Este documento é um tributo a Geraldo Rodrigues Guimarães, um amigo querido que faleceu. Ele era um espírita devoto e palestrante dedicado que ajudou muitas pessoas ao longo de sua vida. Sua esposa Ana e ele fundaram o Grupo Espírita Caminho da Esperança para apoiar os necessitados e difundir a doutrina espírita. Embora sua presença física falte, seu legado e amizade permanecerão.
1. Boletim Esperança
SUPLEMENTO ESPECIAL
GERALDO RODRIGUES GUIMARÃES
Pode-se medir uma amizade? Como poderei expressar em palavras
se
uma convivência diária? Como é possível expressar sentimentos tão solidificados
pelo tempo e pela convivência?
Meu amigo Geraldo Guimarães ficou encantado, sofreu um processo
de encantamento e transformou-se num ponto de luz desde o dia 11 de janeiro de
se
2010, esta é a forma que encontrei para compensar a ausência física do querido
amigo: parodiando João Guimarães Rosa.
Tantas conversas tivemos, ele gostava de contar passagens de sua
convivência com Divaldo Franco, lá em Salvador, os primeiros tempos de muito
nvivência
esforço na formação da Mansão do Caminho, as extraordinárias e memoráveis
passagens da mediunidade do médium e companheiro.
Em qualquer circunstância onde sua lúcida palavra era req
requerida,
bastavam alguns segundos de busca em sua privilegiada memória e lá vinha uma citação de um Espírito mentor, a
ilustrar o assunto em pauta, e depois, lá ia ele viajando pela estrada do conhecimento, a ilustrar seus atentos
ouvintes, tão ricas eram suas palavras e sinceras as suas inflexões, que era possível imaginar
uas imaginar-se os cenários
concretos de suas lembranças.
Era gratificante ouvi-lo contar como encontrou Ana, sua companheira da vida, lá em Araçatuba, no
lo
interior de São Paulo, ele que era nascido em Aracaju, passado por Salvador, onde sedimentou os fundamentos do
Espiritismo, foi encontrá-la tão longe, imersa nos mesmos ideais que ele e com ela, juntou suas esperanças, formou
la
sua família, teve filhos... Cumpriu o seu destino.
Meu amigo tinha um fino humor, nunca descendo o nível e sempre provocando o riso de seus
interlocutores, era uma alegria contagiante, marota, de quem sabia conquistar. Durante anos, tivemos nossas salas
vizinhas, lá no Lar Fabiano de Cristo, separadas por fina parede - fomos vizinhos de sala e de coração – eu sabia
inhos
quando o Geraldo chegava, porque o Nean, que dividia a sala com ele, começava a soltar uma gargalhada sonora e
alegre, graças a alguma novidade jocosa que ele trazia.
Geraldo lia muito, estudava, sempre fez isso, era dotado de prodigiosa memória e sua fé raciocinada,
na mais pura recomendação de Kardec, o fazia um convicto arauto do espiritismo, palestrante ímpar, culto e
arrebatador.
Geraldo e Ana Guimarães tornaram-se um binômio da mais esclarecida
se
expressão espírita, leais amigos de Divaldo Franco, percorreram o Brasil e muitos
espírita,
lugares do exterior, levando a fé que os animava.
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2. Continuarão juntos, não é uma simples troca dimensional que vai separar esses dois, ela daqui,
ternamente cantando “eu sei que vou te amar...” e ele respondendo: ─ Eu também... Cada um, na sua escala,
continuará apresentando suas palestras, onde for necessário.
Durante anos fizemos nosso programa espírita semanal, na Rádio Rio de Janeiro, ele com mais tempo
dio
que eu no ar, sempre pelo Clube de Arte do Lar Fabiano de Cristo, depois quando o ICEB – Instituto de Cultura
Espírita do Brasil – assumiu o Clube de Arte, juntou-se a nós o companheiro César Reis, também velho amigo do
sar
Geraldo, e formamos um trio voltado para as reflexões da obra de Deolindo Amorim.
Meu amigo também escrevia muito bem, crônicas inolvidáveis, temas espíritas, verbo e escrita fáceis,
qualidades inatas nessa pessoa especial.
De si, nada tinha de material, sempre trabalhou muito, teve uma rica experiência profissional, ético,
material,
coerente, provedor da família e agradecido pelo que podia fazer pela esposa e filhos, não enriqueceu, em
compensação, construiu uma fortuna incalculável em forma de amigos, de pessoas que realmente o queriam bem,
era muito feliz e isso, como sabemos, nem a ferrugem e as traças podem corroer... Esses valores o acompanham
agora, não tenho dú
dúvida.
Certa vez, em um momento difícil para mim, ele teve a percepção de
procurar saber o que se passava e, solidário, ajudou-me com palavras e ações, coisas
me
que só as melhores almas podem fazer, em silêncio e com alegria, o que, aliás, ele fez
com dezenas de amigos.
Certamente, como todos os seres humanos, nem todos os seus atos foram
certos e coerentes, mas a média é, sem questionamentos,
coerentes,
extremamente favorável para o saldo credor de sua vida.
Junto com a esposa e sua família, fundou o Grupo
Espírita Caminho da Esperança, ponto luminoso difusor da doutrina espírita, apoio dos
pobres e necessitados, testemunho do que melhor a caridade pode exemplificar. O
Caminho da Esperança é a aplicação prática dos postulados que ele aprendeu na doutrina
espírita.
Não posso negar que algumas lágrimas brotaram de minha emoção, como
explicar para a minha natureza humana, aquilo que minha natureza espiritual compreende tão bem? Foram
ana,
lágrimas de alegria, um reconhecimento pelo privilégio de ter tido um amigo tão querido.
Não cabe tristeza quando se sabe que ele foi ao encontro de veneráveis companheiros, amigos que um
dia também acolherão a todos nós, que tanto nos esforçamos para sermos um pouco melhores.
O nosso Geraldo vai caminhar por uma estrada melhor, em uma esteira luminosa que nos dá a certeza
de estarmos no melhor caminho, é ainda no início, mas agora, como amigos para sempre.
amigos
Assaruhy Franco de Moraes
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