1. December 29th, 2009 Published by: vozlivre
Contos
amanhecer, de um salto... Eu me punha em pé! Os meus olhos
Feliz ano novo seguiam direto a procura dos meus sapatos, onde um ajudante
By CLÁUDIO DOMINGOS BORGES on December 26th, 2009 teu – quantos desses tens mundo afora... –, tinha colocado
Um dia a mais no nosso calendário o meu presente.
Mais um dia mais um ano
Deixamos nossos passos para trás Lembro da boneca duura... baraata.. . que o teu ajudante
Medimos nossos progressos me presenteou! Não mexia a cabeça, nem os braços e menos
E por muitas coisas nos arrependemos ainda as pernas. Os olhos eram pintados... Porém, como me
Sentimos muito fez feliz!...
Porque erramos
E por isso sofremos Fui crescendo e o meu entendimento cresceu comigo...
Fizemos uma retrospectiva Quantas perguntas eu fiz a mim mesma... Algumas sem
Analisando tudo que passou respostas, outras... vieram a mim.
Lamentamos
Rimos Como é lindo o Natal! É uma festa que simboliza a paz e
Agradecemos a fraternidade entre os homens... Tudo é tão singelo, tão
Choramos mágico!... Tão saudoso... Mesmo, para os que ainda, não têm
Perdemos porque sentir saudade...
Ganhamos
Tudo é vermelho, verde e branco... Sangue, vida e paz!...
Mais tudo que passou
Serviu como lição Ah!... Hoje, percebo, infelizmente, que a maioria, comemora
Para aprendemos tudo nessa época, menos o que se deve comemorar de fato!...
Para rejuvenescemos O personagem principal está tão distante de cada um deles. ..
E ficarmos mais bonitos de coração É uma festa cuja preparação é uma forma de exaltação própria!
A casa material é limpa ornamentada, troca-se móveis e
Chegamos ao um novo ano utensílios; se faz faxina nos armários e guarda-roupas, é
Novas esperanças momento de inovação exterior... Às geladeiras ficam repletas
Novos sonhos de guloseimas; de supérfluos, para alimentar a quem não
Novos caminhos tem fome... É NATAL!!
E novas escolhas
Foi em busca da compra de presentes, que me deparei com
Que sejamos guiados pela corrente do bem a ‘realidade da época’.. . Ao chegar a uma grande loja
Iluminados pela luz do amor de brinquedos... Observei um pai testando um carrinho,
Abrindo nossos corações guiado por controle remoto. Feliz, tal qual, uma criança...
Sem preconceitos Indeciso entre levar o carrinho e/ou um helicóptero que,
Sem diferenças parecia ser mais real, do que se possa imaginar...Com certeza,
Um amor puro e verdadeiro aquele pai estava propenso a si presentear, tanto quanto,
Que não faça questão de títulos ao filho... Quem sabe?... Talvez, quando criança, recebera
Nem de cor nem de religião nem de raças presentes como os que eu recebi... (e, graças a Deus por
O amor de Deus tê-los recebido...) Naquele momento de observância, percebi
Incondicional. uma criança maltrapilha – menino-de-rua – admiradíssimo
Cláudio D. Borges. com tamanha beleza... Ele assentou-se no chão e ficou
embevecido. Os seus olhos brilhavam, como as luzes do
Natal... Ora, olhava o carinho que fazia manobras radicais,
Desejos do Coração (Conto de guiado pelo comprador-criança; ora, fitava para o alto,
Natal) vendo o helicóptero voaando... tal qual, um pássaro. Foi em
meio aquele enlevo que chegou um vendedor desnaturado,
By EstherRogessi on December 23rd, 2009 insensível e o colocou para fora, puxando-lhe pelo braço
Não mais sou aquela criança, que, às vésperas dos natais grosseiramente... O meu espírito se constrangeu! Quando me
longínquos... sonhava, em agonia, com o término da noite recuperei do choque momentâneo, gritei: Pare! Não faça isso!
e lutava contra o sono para ver-te chegar durante às Respeite a criança... Suas vestes estão sujas, porém, a sua
madrugadas, Noel... Ansiosa eu colocava meus sapatinhos inocência é branca... Não a manche! Deixe-o em paz! Ele está
bem arrumados , embaixo da cama , esperando a tua visita, que comigo... O homem saiu desconfiado... Perguntei ao garoto:
eu sabia, ser breve... Quantos lares tinhas que visitar!... E, ao qual deles é o mais bonito? E ele respondeu: – O avião!!
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2. December 29th, 2009 Published by: vozlivre
Papai do Céu – hoje eu sei a nome correto – realizou o Hugo disse alegremente: – Minha mãe me ajuda a fazer o
sonho daquela criança. Eu sei, o quanto dói, não ter um sonho pedido, me diz o que é melhor. Sabe? No Natal passado, eu
realizado... pedi uma bicicleta, então a minha mãe disse que o Papai Noel
O que é fácil e corriqueiro para milhares, pode ser de suma era muito velhinho e que era difícil para ele subir o morro,
importância para outros tantos. carregando tantos presentes e, ainda mais, uma bicicleta
pesada... Eu concordei com ela e pedi um carro bem bonito...
Eu tenho um sonho há dez anos... Sei que se tornará real... – E ele deu? – Claro! Igualzinho ao que eu mostrei a minha
Viverei até lá!... mãe!
– Ah...´Foi mesmo?
EstherRogessi.Conto de Natal.Desejos do
Coração.Categoria:Narrativa.23/12/09 Fiquei pensando durante todo o dia... Como eu queria ganhar
um presente... Quando mamãe chegou do trabalho – minha
This obra by Attribute work to name is licensed under a mãe trabalhava há dez anos na casa de um casal de médicos
Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a –, contei para ela sobre a minha conversa com os meus
Criação de Obras Derivadas 2.5 Brasil License colegas. Ela ficou em silêncio, olhando para mim... E vi
lágrimas escorrendo por suas faces... Perguntei-lhe: – Por que
a senhora está chorando, mãe?
O MEU MELHOR PRESENTE – Por nada filho... É que eu cresci sem natais, e, esqueci de
DE NATAL (Conto) fazer você viver os seus...
Perdoe-me, filho... Mas, o que você gostaria de ganhar
By EstherRogessi on December 23rd, 2009
mesmo?
– Um carro bem bonito!
– Vou falar para o Papai Noel, está bem?
Ah! Que alegria eu senti... Pela primeira vez, eu ganharia um
presente do Papai Noel...
“Papai!” Que palavra mágica! Boa de falar... Ah! Eu cresci
chamando mamãe e só mamãe. Não sei do meu pai... Algumas
vezes eu perguntava a minha mãe: – mãe, por que eu não
tenho pai? Por que eu não sou como as outras crianças?
Ela rodeava, porém, não me falava a verdade.
Foi perdido em sonhos, com a alma agitada, que naquela
madrugada abafada, no escuro do meu barraco, fitando
o teto de zinco, me refrescando através dos chuviscos de
uma chuvarada repentina que, se fez cair..., no descanso do
desconfortável sofá sem pés, rente ao chão, com um único
lençol que eu tinha de optar entre forrar o seu plástico barato,
para não me esquentar as costas durante o sono, ou, me
cobrir, me livrando dos pernilongos que brigavam entre si,
Naquele 23 de dezembro, acordei durante a madrugada, e, em disputa pelo meu sangue. Já passava das vinte e quatro
na minha cabecinha de criança, contando apenas 07 anos de horas. Havia uma casa de jogos próximo ao nosso barraco,
idade, fiquei sonhando acordado com o Natal. Eu não sabia que costumava fechar muito tarde, eu ouvia os comentários
bem o que era, porém, ouvi os meus colegas do ‘Grupo Escolar’ da vizinhança, que o seu fechamento se dava após às vinte e
contarem uns para os outros, dos pedidos feitos ao ‘Papai quatro horas... Ouvindo o barulho do fechar de portas, deduzi
Noel’... E, timidamente perguntei-lhes: – Quem é? Vocês têm ser muito tarde... A minha mãe ainda não tinha chegado,
um pai com o mesmo nome? porém, eu não sentia medo, os meus pensamentos eram tão
– Não! Seu bobo... Papai Noel é um velhinho que no dia de bons... Quantos sonhos!
Natal dá presentes às crianças... Você nunca ganhou presentes Pelos furos do zinco, percebi pequenos raios luzentes,
dele não? entrando e causando um efeito bonito no nosso barraco de
– Não... eu não tenho pai... dois cômodos. Os pingos fortes da chuva, faziam-se ouvir no
Imediatamente Hugo respondeu: – Não é preciso ter pai pra zinco... Era como se Deus estivesse a me falar em mensagem
ganhar presente do papai Noel!... codificada: ‘Estou bem presente aqui, não estás só! Trago o
Perguntei-lhe: – Não?... céu para ti como presente de Natal, essas são às luzes de todos
– É claro que não! Eu não tenho pai, mas todo Natal Papai os natais que você não viveu meu filho!. ..
Noel me dá presente!
Falou o Marquinhos, outro colega nosso, todo orgulhoso... E Comecei a chorar mansinho. Eu era criança, não entendia...
perguntei espantado: Mas, no meu coração, eu ouvia uma voz doce, que, de repente,
– Ah... Ele dar mesmo? Como é que eu faço? Como é que ele deixou de falar dentro do meu coração e inundou o nosso
vai saber onde moro? barraco, uma doce voz que soava forte; que se fazia ouvir como
que fosse amplificada, enquanto que o lugar simples e humilde
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3. December 29th, 2009 Published by: vozlivre
ficou repleto de estrelas... O chão de barro batido, os poucos Entendi que eu não deveria desejar presente algum na vida...
utensílios e projetos de móveis, a ‘minha cama’ , tudo estava Além do que 'Aquela doce voz’ me deu... Ele cumpriu com
bordado por estrelas de luz tênue... Sou o teu Deus! O Pai dos suas palavras! A verdade sempre vence! Pois, ela é amor, é
órfãos e o marido das viúvas... Sou eu que zelo por ti e vou te fruto do Espírito de Deus e o amor vence o mundo!
dar o presente de Natal que, Noel não poderá te dar , não o
receberás, aqui, no morro, mas te farei descer o morro para EstherRogessi.Escritora UBE. Mat. 3963.Conto: O
recebê-lo, porque SOU o teu Deus! MEU MELHOR PRESENTE DE NATAL. Categoria:
Narrativa.16/11/09.
Não sei se aquela voz se alongou ao falar-me... Foi um http://contistas.ning.com/profiles/blogs/o-meu-melhor-
bálsamo para a minh’alma inocente e ansiosa, perdida em presente-de-natal-1
questionamentos mudos. A doce voz inundou, não só os
cômodos do nosso barraco, porém, a minha alma... Adormeci This obra by Attribute work to name is licensed under a
ouvindo-a..., não vi a minha mãe chegar. Acordei com ela Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a
me chamando, me apressando, pois, iríamos passar o Natal Criação de Obras Derivadas 2.5 Brasil License
na casa dos patrões da minha mãe – o casal de médicos
–, algumas das vezes ela me levava para passar o dia lá...,
juntinho a ela naquele apartamento imenso e elegante. Natal Estado de Graça
By EstherRogessi on December 23rd, 2009
O Dr. Fábio ficava olhando-me demoradamente... Algumas
vezes era carinhoso... Eles não tinham filhos, a Drª Olívia –
sua esposa– era estéril. Eles estavam em férias. E planejavam
viajar logo após o Natal. A minha mãe também teria férias... Natal expressão viva de paz...
Poderíamos ficar juntos por mais tempo. A Família dos Espalhar o bem sem jamais olhar a quem,
patrões da mamãe moravam em outro país...distante, muito É bandeira do capaz... É um estado de graça...
distante! Naquela noite de véspera de Natal éramos em Agraciado é com certeza, quem ama a natureza,
número de quatro. Jantamos alegres e, em seguida, a Drª Dela zelando tão bem quanto da própria casa.
Olívia nos convidou para nos assentarmos junto à grande O sentido verdadeiro dos festejos natalinos,
árvore de Natal, muito bonita e iluminada, com várias Dá-se a vida de Jesus o menino... Do mundo a salvação!
caixas de presentes embaixo... A vista de todos o Dr Fábio Promessa de Deus Pai que o próprio filho deu...
calmamente me perguntou: – O que você pediu ao Papai Noel, Doando uma parte de Si o exemplo nos deixou,
filho? da doação verdadeira – no que nos é mais caro –, na boa
Olhei para ele muito sério e lhe respondi: – Eu e minha mãe semeadura...
pedimos um carro bem bonito... Mas, eu ouvi uma voz muito É dando que se recebe e, ajudando que o fardo se faz leve...
bonita e calma no meu coração dizendo que Ele era o pai dos Que se colhe e, amando que se é nobre!
órfãos e marido das viúvas e que eu não estava só... e, que
iria me dar um presente que o Papai Noel não poderia me Esther Rogessi Prosa Poética: Natal Estado de
dar, e eu teria que descer o morro para recebê-lo.. . Eu já não Graça.Categoria:Poética.15/11/09
sei mais o que vou ganhar... Sabe o que eu queria mais do que
qualquer presente doutor.? This obra by Attribute work to name is licensed under a
– Não, filho! Não sei... O que? Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a
– O meu pai! O meu pai de verdade! Eu só tenho mãe... Criação de Obras Derivadas 2.5 Brasil License
Sem entender, vi o Dr. Fábio chorar como eu nunca pensei que
um homem pudesse fazê-lo... Mesmo eu sendo tão pequenino,
entendi que algo muito sério estava acontecendo naquela noite
de Natal... E espantado vi o Dr. Pegar as mãos de sua esposa,
PROPOSTA DE PAZ! (Rondel)
By EstherRogessi on December 23rd, 2009
e, lhe pedir perdão em pranto, a minha mãe nervosa colocou
as mãos na boca e gritou: – Não! Não conte Fábio!. ..
Fiquei mais confuso ainda... A minha mãe chamara o doutor,
simplesmente de Fábio... Ele não a ouviu e contou a doutora
Olívia – a sua esposa – que eu era seu filho...
Não ficamos para a entrega dos presentes..., mamãe me pegou
e saímos rapidamente...
A minha vida mudou, a nossa vida mudou! Minha mãe não
mais precisou trabalhar em casa de família, eu ganhei o pai que
eu pensei não ter, o doutor Fábio me reconheceu como filho,
nos deu uma casa decente, uma pensão para minha mãe cuidar
de mim... E sua esposa ao longo dos anos, lhe perdoou. Não
se separaram. Não fiz a infelicidade deles, causei lágrimas, é
Proposta ao espírito tenaz...
verdade...Sem querer fiz a boa doutora sofrer...
Bem a vive quem é capaz!
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4. December 29th, 2009 Published by: vozlivre
Ouço singelos toques de sinos...
Anúncio do nascer de um ser especial... AQUELE LIVRO II (Conto)
By EstherRogessi on December 22nd, 2009
Natal – Expressão viva de paz, amor e bem!...
Expressão do amor em ação, do virtual ao real!
Proposta ao espírito tenaz...
Bem a vive quem é capaz!
Viver o Natal torná-lo real, dia após dia
Bem vivê-lo a cada amanhecer...
Ações geridas de um coração em paz
Não só de palavras bonitas...
Bem a vive quem é capaz!
EstherRogessi. Rondel: Proposta de Paz! Ciranda CAPPAZ.
16/12/09
This obra by Attribute work to name is licensed under a Há coisas que marcam a nossa vida. Trago recordações da
Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a infância, que, me servem de bálsamo por muitas vezes
Criação de Obras Derivadas 2.5 Brasil License ... recordações, de um tempo em que, eu contava os meus
primeiros anos de vida..., incrivelmente, estão bem dentro
de mim. E, muitas das vezes, me pergunto: como posso
Feliz natal me lembrar de algo tão distante ? Chega-me docemente
By CLÁUDIO DOMINGOS BORGES on December 22nd, 2009 à memória, a minha primeira cartilha, na qual, aprendi à
Feliz natal assoletrar... Logo após, veio “aquele livro ”... Muito colorido,
Muita paz pra você com um cheiro bom, de papel novo, que eu pressionava e ia
E também no seu lar soltando aos poucos, com o nariz bem pertinho, para sentir o
Muito amor no coração cheiro de livro novo .
Bons sentimentos Veio a minha adolescência... Quantas boas e más lembranças...
Para doar Ainda bem, que prevaleceram as boas!
Felicidades E, dentre elas, alguns livros... que me acompanharam por
Saúde muito tempo! Lembro, de quando o meu irmão mais velho
Amor chegou com o livro que me deixou encantada... que ilustração
Caridade linda e convidativa à leitura!... Quantas folhas! Oitocentas e...
Fé Ah! Não lembro quantas mais! Sei que era muuito grosso!
Que Jesus nasça no seu coração Porém, isto não me desanimava... Quanto mais eu o lia,
Que ele te inspire o perdão mais queria lê-lo! Com espanto, todos me viram concluir a
Lava-te o coração das magoas leitura, que, para eles, seria impossível... Eu vivia a história,
E de todo o mal me preocupava em guardar o nome dos personagens, torcia
Que seja você e sofria junto com eles... Por muito tempo fizeram parte
O pai a mãe do menino Jesus de mim... Eu lhes chamava pelos nomes: Ellen O’Hara,
Recebendo uma criança Melaine Hamilton, Ashley Wilkes, Rhett Butlley... Ah! Rhett...
Das mãos do senhor Eu amava Scarllet O’Hara, mas fui má para com ela... Eu
A mais pura forma do amor de DEUS sonhava com você! E, muitas vezes, quando eu fechava aquele
O próprio amor de DEUS livro , deitada em minha cama, eu viajava em teus braços,
Que o presépio oh! Rhett... E, ao despertar, dizia para mim mesma, saindo
Mais lindo seja a sua casa daquele êxtase platônico: “Amanhã pensarei no assunto!”
Que Jesus renasça em cada coração Cresci, amadureci... Tudo ficou para trás, as doces lembranças
Enfeitando a sua vida ficaram... Porém, o tempo passou... E O VENTO LEVOU!
De ternura compaixão perdão paz e amor
Cláudio D. Borges
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5. December 29th, 2009 Published by: vozlivre
Não importa o quanto eu posso andar ou por onde andar,
todos os lugares que eu for, se eu procurar com os olhos da
alma, irei encontrar a vida. Com os olhos da alma encontrarei a
paz, o amor a sombra a água a flor, e um ninho que represente
a continuidade da vida dos sonhos. Sempre existirá vida que
seja boa ou mais ou menos a vida vai prevalecer.
É isso que representa o Natal, noite milagrosa, noite de luz,
morre o velho, renasce o novo. Novos tempos, novo EU.
Que a luz de uma vida não se apague, que ela sobreviva, nos
seus olhos, no seu coração, que ela aumente sua estima, e
que todas as energias positivas possam encontrar-se dentro de
você. Que haja luz por onde andares, que haja vida, por onde
fores 2009 está indo, mas vem 2010 que venha, trazendo vida,
sombras, águas, ninhos e esteja onde estiveres que haja um
facho de luz, e que floresça sempre a vida. O amor.
EstherRogessi.Escritora UBE. Mat.3963. Conto: AQUELE
LIVRO II. Publicado como 'Tema do Mês' do http:// Feliz Natal e um Próspero ano novo.
duelosliterarios.blogspot.com
30/11/09. São os mais sinceros votos,
Deste amigo,
This obra by Attribute work to name is licensed under a
Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Hermínio Neves de Jesus.
Criação de Obras Derivadas 2.5 Brasil License
mensagem de fim de ano.
By herminio neves de jesus on December 19th, 2009
Mensagem de fim de ano.
Caminhando pela vida descobri a beira da estrada uma flor,
tinha muita água em volta sombra e a terra era escura e
fresquinha acho que era por isso que aquela flor era tão linda
suas cores eram tão expressivas. Segui andando e mais à frente
outra plantinha igualmente linda verde não tinha água perto
não tinha sombra olhei pra traz estava um pouco distante
já ainda assim estava verde e linda. Segui meu caminho
observando tudo à minha volta e adiante existia uma grande
árvore, e ela me contemplou com uma grande sombra, não
quis demorar muito ali, e voltei à estrada e olhando o céu
pude ver que dali em diante a paisagem começara a mudar, era
diferente a vegetação não era tão verde, era meio amarelada,
mas tinha vida apesar de tudo. Minha sensação era que, mas á
frente não veria mais nada alem de pedras e olhando em frente
não vi mais flores, continuarei caminhando e procurando por
mais flores, mesmo que fosse amarelada eu queria encontrar
não desistiria de descobrir. Comecei a correr e a correr queria
encontrar uma sombra, uma grande árvore uma flor. Adiante
iniciou umas terras áridas de muitas pedras e ai eu pensei, aqui
é muito seco, não tem vegetação nenhuma, vi pequenas pedras
umas próximas das outras, como se alguém às colocassem
uma a uma em fileiras, mais a frente eu vi grandes pedras e
nada de terras escuras, mas havia sombras, entre as pedras
bem no fundo, eu vi uma flor e não havia nada tão lindo suas
pétalas pareciam a sensualidade da própria natureza, tinham
formas e cores vivas e bem ao seu lado havia um pequeno
ninho de pássaros pequenos com um filhotinho dormindo
tranqüilo sem medo.
Parei pra refletir.
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6. December 29th, 2009 Published by: vozlivre
Não sei como,
Eu...Prefiro morrer... - Isabel Mas vou, irei conseguir!
Fontes
By Isabel Fontes on December 6th, 2009 Não é doença,
Não é desespero,
É além mais, profundo e incerto.
Tal qual estas palavras,
Que teclo no PC.
Tal qual estas palavras,
Que me saem do coração.
A Rotina do dia a dia
By Sérgio Francisco de Oliveira on December 4th, 2009
Era sempre assim. Todos os dias ao chegar a casa era a mesma
novela. A esposa queria que lhe trouxesse flores. Mas parece
que as idéia do casal não batia muito bem. Ela romântica,
sonhava com um tipo utópico de sentimento. E ele era bem
racional, quer dizer, ele era razão.
Dessa vez ele chega cansado e ouve a pergunta básica de todos
os dias:
- Como foi seu dia?
Ao que ele responde com um tom de nervosismo:
- Foi terrível!
Eduarda querendo que Romeu tivesse lembrado lhe trazer
algo. Nada muito grande, mas, que lhe mostrasse terna
consideração. Uma pequena garantia que lhe mostrasse que
naquele dia, naquele estressante dia, ele nem que fosse aos
piores momentos, se lembrasse que tinha uma esposa que lhe
amava e o aguardava ansiosamente em casa.
Mas Romeu já não tinha tantos sentimentos românticos como
no inicio do casamento. Romeu estava com a mente focalizada
apenas nos negócios. Quando ainda namorava com Eduarda
as coisas eram bem diferentes. Saiam todo o fim de semana e
sempre que se encontravam lhe trazia algum presente.
E agora depois do casamento parece que a companheira
havia perdido o brilho que tinha quando solteira. Romeu
Estar assim... não conseguia ver com tanto entusiasmo. Em tudo o que
Porquê? pensava era no AP que estava pagando. Sobrecarregado com
mais um dia a ouvir o que não mereço, as prestações mensais. Como se não bastasse o carro estava
De quem não me merece. com duas prestações vencidas. E se mais uma vencesse, ele se
complicava de vez. Seu carro seria tomado com ordem judicial.
Sentir as entranhas rotas, Depois do silencio e de ambos terem meditado em sua
De tanto fugir. situação, parado e refletido. Romeu pensou um pouco em
Não sei para onde ir... um momento de sensibilidade para com sua esposa. E lhe
convidou:
Vida que não se endireita, - Vamos dar uma volta? Podemos quebrar um pouco o gelo e
Para poder cumprir, nos alegrar um pouco.
Limpar meu nome. Sem nenhum rancor e mágoa ela prontamente se esquece
Sofro escondida, nesta rotina... as contas, os dissabores dos dias. A rotina do dia a dia e
prontamente aceita o convite. Ela não pode se contiver dentro
Muitas tentativas, frustradas, de si mesma em sua felicidade. E vai se aprontar. Veste a
Não deram em nada. melhor roupa que tem. A roupa que tinha comprado para o dia
do aniversário de casamento.
Que raiva, Feliz por ter sido lembrada, alegre por se sentir amada. Parece
Esta falta de coragem! que era tudo o que ela queria para aquela noite.
Quero sair daqui!
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7. December 29th, 2009 Published by: vozlivre
foi por si apercebido sem nenhum sentimento mesquinho de
Um dia na vida de uma Mulher superioridade. Sentiu um enorme carinho pelo seu indiscreto
By Rimbaud on December 2nd, 2009 momento de insegurança. Gostava da pessoa de Bernardo.
Despertou de um sono longo. A realidade chegava-lhe E gostava do homem que ele incorporava. Mas deu consigo
ordenada pelos sentidos. Ainda de olhos fechados o olfacto numa das mesas da gafieira a “engolir”, por respeito, aquele
não transportou até si nenhum perfume que atestasse outra inoportuno e redutor discurso acerca das formalidades que ele
humana presença. A epiderme reclama-lhe o toque com entende deverem fazer parte das suas relações afectivas, e que
intensidade de carícia, o beijo matinal no ombro direito, acabavam de ser desvalorizadas pelo comportamento dela.
a junção do corpo dele com o seu, seguido de um abraço Ficou triste pelo que entendia ser um precedente ao qual não
que inexoravelmente a introduziam no Mundo. Eram assim poderia ceder. Antevia que se concedesse, a Bernardo, aquela
inevitavelmente os despertares aos sábados de manhã depois perspectiva sobre o seu comportamento estaria a mutilar a
de ter conhecido o Bernardo, seu namorado, havia pelo sua “livre” natureza para viver emoções que a seu ver não
menos um ano. Dois "specimens" lindos, com glamour, punham em causa os alicerces da sua relação com ele, e a
que desafiavam pelos bares e gafieiras do costume, os submeter-se a um código moralizador do seu comportamento
incontinentes caçadores de sexo das soirés lisboetas. Aos afectivo que não subscrevia. Sabia, sobretudo, que o valor
olhares explicitos daquela tribo de oníricos nunca tinham sido e a permanência da sua relação com Bernardo resultavam
capazes de conter as sensuais coreografias que exprimiam na do somatório e da intensidade das experiências que viveram
batida repetitiva dos sons da House Music, ou no “caliente” e que aquele, no seu entender, insignificante episódio não
abraço que o bolero exigia, enquanto arrastavam os corpos poderia corromper a concepcção, para si um credo, "de que
colados pela pista ao encontro da nota musical que coroasse as relações afectivas permanecem porque o seu edificio é
o extâse que adivinhavam invadi-los, e se cumpriria com a estruturado pela sedimentação de diferentes experiências
cumplicidade mágica de uma atmosfera sombria que lhes com capacidade para se ajustarem entre si”. Dai entender
outorgava a natureza de silhuetas. que aquele julgamento a que Bernardo a tinha submetido
se revelava como uma experiência desajustada de todas as
Recusava acordar. Sabia que esta negação para a vida se anteriores. O afecto que lhe tinha, enorme, desaconselhava-a
manifestava sempre assim depois de um “desencontro de a que num impulso radical ditasse o fim daquela relação, ali
afectos”. Mas desta vez sentia-se “incompleta” e por isso não e naquele momento. Pressentida a amargura que esta rotura
queria desvelar-se para um dia que lhe faria sentir o peso causaria aos dois. Duvidou sobre qual a opção mas correcta a
da solidão. Estava “amputada” do afecto com mais empatia tomar. Queria compreender se aquele discurso aparecia como
que tinha vivido estes últimos tempos. E, obviamente, sentia recurso para justificar o momento de despeito ou se integrava
que não eram só as noites de enlevo e orgasmos que, em tão a mentalidade dele. Entendeu voltar sozinha para casa e por
pouco tempo, já eram saudades, mas era tudo o que demais antecipação começou a viver, ali mesmo, a experiência de
compunha a vivência com este companheiro. Muitas vezes os solidão que, no seu apartamento e na sua cama, se tornariam
“olhares” para a realidade sobrepunham-se de tal maneira, mais intensos naquela noite de sexta feira.
e sabia não serem estes momentos de perfeita sintonia
uma refinada gentileza dele, que a teoria da alma gémea No dia seguinte, na manhã de sábado, encontrava-se na cama
predestinada “abria” uma brecha na sua sólida formação pressionada pela decisão de ter de ressuscitar ou aniquilar
materialista e racional. Mas nesse revelado momento fazia uma relação que ontem tinha suspendido. Agitada enquanto
sempre por esquecer a sua lógica de pensamento para “vivia” por remake o sucedido, sentiu-se desconfortavél na
não beliscar a harmonia e a felicidade experimentada. cama. Uma atrevida ponta de ar invadiu-lhe a atmosfera
Mais tarde, para “explicar” aqueles momentos de existencial quente dos lençois e causou-lhe um “frissom” no corpo,
perfeição, sem trair a sua formação, recorria enquadrando- agravando ainda mais o desconforto do seu melancólico e
os nos fenómenos que a filosofia existencial categorizava de triste despertar. Abriu por fim os olhos e a claridade que
circunstância empática pelos humores. Também a estética não a manhã, já alta, tinha lançado para dentro do seu quarto
os dividia apesar da diferente e natural, dizem, sensibilidade feriu-lhe o estado de sonolência. Algum calor, improprio do
dos géneros. Assim como os livros e o cinema que discutiam Inverno, fazia-lhe adivinhar a vida, lá fora, manifestando-
sem exaltar-se e em total liberdade de opinião. Estava se em desportistas de fim de semana mobilizados para o
triste porque este tempo de feliz mundividência estava combate à adiposidade construida em empregos sedentários
prestes a desmoronar-se por um trajeito de ciúmes que que lhe penalizam o corpo e a estética, numa sociedade
se revelou acossado pelo seu (dele) sentimento de posse. que paradoxalmente tem nas diferenças humanas um valor
Sentiu a liberdade, a sua, “encolher” quando ele “soltou” democrático, mas que obtusamente insiste, por influência
um discurso sobre o compromisso que pretendia, percebeu de uma fanática filosofia da “normatização” veiculada por
ali mesmo, organizar as suas emoções. Para ela as relações alguns média, em construir modelos para a standarização de
eram, sempre tinham sido “edificios” estratificados por tudo e de todos nós. Era uma crítica militante de todo o
experiências afectivas e emocionais, no qual o ajustamento pensamento ou filosofia que se aflorasse redutora das escolhas
das mesmas determinava o cimento da sua estrutura e a sua individuais de vida que não atentassem contra a estabilidade
permanência. Percebia o incómodo, o dele, porque o piropo da ordem democrática, mas era do mais elementar bom senso
de um bem apessoado transeunte da gafieira tinha estimulado reconhecer o esforço meritório daqueles desportistas de fim
nela uma resposta no mesmo tom, seguida de um curto de semana, por influência, ou não, do discurso mediádito. E
“briefing” de insinuações ,entrecortadas com ritualizadas era evidente que a actividade física é boa para a saúde.
coreografias de côrte. O irreverente “beicinho” do Bernardo
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8. December 29th, 2009 Published by: vozlivre
Reconheceu entretanto que já nem mesmo o conforto da tudo demasiado óbvio para todos. A indecisão parecia ter
cama a compensava. Ficar ali significava, não contrariar tomado conta das vontades e suspendido o tempo. As
a pulsão masoquista destes momentos e, enredar-se no insistências para que ficasse foram infrutiferas. Com um
sucedido. Energicamente levantou-se como se a vida a puxasse cordial e aberto sorriso, finalizou a despedida deixando
para dentro de si e dirigiu-se ao chuveiro. Sentiu que a alguns apontamentos em aberto para mais tarde confirmar.
temperatura quente da água se revelava como a primeira Em seguida desprendeu-se suavemente da sua voz um
compensação daquele dia. Apostou em si e produziu-se sem cumprimento de boa noite que se elevou-se no ar para
saber que um convite percorria á velocidade da luz os fios apaziguar o cosmos e todos ,e cada um por si, pensaram
do telefone para se anunciar num DRING. Atendeu. Do outro num destino para aquela noite. O ronco dos automoveis
lado um colega e amigo revelava enfaticamente a mensagem "estilhaçou" o silêncio e a claridade à solta dos faróis perfurou
relembrando-lhe que hoje se celebrava o jantar da sua agência a noite para desvendar o segredo dos caminhos.
de publicidade. Sociabilizar-se era tudo o que menos queria Ela, empreendeu o rumo de casa como o desejado destino.
naquele momento. Olhou-se ao espelho, gostou de si, e
associou ao seu embelezamento uma premonição qualquer No regresso o tempo da viagem pareceu-lhe suspenso e sem
que sentia positiva. Respondeu entusiasmada que sim. Que atritos de qualquer ordem. A silhueta do seu "refúgio", como
estaria presente. Passou novamente pelo espelho para que a que por magia, saída das trevas, projectou-se num horizonte
imagem de si ali reflectida abrisse brechas na sua tristeza e lhe próximo. Bocejou dentro do carro. Minutos depois dava o
colasse no espirito confiança e alegria. Muita alegria. primeiro passo dentro do seu apartamento. Voltou-se, fechou
a porta e “apalpou” o espaço com um olhar de reconhecimento.
Evitou o elevador para sair do prédio. Supersticiosamente Sentiu um carinho imenso e rememorizou, num ápice, a
associou à descida do elevador a possibilidade de que um história de todos os aderessos que eram parte de si. Da sua vida
qualquer sentimento que lhe aflorasse o peito acompanhasse, ainda curta de mulher adulta e emancipada. Detectou neles
por inércia, o sentido descendente da cabine que a levaria ao muita da sua identidade. Afinal não estava sózinha. Projectou
patamar de saída do prédio e enfraquecesse aquela vontade os braços apertando-os contra o tronco num “abraço” possível
frágil, criada num instante, para estar presente no jantar a si mesma e sentiu que tinha construído um instante de
daquela noite. Quando chegou á rua já a Lua com o seu felicidade. Estendeu-se no canapé da sala fechou os olhos e
exército de estrelas tinham encetado a sua perseguição ao Sol deixou-se ir com o turbilhão de pensamentos que reclamavam
para instalarem a noite no céu. Por impulso olhou para o uma ordem, a sua, e presentiu que não mudaria. Embalou-
firmamento na procura de uma estrela que sentisse sua e que se nesse jogo com as ideias enquanto o sono cada vez
brilhasse, em si, toda esta noite. A empatia não se estableceu. mais presente lhe "roubava" a consciência. Não quis resistir.
Mas na dúvida de que ainda a veria segurou bem dentro do Preferiu esperar que o Sol a chamasse no outro dia. Boa noite.
peito a positividade do momento. Quando saiu do carro, já Murmurou para si. E não registou mais nada na memória.
no destino, constatou que o néon tinha ocupado, em toda a
cidade, o lugar da luz natural. http://rimbaudcafedeflore.blogspot.com/
Mostrou-se à chegada e durante o convivio receptiva aos
"piropos". Mas soube também perceber os excessos. Tinha a O VERBO SUPRIMIDO
certeza que nem tudo naquelas exuberantes demonstrações By Ronie Von Rosa Martins on November 30th, 2009
de afecto era inteiramente verdade. Mas não deixou de Foi em um dia normal. Qualquer dia de normalidade próxima
estar à altura das insinuações. Era natural nela a adesão ao abismo. Mas normal. Todo o dia é dia. E ponto. E acabou.
aos jogos de palavras eivados de subliminares propósitos. O dia. No ponto. Exato ponto onde já não é mais dia...
Mas entendia-os como um modo que os seres inteligentes então ele parou. Opção pensada. Doença cruel e irremediável.
encontraram para tornear, sem inconveniência, alguns Loucura advinda de genes moralmente abalados de um
formalismos culturalmente ainda “vivos” e actuantes em passado obscuro.
algumas mentalidades. Como a de Bernardo, agora revelada. Obscuro era o motivo, a razão da ausência do verbo na boca
Por isso ele não entendia como é que estes jogos podiam de Ermiliano Girondino.
ser apenas prazeres intelectuais, carícias egocêntricas e por O silêncio, tal como demônio que possui corpo abandonado
aí ficavam, sem imediatas consequências. Bernardo defendia de alma, dominara todos os ecos e vibrações sonoras do corpo
que as insinuações disfarçam, em menor ou maior grau, de Ermiliano. A língua estava morta. Já não havia sibilações,
objectivas intenções. Mas concretizaveis, defendia eu, apenas vibrações... como o demo, o som havia sido excomungado para
e só pela vontade consonante dos intervenientes. Os afectos infernos outros. As cordas já não vibravam nem tiniam.
onde estes prazeres insinuados se realizam eram, para ela,
muito concretos e sempre experiênciados. E assim Ermiliano, vulgo seu Liano, continuava sua vida,
Na despedida alguns beijos não encontraram o local agora balizada por um silêncio que era seu, mas que por onde
desejado e alongaram, por sublimação,a sua permanência no passasse mais silêncio assim somava o dele e o do outro e o
"destino" possível que lhes reservou no rosto. Alguns olhares daquele que ao não ouvir a voz alheia, cansado de a sua ouvir
insinuavam um desejo aceso nas entranhas que teriam que calava o som exterior e falava no cérebro, pra dentro da cabeça
adiar. Porque nessa noite, a excitada predisposição libidinosa e a voz dormia na língua que já não batia.
não iria cumprir-se em sexo. Pelo menos consigo como
partenaire. Ninguém ali tinha acordado os seus duendes
para brincar aos "amantes”. O momento tinha tornado
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9. December 29th, 2009 Published by: vozlivre
Na rua, cumprimentava o povo com os olhos grandes e Rejuvenescera. Comprara roupas novas. De alma vendida.
castanhos, e a intensidade e nuances determinava o humor de Como prêmio recebera as benesses da mídia. Dinheiro casa e
seu corpo e espírito. alguns contratos.
A mulher, ainda longe da velhice, mas já bem distante da Sem o mérito da defesa e ausente de voz verbal, Seu Liano foi
mocidade, nos primeiros tempos chorava e implorava para colocado em um manicômio. Louco.
que ele falasse. Ele sorria. Mexia a cabeça afirmativamente ou
negativamente. Afagava carinhosamente o rosto da esposa e No primeiro dia tímido, mas já no segundo começou a grande
dormia sorrindo. revolução. Coisa nunca antes vista. Falava com os olhos. E
os outros entendiam. E tudo começou a silenciar. Vasto e
No seu silêncio ela foi. Com a filha e o filho. Taxia na grandioso. Denso e poderoso. O silêncio começou a tomar
porta. Malas e maletas. Desilusão e lágrima. Ainda na cama conta de todos e de tudo. E o verbo começou a ser esquecido.
Ermiliano dormia. E no seu sono ela ia embora. A família A palavra abolida.
emudecera. Já não havia mais.
O manicômio era como um grande “buraco negro” na rua,
Então resolveu que o escritório não era adequado para o seu espaço da anti-matéria, e logo em seguida toda a rua
silêncio. Deitou na cama e fez a grande recusa. Desligou o começou a emudecer. As pessoas já não queriam falar. Já
rádio. A televisão. não havia interesse. O verbo doía, soava estranho em bocas
que se contorciam e gargantas que se espremiam em guturais
Um dia, percebido na ausência que permitira a sua percepção, sentidos.
recebeu a visita de um colega de trabalho.
O outro falou. Falou. Argumentou de todas as formas e Passado alguns anos um grande silêncio tomara conta de tudo,
maneiras que pôde. Nada conseguiu. No telefone chamou e o discurso agora era do silêncio. Os gestos eram mais bem
outro amigo, e outro. Em seguida uma emissora de TV entendidos, as expressões faciais estudadas e interpretadas,
local estava no local. Todos falavam. Todos perguntavam. O tratados sobre as nuances e significados do brilho dos olhos
verbo se enroscava entre as línguas ferinas, libidinosas. O eram escritos.
verbo lambia o silêncio de forma imoral. O verbo possuía. As proximidades eram mais pretendidas que as distâncias.
Estuprava, violentava. Poluía. Ar, rio, matas e cérebros. O Então os manicômios perderam sua importância e Ermiliano
verbo se inscrevia nas árvores e as apodrecia, infiltrava-se nas voltou para casa.
intenções e tudo deturpava ao seu interesse.
Foi em um dia normal. Qualquer dia de normalidade próxima
Preso e de olhos esbugalhados diante daquele circo de ao abismo. Mas normal. Todo o dia é dia. E ponto. E acabou.
horrores, Ermiliano pensava em chorar. Pensava em morte, O dia. No ponto. Exato ponto onde já não é mais dia...
suicídio. Seus olhos tentavam através de códigos vários, então ele parou. Opção pensada. Doença cruel e irremediável.
nuances infindáveis se comunicar com os outros. Mas Loucura advinda de genes moralmente abalados de um
ninguém ouvia os olhos de Ermiliano, ouviam só o que diziam. passado obscuro. Obscuro era o motivo, a razão da presença
Comiam suas próprias palavras. Alimentavam-se da própria do verbo na boca de Ermiliano Girondino.
carne.
Então falou.
Fotos. Muitas fotos retratavam Ermiliano. A imagem. A
imagem e o verbo infernal. Ambos em prol da representação Ronie Von Rosa Martins
de Ermiliano Girondino.
Já não era ele. Seu Liano que estava ali. Mas sua A barata esperta
representação. Resumido em pequenos textos, consumido em By Dora Duarte on November 29th, 2009
artigos pessimamente elaborados. Retorcido através de uma A barata esperta
ótica doentia e perversa. Difamado em letras simplórias que
construíam um Ermiliano bufão e engraçado. Um bobo? O Quem pensar que muitos bichos rasteiros não são inteligentes,
verbo recortava o perfil. Definia o psicológico. A imagem, se engana...
correndo atrás, focava o olho excludente de sua visão parcial
nos objetos que poderiam significar algo além do que Era uma vez uma barata ele se achava poderosa,divido uma
significavam. conversa que ela escutou da resistência que as baratas têm
sobre determinados inseticidas e seus antepassados resistir
A mulher foi encontrada para dar entrevista, ficara famosa. até a bomba atômica.
“A mulher do homem sem voz. A mulher do homem mudo. Vivia rondando uma casa limpa, mesmo sendo asseada,,
A mulher do sem voz. A mulher do silêncio.” E agora já ela tinha a certeza que ali iria achar alguma coisa para
não chorava. Falava. Possuída pelo verbo. Proferia frente às se alimentar e levar para o buraquinho. Quem sabe num
câmaras fotográficas e aos gravadores sua triste história junta descuido, algumas migalhas de comida para seus filhotes.
ao marido.
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10. December 29th, 2009 Published by: vozlivre
Pensava o que fazer para entrar na casa ,se nas janelas havia ganhando, a parceria , meu cunhado e eu, mesmo não sendo
telas, a porta vedada, nos recantos não havia brecha, mesmo uma boa jogadora, estava vibrando.
assim, ela ficava a observar os movimentos da casa.
Foi daí, num descuido de uma janela aberta sem a tela, ela Eis que de repente...Cadê a pedra?
voou...e... Ta faltando uma pedra!
Catabimba!!!! Para o seu desespero, caiu dentro de um vaso
sanitário Procuramos no chão, nas cadeiras,por baixo dos móveis,
. pensamos até que uns dos jogadores estava escondendo, nada
esperneia, esperneia, tudo molhado liso, escorregava...quando de pedra!
escuta um grito de pavor: Portanto, sem uma pedra, termina o jogo, para o
desapontamento de todos, porém era intrigante aquele
_”Aiiiiiiiiiiiiiiiii que horror! Uma barataaaaaaaaaaaaaa me desaparecimento, já que só havia cinco pessoas na sala,
acuda!!!!” nenhuma criança, nenhum animal de estimação.
Era a dona da casa, gritava não se sabe pra quem, já que só O que fazer? Ver Tv, mas o comentário a respeito do sumiço
existia ela na casa. da pedra continuava.
E saiu as carreiras... Nisso a barata com o susto do grito
conseguiu dar um pulo e caiu fora do vaso sanitário. De repente chega outro sobrinho Jonas que estava na casa da
namorada e pergunta:
De repente viu a dona da casa que tinha gritado, mais que
depressa, a barata vendo ameaçadora uma enorme lata de _ Que houve que não estão jogando dominó?
spray, com a foto dela estampada , tratou logo fingir de morta, Vocês não imaginam o que aconteceu na casa da minha
ouviu então a dona falar...”Ah danada, morreu depois de namorada.O pessoal estava jogando dominó também, mas
beber tanta água no vaso né?, vou te jogar na cesta do lixo, pararam por causa de uma pedra estranha que apareceu
embrulhada num papel higiênico!” no meio das outras, uma pedra branca no meio das pretas,
imagine o susto, ver se pode!!!... pensaram logo em algo
A barata apavorada nem respirou, nem mexeu suas pernas, sobrenatural.
nem suas antenas, sentiu-se como uma múmia em volta no
papel higiênico.Foi parar mesmo no lugar prometido pela E aí ninguém diz nada? Ui cruz credo!
dona da casa, na lixeira do banheiro.
Passado alguns instantes, ela esperneou, roeu o papel e Autora: Dora Duarte
saiu toda faceira, deu uma volta pela cozinha, achou alguns
farelinhos de pão no chão, saiu sem dizer nem um” muito
obrigado” e.. “ Fuii.” BICICLETA
A dona da casa quando voltou ao banheiro, incrédula, olhou By Ronie Von Rosa Martins on November 28th, 2009
na lixeira...”Cadê a barata morta que estava aqui?” Não. O tempo não estava no movimento. Ele pensava. O tempo
estava na bicicleta. Imóvel encostada ao muro.
Autora: Dora Duarte. Sim. O movimento era apenas ilusório, o tempo era além dele.
Era imobilidade. Sim.
O mistério da pedra de dominó O muro estático e a bicicleta plantada em suas costas.
Sustentação tácita. Amparo. O verbo já não existia. O verbo era
By Dora Duarte on November 28th, 2009
distância. De fundo o azul chumbo de um céu imóvel como o
O mistério da pedra de dominó tempo. Assim como ele. Estático.
Os aros da roda já não deliravam pelas estradas, mas uma
Na década de 80, estávamos reunidos na casa de uma massa de tempo enlouquecida se embrenhava imperceptível
irmã .Como de costume, a tarde jogávamos dominó, não por eles. Silencioso enroscava-se no metal da bicicleta,
era um dominó comum, suas pedras eram feitas de marfim, retorcia-o. E ele percebia.
muito antigas. Deveria ter sido valiosas para alguém, contudo O tempo estava. Antes do movimento. Antes do verbo. Antes
desfeito por algum parente.para doação.Esse jogo de dominó , da representação do movimento. Antes da representação da
foi adquirido num bazar beneficente espírita, pelo o meu fala. Ele.
cunhado João. Os pensamentos tentavam se constituir, mas a densidade
temporal era anti-constitucional, e os pensamentos e também
Então... Começamos a jogar : dois sobrinhos. Verinha, Nilson, os sentimentos mesclavam-se em mechas de tempo e no metal
o meu cunhado e eu. da bicicleta e no barro do muro e na carne que era dele.
Então chorou. Silenciosa a lágrima percorreu pele e carne
Eram uma família grande, Quatro dos outros sobrinhos não e porosidades e espaços e lembranças. E fez-se memória e
estavam, havia ido um para cada lugar, rapaziada é assim apagou-se-extinguindo-se no silêncio da terra. E não houve
mesmo, fim-de-semana, namoro, festa diversão. A minha outra.
irmã, no sofá tirando uma boa soneca e nós a todo vapor Só a bicicleta muda. E dizia tanto. E gritava tão alto. E o
jogando alegremente , principalmente para quem estava muro permanecia além do próprio muro,visto que agora era
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11. December 29th, 2009 Published by: vozlivre
lembrança. E também a bicicleta. Verde. Não o muro. Este
cinza e velho. Como ele. Mensagem Espirita espero que
Cinza e velho ele percebia o tempo, e a bicicleta e o muro. E se gostem
tudo era símbolo. Era ele símbolo. Fechou a mão lentamente By Marcia Rocha on November 27th, 2009
e pode sentir o tempo pulsando dentro, e afundar-se na carne
e mergulhar pra dentro do corpo. E tudo pulsava e tudo era Cáritas
quente.
Tudo era quente no silêncio da bicicleta. Eu sou o sol que aquece a vida, em nome da vida que criou o
O movimento já não era necessário. Assim como o muro sol.
resolvera ficar. Coisificar-se no tempo. Plantar-se. Sou eu quem reverdece o campo em beijos cálidos após a
Achava que os outros viam por janelas. Ele via fora de casa. demorada invernia.
via tudo. E tudo era a bicicleta e o muro. Não havia ilusão, Eu sou a força que sustenta as criaturas tombadas, a fim de
não havia ângulos, só a bicicleta e o muro pendurados no que se ergam, e as desiludidas, para que recomecem o trabalho
tempo, emoldurados no tempo. De onde estava ainda via do próprio crescimento.
os rostos pálidos das gentes que passavam pelas janelas. Eu sou o pão que alimenta os corpos e as almas, impedindo-
Viam a delimitação da janela, o limite do olhar e a ilusão do os de experimentar deperecimento.
movimento. Não viam nada. Sou eu a música que enternece o revoltado, e sou o poema de
E foi tudo o que viram. Todos eles: Um velho sentado em frente esperança que canta alegria onde houve devastação.
a uma antiga bicicleta escorada a um muro ainda mais antigo Por onde eu passo, um rastro luminoso fica vencendo a sombra
que o velho. E só. que cede lugar à claridade libertadora.
Eu sou o medicamento que restaura as energias abaladas, e
RONIE VON ROSA MARTINS sou o bálsamo que suaviza o ardor das chagas purulentas que
levam à agonia e à alucinação.
Sou a gentileza que ouve pacientemente a narrativa do
Direitos Humanos! _ Alguém sofrimento e nunca se cansa de ser solidária, conquanto a
aflição se espraie entre as criaturas.
Pensou? Eu sou o fermento que leveda a massa e dá-lhe forma para
By Virginia Martins on November 28th, 2009 aprimorar-lhe o sabor.
Hoje faço da minha dor louvou! Sou eu a paz que visita o terreno árido, adornando-lhe a
Porque se foi meu amor!... paisagem fúnebre.
Saudade em meu peito ficou!... Eu sou o perfume carreado pela brisa mansa para aromatizar
Direitos Humanos, alguém pensou? os seres e os jardins.
No transito não o respeitou... Sou eu a consolação que sussurra palavras de fé aos ouvidos da
Índice aumentou quando seu corpo amargura e soergue aqueles que já não confiam em ninguém,
Ali lançou... Sangue derramou no asfalto aturdidos pelas frustrações e feridos pelas dores pungentes.
O jogou... Lágrima não chorou! Sua alma... Eu sou a madrugada que ressuscita todos aqueles que são tidos
Em anjo se tornou quando no céu entrou! como mortos ou que estão adormecidos, a fim de que possam
Aqui estou procurando humano que vida lhe tirou voltar ao convívio dos familiares saudosos e em angústias
Meu coração dilacerou quando um louco na direção devastadoras.
Não respeitou!... Sessenta anos já passou?... Sou eu a água refrescante que sacia a sede de todas
Mas quem notou!... Ainda não acreditou que aonde as necessidades e limpa os detritos da alma degenerada,
Tratado assinou... “Tenho direito á vida”! preparando-a para os renascimentos felizes.
Exigi-se direito de não morrer injustamente... Eu sou o hálito divino
Em cada segundo que respirou... sustentando a criação e penetrando por todas as partículas de
Dezenove anos acabaram! que se constitui.
Meu filho me tirou!... Impunidade é o que restou Convido minha irmã, a fé, para que ofereça resistência ao
Injustiça para quem fica... Humano? Fatalidade? viajor cansado e o alente em cada passo, concedendo-lhe
É preciso mudança nessa legislação prender e julgar combustível para nunca desistir.
Assassino que no transito estar... Eu me apoio na irmã esperança que possui o encanto de
dinheiro não pagar, nem aceitar! reerguer e amenizar a aspereza das provações.
Direitos Humanos têm que respeitar na lei acreditar Quando elas chegam, o prado queimado se renova, porque se
Inconseqüente deve falar porque justiça está á gritar! me associam, fazendo que arrebentem flores e frutos onde a
Alguém tem que escutar... Das ruas monstro tirar... morte parecia dominar...
Vida não pode mudar... Ficarei sempre á lamentar... As duas, a fé e a esperança, constituem os elementos vitais
Direitos Humanos que filho esta á clamar! da minha alma, a fim de que permaneça conduzindo todos os
Só meu coração pode escutar! seres.
O Senhor enviou-me em Seu nome, com a missão de lembrar
__ Grande, minha saudade filho! a Sua presença no Mundo, desde quando me usou para que
Virgínia Martins. as criaturas que Lhe desafiaram a justiça e a misericórdia,
pudessem recomeçar o processo de evolução.
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12. December 29th, 2009 Published by: vozlivre
Vinde comigo ao banquete suntuoso da ação contínua do bem muito bem, de boa família. Parece que isso incomodava a
e embriagai-vos de felicidade. noiva.
Parece que havia algo de instável nessa relação.
Eu sou a caridade! Johnny apresentava insegurança com respeito a seu
*** relacionamento. Mas ele sentia que a noiva a senhorita
A caridade para ser legítima não dispensa a fé que lhe Ludmila lhe completava. Havia algo de terno entre eles.
oferece vitalidade; e esta para ser nobre deve firmar-se no Agora já no avião, e este já estava pousando sobre a bela
discernimento da razão como normativa salutar. metrópole. Johnny estava de volta! Agora era a hora crucial
em sua vida!
Redação do Momento Espírita Chegando novamente a seu lar, recebido de forma alegre pelos
************************** pais. Apesar surpresos com sua inesperada chegada. Pergunta
Senhor! com saudoso sentimento pela noiva:
- E Ludmila?
Faze-me perceber que o trabalho do bem me aguarda em toda Essa pergunta deixa todos na sala intrigados. Já fazia oito
parte. anos que partira. Para todos era certo o fim do compromisso
Lembra-me, por misericórdia, que estou no caminho da quando Johnny de forma abrupta abandonou o compromisso,
evolução, com meus semelhantes, não para consertá-los e sim e tudo para mais uma de suas viagens.
para atender à minha própria melhoria. Tudo bem que Johnny possui talento raro para a arte.
Induze-me a respeitar os direitos alheios a fim de que os meus Desenhista e pintor profissional precisava sempre de novas
sejam preservados. inspirações. Aquela cidade vez por outra se tornava pequena
Não me permitas sonhar com realizações incompatíveis com demais para ele.
os meus recursos, entretanto, por acréscimo de bondade, A resposta a sua pergunta tinha que vir da parte de sua mãe,
fortalece-me para a execução das pequeninas tarefas ao meu Dona Maria do Carmo sempre tão ponderada:
alcance. - Meu filho há quase um ano ela se casou, acho que não
Apaga-me os melindres pessoais, de modo que não me esperava mais sua volta.
transforme em estorvo diante dos irmãos, aos quais devo Para Johnny essa resposta causou profunda dor. Já que até
convivência e cooperação. então pensava que Ludmila era o grande amor de sua vida.
Auxilia-me a reconhecer que cansaço e dificuldade não podem Johnny precisava de uma válvula de escape. Não se entregaria
converter-me em pessoa intratável, mas mostra-me, por a vícios para lidar com a terrível dor. Não conseguia achar
piedade, quanto posso fazer nas boas obras, usando paciência o caminho. Depois de sofrer pela perda do grande amor de
e coragem, acima de quaisquer provações que me atinjam a forma digna, penetrou com todas as forças no ramo artístico.
existência. Ali Johnny sempre foi muito mais ele. Somente olhando para
E,sobretudo,Senhor,perdoa a minha fragilidade e sustenta-me uma pessoa fazia desenhos incríveis. Ele possuía talento impar
a fé para que eu possa estar sempre em Ti, servindo aos outros. com o grafite.
Quanto mais o tempo passava mais Johnny esquecia o seu
Assim Seja! amor insolente. Era assim que ele considerava. Até que
*********************** conheceu Maria Gabriela. Bela moça cheia de feminilidade.
Não era artista, mas conhecia bem a mente artística, tinha
muita sensibilidade nesse ramo.
O RECOMEÇO Quanto mais lhe conhecia, Johnny se sentia atraído.
By Sérgio Francisco de Oliveira on November 26th, 2009 Ao mesmo tempo descobria que o que realmente lhe separara
Era inverno. Não podia mais conter a ansiedade, de seu outro amor, a senhorita Ludmila, foi incompatibilidade,
principalmente por que voltava para casa depois de passados eram opostos, freqüente desentendimento lhe desgastar a
oito anos. Aquela cidade já não lhe continha. Por isso estava ponto de abandonar tudo.
em busca de novos caminhos. Ao passo que constituiu família com Maria Gabriela. Com ela
Às vezes acontecia com Johnny, suas crises existenciais o fazia se sentia completo. Dessa forma Johnny achou paz e pode ser
perder o sentido. Tudo o que precisava era viajar explorar feliz como artista renomado.
novos horizontes. Mas pelo que parecia dessa vez exagerou
um pouco nesse ‘tempo’ que precisou para recobrar sua
identidade. CHUVA - POEMA - JONES
By jones de oliveira borges on November 25th, 2009
Ali no aeroporto as horas tornavam cada minuto eterno. Nas
mãos o retrato da amada lhe dava esperança. Mas ao mesmo CHEGOU A CHUVA
tempo não se cabia mais dentro de si mesmo. Um café lhe
poderia aliviar a tensão. Mais em todo o tempo a pergunta E O NADA FAZER
não poderia fugir para sempre: Estaria à noiva para sempre à
espera? QUE JÁ NÃO ERA POUCO
Nesse momento Johnny começa a pensar em tudo que lhe
fez partir. Nas tolas discussões com a noiva. Essas eram ME PARA
infindáveis. Johnny era rapaz de bela aparência, comunicava
ALISA
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13. December 29th, 2009 Published by: vozlivre
E UM POUCO
MINHA PELE QUENTE
DE QUEDA DE FOLHA
DE GATO-TIGRE
OU NEVE
E ABRE
MEU CORPO
MEUS OLHOS
TRANSCENDE
DE ESPERA
E ENLAÇA
NESSA ÁGUA
UM TANTO DE MAR
QUE DESCE NA JANELA
E MUITO DE VENTO
ABRIU TAMBÉM
EM CADA PASSO
O CÓRREGO DE MINHA ALMA
TEU
AS VELHAS TRANCAS
ME CARREGAS
APODRECIDAS
COMO O CHEIRO
NÃO SUPORTARAM
DOS TEUS CABELOS
E AGORA SOU
E O BARULHO
BARCO DE PAPEL
DOS TEUS TAMANCOS
CONTORNANDO CALÇADAS
IMPERCEPTÍVEL
SOU PÉS DESCALÇOS
PORÉM
CALÇÕES SUJOS DE BARRO
COM O ETERNO
LATAS DE LIXO VIRADAS
QUE FICOU
E PALITO DE FÓSFORO
ENTRE
ENTRANDO PELO RALO
TEUS OLHOS
SOU TAMBÉM
E NA MARCA
CARA DE CRIANÇA MOLHADA
DOS MEUS DENTES
SOU A SECA QUE ACABA
EM TUA BOCA.
SOU ESTE DESERTO
SUBMERGINDO ENCONTRO - POEMA - JONES
By jones de oliveira borges on November 25th, 2009
NA CHUVA QUE CHEGOU. PÁSSARO LIVRE
MARCAS - POEMA - JONES VISITANTE
By jones de oliveira borges on November 25th, 2009
DO MEU TEMPO
NESTE TEU GESTO
CONSTANTE
MEIO DE FERA
ABRE TUAS ASAS
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14. December 29th, 2009 Published by: vozlivre
E ME ACOLHE A TUA FORÇA
NOS ESPAÇOS E DE MEU SUOR
DESSE TEU PEITO O TEU SANGUE
DE PLUMAS QUERO PASSAR
SUAVEMENTE NO TEU UNIVERSO
PARE DE VOAR LIBERTO
VENHA POUSAR COMO PARTE
AO MEU LADO DO TEU DESTINO
FECHANDO EXISTO
ESTAS GARRAS EM ARMADILHAS
QUE ME FAZEM QUE ME PROCURAM
EM PEDAÇOS E ATRAEM
DE DOR E AMOR NESTA LINHA
DO ESPERAR TER HORIZONTE
LENTAMENTE DE TEU SEIO
OLHA MINHA MÃO QUE ANSEIA
REPLETA DE ÁGUA ADORMECIDO.
E DE SEMENTES
O DESTINO SEMPRE NOS
VEM SACIAR
ENVOLVE PELOS CANTOS -
ESSA SEDE E FOME POEMA - JONES
By jones de oliveira borges on November 25th, 2009
E CONFIANTEMENTE
Agora quando percebo
DEIXA-ME ENTRAR
O derramar de teu pranto
NESTA TUA
Sei que desta vez tua culpa
ANSIOSA BOCA
Raiva e desencanto
PARA PODER VIVER
Se volta contra este amor
DENTRO E CONTIGO
Que dizes amar tanto
ETERNAMENTE.
Com estas desculpas do
NO HORIZONTE DE TEU SEIO - Teu viver pleno e suficiente
POEMA - JONES Quantas perdas lamentos
By jones de oliveira borges on November 25th, 2009
FIZ DE MINHA CARNE Prantos e desencantos
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15. December 29th, 2009 Published by: vozlivre
Deixaste naqueles que te SEM PASSADOS
Amaram verdadeiramente SEM FUTUROS
E sinto que esta é a hora PORÉM AO TEU LADO
Do teu negado encontro MESMO INSEGURO
Que te leva ao presente E PREOCUPADO
Passado e também futuro ME SINTO AMADO
Das coisas que sempre ME SINTO PURO.
Dos outros cobraste tanto
HOJE - POEMA - JONES
É que talvez não lembres By jones de oliveira borges on November 25th, 2009
Hoje
E fácil é o esquecer Quando os loucos
Estão sorrindo
Que o destino sempre Pois não precisam
Trabalhar
Nos envolve pelos cantos Quando os presos
Estão cantando
Onde imaginamos que Porque não têm
A preocupação
A vida não vai acontecer. Do para onde ir
Hoje
MULHER PRESENTE - POEMA - Quando os doentes
Estão contentes
JONES Porque ainda
By jones de oliveira borges on November 25th, 2009 Não estão
Morrendo
CAMINHEI ANSIOSO E os mortos
Estão felizes
AO TEU ENCONTRO Porque são amados
E respeitados
ME PREPAREI
Hoje
UM MUNDO INTEIRO Quando não existem
Desastres
ENCHI CELEIROS E tudo é uma grande
Libertação
REGUEI JARDINS Quando a dor
Se mesclou em sol
PLANTEI SEMENTES E a vida
É puro encanto
ME FIZ CONTENTE
Hoje
FICANDO ASSIM Eu quero dar poesia
Ser este pouco
O QUE HOJE SOU Que tenho
E o muito
NO TEU PRESENTE Que não desejo
Nesta nossa
ENTÃO CHEGASTE Calma realidade
Onde estou
LEVE E SUAVE Perfeito
Pleno e inteiro
COMO A BRUMA
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16. December 29th, 2009 Published by: vozlivre
No encontro
Simples Me confundiste
Deste instante No som suave
Eterno Desta tua voz
E verdadeiro E acreditei
Ser a magia
Das palavras
FAVOR FECHAR AS JANELAS - Dos sábios
POEMA - JONES E dos poetas
By jones de oliveira borges on November 25th, 2009
Fui confundido
Favor fechar as janelas E hoje já desacreditado
Entra um vento frio Sinto teu jeito cansado
De inverno Neste encanto quebrado
Em cada poro Vendo o vazio novamente
Desta calma eterna Transbordar nosso ausente
Com este novo desiludido
Vivencio Do alegre que foi perdido.
Um grande arrepio
Deve ser quem sabe
O frio das lembranças QUANDO DO SOL - POEMA -
Que estão passando
Nas calçadas JONES
By jones de oliveira borges on November 25th, 2009
Ou então aquelas
Que os pássaros levam Quando do sol
Debaixo de suas asas Nascido
Em touro
Não sei de onde vem Privilegiado
Apenas não quero Minha mãe dizia
Que ninguém entre Filho amado
Nem mesmo este vento Feliz do dia
Neste meu lugar Em que gerado
Que conquistei Foste de mim
No cobertor macio O escolhido
Dos teus pelos
Quando já
Por favor amor Mais crescido
Fecha E não tanto
Estas janelas Amado
E abre mais Disse-me
Essas pernas. A mesma mãe
És perdoado
Por não ter
DESCOBERTA - POEMA - Meu amor
JONES Correspondido
By jones de oliveira borges on November 25th, 2009
Compreendi
Fui confundido Então
Nas cores Que tudo
E nos rumores O que me fora
De tuas asas Doado
E acreditei Seria sempre
Que eras Cobrado
Borboleta No mesmo
Peso
Fui confundido Que seria
Pelo brilho Medido
De tuas luzes
E acreditei E assim
Que eras Dos amores
O arco-íris Fiquei
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