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2 DEZEMBRO/2011   A Lavoura
A Lavoura
                                                                                                 A Lavoura
                                                                                                               ANO 114 - NO 687
DIRETOR RESPONSÁVEL
Antonio Mello Alvarenga Neto
                                              PESQUISA
                                              Raça bovina americana é foco de
EDITORA                                       melhoramento pela Embrapa
Cristina Baran
editoria@sna.agr.br
                                              O senepol é uma raça adaptada
ENDEREÇO
Av. General Justo, 171 - 7º andar
20021-130 - Rio de Janeiro - RJ
                                              ao calor, fértil e sua carne
                                              é de boa qualidade                 38
Tel.: (21) 3231-6350
Fax: (21) 2240-4189                           HORTICULTURA
ENDEREÇO ELETRÔNICO
                                              Tomate: produção integrada com milho
www.sna.agr.br
                                              ganha força
e-mails: alavoura@sna.agr.br                  Um novo aumento da produção de
redacao.alavoura@sna.agr.br
                                              tomate poderá ocorrer em 2012
DIAGRAMAÇÃO / EDITORAÇÃO ELETRÔNICA           nas propriedades onde o
Paulo Américo Magalhães
Tel: (21) 2580-1235 / 8126-5837
e-
mail:pm5propaganda@terra.com.br
                                              cultivo é alternado com
                                              o plantio de grãos                 40
IMPRESSÃO:                                    LEITE
Central Indústria Gráfica                     Novos desafios da produção leiteira
Tel.: (32) 3215-8988                          O mercado leiteiro é um setor de
www.centralindustriagrafica.com.br
                                              grande impacto no agronegócio
COLABORADORES DESTA EDIÇÃO:                   com uma produção média
Aguinaldo José de Lima
Ana Carolina Miotto
Antonio Mello Alvarenga Neto
Carla Gomes
                                              estimada de 32 bilhões
                                              para 2011                          49
Daniela Miyasaka S. Cassol
Eduardo Pinho Rodrigues
Eliana Cezar Silveira
Fernanda Domiciano
                                              VINICULTURA
Gabriela Afonso Prado
Gastão Crocco
                                              Vinhos, tradição e modernidade           14
Ibsen de Gusmão Câmara
Ivani Cunha                                   ALGODÃO
Isabella Vincoletto
Jacira Collaço                                Avanços e recordes do algodão
João Eugênio
Juliana Caldas
                                              no Brasil                                21
Liliane Castelões
Luís Alexandre Louzada                        VITICULTURA
Marcos Esteves                                Produção integrada de uva: maior valor
Paulo Sader
Pietro Massari                                agregado no processamento
Regina Flores
Renato Ponzio
                                              à cadeia vitivinícola                    29
Ronaldo Spirlandelli
Samar Velho da silveira                       VITICULTURA                                   SNA 114 ANOS                   06
Sérgio de Marco
Silvia Palhares                               Cultivo protegido de uva aumenta
Sophia Gebrim                                 produtividade em 100%                    35   PANORAMA                       10
É proibida a reprodução parcial ou total de
qualquer forma, incluindo os meios
eletrônicos, sem prévia
                                              SILAGEM                                       SOCIEDADE RURAL
autorização do editor.                        É tempo de pensar na silagem             44
ISSN 0023-9135                                                                              BRASILEIRA - SRB               22
Os artigos assinados são de responsa-         COOPERATIVISMO
bilidade exclusiva de seus autores, não
traduzindo necessariamente a opinião
                                              Exportações das cooperativas crescem          SOBRAPA                        25
da revista A Lavoura e/ou da Socie-
dade Nacional de Agricultura
                                              34,6% entre janeiro e outubro            46
                                                                                            BIOTECNOLOGIA                  34
Capa:    Uva da variedade grenache,
                                              DESENVOLVIMENTO
da fazenda vinícola “La Vieille Ferme”,
em Vinsobres, Provence, França,               AGRÍCOLA                                      ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO           42
de propriedade da Família Perrin              As Câmaras Setoriais e Temáticas
Foto de Cristina Baran
editoria@sna.agr.br                           do Ministério da Agricultura             54   EMPRESAS                       48

                                                                                                    A Lavoura DEZEMBRO/2011 3
DIRETORIA EXECUTIVA                                       DIRETORIA TÉCNICA                                                   COMISSÃO FISCAL
                                                          ALBERTO WERNECK DE FIGUEIREDO    MARCIO SETTE FORTES DE ALMEIDA     CLAUDINE BICHARA DE OLIVEIRA
ANTONIO MELLO ALVARENGA NETO        PRESIDENTE            ANTONIO FREITAS                  MARIA HELENA FURTADO               MARIA CECÍLIA LADEIRA DE ALMEIDA
ALMIRANTE IBSEN DE GUSMÃO CÂMARA    1O VICE-PRESIDENTE
                                                          CLAUDIO CAIADO                   MAURO REZENDE LOPES                PLÁCIDO MARCHON LEÃO
OSANÁ SÓCRATES DE ARAÚJO ALMEIDA    2O VICE-PRESIDENTE
                                                          JOHN RICHARD LEWIS THOMPSON      PAULO PROTÁSIO                     ROBERTO PARAÍSO ROCHA
JOEL NAEGELE                        3O VICE-PRESIDENTE
                                                          FERNANDO PIMENTEL                ROBERTO FERREIRA S. PINTO          RUI OTAVIO ANDRADE
TITO BRUNO BANDEIRA RYFF            4O VICE-PRESIDENTE
FRANCISCO JOSÉ VILELA SANTOS        DIRETOR               JAIME ROTSTEIN                   RONY RODRIGUES OLIVEIRA
HÉLIO MEIRELLES CARDOSO             DIRETOR               JOSÉ MILTON DALLARI              RUY BARRETO FILHO
JOSÉ CARLOS AZEVEDO DE MENEZES      DIRETOR               KATIA AGUIAR
LUIZ MARCUS SUPLICY HAFERS          DIRETOR
RONALDO DE ALBUQUERQUE              DIRETOR
SÉRGIO GOMES MALTA                  DIRETOR


                                                           FUNDADOR         E   P AT R O N O : O C TAV I O M E L L O A LVA R E N G A
Academia Nacional
de Agricultura                      CADEIRA                            PATRONO                                   TITULAR

                                    01                                 E NNES DE S OUZA                          R OBERTO F ERREIRA DA S ILVA P INTO
                                    02                                 M OURA B RASIL                            J AIME R OTSTEIN
                                    03                                 C AMPOS DA P AZ                           E DUARDO E UGÊNIO G OUVÊA V IEIRA
                                    04                                 B ARÃO DE C APANEMA                       F RANCELINO P EREIRA
                                    05                                 A NTONINO F IALHO                         L UIZ M ARCUS S UPLICY H AFERS
                                    06                                 W ENCESLÁO B ELLO                         R ONALDO DE A LBUQUERQUE
                                    07                                 S YLVIO R ANGEL                           T ITO B RUNO B ANDEIRA R YFF
                                    08                                 P ACHECO L EÃO
                                    09                                 L AURO M ULLER                            F LÁVIO M IRAGAIA P ERRI
                                    10                                 M IGUEL C ALMON                           J OEL N AEGELE
                                    11                                 L YRA C ASTRO                             M ARCUS V INÍCIUS P RATINI DE M ORAES
                                    12                                 A UGUSTO R AMOS                           R OBERTO P AULO C ÉZAR DE A NDRADE
                                    13                                 S IMÕES L OPES                            R UBENS R ICUPERO
                                    14                                 E DUARDO C OTRIM                          P IERRE L ANDOLT
                                    15                                 P EDRO O SÓRIO                            A NTONIO E RMÍRIO DE M ORAES
                                    16                                 T RAJANO DE M EDEIROS                     I SRAEL K LABIN
                                    17                                 P AULINO F ERNANDES
                                    18                                 F ERNANDO C OSTA
                                    19                                 S ÉRGIO DE C ARVALHO                      S YLVIA W ACHSNER
                                    20                                 G USTAVO D UTRA                           A NTONIO D ELFIM N ETTO
                                    21                                 J OSÉ A UGUSTO T RINDADE                  R OBERTO P ARAÍSO R OCHA
                                    22                                 I GNÁCIO T OSTA                           J OÃO C ARLOS F AVERET P ORTO
                                    23                                 J OSÉ S ATURNINO B RITO
                                    24                                 J OSÉ B ONIFÁCIO
                                    25                                 L UIZ DE Q UEIROZ                         A NTONIO C ABRERA M ANO F ILHO
                                    26                                 C ARLOS M OREIRA                          J ÓRIO D AUSTER
                                    27                                 A LBERTO S AMPAIO                         A NTONIO C ARREIRA
                                    28                                 E PAMINONDAS DE S OUZA                    A NTONIO M ELLO A LVARENGA N ETO
                                    29                                 A LBERTO T ORRES                          I BSEN DE G USMÃO C ÂMARA
                                    30                                 C ARLOS P EREIRA DE S Á F ORTES           JOHN RICHARD LEWIS THOMPSON
                                    31                                 T HEODORO P ECKOLT                        J OSÉ C ARLOS A ZEVEDO DE M ENEZES
                                    32                                 R ICARDO DE C ARVALHO                     A FONSO A RINOS DE M ELLO F RANCO
                                    33                                 B ARBOSA R ODRIGUES                       R OBERTO R ODRIGUES
                                    34                                 G ONZAGA DE C AMPOS                       J OÃO C ARLOS DE S OUZA M EIRELLES
                                    35                                 A MÉRICO B RAGA                           F ÁBIO DE S ALLES M EIRELLES
                                    36                                 N AVARRO DE A NDRADE                      L EOPOLDO G ARCIA B RANDÃO
                                    37                                 M ELLO L EITÃO                            A LYSSON P AOLINELLI
                                    38                                 A RISTIDES C AIRE                         O SANÁ S ÓCRATES DE A RAÚJO A LMEIDA
                                    39                                 V ITAL B RASIL                            D ENISE F ROSSARD
                                    40                                 G ETÚLIO V ARGAS                          E DMUNDO B ARBOSA DA S ILVA
                                    41                                 E DGARD T EIXEIRA L EITE                  E RLING S. L ORENTZEN




           SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA · Fundada em 16 de janeiro de 1897 · Reconhecida de Utilidade Pública pela Lei nº 3.459 de 16/10/1918
           Av. General Justo, 171 - 7º andar · Tel. (21) 3231-6350 · Fax: (21) 2240-4189 · Caixa Postal 1245 · CEP 20021-130 · Rio de Janeiro - Brasil e-mail:
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           ESCOLA WENCESLÁO BELLO / FAGRAM · Av. Brasil, 9727 - Penha CEP: 21030-000 - Rio de Janeiro / RJ · Tel. (21) 3977-9979


4 DEZEMBRO/2011          A Lavoura
Carta da    S NA

Segurança alimentar para 9 bilhões de bocas
           população mundial atingiu, no início de no-       As exportações da agropecuária brasileira atin-


A
N          vembro, sete bilhões de pessoas. Até 2050,
           a ONU estima que chegaremos a nove bi-
          lhões de habitantes. São 213 mil novas bo-
cas por dia, ou 78 milhões por ano.
                                                         giram a cifra recorde de US$ 92 bilhões no período
                                                         de 12 meses, entre novembro de 2010 e outubro de
                                                         2011. O valor representa uma expansão de 25% em
                                                         relação ao mesmo período do ano anterior.
    O maior desafio a ser enfrentado nas próximas            Considerando que as importações do setor alcan-
décadas será equacionar a oferta de alimentos para       çaram o montante de US$ 16,8 bilhões no mesmo pe-
os novos habitantes do planeta. Não é tarefa fácil,      ríodo, o superávit da balança comercial do agrone-
principalmente se levarmos em conta que temos atu-       gócio alcançou a extraordinária cifra de US$ 75 bi-
almente cerca de um bilhão de pessoas subnutridas.       lhões!
    Caberá ao Brasil desempenhar importante papel            É difícil imaginar o que seria da economia brasi-
na solução dessa equação, que envolve segurança ali-     leira se não fosse esse vigoroso sucesso de nosso agro-
mentar e sustentabilidade. Principalmente nos pró-       negócio.
ximos 20 ou 30 anos, enquanto novas áreas de pro-            Há muitos interessados em investir no desenvol-
dução no mundo não venham a ser desenvolvidas.           vimento do setor. No entanto, precisamos supe-
    Além de produzir alimentos em quantidade, qua-       rar alguns obstáculos. O primeiro deles é propor-
lidade e preço para a sua população, o Brasil precisa-   cionar mais segurança aos investidores, resolven-
rá responder, cada vez mais, ao desafio de suprir        do a questão do novo Código Florestal e a legisla-
as necessidades de alimentação do mundo. Isso sem        ção sobre a venda de terras para estrangeiros.
falar na produção de energia verde.                          Outro problema é a precariedade de nossa in-
    Para atender a essa demanda, a expansão virá         fraestrutura de transporte, armazenagem e logís-
com o aumento da produtividade de nossas pasta-          tica de exportação. Somos muito eficientes “da
gens e com a incorporação, ao processo produtivo,        porteira para dentro”, mas nossa infraestrutura não
de novas áreas no cerrado. É inevitável.                 acompanhou o crescimento do agronegócio, afe-
    O Brasil tem conseguido aproveitar suas vanta-       tando duramente a competitividade dos produtos
gens comparativas para tornar-se referência no agro-     brasileiros no exterior, e reduzindo a renda dos pro-
negócio global. Temos terra, água, clima, tecnolo-       dutores. Para se ter uma ideia, o custo do frete
gia e mão-de-obra qualificada para satisfazer a cres-    no Brasil chega a ser quatro vezes maior que em
cente demanda global por produtos de origem agro-        outros países exportadores do agribusiness, como
pecuária.                                                é o caso dos EUA e da Argentina.
    Há tempos estamos aumentando nossa produção              As oportunidades são claras e devemos
a taxas maiores do que aquelas alcançadas em ou-         aproveitá-las. Somos uma nação que precisa cres-
tras regiões do planeta. Com isso, vamos consolidan-     cer, proporcionar emprego e boas condições de
do nossa posição de grande player nos mercados do        vida aos brasileiros. Não podemos impedir o pro-
agronegócio mundial.                                     gresso de nosso agronegócio. O Brasil precisa
    Somos o maior produtor de café, cana-de-açú-         produzir alimentos e energia renovável para os
car e laranja do mundo; o segundo maior produtor         novos habitantes do planeta. Uma questão de
de soja e o maior exportador mundial de carnes. Em       segurança alimentar e sustentabilidade.
pouco tempo, seremos o principal polo mundial de
algodão e de biocombustíveis e um dos principais for-
necedores de madeira, papel e celulose.                             Antonio Mello Alvarenga Neto



                                                                                    A Lavoura DEZEMBRO/2011 5
SNA comemora a Semana
                                              Mundial da Alimentação
                                       Durante evento,




                                                                                                                                                                        DANIELLE MEDEIROS
                                 instituição assina acordo
                                 com a Organização das
                                Cooperativas Brasileiras

                          Até 2050, a população mundial será de nove
                     bilhões de habitantes, segundo estimativas da ONU.
                     Organismos internacionais apontam que há cerca
                     de um bilhão de pessoas mal alimentadas no mun-
                     do. Com o objetivo de debater os desafios que o
                     planeta terá de enfrentar na produção de alimen-
                     tos, nos próximos anos, bem como o papel do Bra-
                     sil na solução deste problema, a Sociedade Nacio-
                     nal de Agricultura, para comemorar a Semana
                     Mundial da Alimentação, promoveu, em seu audi-
                     tório, no dia 19 de outubro, uma reunião com               Marcos Diaz (presidente da OCB-RJ), Márcio Lopes de Freitas (presidente da
                                                                                OCB-Nacional) e Antonio Alvarenga (presidente da SNA)
                     membros da diretoria e da Academia Nacional de
                     Agricultura. O encontro contou ainda com a participação de au-              lação, vem se tornando responsável por garantir boa parte das ne-
                     toridades representativas do setor agrícola.                                cessidades de alimentação do mundo”.
                          Na abertura do evento, o presidente da SNA, Antonio Alvarenga,             Segundo o presidente da SNA, o Brasil vem respondendo bem
                     saudou os presentes e falou sobre a importância de promover um              a este desafio, aumentando sua produção a taxas maiores do que
                     debate de qualidade, reunindo personalidades de vários segmentos            os índices de crescimento em outras regiões do planeta. “O país
                     do agronegócio. Citando números da FAO - que prevê, até 2050, a             está ganhando participação cada vez maior no mercado interna-
                     necessidade do mundo em aumentar a produção de grãos em cerca               cional, consolidando-se como um grande player do agronegócio
                     de 50%, e de carnes, em quase 100% -, Alvarenga abordou a questão           mundial”, salientou, acrescentando que, mesmo com um cená-
                     de futuras demandas globais.                                                rio positivo, “é necessário melhorar a pauta exportadora, com o
                          “Nos próximos anos, a crise de alimentos estará cada vez mais          incremento de produtos de melhor valor agregado”.
                     presente nos fóruns internacionais e em nosso dia-a-dia. A preocu-              Em seguida, o diretor da SNA, Fernando Pimentel, disse que,
                     pação mundial se voltará com grande intensidade para a segurança            apesar do bom momento pelo o qual o agronegócio vem passando, o
                     alimentar. E o Brasil deverá desempenhar um papel cada vez mais             setor não está imune à crise internacional. Na ocasião, traçou um
                     importante nesse sentido. Além de produzir alimentos em quantida-           painel geral do Brasil no contexto geoeconômico que, para ele,
                     de, qualidade e preço para atender às necessidades de sua popu-             apresenta estabilidade, ao lado de países como China e Austrália.
                                                                                                                     Fábio Meirelles, presidente da Federação de
                                                                                                                 Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp), afirmou
 DANIELLE MEDEIROS




                                                                                                                 que as lideranças do campo devem se empenhar
                                                                                                                 para defender o produtor, a cultura agrícola e a
                                                                                                                 sociedade brasileira. “É necessário estabelecer uma
                                                                                                                 política de defesa da nossa economia, dentro da
                                                                                                                 realidade nacional”.
                                                                                                                 Cooperativismo
                                                                                                                     O movimento cooperativista ganhou destaque
                                                                                                                 durante o encontro, que foi finalizado com a assi-
                                                                                                                 natura de um convênio entre a SNA e a Organiza-
                                                                                                                 ção das Cooperativas Brasileiras (OCB), para promo-
                                                                                                                 ver ações de ensino e capacitação, bem como pro-
                                                                                                                 jetos de sustentabilidade e segurança alimentar. Es-
                                                                                                                 tiveram presentes à ocasião Márcio Lopes de
                                                                                                                 Freitas, presidente da OCB-Nacional, Marcos Diaz,
                                                                                                                 presidente da OCB-RJ, Jorge Barros, superintenden-
                                                                                                                 te técnico do Sescoop-RJ, e Renato Nobile, supe-
                                                                                                                 rintendente da OCB-Brasília.
                     Fábio de Salles Meireles (presidente da FAESP); Antonio Alvarenga (presidente da                O vice-presidente da SNA, Joel Naegele, consi-
                     Sociedade Nacional de Agricultura), e o vice-presidente da SNA, Osaná de Araújo Almeida     derou o acordo histórico. “O documento garante

6 DEZEMBRO/2011                           A Lavoura
DANIELLE MEDEIROS




                    Joel Naegele (vice-presidente da SNA), Márcio Lopes de Freitas (presidente da OCB-Nacional), Antonio Alvarenga (pres. SNA),
                    Marcos Diaz (presidente da OCB-RJ), Cesário Ramalho (presidente da SRB), Renato Nobile (superintendente da OCB-Brasília) e
                    Jorge Barros (superintendente do Sescoop-RJ) comemoram a parceria SNA/OCB

                    a permanência das práticas cooperativistas,
                                                                   DANIELLE MEDEIROS




                    para que os produtores tenham maior assis-
                    tência e ganhos”.
                         Márcio Lopes de Freitas informou que,
                    atualmente, o país conta com 1612 coopera-
                    tivas, respondendo por 44% da produção bra-
                    sileira. “Cooperativa é negócio, é estruturada
                    para ganhar dinheiro”, afirmou, sugerindo,
                    como estratégias para o setor, maior
                    interatividade entre cooperativas e empresas,
                    e a formação de uma sociedade anônima para
                    captar recursos do exterior.
                         Ao anunciar a estruturação de um gran-
                    de centro de formação cooperativista em São
                    Paulo, Freitas declarou que “as cooperativas
                    devem ter um compromisso maior nas comu-          O empresário e produtor rural Ruy Barreto e o presidente da FAESP, Fábio de Salles
                    nidades em que estão presentes”.                 Meireles, durante almoço comemorativo, ao lado da diretoria da SNA: Antonio
                                                                     Alvarenga (presidente), almirante Ibsen de Gusmão Câmara (vice-presidente), Ronaldo
                         Cesário Ramalho, presidente da Socieda-     de Albuquerque (diretor) e Roberto Paraíso Rocha (membro da Comissão Fiscal)
                    de Rural Brasileira, destacou o papel da SRB
                    neste setor. “Temos um relacionamento profundo com várias asso-        setor “é uma espécie de rede onde pequenos, médios e grandes
                    ciações rurais. O agricultor deve ter a capacidade de gerir seu        produtores dependem um do outro e das comunidades que utili-
                    negócio, com o apoio das cooperativas”, declarou, ressaltando a        zam os produtos”. “Nesse âmbito”, disse a coordenadora, “é im-
                    luta da SRB por uma renda e apoio maior ao homem do campo.             portante saber o que o consumidor deseja”. Sylvia observou ainda
                    Produção e consumo                                                     a falta de marcas genuinamente brasileiras no agronegócio, em com-
                         Para falar sobre a produção cafeeira, Ruy Barreto Filho, dire-    paração às multinacionais.
                    tor da SNA, denunciou o abandono do setor nos últimos 25 anos,             Também presente ao encontro, o diretor da SNA, Márcio
                    lembrando a extinção, pelo governo, do Instituto Brasileiro do Café    Sette Fortes de Almeida, argumentou que “o produto rural é
                    (IBC). O diretor também chamou a atenção para a falta de políticas     competitivo até a porteira da fazenda, mas vai perdendo com-
                    de exportação. “Não exportamos café solúvel e, ao mesmo tem-           petitividade quando chega ao consumidor final”. O diretor atri-
                    po, somos importadores de café brasileiro industrializado. Nossa       bui este problema a falhas de infraestrutura, incluindo fatores
                    política vesga beneficia o produtor e prejudica a exportação com       como transporte e armazenamento (neste caso, a carência de
                    valor agregado”, alertou.                                              silos). De acordo com Márcio Fortes, “30% da safra se perde no
                         Já na visão de Ruy Barreto, “o café não é um produto primário     próprio trajeto”. Segundo ele, “falta investimento e diálogo”
                    e tornou o Brasil um dos maiores países do mundo”. Ampliando o         para resolver esses gargalos.
                    debate, o produtor frisou que “o mundo tem, atualmente, uma                Ao introduzir no debate a questão ambiental, o vice-presiden-
                    enorme responsabilidade para alimentar sete bilhões de pessoas”.       te da SNA, almirante Ibsen de Gusmão Câmara, reconheceu que
                         Representando a Embrapa, Regina Lago, chefe da área de ali-       há dificuldades em conciliar a produção de alimentos com a rea-
                    mentos da instituição, abordou as oscilações nos preços de mer-        lidade das mudanças climáticas. “O clima onde as regiões são frias
                    cado, chamou a atenção para o aumento do valor da cesta básica,        será atenuado, mas nas regiões temperadas e tropicais, será mais
                    e falou sobre a importância da produção alimentar. “Atualmente,        quente. O panorama agrícola será totalmente modificado. Portan-
                    não basta produzir o alimento; é preciso que haja qualidade e se-      to, as próximas décadas serão cruciais para a preservação da hu-
                    gurança”, declarou, citando a atuação da Embrapa nas áreas de          manidade”.
                    nutrição, biotecnologia e saúde.                                           Ao final da reunião, o diretor da SNA, Alberto de Figueiredo,
                         Com o foco voltado para a cadeia do agronegócio, a coorde-        apresentou aos representantes da OCB um programa destinado à
                    nadora do Projeto OrganicsNet, Sylvia Wachsner, ressaltou que o        melhoria da pecuária leiteira no Estado do Rio


                                                                                                                             A Lavoura DEZEMBRO/2011 7
Sociedade Nacional de Agricultura
             lança nova publicação
  A    Sociedade Nacional de Agricultura promo-




                                                      DANIELLE MEDEIROS
         veu, no dia 6 de outubro, a festa de lan-
  çamento de sua nova publicação, Animal
  Business Brasil.
       Participaram do evento, no auditório da
  SNA, mais de 80 pessoas, entre membros da
  diretoria, lideranças empresariais, autoridades
  e representantes do setor agropecuário.
       Na ocasião, o presidente da Sociedade Na-
  cional de Agricultura, Antonio Alvarenga, dis-
  se que, apesar da notável liderança do Brasil
  como maior exportador de carne bovina e de
  frango do mundo, é preciso avançar mais em
  termos de produtividade. “Nos últimos anos ti-
  vemos grandes progressos nos setores de grãos
  e cana de açúcar. Agora é preciso cuidar do au-
  mento da produtividade de nossa pecuária”.                              Embaixador Flávio Perri, Antonio Alvarenga (presidente da SNA), Roberto Paulo Cézar de
       Alvarenga ressaltou ainda a importância da                         Andrade, membro da Academia Nacional de Agricultura, e o ex-deputado Márcio Fortes
  tecnologia para o desenvolvimento da pecuá-
                                                      DANIELLE MEDEIROS




  ria - aspecto que constitui um dos principais
  focos da nova revista da SNA, também volta-
  da para a ampliação da inserção internacional
  das cadeias produtivas do segmento animal.
       Ao abordar os propósitos da publicação,
  seu editor, Luiz Octavio Pires Leal, informou
  que a Animal Business Brasil é uma revista de
  negócios, direcionada a atrair investimentos
  para o setor. “Divulgar internamente e no ex-
  terior as tecnologias avançadas e as oportuni-
  dades de investimentos constituem também
  objetivos da nova publicação, e para isso con-
  tamos com a colaboração de especialistas”.
       O diretor da SNA, Márcio Sette Fortes de
  Almeida, que assina um artigo no primeiro nú-
  mero da revista, destacou que a publicação é
  voltada para o produtor que pretende adotar
  novas tecnologias, e elogiou os esforços do em-
                                                                          Cristina Baran, editora da revista A Lavoura; Márcio Sette Fortes de Almeida, diretor da
  presariado e do governo brasileiro para incre-                          SNA; e os representantes da Animal Business Brasil: Marcelo Thadeu Rodrigues
  mentar a qualidade dos produtos de origem                               (diagramador) e Luiz Octavio Pires Leal (editor)
  animal.
                                                      DANIELLE MEDEIROS




       Especializada em tecnologia da criação, re-
  produção, industrialização e comercialização de
  animais, a revista Animal Business Brasil, em seu
  número de estreia, publica matérias sobre re-
  produção high tech, avicultura brasileira, mer-
  cado de saúde animal, comércio internacional
  de cavalos, exportação de carne, entre outros.
       Com 72 páginas em cores, periodicidade
  bimestral e forte distribuição no Brasil e no ex-
  terior, a publicação bilíngue (português e in-
  glês) tem por objetivo estimular as exportações
  e os investimentos em tecnologia no segmen-
  to animal do agronegócio brasileiro.
       Durante o coquetel de lançamento da re-
  vista, o público assistiu a uma apresentação do
  pianista Osmar Milito e da cantora Sanny Alves,                         Antônio Carlos de Andrade (economista); Antonio Alvarenga (presidente da SNA), e
  que mostraram clássicos da música brasileira.                           os diretores Francisco Vilela e Sérgio Malta


8 DEZEMBRO/2011          A Lavoura
OrganicsNet debate orgânicos na panificação
O    projeto OrganicsNet, da Sociedade Nacional de Agri-
    cultura, participou do 3º Workshop de Cooperação Inter-
nacional - Gestão & Inovação na Panificação, realizado em
                                                                                    orgânica do Brasil, a Molino D´Oro, localizada em Itaipava
                                                                                    - região de Petrópolis (RJ). O estabelecimento, que per-
                                                                                    tence ao Sítio do Moinho, utiliza fermento natural sem co-
outubro, na Federação das Indústrias do Estado Mato Grosso                          adjuvantes no processo produtivo, e desenvolve conheci-
do Sul.                                                                             mento e técnica próprios para garantir a qualidade e a ras-
    O evento mostrou aos empresários do setor de panifica-                          treabilidade de seus produtos, fabricados com matéria pri-
ção do estado as novas práticas de gestão, além das tecno-                          ma italiana.
logias e inovações que visam à melhoria do processo produ-                              Dias antes de sua palestra, Sylvia fez uma visita a Itaipava
tivo, com o incremento da qualidade.                                                e teve a oportunidade de conversar com os técnicos respon-
    Na ocasião, a coordenadora do projeto OrganicsNet,                              sáveis pela Molino D‘Oro e acompanhar todas as etapas da
Sylvia Wachsner, apresentou o case da primeira padaria                              produção de pães.



  Fagram forma sua última turma de Zootecnia
                                          DANIELLE MEDEIROS




    A Faculdade de Ciências Agro-ambi-
entais (FAGRAM) realizou, no último dia
20 de outubro, no auditório da SNA, a
cerimônia de formatura de sua última
turma de Zootecnia. Após quinze anos
de funcionamento, a FAGRAM encerrou
suas atividades no campus da Penha.
    O presidente da SNA, Antonio Al-
varenga, lamentou o término do cur-
so “por falta de demanda no Rio de
Janeiro” e ressaltou a importância da
Zootecnia na segurança alimentar de
futuras gerações.
    “Até 2050, teremos dois bilhões de
pessoas a mais no mundo para alimen-
tar, e a Zootecnia é a área que cuida
da produção de alimentos de origem
animal com qualidade e respeito ao
meio ambiente e ao homem. O mundo
espera que Brasil consiga aumentar sua
produção para suprir esta demanda,
pois ainda podemos crescer em eficiên-
cia e em área, de forma sustentável e
responsável” – declarou Alvarenga.
                                                              Formandos posam para a foto clássica
    A coordenadora do curso de

Zootecnia, Christianne Perali, lembrou a história da FAGRAM e chamou a atenção para os deveres a atitudes dos novos
profissionais. “Apesar de ser a última turma, a responsabilidade de cada um dos zootecnistas formados nesta data e nas
turmas anteriores está centrada na produção com ética e responsabilidade ambiental e social”. A professora recomendou
aos formados que se dediquem constantemente ao aprimoramento profissional e trabalhem com afinco para atingir seu
sucesso.
   Os demais professores agradeceram ao período de convivência com os alunos e as experiências trocadas em sala de
aula, e manifestaram pesar pelo fim do curso.
   Colaram grau, durante a cerimônia, os alunos Leonardo Gonçalves, Flávio Bindi, Amanda Arêa, Ildecir Sias, Ellen Simas,
Gustavo Mattozinhos da Rosa, Eruana Santos, Marcos Nalin, Marcos Provetti e Mário Tremura.
   Estiveram presentes à mesa o professor Olavo David Filho, Christianne Perali, Antonio Alvarenga, Dione Firmino (paraninfa),
professor Markus Budjinsky e Marcos Aronovich.

                                                                                                                     A Lavoura DEZEMBRO/2011 9
EMBRAPA TRIGO




                           Safra de trigo em 2011 é menor,
                            mas com excelente qualidade
                         A safra de trigo em 2011, em áreas          As cultivares BRS 264 e BRS 254 são     duas aplicações de fungicidas e duas de
                     irrigadas com pivô central, no Distrito     indicadas para região do Cerrado do         inseticida, o que baixou os custos das
                     Federal, Minas Gerais e em Goiás acom-      Brasil Central, que compreende os es-       lavouras.
                     panhou a redução de produtividade           tados de Minas Gerais, Goiás, Mato              A brusone continua sendo a doença
                     verificada em todo o país. Em compa-        Grosso, Bahia e o Distrito Federal. Atu-    que mais causa prejuízos na triticultura
                     ração à safra anterior, a produtividade     almente, 90% da área plantada com           do Cerrado. Segundo o pesquisador da
                     foi 10% inferior, embora algumas lavou-     trigo irrigado nessa região utiliza as      Embrapa Cerrados, no caso do plantio
                     ras tenham alcançado em torno de 115        variedades lançadas pela Embrapa.           do trigo irrigado, a doença se agrava
                     sacos por hectare com a cultivar BRS            As unidades da Empresa Brasilei-        com a ocorrência de chuvas no estágio
                     264, quando a média foi de 90 sacos por     ra de Pesquisa Agropecuária - Embra-        de espigamento. Isso diminui conside-
                     hectare. Levantamento da Companhia          pa Cerrados e Embrapa Trigo são as          ravelmente a produtividade da lavou-
                     Nacional de Abastecimento (Conab) in-       responsáveis pelo desenvolvimento do        ra e a qualidade de grãos. Os grãos
                     dica que a produção nacional deverá ser     programa de melhoramento do trigo.          infectados apresentam-se enrugados,
                     de 5.129,9 mil toneladas, 12,8% menor           Somado à boa produtividade, o tri-      pequenos, deformados e com baixo
                     do que a colhida em 2010.                   go produzido na região é todo de alta       peso específico. Para as lavouras per-
                         A área total cultivada com trigo ir-    qualidade, comparável ao das melho-         manecerem livres desta doença, os tra-
                     rigado no Distrito Federal, Minas Gerais    res regiões produtoras do mundo, como       tamentos com fungicidas, indicados
                     e em Goiás também teve uma redução          o Canadá. Todas as variedades planta-       pela pesquisa, devem ser preventivos.
                     neste ano. Em relação a 2010, a cultu-      das no Cerrado são de trigo pão e               A Embrapa possui projetos em an-
                     ra foi plantada em menos 20% das áre-       melhorador, conforme a demanda da           damento que visam identificar fontes
                     as. As condições climáticas favorece-       indústria moageira. “No Brasil, o trigo     de resistência à brusone, mas ainda não
                     ram o bom desenvolvimento das plan-         de melhor qualidade industrial é o do       foram desenvolvidas cultivares resis-
                     tas de trigo na região do Brasil Central.   Cerrado, em função de sua alta força        tentes ao fungo Pyricularia grisea, cau-
                     “A maioria das lavouras foi colhida no      de glúten e estabilidade”, acrescenta       sador da doença. Experimentos em
                     período seco, sem a ocorrência de chu-      o pesquisador.                              rede estão sendo desenvolvidos em
                     vas, o que favoreceu a qualidade dos        Menos perdas                                Planaltina-DF, Dourados-MS e Londrina-
                     grãos e, consequentemente, favoreceu            O ataque de pragas e doenças não        PR. Nos campos experimentais da
                     a comercialização. Os produtores estão      foi significativo nesta safra, o que con-   Embrapa Cerrados, em Planaltina-DF,
                     vendendo a sua produção entre R$            tribuiu para a produtividade e a quali-     estão sendo testados vários genótipos
                     37,00 e R$ 42,00 por saco de 60 kg”,        dade do trigo nessa região. Dessa for-      anualmente. O objetivo é selecionar
                     explica o pesquisador da Embrapa Cer-       ma, muitos produtores conseguiram           materiais que apresentem baixo nível
                     rados Júlio Cesar Albrecht.                 chegar até o final do ciclo com apenas      de incidência da doença.
                                                                                                                        LILIANE CASTELÕES - EMBRAPA CERRADOS



10                    DEZEMBRO/2011       A Lavoura
SECRETARIA DE ESTADO DE AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO
  Bois confinados em Minas
produzem 80 mil ton de carne
Rebanho mantido nos currais                     tem apresentado cotações
 e piquetes aumentou 20%                        crescentes desde janeiro.
                                                Segundo análise da
     Iniciado o período das águas, os           Subsecretaria do Agronegó-
pecuaristas de Minas Gerais que mantiveram      cio da Secretaria da
bois em confinamento durante a seca de          Agricultura, no período de
2011 estão levando o gado gordo para os         janeiro a outubro de 2011,
abatedouros. Neste ano, cerca de 400 mil        o preço médio subiu
animais (volume 20% superior ao de 2010)        19,92%. Há sinais de que a
ficaram nos currais ou piquetes durante um      tendência de alta seguirá
período de até três meses para cada lote,       até janeiro/fevereiro.
                                                                                 Confinamento é rentável para produtores que cuidam bem
recebendo alimento e água, informa a                 De agora em diante,         da gestão do negócio
Emater-MG, vinculada à Secretaria de Agri-      acrescenta o assessor da se-
cultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).      cretaria, a procura pela carne deve aumen-        va que vem aprimorando o confinamento
     “Os animais de confinamento ofere-         tar, sendo a oferta quase exclusivamente do       desde 1979, quando adotou essa alterna-
cem carne em quantidade e com a quali-          produto de confinamentos. Começa um novo          tiva de manejo do gado utilizando ape-
dade exigida pelos frigoríficos e os consu-     ciclo de engorda de animais centralizado nos      nas cem bois. No ano seguinte engordou
midores, um produto muito valorizado”,          pastos que já apresentam sinais de recupe-        mil animais e depois continuou expandin-
diz o coordenador estadual de                   ração.                                            do a produção.
Bovinocultura da Emater, José Alberto de        Números positivos                                      Para 2012, Queiroz confirma que vai tra-
Ávila Pires.                                         Considerado um dos pioneiros do              balhar com 40 mil bois, pois em sua opinião
     Ele estima que pelo menos 90% dos bois     confinamento de bois no Brasil, o pecuarista      a engorda de um grande volume de animais
confinados em Minas neste ano já foram ofe-     Adalberto José de Queiroz, do município de        possibilita renda ao produtor inclusive nos
recidos no mercado. Segundo o balanço re-       Frutal (Triângulo Mineiro), manteve em cur-       períodos de baixa cotação da carne. “Prin-
alizado pela Emater, o volume total de ani-     rais, desde março, um total de 12 mil bois e      cipalmente quando se pode contar com uma
mais preparado à base de ração deve possi-      ainda conta com 25% desse plantel. Para o         boa safra de milho no dstado, como a esti-
bilitar o aproveitamento de 80 mil tonela-      produtor, os resultados deste ano foram po-       mada para 2012, e a possibilidade de pro-
das de carne. Este volume é suficiente para     sitivos porque ele conseguiu fechar bons          duzir na propriedade uma parte dos compo-
o abastecimento de 6,7 milhões de pessoas       contratos de venda a termo, isto é, comer-        nentes da ração”, finaliza.
em quatro meses, consumindo cada uma a          cialização dos animais à base de acertos que      Cenário do boi
média de 12 quilos.                             independem dos preços praticados geral-                Dados da Emater mostram que, em Mi-
     O agrônomo Renato de Assis Porto de        mente pelo mercado. Predominam nas ne-            nas Gerais, um grupo de 63 produtores tra-
Melo, assessor técnico do programa Minas        gociações as condições dos animais ofereci-       balha com plantéis confinados de mil a cin-
Carne, criado pela Secretaria da Agricultura,   dos, o cumprimento de prazos e outros as-         co mil cabeças, respondendo por 56,5% dos
também ressalta a importância do                pectos. “Estamos entregando boi por R$            animais dentro do sistema. Para completar
confinamento de bovinos e diz que os produ-     98,50 a arroba e um mês atrás vendíamos           a oferta da carne confinada no Estado, há
tores estão aderindo ao sistema com             por um preço acima da cotação atual do            um contingente de 658 pecuaristas que tra-
profissionalismo. “Eles fazem altos investi-    mercado”, enfatiza.                               balham na faixa inferior a 150 e até mil bois.
mentos principalmente na compra de ração             Queiroz ressalta que o confinamento          De acordo com Ávila Pires, a presença des-
para os animais confinados e, por isso, sem-    é uma prática rentável sobretudo para os          se número de pequenos produtores é um
pre têm a expectativa de obter uma remu-        produtores que cuidam bem da gestão do            bom suporte à atividade, que garante o abas-
neração melhor ao vender esse gado do que       negócio. “É necessário aproveitar bem as          tecimento do mercado interno em extenso
obteriam com a comercialização de animais       oportunidades para vender o boi gordo e           período, possibilitando a oferta de carne
engordados no pasto”, explica.                  também para comprar os bezerros que               bovina de qualidade a preços estáveis.
     A arroba do boi, comercializada atual-     iniciarão um novo ciclo nos currais ou pi-          IVANI CUNHA - SECRETARIA DE ESTADO DE AGRICULTURA,
mente em Minas Gerais por cerca de R$ 100,      quetes”, esclarece. O pecuarista obser-                                      PECUÁRIA E ABASTECIMENTO




  Bezerros de laboratório                                                           mente no Laboratório de Reprodução Animal do Campo Experimen-
                                                                                    tal Santa Mônica, em Valença-RJ, mais um fruto da parceria entre
                                                                                    a Pesagro-Rio e a Embrapa Gado de Leite. O resultado foi come-
 A   Pesagro-Rio dá mais um passo para o domínio da tecnologia de
      produção de embriões in vitro de bovinos de leite.
     Nasceram entre os dias 21 e 24 de junho passado, as três primei-
                                                                                    morado pelo presidente da Pesagro, Sílvio Galvão, que destacou a
                                                                                    parceria estratégica, a dedicação e o profissionalismo das equipes
 ras bezerras desenvolvidas a partir de embriões produzidos integral-               e dos pesquisadores responsáveis pelo trabalho.
                                                                                         De acordo com a pesquisadora Raquel Varella Serapião, da
                                                                                    Pesagro-Rio, os embriões foram produzidos a partir de óvulos
                                                                     PESAGRO-RIO




                                                                                    coletados de vacas doadoras de alto valor genético da raça Gir e
                                                                                    fecundados com sêmen de touro Holandês, sendo então transferi-
                                                                                    dos para vacas receptoras (barrigas de aluguel) do rebanho do
                                                                                    Campo Experimental, sendo todas as etapas executadas pela equipe
                                                                                    da empresa.
                                                                                         A técnica vem sendo utilizada para a produção de matrizes que
                                                                                    resultem em animais de alta qualidade genética, permitindo a
                                                                                    melhoria do rebanho fluminense e o aumento da produtividade do
                                                                                    leite, informou o pesquisador da Pesagro Agostino Jorge dos Reis
                                                                                    Camargo, que integra a equipe do projeto.
                                                                                   Bezerras produzidas
                                                                                   “in vitro” pela                                                       A Lavoura DEZEMBRO/2011 11
                                                                                   Pesagro-Rio
Pesquisa avalia




                                                                                ESALQ/USP
   transferência de renda
    do agronegócio para
      outros setores da
          economia
  O    agronegócio brasileiro, nos últimos 15 anos, aumentou
       sua produção e cresceu mais do que o PIB do País, permi-
  tindo que se expandissem o consumo interno e a exportação de
  seus produtos. Analisando esse contexto, uma pesquisa desen-
  volvida no programa de Pós-graduação em Economia Aplicada,
  da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ/USP),
  observou o papel do agronegócio no processo de transferência
  de renda para os demais setores da economia doméstica e tam-                              Setor pecuarista: queda de preços devido ao aumento da produção
  bém para o mercado externo.
      De autoria de Adriana Ferreira Silva e orientação do pro-
  fessor Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros, do Departamento                                setor teve participação relevante nesta trajetória”, explica
  de Economia, Administração e Sociologia (LES), o estudo                                   Adriana.
  intitulado “Transferências Interna e Externa de Renda do Agro-                            Setor pecuarista
  negócio Brasileiro” apontou que a redução da concentração                                     Segundo a pesquisadora, devido à queda de preços dos pro-
  de renda e da pobreza no Brasil também teve suas raízes no                                dutos agropecuários, a sociedade absorveu, entre os anos de
  agronegócio. “Ao assumir posição estratégica para o contro-                               1995 a 2009, uma renda de R$ 837 bilhões do agronegócio, prin-
  le da inflação e geração de divisas no comércio exterior, esse                            cipalmente do setor pecuarista, e dos segmento primário e in-



   Alho: Minas aposta na qualidade para concorrer
  Safra estadual deve alcançar volume                                                            A colheita mineira prevista para este ano equivale a
                                                                                            16,6% da safra nacional, garantindo a vice-liderança do
    5,3% superior ao do ano passado                                                         ranking brasileiro do alho, atrás apenas de Goiás. Para o su-
                                                                                            perintendente de Política e Economia Agrícola da
     Apesar das importações crescentes de alho pelo Brasil –                                Subsecretaria do Agronegócio da Secretaria da Agricultura
  entre janeiro e agosto de 2011 entraram no país 109,9 mil                                 de Minas Gerais, João Ricardo Albanez, o aumento da safra
  toneladas do produto argentino e chinês –, os agricultores                                estadual é consequência principalmente da intensa utiliza-
  mineiros investem no aumento da safra. O IBGE estima que a                                ção de tecnologia nas lavouras. “Por isso, a produtividade
  produção de alho em Minas Gerais neste ano vai alcançar 19,7                              média de alho no Estado é de 12,1 toneladas de alho por
  mil toneladas, volume 5,3% maior que o registrado no ano                                  hectare. Há dez anos, a produtividade era de 8,1 toneladas
  passado.                                                                                  por hectare”, explica Albanez.
                                                                                                 Primeiro colocado na produção estadual de alho, o Alto
                                                                                            Paranaíba tem uma safra estimada de 13,8 mil toneladas, volu-
                                                                       BARAN
                                                                     CRISTINA




                                                                                            me correspondente a cerca de 70% da safra estadual. Albanez
                                                                                            avalia que o plantio, principalmente na região líder de produção,
                                                                                            foi estimulado em 2011 pela recuperação de preço registrada em
                                                                                            2010, como consequência de uma redução temporária das im-
                                                                                            portações de alho chinês.
                                                                                            Qualidade reconhecida
                                                                                                 O agricultor familiar Oswaldo Júnior, que mantém o cultivo
                                                                                            de alho em 18 hectares no município de São Gotardo, no Alto
                                                                                            Paranaíba, diz que o produtor deve sempre investir na qualida-
                                                                                            de, independente da importação. “É necessário produzir sem-
                                                                                            pre o nosso alho com qualidade, exista ou não a importação. Além
                                                                                            disso, o volume das compras externas do produto pelo Brasil pode
                                                                                            cair, e nesse caso os preços internos serão mais compensadores.”
                                                                                                 Oswaldo concorda que o alho nacional, especialmente o co-
                                                                                            lhido nas lavouras mineiras, tem a preferência dos consumidores
                                                                                            que valorizam a qualidade. A observação é compartilhada pelo
                                                                                            extensionista Dener Henrique de Castro, que atua no município.

                                                                                            Alho: colheita mineira equivale a 16,6% da safra nacional, ficando
                                                                                            atrás apenas de Goiás


12 DEZEMBRO/2011 A Lavoura
dustrial da agricultura. “Essa queda de preços se dá devido ao




                                                                                                    EDUARDO PINHO
 aumento da produção, gerado pela aquisição de novas tecnolo-
 gias. Isso significa que a renda perdida pelo agronegócio não                                                          Milho BRS
 afetou sua sustentação. Além disso, o fato da produção apre-
 sentar crescimento nesse cenário é um indicador de que as
 quedas de preço não representaram perda total da rentabilida-
                                                                                                                       Caatingueiro
 de das novas tecnologias”, afirma.
      Adriana expõe ainda outro motivo para a queda dos pre-
                                                                                                                    melhora a produção
 ços no País: o avanço da tecnologia e o aumento da produ-
 ção em escala internacional. “Aliados ao protecionismo dos
 países mais desenvolvidos, eles geraram uma baixa dos pre-
                                                                                                                       no Semiárido
 ços em grandes proporções. Ou seja, o desempenho do Bra-
 sil não se deu de forma isolada, ele apenas ajustou seus cus-
 tos ao movimento dos demais países”, explica. O trabalho
 conclui que a redução dos preços reais dos produtos agrope-
 cuários foi fator primordial na capacidade do poder aquisiti-
 vo dos consumidores, em especial, para as famílias de baixa
 renda - nas quais grande parcela da renda é despendida em
 alimentos. Por outro lado, há que se garantir que os preços
 pagos aos produtores remunerem seus esforços, para que
 desestímulos à produção de alimentos não surjam e no futu-
 ro ocasionem uma redução da oferta e consequente eleva-
 ção dos preços.
      Esta pesquisa de Adriana Ferreira Silva ganhou o Prêmio
 Edson Potsch Magalhães de melhor tese em economia rural,
 durante a realização do 49º Congresso da Sociedade Brasi-
 leira de Economia, Administração e Sociologia Rural (SOBER),
 realizado em julho.
                                                      ANA CAROLINA MIOTTO - ESALQ/USP               BRS Caatingueiro: superprecoce



com produto importado                                                                                   A colheita do milho começou em junho no Nordeste bra-
                                                                                                    sileiro, e os produtores da região, principalmente os pe-
                                                                                                    quenos agricultores familiares do Semiárido, já comemo-
    “O produto de Minas Gerais tem qualidade reconhecida em todo                                    ram o aumento da produção. Na região de Irecê, no cen-
    o país, especialmente nos mercados de São Paulo, Recife e Ama-                                  tro norte da Bahia, que integra cidades como Ibititá,
    zonas”, explica.                                                                                Canarana, Lapão e João Dourado, a produtividade desta
        A preferência do consumidor brasileiro pelo alho nacional                                   safra foi três vezes maior do que a dos últimos seis anos.
    também é citada por Eduardo Sekita, diretor do grupo Sekita, de                                 A média, que era de 40 mil toneladas, subiu para 142 mil
    São Gotardo, que trabalha com a parceria de 49 produtores em                                    toneladas de milho este ano.
    190 hectares da propriedade. Esse contingente de agricultores                                       Boa parte desse sucesso se deve à utilização do BRS
    familiares deve garantir ao grupo, em 2011, uma produção da                                     Caatingueiro, desenvolvido pela Embrapa Tabuleiros Costei-
    ordem de 3,7 mil toneladas, ele informa.                                                        ros, em parceria com a Embrapa Milho e Sorgo, e
        “O grande problema é que as importações permitidas pelo                                     comercializado pela Embrapa Transferência de Tecnologia,
    governo federal possibilitam a venda do acho chinês por R$ 40,00                                unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.
    a caixa de dez quilos, enquanto no Alto Paranaíba o preço varia                                 Superprecoce
    de R$ 42,00 a R$ 45,00, porque abaixo disso seria insuficiente para                                 A cultivar apresenta grãos semiduros amarelos e é
    cobrir os custos de produção”, explica o executivo.                                             adaptada especialmente ao Semiárido nordestino. Sua
        Segundo Sekita, outro aspecto que dificulta a situação dos                                  principal vantagem é o ciclo superprecoce, o que per-
    produtores brasileiros é que o alho importado está presente em                                  mite boas colheitas mesmo em períodos de pouca chu-
    todo o país durante o ano inteiro. Já o produto colhido nas lavou-                              va. Como o florescimento do BRS Caatingueiro ocorre
    ras da maioria dos Estados chega ao consumidor em um período                                    entre 41 e 50 dias, diminui o risco de estresse hídrico
    definido, de agosto a fevereiro, sendo que em Minas Gerais o                                    no momento em que o milho é mais sensível à falta de
    abastecimento predomina numa faixa de tempo ainda menor, de                                     água.
    agosto a janeiro.                                                                                   Após o plantio, a cultivar precisa de apenas 90 dias para
    Organização da produção                                                                         atingir a época da colheita. Mas se a distribuição das chuvas
        “Diante do cenário da importação de alho pelo Brasil, os agri-                              for regular, a safra já está garantida com 65 a 70 dias de plan-
    cultores devem buscar orientação junto às associações e coope-                                  tio. Na região mais seca do Semiárido, a produtividade do BRS
    rativas para desenvolver a produção programada”, recomenda o                                    Caatingueiro varia em torno de 2 a 3 toneladas de grãos por
    superintendente do Mercado Livre do Produtor (MLP) da                                           hectare.
    CeasaMinas pela Subsecretaria de Agricultura Familiar da Secre-                                     Em condições mais regulares de precipitação, a produti-
    taria da Agricultura, Lucas de Oliveira Scarascia. Ele diz que é                                vidade pode chegar a 6 toneladas de grãos por hectare. Por
    fundamental para os produtores o acesso a informações sobre as                                  isso, a cultivar é ideal para os pequenos produtores, que
    tendências do mercado, política de abastecimento do país, situ-                                 geralmente dispõem de poucos recursos, encontram dificul-
    ação do câmbio e interesse de outros países em colocar seus pro-                                dades para ter acesso ao crédito e não têm tipo algum de
    dutos no Brasil.                                                                                orientação técnica.
      IVANI CUNHA - SECRETARIA DE ESTADO DE AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO DE MINAS GERAIS                     EDUARDO PINHO RODRIGUES - EMBRAPA TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA




                                                                                                                                             A Lavoura DEZEMBRO/2011 13
VINICULTURA
                VINICULTURA




                                                  Vinhos, tradição
                                                  e modernidade
                                                                        A NTONIO A LVARENGA
     CRISTINA BARAN




                                                             PRESIDENTE DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA - SNA




                                                          A família Perrin produz
                                                           vinhos desde 1909, na
                                                           região da Provence, e
                                                          hoje é uma das maiores
                                                            podutoras da França




                                                           Uvas para a produção dos vinhos
                                                           Château de Beaucastel: os “galets”
                                                           (pedras arredondadas no solo),
                                                           retém o calor do dia e aquecem
14                    DEZEMBRO/2011   A Lavoura            as videiras durante a noite
VINICULTURA




                 E       m recente viagem à França,
                         tivemos a oportunidade de co-
                         nhecer as propriedades viní-
                 colas da tradicional família Perrin,
                                                            que se passa em suas propriedades,
                                                            caves e instalações industriais, é vi-
                                                            sível seu amor pela terra, videiras e
                                                            pela produção do vinho.
                                                                                                                      blage” é sempre diferente em cada
                                                                                                                      safra, tendo em vista que anualmen-
                                                                                                                      te as características das uvas são
                                                                                                                      diferentes conforme o clima e épo-
                 gente simples, elegante e muito aco-           O reconhecimento desse trabalho                       ca da colheita, que interferem no re-
                 lhedora.                                   apaixonado vem, dentre outros resul-                      sultado final após sua maturação e
                    A família Perrin dedica-se à pro-       tados relevantes, por meio da avali-                      fermentação. É François Perrin quem
                 dução de vinhos desde 1909, na re-         ação dos críticos especializados. Re-                     define a data de início da colheita e
                 gião da Provence, sendo atualmente         centemente, um dos vinhos – Château                       dá a palavra final no “assemblage”
                 uma das maiores produtoras de vinho        de Beaucastel, branco, velhas vinhas                      de cada um dos vinhos produzidos
                 da França.                                 – obteve a nota máxima - 100 - do                         pelas vinícolas da família.
                    François Perrin dirige o grupo de       renomado crítico norte-americano                          Linha de produtos
                 empresas da família com extrema de-        Robert Parker, uma das maiores au-                            Há uma extensa linha de produ-
                 dicação e eficiência, adotando mo-         toridades mundiais em vinhos, cuja                        tos, desde o especialíssimo Châ-
                 dernas técnicas de gestão - desde o        crítica favorável pode lançar o preço                     teauneuf-du-Pape – Château de
                 manejo das videiras, colheita das          de um vinho às alturas. É a primeira
                 uvas e produção dos vinhos até sua         vez que um vinho branco da região de




                                                                                                     CRISTINA BARAN
                 comercialização, incluindo toda a          Châteauneuf-du-Pape recebe 100
                 complicada logística envolvida no pro-     pontos.
                 cesso e o marketing dos produtos. O        “Assemblage”
                 ambiente é bastante informal, mas              Um dos principais segredos de um
                 tudo funciona perfeitamente. Aqui          bom vinho é o “assemblage”, ou seja,
                 vale nosso ditado: “o olho do dono é       o percentual de cada tipo de uva em
                 que engorda o gado”. Atento a tudo         sua composição final. Esse “assem-
CRISTINA BARAN




                                     Propriedade da família Perrin, na Provence,
                                     França, onde são produzidos e armazenados
                                     os vinhos Château de Beaucastel (detalhe)                                               A Lavoura DEZEMBRO/2011 15
PERRIN ET FILS    VINICULTURA




                      Obedecendo o método tradicional de produção, a colheita do Château de Beaucastel é manual



                      Beaucastel – até vinhos mais sim-              altitude de cerca de 300 m e clima
                      ples, como os La Vieille Ferme ou              bastante adequado para a uva syrah;
                      Côtes du Rhone, de boa qualidade,              e o Vacqueyras, produzido em solos
                      honestos e adequados para os seg-              argilosos pesados com cascalho de
                      mentos de mercado aos quais se pro-            Ouvèze, onde uma combinação das
                      põem atender.                                  uvas grenache com syrah produz um
                         Há também os excelentes vinhos              vinho aromático e de muito boa re-
                                                                                                                  PERRIN ET FILS




                      Gigondas, produzidos a partir de               putação na França.
                      uvas grenache, cultivadas em solos                 A linha de produtos inclui vinhos
                      muito arenosos; o Vinsobres, um dos            tintos, brancos, roses e até um
                      melhores Crus do sul do Vale do Rhone,         doce. Também há vinhos orgânicos
                      cujo vinhedo está localizado ao nor-           – como é o caso do Château de Beau-
                      te de Châteauneuf-du-Pape, a uma               castel e Côtes du Rhone Rouge




                            Primum Familae Vini (Grandes Famílias do Vinho)
                                                                                            petitividade no mercado internacional.
                           A    vinícola Perrin e Fils faz parte de uma associa-
                                ção exclusiva que reúne 12 empresas pertencen-
                           tes a famílias tradicionais produtoras de vinhos, com
                                                                                               Atualmente, os membros da Primum Familae Vini
                                                                                            são as vinícolas: Champagne Pol Roger, Joseph Drouin
                           o objetivo de manter a tradição e transmitir às ge-              (Borgonha), Hugel & Fils (Alsácia), Perrin & Fils
                           rações futuras a paixão que eles têm com a produ-                (Rhone), Château Mouton Rothschild (Bordeaux), to-
                           ção do vinho. A associação realiza reuniões periódi-             dos da França; Torres e Vega Sicilia (Espanha); Tenuta
                           cas com as famílias associadas e também promove                  San Guido e Antinori, ambos da Toscana, Itália; Egon
                           programas de cooperação mútua, sobretudo na divul-               Müller Scharzhof, da Alemanha; e Grupo Symington,
                           gação de seus produtos, visando ganhar maior com-                de Portugal.


                                                                                                                                   A Lavoura DEZEMBRO/2011 17
16                     DEZEMBRO/2011       A Lavoura
VINICULTURA

                                                                 e forte, que chega a atingir 100 km/     zados 30% de mourvedre, 30% de
                                                                 hora. Todos estes componentes – in-      grenache, 10% de syrah, e 5% de
                                                                 clusive as diferenças entre altas e      muscardin, vaccarese e cinsault
                                                                 baixas temperaturas – se combinam        cada. O restante é composto de pe-
                                                                 e se complementam pa-ra dar às vi-       quenas quantidades de sete outras
                                                                 nhas de Beaucastel excepcionais qua-     variedades permitidas em Château-
                                                                              lidades e originalidade     neuf-du-Pape, que proporcionam uma
                                                                              reconhecidas mundial-       complexidade graciosa que fazem o




                                                                         PERRIN ET FILS
                                                                              mente.                      Château de Beaucastel ser um vinho
                                                                                  A propriedade cobre     extraordinário.
                                                                              um total de 130 hecta-          O período de colheita é fundamen-
                                                                              res, dos quais apenas       tal, porque as uvas são colhidas e vi-
                                                                              100 hectares são planta-    nificadas separadamente, permitin-
                                                                              dos com vinhas: 75%         do-lhes expressar suas próprias per-
                                                                              são dedicados à produ-      sonalidades no produto final.
                                                                              ção do Châteauneuf-du-          A colheita e a classificação são
                                                                              Pape – Chateau de Beau-     manuais. As peles das uvas são aque-
                                                                              castel, e 25% para produ-   cidas rapidamente para 80°C e, em
                                                                              ção do Côtes-du-Rhone       seguida, resfriado a 20°C antes de le-
                                                                              denominado Coudoulet        var os cachos para cubas de
                                                                              de Beaucastel. Os res-      maceração onde ficam durante 12
                                                                              tantes 30 hectares, são     dias. O suco é, então, drenado.
                                                                              utilizados na rotação de        A partir do método de aquecimen-
                                                                              culturas para preparar      to flash, Beaucastel Rouge segue uma
     Produção do vinho Château de Beaucastel:                                 novos plantios de vinha,    vinificação mais ou menos clássica. A
     maturação, envelhecimento e guarda...                                    porque, a cada ano, um      maioria das variedades são fermen-
                                                                              ou dois hectares de vi-     tadas separadamente. O vinho jo-
                                                                              nhas velhas são desati-     vem, em seguida, amadurece em
     Nature. Desde 1962, os vinhedos de                          vadas e uma área equivalente é           barricas de carvalho por cerca de 12
     Château de Beaucastel produzem                              replantada em terreno onde não hou-      meses. As castas das uvas - vinifi-
     vinhos orgânicos.                                           ve produção dura*nte, pelo menos,        cadas separadamente - são mistura-
         Há vinhos produzidos a partir de                        dez anos. Desde 1962 o cultivo dos       das após a fermentação e uma série
     vinhas antigas, algumas com 90                              vinhedos de Beaucastel é orgânico.       de degustações. O vinho resultante é
     anos. Em determinados anos, depen-                          Château de Beaucastel tinto              então amadurecido por um ano em
     dendo da característica da safra, são                          O vinho é resultado de 13 varie-      grandes barricas de carvalho e depois
     produzidos alguns vinhos especiais,                         dades de uvas. As videiras têm em        engarrafado. Finalmente, o vinho é
     como é o caso do “Hommage à                                 média 50 anos e o rendimento é de,       maturado em garrafas e guardado
     Jacques Perrin”, que também já re-                          no máximo, 30 hectolitros por hecta-     nas caves Beaucastel por mais um
     cebeu a pontuação máxima do críti-                          re. Essa é uma vinha saudável e vi-      ano antes de ser colocado à venda.
     co Robert Parker.                                           brante, devido a anos de cultivo         Château de Beaucastel branco
         A produção total das propriedades                       orgânico. Na produção do vinho tin-          Os vinhos brancos do Château de
     da família Perrin é de 10 milhões de                        to Château de Beaucastel, são utili-     Beaucastel estão entre os melhores
     garrafas por ano, sendo 500 mil gar-
     rafas do Châteauneuf-du-Pape.
                                                PERRIN ET FILS




     Galets
         No Château de Beaucastel, o mé-
     todo de produção é tradicional: co-
     lheita manual e sistemas artesanais
     de prensagem, maturação, envelhe-
     cimento, engarrafamento e guarda
     em barris de carvalho.
         O terreno em Beaucastel – entre
     as cidades de Avignon e Orange - é
     marcado pela presença de um gran-
     de número de pedras arredondadas,
     conhecido como “galets” Estes
     “galets” retêm o calor do dia e aque-
     cem as videiras durante a noite. O
     clima tem um papel importante: bai-
     xa precipitação, o vento Mistral, seco

                    ... em barris de carvalho


17    DEZEMBRO/2011     A Lavoura                                                                                 A Lavoura DEZEMBRO/2011 17
CRISTINA BARAN    VINICULTURA




                                                                                                                                                 PERRIN ET FILS
                          Engarrafamento do vinho rosé “La Vieille Ferme” (detalhe), da Perrin et Fils



                          vinhos brancos da França. Produzidos         Há uma pequena quantidade do
                          a partir de uvas cultivadas em clima         “Vieilles Vignes” cuvée, produzido in-   cestos. A classificação também é
                          quente, sendo 80% roussanne, 15%             teiramente a partir de vinhas            manual, para separar as uvas verdes
                          grenache blanc e 5% de outras vinhas.        roussanne, com cerca de 100 anos de      ou danificadas. Trinta por cento do
                          As vinhas datam entre 10 e 40 anos.          idade.                                   vinho é fermentado em barris e o
                                                                          A vinha que produz o Château de       restante em temperatura controla-
                                                                       Beaucastel Blanc possui apenas sete      da, em cubas de aço inoxidável. Uma
                                                                       hectares para uma produção de            vez que a fermentação é concluída,
                                        François Perrin na cave
                                        em Beaucastel, onde estão      6.000 garrafas por ano. A extraordi-     a metade do vinho novo amadurece
                                        guardadas garrafas de          nária qualidade e reduzida produção      em pequenos barris de carvalho e
                                        vinho de diversas safras.      tornam esse vinho uma raridade no        metade em cubas por cerca de oito
                                        No detalhe, o vinho                                                     meses. O Vieilles Vignes cuvée é
                                        branco Château de
                                                                       mercado.
                                        Beaucastel, que foi               As uvas são colhidas à mão e le-      mantido em carvalho por um perío-
                                        recentemente premiado          vadas para a adega em pequenos           do mais longo.
                                        com a nota máxima




                                                                                                                                                                  BARAN
                                                                                                                                                                  CRISTINA
FILS
ET
PERRIN




18                         DEZEMBRO/2011      A Lavoura
VINICULTURA



      Os vinhos franceses
A    França é referência mundial na produção de vinhos. É
      lá que se produz os mais famosos vinhos do mun-
do e a maior variedade de vinhos de alta qualidade.
    A vinicultura existe na França há mais de 2.000
anos. A partir de 1905, o governo começou a controlar
e regulamentar a produção do vinho no país. Em 1935
foi criado o Institut National des Appellations d’Origine
(INAO), que fiscaliza toda a produção de vinhos na
França.
    Cada região produtora tem sua própria regulamen-




                                                                   CRISTINA BARAN
tação e classificações diversas. As principais regiões
produtoras são Bordeaux, Borgonha, Champagne,
Alsácia, Rhone e Loire.
    São cerca de 110 mil vinhedos espalhados pelo país,
com os “terroirs” mais diversos, nas mãos de cerca
de 69 mil produtores/negociantes e cooperativas. Só
em Bordeaux, são mais de 7.000 châteaus e cerca de                                  Vinhos produzidos na Provence, França, pela Perrin et Fils
13.000 vinhedos.
    A legislação é rigorosa no controle da produção dos
vinhos, sendo os vinhos classificados conforme sua                                      VDQS, vinho delimitado de qualidade superior
qualidade:                                                                              Na teoria, um degrau antes de um vinho ou região
    “Vin de Table”, ou vinho de mesa                                                alcançar o nível AOC, ficando situado entre esta clas-
                                                                                    sificação e o “Vin de Pays”. Corresponde a aproxima-
    São vinhos básicos, simples e mais baratos. É o                                 damente 2% do total da produção.
vinho produzido pelas comunidades onde, mais ou me-
nos, se faz o que quer. Representam cerca de 17% do                                     “Vin d’Appellation d’Origine Contrôlée” - AOC
vinho produzido na França e é, quase que totalmente,                                (Vinho de Denominação de Origem Controlada)
consumido localmente. A região de origem não é men-                                     Nesta categoria estão os grandes vinhos franceses.
cionada no rótulo.                                                                  As normas de produção são estabelecidas pelo Institut
    “Vin de Pays” ou vinho regional                                                 National des Appellations d’Origine (INAO). A AOC pos-
                                                                                    sui regras rígidas de controle e fiscalização, determinando
    São vinhos regionais em que as regras de produ-                                 desde as uvas que podem, ou não, ser produzidas na re-
ção são menos rígidas do que nas AOC, especialmen-                                  gião, procedimentos de controle do vinhedo, uvas que
te no que se refere às cepas de uvas que podem ser
                                                                                    podem ser usadas na elaboração dos vinhos, porcentuais
usadas. Existe uma maior liberdade e é aqui que os                                  dos cortes, teores de álcool, etc. Daqui saem a grande
produtores deixam fluir sua criatividade e experimen-                               maioria dos grandes vinhos da França. São mais de 450
tação na busca de novos vinhos. Apesar de existir muito
                                                                                    diferentes AOC espalhadas por todas as regiões produ-
vinho de baixa qualidade, pode-se encontrar bons pro-                               toras, respondendo por cerca de 50% da produção nacio-
dutos com esta denominação. Correspondem a cerca                                    nal. A denominação é estampada no rótulo e pode ser
de 30% da produção total.
                                                                                    usada sozinha, ou em conjunto com o nome da região.


                                                                                       Produção Mundial de Vinhos
O mercado mundial de vinhos                                                            1. Itália – 47.700.000 hl (um hectolitro = 100 litros)
                                                                                       2. França – 45.600.000 hl

 A    França rivaliza com a Itália como maior produtor e com
      a Espanha em termos de área plantada. Sua produção
 anual alcança cerca de 5.8 bilhões de garrafas. O consumo
                                                                                       3. Espanha – 35.200.000 hl
                                                                                       Consumo Mundial de Vinhos
                                                                                       1. França – 29.900.000 hl
 per capita está hoje ao redor de 60 litros anuais, uma signifi-                       2. Estados Unidos – 27.300.000 hl
 cativa redução em relação aos 150 litros da década de 1950.                           3. Itália – 24.500.000 hl
 Enquanto o consumo na França vem se reduzindo, na China                               4. Alemanha – 20.300.000 hl
 está em franca expansão.                                                              5. China – 14.000.000 hl
     Superfície de Vinhedos                                                            Exportação Mundial de Vinhos
     1. Espanha – 1.113.000 ha (hectare)                                               1. Itália – 18.600.000 hl
     2. França – 840.000 ha                                                            2. Espanha – 14.400.000 hl
     3. Itália – 818.000 ha                                                            3. França – 12.500.000 hl
     4. China – 470.000 ha                                                             4. Austrália – 7.700.000 hl



                                                                                                                    A Lavoura DEZEMBRO/2011 19
VINICULTURA

                                       Châteauneuf-du-Pape
                                   produz vinhos de fama mundial
     CRISTINA BARAN




                      Châteauneuf-du-Pape, uma das regiões de terra mais caras da França...




                           N     uma pequena região, no coração da região sul do Rhone,
                                 fica a área de produção de Châteauneuf-du-Pape, en-
                           tre as cidades de Avignon e Orange. Situada no topo de uma
                           colina, possui 3.000 hectares de vinhedos. Nesta área o solo
                           é coberto de pequenas pedras que absorvem calor durante
                           o dia e aquecem as raízes das videiras de noite, os chama-
                           dos “galets”. Uma das regiões de terras mais caras na Fran-
                                                                                              CRISTINA BARAN




                           ça, em Châteauneuf-du-Pape o hectare custa em média o equi-
                           valente a R$ 1 milhão e as propriedades medem em torno de
                           5 hectares.
                                A estória desses vinhedos tem as suas raízes num dos capí-
                           tulos mais curiosos da História da França, que é a chegada dos
                           papas à Avignon durante a Idade-Média. Nesta cidade, seis pa-
                           pas se sucederam ao longo de um período de setenta anos.
                           Denominação
                                Em 1929, a denominação de origem, Châteauneuf-du-Pape,
                           foi sacramentada.
                                A denominação permite a utilização de 13 tipos de uvas
                           diferentes para constituir esse vinho. Contudo, nos
                           “assemblages”, a proporção de uva grenache noir costuma
                           ser de 80%, sendo complementada em geral pela syrah e a
                           mourvèdre. As outras variedades são usadas como tempe-                              ... e as vinhas com as quais são produzidos os vinhos com alto
                           ro: cinzault, muscardin, vaccarèse, terret noir, picpoul noir,                      valor no mercado
                           counoise.
                                Vale mencionar também as castas brancas que produzem
                           vinhos, cuja qualidade vem aumentando a cada ano, e cuja                                A sua cor mais característica é um rubi escuro com refle-
                           uva dominante é a grenache blanc, seguida pela clairette, a                         xos granada. Os seus aromas, por tradição, são extremamen-
                           bourboulenc, a picardan e a roussanne.                                              te sedutores. Entre eles, predominam toques pronunciados
                           Fama mundial                                                                        de frutas vermelhas maduras, de especiarias e de ervas aro-
                                De fama mundial, conhecido pelas suas garrafas amplas e                        máticas, sempre de grande intensidade.
                           bojudas, que trazem o selo das armas dos papas estampado                                No paladar, há equilíbrio entre acidez e álcool, sendo que
                           no vidro, o Châteauneuf-du-Pape possui grande força e volu-                         o seu corpo aveludado e volumoso tem um final longo e
                           me, graças à uva grenache que proporciona a sua consistên-                          frutado, com um amargor leve e amadeirado.
                           cia característica de um vinho de guarda. Assim, os seus                                Para os tintos: mourvedre, grenache, syrah, cinsault,
                           melhores vinhos podem esperar de 10 a 12 anos até serem                             counoise, muscardin, vaccarese.
                           consumidos, alguns dos quais podem ser guardados por até                                Para os brancos: grenache blanc, bourboulenc, clairette,
                           25 anos.                                                                            roussanne, picpoul, picardan.


20                     DEZEMBRO/2011        A Lavoura
Raça bovina americana Senepol é foco de melhoramento pela Embrapa
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Raça bovina americana Senepol é foco de melhoramento pela Embrapa

  • 1.
  • 2. 2 DEZEMBRO/2011 A Lavoura
  • 3. A Lavoura A Lavoura ANO 114 - NO 687 DIRETOR RESPONSÁVEL Antonio Mello Alvarenga Neto PESQUISA Raça bovina americana é foco de EDITORA melhoramento pela Embrapa Cristina Baran editoria@sna.agr.br O senepol é uma raça adaptada ENDEREÇO Av. General Justo, 171 - 7º andar 20021-130 - Rio de Janeiro - RJ ao calor, fértil e sua carne é de boa qualidade 38 Tel.: (21) 3231-6350 Fax: (21) 2240-4189 HORTICULTURA ENDEREÇO ELETRÔNICO Tomate: produção integrada com milho www.sna.agr.br ganha força e-mails: alavoura@sna.agr.br Um novo aumento da produção de redacao.alavoura@sna.agr.br tomate poderá ocorrer em 2012 DIAGRAMAÇÃO / EDITORAÇÃO ELETRÔNICA nas propriedades onde o Paulo Américo Magalhães Tel: (21) 2580-1235 / 8126-5837 e- mail:pm5propaganda@terra.com.br cultivo é alternado com o plantio de grãos 40 IMPRESSÃO: LEITE Central Indústria Gráfica Novos desafios da produção leiteira Tel.: (32) 3215-8988 O mercado leiteiro é um setor de www.centralindustriagrafica.com.br grande impacto no agronegócio COLABORADORES DESTA EDIÇÃO: com uma produção média Aguinaldo José de Lima Ana Carolina Miotto Antonio Mello Alvarenga Neto Carla Gomes estimada de 32 bilhões para 2011 49 Daniela Miyasaka S. Cassol Eduardo Pinho Rodrigues Eliana Cezar Silveira Fernanda Domiciano VINICULTURA Gabriela Afonso Prado Gastão Crocco Vinhos, tradição e modernidade 14 Ibsen de Gusmão Câmara Ivani Cunha ALGODÃO Isabella Vincoletto Jacira Collaço Avanços e recordes do algodão João Eugênio Juliana Caldas no Brasil 21 Liliane Castelões Luís Alexandre Louzada VITICULTURA Marcos Esteves Produção integrada de uva: maior valor Paulo Sader Pietro Massari agregado no processamento Regina Flores Renato Ponzio à cadeia vitivinícola 29 Ronaldo Spirlandelli Samar Velho da silveira VITICULTURA SNA 114 ANOS 06 Sérgio de Marco Silvia Palhares Cultivo protegido de uva aumenta Sophia Gebrim produtividade em 100% 35 PANORAMA 10 É proibida a reprodução parcial ou total de qualquer forma, incluindo os meios eletrônicos, sem prévia SILAGEM SOCIEDADE RURAL autorização do editor. É tempo de pensar na silagem 44 ISSN 0023-9135 BRASILEIRA - SRB 22 Os artigos assinados são de responsa- COOPERATIVISMO bilidade exclusiva de seus autores, não traduzindo necessariamente a opinião Exportações das cooperativas crescem SOBRAPA 25 da revista A Lavoura e/ou da Socie- dade Nacional de Agricultura 34,6% entre janeiro e outubro 46 BIOTECNOLOGIA 34 Capa: Uva da variedade grenache, DESENVOLVIMENTO da fazenda vinícola “La Vieille Ferme”, em Vinsobres, Provence, França, AGRÍCOLA ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO 42 de propriedade da Família Perrin As Câmaras Setoriais e Temáticas Foto de Cristina Baran editoria@sna.agr.br do Ministério da Agricultura 54 EMPRESAS 48 A Lavoura DEZEMBRO/2011 3
  • 4. DIRETORIA EXECUTIVA DIRETORIA TÉCNICA COMISSÃO FISCAL ALBERTO WERNECK DE FIGUEIREDO MARCIO SETTE FORTES DE ALMEIDA CLAUDINE BICHARA DE OLIVEIRA ANTONIO MELLO ALVARENGA NETO PRESIDENTE ANTONIO FREITAS MARIA HELENA FURTADO MARIA CECÍLIA LADEIRA DE ALMEIDA ALMIRANTE IBSEN DE GUSMÃO CÂMARA 1O VICE-PRESIDENTE CLAUDIO CAIADO MAURO REZENDE LOPES PLÁCIDO MARCHON LEÃO OSANÁ SÓCRATES DE ARAÚJO ALMEIDA 2O VICE-PRESIDENTE JOHN RICHARD LEWIS THOMPSON PAULO PROTÁSIO ROBERTO PARAÍSO ROCHA JOEL NAEGELE 3O VICE-PRESIDENTE FERNANDO PIMENTEL ROBERTO FERREIRA S. PINTO RUI OTAVIO ANDRADE TITO BRUNO BANDEIRA RYFF 4O VICE-PRESIDENTE FRANCISCO JOSÉ VILELA SANTOS DIRETOR JAIME ROTSTEIN RONY RODRIGUES OLIVEIRA HÉLIO MEIRELLES CARDOSO DIRETOR JOSÉ MILTON DALLARI RUY BARRETO FILHO JOSÉ CARLOS AZEVEDO DE MENEZES DIRETOR KATIA AGUIAR LUIZ MARCUS SUPLICY HAFERS DIRETOR RONALDO DE ALBUQUERQUE DIRETOR SÉRGIO GOMES MALTA DIRETOR FUNDADOR E P AT R O N O : O C TAV I O M E L L O A LVA R E N G A Academia Nacional de Agricultura CADEIRA PATRONO TITULAR 01 E NNES DE S OUZA R OBERTO F ERREIRA DA S ILVA P INTO 02 M OURA B RASIL J AIME R OTSTEIN 03 C AMPOS DA P AZ E DUARDO E UGÊNIO G OUVÊA V IEIRA 04 B ARÃO DE C APANEMA F RANCELINO P EREIRA 05 A NTONINO F IALHO L UIZ M ARCUS S UPLICY H AFERS 06 W ENCESLÁO B ELLO R ONALDO DE A LBUQUERQUE 07 S YLVIO R ANGEL T ITO B RUNO B ANDEIRA R YFF 08 P ACHECO L EÃO 09 L AURO M ULLER F LÁVIO M IRAGAIA P ERRI 10 M IGUEL C ALMON J OEL N AEGELE 11 L YRA C ASTRO M ARCUS V INÍCIUS P RATINI DE M ORAES 12 A UGUSTO R AMOS R OBERTO P AULO C ÉZAR DE A NDRADE 13 S IMÕES L OPES R UBENS R ICUPERO 14 E DUARDO C OTRIM P IERRE L ANDOLT 15 P EDRO O SÓRIO A NTONIO E RMÍRIO DE M ORAES 16 T RAJANO DE M EDEIROS I SRAEL K LABIN 17 P AULINO F ERNANDES 18 F ERNANDO C OSTA 19 S ÉRGIO DE C ARVALHO S YLVIA W ACHSNER 20 G USTAVO D UTRA A NTONIO D ELFIM N ETTO 21 J OSÉ A UGUSTO T RINDADE R OBERTO P ARAÍSO R OCHA 22 I GNÁCIO T OSTA J OÃO C ARLOS F AVERET P ORTO 23 J OSÉ S ATURNINO B RITO 24 J OSÉ B ONIFÁCIO 25 L UIZ DE Q UEIROZ A NTONIO C ABRERA M ANO F ILHO 26 C ARLOS M OREIRA J ÓRIO D AUSTER 27 A LBERTO S AMPAIO A NTONIO C ARREIRA 28 E PAMINONDAS DE S OUZA A NTONIO M ELLO A LVARENGA N ETO 29 A LBERTO T ORRES I BSEN DE G USMÃO C ÂMARA 30 C ARLOS P EREIRA DE S Á F ORTES JOHN RICHARD LEWIS THOMPSON 31 T HEODORO P ECKOLT J OSÉ C ARLOS A ZEVEDO DE M ENEZES 32 R ICARDO DE C ARVALHO A FONSO A RINOS DE M ELLO F RANCO 33 B ARBOSA R ODRIGUES R OBERTO R ODRIGUES 34 G ONZAGA DE C AMPOS J OÃO C ARLOS DE S OUZA M EIRELLES 35 A MÉRICO B RAGA F ÁBIO DE S ALLES M EIRELLES 36 N AVARRO DE A NDRADE L EOPOLDO G ARCIA B RANDÃO 37 M ELLO L EITÃO A LYSSON P AOLINELLI 38 A RISTIDES C AIRE O SANÁ S ÓCRATES DE A RAÚJO A LMEIDA 39 V ITAL B RASIL D ENISE F ROSSARD 40 G ETÚLIO V ARGAS E DMUNDO B ARBOSA DA S ILVA 41 E DGARD T EIXEIRA L EITE E RLING S. L ORENTZEN SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA · Fundada em 16 de janeiro de 1897 · Reconhecida de Utilidade Pública pela Lei nº 3.459 de 16/10/1918 Av. General Justo, 171 - 7º andar · Tel. (21) 3231-6350 · Fax: (21) 2240-4189 · Caixa Postal 1245 · CEP 20021-130 · Rio de Janeiro - Brasil e-mail: sna@sna.agr.br · http://www.sna.agr.br ESCOLA WENCESLÁO BELLO / FAGRAM · Av. Brasil, 9727 - Penha CEP: 21030-000 - Rio de Janeiro / RJ · Tel. (21) 3977-9979 4 DEZEMBRO/2011 A Lavoura
  • 5. Carta da S NA Segurança alimentar para 9 bilhões de bocas população mundial atingiu, no início de no- As exportações da agropecuária brasileira atin- A N vembro, sete bilhões de pessoas. Até 2050, a ONU estima que chegaremos a nove bi- lhões de habitantes. São 213 mil novas bo- cas por dia, ou 78 milhões por ano. giram a cifra recorde de US$ 92 bilhões no período de 12 meses, entre novembro de 2010 e outubro de 2011. O valor representa uma expansão de 25% em relação ao mesmo período do ano anterior. O maior desafio a ser enfrentado nas próximas Considerando que as importações do setor alcan- décadas será equacionar a oferta de alimentos para çaram o montante de US$ 16,8 bilhões no mesmo pe- os novos habitantes do planeta. Não é tarefa fácil, ríodo, o superávit da balança comercial do agrone- principalmente se levarmos em conta que temos atu- gócio alcançou a extraordinária cifra de US$ 75 bi- almente cerca de um bilhão de pessoas subnutridas. lhões! Caberá ao Brasil desempenhar importante papel É difícil imaginar o que seria da economia brasi- na solução dessa equação, que envolve segurança ali- leira se não fosse esse vigoroso sucesso de nosso agro- mentar e sustentabilidade. Principalmente nos pró- negócio. ximos 20 ou 30 anos, enquanto novas áreas de pro- Há muitos interessados em investir no desenvol- dução no mundo não venham a ser desenvolvidas. vimento do setor. No entanto, precisamos supe- Além de produzir alimentos em quantidade, qua- rar alguns obstáculos. O primeiro deles é propor- lidade e preço para a sua população, o Brasil precisa- cionar mais segurança aos investidores, resolven- rá responder, cada vez mais, ao desafio de suprir do a questão do novo Código Florestal e a legisla- as necessidades de alimentação do mundo. Isso sem ção sobre a venda de terras para estrangeiros. falar na produção de energia verde. Outro problema é a precariedade de nossa in- Para atender a essa demanda, a expansão virá fraestrutura de transporte, armazenagem e logís- com o aumento da produtividade de nossas pasta- tica de exportação. Somos muito eficientes “da gens e com a incorporação, ao processo produtivo, porteira para dentro”, mas nossa infraestrutura não de novas áreas no cerrado. É inevitável. acompanhou o crescimento do agronegócio, afe- O Brasil tem conseguido aproveitar suas vanta- tando duramente a competitividade dos produtos gens comparativas para tornar-se referência no agro- brasileiros no exterior, e reduzindo a renda dos pro- negócio global. Temos terra, água, clima, tecnolo- dutores. Para se ter uma ideia, o custo do frete gia e mão-de-obra qualificada para satisfazer a cres- no Brasil chega a ser quatro vezes maior que em cente demanda global por produtos de origem agro- outros países exportadores do agribusiness, como pecuária. é o caso dos EUA e da Argentina. Há tempos estamos aumentando nossa produção As oportunidades são claras e devemos a taxas maiores do que aquelas alcançadas em ou- aproveitá-las. Somos uma nação que precisa cres- tras regiões do planeta. Com isso, vamos consolidan- cer, proporcionar emprego e boas condições de do nossa posição de grande player nos mercados do vida aos brasileiros. Não podemos impedir o pro- agronegócio mundial. gresso de nosso agronegócio. O Brasil precisa Somos o maior produtor de café, cana-de-açú- produzir alimentos e energia renovável para os car e laranja do mundo; o segundo maior produtor novos habitantes do planeta. Uma questão de de soja e o maior exportador mundial de carnes. Em segurança alimentar e sustentabilidade. pouco tempo, seremos o principal polo mundial de algodão e de biocombustíveis e um dos principais for- necedores de madeira, papel e celulose. Antonio Mello Alvarenga Neto A Lavoura DEZEMBRO/2011 5
  • 6. SNA comemora a Semana Mundial da Alimentação Durante evento, DANIELLE MEDEIROS instituição assina acordo com a Organização das Cooperativas Brasileiras Até 2050, a população mundial será de nove bilhões de habitantes, segundo estimativas da ONU. Organismos internacionais apontam que há cerca de um bilhão de pessoas mal alimentadas no mun- do. Com o objetivo de debater os desafios que o planeta terá de enfrentar na produção de alimen- tos, nos próximos anos, bem como o papel do Bra- sil na solução deste problema, a Sociedade Nacio- nal de Agricultura, para comemorar a Semana Mundial da Alimentação, promoveu, em seu audi- tório, no dia 19 de outubro, uma reunião com Marcos Diaz (presidente da OCB-RJ), Márcio Lopes de Freitas (presidente da OCB-Nacional) e Antonio Alvarenga (presidente da SNA) membros da diretoria e da Academia Nacional de Agricultura. O encontro contou ainda com a participação de au- lação, vem se tornando responsável por garantir boa parte das ne- toridades representativas do setor agrícola. cessidades de alimentação do mundo”. Na abertura do evento, o presidente da SNA, Antonio Alvarenga, Segundo o presidente da SNA, o Brasil vem respondendo bem saudou os presentes e falou sobre a importância de promover um a este desafio, aumentando sua produção a taxas maiores do que debate de qualidade, reunindo personalidades de vários segmentos os índices de crescimento em outras regiões do planeta. “O país do agronegócio. Citando números da FAO - que prevê, até 2050, a está ganhando participação cada vez maior no mercado interna- necessidade do mundo em aumentar a produção de grãos em cerca cional, consolidando-se como um grande player do agronegócio de 50%, e de carnes, em quase 100% -, Alvarenga abordou a questão mundial”, salientou, acrescentando que, mesmo com um cená- de futuras demandas globais. rio positivo, “é necessário melhorar a pauta exportadora, com o “Nos próximos anos, a crise de alimentos estará cada vez mais incremento de produtos de melhor valor agregado”. presente nos fóruns internacionais e em nosso dia-a-dia. A preocu- Em seguida, o diretor da SNA, Fernando Pimentel, disse que, pação mundial se voltará com grande intensidade para a segurança apesar do bom momento pelo o qual o agronegócio vem passando, o alimentar. E o Brasil deverá desempenhar um papel cada vez mais setor não está imune à crise internacional. Na ocasião, traçou um importante nesse sentido. Além de produzir alimentos em quantida- painel geral do Brasil no contexto geoeconômico que, para ele, de, qualidade e preço para atender às necessidades de sua popu- apresenta estabilidade, ao lado de países como China e Austrália. Fábio Meirelles, presidente da Federação de Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp), afirmou DANIELLE MEDEIROS que as lideranças do campo devem se empenhar para defender o produtor, a cultura agrícola e a sociedade brasileira. “É necessário estabelecer uma política de defesa da nossa economia, dentro da realidade nacional”. Cooperativismo O movimento cooperativista ganhou destaque durante o encontro, que foi finalizado com a assi- natura de um convênio entre a SNA e a Organiza- ção das Cooperativas Brasileiras (OCB), para promo- ver ações de ensino e capacitação, bem como pro- jetos de sustentabilidade e segurança alimentar. Es- tiveram presentes à ocasião Márcio Lopes de Freitas, presidente da OCB-Nacional, Marcos Diaz, presidente da OCB-RJ, Jorge Barros, superintenden- te técnico do Sescoop-RJ, e Renato Nobile, supe- rintendente da OCB-Brasília. Fábio de Salles Meireles (presidente da FAESP); Antonio Alvarenga (presidente da O vice-presidente da SNA, Joel Naegele, consi- Sociedade Nacional de Agricultura), e o vice-presidente da SNA, Osaná de Araújo Almeida derou o acordo histórico. “O documento garante 6 DEZEMBRO/2011 A Lavoura
  • 7. DANIELLE MEDEIROS Joel Naegele (vice-presidente da SNA), Márcio Lopes de Freitas (presidente da OCB-Nacional), Antonio Alvarenga (pres. SNA), Marcos Diaz (presidente da OCB-RJ), Cesário Ramalho (presidente da SRB), Renato Nobile (superintendente da OCB-Brasília) e Jorge Barros (superintendente do Sescoop-RJ) comemoram a parceria SNA/OCB a permanência das práticas cooperativistas, DANIELLE MEDEIROS para que os produtores tenham maior assis- tência e ganhos”. Márcio Lopes de Freitas informou que, atualmente, o país conta com 1612 coopera- tivas, respondendo por 44% da produção bra- sileira. “Cooperativa é negócio, é estruturada para ganhar dinheiro”, afirmou, sugerindo, como estratégias para o setor, maior interatividade entre cooperativas e empresas, e a formação de uma sociedade anônima para captar recursos do exterior. Ao anunciar a estruturação de um gran- de centro de formação cooperativista em São Paulo, Freitas declarou que “as cooperativas devem ter um compromisso maior nas comu- O empresário e produtor rural Ruy Barreto e o presidente da FAESP, Fábio de Salles nidades em que estão presentes”. Meireles, durante almoço comemorativo, ao lado da diretoria da SNA: Antonio Alvarenga (presidente), almirante Ibsen de Gusmão Câmara (vice-presidente), Ronaldo Cesário Ramalho, presidente da Socieda- de Albuquerque (diretor) e Roberto Paraíso Rocha (membro da Comissão Fiscal) de Rural Brasileira, destacou o papel da SRB neste setor. “Temos um relacionamento profundo com várias asso- setor “é uma espécie de rede onde pequenos, médios e grandes ciações rurais. O agricultor deve ter a capacidade de gerir seu produtores dependem um do outro e das comunidades que utili- negócio, com o apoio das cooperativas”, declarou, ressaltando a zam os produtos”. “Nesse âmbito”, disse a coordenadora, “é im- luta da SRB por uma renda e apoio maior ao homem do campo. portante saber o que o consumidor deseja”. Sylvia observou ainda Produção e consumo a falta de marcas genuinamente brasileiras no agronegócio, em com- Para falar sobre a produção cafeeira, Ruy Barreto Filho, dire- paração às multinacionais. tor da SNA, denunciou o abandono do setor nos últimos 25 anos, Também presente ao encontro, o diretor da SNA, Márcio lembrando a extinção, pelo governo, do Instituto Brasileiro do Café Sette Fortes de Almeida, argumentou que “o produto rural é (IBC). O diretor também chamou a atenção para a falta de políticas competitivo até a porteira da fazenda, mas vai perdendo com- de exportação. “Não exportamos café solúvel e, ao mesmo tem- petitividade quando chega ao consumidor final”. O diretor atri- po, somos importadores de café brasileiro industrializado. Nossa bui este problema a falhas de infraestrutura, incluindo fatores política vesga beneficia o produtor e prejudica a exportação com como transporte e armazenamento (neste caso, a carência de valor agregado”, alertou. silos). De acordo com Márcio Fortes, “30% da safra se perde no Já na visão de Ruy Barreto, “o café não é um produto primário próprio trajeto”. Segundo ele, “falta investimento e diálogo” e tornou o Brasil um dos maiores países do mundo”. Ampliando o para resolver esses gargalos. debate, o produtor frisou que “o mundo tem, atualmente, uma Ao introduzir no debate a questão ambiental, o vice-presiden- enorme responsabilidade para alimentar sete bilhões de pessoas”. te da SNA, almirante Ibsen de Gusmão Câmara, reconheceu que Representando a Embrapa, Regina Lago, chefe da área de ali- há dificuldades em conciliar a produção de alimentos com a rea- mentos da instituição, abordou as oscilações nos preços de mer- lidade das mudanças climáticas. “O clima onde as regiões são frias cado, chamou a atenção para o aumento do valor da cesta básica, será atenuado, mas nas regiões temperadas e tropicais, será mais e falou sobre a importância da produção alimentar. “Atualmente, quente. O panorama agrícola será totalmente modificado. Portan- não basta produzir o alimento; é preciso que haja qualidade e se- to, as próximas décadas serão cruciais para a preservação da hu- gurança”, declarou, citando a atuação da Embrapa nas áreas de manidade”. nutrição, biotecnologia e saúde. Ao final da reunião, o diretor da SNA, Alberto de Figueiredo, Com o foco voltado para a cadeia do agronegócio, a coorde- apresentou aos representantes da OCB um programa destinado à nadora do Projeto OrganicsNet, Sylvia Wachsner, ressaltou que o melhoria da pecuária leiteira no Estado do Rio A Lavoura DEZEMBRO/2011 7
  • 8. Sociedade Nacional de Agricultura lança nova publicação A Sociedade Nacional de Agricultura promo- DANIELLE MEDEIROS veu, no dia 6 de outubro, a festa de lan- çamento de sua nova publicação, Animal Business Brasil. Participaram do evento, no auditório da SNA, mais de 80 pessoas, entre membros da diretoria, lideranças empresariais, autoridades e representantes do setor agropecuário. Na ocasião, o presidente da Sociedade Na- cional de Agricultura, Antonio Alvarenga, dis- se que, apesar da notável liderança do Brasil como maior exportador de carne bovina e de frango do mundo, é preciso avançar mais em termos de produtividade. “Nos últimos anos ti- vemos grandes progressos nos setores de grãos e cana de açúcar. Agora é preciso cuidar do au- mento da produtividade de nossa pecuária”. Embaixador Flávio Perri, Antonio Alvarenga (presidente da SNA), Roberto Paulo Cézar de Alvarenga ressaltou ainda a importância da Andrade, membro da Academia Nacional de Agricultura, e o ex-deputado Márcio Fortes tecnologia para o desenvolvimento da pecuá- DANIELLE MEDEIROS ria - aspecto que constitui um dos principais focos da nova revista da SNA, também volta- da para a ampliação da inserção internacional das cadeias produtivas do segmento animal. Ao abordar os propósitos da publicação, seu editor, Luiz Octavio Pires Leal, informou que a Animal Business Brasil é uma revista de negócios, direcionada a atrair investimentos para o setor. “Divulgar internamente e no ex- terior as tecnologias avançadas e as oportuni- dades de investimentos constituem também objetivos da nova publicação, e para isso con- tamos com a colaboração de especialistas”. O diretor da SNA, Márcio Sette Fortes de Almeida, que assina um artigo no primeiro nú- mero da revista, destacou que a publicação é voltada para o produtor que pretende adotar novas tecnologias, e elogiou os esforços do em- Cristina Baran, editora da revista A Lavoura; Márcio Sette Fortes de Almeida, diretor da presariado e do governo brasileiro para incre- SNA; e os representantes da Animal Business Brasil: Marcelo Thadeu Rodrigues mentar a qualidade dos produtos de origem (diagramador) e Luiz Octavio Pires Leal (editor) animal. DANIELLE MEDEIROS Especializada em tecnologia da criação, re- produção, industrialização e comercialização de animais, a revista Animal Business Brasil, em seu número de estreia, publica matérias sobre re- produção high tech, avicultura brasileira, mer- cado de saúde animal, comércio internacional de cavalos, exportação de carne, entre outros. Com 72 páginas em cores, periodicidade bimestral e forte distribuição no Brasil e no ex- terior, a publicação bilíngue (português e in- glês) tem por objetivo estimular as exportações e os investimentos em tecnologia no segmen- to animal do agronegócio brasileiro. Durante o coquetel de lançamento da re- vista, o público assistiu a uma apresentação do pianista Osmar Milito e da cantora Sanny Alves, Antônio Carlos de Andrade (economista); Antonio Alvarenga (presidente da SNA), e que mostraram clássicos da música brasileira. os diretores Francisco Vilela e Sérgio Malta 8 DEZEMBRO/2011 A Lavoura
  • 9. OrganicsNet debate orgânicos na panificação O projeto OrganicsNet, da Sociedade Nacional de Agri- cultura, participou do 3º Workshop de Cooperação Inter- nacional - Gestão & Inovação na Panificação, realizado em orgânica do Brasil, a Molino D´Oro, localizada em Itaipava - região de Petrópolis (RJ). O estabelecimento, que per- tence ao Sítio do Moinho, utiliza fermento natural sem co- outubro, na Federação das Indústrias do Estado Mato Grosso adjuvantes no processo produtivo, e desenvolve conheci- do Sul. mento e técnica próprios para garantir a qualidade e a ras- O evento mostrou aos empresários do setor de panifica- treabilidade de seus produtos, fabricados com matéria pri- ção do estado as novas práticas de gestão, além das tecno- ma italiana. logias e inovações que visam à melhoria do processo produ- Dias antes de sua palestra, Sylvia fez uma visita a Itaipava tivo, com o incremento da qualidade. e teve a oportunidade de conversar com os técnicos respon- Na ocasião, a coordenadora do projeto OrganicsNet, sáveis pela Molino D‘Oro e acompanhar todas as etapas da Sylvia Wachsner, apresentou o case da primeira padaria produção de pães. Fagram forma sua última turma de Zootecnia DANIELLE MEDEIROS A Faculdade de Ciências Agro-ambi- entais (FAGRAM) realizou, no último dia 20 de outubro, no auditório da SNA, a cerimônia de formatura de sua última turma de Zootecnia. Após quinze anos de funcionamento, a FAGRAM encerrou suas atividades no campus da Penha. O presidente da SNA, Antonio Al- varenga, lamentou o término do cur- so “por falta de demanda no Rio de Janeiro” e ressaltou a importância da Zootecnia na segurança alimentar de futuras gerações. “Até 2050, teremos dois bilhões de pessoas a mais no mundo para alimen- tar, e a Zootecnia é a área que cuida da produção de alimentos de origem animal com qualidade e respeito ao meio ambiente e ao homem. O mundo espera que Brasil consiga aumentar sua produção para suprir esta demanda, pois ainda podemos crescer em eficiên- cia e em área, de forma sustentável e responsável” – declarou Alvarenga. Formandos posam para a foto clássica A coordenadora do curso de Zootecnia, Christianne Perali, lembrou a história da FAGRAM e chamou a atenção para os deveres a atitudes dos novos profissionais. “Apesar de ser a última turma, a responsabilidade de cada um dos zootecnistas formados nesta data e nas turmas anteriores está centrada na produção com ética e responsabilidade ambiental e social”. A professora recomendou aos formados que se dediquem constantemente ao aprimoramento profissional e trabalhem com afinco para atingir seu sucesso. Os demais professores agradeceram ao período de convivência com os alunos e as experiências trocadas em sala de aula, e manifestaram pesar pelo fim do curso. Colaram grau, durante a cerimônia, os alunos Leonardo Gonçalves, Flávio Bindi, Amanda Arêa, Ildecir Sias, Ellen Simas, Gustavo Mattozinhos da Rosa, Eruana Santos, Marcos Nalin, Marcos Provetti e Mário Tremura. Estiveram presentes à mesa o professor Olavo David Filho, Christianne Perali, Antonio Alvarenga, Dione Firmino (paraninfa), professor Markus Budjinsky e Marcos Aronovich. A Lavoura DEZEMBRO/2011 9
  • 10. EMBRAPA TRIGO Safra de trigo em 2011 é menor, mas com excelente qualidade A safra de trigo em 2011, em áreas As cultivares BRS 264 e BRS 254 são duas aplicações de fungicidas e duas de irrigadas com pivô central, no Distrito indicadas para região do Cerrado do inseticida, o que baixou os custos das Federal, Minas Gerais e em Goiás acom- Brasil Central, que compreende os es- lavouras. panhou a redução de produtividade tados de Minas Gerais, Goiás, Mato A brusone continua sendo a doença verificada em todo o país. Em compa- Grosso, Bahia e o Distrito Federal. Atu- que mais causa prejuízos na triticultura ração à safra anterior, a produtividade almente, 90% da área plantada com do Cerrado. Segundo o pesquisador da foi 10% inferior, embora algumas lavou- trigo irrigado nessa região utiliza as Embrapa Cerrados, no caso do plantio ras tenham alcançado em torno de 115 variedades lançadas pela Embrapa. do trigo irrigado, a doença se agrava sacos por hectare com a cultivar BRS As unidades da Empresa Brasilei- com a ocorrência de chuvas no estágio 264, quando a média foi de 90 sacos por ra de Pesquisa Agropecuária - Embra- de espigamento. Isso diminui conside- hectare. Levantamento da Companhia pa Cerrados e Embrapa Trigo são as ravelmente a produtividade da lavou- Nacional de Abastecimento (Conab) in- responsáveis pelo desenvolvimento do ra e a qualidade de grãos. Os grãos dica que a produção nacional deverá ser programa de melhoramento do trigo. infectados apresentam-se enrugados, de 5.129,9 mil toneladas, 12,8% menor Somado à boa produtividade, o tri- pequenos, deformados e com baixo do que a colhida em 2010. go produzido na região é todo de alta peso específico. Para as lavouras per- A área total cultivada com trigo ir- qualidade, comparável ao das melho- manecerem livres desta doença, os tra- rigado no Distrito Federal, Minas Gerais res regiões produtoras do mundo, como tamentos com fungicidas, indicados e em Goiás também teve uma redução o Canadá. Todas as variedades planta- pela pesquisa, devem ser preventivos. neste ano. Em relação a 2010, a cultu- das no Cerrado são de trigo pão e A Embrapa possui projetos em an- ra foi plantada em menos 20% das áre- melhorador, conforme a demanda da damento que visam identificar fontes as. As condições climáticas favorece- indústria moageira. “No Brasil, o trigo de resistência à brusone, mas ainda não ram o bom desenvolvimento das plan- de melhor qualidade industrial é o do foram desenvolvidas cultivares resis- tas de trigo na região do Brasil Central. Cerrado, em função de sua alta força tentes ao fungo Pyricularia grisea, cau- “A maioria das lavouras foi colhida no de glúten e estabilidade”, acrescenta sador da doença. Experimentos em período seco, sem a ocorrência de chu- o pesquisador. rede estão sendo desenvolvidos em vas, o que favoreceu a qualidade dos Menos perdas Planaltina-DF, Dourados-MS e Londrina- grãos e, consequentemente, favoreceu O ataque de pragas e doenças não PR. Nos campos experimentais da a comercialização. Os produtores estão foi significativo nesta safra, o que con- Embrapa Cerrados, em Planaltina-DF, vendendo a sua produção entre R$ tribuiu para a produtividade e a quali- estão sendo testados vários genótipos 37,00 e R$ 42,00 por saco de 60 kg”, dade do trigo nessa região. Dessa for- anualmente. O objetivo é selecionar explica o pesquisador da Embrapa Cer- ma, muitos produtores conseguiram materiais que apresentem baixo nível rados Júlio Cesar Albrecht. chegar até o final do ciclo com apenas de incidência da doença. LILIANE CASTELÕES - EMBRAPA CERRADOS 10 DEZEMBRO/2011 A Lavoura
  • 11. SECRETARIA DE ESTADO DE AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO Bois confinados em Minas produzem 80 mil ton de carne Rebanho mantido nos currais tem apresentado cotações e piquetes aumentou 20% crescentes desde janeiro. Segundo análise da Iniciado o período das águas, os Subsecretaria do Agronegó- pecuaristas de Minas Gerais que mantiveram cio da Secretaria da bois em confinamento durante a seca de Agricultura, no período de 2011 estão levando o gado gordo para os janeiro a outubro de 2011, abatedouros. Neste ano, cerca de 400 mil o preço médio subiu animais (volume 20% superior ao de 2010) 19,92%. Há sinais de que a ficaram nos currais ou piquetes durante um tendência de alta seguirá período de até três meses para cada lote, até janeiro/fevereiro. Confinamento é rentável para produtores que cuidam bem recebendo alimento e água, informa a De agora em diante, da gestão do negócio Emater-MG, vinculada à Secretaria de Agri- acrescenta o assessor da se- cultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). cretaria, a procura pela carne deve aumen- va que vem aprimorando o confinamento “Os animais de confinamento ofere- tar, sendo a oferta quase exclusivamente do desde 1979, quando adotou essa alterna- cem carne em quantidade e com a quali- produto de confinamentos. Começa um novo tiva de manejo do gado utilizando ape- dade exigida pelos frigoríficos e os consu- ciclo de engorda de animais centralizado nos nas cem bois. No ano seguinte engordou midores, um produto muito valorizado”, pastos que já apresentam sinais de recupe- mil animais e depois continuou expandin- diz o coordenador estadual de ração. do a produção. Bovinocultura da Emater, José Alberto de Números positivos Para 2012, Queiroz confirma que vai tra- Ávila Pires. Considerado um dos pioneiros do balhar com 40 mil bois, pois em sua opinião Ele estima que pelo menos 90% dos bois confinamento de bois no Brasil, o pecuarista a engorda de um grande volume de animais confinados em Minas neste ano já foram ofe- Adalberto José de Queiroz, do município de possibilita renda ao produtor inclusive nos recidos no mercado. Segundo o balanço re- Frutal (Triângulo Mineiro), manteve em cur- períodos de baixa cotação da carne. “Prin- alizado pela Emater, o volume total de ani- rais, desde março, um total de 12 mil bois e cipalmente quando se pode contar com uma mais preparado à base de ração deve possi- ainda conta com 25% desse plantel. Para o boa safra de milho no dstado, como a esti- bilitar o aproveitamento de 80 mil tonela- produtor, os resultados deste ano foram po- mada para 2012, e a possibilidade de pro- das de carne. Este volume é suficiente para sitivos porque ele conseguiu fechar bons duzir na propriedade uma parte dos compo- o abastecimento de 6,7 milhões de pessoas contratos de venda a termo, isto é, comer- nentes da ração”, finaliza. em quatro meses, consumindo cada uma a cialização dos animais à base de acertos que Cenário do boi média de 12 quilos. independem dos preços praticados geral- Dados da Emater mostram que, em Mi- O agrônomo Renato de Assis Porto de mente pelo mercado. Predominam nas ne- nas Gerais, um grupo de 63 produtores tra- Melo, assessor técnico do programa Minas gociações as condições dos animais ofereci- balha com plantéis confinados de mil a cin- Carne, criado pela Secretaria da Agricultura, dos, o cumprimento de prazos e outros as- co mil cabeças, respondendo por 56,5% dos também ressalta a importância do pectos. “Estamos entregando boi por R$ animais dentro do sistema. Para completar confinamento de bovinos e diz que os produ- 98,50 a arroba e um mês atrás vendíamos a oferta da carne confinada no Estado, há tores estão aderindo ao sistema com por um preço acima da cotação atual do um contingente de 658 pecuaristas que tra- profissionalismo. “Eles fazem altos investi- mercado”, enfatiza. balham na faixa inferior a 150 e até mil bois. mentos principalmente na compra de ração Queiroz ressalta que o confinamento De acordo com Ávila Pires, a presença des- para os animais confinados e, por isso, sem- é uma prática rentável sobretudo para os se número de pequenos produtores é um pre têm a expectativa de obter uma remu- produtores que cuidam bem da gestão do bom suporte à atividade, que garante o abas- neração melhor ao vender esse gado do que negócio. “É necessário aproveitar bem as tecimento do mercado interno em extenso obteriam com a comercialização de animais oportunidades para vender o boi gordo e período, possibilitando a oferta de carne engordados no pasto”, explica. também para comprar os bezerros que bovina de qualidade a preços estáveis. A arroba do boi, comercializada atual- iniciarão um novo ciclo nos currais ou pi- IVANI CUNHA - SECRETARIA DE ESTADO DE AGRICULTURA, mente em Minas Gerais por cerca de R$ 100, quetes”, esclarece. O pecuarista obser- PECUÁRIA E ABASTECIMENTO Bezerros de laboratório mente no Laboratório de Reprodução Animal do Campo Experimen- tal Santa Mônica, em Valença-RJ, mais um fruto da parceria entre a Pesagro-Rio e a Embrapa Gado de Leite. O resultado foi come- A Pesagro-Rio dá mais um passo para o domínio da tecnologia de produção de embriões in vitro de bovinos de leite. Nasceram entre os dias 21 e 24 de junho passado, as três primei- morado pelo presidente da Pesagro, Sílvio Galvão, que destacou a parceria estratégica, a dedicação e o profissionalismo das equipes ras bezerras desenvolvidas a partir de embriões produzidos integral- e dos pesquisadores responsáveis pelo trabalho. De acordo com a pesquisadora Raquel Varella Serapião, da Pesagro-Rio, os embriões foram produzidos a partir de óvulos PESAGRO-RIO coletados de vacas doadoras de alto valor genético da raça Gir e fecundados com sêmen de touro Holandês, sendo então transferi- dos para vacas receptoras (barrigas de aluguel) do rebanho do Campo Experimental, sendo todas as etapas executadas pela equipe da empresa. A técnica vem sendo utilizada para a produção de matrizes que resultem em animais de alta qualidade genética, permitindo a melhoria do rebanho fluminense e o aumento da produtividade do leite, informou o pesquisador da Pesagro Agostino Jorge dos Reis Camargo, que integra a equipe do projeto. Bezerras produzidas “in vitro” pela A Lavoura DEZEMBRO/2011 11 Pesagro-Rio
  • 12. Pesquisa avalia ESALQ/USP transferência de renda do agronegócio para outros setores da economia O agronegócio brasileiro, nos últimos 15 anos, aumentou sua produção e cresceu mais do que o PIB do País, permi- tindo que se expandissem o consumo interno e a exportação de seus produtos. Analisando esse contexto, uma pesquisa desen- volvida no programa de Pós-graduação em Economia Aplicada, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ/USP), observou o papel do agronegócio no processo de transferência de renda para os demais setores da economia doméstica e tam- Setor pecuarista: queda de preços devido ao aumento da produção bém para o mercado externo. De autoria de Adriana Ferreira Silva e orientação do pro- fessor Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros, do Departamento setor teve participação relevante nesta trajetória”, explica de Economia, Administração e Sociologia (LES), o estudo Adriana. intitulado “Transferências Interna e Externa de Renda do Agro- Setor pecuarista negócio Brasileiro” apontou que a redução da concentração Segundo a pesquisadora, devido à queda de preços dos pro- de renda e da pobreza no Brasil também teve suas raízes no dutos agropecuários, a sociedade absorveu, entre os anos de agronegócio. “Ao assumir posição estratégica para o contro- 1995 a 2009, uma renda de R$ 837 bilhões do agronegócio, prin- le da inflação e geração de divisas no comércio exterior, esse cipalmente do setor pecuarista, e dos segmento primário e in- Alho: Minas aposta na qualidade para concorrer Safra estadual deve alcançar volume A colheita mineira prevista para este ano equivale a 16,6% da safra nacional, garantindo a vice-liderança do 5,3% superior ao do ano passado ranking brasileiro do alho, atrás apenas de Goiás. Para o su- perintendente de Política e Economia Agrícola da Apesar das importações crescentes de alho pelo Brasil – Subsecretaria do Agronegócio da Secretaria da Agricultura entre janeiro e agosto de 2011 entraram no país 109,9 mil de Minas Gerais, João Ricardo Albanez, o aumento da safra toneladas do produto argentino e chinês –, os agricultores estadual é consequência principalmente da intensa utiliza- mineiros investem no aumento da safra. O IBGE estima que a ção de tecnologia nas lavouras. “Por isso, a produtividade produção de alho em Minas Gerais neste ano vai alcançar 19,7 média de alho no Estado é de 12,1 toneladas de alho por mil toneladas, volume 5,3% maior que o registrado no ano hectare. Há dez anos, a produtividade era de 8,1 toneladas passado. por hectare”, explica Albanez. Primeiro colocado na produção estadual de alho, o Alto Paranaíba tem uma safra estimada de 13,8 mil toneladas, volu- BARAN CRISTINA me correspondente a cerca de 70% da safra estadual. Albanez avalia que o plantio, principalmente na região líder de produção, foi estimulado em 2011 pela recuperação de preço registrada em 2010, como consequência de uma redução temporária das im- portações de alho chinês. Qualidade reconhecida O agricultor familiar Oswaldo Júnior, que mantém o cultivo de alho em 18 hectares no município de São Gotardo, no Alto Paranaíba, diz que o produtor deve sempre investir na qualida- de, independente da importação. “É necessário produzir sem- pre o nosso alho com qualidade, exista ou não a importação. Além disso, o volume das compras externas do produto pelo Brasil pode cair, e nesse caso os preços internos serão mais compensadores.” Oswaldo concorda que o alho nacional, especialmente o co- lhido nas lavouras mineiras, tem a preferência dos consumidores que valorizam a qualidade. A observação é compartilhada pelo extensionista Dener Henrique de Castro, que atua no município. Alho: colheita mineira equivale a 16,6% da safra nacional, ficando atrás apenas de Goiás 12 DEZEMBRO/2011 A Lavoura
  • 13. dustrial da agricultura. “Essa queda de preços se dá devido ao EDUARDO PINHO aumento da produção, gerado pela aquisição de novas tecnolo- gias. Isso significa que a renda perdida pelo agronegócio não Milho BRS afetou sua sustentação. Além disso, o fato da produção apre- sentar crescimento nesse cenário é um indicador de que as quedas de preço não representaram perda total da rentabilida- Caatingueiro de das novas tecnologias”, afirma. Adriana expõe ainda outro motivo para a queda dos pre- melhora a produção ços no País: o avanço da tecnologia e o aumento da produ- ção em escala internacional. “Aliados ao protecionismo dos países mais desenvolvidos, eles geraram uma baixa dos pre- no Semiárido ços em grandes proporções. Ou seja, o desempenho do Bra- sil não se deu de forma isolada, ele apenas ajustou seus cus- tos ao movimento dos demais países”, explica. O trabalho conclui que a redução dos preços reais dos produtos agrope- cuários foi fator primordial na capacidade do poder aquisiti- vo dos consumidores, em especial, para as famílias de baixa renda - nas quais grande parcela da renda é despendida em alimentos. Por outro lado, há que se garantir que os preços pagos aos produtores remunerem seus esforços, para que desestímulos à produção de alimentos não surjam e no futu- ro ocasionem uma redução da oferta e consequente eleva- ção dos preços. Esta pesquisa de Adriana Ferreira Silva ganhou o Prêmio Edson Potsch Magalhães de melhor tese em economia rural, durante a realização do 49º Congresso da Sociedade Brasi- leira de Economia, Administração e Sociologia Rural (SOBER), realizado em julho. ANA CAROLINA MIOTTO - ESALQ/USP BRS Caatingueiro: superprecoce com produto importado A colheita do milho começou em junho no Nordeste bra- sileiro, e os produtores da região, principalmente os pe- quenos agricultores familiares do Semiárido, já comemo- “O produto de Minas Gerais tem qualidade reconhecida em todo ram o aumento da produção. Na região de Irecê, no cen- o país, especialmente nos mercados de São Paulo, Recife e Ama- tro norte da Bahia, que integra cidades como Ibititá, zonas”, explica. Canarana, Lapão e João Dourado, a produtividade desta A preferência do consumidor brasileiro pelo alho nacional safra foi três vezes maior do que a dos últimos seis anos. também é citada por Eduardo Sekita, diretor do grupo Sekita, de A média, que era de 40 mil toneladas, subiu para 142 mil São Gotardo, que trabalha com a parceria de 49 produtores em toneladas de milho este ano. 190 hectares da propriedade. Esse contingente de agricultores Boa parte desse sucesso se deve à utilização do BRS familiares deve garantir ao grupo, em 2011, uma produção da Caatingueiro, desenvolvido pela Embrapa Tabuleiros Costei- ordem de 3,7 mil toneladas, ele informa. ros, em parceria com a Embrapa Milho e Sorgo, e “O grande problema é que as importações permitidas pelo comercializado pela Embrapa Transferência de Tecnologia, governo federal possibilitam a venda do acho chinês por R$ 40,00 unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. a caixa de dez quilos, enquanto no Alto Paranaíba o preço varia Superprecoce de R$ 42,00 a R$ 45,00, porque abaixo disso seria insuficiente para A cultivar apresenta grãos semiduros amarelos e é cobrir os custos de produção”, explica o executivo. adaptada especialmente ao Semiárido nordestino. Sua Segundo Sekita, outro aspecto que dificulta a situação dos principal vantagem é o ciclo superprecoce, o que per- produtores brasileiros é que o alho importado está presente em mite boas colheitas mesmo em períodos de pouca chu- todo o país durante o ano inteiro. Já o produto colhido nas lavou- va. Como o florescimento do BRS Caatingueiro ocorre ras da maioria dos Estados chega ao consumidor em um período entre 41 e 50 dias, diminui o risco de estresse hídrico definido, de agosto a fevereiro, sendo que em Minas Gerais o no momento em que o milho é mais sensível à falta de abastecimento predomina numa faixa de tempo ainda menor, de água. agosto a janeiro. Após o plantio, a cultivar precisa de apenas 90 dias para Organização da produção atingir a época da colheita. Mas se a distribuição das chuvas “Diante do cenário da importação de alho pelo Brasil, os agri- for regular, a safra já está garantida com 65 a 70 dias de plan- cultores devem buscar orientação junto às associações e coope- tio. Na região mais seca do Semiárido, a produtividade do BRS rativas para desenvolver a produção programada”, recomenda o Caatingueiro varia em torno de 2 a 3 toneladas de grãos por superintendente do Mercado Livre do Produtor (MLP) da hectare. CeasaMinas pela Subsecretaria de Agricultura Familiar da Secre- Em condições mais regulares de precipitação, a produti- taria da Agricultura, Lucas de Oliveira Scarascia. Ele diz que é vidade pode chegar a 6 toneladas de grãos por hectare. Por fundamental para os produtores o acesso a informações sobre as isso, a cultivar é ideal para os pequenos produtores, que tendências do mercado, política de abastecimento do país, situ- geralmente dispõem de poucos recursos, encontram dificul- ação do câmbio e interesse de outros países em colocar seus pro- dades para ter acesso ao crédito e não têm tipo algum de dutos no Brasil. orientação técnica. IVANI CUNHA - SECRETARIA DE ESTADO DE AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO DE MINAS GERAIS EDUARDO PINHO RODRIGUES - EMBRAPA TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA A Lavoura DEZEMBRO/2011 13
  • 14. VINICULTURA VINICULTURA Vinhos, tradição e modernidade A NTONIO A LVARENGA CRISTINA BARAN PRESIDENTE DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA - SNA A família Perrin produz vinhos desde 1909, na região da Provence, e hoje é uma das maiores podutoras da França Uvas para a produção dos vinhos Château de Beaucastel: os “galets” (pedras arredondadas no solo), retém o calor do dia e aquecem 14 DEZEMBRO/2011 A Lavoura as videiras durante a noite
  • 15. VINICULTURA E m recente viagem à França, tivemos a oportunidade de co- nhecer as propriedades viní- colas da tradicional família Perrin, que se passa em suas propriedades, caves e instalações industriais, é vi- sível seu amor pela terra, videiras e pela produção do vinho. blage” é sempre diferente em cada safra, tendo em vista que anualmen- te as características das uvas são diferentes conforme o clima e épo- gente simples, elegante e muito aco- O reconhecimento desse trabalho ca da colheita, que interferem no re- lhedora. apaixonado vem, dentre outros resul- sultado final após sua maturação e A família Perrin dedica-se à pro- tados relevantes, por meio da avali- fermentação. É François Perrin quem dução de vinhos desde 1909, na re- ação dos críticos especializados. Re- define a data de início da colheita e gião da Provence, sendo atualmente centemente, um dos vinhos – Château dá a palavra final no “assemblage” uma das maiores produtoras de vinho de Beaucastel, branco, velhas vinhas de cada um dos vinhos produzidos da França. – obteve a nota máxima - 100 - do pelas vinícolas da família. François Perrin dirige o grupo de renomado crítico norte-americano Linha de produtos empresas da família com extrema de- Robert Parker, uma das maiores au- Há uma extensa linha de produ- dicação e eficiência, adotando mo- toridades mundiais em vinhos, cuja tos, desde o especialíssimo Châ- dernas técnicas de gestão - desde o crítica favorável pode lançar o preço teauneuf-du-Pape – Château de manejo das videiras, colheita das de um vinho às alturas. É a primeira uvas e produção dos vinhos até sua vez que um vinho branco da região de CRISTINA BARAN comercialização, incluindo toda a Châteauneuf-du-Pape recebe 100 complicada logística envolvida no pro- pontos. cesso e o marketing dos produtos. O “Assemblage” ambiente é bastante informal, mas Um dos principais segredos de um tudo funciona perfeitamente. Aqui bom vinho é o “assemblage”, ou seja, vale nosso ditado: “o olho do dono é o percentual de cada tipo de uva em que engorda o gado”. Atento a tudo sua composição final. Esse “assem- CRISTINA BARAN Propriedade da família Perrin, na Provence, França, onde são produzidos e armazenados os vinhos Château de Beaucastel (detalhe) A Lavoura DEZEMBRO/2011 15
  • 16. PERRIN ET FILS VINICULTURA Obedecendo o método tradicional de produção, a colheita do Château de Beaucastel é manual Beaucastel – até vinhos mais sim- altitude de cerca de 300 m e clima ples, como os La Vieille Ferme ou bastante adequado para a uva syrah; Côtes du Rhone, de boa qualidade, e o Vacqueyras, produzido em solos honestos e adequados para os seg- argilosos pesados com cascalho de mentos de mercado aos quais se pro- Ouvèze, onde uma combinação das põem atender. uvas grenache com syrah produz um Há também os excelentes vinhos vinho aromático e de muito boa re- PERRIN ET FILS Gigondas, produzidos a partir de putação na França. uvas grenache, cultivadas em solos A linha de produtos inclui vinhos muito arenosos; o Vinsobres, um dos tintos, brancos, roses e até um melhores Crus do sul do Vale do Rhone, doce. Também há vinhos orgânicos cujo vinhedo está localizado ao nor- – como é o caso do Château de Beau- te de Châteauneuf-du-Pape, a uma castel e Côtes du Rhone Rouge Primum Familae Vini (Grandes Famílias do Vinho) petitividade no mercado internacional. A vinícola Perrin e Fils faz parte de uma associa- ção exclusiva que reúne 12 empresas pertencen- tes a famílias tradicionais produtoras de vinhos, com Atualmente, os membros da Primum Familae Vini são as vinícolas: Champagne Pol Roger, Joseph Drouin o objetivo de manter a tradição e transmitir às ge- (Borgonha), Hugel & Fils (Alsácia), Perrin & Fils rações futuras a paixão que eles têm com a produ- (Rhone), Château Mouton Rothschild (Bordeaux), to- ção do vinho. A associação realiza reuniões periódi- dos da França; Torres e Vega Sicilia (Espanha); Tenuta cas com as famílias associadas e também promove San Guido e Antinori, ambos da Toscana, Itália; Egon programas de cooperação mútua, sobretudo na divul- Müller Scharzhof, da Alemanha; e Grupo Symington, gação de seus produtos, visando ganhar maior com- de Portugal. A Lavoura DEZEMBRO/2011 17 16 DEZEMBRO/2011 A Lavoura
  • 17. VINICULTURA e forte, que chega a atingir 100 km/ zados 30% de mourvedre, 30% de hora. Todos estes componentes – in- grenache, 10% de syrah, e 5% de clusive as diferenças entre altas e muscardin, vaccarese e cinsault baixas temperaturas – se combinam cada. O restante é composto de pe- e se complementam pa-ra dar às vi- quenas quantidades de sete outras nhas de Beaucastel excepcionais qua- variedades permitidas em Château- lidades e originalidade neuf-du-Pape, que proporcionam uma reconhecidas mundial- complexidade graciosa que fazem o PERRIN ET FILS mente. Château de Beaucastel ser um vinho A propriedade cobre extraordinário. um total de 130 hecta- O período de colheita é fundamen- res, dos quais apenas tal, porque as uvas são colhidas e vi- 100 hectares são planta- nificadas separadamente, permitin- dos com vinhas: 75% do-lhes expressar suas próprias per- são dedicados à produ- sonalidades no produto final. ção do Châteauneuf-du- A colheita e a classificação são Pape – Chateau de Beau- manuais. As peles das uvas são aque- castel, e 25% para produ- cidas rapidamente para 80°C e, em ção do Côtes-du-Rhone seguida, resfriado a 20°C antes de le- denominado Coudoulet var os cachos para cubas de de Beaucastel. Os res- maceração onde ficam durante 12 tantes 30 hectares, são dias. O suco é, então, drenado. utilizados na rotação de A partir do método de aquecimen- culturas para preparar to flash, Beaucastel Rouge segue uma Produção do vinho Château de Beaucastel: novos plantios de vinha, vinificação mais ou menos clássica. A maturação, envelhecimento e guarda... porque, a cada ano, um maioria das variedades são fermen- ou dois hectares de vi- tadas separadamente. O vinho jo- nhas velhas são desati- vem, em seguida, amadurece em Nature. Desde 1962, os vinhedos de vadas e uma área equivalente é barricas de carvalho por cerca de 12 Château de Beaucastel produzem replantada em terreno onde não hou- meses. As castas das uvas - vinifi- vinhos orgânicos. ve produção dura*nte, pelo menos, cadas separadamente - são mistura- Há vinhos produzidos a partir de dez anos. Desde 1962 o cultivo dos das após a fermentação e uma série vinhas antigas, algumas com 90 vinhedos de Beaucastel é orgânico. de degustações. O vinho resultante é anos. Em determinados anos, depen- Château de Beaucastel tinto então amadurecido por um ano em dendo da característica da safra, são O vinho é resultado de 13 varie- grandes barricas de carvalho e depois produzidos alguns vinhos especiais, dades de uvas. As videiras têm em engarrafado. Finalmente, o vinho é como é o caso do “Hommage à média 50 anos e o rendimento é de, maturado em garrafas e guardado Jacques Perrin”, que também já re- no máximo, 30 hectolitros por hecta- nas caves Beaucastel por mais um cebeu a pontuação máxima do críti- re. Essa é uma vinha saudável e vi- ano antes de ser colocado à venda. co Robert Parker. brante, devido a anos de cultivo Château de Beaucastel branco A produção total das propriedades orgânico. Na produção do vinho tin- Os vinhos brancos do Château de da família Perrin é de 10 milhões de to Château de Beaucastel, são utili- Beaucastel estão entre os melhores garrafas por ano, sendo 500 mil gar- rafas do Châteauneuf-du-Pape. PERRIN ET FILS Galets No Château de Beaucastel, o mé- todo de produção é tradicional: co- lheita manual e sistemas artesanais de prensagem, maturação, envelhe- cimento, engarrafamento e guarda em barris de carvalho. O terreno em Beaucastel – entre as cidades de Avignon e Orange - é marcado pela presença de um gran- de número de pedras arredondadas, conhecido como “galets” Estes “galets” retêm o calor do dia e aque- cem as videiras durante a noite. O clima tem um papel importante: bai- xa precipitação, o vento Mistral, seco ... em barris de carvalho 17 DEZEMBRO/2011 A Lavoura A Lavoura DEZEMBRO/2011 17
  • 18. CRISTINA BARAN VINICULTURA PERRIN ET FILS Engarrafamento do vinho rosé “La Vieille Ferme” (detalhe), da Perrin et Fils vinhos brancos da França. Produzidos Há uma pequena quantidade do a partir de uvas cultivadas em clima “Vieilles Vignes” cuvée, produzido in- cestos. A classificação também é quente, sendo 80% roussanne, 15% teiramente a partir de vinhas manual, para separar as uvas verdes grenache blanc e 5% de outras vinhas. roussanne, com cerca de 100 anos de ou danificadas. Trinta por cento do As vinhas datam entre 10 e 40 anos. idade. vinho é fermentado em barris e o A vinha que produz o Château de restante em temperatura controla- Beaucastel Blanc possui apenas sete da, em cubas de aço inoxidável. Uma hectares para uma produção de vez que a fermentação é concluída, François Perrin na cave em Beaucastel, onde estão 6.000 garrafas por ano. A extraordi- a metade do vinho novo amadurece guardadas garrafas de nária qualidade e reduzida produção em pequenos barris de carvalho e vinho de diversas safras. tornam esse vinho uma raridade no metade em cubas por cerca de oito No detalhe, o vinho meses. O Vieilles Vignes cuvée é branco Château de mercado. Beaucastel, que foi As uvas são colhidas à mão e le- mantido em carvalho por um perío- recentemente premiado vadas para a adega em pequenos do mais longo. com a nota máxima BARAN CRISTINA FILS ET PERRIN 18 DEZEMBRO/2011 A Lavoura
  • 19. VINICULTURA Os vinhos franceses A França é referência mundial na produção de vinhos. É lá que se produz os mais famosos vinhos do mun- do e a maior variedade de vinhos de alta qualidade. A vinicultura existe na França há mais de 2.000 anos. A partir de 1905, o governo começou a controlar e regulamentar a produção do vinho no país. Em 1935 foi criado o Institut National des Appellations d’Origine (INAO), que fiscaliza toda a produção de vinhos na França. Cada região produtora tem sua própria regulamen- CRISTINA BARAN tação e classificações diversas. As principais regiões produtoras são Bordeaux, Borgonha, Champagne, Alsácia, Rhone e Loire. São cerca de 110 mil vinhedos espalhados pelo país, com os “terroirs” mais diversos, nas mãos de cerca de 69 mil produtores/negociantes e cooperativas. Só em Bordeaux, são mais de 7.000 châteaus e cerca de Vinhos produzidos na Provence, França, pela Perrin et Fils 13.000 vinhedos. A legislação é rigorosa no controle da produção dos vinhos, sendo os vinhos classificados conforme sua VDQS, vinho delimitado de qualidade superior qualidade: Na teoria, um degrau antes de um vinho ou região “Vin de Table”, ou vinho de mesa alcançar o nível AOC, ficando situado entre esta clas- sificação e o “Vin de Pays”. Corresponde a aproxima- São vinhos básicos, simples e mais baratos. É o damente 2% do total da produção. vinho produzido pelas comunidades onde, mais ou me- nos, se faz o que quer. Representam cerca de 17% do “Vin d’Appellation d’Origine Contrôlée” - AOC vinho produzido na França e é, quase que totalmente, (Vinho de Denominação de Origem Controlada) consumido localmente. A região de origem não é men- Nesta categoria estão os grandes vinhos franceses. cionada no rótulo. As normas de produção são estabelecidas pelo Institut “Vin de Pays” ou vinho regional National des Appellations d’Origine (INAO). A AOC pos- sui regras rígidas de controle e fiscalização, determinando São vinhos regionais em que as regras de produ- desde as uvas que podem, ou não, ser produzidas na re- ção são menos rígidas do que nas AOC, especialmen- gião, procedimentos de controle do vinhedo, uvas que te no que se refere às cepas de uvas que podem ser podem ser usadas na elaboração dos vinhos, porcentuais usadas. Existe uma maior liberdade e é aqui que os dos cortes, teores de álcool, etc. Daqui saem a grande produtores deixam fluir sua criatividade e experimen- maioria dos grandes vinhos da França. São mais de 450 tação na busca de novos vinhos. Apesar de existir muito diferentes AOC espalhadas por todas as regiões produ- vinho de baixa qualidade, pode-se encontrar bons pro- toras, respondendo por cerca de 50% da produção nacio- dutos com esta denominação. Correspondem a cerca nal. A denominação é estampada no rótulo e pode ser de 30% da produção total. usada sozinha, ou em conjunto com o nome da região. Produção Mundial de Vinhos O mercado mundial de vinhos 1. Itália – 47.700.000 hl (um hectolitro = 100 litros) 2. França – 45.600.000 hl A França rivaliza com a Itália como maior produtor e com a Espanha em termos de área plantada. Sua produção anual alcança cerca de 5.8 bilhões de garrafas. O consumo 3. Espanha – 35.200.000 hl Consumo Mundial de Vinhos 1. França – 29.900.000 hl per capita está hoje ao redor de 60 litros anuais, uma signifi- 2. Estados Unidos – 27.300.000 hl cativa redução em relação aos 150 litros da década de 1950. 3. Itália – 24.500.000 hl Enquanto o consumo na França vem se reduzindo, na China 4. Alemanha – 20.300.000 hl está em franca expansão. 5. China – 14.000.000 hl Superfície de Vinhedos Exportação Mundial de Vinhos 1. Espanha – 1.113.000 ha (hectare) 1. Itália – 18.600.000 hl 2. França – 840.000 ha 2. Espanha – 14.400.000 hl 3. Itália – 818.000 ha 3. França – 12.500.000 hl 4. China – 470.000 ha 4. Austrália – 7.700.000 hl A Lavoura DEZEMBRO/2011 19
  • 20. VINICULTURA Châteauneuf-du-Pape produz vinhos de fama mundial CRISTINA BARAN Châteauneuf-du-Pape, uma das regiões de terra mais caras da França... N uma pequena região, no coração da região sul do Rhone, fica a área de produção de Châteauneuf-du-Pape, en- tre as cidades de Avignon e Orange. Situada no topo de uma colina, possui 3.000 hectares de vinhedos. Nesta área o solo é coberto de pequenas pedras que absorvem calor durante o dia e aquecem as raízes das videiras de noite, os chama- dos “galets”. Uma das regiões de terras mais caras na Fran- CRISTINA BARAN ça, em Châteauneuf-du-Pape o hectare custa em média o equi- valente a R$ 1 milhão e as propriedades medem em torno de 5 hectares. A estória desses vinhedos tem as suas raízes num dos capí- tulos mais curiosos da História da França, que é a chegada dos papas à Avignon durante a Idade-Média. Nesta cidade, seis pa- pas se sucederam ao longo de um período de setenta anos. Denominação Em 1929, a denominação de origem, Châteauneuf-du-Pape, foi sacramentada. A denominação permite a utilização de 13 tipos de uvas diferentes para constituir esse vinho. Contudo, nos “assemblages”, a proporção de uva grenache noir costuma ser de 80%, sendo complementada em geral pela syrah e a mourvèdre. As outras variedades são usadas como tempe- ... e as vinhas com as quais são produzidos os vinhos com alto ro: cinzault, muscardin, vaccarèse, terret noir, picpoul noir, valor no mercado counoise. Vale mencionar também as castas brancas que produzem vinhos, cuja qualidade vem aumentando a cada ano, e cuja A sua cor mais característica é um rubi escuro com refle- uva dominante é a grenache blanc, seguida pela clairette, a xos granada. Os seus aromas, por tradição, são extremamen- bourboulenc, a picardan e a roussanne. te sedutores. Entre eles, predominam toques pronunciados Fama mundial de frutas vermelhas maduras, de especiarias e de ervas aro- De fama mundial, conhecido pelas suas garrafas amplas e máticas, sempre de grande intensidade. bojudas, que trazem o selo das armas dos papas estampado No paladar, há equilíbrio entre acidez e álcool, sendo que no vidro, o Châteauneuf-du-Pape possui grande força e volu- o seu corpo aveludado e volumoso tem um final longo e me, graças à uva grenache que proporciona a sua consistên- frutado, com um amargor leve e amadeirado. cia característica de um vinho de guarda. Assim, os seus Para os tintos: mourvedre, grenache, syrah, cinsault, melhores vinhos podem esperar de 10 a 12 anos até serem counoise, muscardin, vaccarese. consumidos, alguns dos quais podem ser guardados por até Para os brancos: grenache blanc, bourboulenc, clairette, 25 anos. roussanne, picpoul, picardan. 20 DEZEMBRO/2011 A Lavoura