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Cruz das Almas, BA
Dezembro, 2012
106
ISSN 1809-5011
Autores
Eugênio Ferreira Coelho
Embrapa Mandioca e
Fruticultura,
Cruz das Almas, BA
ecoelho@cnpmf.
embrapa.br
Tibério Santos Martins
da Silva
tiberio@cnpmf.embrapa.br
Ildos Parizotto
parizotto@cnpmf.
embrapa.br
Alisson Jadavi Pereira
da Silva
Instituto Federal de
Educação, Ciência e
Tecnologia Baiano,
Senhor do Bonfim, BA,
alissonagr@gmail.com
Delfran Batista dos Santos
Instituto Federal de
Educação, Ciência e
Tecnologia Baiano,
Senhor do Bonfim, BA.
Sistemas de irrigação para agricultura familiar
Introdução
Os custos iniciais de instalação de sistemas de irrigação industriais são rele-
vantes para o pequeno produtor em geral. Os sistemas de irrigação comumente
usados têm preços que variam de 800 a 1500 reais na irrigação por sulcos e de
3000 a 6000 reais para irrigação localizada (MAROUELLI; SIVA, 2000). Entre-
tanto, existem alternativas para se fazer irrigação, a nível de agricultura familiar a
custos mais baixos. Várias recomendações de sistemas para pequenas áreas es-
tão disponíveis, tais como o uso de irrigação por potes, irrigação tipo xique-xique,
low-head bubbler, sistema mandala, dentre outros. O uso de garrafas de plástico
(PET) e outros objetos têm sido veiculados na mídia em sistemas de irrigação tipo
microaspersão com uso de cotonetes e dutos de água feitos de garrafas de plás-
tico, como exemplo. O uso desses materiais alternativos para se montar sistemas
de irrigação requer, entretanto, trabalho, tanto em se tratando de montagem como
de operação. Esse trabalho adicional em relação aos sistemas industriais deve ser
compensado pela maior disponibilidade da mão de obra da agricultura familiar.
Os sistemas alternativos de irrigação construídos de forma artesanal podem apre-
sentar uma eficiência inferior a dos sistemas industriais, mas sem efeito relevante
na produção final das culturas.
Este trabalho tem como objetivo divulgar alguns sistemas de irrigação de baixo
custo para uso em agricultura de pequena escala, como em assentamentos ru-
rais do semiárido da Bahia.
Sistemas de irrigação de
baixo custo para agricultura familiar
A distribuição de água em sistemas de irrigação de baixo custo para agricultores
familiares pode ser realizada de duas formas: por gravidade (Figura 1) ou por meio
de conjuntos motobombas. O bombeamento pode ser feito por meio de conjunto
motobomba movida a diesel ou gasolina e a eletricidade. Um conjunto motobomba
pode funcionar para um único agricultor ou para mais de um, desde que a irriga-
ção seja setorizada, isto é, o tempo de funcionamento da motobomba seja dividi-
do entre os agricultores. Com isso o custo inicial do sistema que corresponde em
pelo menos a 40% do custo total pode ser dividido entre os usuários produtores
reduzindo o ônus do sistema. A unidade de condução de água que compreende
uma tubulação de PVC de diâmetro entre 50 e 100 mm inicia junto ao sistema
de bombeamento indo até a área de produção, onde a água poderá ser aduzida a
um reservatório de água elevado (caixa d’água) ou se conectar diretamente aos
registros equivalentes aos respectivos setores a serem irrigados. O reservatório
elevado permite um menor tempo de funcionamento do conjunto motobomba, sig-
nificando redução de gastos de combustível e do desgaste do conjunto motobom-
ba. No caso, a irrigação é feita prioritariamente com sistemas de baixa pressão
(menor de 10 metros de coluna d’água - mca).
A tubulação que conduz a água da fonte (rio, represa, ribeirão, poço) até a caixa
ou até a área de produção é a tubulação principal ou linha principal. Essa tubulação
2 Sistemas de irrigação para agricultura familiar
será ramificada em tubulações chamadas linhas
secundárias, que poderão ser chamadas de linhas de
derivação, se delas saírem mangueiras de polietileno
para as fileiras de plantas. Os tubos ou mangueiras
de onde saem os emissores (aspersor, miniaspersor,
gotejador) são chamados de linhas laterais.
Figura 1. Sistema de irrigação de baixa pressão com uso de reser-
vatório elevado para distribuição de água por gravidade.
Figura 2. Sistema de irrigação Bubbler adaptado em irrigação de
bananeira.
Foto:IldosParizotto
Fotos:EugênioFerreiraCoelho
A abordagem de sistemas de irrigação para
agricultura familiar tem foco principal no custo,
entretanto, é necessário observar que o custo de
um sistema envolve tudo que for necessário para
aplicação de água a todas as plantas de uma área
cultivada. Uma linha lateral móvel de PVC contendo
alguns aspersores de baixa pressão pode irrigar toda
uma área, desde que haja pessoas para movê-la ao
longo da linha principal. Da mesma forma, poucas
linhas laterais de polietileno com microaspersores
inseridos poderiam fazer o mesmo que muitas
linhas, desde que movidas de posição ao longo da
linha de derivação. Assim, a mão de obra alocada
para o deslocamento pode compensar o custo de
um sistema de irrigação.
A existência de tecnologias de irrigação e o tempo
disponível dos agricultores para essa operação pode
levá-los a preferirem sistemas fixos, mesmo que
tenham custos mais elevados. Os sistemas que
serão descritos a seguir são possíveis de serem
usados em pequenas áreas de cultivo. Envolvem
sistemas fixos de baixa pressão, que podem ou
não usar água aduzida da caixa elevada e média
pressão, que necessita sistema de bombeamento.
Tipos de sistemas de irrigação
Sistema “bubbler” adaptado
É um sistema de baixo custo, variando de 1.300,00
a 1.400,00 reais por hectare, conforme Waheed
(1990), sendo apropriado para fruteiras ou hortaliças,
pois se baseia em baixa carga hidráulica podendo
usar água de uma caixa elevada a no mínimo 2,5 m
acima do solo, dispensando bombeamento (KELLER,
1990). O sistema é simples e consiste de linhas
laterais conectadas à linha de derivação por registros.
Cada linha lateral irriga duas fileiras de plantas,
ficando centralizada entre as duas fileiras. Dois
segmentos de mangueira plástica ou polietileno são
conectados à linha lateral para aduzir água a duas
plantas (Figura 2). O diâmetro das linhas laterais
e das mangueiras que abastecem as plantas são
calculados por meio de aplicativos computacionais de
dimensionamento desses sistemas, como é o caso
do programa computacional Bubbler – versão 1.1,
desenvolvido pelo Department of Agricultural and
Biosystems Engineering of the University of Arizona,
o qual se mostrou adequado para dimensionamento
de sistemas bubblers (SOUZA et al., 2005). O
aplicativo fornece os diâmetros das linhas laterais
bem como o diâmetro e posição da mangueira que
sai da linha lateral e abastece a planta. A posição da
saída da água acima da superfície do solo depende
do dimensionamento hidráulico feito pelo aplicativo.
3Sistemas de irrigação para agricultura familiar
O sistema bubbler uma vez instalado, por ser fixo
e envolver mangueiras de diâmetro mínimo de 10
mm, requer pouca mão de obra; e pelas vazões bem
maiores que as dos sistemas de irrigação localizada
convencionais é de boa aceitação pelos produtores.
O uso do sistema em campo, entretanto, difere do
estabelecido no projeto, porque é difícil manter as
mangueiras emissoras de água nas posições origi-
nais; com isso, os irrigantes trabalham com as mes-
mas no nível do solo, controlando as vazões por
meio de fechamento e abertura. É feita uma bacia
no entorno da planta onde é colocada a extremida-
de da mangueira (Figura 3).
Figura 3. Bacia no entorno da planta de bananeira irrigada pelo
sistema bubbler.
Figura 4. Microaspersor artesanal em sistema de irrigação loca-
lizada.
Foto:EugênioFerreiraCoelho
Fotos:TibérioSantosM.Silva
Microaspersão artesanal
Esse sistema segue o mesmo desenho do sistema
de microaspersão convencional, apenas com a
diferença que os emissores são construídos a partir
de segmentos de microtubos de polietileno de 4
mm de diâmetro interno e 8 cm de comprimen-
to, assim como os rabichos dos microaspersores
tradicionais. Solda-se uma das pontas do segmen-
to e faz-se um ou dois cortes horizontais na sua
extremidade. A outra extremidade do segmento
é encaixada em um conector que será inserido na
mangueira da linha lateral. Este sistema (Figura 4)
é caracterizado pela fácil instalação e baixo custo,
quando comparado com outros tipos de emissores,
correspondendo a no máximo 20% do custo de um
microaspersor comercial.
Sistemas de irrigação localizada
“xique-xique”
O sistema de irrigação do tipo xique-xique (Figura
5) consiste na aplicação de água, através de tubos
perfurados, com diâmetro de furo de, no máximo,
1,6 mm (BEZERRA et al. 2004). O sistema pode
ser confeccionado artesanalmente como descrito
a seguir: utilizando-se mangueiras de polietileno
destinadas para irrigação localizada, e com o auxilio
de agulha de metal utilizada para vacinar bovinos,
efetuam-se perfurações com espaçamentos
uniformes de 20 cm no decorrer da mangueira
4 Sistemas de irrigação para agricultura familiar
Fotos:DelfranBatistadosSantos
Fotos:TiberioSantosM.Silva
para irrigação de olerícolas, e para outros tipos de
culturas (ex: fruteiras) o espaçamento entre os
orifícios vai depender do espaçamento da cultura. Em
seguida, cortam-se pedaços de 5 cm da mangueira
de polietileno, formando pequenos cilindros, que
ao serem cortados em uma das bordas no sentido
longitudinal, passam a funcionar como braçadeiras a
serem colocadas sobre as perfurações, reduzindo a
energia cinética da água na saída do orifício, evitando
que a água saia em forma de jatos.
Figura 5. Irrigação de cenoura por sistema “xique-xique” na área
experimental do Instituto Federal Baiano, Senhor do Bonfim, Bahia.
Figura 6. Xique-xique modificado em sistema de irrigação loca-
lizada.
Figura 7. Gotejador artesanal em sistema de irrigação localizada.
Xique-xique modificado
Usa o mesmo desenho de um sistema xique-xique
de irrigação, com a diferença no emissor, que em
vez do furo simples, é usado um conector de saída
interna de 4 mm, com objetivo de melhorar a unifor-
midade de distribuição de água (Figura 6).
Gotejamento com uso de emissores
artesanais ou comerciais de baixo custo
É o mesmo sistema de gotejamento, apenas com
variação no uso de gotejadores. Os emissores
podem ser feitos de forma artesanal, como no
caso dos microaspersores, isto é, usando-se um
segmento de microtubo de 4 mm de diâmetro
interno, 8 cm de comprimento vedado em uma
das pontas e perfurado com um furo de 0,8 mm
(Figura 7). Também podem ser usados emissores
comerciais de baixo custo, podendo ser ou não de
vazão regulável (Figura 8). Os gotejadores, nesse
caso, têm custo no máximo de 30% do valor dos
emissores comerciais.
Fotos:EugênioFerreiraCoelho
5Sistemas de irrigação para agricultura familiar
Bacias abastecidas por canais elevados
revestidos
Nesse sistema de irrigação não há necessidade de
sistematização do terreno, entretanto, é importante
uma declividade equivalente à de sulcos de irrigação
(0,2%), de forma que a chegada da água no final
dos sulcos ocorra em ¼ do tempo necessário à
aplicação de determinada lâmina de irrigação. O
sistema consta de um canal principal do qual partem
os canais secundários entre duas fileiras de plantas,
no caso de fruteiras (Figura 9). Esses canais são
elevados de forma que o fundo dos mesmos esteja
a pelo menos 0,10 m acima da superfície do
solo (Figura 9). No caso de fruteiras, é feita uma
abertura no canal próximo de cada planta.
Nos canais tradicionais, a água se distribui mal, ao
longo da fileira de planta, ocorrendo grande perda
por percolação no trecho inicial da fileira de plantas
e deficiência de umidade na sua porção final, o
que ocasiona irregularidade no desenvolvimento
das plantas ao longo da linha de plantio. Esta
problemática é evitada ao se revestir os sulcos.
A irrigação é feita na seguinte ordem: as plantas
de cotas mais elevadas sucedidas pelas de menor
elevação até o final do canal. É necessário, durante
a irrigação criar-se uma carga de água uniforme,
para manter uma vazão constante para as plantas.
Isso é feito usando-se comportas móveis feitas de
sacolas plásticas cheias de terra. Essas sacolas
são colocadas em uma certa posição do canal, que
permita irrigar um número de plantas, de forma que
a vazão para as mesmas seja igualmente distribuída
(Figura 10).
Foto:TiberioSantosM.Silva
Fotos:TiberioSantosM.SilvaFotos:AlissonJadaviP.daSilva
Figura 8. Gotejador comercial de baixo custo em sistema de
irrigação localizada.
Figura 9. Irrigação por superfície em bacias e canteiros abasteci-
das por canais elevados revestidos.
Figura 10. Aplicação de água em canteiros de produção de Alfa-
ce via sulcos com canais de superfície revestida.
6 Sistemas de irrigação para agricultura familiar
Assim que as plantas são irrigadas, as aberturas dos
canais para as mesmas são obstruídas, a comporta
é deslocada para uma distância abaixo no canal e
são feitas aberturas para outras plantas e assim
sucessivamente até o final do canal. Tendo em vista
a vazão relativamente elevada, o tempo de irrigação
para este sistema deve ser mínimo, permitindo
rapidez em todo o processo.
O revestimento dos canais pode ser feito com lona
plástica ou de polietileno; em lugares onde se tenha
fácil acesso a material argiloso de alta densidade,
pode-se revestir as paredes internas do canal com
o mesmo, de forma a impermeabilizá-lo de maneira
eficiente, reduzindo perdas por condução.
Irrigação por mangueira perfurada
Esse sistema (Figura 11) é adequado a condições
de culturas de alta densidade como olerícolas. Con-
siste de mangueiras de polietileno de baixa densi-
dade de diâmetro 28 mm, que funcionam na faixa
de 2 a 8 m.c.a de pressão de serviço, com furos de
diâmetro 0,3 mm espaçados 0,30 m entre si.
Sistemas de irrigação localizada “garrafas PET”
O sistema de irrigação com uso de garrafas PET’s
está sendo muito utilizado principalmente para
irrigação de mudas de fruteiras (cajueiro, cajazeira,
umbuzeiro, dentre outras) quando transplantadas para
o campo, pois na fase inicial, essas fruteiras, tradicio-
nalmente cultivadas no semiárido, sofrem muito com
o déficit hídrico, em virtude do seu sistema radicular
ainda não ser profundo suficiente para extrair água
nas regiões mais profundas do solo. Esse sistema
também pode ser confeccionado artesanalmente, con-
forme descrito a seguir: com auxilio de uma tesoura,
corta-se a parte lateral inferior da garrafa, gerando
uma abertura de forma que facilite o seu preenchi-
mento com água; no centro da tampa da garrafa é
feito um pequeno orifício para que ocorra a passa-
gem da água de acordo a pressão gravitacional; em
seguida, prende-se a garrafa a um piquete de madeira
a 5 cm do caule da planta. O instituto Federal Baiano,
Campus de Senhor do Bonfim, vem desenvolvendo
trabalhos de difusão dessa tecnologia. A Figura 12
mostra uma área de 0,2 hectares plantada com mo-
ringa irrigada por garrafas PET’s.
Fotos:AlissonJadaviP.daSilva
Fotos:DelfranBatistadosSantos
Figura 11. IIrrigação por mangueira perfurada entre dois canteiros
de alface.
Figura 12. rrigação de moringa (Moringa oleifera) com garrafas
PET’s na área experimental do Instituto Federal Baiano, Senhor
do Bonfim, Bahia.
7Sistemas de irrigação para agricultura familiar
Referências
BERNARDO, S; SOARES, A. A.; MANTOVANI, E. C. Ma-
nual de irrigação. Viçosa: UFV, 2006. 625 p.
CASTEL, R. As metamorfoses da questão social. Petrópo-
lis: Vozes, 1998.
CONCEIÇAO, B. S.; COELHO, E. F.; MARTIN, T. S.; ALIS-
SON JADAVI P. SILVA Produtividade da bananeira Prata
Anã sob diferentes sistemas de irrigação em condições de
agricultura familiar no Semiárido. In: CONGRESSO BRASI-
LEIRO DE ENGENHARIA AGRICOLA, 40., 2011. Cuiabá.
Geração de tecnologias inovadoras e o desenvolvimento
do cerrado brasileiro: anais. Cuiabá: SBEA, 2011. 1 CD-
-ROM. CONBEA
FALEIROS, V.P. O que é política social? São Paulo: Brasi-
liense, 1991.
FAO; INCRA. Diretrizes de política agrária e desenvolvi-
mento sustentável. Brasília, DF: FAO; INCRA, 199. Resu-
mo do Relatório Final do Projeto UTF/BRA, março
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JUNIOR, L. H. S. Pobreza na população rural nordestina:
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KELLER, J.; BLIESNER, R. D. Sprinkler and trickle irriga-
tion. New York: Van Nostrand Reinhold, 1990. 652 p.
MAROUELLI, W. A.; SILVA, W. L. C. Irrigação. In: SILVA,
J. B. C.; GIORDANO, L. B. (Ed.) Tomate para processa-
mento industrial. Brasília: Embrapa Hortaliças, 2000. p.
60-71.
MESQUITA, P. P.de. Reflexões sobre o Pronaf B e a
pobreza rural em Caucaia – Ceará. Fortaleza: Banco do
Nordeste do Brasil, 2011.
SILVA, A.J.P.; SILVA, V.P.; SÁ,T.; COELHO, E.F.; CAR-
VALHO, A.J.A. Crescimento e produtividade de alface
irrigada por diferentes sistemas de irrigação de baixo
custo utilizando captação de água da chuva. In: Congres-
so Nacional de Irrigação e Drenagem, 21.; Petrolina; PE.
2011. Anais... Petrolina; PE, 2011.
SOUZA, I. H.; ANDRADE, E. A. COSTA, E. M.; SILVA,
E. L. Avaliação de um sistema de irrigação localizada de
baixa pressão, projetado pelo software BUBBLER. Revista
Engenharia Agrícola, Jaboticabal-SP, v. 25, n. 1, p. 264-
271, jan./abr. 2005.
VERDEJO, M. E. Diagnóstico rural participativo: um guia
prático. Disponível em: <www.mda.gov.br/saf.> Acesso
em: 10 de março de 2009.
Embrapa Mandioca e Fruticultura
Endereço: Rua Embrapa, s/n, Caixa Postal 07,
44380-000, Cruz das Almas - Bahia
Fone: (75) 3312-8000
Fax: (75) 3312-8097
E-mail: sac@cnpmf.embrapa.br
1a
edição
(2011): online
Presidente: Aldo Vilar Trindade
Vice-Presidente: Ana Lúcia Borges
Secretária: Maria da Conceição P. Borba dos Santos
Membros: Cláudia Fortes Ferreira, Eduardo Girardi,
Fernando Haddad, Herminio Souza Rocha, Marcio
Eduardo Canto Pereira, Paulo Ernesto Meissner Filho
Membro suplente: Augusto César Moura da Silva
Membro convidado: ----------------------------------------------
Supervisão editorial: Ana Lúcia Borges
Revisão de texto: Augusto César Moura da Silva
Marcelo Ribeiro Romano
Revisão gramatical: Cristiane Almeida Santana da Costa
Editoração: Anapaula Rosário Lopes
Comitê de
publicações
Expediente
Circular
Técnica, 106

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Circular 106-sistema-de-irrigacao-para-agricultura-familiar

  • 1. Cruz das Almas, BA Dezembro, 2012 106 ISSN 1809-5011 Autores Eugênio Ferreira Coelho Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA ecoelho@cnpmf. embrapa.br Tibério Santos Martins da Silva tiberio@cnpmf.embrapa.br Ildos Parizotto parizotto@cnpmf. embrapa.br Alisson Jadavi Pereira da Silva Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano, Senhor do Bonfim, BA, alissonagr@gmail.com Delfran Batista dos Santos Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano, Senhor do Bonfim, BA. Sistemas de irrigação para agricultura familiar Introdução Os custos iniciais de instalação de sistemas de irrigação industriais são rele- vantes para o pequeno produtor em geral. Os sistemas de irrigação comumente usados têm preços que variam de 800 a 1500 reais na irrigação por sulcos e de 3000 a 6000 reais para irrigação localizada (MAROUELLI; SIVA, 2000). Entre- tanto, existem alternativas para se fazer irrigação, a nível de agricultura familiar a custos mais baixos. Várias recomendações de sistemas para pequenas áreas es- tão disponíveis, tais como o uso de irrigação por potes, irrigação tipo xique-xique, low-head bubbler, sistema mandala, dentre outros. O uso de garrafas de plástico (PET) e outros objetos têm sido veiculados na mídia em sistemas de irrigação tipo microaspersão com uso de cotonetes e dutos de água feitos de garrafas de plás- tico, como exemplo. O uso desses materiais alternativos para se montar sistemas de irrigação requer, entretanto, trabalho, tanto em se tratando de montagem como de operação. Esse trabalho adicional em relação aos sistemas industriais deve ser compensado pela maior disponibilidade da mão de obra da agricultura familiar. Os sistemas alternativos de irrigação construídos de forma artesanal podem apre- sentar uma eficiência inferior a dos sistemas industriais, mas sem efeito relevante na produção final das culturas. Este trabalho tem como objetivo divulgar alguns sistemas de irrigação de baixo custo para uso em agricultura de pequena escala, como em assentamentos ru- rais do semiárido da Bahia. Sistemas de irrigação de baixo custo para agricultura familiar A distribuição de água em sistemas de irrigação de baixo custo para agricultores familiares pode ser realizada de duas formas: por gravidade (Figura 1) ou por meio de conjuntos motobombas. O bombeamento pode ser feito por meio de conjunto motobomba movida a diesel ou gasolina e a eletricidade. Um conjunto motobomba pode funcionar para um único agricultor ou para mais de um, desde que a irriga- ção seja setorizada, isto é, o tempo de funcionamento da motobomba seja dividi- do entre os agricultores. Com isso o custo inicial do sistema que corresponde em pelo menos a 40% do custo total pode ser dividido entre os usuários produtores reduzindo o ônus do sistema. A unidade de condução de água que compreende uma tubulação de PVC de diâmetro entre 50 e 100 mm inicia junto ao sistema de bombeamento indo até a área de produção, onde a água poderá ser aduzida a um reservatório de água elevado (caixa d’água) ou se conectar diretamente aos registros equivalentes aos respectivos setores a serem irrigados. O reservatório elevado permite um menor tempo de funcionamento do conjunto motobomba, sig- nificando redução de gastos de combustível e do desgaste do conjunto motobom- ba. No caso, a irrigação é feita prioritariamente com sistemas de baixa pressão (menor de 10 metros de coluna d’água - mca). A tubulação que conduz a água da fonte (rio, represa, ribeirão, poço) até a caixa ou até a área de produção é a tubulação principal ou linha principal. Essa tubulação
  • 2. 2 Sistemas de irrigação para agricultura familiar será ramificada em tubulações chamadas linhas secundárias, que poderão ser chamadas de linhas de derivação, se delas saírem mangueiras de polietileno para as fileiras de plantas. Os tubos ou mangueiras de onde saem os emissores (aspersor, miniaspersor, gotejador) são chamados de linhas laterais. Figura 1. Sistema de irrigação de baixa pressão com uso de reser- vatório elevado para distribuição de água por gravidade. Figura 2. Sistema de irrigação Bubbler adaptado em irrigação de bananeira. Foto:IldosParizotto Fotos:EugênioFerreiraCoelho A abordagem de sistemas de irrigação para agricultura familiar tem foco principal no custo, entretanto, é necessário observar que o custo de um sistema envolve tudo que for necessário para aplicação de água a todas as plantas de uma área cultivada. Uma linha lateral móvel de PVC contendo alguns aspersores de baixa pressão pode irrigar toda uma área, desde que haja pessoas para movê-la ao longo da linha principal. Da mesma forma, poucas linhas laterais de polietileno com microaspersores inseridos poderiam fazer o mesmo que muitas linhas, desde que movidas de posição ao longo da linha de derivação. Assim, a mão de obra alocada para o deslocamento pode compensar o custo de um sistema de irrigação. A existência de tecnologias de irrigação e o tempo disponível dos agricultores para essa operação pode levá-los a preferirem sistemas fixos, mesmo que tenham custos mais elevados. Os sistemas que serão descritos a seguir são possíveis de serem usados em pequenas áreas de cultivo. Envolvem sistemas fixos de baixa pressão, que podem ou não usar água aduzida da caixa elevada e média pressão, que necessita sistema de bombeamento. Tipos de sistemas de irrigação Sistema “bubbler” adaptado É um sistema de baixo custo, variando de 1.300,00 a 1.400,00 reais por hectare, conforme Waheed (1990), sendo apropriado para fruteiras ou hortaliças, pois se baseia em baixa carga hidráulica podendo usar água de uma caixa elevada a no mínimo 2,5 m acima do solo, dispensando bombeamento (KELLER, 1990). O sistema é simples e consiste de linhas laterais conectadas à linha de derivação por registros. Cada linha lateral irriga duas fileiras de plantas, ficando centralizada entre as duas fileiras. Dois segmentos de mangueira plástica ou polietileno são conectados à linha lateral para aduzir água a duas plantas (Figura 2). O diâmetro das linhas laterais e das mangueiras que abastecem as plantas são calculados por meio de aplicativos computacionais de dimensionamento desses sistemas, como é o caso do programa computacional Bubbler – versão 1.1, desenvolvido pelo Department of Agricultural and Biosystems Engineering of the University of Arizona, o qual se mostrou adequado para dimensionamento de sistemas bubblers (SOUZA et al., 2005). O aplicativo fornece os diâmetros das linhas laterais bem como o diâmetro e posição da mangueira que sai da linha lateral e abastece a planta. A posição da saída da água acima da superfície do solo depende do dimensionamento hidráulico feito pelo aplicativo.
  • 3. 3Sistemas de irrigação para agricultura familiar O sistema bubbler uma vez instalado, por ser fixo e envolver mangueiras de diâmetro mínimo de 10 mm, requer pouca mão de obra; e pelas vazões bem maiores que as dos sistemas de irrigação localizada convencionais é de boa aceitação pelos produtores. O uso do sistema em campo, entretanto, difere do estabelecido no projeto, porque é difícil manter as mangueiras emissoras de água nas posições origi- nais; com isso, os irrigantes trabalham com as mes- mas no nível do solo, controlando as vazões por meio de fechamento e abertura. É feita uma bacia no entorno da planta onde é colocada a extremida- de da mangueira (Figura 3). Figura 3. Bacia no entorno da planta de bananeira irrigada pelo sistema bubbler. Figura 4. Microaspersor artesanal em sistema de irrigação loca- lizada. Foto:EugênioFerreiraCoelho Fotos:TibérioSantosM.Silva Microaspersão artesanal Esse sistema segue o mesmo desenho do sistema de microaspersão convencional, apenas com a diferença que os emissores são construídos a partir de segmentos de microtubos de polietileno de 4 mm de diâmetro interno e 8 cm de comprimen- to, assim como os rabichos dos microaspersores tradicionais. Solda-se uma das pontas do segmen- to e faz-se um ou dois cortes horizontais na sua extremidade. A outra extremidade do segmento é encaixada em um conector que será inserido na mangueira da linha lateral. Este sistema (Figura 4) é caracterizado pela fácil instalação e baixo custo, quando comparado com outros tipos de emissores, correspondendo a no máximo 20% do custo de um microaspersor comercial. Sistemas de irrigação localizada “xique-xique” O sistema de irrigação do tipo xique-xique (Figura 5) consiste na aplicação de água, através de tubos perfurados, com diâmetro de furo de, no máximo, 1,6 mm (BEZERRA et al. 2004). O sistema pode ser confeccionado artesanalmente como descrito a seguir: utilizando-se mangueiras de polietileno destinadas para irrigação localizada, e com o auxilio de agulha de metal utilizada para vacinar bovinos, efetuam-se perfurações com espaçamentos uniformes de 20 cm no decorrer da mangueira
  • 4. 4 Sistemas de irrigação para agricultura familiar Fotos:DelfranBatistadosSantos Fotos:TiberioSantosM.Silva para irrigação de olerícolas, e para outros tipos de culturas (ex: fruteiras) o espaçamento entre os orifícios vai depender do espaçamento da cultura. Em seguida, cortam-se pedaços de 5 cm da mangueira de polietileno, formando pequenos cilindros, que ao serem cortados em uma das bordas no sentido longitudinal, passam a funcionar como braçadeiras a serem colocadas sobre as perfurações, reduzindo a energia cinética da água na saída do orifício, evitando que a água saia em forma de jatos. Figura 5. Irrigação de cenoura por sistema “xique-xique” na área experimental do Instituto Federal Baiano, Senhor do Bonfim, Bahia. Figura 6. Xique-xique modificado em sistema de irrigação loca- lizada. Figura 7. Gotejador artesanal em sistema de irrigação localizada. Xique-xique modificado Usa o mesmo desenho de um sistema xique-xique de irrigação, com a diferença no emissor, que em vez do furo simples, é usado um conector de saída interna de 4 mm, com objetivo de melhorar a unifor- midade de distribuição de água (Figura 6). Gotejamento com uso de emissores artesanais ou comerciais de baixo custo É o mesmo sistema de gotejamento, apenas com variação no uso de gotejadores. Os emissores podem ser feitos de forma artesanal, como no caso dos microaspersores, isto é, usando-se um segmento de microtubo de 4 mm de diâmetro interno, 8 cm de comprimento vedado em uma das pontas e perfurado com um furo de 0,8 mm (Figura 7). Também podem ser usados emissores comerciais de baixo custo, podendo ser ou não de vazão regulável (Figura 8). Os gotejadores, nesse caso, têm custo no máximo de 30% do valor dos emissores comerciais. Fotos:EugênioFerreiraCoelho
  • 5. 5Sistemas de irrigação para agricultura familiar Bacias abastecidas por canais elevados revestidos Nesse sistema de irrigação não há necessidade de sistematização do terreno, entretanto, é importante uma declividade equivalente à de sulcos de irrigação (0,2%), de forma que a chegada da água no final dos sulcos ocorra em ¼ do tempo necessário à aplicação de determinada lâmina de irrigação. O sistema consta de um canal principal do qual partem os canais secundários entre duas fileiras de plantas, no caso de fruteiras (Figura 9). Esses canais são elevados de forma que o fundo dos mesmos esteja a pelo menos 0,10 m acima da superfície do solo (Figura 9). No caso de fruteiras, é feita uma abertura no canal próximo de cada planta. Nos canais tradicionais, a água se distribui mal, ao longo da fileira de planta, ocorrendo grande perda por percolação no trecho inicial da fileira de plantas e deficiência de umidade na sua porção final, o que ocasiona irregularidade no desenvolvimento das plantas ao longo da linha de plantio. Esta problemática é evitada ao se revestir os sulcos. A irrigação é feita na seguinte ordem: as plantas de cotas mais elevadas sucedidas pelas de menor elevação até o final do canal. É necessário, durante a irrigação criar-se uma carga de água uniforme, para manter uma vazão constante para as plantas. Isso é feito usando-se comportas móveis feitas de sacolas plásticas cheias de terra. Essas sacolas são colocadas em uma certa posição do canal, que permita irrigar um número de plantas, de forma que a vazão para as mesmas seja igualmente distribuída (Figura 10). Foto:TiberioSantosM.Silva Fotos:TiberioSantosM.SilvaFotos:AlissonJadaviP.daSilva Figura 8. Gotejador comercial de baixo custo em sistema de irrigação localizada. Figura 9. Irrigação por superfície em bacias e canteiros abasteci- das por canais elevados revestidos. Figura 10. Aplicação de água em canteiros de produção de Alfa- ce via sulcos com canais de superfície revestida.
  • 6. 6 Sistemas de irrigação para agricultura familiar Assim que as plantas são irrigadas, as aberturas dos canais para as mesmas são obstruídas, a comporta é deslocada para uma distância abaixo no canal e são feitas aberturas para outras plantas e assim sucessivamente até o final do canal. Tendo em vista a vazão relativamente elevada, o tempo de irrigação para este sistema deve ser mínimo, permitindo rapidez em todo o processo. O revestimento dos canais pode ser feito com lona plástica ou de polietileno; em lugares onde se tenha fácil acesso a material argiloso de alta densidade, pode-se revestir as paredes internas do canal com o mesmo, de forma a impermeabilizá-lo de maneira eficiente, reduzindo perdas por condução. Irrigação por mangueira perfurada Esse sistema (Figura 11) é adequado a condições de culturas de alta densidade como olerícolas. Con- siste de mangueiras de polietileno de baixa densi- dade de diâmetro 28 mm, que funcionam na faixa de 2 a 8 m.c.a de pressão de serviço, com furos de diâmetro 0,3 mm espaçados 0,30 m entre si. Sistemas de irrigação localizada “garrafas PET” O sistema de irrigação com uso de garrafas PET’s está sendo muito utilizado principalmente para irrigação de mudas de fruteiras (cajueiro, cajazeira, umbuzeiro, dentre outras) quando transplantadas para o campo, pois na fase inicial, essas fruteiras, tradicio- nalmente cultivadas no semiárido, sofrem muito com o déficit hídrico, em virtude do seu sistema radicular ainda não ser profundo suficiente para extrair água nas regiões mais profundas do solo. Esse sistema também pode ser confeccionado artesanalmente, con- forme descrito a seguir: com auxilio de uma tesoura, corta-se a parte lateral inferior da garrafa, gerando uma abertura de forma que facilite o seu preenchi- mento com água; no centro da tampa da garrafa é feito um pequeno orifício para que ocorra a passa- gem da água de acordo a pressão gravitacional; em seguida, prende-se a garrafa a um piquete de madeira a 5 cm do caule da planta. O instituto Federal Baiano, Campus de Senhor do Bonfim, vem desenvolvendo trabalhos de difusão dessa tecnologia. A Figura 12 mostra uma área de 0,2 hectares plantada com mo- ringa irrigada por garrafas PET’s. Fotos:AlissonJadaviP.daSilva Fotos:DelfranBatistadosSantos Figura 11. IIrrigação por mangueira perfurada entre dois canteiros de alface. Figura 12. rrigação de moringa (Moringa oleifera) com garrafas PET’s na área experimental do Instituto Federal Baiano, Senhor do Bonfim, Bahia.
  • 7. 7Sistemas de irrigação para agricultura familiar Referências BERNARDO, S; SOARES, A. A.; MANTOVANI, E. C. Ma- nual de irrigação. Viçosa: UFV, 2006. 625 p. CASTEL, R. As metamorfoses da questão social. Petrópo- lis: Vozes, 1998. CONCEIÇAO, B. S.; COELHO, E. F.; MARTIN, T. S.; ALIS- SON JADAVI P. SILVA Produtividade da bananeira Prata Anã sob diferentes sistemas de irrigação em condições de agricultura familiar no Semiárido. In: CONGRESSO BRASI- LEIRO DE ENGENHARIA AGRICOLA, 40., 2011. Cuiabá. Geração de tecnologias inovadoras e o desenvolvimento do cerrado brasileiro: anais. Cuiabá: SBEA, 2011. 1 CD- -ROM. CONBEA FALEIROS, V.P. O que é política social? São Paulo: Brasi- liense, 1991. FAO; INCRA. Diretrizes de política agrária e desenvolvi- mento sustentável. Brasília, DF: FAO; INCRA, 199. Resu- mo do Relatório Final do Projeto UTF/BRA, março de 1995. JUNIOR, L. H. S. Pobreza na população rural nordestina: uma análise de suas características durante os anos no- venta. Revista BNDES, Rio de Janeiro, 2006. KELLER, J.; BLIESNER, R. D. Sprinkler and trickle irriga- tion. New York: Van Nostrand Reinhold, 1990. 652 p. MAROUELLI, W. A.; SILVA, W. L. C. Irrigação. In: SILVA, J. B. C.; GIORDANO, L. B. (Ed.) Tomate para processa- mento industrial. Brasília: Embrapa Hortaliças, 2000. p. 60-71. MESQUITA, P. P.de. Reflexões sobre o Pronaf B e a pobreza rural em Caucaia – Ceará. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 2011. SILVA, A.J.P.; SILVA, V.P.; SÁ,T.; COELHO, E.F.; CAR- VALHO, A.J.A. Crescimento e produtividade de alface irrigada por diferentes sistemas de irrigação de baixo custo utilizando captação de água da chuva. In: Congres- so Nacional de Irrigação e Drenagem, 21.; Petrolina; PE. 2011. Anais... Petrolina; PE, 2011. SOUZA, I. H.; ANDRADE, E. A. COSTA, E. M.; SILVA, E. L. Avaliação de um sistema de irrigação localizada de baixa pressão, projetado pelo software BUBBLER. Revista Engenharia Agrícola, Jaboticabal-SP, v. 25, n. 1, p. 264- 271, jan./abr. 2005. VERDEJO, M. E. Diagnóstico rural participativo: um guia prático. Disponível em: <www.mda.gov.br/saf.> Acesso em: 10 de março de 2009. Embrapa Mandioca e Fruticultura Endereço: Rua Embrapa, s/n, Caixa Postal 07, 44380-000, Cruz das Almas - Bahia Fone: (75) 3312-8000 Fax: (75) 3312-8097 E-mail: sac@cnpmf.embrapa.br 1a edição (2011): online Presidente: Aldo Vilar Trindade Vice-Presidente: Ana Lúcia Borges Secretária: Maria da Conceição P. Borba dos Santos Membros: Cláudia Fortes Ferreira, Eduardo Girardi, Fernando Haddad, Herminio Souza Rocha, Marcio Eduardo Canto Pereira, Paulo Ernesto Meissner Filho Membro suplente: Augusto César Moura da Silva Membro convidado: ---------------------------------------------- Supervisão editorial: Ana Lúcia Borges Revisão de texto: Augusto César Moura da Silva Marcelo Ribeiro Romano Revisão gramatical: Cristiane Almeida Santana da Costa Editoração: Anapaula Rosário Lopes Comitê de publicações Expediente Circular Técnica, 106