes. Entretanto, em que pese todas essas realizações, Com isso, tentam de forma simplista reduzir os muito ainda necessita ser feito, principalmente na problemas decorrentes da violência simbólica6 , à ve- tentativa de minimizar setores resistentes que conti- lha máxima, “quem não tiver uma limitação que atire nuam, na maioria dos Estados brasileiros, desenvol- a primeira pedra”. Esquecem de todas as implicações vendo ações no interior das escolas visando que os estigmas e a violência simbólica possuem, prin- prioritariamente às crianças consideradas “normais” cipalmente enquanto elementos distintivos de clas- ou aptas para a prática das atividades físicas con- se, raça, crença e valores sociais. vencionais. Contra essas idéias afirmamos que todos somos Esta situação, entretanto, tende a sofrer profun- diferentes e desiguais7 e não deficientes. Primeiro por- das modificações em face da política de inclusão es- que somos sujeitos concretos; segundo porque so- colar desencadeada pelo governo federal, fruto das mos de natureza biológica diferentes e socialmente 2 Esta máxima valoriza e confirma a idéia de superioridade do espírito sobre o corpo. “... significa que a Educação Física rigorosa põe o corpo na posse de saúde perfeita, permitindo que a alma se desprenda do mundo do corpo e dos sentidos para melhor se concentrar na contemplação das idéias. Caso contrário a fraqueza física torna-se empecilho maior à vida superior do espírito. MARTINS & ARANHA. Filosofando, 1996. p. 311. 3 Ver a respeito em CASTELLANI FILHO, L. Educação Física no Brasil. A história que não se conta. Campinas: Papirus, 1998. COLETIVO DE AUTORES: Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992. SOARES, Carmem L. Educação Física: raízes européias e Brasil. São Paulo: Cortez, 1994. 4 Instituições de deficientes são aquelas fundadas e dirigidas somente por pessoas com deficiência, enquanto que instituições para deficientes são aquelas fundadas e dirigidas por pessoas não-deficientes. 5 Em março de 1990, realizou-se em Jomtien, na Tailândia, a Conferência Mundial de Educação Para Todos, convocada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e Banco Mundial, com o propósito de gerar um compromisso mundial de buscar uma solução conjunta dos países para a crise na área educacional.. 6 Violência Simbólica segundo BORDIEU & PASSERON (1975) “... é todo o poder que chega a impor significações e a impô-las como legítimas, dissimulando as relações de força que estão na base de sua força, acrescentando sua própria força, isto é, propriamente simbólica, a essas relações de força...”p.19. 7 Entendemos como sendo diferença a natureza biológica do indivíduo e, desigualdade a natureza social. Entretanto, dialeticamente essas duas naturezas se interpenetram e não são excludentes, pelo contrário são complementares, podendo, portanto existir desigualdade na diferença e diferença na diferença. 7
  • 10. INCLUSÃO E EDUCAÇÃO FÍSICA desiguais; terceiro porque os atributos excepcional, dentre outras – têm conseguido ao longo dos últi- pessoa com deficiência, pessoa com necessidades mos trinta anos, com pequenos arranjos educacionais especiais, homossexual, prostituta, ne- metodológicos, trabalhar no mesmo espaço e tem- gro, índio, menor infrator, dentre outros, têm que po alguns casos isolados envolvendo a diversidade existir para que os não-portadores de deficiência, humana. não-homossexuais, não-prostitutas, os não–negros No caso específico da Educação Física apesar des- e não infratores também, possam existir. Além disso, sa área já estar trabalhando há vários anos com pes- todos nós conhecemos por quem, a quem se apli- soas com deficiência, na grande maioria dos cursos cam e a quem não se aplicam estes atributos. de graduação, nas escolas e nos clubes, as diferen- No nosso modo de entender, em face das publi- tes atividades realizadas têm sido desenvolvidas em cações, pesquisas e conhecimentos acumulados na espaços e tempos diferentes. área, utilizar discursos de que todos somos deficien- Acreditamos que isto esteja ocorrendo porque o tes na tentativa de relativizar os estigmas e precon- conhecimento veiculado por essa área, historicamen- ceitos, é, no mínimo, uma posição ingênua, insen- te, foi edificado visando atender concepções unas sata e que precisa ser superada pelos educadores. de saúde, de homem e corpo, deixando de levar em Retomando a discussão acerca dos impactos da conta que a realidade em que vivemos é diversa e inclusão podemos afirmar que as tão sonhadas tur- formada concretamente por homens diferentes em mas ou classes “homogêneas”, nas quais todas as raça, cor, sexo, habilidades, capacidades, limites e crianças deveriam ser “iguais” em idade, peso, altu- possibilidades. ra, e habilidades, estão prestes a se transformarem Esta visão a-histórica, simplista e parcial da reali- em classes da diversidade humana, onde todas são dade, utilizada pelos professores de Educação Física, diferentes e desiguais. E nos perguntamos: será que tem tido reflexos diretos no trabalho que vem sendo os professores de Educação Física que tanto sucesso desenvolvido com as pessoas com deficiência. têm conseguido com os atletas portadores de defici- Esses profissionais têm preferido muito mais fa- ência, no campo segregado e diferenciado dos jo- zer arranjos, adaptações e improvisações nos conhe- gos e competições, terão condições de desenvolver cimentos existentes, do que gerar novos conhecimen- suas atividades escolares em grupos envolvendo de- tos e atividades motoras adequadas e dirigidas aos ficientes e não-deficientes? Os conhecimentos que alunos com deficiência. os professores de Educação Física dominam possibi- Os técnicos e os professores fazem as adapta- litam-lhes, pedagógica, metodológica e tecnicamen- ções quando transferem, como se fosse a única pos- te, trabalhar a diversidade humana no mesmo espa- sibilidade, os conhecimentos das diferentes modali- ço e tempo da Escola Regular? As atividades motoras dades esportivas conhecidas e universalmente disse- e os esportes para os alunos com deficiência têm minadas ( basquete, futebol, voleibol, natação, tênis “ ...o conhecimento veiculado pela Educação Física, historicamente, foi ” edificado visando atender concepções unas de saúde, de homem e corpo, deixando de levar em conta que a realidade em que vivemos é diversa... que ser necessariamente adaptados e ministrados se- dentre outras) para a prática junto aos alunos que paradamente das demais crianças? apresentam deficiências. Adaptam os fundamentos Diante de todos estes questionamentos o profes- às regras e à medida que os problemas vão surgindo sor de Educação Física deve estar se perguntando: o no interior das práticas, novas mudanças vão sendo que fazer para conciliar a política de inclusão com o realizadas na tentativa de adequar o inadequado. trabalho em uma classe de quarenta alunos “consi- Essa forma de pensar possui grande similitude derados normais” juntamente com alunos que apre- com o famoso ideário da equalização social presen- sentam uma deficiência física, mental, visual ou au- te na escola nova, que acreditava poder corrigir a ditiva, diferentes e desiguais? marginalidade fruto das desigualdades sociais, pe- Temos consciência da complexidade desta respos- las vias do ajustamento e da adaptação dos indiví- ta, por isso, esperamos até o final deste texto apon- duos à sociedade, incutindo-lhes o sentimento de tarmos algumas pistas para auxiliar os professores a aceitação passiva e alienada. encontrarem saídas para essa questão. Tal concepção tem profundas implicações Especificando um pouco mais nossas análises va- sociopolíticas e econômicas, principalmente quan- mos perceber que no cotidiano de uma escola regu- do a adaptação é situada como sinônimo de lar brasileira as várias áreas do conhecimento – Edu- equalização, ou como forma de concretizar a eqüi- cação Física, Matemática, Física, Ciências, História dade de oportunidades. 8
  • 11. Uma das implicações diz respeito aos mecanis- a inclusão escolar, vista em outra perspectiva, venha mos utilizados pela sociedade, por meio das escolas, a ser o móvel que vai possibilitar profundas modifi- partidos políticos, igrejas e outras instituições sociais, cações nesse sentido. que busca, a todo custo, a hegemonia de valores, leis, Afirmamos isto porque, com o advento da inclu- crenças e conhecimentos. Para que isso ocorra, ou- são, mesmo no plano do discurso, o princípio explí- tros valores, leis e conhecimentos necessitam ser su- cito e defendido é o da diferença, da desigualdade. focados. Desse modo, a relação entre o ideário dominante No caso específico da Educação Física, para que (todos somos iguais) e o ideário emergente (todos os conhecimentos produzidos e disseminados nos somos diferentes) se torna mutuamente excludente, esportes possam prevalecer é necessário que a adap- pois concretamente fica difícil conciliar uma concep- tação tenha que ocorrer. Portanto, advogar a adap- ção abstrata com uma concepção concreta de ho- tação significa, em última análise, defender a mem. hegemonia de um corpo de conhecimento sobre E é justamente aí que reside o grande desafio para outro, mesmo que este outro ainda nem tenha es- a comunidade científica da área, isto é, conciliar os boçado nascer. princípios da Educação Física adaptada com os prin- Muitos profissionais da Educação Física acredi- cípios da inclusão escolar, que em tese são contradi- tam que ao adaptarem os conhecimentos existentes tórios. aos portadores de deficiência estão realizando um O mais interessante de tudo é que tanto os prin- grande feito, ou sendo extremamente criativos. No cípios da primeira linha de pensamento quanto os nosso modo de entender, todo esse sucesso e da segunda, em última análise, defendem os mes- criatividade, existe, porém, está servindo muito mais mos valores, porém às avessas. À guisa de para manter o princípio da igualdade universal entre exemplificação poderíamos dizer que os defensores os homens e as mazelas daí decorrentes, do que para da Educação Física adaptada, ao mesmo tempo que explicitar o princípio da diferença e da desigualda- realizam práticas segregadoras, defendem e apóiam de, na tentativa de superação deste quadro social. as políticas inclusivistas. É muito interessante como esta questão contra- Com isto, as políticas segregadoras e inclusivistas, ditória se apresenta na realidade objetiva em que vi- mesmo sendo contraditórias, se identificam, fazen- vemos. Senão vejamos: os professores que trabalham do com que os princípios inclusivistas da Educação com alunos portadores de deficiência, em sua gran- Física adaptada tornem-se princípios segregadores. de maioria, se apresentam contra a discriminação, o Isso tem ocorrido porque a grande maioria dos preconceito e a segregação social. Entretanto, o cor- profissionais da área não tem tido a preocupação, po de conhecimentos que utilizam, na prática, na nem percebe que a concepção de homem presente tentativa de vencer esses comportamentos indesejá- em seus discursos e práticas é contraditória. veis os conduz diretamente à manutenção desses Falam e lutam por um homem e uma sociedade mesmos comportamentos. Em outras palavras os onde todos sejam iguais, tenham as mesmas condi- professores precisam, no discurso, ser o que não são, ções, os mesmos direitos e deveres. Porém, traba- para, na prática, conseguirem ser o que realmente lham com um homem concreto, diferente, discrimi- são. nado, desigual, e utilizam como instrumental os co- E nos perguntamos: será que esses profissionais nhecimentos gerados historicamente para atender não percebem os componentes de poder e interesse as características e valores deste primeiro tipo de presentes em todos os conhecimentos, e que são homem. justamente esses interesses e poderes que determi- Diante desta contradição, os profissionais, ao nam o que tem e o que não tem valor social ? invés de enfrentá-la na busca de sua superação, Vale aqui relembrar Habermas (1982) quando optam por práticas e discursos adaptativos, afirma a esse respeito que “....o saber não pode, en- reorganizadores, maquiadores do real, dando quanto tal, ser isolado de suas conseqüências. Não é uma “nova“ feição, uma “nova” aparência a esta pela contemplação de algo, na suposta apropriação realidade. conceitual daquilo que as coisas são num determina- Acontece, porém que a questão principal, homem do instante, que os homens aprendem, mas pela concreto, desigual e diferente tratado como homem transformação desta coisa, pelas conseqüências que abstrato e igual, continua presente e sem solução. seu saber opera no real...” A persistir esta ação, não temos dúvidas de que, Nesta linha de raciocínio, esperamos ter deixado por mais que tentem, pela via da adaptação pura e claro o quanto os profissionais envolvidos com a simples, solucionar este problema, a história, por estar Educação Física adaptada necessitam produzir co- em movimento e ser condicionada, conduzirá o pro- nhecimentos que tragam conseqüências e contribu- cesso sempre para o eixo central do pensamento am para modificar o atual contexto social em que dominante e hegemônico que é o da pseudo-igual- vivem as pessoas com deficiência. Acreditamos que dade universal entre os homens. 9
  • 12. INCLUSÃO E EDUCAÇÃO FÍSICA Esta tendência fará com que todas as ações políti- Com isto, os conhecimentos vão sendo transmi- cas centradas nas adaptações conduzam os parâmetros tidos, os alunos com deficiência vão tendo acesso às avaliativos dos resultados esperados para bem próxi- atividades esportivas e as pesquisas sendo desenvol- mo dos valores preconizados pela base igualitária. vidas muito mais com a preocupação em adaptar do A busca incondicional de resultados e medalhas, que em criar atividades compatíveis com as condi- fraudes e manipulações nas classificações funcionais, ções e habilidades dessas pessoas. atletas que apresentam cada vez menos comprome- A continuar essa tendência, podemos afirmar que, timento físico, mental e ou sensorial, e muitas ou- brevemente, cada vez menos pessoas estarão sendo tras peculiaridades que cercam o mundo da Educa- envolvidas nas atividades físicas, isto é, restarão ape- ção Física Adaptada e dos Esportes Paraolímpicos, nas os mais aptos, os melhores, os mais próximos são exemplos do que estamos falando. do mundo dos iguais. Nesta linha de pensamento percebemos ainda que Temos claro que o conhecimento se dá no tempo o direcionamento das pesquisas nessa área têm bus- e não está preso ao tempo. Sua dinamicidade lhe cado aproximar ao máximo os resultados dos atletas impõe movimento, criação e não apenas repetição com deficiência com os resultados dos atletas nor- ou adaptações. Se os que fazem adaptações as mais. Alguém poderia questionar sobre o que há de constróem na tentativa de demonstrar as capacida- errado nisso. Por que as pessoas com deficiência não des e habilidades dos considerados deficientes em podem realizar ou praticar os mesmos esportes que comparação com os normais, visando assegurar-lhes as demais pessoas praticam, ou atingirem seus limi- reconhecimento social, estão redondamente equivo- tes máximos de rendimento esportivo? cados com este caminho. Pode parecer, para muitos, que não existe nada de Pois se assim fosse, nossos atletas com deficiên- errado em pesquisar nesta direção, ou que as pessoas cia que receberam medalhas de ouro paraolímpicas com deficiência pratiquem os esportes universalmen- seriam ídolos nacionais ou garotos-propaganda de te disseminados e consigam resultados tão surpreen- inúmeras empresas. Não me recordo de ter visto, ao dentes quanto os dos atletas não-deficientes. longo dos últimos trinta anos, algum medalhista com Acontece, porém, que esta questão não é tão sim- deficiência fazendo propaganda de tênis, camiseta ples assim, pois tanto a escolha do que pesquisar, ou bebidas energéticas, como ocorre com os atletas como a do que ensinar é uma decisão política normais. alicerçada em uma concepção de homem, mundo e Não estamos defendendo a segregação de co- sociedade. nhecimentos a essas pessoas, ou que não devam Todas as vezes que escolhemos o que ensinar, praticar os esportes adaptados que aí estão. Pelo escolhemos, também o que deve ser ignorado. O contrário, temos clareza que essa é uma fase impor- mesmo princípio se aplica à pesquisa, porque acre- tante e transitória do percurso histórico que estamos ditamos que poucos são os pesquisadores que ain- vivendo. Não podemos é permanecer presos neste da defendem a neutralidade científica. tempo e com esses conhecimentos. Portanto, o problema que estamos vivenciando, Como afirmamos anteriormente, o conhecimen- atualmente, na relação inclusão versus atividade físi- to se dá no tempo e não está preso ao tempo, e, por ca adaptada reside precisamente na indefinição do ser produto da humanidade não deve ser proprieda- marco referencial norteador da relação. de nem de classe nem de segmentos sociais isola- Esta indefinição por mais paradoxal que possa dos. Por isso, deve ser socializado ao máximo à to- parecer está presente também nos textos que preco- dos os indivíduos, até mesmo para que percebam nizam a própria proposta inclusiva.8 Em que pese o seus limites e contradições. fato de o texto não se referir diretamente à igualda- Nossa preocupação fundamental neste texto é de universal entre os homens, o faz mesmo assim, fazer com que os profissionais envolvidos com a área de forma indireta, quando defende a promoção da reflitam sobre o descaso que tem sido dado às pes- eqüidade do acesso à educação sem levar em consi- quisas visando novos conhecimentos (jogos, brinca- deração as finalidades da escola, os conhecimentos deiras, atividades físicas) compatíveis com as possi- veiculados, as avaliações realizadas, enfim, sua bilidades e realidades das diferentes formas com que organicidade. se apresenta a diversidade humana. 8 Os países participantes do Encontro Mundial de Educação Para Todos assinaram uma declaração Mundial em que se comprometeram a lutar pela universalização do acesso à educação e promover sua eqüidade, a ampliar os meios e a abrangência da ação educativa, fortalecer as alianças em todos os níveis e setores e fortalecer a solidariedade internacional. (grifo nosso). Em relação à Educação Especial, diz o texto da Declaração: “As necessidades básicas de aprendizagem das pessoas portadoras de deficiência requerem atenção especial. É preciso tomar as medidas que garantam a igualdade de acesso à educação aos portadores de todo e qualquer tipo de deficiência, como parte integrante do sistema educativo”. (grifo nosso).In: Revista Integração, ano5, nº 14, 1994, p.01. 10
  • 13. Apesar de termos afirmado no início deste texto 3 sob o ponto de vista individual e imediato; e que a Educação Física conseguiu superar a visão par- 3 sob o ponto de vista coletivo e mediato. cial e limitada de corpo, temos clareza que ela ainda No plano coletivo, precisamos levar em conside- não está preparada para tratar o uno e o diverso ração que tanto o sucesso quanto a discriminação simultaneamente, conforme sugere a política da in- são construções mediatas, históricas e objetivadas, e clusão. Seus conteúdos estão parados no tempo, o os mesmos mecanismos sociais que edificam um ído- que lhe obriga a recorrer às adaptações. lo, também, o destroem. À guisa de exemplificação destacamos o golball e No plano individual, a prática desportiva é tão o futebol de salão com bola de guizo, duas formas importante para as pessoas com deficiência quanto que os profissionais e os “deficientes” conseguiram, para quaisquer outras pessoas. As pesquisas desen- com a melhor das intenções, adaptar para permitir volvidas em nossos cursos de Pós-Graduação têm aos cegos condições de participação em jogos cole- demonstrado isso há vários anos. tivos. Acontece, entretanto, que tanto um quanto o Entretanto, atribuir aos esportes adaptados a ca- outro exigem dos participantes e assistentes com- pacidade de minimizar as discriminações e preconcei- portamentos completamente incompatíveis com a tos, mostrando ao mundo que os portadores de defi- “ ” ...a prática desportiva é tão importante para as pessoas com deficiência quanto para quaisquer outras pessoas. natureza dos jogos de quadra. Ambos exigem silên- ciência são capazes, é, no nosso modo de entender, cio da torcida. Vejam bem, silêncio da torcida! uma pretensão ingênua e a-histórica, pois essas ma- Ora, deveriam, então proibir a torcida de assistir, zelas sociais não são frutos da ignorância humana, pois torcer silenciosamente é tarefa muito mais ade- nem do desconhecimento das capacidades das pes- quada para quem está aguardando a saída de um soas com deficiência. Pelo contrário, a sociedade em doente na porta da UTI de um hospital do que para suas mais distintas épocas sempre negou a essas pes- quem está numa quadra assistindo uma partida de soas o direito de cidadania. Em alguns países e em futebol, handebol ou basquete. alguma época lhes foi negado até o direito à vida.9 E nos perguntamos: será que a partir da inteli- Dito isto, esperamos que os professores de Edu- gência cinestésica, da capacidade de orientação es- cação Física, em face da proposta de inclusão esco- pacial, percepção e discriminação tátil e auditiva não lar, tomem partido nessa luta social, não se distanci- poderíamos pesquisar e desenvolver jogos e compe- ando da realidade, nem se deixando petrificar pelas tições entre os cegos, bem como entre eles e as pes- adaptações motivadas por sentimentos passionais e soas que não possuem essas limitações sensoriais? pieguistas tão comuns entre as pessoas que traba- Seguramente, poderíamos. Porém, existem meca- lham com alunos que apresentam necessidades edu- nismos, já referidos anteriormente, gerados pela pró- cacionais especiais. pria sociedade, que têm nos impedido de fazê- lo. Por isso, a proposta da inclusão, enquanto tese Dentre eles, destacaríamos a crença tanto dos atle- que pretende possibilitar, indistintamente, acesso e tas com deficiência como de seus treinadores de que permanência de todos na escola, é altamente louvá- o sucesso nos esportes minimiza o processo histórico vel e oportuna, porém enquanto prática real e possí- de discriminação e leva ao reconhecimento social. vel é totalmente frágil e até enganosa pelas razões já No nosso entendimento, pensam assim apenas os discutidas anteriormente. que não conseguem perceber que a grande maioria Não podemos nos esquecer que acima das ques- das pessoas com deficiência não pratica esporte por- tões superficiais que têm orientado o debate tais que as relações sociais usurparam destas pessoas es- como, se devemos ou não incluir todos na escola, se ses direitos, e não porque elas são incapazes. Que elas a escola precisa primeiro preparar os professores ou são capazes não temos nenhuma dúvida, até porque adaptar-se arquitetonicamente, está a necessidade se não fossem, não estariam, há vários anos pratican- urgente de garantirmos o acesso e a permanência do atividades esportivas. Por essas razões, esta ques- de todos os brasileiros aos diferentes níveis de tão precisa ser analisada sob dois aspectos: escolarização, bem como o domínio do conhecimen- 9 A obra de SILVA, Otto, M. A Epopéia Ignorada, trata com muita propriedade acerca da história dos deficientes nas diferentes épocas da história. 11
  • 14. INCLUSÃO E EDUCAÇÃO FÍSICA to gerado historicamente por toda a humanidade. Quanto à Educação Física acreditamos que seus Para que isso ocorra não podemos ignorar o lo- pesquisadores precisam avançar no sentido de dar cal e o tipo de conhecimento que estamos reivindi- respostas à nova relação social que deve ser cando, pois o tipo de conhecimento e local onde é estabelecida a partir da inclusão escolar. transmitido, nesta sociedade hodierna, faz muita Temos consciência de que conhecimentos acerca diferença na vida do indivíduo. de atividades físicas segregadas existem demais, po- Uma coisa é estudar e ser egresso de uma escola rém, pesquisas que apontem soluções para as ques- pública ou particular. Outra é estudar em uma esco- tões aqui levantadas, existem poucas. la especial, cuja carga estigmatizante é altamente Finalmente, como o leitor pode perceber, escre- excludente nas relações sociais vigentes. vemos este texto com o objetivo muito mais de Sem nenhuma pretensão de comparar os fatos, conclamar os pesquisadores da área para solucionar mas apenas utilizando o recurso da exemplificação, o desafio da inclusão, do que para apresentar algo diríamos que o mesmo ocorre com os ex-presidiári- propositivo. Temos atualmente mais dúvidas do que os. Eles, pelo fato de terem o estigma de ex-detentos, respostas. Porém, temos feito dessas dúvidas o mo- mesmo depois de terem cumprido toda pena imposta tor de nossas reflexões e a busca de alternativas pela justiça, dificilmente têm acesso ao trabalho e superadoras. ao convívio social pleno. As relações sociais estabelecidas lhes impuseram uma pena que mesmo depois de cumprida, conti- BIBLIOGRAFIA nua presente em suas vidas. É o que Goffman (1982) denominou de estigma moral. No caso específico dos BOURDIEU & PASSERON . A reprodução: elementos alunos com deficiência, eles carregam o que este para uma teoria do sistema de ensino. Rio de autor denominou de estigma físico. Janeiro: Francisco Alves, 1975. Neste sentido, o entendimento das questões afe- tas aos estigmas exige que tenhamos clareza de que, BRASIL. Ministério da Educação. Plano Decenal de independente do indivíduo ser paraplégico, Educação para Todos. Brasília: 2000. hemiplégico, deficiente mental ou visual, não pode- mos negar-lhe a possibilidade de ter acesso ao conhe- _______ .Ministério da Educação, SEESP. Política cimento e às riquezas da humanidade que ele, de al- Nacional de Educação Especial. Brasília, 1994. guma forma, também, ajudou a produzir, e que por _______.MEC,SEF,SEESP. Parâmetros Curriculares questões de poder e dominação não tem tido acesso. Nacionais : Adaptações Curriculares. Brasília: Entretanto, não precisamos, para conseguir isto, ne- 1999. gar seu estado de diferença, de desigualdade, porque _______.MEC,SEF,SEESP. Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação Especial. Brasília: 2000. “ ...os pesquisadores CARMO, Apolônio Abadio. Deficiência física: a socie- precisam avançar no dade cria, recupera e discrimina. 2ª ed. Brasília: sentido de dar respostas Escopo, 1991. à nova relação social que deve ser estabelecida CARVALHO, Rosita Edler. O papel da UNESCO e do MEC frente a integração. Educação Especial: ” a partir da política Perspectiva e reflexões. In: Seminário Nacional de inclusão escolar. de Integração da Pessoa Portadora de Defici- ência no Contexto Educacional. Florianópolis: 1994. Anais, p 20. é na diferença e na desigualdade que devem repousar ___________. A Nova LDB e a Educação Especial. Rio as bases de nossas ações, e, seguramente, a primeira de Janeiro: WVA, 1997. 2ª Ed. delas é não querer igualar o desigual. Precisamos levar em conta que existem diferen- ___________. Integração, inclusão e modalidade da tes tipos de conhecimentos e distintas capacidades Educação Especial: mitos e fatos. Brasília: para apreendê-los. Reiteramos que a decisão do que Revista Integração.n.7, p: 19-25, 1997. ensinar e a quem ensinar é política e exige de quem a toma, sensatez e compromisso para com esta de- CASTELLANI FILHO, L. Educação física no Brasil: a cisão, pois todas as vezes que selecionamos conhe- história que não se conta. Campinas: Papirus, cimento selecionamos, também, ignorância. 1998. 12
  • 15. COLETIVO DE AUTORES: Metodologia do ensino de MADER, G. Integração da pessoa portadora de defi- Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992. ciência: a vivência de um novo paradigma. In: MANTOAN. M. T. A integração de pessoas com D’ANTINO, Maria Eloísa. A questão da integração deficiência: contribuições para uma reflexão do aluno com deficiência mental na escola re- sobre o tema. São Paulo: Memnon/ Senac, gular. In: MANTOAN, Maria Tereza E. A 1997. integração de pessoas com deficiência: con- tribuições para uma reflexão sobre o tema. São MARTINS & ARANHA. Filosofando: introdução à Fi- Paulo: Memnom, 1997, p 97-103. losofia. 2ª Ed. São Paulo: Ed. Moderna, 1996. DECLARAÇÃO Mundial Sobre Educação Para Todos: MAZZOTTA, Marcos J. S. Educação Especial no Bra- Satisfação das necessidades básicas de apren- sil: história e políticas públicas. 2ª ed. São Paulo dizagem, In: Conferência Mundial Sobre Edu- : Cortez, 1999. cação Para Todos. Jomtien. Tailândia, 1990. ____________.Trabalho docente e formação de pro- DORÉ, ROBERT et al. A integração escolar: Os princi- fessores de Educação Especial. São Paulo: EPU, pais conceitos, os desafios e os fatores de su- 1993. cesso no secundário. In: MANTOAN, Maria Tereza E. A Integração de Pessoas com Defici- MANTOAN, M. T. A integração de pessoas com ência: Contribuições para uma reflexão sobre deficiência: contribuições para uma reflexão o tema. São Paulo : Senac, 1997. sobre o tema. São Paulo: Memnon/Senac, 1997. FALVEY, Mary A. et al. Inclusive and heterogeneous schooling: assessment, curriculum and PONCE, Aníbal. Educação e luta de classe. 7a ed. São instruction. Baltimore: Paul Bookes Publishing, Paulo: Cortez,1986. 1998. RONCIN, C. ; VAYER, P. Integração da criança defici- ente na classe comum. São Paulo: Manole, FREITAG, B. Escola, estado e sociedade. 6ª ed. São 1989. Paulo: Moraes, 1986. SANTOS, E.F.R.R. Atendimento às famílias de defici- FREIRE, P. A importância do ato de ler. São Paulo : entes: uma análise das propostas institucionais Cortez, 1987. a partir dos relatos de profissionais que atu- am na área. Dissertação (Mestrado em Edu- FOUCAULT, M. Poder corpo. In: Microfísica do po- cação Especial) – Universidade Federal de São der. 5a ed. Rio de Janeiro: Graal.1985. Carlos : São Carlos, 1993. FROMM, E. Conceito marxista de homem. Rio de SASSAKI, Romeu K. Inclusão: construindo uma so- Janeiro: Zahar, 1983. ciedade para todos. 3ª ed. Rio de Janeiro: WVA, 1997. GOFFMAN, E. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. São Paulo: Zahar, 1982. SARUP, M. Marxismo e educação. Rio de Janeiro: Guanabara,1986. HABERMAS, J. Conhecimento e interesse. Rio de Ja- neiro: Zahar,1982. SKLIAR, Carlos. Educação e exclusão: abordagens socioantropológicas em Educação Especial. 2ª JANNUZZI. Gilberta. A luta pela educação do defici- ed. Porto Alegre: Mediação, 1997. ente mental no Brasil. São Paulo: Cortez, 1985. SILVA, O. M. A epopéia ignorada. São Paulo: Cedas, 1896. 470 p. KOPNIN, V. A dialética como lógica e teoria do co- nhecimento. Rio de Janeiro : Civilização Brasi- SOARES, Carmem L. Educação Física: raízes euro- leira, 1978. péias e Brasil. São Paulo: Cortez, 1994. LIBÂNIO,J.C. Democratização da escola pública: a STAINBACK, Susan; STAINBACK ,William. Inclusão: pedagogia crítico-social dos conteúdos. 2a.ed. um guia para educadores. Porto Alegre: São Paulo: Loyola,1985. Artmed, 1999. (Trad. Magda França Lopes.) 13
  • 16. INCLUSÃO E EDUCAÇÃO FÍSICA O PRINCÍPIO DA INCLUSÃO: UM ELEMENTO DA METODOLOGIA DAS AULAS DE “ Os aros olímpicos, ao envolverem os portadores de necessidades EDUCAÇÃO FÍSICA especiais, representam elos pela inclusão, por direito, entre o compromisso socioeducacional e o bem-estar dos povos de todas as Nações. ” A autora. Elisabeth Ferretti Lemos * INTRODUÇÃO A Educação Física referendada, em dezembro de l997, nos Parâmetros Curriculares Nacionais / MEC, como disciplina curricular na grade de ensino das escolas regulares, vem resgatar a proposta da Educação para Todos, principalmente, no que se refere aos alunos que apresentam necessidades especiais, permanentes ou não. Seguindo uma tendência mundial, um dos verdadeiros objetivos da Educação Física, como ciência, manifesta-se pelo trato humano. No âmbito escolar, apresenta-se, também, como vetor interdisciplinar, permitindo direcionar sua projeção, desde a escolha do foco de estudo, até o ponto de convergência das demais disciplinas a serem vivificadas pelo ser humano. Estratificando o contexto ótico decorrido da aplicação deste Projeto Pedagógico de Ensino: O Princípio da Inclusão..., foi possível revelar os resultados do processo metodológico aplicado, contribuindo para o significativo reconhecimento da pluralidade atitudinal, da diversidade de conteúdos e, até mesmo, se preciso for, do programa individualizado de ensino para os alunos com necessidades educacionais especiais. Todas as atividades programadas para a mesma aula podem gerar novas oportunidades de sucesso, não só na Educação Física, como também, nas demais disciplinas que congraçam o direito de todos à educação. Respeitados os diferentes modos de aprender, sobressaiu-se, de forma natural, a solidariedade entre todos os alunos, sob a primazia do diálogo e da convivência, propiciando o êxito, sempre que possível, dos alunos com necessidades especiais. O domínio e aplicabilidade do conceito de Inclusão, proposto por Mosston, (1986)1 , sob o enfoque da dinâmica operacional e organizacional, permitiu à autora identificar a questão que norteou a concretização da pesquisa: Como promover a inclusão de todos os alunos nas aulas práticas de Educação Física? * Professora Licenciada em Educação Física pela Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG. Auxiliar de Fisioterapia/FUNED-ESMIG. Pós-Graduada em Processo Ensino-Aprendizagem: Uma Fundamentação Filosófico-Antropológica e Técnico-Pedagógica. F. C./São Paulo. Pós- Graduada em Teoria e Prática Pedagógica no Ensino Técnico – CEFET/ MG. Mestre em Educação pela Universidade São Marcos/S. P. - UNI - B.H. – Centro Universitário de Belo Horizonte/M.G. E-Mail: ferrettilemos @ hotmail.com 1 Mosston, Muska (1986) – Pesquisador que, com a ajuda do governo americano, criou uma Escola Pública Modelo, no estado de Nova Jersey, onde vem desenvolvendo estudos sobre as metodologias de ensino, não só da Educação Física, mas de todas as disciplinas escolares. 14
  • 17. OBJETIVO GERAL: postas, ao observar a preferência pelo Voleibol, o seu desempenho e efeito ilustrativo, dentro da reali- Verificar os efeitos da ampliação do tempo real, de dade desses educandos. uma para duas aulas consecutivas, de Educação Físi- A formação de turmas para as aulas de Educação ca, no processo de inclusão de todos os alunos, res- Física se fez por duas turmas mistas que foram divi- peitando-se as diferenças individuais, especialmente didas por sexo na praça de esportes, sendo as tur- daqueles com menor performance psicomotora. mas femininas o alvo de abrangência deste projeto. Escolhemos seis turmas do ensino médio e três tur- mas do ensino fundamental, no turno da manhã. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Ao considerar a evolução histórica da Educação Física, observa–se, atualmente, no âmbito escolar, uma 3 Dar oportunidade ao aluno de conhecer suas tendência a desconsiderar as diferenças individuais de possibilidades e vencer seus limites, por meio cada aluno durante as aulas práticas, sem atividades da ação docente, durante as aulas práticas; físicas não-desportivas, o que faz com que os alunos 3 facilitar ao aluno com necessidades especiais busquem melhorar sua performance psicomotora em sua presença à praça de esportes, observadas academias, clínicas estéticas de musculação e suas limitações, permitindo-lhe a participação, escolinhas de esportes do sistema particular. sempre que possível, nas aulas de Educação A Educação Física envolve momentos de Física; e descontração, desinibição, aproximações da convi- 3 promover a confraternização desportiva entre vência humana, um comportamento sui generis que os alunos da escola regular, abrangendo, in- entende-se concebível inserir nessas reflexões a ci- clusive, os alunos com necessidades educacio- tação do Prof. Dr. Moura (1995)2 textualizada em nais especiais. “O impulso lúdico na educação” ao destacar Schiller. Este autor admite identificar a expressão impulso As referidas propostas de estudo estiveram em lúdico com o termo jogo, como se faz na lingua- contínuas análises, desde 1980, quando houve a in- gem corrente, porém imprimindo-lhe uma amplia- tenção de descrevê-las, incorporando-as à disciplina ção. Metodologia de Elaboração de Projetos em Educa- Schiller entende o impulso lúdico como jogo en- ção, a partir de julho de 1995, início do VI PCDET/ tre as capacidades racionais e sensíveis do homem e CEFET/MG. a ausência de regras ou conceitos como a “liberdade Em março do ano passado, converteu–se em con- humana”. Para ele, “de todos os estados do homem teúdo capitular da dissertação de Mestrado em Edu- é o jogo e somente ele que o torna completo(...) (...)o cação, aprovada pela Universidade de São Marcos/SP. homem joga somente quando é homem no pleno O campo de ação das propostas aqui descritas sentido da palavra, e somente é homem pleno quan- foi desenvolvido, e implantado após sua conclusão, do joga.” em uma das escolas públicas da rede estadual, em A postura didática do professor de Educação Fí- Belo Horizonte/MG. Visou-se um projeto pedagógi- sica, em sala de aula - entendida como espaço em co, para área de habilitação, a ser aplicado em sala que esta aula é ministrada, seja pátio, quadra, pisci- de aula, durante um bimestre letivo, apresentando na ou sala convencional – deverá ser a de buscar soluções práticas a problemas educacionais específi- enriquecer seu trabalho, por meio de seu currículo cos. Imediatamente, as pesquisas literárias funda- oculto (Giroux 1986)3 , servindo-se de seu ethos po- mentaram as metas de atuação sob o título: “Princí- sitivo, (Mortimore, Peter, in: Entrevista, 1995)4 , ao pio da inclusão – um elemento da metodologia das acompanhar seus alunos durante as tarefas práticas aulas de Educação Física.” propostas. Muitas vezes, sem que o professor perce- Para se pensar nos problemas pedagógicos da ba, as atividades de sua performance didático – pe- Educação Física, foi de primordial importância co- dagógica, ficam retidas na memória de seus alunos, nhecer as condições reais dessa escola. para o resto da vida. Houve anuência da direção escolar e adesão da Segundo Gadotti, (1993), um dos grandes desa- maioria dos alunos ao integrarem-se às metas pro- fios dos educadores brasileiros, nos dias atuais, é a 2 Moura, Dácio Guimarães de. – Prof. Doutor em Educação, Professor de Metodologia de Elaboração de Projetos em Educação do VI PCDET - CEFET/MG – Impulso Lúdico, 1996, p 4. 3 Giroux 1986,“Currículo oculto” é uma outra faceta do currículo escolar, que, na grande maioria das vezes, fica relegada a um segundo plano. É o currículo implícito no cotidiano das relações sociais da sala de aula, da escola e da sociedade. Apresenta-se no trato com a divergência de posicionamentos, nas diferenças de enfoques, na pluralidade, no encontro com o inusitado e nas possibilidades de um devir*. Dalben, Angela I. L.,1992, p.31-33. 4 Mortimore, Peter - Diretor do Institute of Education, professor da Universidade de Londres. 15
  • 18. INCLUSÃO E EDUCAÇÃO FÍSICA busca de uma educação para todos que respeite a dores, está no reduzido tempo de aula disponível diversidade, as minorias, os direitos humanos, elimi- para que todos os alunos exercitem as atividades nando estereótipos e substituindo o conceito de propostas. igualdade das pessoas pelo de eqüidade, ou seja, Bento, J. O. (1987), mostra em seus estudos que pelo exercício da igualdade de direitos e o respeito “numa aula de cinqüenta minutos o tempo disponí- às diferenças. vel para cada aluno se movimentar é extremamente Neste sentido, a autora deste projeto prossegue escasso, não só pelo tempo em si, como também, a breve investigação sinóptica sobre a aprendizagem, pela limitação da participação efetiva das turmas de expõe a necessidade de sedimentá-la por variáveis elevado número de alunos para uma quadra de es- angulares, considerando o nexo da questão do apren- portes que, na escola, comporta, no máximo, diz frente ao inusitado da representação do apren- quatorze jogadores em ação desportiva.” dido e conclui enfatizando que, a princípio, para al- Desde 1979, o pronunciamento do Conselho Es- guns o conhecimento vem de fora para dentro e para tadual de Educação6 , esclarece o seguinte: outros vem de dentro para fora. “Todavia dependendo da condução das ativida- A Educação Física, como disciplina curricular, de- des de Educação Física pelo professor e de sua capa- verá ter como princípio norteador aceitar as diferen- cidade de diversificação das mesmas, as aulas ças na aprendizagem e abandonar as idéias de geminadas deixarão de ser problema para a escola homogeneidade e de exclusão dos menos aptos. que disso necessitar valer-se.” Ao voltar para o aluno o reflexo da luz emitida Entretanto, a publicação número 256/79/CEE, do pelo movimento do seu self, procura-se a interação mesmo decreto, estabelece, como padrão de refe- de sua aspiração com sua realidade ao descobrir, pela rência, um total de três sessões semanais para o en- ação, o que “ele próprio é capaz de fazer.” sino fundamental e médio, (item I, art. 5º). Tendo em vista os grandes problemas que coman- dam a cultura e a civilização, focaliza-se, neste pro- JUSTIFICATIVA jeto, uma trajetória metodológica que se identifica com o “estilo de inclusão” , criado por Mosston, Com freqüência, observa-se que a Educação Físi- (1986) cujo termo “estilo de ensino” ele conceitua ca costuma considerar as preferências da maioria das como “múltiplos níveis de performance na mesma pessoas familiarizadas com as habilidades esporti- tarefa”. vas, ao selecionar os melhores atletas representan- Consideramos oportuno ilustrar o conceito de in- tes do “esporte na escola”, em vez de tentar defen- clusão, apresentado por Mosston, (1986), p.32, der o “esporte da escola”. (Bracht,1992 )5 Reforça- quando, por meio do salto em altura, enfatiza que: se, assim, a apatia e o desânimo dos menos expres- sivos, sempre discriminados e, muitas vezes, levados a ceder seu lugar na quadra, pela falta de domínio das habilidades vivenciais desportivas. Este quadro gera desafios a serem solucionados. O projeto em estudo propõe-se a acrescentar suges- tões para amenizá-los, com o objetivo de contribuir Figura 01 Figura 02 para o avanço qualitativo do ensino, fornecendo sub- sídios para uma reflexão entre os professores de Edu- cação Física escolar, uma vez que, na literatura dis- a figura 1, demonstra claramente que à medida ponível, são poucos os estudos voltados à solução que se eleva o sarrafo, ou corda, aumentando-se a de problemas tais como: altura, afastamos dessa atividade o aluno que apre- 3 falta de motivação (problema pessoal); senta maior dificuldade, desestimulando-o de inves- 3 exclusão (problema social); tir em novas tentativas, fazendo com que ele sinta- 3 má utilização do tempo útil (problema didáti- se excluído; co - pedagógico). a figura 2, demonstra que se o sarrafo, ou corda, for inclinado à altura de 0,80 cm de um lado e 0,20 Uma das causas mais freqüentes da exclusão nas cm do outro, irá possibilitar que todos os alunos se- aulas de Educação Física, apontadas pelos pesquisa- jam incluídos, isto é, que todos participem da ativi- 5 Citado por Marques, Jonh Harley Madureira - Trabalho e Educação: a Lógica da Educação Física no ensino profissionalizante - Curso Mestrado CEFET - PCDET, Projeto coletivo publicado na Revista Projetos e Trabalhos Práticos no Processo de Educação em Ciência e Tecnologia, 1995:26. 6 Informativo MAI de ensino - set/out - nº 202, Dec. nº 69.450/71, item I, art. 5º - 1992:29-30. 16
  • 19. dade proposta. Os alunos decidirão a que altura Ao sintetizarmos os estudos de Mosston, (1986), poderão ultrapassar com sucesso e sentir-se-ão esti- aplicáveis ao que ora se propõe, observamos que um mulados a tentar o próximo nível. dos problemas da Educação Física é a aprendizagem Este estilo identifica a importância de gerar op- eficiente, a qual depende de uma proporção ade- ções puramente positivas nos pontos de entrada, onde quada entre a quantidade de uma atividade e a uni- todos terão um resultado feliz. O exemplo do arranjo dade de tempo. da corda inclinada consuma o objetivo explícito de Segundo este autor, “para aprender qualquer ta- começar a criar condições para a inclusão. refa física e atingir um nível razoável de performance, “ O papel do estudante é selecionar o nível apro- o aluno precisa repetir a tarefa. Executá-la ainda priado para ele sem a preocupação de agradar ao mais... O único estilo que permite atingir esta meta é professor. ” Assim, o aluno faz a opção de onde o estilo da “ inclusão de todos”. Este estilo propõe a interagir com a tarefa. participação de todos os alunos da escola nas com- O bom êxito da primeira tentativa, certamente, petições esportivas.” impulsionará o aluno a: A aplicação dos exercícios desportivos, sob o in- 3 tomar uma decisão futura de acordo com sua centivo da “ludicidade”, mostra que a competição é capacidade (a marca acima ou abaixo); desejável à medida que os competidores encaram 3 experimentar novas tentativas numa amplitu- seus opositores como companheiros de jogo.” de de possibilidades; e (Bracht, V. 1988:38). 3 requerer uma área reservada, ou horário ex- Em termos de cultura corporal, torna-se óbvio que tra, para treinamento da tarefa, quando em a Educação Física precisa conhecer e considerar as disputa interclasse ou lazer, o que demonstra múltiplas diferenças entre as pessoas: variação de exercitar o aspecto lúdico da vivência altura, habilidades, atributos físicos, níveis de ener- desportiva entre colegas. gia, enfim, possibilidades e limites entre as necessi- dades físicas especiais. A questão é organizar os alu- De acordo com Mosston (1986), essa proposta nos, os equipamentos, o espaço e o tempo num re- permite que “o aluno tenha a oportunidade de apren- lacionamento distinto capaz de criar diversas condi- der e aceitar a distância entre aspiração e realidade, ções à aprendizagem eficaz. como também, de reduzir o espaço entre ambos.” As opções de organização, citadas por Mosston, O olhar docente “... verificará o papel desempe- (1986), referentes ao estilo inclusão, são interações nhado pelo aprendiz frente à sua atuação e não de entre tarefas e estações ( lugares, locais ) da seguin- acordo com sua performance...” Desta forma, o pro- te forma: fessor poderá indicar ao aluno o fator que determina Figura 3) ÚNICA ESTAÇÃO - o grau de dificuldade da tarefa executada. (idem,ib.) ÚNICA TAREFA O Programa de Atendimento Individual, adotado Figura 4) ÚNICA ESTAÇÃO - por Kirk (1904) & Gallagher (1987:203) e segundo MÚLTIPLAS TAREFAS Rafaele Tortora (1995), afirma que o professor, ao Figura 5) MÚLTIPLAS ESTAÇÕES - apresentar o conteúdo, pode entender que “...alguns TAREFA ÚNICA alunos, de uma mesma sala, precisam da elaboração Figura 6) MÚLTIPLAS ESTAÇÕES - de um programa individualizado de ensino para ni- MÚLTIPLAS TAREFAS velarem suas habilidades. Este programa permitirá que o professor promova o desenvolvimento do potencial Os quatro arranjos de organização, conforme desses alunos, enfatizando na descrição da tarefa a explicitado acima, conciliam cada aprendiz com o sua ação positiva, ao selecionar as atividades que o tempo, os equipamentos e o espaço para praticar o aluno consegue fazer ... ”. exercício. Enquanto os alunos estão envolvidos com Para esses autores, é necessário que uma ampla a tarefa, o professor tem o tempo necessário para variedade de atividades (alternativas) sejam ofereci- mover-se de estação a estação e oferecer o incentivo das aos alunos para que se efetive a inclusão, no verbal apropriado a cada um. que se refere à Educação Física escolar. Se conside- rarmos que esta é uma das propostas deste projeto, acreditamos que será possível promovermos a inclu- são de todos os alunos, a partir da criação diversificada de conteúdos e atividades. O professor deverá estar atento às mudanças, ou adaptações, que deverão ser feitas, para atender aos alunos que apresentam necessidades especiais, evi- tando, assim, que eles permaneçam isolados de seus Figura 03 colegas e das atividades escolares. 17
  • 20. INCLUSÃO E EDUCAÇÃO FÍSICA séries do ensino Fundamental, também do turno da manhã. Observado o paradigma da inclusão, de acordo com Mosston, (1986), qual seja o da “inclusão de todos”, cada série será dividida em equipes, forma- das pelas próprias alunas - “considerando-se o nível de performance de cada equipe” (Mosston,1986) e, Figura 04 todas participarão entre si durante as aulas conse- cutivas do segundo bimestre, na modalidade Volei- bol, de dezoito aulas. Destas, 8 (oito) aulas serão para coletivos a classificarem uma vencedora. É sem- pre lembrado aos alunos que a presença à chamada da aula se efetiva, fazendo-se mister praticá-la. A seguir, apresentamos sugestões de como operacionalizar as aulas: A) - DIVISÃO DA TURMA POR EQUIPES: a título Figura 05 de exemplo cita-se uma turma com 36 (trinta e seis) alunas que é composta pela união de duas séries (SÉRIE “X” e SÉRIE “Y”). Cada série será dividida em grupos de 6 (seis) para o 2° bimestre - voleibol, con- forme quadro abaixo. SÉRIE “X” SÉRIE “Y” EQUIPE 1 EQUIPE 1 EQUIPE 2 EQUIPE 2 Figura 06 EQUIPE 3 EQUIPE 3 18 alunos 18 alunos TOTAL: 36 alunos Esses quadros ilustram uma organização deno- minada de pluralidade de atividades inclusivas, favorecidas pela diversidade de conteúdos, conheci- Observações: da por alguns docentes e que podem ser aplicadas, a) Caso haja maior número de alunas serão com sucesso, às demais disciplinas curriculares. convocadas como suplentes das três equipes de sua Mosston, (1986), aponta a organização da aula série ou formarão a equipe quatro. em múltiplas estações como uma das estratégias de b) Caso haja menor número de alunas, poder-se- ensino que permite a inclusão de todos. As múltiplas á completá-la repetindo a participação de alguma estações podem ser organizadas com tarefa única aluna já inserida. ou com múltiplas tarefas. Entretanto, a metodologia c) As próprias alunas formarão as equipes, e, em a ser aplicada neste projeto estabelecerá a identifi- rodízio treinarão durante 10 (dez) aulas do bimestre. cação da atitude organizacional em “Múltiplas esta- A décima aula será escolhida como o dia da inscri- ções e Múltiplas tarefas (Fig. 06). ção oficial de todos os times da sala. Portanto, este trabalho fundamentar-se-á na metodologia da trajetória de atuação a seguir, con- A partir da décima-primeira à décima-oitava aula siderando a questão: serão realizados os jogos inter-equipes das duas tur- - Como promover a inclusão de todos os alunos mas, durante sua aula consecutiva, quando será clas- em uma aula de Educação Física ? sificada uma equipe que participará da “Semana de Ouro”. Nesses dias, as equipes que aguardam sua vez, con- METODOLOGIA tinuam praticando os exercícios desportivos nas áre- as livres da praça de esportes. As ações propostas neste projeto têm o objetivo B) - DIVISÃO DAS ATIVIDADES - ADEQUAÇÃO DO de minimizar as diferenças individuais, o tempo de TEMPO (100 min) PROGRAMA INDIVIDUAL DE ENSI- aula, a falta de motivação dos alunos e a exclusão. NO (PIE – específico). Para este estudo, selecionamos cento e cinco alu- Tomando-se como referência uma turma de 36 nas do ensino fundamental e médio, sendo seis tur- (trinta e seis) alunas, teremos: mas do turno da manhã e três de sétima e oitava 1° - Traslado ao local, troca de roupa; (10 min.) 18
  • 21. 2° - Chamada e explanação dos objetivos do dia; ma. Os alunos deverão ser rigorosamente seleciona- (10 min.) dos quanto ao domínio pessoal da bola e mobilida- 3° - Tarefas individuais e em conjunto: alonga- de do corpo, devido ao jogo paralelo, durante as mentos, flexionamentos e jogos recreativos; (10 min.) aulas consecutivas. 4°- Expressão esportiva (voleibol); toque de bola Os grupos formados pelas seis integrantes tro- por cima, passe (levantamento), manchete, saque, cam de estação a um intervalo de tempo (quinze mi- cortada, bloqueio, defesa, recuperação de bola jun- nutos), aumentando-se a participação por aluna. to à rede; (10 min.) Reiteramos que a organização das aulas em Múlti- 5° - Prática esportiva para as duas equipes; (15 plas Estações e Múltiplas Tarefas, citado por Mosston, min.) 1( *) (1986), conforme foi executada neste projeto, con- 6° - Prática esportiva para as duas equipes; (15 cilia cada uma das alunas com o tempo, os equipa- min.) 2( *) mentos e o espaço para praticarem as atividades. 7° - (Prática esportiva para as duas equipes; 15 Destaca-se, no entanto, ainda de acordo com o refe- min.) 3 ( *) rido autor, que “o papel do professor é estar sempre 8º - Breve avaliação geral, incentivo verbal e volta pronto a converter-se em criador, planejador, obser- à calma; (5 min.), e vador e conselheiro que, de maneira franca, estimula 9º - Banho, troca de roupa e retorno à sala. (10 min.) o aluno a avançar e a tentar superar-se a si mesmo.” Assim, durante as aulas, o professor terá tempo dis- Durante as aulas, propõe-se a seguinte organiza- ponível para percorrer as estações e oferecer aos alu- ção: nos o estímulo necessário. Paralelamente à operacionalização dos três tempos de 15 min.(*) , os quatro espaços li- vres da quadra serão ocupados pelas quatro equipes restantes. (“Múltiplas Estações”) (·). Para as quatro estações será organizado um programa de adequação pessoal dos fun- damentos básicos do esporte/ voleibol. (“Múl- tiplas Tarefas”) (·) A título de exemplo: 1- Postura pessoal no toque de bola e de- sempenho; 2- Controle de bola, alternando-se man- chete, toque por cima e deslocar-se para trás; 3- Passe, levantamento e deslocar-se late- ralmente; 4- Manchete, afundo e amortecer a bola no ataque em defesa. O conteúdo proposto para essas tarefas é flexível. Neste estudo, as variáveis resultaram do atendimento dado às classes, que apre- sentaram alunos com necessidades educacio- nais especiais, respeitadas as habilidades, os limites e as competências de cada aluno. Na figura 07, mostramos como as plurali- dades atitudinais e a diversidade de conteúdos podem ser aplicáveis à esta proposta. Observação: Esse programa educativo das quatro esta- ções deverá atender às necessidades da tur- Figura 07 (*) - Durante os quinze minutos de prática esportiva para doze alunas das equipes 1,2, e 3 de cada turma, haverá rodízio durante as aulas e treinamento em campo das táticas de conjunto a saber: os sistemas de ataque e de defesa, as trocas de posição, regras de jogo e arbitragem, apontar súmulas, placar e juiz de linha. Expressão esportiva, na diversidade de conteúdos, esses espaços permitem, também, a utilização de jogos recreativos adaptados para atenderem a uma abordagem especial, se necessária. 19
  • 22. INCLUSÃO E EDUCAÇÃO FÍSICA RESULTADOS ESCOLA ESTADUAL TURMA FEMININA - MANHÃ – PROJETO: O PRINCÍPIO DA INCLUSÃO TOTAL DE ALUNAS POR TURMA 111 17 112 15 113 21 211 18 212 19 311 15 TOTAL 105 Questonário das alunas Conclusão Resultado Análise Percentual Nome da aluna: Série: 1. No início das aulas de Educação Física você participou de ginástica para todos, no sentido de SIM % NÃO % aliviar as tensões da sala de aula? sim não 81 19 2. No aquecimento esportivo você executou os fundamentos do esporte, coletivamente? sim não 78 22 3. Você participou dos treinos coletivos durante as aulas de Educação Física? sim não 78 22 4. Enquanto duas equipes treinavam, você esperava sua vez exercitando os fundamentos do espor- te, nos espaços livres da quadra? sim não 83 17 5. Você descobriu que pode participar de um jogo coletivo através das aulas de Educação Física? sim não 88 12 6. No início do torneio coletivo, você participou de alguma equipe de sua sala? sim não 76 24 7. Ao participar de uma equipe, você sentiu a importância da responsabilidade coletiva, isto é, ser integrante e estar presente ao compromisso assumido? não sim 86 14 8. Despertou em você a aspiração de sua equipe ser a melhor? sim não 63 37 9 Como você avalia a sua participação ao longo da execução do “Projeto da Inclusão” em Educação Física? Ótimo 28 Ótimo Bom Regular Bom 45 Regular 27 20
  • 23. 6. Você considera que, por meio da participação das PRINCÍPIO DA INCLUSÃO UM ELEMENTO alunas no Projeto “Princípio da Inclusão” em Educa- DA METODOLOGIA DAS AULAS DE ção Física, houve contribuição para aumentar-lhes a EDUCAÇÃO FÍSICA QUESTIONÁRIO auto-estima na comunidade escolar? DE AVALIAÇÃO DOS PROFESSORES 1. Na sua opinião, através do Projeto “Princípio da Inclusão” foi possível verificar se a operação das ati- vidades físicas e esportivas envolveu as múltiplas di- ferenças individuais dos alunos, especialmente os de menor performance psicomotora? 7. Através das aulas geminadas de Educação Física, pela adequação da metodologia do processo ensi- no-aprendizagem é possível promover no aluno mais participação durante maior tempo efetivo, resultan- do-lhe melhor desempenho escolar? 2. Você observou se os alunos deixaram transparecer satisfação, estímulo e que sentiram –se valorizados pela presença dos professores durante a realização dos jogos coletivos do Projeto na “Semana de Ouro”? 8. Pela repercussão alcançada em nosso segmento escolar, por meio da realização do projeto “Princípio da Inclusão...” qual a avaliação conclusiva que você faria das atividades? 3. Você acredita que, pelo fato do corpo discente estar incluído na ação pedagógica da Educação Físi- ca, esta possa ter contribuído para evitar a evasão escolar? ÓTIMO 80 % REGULAR 00 % BOM 20 % INEXPRESSIVO 00 % CONCLUSÃO Os resultados demonstraram que a grande maioria 4. Você concorda que, através da repetição de exer- dos envolvidos revelaram satisfação e conscien- cícios positivos, as alunas poderão conhecer suas tização ao participarem dos momentos de ginástica possibilidades, vencer seus limites e descobrir a co- coletiva, no sentido de aliviarem as tensões da sala ordenação de movimentos necessários para condu- de aula. zirem-se a um maior número de acertos na As alunas declararam que o aquecimento espor- prática esportiva? tivo geral fez nascer-lhes mais disposição para exe- cutarem os fundamentos do esporte nos espaços li- vres da quadra, reforçando-os na prática, não só en- quanto duas equipes treinavam, mas também, du- rante as aulas nos dias dos jogos oficiais. Motivadas, demonstraram, também, alto grau de responsabili- dade coletiva por sentirem-se incluídas, valorizadas 5. Foi possível observar nas alunas alguma manifes- e compromissadas com a proposta deste trabalho. tação de entusiasmo fortalecida pela interação Pela repercussão alcançada no segmento escolar, participativa nos torneios coletivos? com a realização do projeto “Princípio da Inclusão”, a diretoria e os professores da escola se manifestaram por uma avaliação altamente positiva, conforme a aná- lise percentual do questionário e depoimentos, ane- xos. Foi exposto que devido as aulas consecutivas e a concentração de todos os alunos no local da Educação 21