Os três documentos descrevem aspectos da cidade de Colômbia, em São Paulo. O primeiro é um poema que celebra a natureza e a família da cidade. O segundo é um relato memórias de infância na cidade, incluindo a antiga estação de trem. O terceiro é um artigo de opinião sobre a falta de lazer para jovens na cidade e seu efeito no alcoolismo.
1. 5ª EDIÇÃO DA OLIMPÍADA DE LÍNGUA PORTUGUESA ESCREVENDO O FUTURO - 2016
CLASSIFICADOS NO MUNICÍPIO – COLÔMBIA/SP
POEMA
Minha cidade, minha casa
Aluno: Allan Medeiros de Nascimento
Minha casa, minha vida
pra mim é bonita demais
Lá tem muitos animais
que cantam em harmonia.
Meu avô os trata bem
e o galo o elogia
em sua cantoria
cantando com alegria.
Lá em casa quem cozinha
é minha avozinha,
Que nestes dias foi viajar
prometendo voltar.
Tio Gi está morando
lá embaixo no barraco,
lugar de pouco espaço
que mais parece um buraco
Colômbia é minha cidade
nela vivo feliz
porque sei que aqui
tenho uma família feliz.
Colômbia, tu és brasileira
tão pequenina e bonita
como tu és querida!
No começo...
só uma estação!
mas depois veio o progresso
E com ele a educação
trazendo a esperança
no sorriso da criança!
Pelo céu da minha cidade
tem respeito e dignidade
De dia, reina alegria
De noite, serenidade e saudade.
Professora: Herica Fernanda Pantano de Carvalho Lima
Escola: EMEIEF Bruno Antonio Prado – Colômbia(SP)
2. 5ª EDIÇÃO DA OLIMPÍADA DE LÍNGUA PORTUGUESA ESCREVENDO O FUTURO - 2016
CLASSIFICADOS NO MUNICÍPIO – COLÔMBIA/SP
MEMÓRIAS LITERÁRIAS
Retratos de Colômbia
Aluna: Rafaela Fonseca Ferreira
Revirando objetos e fotos antigas, encontro meu envelhecido baú de madeira, coberto por
uma grossa camada de poeira, com diversos detalhes em aspirais dourados, porém
desgastados, revelando um tom de prata, nele fotos e objetos mostram o quanto Colômbia faz
parte de minha vida.
Em uma fotografia amarelada, desfocada, me vejo na antiga estação de trem da cidade, numa
das inúmeras vezes em que esperávamos na ferrovia, junto de muitas outras pessoas -- meu
falecido filho e eu. Toda a gente muito comunicativa naquele tempo, enquanto aguardávamos
o trem, algumas paravam para dizer que o pequeno em meu colo era uma "gracinha" ou um
"docinho". Foram muitas e muitas vidas se encontrando pela primeira vez naquela pequena
estação de coloração bege rosada, com uma faixa acinzentada que cobria do início à metade
das paredes, de uma maneira elegante.
Havia grandes e finas árvores por todos os lados, frente à ferrovia. O cheiro do mato verdinho
quando chovia era aconchegante, como estar em casa -- na época, o desmatamento não era
tão excessivo e a sociedade costumava presar mais pela natureza, o que favorecia as belas
paisagens que, pelo abandono e descaso, não existem mais.
O trem soava o apito "fum, fum!" e então eu podia avistar os passageiros atentos, com medo
de perder tal viagem. O extenso vagão envelhecido em um tom vermelho terra, era o meu
meio de ir à fazenda, já que automóveis naquele tempo era luxo, onde levava meu filho para
benzer, pois meus antigos familiares acreditavam que muitas doenças podiam ser curadas
dessa forma, quando os médicos não eram aptos em determinadas situações. Desse modo
foram muitos momentos vividos naquele trem.
O cheiro... Bom, jamais conseguirei encontrar palavras possíveis para descrevê-lo, era como
uma mistura boa de natureza com o cheiro gostoso de talco do recém-nascido combinado com
o aroma forte do carvão que o vagão produzia. Lembro-me perfeitamente daquela essência.
No interior do vagão, os bancos eram tingidos em tons alaranjados, de couro falso e nada
macio, as pessoas não se cansavam de reclamar sobre o quão desconfortável sentiam-se, era a
mesma falação sempre...
Foram tempos singulares, uma confusão de sentimentos, aquele lugar ameno e agradável, foi
cenário para minha aflição durante a busca pela cura de meu filho. Os habitantes de minha
pequena e turística cidade eram mais alegres, espontâneos, puxavam conversa e interagiam
uns com os outros, juntavam-se em baixo de mangueiras enormes (quando não era a época da
fruta) e passavam horas por lá -- eu normalmente participava, mesmo apenas observando-os,
sem proferir mais do que duas ou três palavras. Gostava era de ver a alegria em seus rostos.
Foi difícil de dizer adeus, mas preciso!
Não demorei em voltar aos retratos e terminar de guardar todos os objetos dentro da arcaica
caixa encontrada, fechei-a e joguei-a no canto mais escondido de meu guarda-roupa.
Memórias, a meu ver, mantêm vivos lugares e pessoas que não puderam ficar...
A saudade aperta no peito quando me volto ao passado, percebo que meu filho foi vencido
pela doença, assim como aquela estação pelo progresso, e a mim só resta lembranças de meu
bebê e daquela ferrovia, da pessoa e da paisagem que não voltam mais. Minha antiga
Colômbia que não mais existe, deu lugar a nova paisagem, a diferentes pessoas, e eu aqui
procuro me encontrar.
Professora: Regiane Batista de Araújo Saguma
Escola: EMEF Santa do Prado Maximiano – Colômbia(SP)
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CRÔNICA
Do banco da praça
Aluna: Bianca Pereira Pinto
Algumas pessoas me veem, ouvindo suas conversas consigo imaginar o que o lugar a nossa
frente deveria ser, certamente um ponto de encontro que há pelo menos 40 anos, nesta
cidade chamada Colômbia, se encontravam amigos e familiares, deviam passar na frente desse
lugar durante o dia pensando no evento que teria ali naquela noite ou relembrando bons
momentos de uma festa anterior que ocorrera por ali.
Imagine o que as paredes desse lugar já devem ter presenciado, pessoas dançando como se
não houvesse nada de ruim no mundo, rindo como se não existisse nenhum problema que
poderia atrapalhar aqueles lindos sorrisos, casais apaixonados ou apenas amigos se divertindo
com seus pares, noites ótimas para todos, mas com certeza essas paredes já presenciaram
também brigas violentas que acabaram com a alegria de muitos outros.
Essa visão nem sempre foi à mesma, com o passar de mais alguns anos as mesmas paredes
não viam mais todas aquelas pessoas alegres e se divertindo, começaram a presenciar apenas
um lugar abandonado em que os únicos visitantes eram alguns mendigos que fizeram daquele
lugar a sua moradia, até mesmo depois de abandonado esse lugar teve uma importância e
tanto, pois para alguns, aquelas paredes agora serviriam para protegê-los contra a chuva,
vento frio e também do sol.
Agora aos meus olhos e aos olhos de todos, começamos a presenciar o fim daquelas paredes
terra cota desbotadas, todas caindo ao chão enquanto toda aquela poeira se levanta entre
ferros retorcidos, placas de concreto partidas, o famoso globo espelhado agora ao meio de
todo aquele entulho, do antigo bar e da bilheteria restam apenas algumas letras, janelas e
portas antes muito grandes se tornam pequenas perto de todas aquelas ruínas.
Ali se encerra as conversas e historias, juntamente com aquela danceteria que teve uma
grande importância, pois era o único lugar de lazer e cultura daquela geração, as únicas coisas
que jamais serão apagadas são o pesar de todos que viveram naquela época ou não,incluindo
a nova geração a qual eu faço parte porque não desfrutaremos desse lugar.
Restaram também todas as lembranças vividas ali, sendo boas ou ruins, acompanhadas das
escadarias e do antigo palco que suportaram desde as festas até a demolição.
Tudo isso que consegui escrever e imaginar foi graças as conversas que ouvi sentada no banco
da praça.
Professora: Andréa Aguetoni da Silva
Escola: EMEF Santa do Prado Maximiano – Colômbia(SP)
4. 5ª EDIÇÃO DA OLIMPÍADA DE LÍNGUA PORTUGUESA ESCREVENDO O FUTURO - 2016
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ARTIGO DE OPINIÃO
Porto Cemitério pede passagem...
Aluno: Kainan Berigo Guinese Picoli
Porto Cemitério pede passagem...
Juntaram-se os cinco amigos em volta da caminhonete. Olharam um para o outro, indecisos e
banharam o círculo social com o silêncio. O dono, e também mais velho deles, tomou a frente
e deu a partida no veículo. Os outros colaboraram. Estavam em um sábado à noite, à procura
de um entretenimento ao nível da excitação que os tomara. Rodaram e rodaram... Mais de
uma hora se passou e nada encontraram.
Por quê? Devem estar se perguntando... Por que não acham nada nesta cidade? Porque
Colômbia, que talvez seja pequena demais, não tem muito a oferecer na área de lazer e de
entretenimento. São os bares a maioria da estrutura do cardápio e, em fins de semana
especiais, festas.
Pararam em um desses botecos, conformados com aquela situação, rodearam uma mesa na
calçada para pedir o famoso e derradeiro tira-gosto. Foi isso o que fizeram com a noite vaga:
beberam! E os jovens de Colômbia não costumam parar no segundo gole ou no segundo copo.
Só param quando o córtex pré-frontal estiver completamente desligado.
Sinto uma dor enorme em meu peito ao pensar que os vestígios do alcoolismo se implantem
tão precocemente na população de minha cidade. Até porque, mesmo que acabem por se
mudar, depois da faculdade, irão carregar este vício junto deles. A culpa disso? Falta de lazer e
cultura! Afinal, são cerca de quarenta e cinco quilômetros de Colômbia a Barretos, uma cidade
consideravelmente maior. E lá, somente lá, se tem um shopping, um cinema, uma atração
teatral...
Mas, possivelmente, o agente mais influenciador no alcoolismo do menor de idade em
Colômbia dá-se por conta da "liberdade" do entendimento das leis e, muitas vezes, a própria
conivência da família, que considera o fato como normal. Tanto que, independente da idade,
cervejas, vodkas, coquetéis são vendidos a todos que tiverem com o dinheiro nas mãos.
A meu ver, as forças da lei deviam tomar as rédeas da situação desordenada e ameaçar fechar
estabelecimentos que ousassem desrespeitar. Depois, acho que o turismo podia ser uma
opção esperta a se fazer. Afinal, logo às margens da cidade, existe um rio maravilhoso que é
muito, mas muito mal aproveitado. A prefeitura parece ignorar ou ter medo de tomar uma
atitude proveitosa na questão desta oportunidade magnífica que jaz ao lado, tão pertinho.
Existe também, nos arredores, uma estação de trem antiga e abandonada. O cenário daquilo é
horripilante e digo isso de modo positivo. Desde a erva daninha crescente junto ao trilho velho
até o potencial de excentricidade turística daquele lugar, teria de ser amplamente explorados.
E, ao Parque Temático de Terror, que podia ganhar formas naquela atmosfera e assim atraindo
turistas, investimentos, resolvendo a falta de lazer, podia receber o nome da cidade na época
em que ela só servia de túmulo. Imaginem, escrito em letras mortas, no topo de um arco
decorado, estar "Porto Cemitério".
Professora: Isabel Cristina Cançado Moraes
Escola: EE Dª Alice Fontoura de Araújo – Colômbia(SP)