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Externato Santo Antonio
SUA HISTÓRIA E SUA HERANÇA
Revista Comemorativa dos 80 Anos do ESA - Junho/2011
EXTERNATO SANTO ANTONIO
- SUA HISTÓRIA E SUA HERANÇA -
é uma publicação comemorativa
em alusão aos 80 anos do ESA.
www.externato.com.br
Projeto Gráfico, Arte e Diagramação
Grappa Editora e Comunicação
www.grappa.com.br
Fotos
Arquivo ESA
Laborprime
SXC.HU
Apresentação
O exercício da função social da escola é complexo. Precisa
conjugar várias tarefas diferentes: possuir condições de
infraestrutura que comportem corretamente as atividades
educativas; selecionar profissionais certificados, com significativa
inteligência e moral exemplar a fim de que exerçam a função
de educadores com eficiência e competência; abrir suas portas
para acolher crianças e jovens das famílias que compõem a
comunidade na qual a instituição se encontra para compartilhar
com os pais a responsabilidade da formação dos futuros cidadãos;
proporcionar o desenvolvimento corporal, o conhecimento
científico e o amadurecimento moral das crianças e jovens.
As incontáveis pressões do cotidiano, desde o desenvolvimento
da tecnologia de informação e comunicação até as distâncias
ideológicas que confluem das mais variadas classes sociais,
costumam colocar à prova a capacidade institucional de promover
um convívio de integração, amizade e inclusão.
Vemos, de maneira comum, escolas que se perdem no
imediatismo e na superficialidade sem alcançar a solução destes
desafios. Normalmente, enxergam o espaço da educação como
um “mercado” no qual as aulas, as notas, as excursões, enfim,
todas as suas atividades não passam de produtos a serem
vendidos, supervalorizando as vontades dos consumidores, que
tudo exigem, mas pouco se responsabilizam ou contribuem para
os resultados. Uma escola que se alinha com este processo parece
estar entregue à estrita lógica do mercado, que compromete
o futuro da sociedade e da natureza porque estabelece uma
forte concorrência entre os indivíduos em busca da acumulação
desenfreada de dinheiro, tendência neoliberal deste início
de século XXI, pouco ou nada se importando com o próximo,
entendido como um concorrente e não como semelhante, ou
com a natureza, observada como fonte inesgotável de matérias-
primas e não como uma sensível criação de Deus, fonte de vida
que precisa ser cuidada com carinho, respeito e conhecimento.
O Externato Santo Antônio chega aos oitenta anos com
vitalidade porque sempre disse não a esta triste lógica. Desde
os primeiros dias de existência, a Congregação das Irmãs da
Providência imprimiu como marca desta missão a educação de
crianças e jovens, preparando-os, em comunhão com os pais,
para transformá-los em adultos competentes na observação da
sociedade e da natureza através do olhar científico, sensibilizados
e atuantes no trabalho de construção da família e da sociedade,
lutando pela justiça social, pela liberdade de iniciativa e pelo
respeito à vida.
Isso foi possível porque sempre se uniram confiantes aos
leigos que mantiveram a mesma esperança e crença na educação
humana, desde o ano de 1931 até os dias de hoje. Baseados no
exemplo de São Luis Scrosoppi, identificaram-se com os irmãos
menos favorecidos e aceitaram sua situação como consequência
da própria vida que os homens instituíram em sua História;
portanto, implantar o Reino de Deus no Planeta Terra também
é resultado de própria decisão de cada pessoa em construir
uma História baseada na luta por uma vida fraterna a partir das
palavras de Jesus Cristo, confiantes em Deus Providente, que nos
concede ânimo devido à graça do Espírito Santo.
Esta edição comemorativa representa um precioso espaço
aberto pelas Irmãs da Providência e pela Equipe Gestora para
que toda a comunidade conheça não apenas o que fazem
os professores e demais educadores de apoio no exercício
educativo, mas também como e por que o fazem. É, também,
uma oportunidade de se expressar a alegria de viver esta data
comemorativa: quando uma pessoa faz aniversário, todos os
que a amam tentam estar, de alguma forma, próximos a ela,
com a intenção de demonstrar todo o seu amor e parabenizá-
la sinceramente pela benção da vida; no caso dos 80 anos do
Externato Santo Antônio, os que o amam são tantos e as formas
de demonstrar o seu amor são tão variadas, que esta edição
comemorativa se torna um presente singelo, mas precioso, de
quem o mantém vigoroso em seus valores, em seu carisma e em
sua excelência.
André Aparecido Bezerra Chaves
Professor de História do ESA
ESA 80 ANOS # 03
04 # ESA 80 ANOS
Índice
Oração a São Luis Scrosoppi 06
Mensagem da Congregação das Irmãs da Providência 07
Mensagem da Direção Administrativa 08
Mensagem da Direção Pedagógica 09
Mensagem das Coordenadoras Pedagógicas,
das Orientadoras Educacionais e da
Supervisora do Integral 10
Mensagem dos Educadores de Apoio 11
Mensagem do NAFI -
Núcleo de Animação da Filosofia Institucional 12
Externato Santo Antônio:
80 anos de mãos dadas
aos sulcaetanenses 13
Berçário
Acolhida aos pequeninos, em seus
primeiros anos de vida 38
Educação Infantil
Onde tudo começa 40
Ensino Integral
Do cuidado individual ao de-
senvolvimento social e pedagógico 42
Ensino Fundamental I
Ensino Religioso: a identidade
cristã do Externato Santo Antonio
43
Palavra: um meio de expressar o amor
44
Por um mundo melhor 46
A humanidade que a matemática
proporciona 47
Ensino Fundamental II
O homem e a natureza: criações de
Deus 48
História: o passado e o
tempo presente 49
Organização e disciplina: a formação
humana possibilitada pelo desenho
geométrico 50
O uso da matemática na construção da
cidadania 52
Aprendizagem significativa 53
Ensino Médio
Filosofia e sociologia no Ensino
Médio: outros horizontes 54
A história e a consciência dos jovens em
sua missão 56
Um modo de enxergar a criação: as ciências
físicas e biológicas 57
Educação e fé 58
A desmistificação da matemática: uma
linguagem capaz de humanizar 59
As letras 59
O Ensino das artes 60
Artes plásticas 60
Educação musical 61
Dança 62
Teatro 63
Esportes 64
Tecnologia 65
Oração a Santo Antônio 66
ESA 80 ANOS # 05
Oração a São Luis Scrosoppi
06 # ESA 80 ANOS
“Ó, Senhor Deus, que inflamou o coração de São Luís Scrosoppi sacerdote,
consagrando-o modelo de caridade trabalhadora à humanidade sofredora,
concede-nos, através de Tua intercessão, o amor aos nossos irmãos com coração
sincero e a procura diária do Reino de Deus e sua justiça”.
Mensagem da Congregação das Irmãs da Providência
Ao longo da História, Deus suscita pessoas com carismas,
dons específicos que contribuem para que a História seja mais
humana e santa. São Luís Scrosoppi, fundador da Congregação
das Irmãs da Providência, é um desses presentes de Deus para
a humanidade. Mas, o que tem que ver São Luís Scrosoppi, um
santo do norte italiano, nascido no século XIX, com os 80 anos do
Externato Santo Antônio?
A resposta é simples: tudo! Esse homem de incomparável
caridade cristã foi quem deu início a toda e qualquer História
relacionada à ação das Irmãs da Providência. Padre Luís se tornou
exemplo para toda a Igreja porque amou de modo heróico a Deus
e ao próximo. O grande dom que o distinguiu, entre tantos outros
homens de boa vontade, foi o seu abandono filial e incondicional
nas mãos de Deus, fazendo-se instrumento de Providência e de
caridade para quem se encontrasse necessitado.
FoinaCasadasAbandonadas,ondeeleviveupraticamentetoda
a sua vida, que seu amor-caridade se concretizou na educação das
órfãs, abandonadas e filhas de miseráveis. Seu método educativo,
que será a característica fundamental do modo com que as Irmãs
da Providência exercitam sua ação apostólica, é baseado no
trinômio:Mãe,MestraePastora.Estetrinômio,quetema“grande
honra” de imitar Deus: Pai, Mestre e Pastor. Deus é Pai dos pobres
e dos órfãos; é Pastor bom, que cuida com carinho particular de
cada uma de suas criaturas, o único guia seguro para os homens;
finalmente, Ele é o Mestre, manso e humilde de coração, que
convida sem obrigar, que solicita e espera com paciência. A essas
características de sua caridade, São Luis Scrosoppi acrescentou a
firmeza, temperando-a com muita ternura, e deixou como legado
às suas filhas espirituais esse modo de educar e de realizar toda a
atividade que a nós é confiada.
Assim, o Externato Santo Antônio, como missão apostólica das
Irmãs da Providência, filhas de S. Luís Scrosoppi, juntamente com
tantos e tantos leigos que desde o início fizeram e fazem parte
desta história e que assimilaram esse jeito de educar, procuraram
e procuram ao longo desses 80 anos seguir as indicações deixadas
pelo nosso fundador. No início, era uma escola para os filhos
dos operários, em grande parte imigrantes italianos. Por longos
anos, foi lugar de formação humana e cristã para gerações de
estudantes. O Externato Santo Antônio cresceu com a cidade de
São Caetano do Sul a ponto de ser considerado parte integrante e
significativa da História do município.
A História do Externato Santo Antônio é, para nós, uma história
de Providência que Deus iniciou com a população de São Caetano
do Sul em 1931. Várias gerações passaram pelos bancos desta
escola; mais do que isso, passaram pela nossa vida de educadores
cristãos comprometidos com a missão de educar segundo os
valores que orientam nossa ação educacional:
•Acolhida, que se traduz em disponibilidade para receber e
capacidade para doar;
•Diálogo, que se manifesta em abertura para o entendimento;
•Ternura e firmeza, que se manifestam em forma de amor e
determinação no relacionamento pessoal;
•Conhecimento, que se torna sinônimo do saber a serviço do
crescimento das pessoas e da sociedade.
Tudoissopara“proporcionarumaeducaçãointegralàscrianças,
adolescentes e jovens, sensibilizando e envolvendo educadores
e educandos com a promoção da vida dos
menos favorecidos”.
Irmã Maria Helena
Representante da Congregação das Irmãs
da Providência
ESA 80 ANOS # 07
Há dois anos, tive a felicidade de ser convidado a fazer parte da
comunidade do Externato Santo Antonio (ESA) ocupando o cargo
de Diretor Administrativo. Aos poucos, construiu-se uma amizade
firme e sincera com as Irmãs da Providência, com o Corpo
Pedagógico, Administrativo, com os Educadores de Apoio, com
os alunos, com todas as empresas parceiras e com a comunidade
em geral. Acredito que este laço de confiança ocorreu de
maneira espontânea, graças a dois importantes acontecimentos:
a convergência da minha fé em Jesus Cristo na missão do ESA
- “Proporcionar educação integral às crianças, adolescentes e
jovens, sensibilizando educadores e educandos para a promoção
da vida dos menos favorecidos”- e à minha vontade de oferecer
uma administração transparente, que beneficie a todos os
membros da comunidade do ESA igualmente, a fim de que
cada ser humano que aqui estuda ou trabalha tenha prazer em
compartilhar seu estudo ou atividade profissional com pessoas
que sabem reconhecê-lo, formando uma identidade.
Foram, na verdade, minhas convicções que se integraram à
filosofia do ESA com um amor e um respeito profundo. Com esta
comunidade compartilho minhas convicções, principalmente a
paz. Não vim só. Trouxe minha família (minha filha é aluna da
Educação Infantil!) porque acredito que aqui ela terá contato
com o respeito à vida e com a consciência de que precisamos
buscar a verdade, bem como amar e servir às pessoas. Confio
a esta instituição o que tenho de mais precioso (como tantos
outros pais!), pois aqui se ensina que haja respeito e paz entre as
pessoas, independente da religião, vivendo a experiência real de
“irmãos entre irmãos”.
Há diferenças entre as pessoas, as famílias, as vocações
políticas, mas, no íntimo de cada um de nós, existe um princípio
comum, a partir do qual podemos construir um futuro para
o nosso município, para o nosso país e para um mundo muito
melhor. Neste ano, em que o ESA completa 80 anos de existência,
a Campanha da Fraternidade nos lembra que a “Fraternidade
e a Vida no Planeta” dependem de ações que adotamos
cotidianamente: não apenas salvar a vida no nosso tão querido
Planeta Terra, mas mantê-lo majestoso para as futuras gerações.
Penso (acredito mesmo!) que a educação tem um papel
fundamental nisso. É uma das primeiras vezes na História que
vemos o empenho de várias parcelas da sociedade (governos,
Organizações Não–Governamentais, empresas de comunicação,
corporações etc.) envolvidas com a questão ambiental e com o
respeito à vida.
O primeiro elemento que considero fundamental para que
possamos atingir este objetivo é a consciência moral criada nas
atitudes que o ESA ensina, combinadas com as atitudes da família
no ambiente doméstico. Respeitar e proteger a vida é muito mais
que se resguardar da violência urbana; segue na direção do
respeitoedaajudaaosnossosirmãosmenosfavorecidosenquanto
“criaturas” de Deus; da proteção à fauna e à flora, enquanto
“criações” de Deus. Portanto, economizar a água tratada, o papel,
a energia elétrica, evitar o desperdício de alimentos, entre outras
pequenas ações que podemos empreender cotidianamente,
promovem a manutenção dos complexos naturais, dos nossos
rios e aquíferos, impedem ou reduzem a derrubada de árvores,
evitam a construção de novas hidrelétricas, cujos lagos inundam
vários ecossistemas, etc.
Por essa razão, a constante modernização pela qual o ESA
passou nos últimos anos proporciona o uso correto da água
através de torneiras com temporizadores, de papel toalha
reciclável, de produtos de limpeza biodegradáveis; disponibiliza
aulas com equipamento digital; propicia um canal interativo com
os pais pela Internet através do nosso novo site; oferece alimentos
saudáveis e equilibrados na nossa cantina e no refeitório, que
passou a servir o almoço dos alunos, entre outras iniciativas que
se transformam em ações educativas.
O segundo elemento é que a paz e o conservacionismo são
de responsabilidade humana, mas não conseguiremos atingir
nossas expectativas se não confiarmos na Providência; é Ela que
nos permite o milagre da vida a cada manhã, que nos oferece
o local em que vivemos sem nos preocuparmos muito com sua
preservação, que nos concede a sabedoria para corrigirmos
nossos excessos.
Neste sentido, o Externato, nestes seus 80 anos, caminhou
numa jornada que criou a consciência dos nossos limites
humanos. Algumas vezes falhamos; outras, acertamos. Contudo,
para acertar, mais que errar, devemos reafirmar que colocamos
nosso futuro no conhecimento que Jesus Cristo nos deixou como
herança nos Evangelhos e na emoção de nosso reencontro a cada
manhã com o advento da vida. O que as Irmãs da Providência
trouxeram ao construir essa missão há oitenta anos foi o exemplo,
o qual todos podemos seguir. Exemplo de reconhecimento de
nossas responsabilidades na conservação do mundo em que
vivemos e de renovação do compromisso de trabalhar com
coragem e inspiração na construção de um futuro mais justo,
fraterno, amável e cheio de vida!
Agradeço primeiramente a Deus pela jornada que o Externato
Santo Antonio iniciou há oitenta anos e pela
presença e participação de cada membro de
sua comunidade.
Que se renovem as esperanças por muitos
outros anos de trabalho pela sua glória!
Orlando Alves Zotarelli
Diretor Administrativo
08 # ESA 80 ANOS
Mensagem da Direção Administrativa
Oitenta anos! Como escrever algo sobre 80 anos? Quanta
responsabilidade, pois não são quaisquer 80 anos. São os 80 anos
do Externato Santo Antonio.
Demorei-me bastante para registrar algumas poucas palavras,
pois, diante da grandeza da comemoração, deveria ser algo muito
significativo para quem escreve, mas principalmente para quem
lê. Pensei em fazer uma retrospectiva dos fatos acontecidos ao
longo da História da Educação e estabelecer paralelos com a
educação nos dias de hoje, os novos modelos de família, as atuais
estratégias e ferramentas pedagógicas. Não! Talvez, alguns anos
atrás, estes registros fossem mais difíceis de serem encontrados.
Hoje, bastam alguns cliques e temos em nossa “telinha” uma
linha do tempo invejável e rica em detalhes.
O tempo passa e a sensação que tenho é de estar diante de um
desafio cada vez maior. Começo a devanear. Minha imaginação
me leva até o ano de 2091, quando o Externato Santo Antonio
completará 160 anos. Quando tudo começou, em 1931, o ano
de 2011 parecia tão longínquo e, zás-trás, estamos aqui em
pleno século XXI. Pois bem, em 2091 também farei parte da rica
história do Externato. Enxergo aceleradas tecnologias, ambientes
ultramodernos, meios de transporte muito velozes, tudo muito
evoluído.Presenciocenasparecidasàquelasdefilmesfuturísticos.
Em meu sonho, começo a percorrer os espaços do Externato.
Tudo muito progressista, maravilhoso. O que procuro mesmo são
as crianças. Ah! Doces crianças. Como seriam? Pequenos robôs?
Ouço um barulhinho... Lá estão elas! Lindas e, como sempre,
CRIANÇAS, com os olhinhos curiosos, pesquisando com suas
maquininhas algumas fotos, uniformes, fotos, vídeos, revistas
para contarem a história dos 160 anos do Externato. De repente,
uma criança encontra uma revista e sai correndo mostrando para
as outras. Reconheci! É esta a revista encontrada. Ela começa a
ler em voz alta para as demais crianças que ali se encontram:
“Daqui a alguns anos vocês lerão este artigo. Por isso, quis que
fosse um artigo especial, que conseguisse reproduzir a magia
destes primeiros 80 anos de Externato. Sempre fui partidária de
que devemos escutar o nosso coração, e assim o fiz. Meu coração
pediu para deixar registrado para todos que o futuro pode
acontecer de maneira justa e solidária. Cada ação que tomamos
proporciona uma reação.
Muitos cientistas foram céticos, não acreditando na
sobrevivência do planeta e, consequentemente, da espécie
humana. Se hoje vocês leem este artigo é porque as gerações
anteriores se preocuparam em deixar um futuro melhor para
vocês. No Externato, ao longo de décadas, contribuímos para que
fossem formados cidadãos íntegros, autênticos e preocupados
com o próximo. Dedicamo-nos muito às questões ambientais
e sociais. Ensinamos a cuidar do planeta. Em 2011, fomos a
primeira escola do município de São Caetano do Sul a fazer a
coleta seletiva de lixo. Para vocês, do ano de 2091, isto é coisa
superada,porqueolixoécoisadopassado.Cadapassoquedemos
em direção à posteridade foi marcado pela coragem, dedicação,
acolhida e parceria entre a equipe de profissionais e as famílias
que confiaram nos princípios humanos pelos quais cada atitude
foi pautada dentro do Externato.
O maior legado que pudemos deixar para vocês, cidadãos do
futuro, foi a confiança no ser humano, o respeito ao próximo e
às diferenças, o sublime ensinamento de fazer sempre o bem,
mantendo a verdade como um valor absoluto e, acima de tudo,
acreditando que tudo é possível desde que tenhamos Deus
no coração. Cuidem para que todos estes valores que foram
transmitidosaolongodasgeraçõesseperpetuemdefinitivamente.
Agradeço pela oportunidade, que Deus colocou em minha vida,
de poder compartilhar desta linda história de amor incondicional
em que o Externato Santo Antonio foi edificado e consolidado.”
Neste instante, saio desta espécie de viagem ao futuro e
deparo-me com muito trabalho, mas muito trabalho mesmo!
A tarefa é árdua, mas não impossível. Preciso continuar minha
missão no Externato, na vida e no mundo. Contribuir para que
o futuro não seja apenas um sonho... Com muita humildade,
estendo minhas mãos e todo meu coração para que juntos
consigamos fazer do mundo um lugar muito melhor para se viver.
Que as gerações futuras possam olhar para trás e sentir orgulho
de nossas ações. Juntos, somos e faremos parte desta história
de sucesso! Parabéns a todos pelos 80 anos do Externato Santo
Antonio e que venham mais 80, 100, 200 anos!
Com muito carinho,
Roseli F. Brito
Diretora Pedagógica
ESA 80 ANOS # 09
Daqui a alguns anos vocês lerão
este artigo. Por isso, quis que
fosse um artigo especial, que
conseguisse reproduzir a magia
destes primeiros 80 anos de
Externato.Semprefuipartidária
de que devemos escutar o nosso
coração, e assim o fiz.
Mensagem da Direção Pedagógica
Fazer parte da “família” do Externato Santo Antônio enche
de orgulho a todas nós da Equipe Pedagógica. O fato de nossa
instituiçãodeensinocompletaroitentaanosdeHistóriademonstra
que trilhou um caminho iluminado, formando e informando
crianças e jovens que se tornaram cidadãos comprometidos com
a sociedade em que vivem.
Hoje o Externato Santo Antônio é reconhecido por sua
excelência acadêmica e seu generoso acolhimento.
Aqui, vivenciamos no dia-a-dia a filosofia de São Luís Scrosoppi,
“Ternura e Firmeza”, e seu ensinamento de confiança:
“Providência...
é Deus nos acontecimentos;
é gesto de Deus,
acompanhando a todos, mesmo quando não percebemos;
é visita amiga na dor;
é a palavra que dá luz na hora da treva”.
Fazer parte desta História de oitenta anos é continuar
semeando valores difundidos pela Congregação das Irmãs da
Providência e contribuir para a transmissão do carisma de São
Luís Scrosoppi na vida e na educação dos nossos alunos, através
da nossa filosofia institucional: “Proporcionar educação integral
às crianças, adolescentes e jovens, sensibilizando educadores e
educandos para a promoção da vida dos menos favorecidos”.
A Equipe Pedagógica exprime, neste momento de festa e
comemoração, seus votos de muito sucesso, novas conquistas e
vitórias.
Professora Patrícia Vanessa Aroni de Barros
Coordenadora Pedagógica da Educação Infantil
Professora Telma Peixinho Bento
Coordenadora Pedagógica do Ensino Fundamental I
Professora Priscilla Ortuño
Orientadora Educacional do Ensino Fundamental I
Professora Leni Maria Silveira Benavente
Coordenadora Pedagógica do Ensino Fund. II e Ens. Médio
Professora Neli Padovan Kawaguch
Orientadora Educacional do Ensino Fund. II e Ens. Médio
Professora Milena Girtoto de Souza
Supervisora de Estudos
10 # ESA 80 ANOS
Mensagem das Coordenadoras Pedagógicas,
das Orientadoras Educacionais e da Supervisora do Integral
“O trabalho constitui o fundamento sobre a qual se edifica a
vida familiar, que é um direito fundamental e uma vocação do
homem. Estas duas esferas de valores – uma conjunta ao trabalho
e a outra derivante do caráter familiar da vida humana – devem
unir-se entre si e compenetrar-se de um modo correto”.
Beato Papa João Paulo II
Participamos da vida do Externato Santo Antônio sem estarmos
em plena evidência. Enquanto as atividades educativas formais
estão com contato permanente com os educandos, ajudamos
a completar a formação das crianças e jovens através do nosso
trabalho sereno e carinhoso na recepção, secretaria, limpeza,
manutenção, suprimentos, marketing, relações públicas, cantina,
refeitório e outros departamentos da escola.
Procuramos, em nosso cotidiano, servir da melhor maneira
possível para que a Equipe Gestora, o Corpo Docente, o
Corpo Discente e suas famílias tenham condições materiais,
infraestrutura e tranquilidade adequadas para que possam, com
esforços conjugados, continuar formando cidadãos conscientes
de suas responsabilidades sociais.
Acreditamos na filosofia institucional do Externato Santo
Antônio (“Proporcionar educação integral às crianças,
adolescentes e jovens, sensibilizando educadores e educandos
para a promoção da vida dos menos favorecidos”); por isso, nos
realizamos em nosso trabalho, por mais modesto que possa
parecer, e o fazemos com dedicação e amor.
É com grande felicidade que podemos confiar ao Externato
Santo Antônio a educação dos nossos filhos, mas é infinita nossa
emoção ao nos sentirmos pertencentes a uma família que herda
dos seus antepassados a responsabilidade de manter sua missão,
a fim de criar neste mundo um verdadeiro Reino de Deus baseado,
sobretudo, no amor ao próximo!
	
Educadores de Apoio do ESA
ESA 80 ANOS # 11
ajudamos a completar a
formação das crianças e jovens
através do nosso trabalho
sereno e carinhoso na
recepção, secretaria, limpeza,
manutenção, suprimentos,
marketing, relações públicas,
cantina, refeitório e outros
departamentos da escola.
Mensagem dos Educadores de Apoio
Cada um de nós já experimentou a felicidade de se sentir amado
pelas pessoas que nos cercam, seja em família, entre os amigos,
em clubes sociais ou outras organizações. Entre elas, a escola é
um local onde se reúnem diariamente educadores e educandos
que procuram se sentir pertencentes a uma comunidade
educativa, uns para ensinar, outros para aprender, outros ainda
para compartilhar. Não obstante, o cotidiano marcado pelas
mais variadas atividades educativas (por exemplo, alfabetização,
explicações de assuntos científicos, apresentação de trabalhos
em grupo, exercícios de fixação, correção de exercícios,
atividades de Educação Física, Esportes e Artes, pesquisas,
avaliações etc.) parece criar uma relação imparcial entre todos
devido à necessidade que têm de cumprir suas tarefas com zelo,
concentração e competência.
A fim de manter o calor de nossa filosofia institucional
(“Proporcionar educação integral às crianças, adolescentes e
jovens, sensibilizando educadores e educandos para a promoção
da vida dos menos favorecidos”), o Externato Santo Antônio
promove um trabalho especial; oferece um espaço onde se
desenvolvem muitas atividades com os educadores, educandos
e suas famílias: o NAFI – Núcleo de Animação da Filosofia
Institucional -, organizado em janeiro de 2007.
Enquanto núcleo de animação, evita realizar sozinho as ações
de pastoral escolar, mas promove a sensibilização da filosofia
institucional entre educadores, educandos e familiares em
suas atividades escolares, para que ela seja estendida a todas
as atividades de suas vidas. O NAFI é responsável por manter
em cada membro participante e colaborador desta instituição
o espírito evangélico de São Luís Scrosoppi, de tal forma que a
escola seja um sinal do Deus invisível na Terra.
Junto ao corpo discente, o NAFI apresenta uma proposta de
práxis educacional interdisciplinar que possibilita o envolvimento
de cada criança e jovem em ações concretas que favoreçam
sua sensibilização para a tomada de ação humana perante as
necessidades do próximo, ou seja, uma cidadania plena com
virtudes cristãs. Para tanto, ajuda a equipe pedagógica com
conteúdos pastorais que auxiliam na elaboração das aulas;
promove encontros com as crianças e jovens sobre diversos
temas que envolvem situações do seu cotidiano para que
vivenciem nossos valores; propõe experiências em comunidades
carentes nas “Férias Solidárias”; desenvolve campanhas anuais
permanentes (do agasalho e outros donativos, de coleta de lacres
de latinhas de alumínio etc.); promove o Esaj, integração dos
alunos do Externato Santo Antônio (uma missão educativa das
Irmãs da Providência em São Caetano do Sul) com o Externato São
José (outra missão educativa, em Atibaia); promove a catequese
para os alunos católicos que ainda não receberam o Sacramento
da Eucaristia; colabora com as celebrações de Páscoa, Natal,
Formatura, Dia das Mães, Dia dos Pais, missas em louvor a Santo
Antônio e São Luís Scrosoppi, entre outras, com a presença dos
pais e da comunidade sulcaetanense.
Além disso, desenvolve junto aos educadores o FEC – Formação
dos Educadores Cristãos -, cuja finalidade é oferecer subsídios
teológicos e filosóficos para a melhoria da fluência da filosofia
institucional em sua prática pedagógica; organiza encontros
que discutem a composição teológica e projetos pedagógicos
relacionados à CF – Campanha da Fraternidade; assessora o
trabalho dos professores de Ensino Religioso, tanto em literatura
teológica quanto na filosofia institucional; acolhe os novos
educadores, apresentando-os à escola e a toda a comunidade
educativa; homenageia os educadores que completam cinco,
dez, quinze, vinte e vinte e cinco anos de trabalho dedicados ao
Externato Santo Antônio; organiza confraternizações e retiros da
equipe educativa.
A comunidade também é convidada a partilhar conhecimentos,
refletindo sobre as Sagradas Escrituras na “Noite Teológica”, que
ocorre em setembro, quando se comemora o “Mês da Bíblia”.
Diante das comemorações dos oitenta anos do Externato
Santo Antônio, que coincidem com a Campanha da Fraternidade
(cujo tema, neste ano, é “Fraternidade e a Vida no Planeta”), o
Nafi confraterniza seus sentimentos de felicidade, realização e
serenidadeporquesentequecadamembrodesta“GrandeFamília”
que se chama Externato Santo Antônio é uma personagem de
luz que segue o chamado do Senhor para realizar, em todos os
seus gestos, Seu maravilhoso projeto de zelar pela humanidade
e Suas outras criações através do amor, devolvendo-as vivas e
magníficas, conforme nos ensinam as palavras do Cristo: “Ama o
Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma,
com toda a tua força e com toda a tua mente, e ao teu próximo
como a ti mesmo”.
Irmã Ivete Aparecida Paiola
Simone Roslekas
Cleverson Amaro de Jesus
Professores de Teologia do ESA
12 # ESA 80 ANOS
(...) o NAFI apresenta uma
proposta de práxis educacional
interdisciplinar que possibilita
o envolvimento de cada criança
e jovem em ações concretas que
favoreçam sua sensibilização para
a tomada de ação humana perante
as necessidades do próximo (...)
Mensagem do Nafi -
Núcleo de Animação da Filosofia Institucional
ESA 80 ANOS # 13
Oitenta anos de mãos
dadas com os sulcaetanenses
São Caetano no Limiar dos Anos 1930
No início dos anos 1930, São Caetano era um “distrito de paz”
do Município de São Bernardo. Uma região que ainda possuía
muitas famílias que viviam de atividades econômicas ligadas ao
campo (chácaras que forneciam verduras, frutas, leite, entre
outros produtos agropecuários em pequena quantidade para
consumo local); porém, já contava com um número crescente
de indústrias (Cerâmica São Caetano, Fábrica de Louças Adelina,
Produtos Químicos São Pedro, Companhia Metalúrgica Brasileira,
Fábrica de Tecidos Pedro Giorgi, Curtume Matarazzo entre outras
importantes corporações que ajudavam a edificar seu progresso)
que demandavam um número cada vez maior de mão de obra.
Além das famílias de imigrantes chegados nas décadas anteriores
(especialmente italianos, espanhois e portugueses), famílias de
várias outras partes do Estado de São Paulo (e até de outros
Estados da Federação) procuravam oportunidades para ganhar a
vida neste distrito promissor.
O “centro” da ocupação urbana de São Caetano no século
XIX (que depois nomeou o bairro) não comportava mais o
estabelecimento de tantas famílias. Houve a necessidade de se
ampliar o espaço urbano. Surgiram os bairros Santo Antônio,
Santa Paula, Barcelona etc. A ampliação do núcleo urbano
relacionava-se diretamente à demanda por serviços públicos.
Nos transportes, a São Paulo Railway Company (em 1946
estatizada e rebatizada como Estrada de Ferro Santos-Jundiaí) era
o principal meio para trazer aos locais de trabalho os moradores
de outras localidades e escoar a produção; algumas linhas de
ônibus “jardineiras” serviam como transporte para a maioria da
população local em ruas recém-abertas; uma curta linha de bonde
ligava a estação ao atual bairro Santa Maria. Mesmo chegando
depois da ocupação humana, a infraestrutura construída pela
Externato Santo Antônio
Construção do novo prédio na
Rua São Luis - 1954
Prefeitura de São Bernardo promovia a expansão da rede elétrica
com iluminação pública, o saneamento básico, o asfalto, entre
outros serviços, oferecendo-os na medida das suas possibilidades
de investimento.
A população poderia buscar os serviços de saúde em São
Bernardo ou em outro município próximo, mas escolhia
principalmente o trabalho dos médicos que atendiam em casa
os componentes de sua família, do recém–nascido ao ancião,
de ambos os sexos, acumulando as funções de clínico, cirurgião
ou parteiro, e ainda mais, como conselheiros de problemas
domésticos, já que o médico era considerado um homem
“instruído”, “sabido”, um “bacharel”. Quando nenhuma dessas
duas alternativas era possível, o enfermo era levado a um
“benzedor” ou “curandeiro” que, com suas rezas, chás e outras
orientações, tentava alijar o mal que atuava sobre a pessoa.
Com relação à educação, as dificuldades também existiam. As
primeiras letras e noções de matemática eram ensinadas ainda
em casa pelos pais que tivessem instrução básica; se as crianças
fossem pertencentes às classes um pouco mais favorecidas
economicamente (como comerciantes e profissionais liberais), os
pais pagavam professores particulares. O Grupo Escolar Senador
Fláquer (inaugurado em 1920 com o nome de Segundo Grupo
Escolar de São Bernardo da Borda do Campo e rebatizado com o
nome que é conhecido até hoje em 1927) era a única instituição
capaz de oferecer ensino de qualidade aos pequenos cidadãos
de famílias trabalhadoras. Entretanto, não conseguia suprir a
demanda por “instrução primária”. Eram necessários novos
investimentos nesta área, porém, os recursos públicos eram
14 # ESA 80 ANOS
escassos e as perspectivas não eram boas: havia outras obras em
andamento em toda a região do município de São Bernardo que
também eram consideradas “prioridades” pelo governo.
Foientãoqueoscidadãosmaisinfluentesdodistritocomeçaram
a pensar em uma alternativa. O Padre Alexandre Gigolli, então
vigário do distrito de São Caetano, encontrou uma saída através
de um acontecimento inusitado.
O Caráter Missionário das Irmãs da Providência no Brasil
A congregação fundada pelo Padre Luís Scrosoppi (canonizado
em 10 de junho de 2001 pelo Santo Padre, Papa João Paulo II),
vice-diretor da “Casa das Derelitas”, instituição que acolhia
meninas órfãs ou abandonadas e filhas de pessoas miseráveis
de Údine, cidade situada no Friuli, região do norte italiano,
iniciou seus trabalhos em 1º de fevereiro de 1847 como “Irmãs
da Providência”, sob a proteção de São Caetano di Thiene. Essas
irmãs optaram por viver na pobreza e com doação total de si
mesmas em favor dos mais necessitados. Em poucos anos, elas já
estavam prestando serviço aos mais carentes, principalmente às
crianças, em várias cidades da Itália.
Em 1926, as superioras das instituições italianas administradas
pelas Irmãs da Providência reuniram-se para um Capítulo
Geral (assembleia representativa na qual se elegem os cargos
administrativosdaCongregaçãoesetomamasdecisõespastorais),
com a presença do bispo de Gorízia (cidadela próxima a Údine),
DomFrancescoSedei.Nessareunião,elasdeliberaramnãoapenas
pela nomeação das novas encarregadas e da mudança da Casa
ESA 80 ANOS # 15
Geral (sede da administração) para a localidade, mas lançaram
também as primeiras ideias acerca do caráter missionário das
religiosas fora de sua pátria mãe. O entusiasmo se apoderou do
espírito de cada freira presente porque sua entrega ao Senhor,
estabelecida por seus votos, implicava deixar sua família e amigos
para se aventurar em outros países com outras culturas, línguas,
tradições, a fim de seguir seus projetos e seus sonhos.
Não demorou e as Irmãs da Providência receberam um
convite para o trabalho missionário. O Senhor Giovanni Motta,
que conhecia os trabalhos das abnegadas irmãs na Itália por
ter contato com familiares e amigos residentes naquele país,
indicou-as a Dom José Carlos Aguirre, então bispo de Sorocaba.
Sua Excelência Reverendíssima prontamente escreveu algumas
cartas para a Superiora Geral, Madre Agnese Delugam, pedindo
o serviço missionário das Irmãs da Providência para o trabalho
social na cidade de Tietê. Após reuniões com as conselheiras,
foi autorizada a partida das primeiras oito irmãs missionárias
e quatro postulantes (jovens que estão se preparando para ser
freiras) para o Brasil.
No dia 31 de dezembro de 1926, as Irmãs da Providência
partiram do porto de Gênova a bordo do navio “Taormina” em
uma viagem transatlântica que duraria vinte dias, em direção
ao Brasil, acompanhadas por quatro sacerdotes, seis Irmãs
Marcelinas e quatro Irmãs de Santa Anna que vinham para
outras missões delegadas por suas respectivas ordens religiosas.
Chegaram ao porto de Santos em 20 de janeiro de 1926 e dois
dias depois já eram recebidas em Tietê pelo Padre Gasparino
Dantas, pelo professor João B. de Sanctis e pela população local;
sem dúvida, estavam cansadas da viagem, mas prontas para o
trabalho missionário. As Irmãs da Providência queriam se dedicar
ao trabalho educativo, mas decidiram prestar serviços onde a
urgência era maior. Ajudaram na Santa Casa de Misericórdia de
Tietê desenvolvendo trabalhos técnicos de enfermagem
e funções administrativas, ao mesmo tempo em que se
dedicavam ao amparo espiritual dos doentes e junto
à comunidade, como fizeram as madres Ermárgora e
Ernestina no asilo que funcionava ao lado do hospital.
PoucassemanasbastaramparaqueotrabalhodasIrmãs
da Providência ficasse conhecido em várias cidades do
interior. Em menos de um mês, a comunidade da cidade
de Porto Feliz convidou-as para organizar a fundação de
um projeto que visava implantar uma escola de trabalhos
manuais para jovens, jardim da infância para as crianças e
umprogramadeapoioàsassociaçõescivisdacomunidade,
oratório festivo e catequese na paróquia. Duas irmãs e
duas postulantes viajaram até Porto Feliz e começaram a
planejar aobra. ForamarroladasasexigênciasdoGoverno
Federal, as condições de investimento do município, o
transporte público oferecido e se percebeu que as dificuldades
eram tantas que inviabilizavam o projeto. Mesmo com o apoio
da comunidade local e a determinação das irmãs em iniciar um
trabalho na área de educação, sem a participação da prefeitura o
projeto não teria êxito. Contudo, a ideia de uma missão na área
de educação não fora descartada.
Em março de 1927, sob a liderança da Madre Geral Irmã Agnese
Delugan, cinco religiosas partiram em direção a Tatuí, onde foram
recebidas pelo vigário do município, padre Joaquim Canto, pelo
Presidente da Santa Casa de Misericórdia, Carlos Orsi, e por
colaboradores do hospital. Nos poucos dias em que passaram
estudando as tarefas desta casa de saúde, integraram-se aos
demais colaboradores e acabaram por se fixar em um serviço
semelhante ao desenvolvido em Tietê.
Enquanto prosseguiam os trabalhos na área da saúde em Tietê
e Tatuí, o sonho do desenvolvimento de um projeto voltado
para a educação iniciou-se no próprio município de Tietê sob
a orientação de Dom José Carlos Aguirre. O Colégio Imaculada
Conceição, de Tietê, foi planejado, organizado e aberto em tempo
mínimo: pouco mais de um mês. As matrículas foram abertas em
5 de fevereiro e as atividades referentes à instrução e educação
de jovens e adultos tiveram início em 15 de março de 1927. O
sonho de uma missão educativa estava realizado, mas outro
chamado insólito aconteceu.
Quando as Irmãs da Providência entraram em retiro no Colégio
Imaculada Conceição, procuraram como orientador espiritual do
evento o Padre Alexandre Grigolli Stigmatino, de Verona, que se
encontrava no Brasil havia mais de dezoito anos e exercia o cargo
de vigário no distrito de São Caetano. Os dias de oração e reflexão
seguiram-se normalmente, porém, chuvas contínuas detiveram
o padre em Tietê por mais de vinte dias, o que lhe possibilitou
conhecer os trabalhos educativos que as irmãs ali desenvolviam.
Acabou por convidá-las a edificar semelhante missão junto à sua
comunidade. Ao retornar, o padre deixou uma boa contribuição
paraocolégioquevisitaraereiterouoconvite.Entretanto,asirmãs
precisavam estudar com mais cuidado aquela nova empreitada,
pois já eram responsáveis por três missões no Estado de São
Paulo. Esta fase de amadurecimento da ideia de uma missão
educativa no distrito de São Caetano levaria aproximadamente
um ano e meio.
16 # ESA 80 ANOS
A fundação do Colégio Santo Antônio
O pedido foi enviado à Itália para apreciação da Madre Geral,
Agnese Delugan, e da Vice-Geral, Madre Crescenzia Tonini, e
Madre Agnese, acompanhada da Madre Melânia Colussi, decidiu
visitar as casas onde mantinham trabalhos na América. Após
passar pelo Uruguai, as irmãs chegaram às casas brasileiras e
aproveitaram para conhecer o distrito de São Caetano a fim de
verificar a possibilidade da fundação da nova missão das Irmãs da
Providência. Recebidas pelo Padre Alexandre Grigolli e acolhidas
em casa pela dona Dolfina Cecato (benemérita da paróquia),
as irmãs foram esclarecidas sobre o projeto e o apoio que as
autoridades e a comunidade estavam dispostos a oferecer para
sua concretização. Foram conhecer uma edificação localizada no
“centro” do distrito, à Rua São Caetano (atual esquina da Avenida
Conde Francisco Matarazzo com a Rua Manoel Coelho). Apesar
das pequenas dimensões, o antigo prédio construído para ser
um velho empório de vassouras poderia abrigar, com razoável
conforto, a clausura e os espaços onde seriam desenvolvidos os
trabalhos pedagógicos.
Após apreciar as condições oferecidas e o entusiasmo
das autoridades e da comunidade sulcaetanense, as irmãs
partiram para o “Colégio Rosa Mística” em Tietê (casa matriz da
Congregação no Brasil, fundada em 6 de janeiro de 1931) com o
objetivo de avaliar a disponibilidade de pessoas para o projeto.
Rumaram para São Paulo e se apresentaram ao Cardeal Arcebispo
Dom Duarte Leopoldo e Silva com o pedido de abertura de sua
nova missão, o que foi aprovado e encorajado por sua Eminência
Reverendíssima.
EnquantoMadreAgneseDeluganretornavaàItáliacomalgumas
irmãs, outras assumiam os trabalhos para a inauguração da nova
missão. As irmãs Lia Felicetti, Firmina Lubick, Massimiliana e
Dionísia deram as mãos a toda a comunidade sulcaetanense e,
em grande mobilização social, conseguiram preparar o prédio
para receber o novo colégio. A Associação Antonina da Paróquia
prontificou-se a arcar com as despesas dos primeiros meses de
aluguel com um montante no valor de duzentos mil reis; em
agradecimento, as irmãs propuseram que a escola recebesse o
nome de Colégio Santo Antônio e fosse inaugurado na data em
que se festeja o tão conhecido santo da Igreja Católica (13 de
junho).
ESA 80 ANOS # 17
Nodia11dejunhode1931,chegaramrepresentantesdasoutras
missões das Irmãs da Providência para assistir às celebrações de
inauguração e à benção do novo colégio sob a responsabilidade
da Congregação. Dois dias depois, a inauguração contou com
a presença de autoridades civis e eclesiásticas, bem como da
comunidade sulcaetanense em massa. A belíssima imagem de
Santo Antônio partiu da Igreja Matriz e percorreu em procissão
várias ruas do distrito de São Caetano, com grande comoção
popular, para ser colocada em um nicho externo da casa.
Entre diversos discursos, destacou-se o do Padre Alexandre
Grigolli, que agradeceu a Deus e à mobilização de toda a
comunidade, pedindo para que essa mesma comunidade,
unida, tornasse possível a inauguração daquele importante
estabelecimento, cuja função social voltada para educação era
imprescindível.
As primeiras atividades: anos 1930 e 1940
As atividades educativas se iniciaram em 1º de julho de
1931, com mais de cinquenta crianças divididas em duas salas
de aula de “jardim da infância”, no horário das 12 às 17 horas,
sob a orientação das irmãs Lia e Firmina. Apenas dois meses
depois, sob a orientação da madre Geralda, o Colégio
Santo Antônio organizou a Escola de Corte e Costura e
Trabalhos Manuais com cursos profissionalizantes muito
procurados pelas moças sulcaetanenses da época, já que
a maioria das roupas era feita sob encomenda (as lojas
de roupas “prontas para vestir” chegariam apenas vinte
anos depois) e muitos utensílios de casa oferecidos no
mercado (finos bordados, delicadas rendas, etc.) eram
totalmente artesanais. Em 1º de fevereiro de 1932, o
colégio já contava com oitenta crianças e quinze jovens
frequentando seus cursos.
Acompanhando o desenvolvimento das forças
produtivas no distrito de São Caetano (com novos pontos
de comércio, prestadores de serviços e indústrias, como a
18 # ESA 80 ANOS
General Motors, que se instalou em 1930), as Irmãs Maximiliana
Minezzini e Firmina passaram a oferecer aulas de alfabetização
para trabalhadores, uma vez que, sem a certificação do diploma
de ensino elementar, eles poderiam perder seus empregos.
A integração com a comunidade sulcaetanense se dava também
nos fins de semana. Algumas irmãs e alguns voluntários leigos
trabalhavam na catequese dos jovens na Igreja Matriz. A Cruzada
Eucarística de São Caetano, nome dado às reuniões com leigos
que esclareciam o Evangelho, foi liderada pelas irmãs Firmina e
Maximiliana Minezzini até 1946, e depois, pelas irmãs Benigna e
Ilda de Nadai, até sua extinção em 1960. O colégio ficava aberto
para o Recreatório Festivo, cujo núcleo social se intitulava Rosa
Mística. Faziam parte da recreação: cantos, jogos, gincanas e
maratonas de conhecimentos bíblicos. Todas essas atividades
eram realizadas com grande animação, o que atraía um número
cada vez maior de jovens, mesmo com a concorrência de outras
formas de lazer que já eram oferecidas na cidade, como os
cinemas, existentes desde os anos 1920. Ainda neste período,
cooperaram com os trabalhos de lazer e conscientização social
e religiosa das Irmãs da Providência a Ação Católica Brasileira e
a Juventude Operária Católica (JOC), agremiações juvenis muito
influentes no distrito de São Caetano.
Com nove meses de funcionamento, houve muita negociação
para que as Irmãs da Providência conseguissem permanecer no
prédio alugado. Encerrava-se em 19 de março de 1932 o contrato
de aluguel do imóvel onde funcionava o colégio. Conforme o
acordo firmado na assinatura do contrato, terminado o prazo,
o edifício deveria ser comprado pela Congregação. O valor
acertado era de trinta contos de reis, mas havia somente vinte e
cinco mil reis disponíveis no caixa; caso não houvesse o depósito
de compra, o valor do aluguel seria reajustado. O restante do
dinheiro para a compra deveria chegar da Itália, porém, o governo
fascista de Benito Mussolini suspendeu toda e qualquer remessa
de dinheiro para o exterior. Madre Lia e Dona Adolfina Cecato
(benemérita da paróquia e grande colaboradora das Irmãs da
Providência em São Caetano) procuraram o Senhor Giuseppe
Prado, rico comerciante paulista, que as ouviu prontamente, mas
não pôde auxiliá-las por falta de garantia de pagamento. As duas
continuaram determinadas a encontrar outra solução: foram a
uma casa bancária que tivesse contato frequente com a Itália;
a única que conheciam era o Banco Ítalo Brasileiro. Dirigiram-
se à sua agência mais próxima, em São Paulo, e após muita
insistência, foram recebidas por um de seus diretores, o Senhor
Alexandrini. Sem garantias do empréstimo que elas pediam,
houve muita relutância em atender seu pedido; ele, porém,
enviou um telegrama para o Banco Gorizia, no qual as Irmãs
da Providência tinham depósitos na Itália, a fim de que fosse
observado o saldo bancário e autorizada, pelo Governo Italiano,
a remessa do montante requisitado para o Brasil. Ele solicitou às
duas representantes do Colégio Santo Antônio que esperassem a
devolutiva. Exatamente na data limite, um telefonema confirmou
a remessa do dinheiro e assim as Irmãs da Providência adquiriram
a propriedade do imóvel onde funcionava o colégio e fincaram
raízes definitivas no distrito de São Caetano.
Entre julho e outubro de 1932, a Revolução Constitucionalista,
articulada pela elite paulista que perdera o poder federal para
Getúlio Vargas dois anos antes, mobilizou grande parcela da
populaçãoparapegaremarmaselutarporumanovaConstituição,
prometida, mas não realizada pelo Chefe do Governo Provisório
Federal. Muitos combates foram travados em território paulista,
o que diminuiu a frequência com que as Irmãs da Providência,
instaladas em São Caetano, se comunicavam com as missões
ESA 80 ANOS # 19
de Tietê e Tatuí. Entretanto, cumpriram seu dever de manter
o funcionamento do Colégio Santo Antônio na mais completa
normalidade e calma, orando pelas irmãs que recebiam os feridos
no conflito nos hospitais em que trabalhavam. Terminada a
“Guerra Paulista”, a vitória armada das forças leais ao Presidente
da Republica não diminuiu o prestígio dos paulistas porque
estes receberam a garantia da convocação de uma Assembleia
Nacional Constituinte no ano seguinte, o que se confirmou e
levou à promulgação da Constituição Democrática de 1934.
Tudo voltou à paz e normalidade, porém, a demanda por
educação e cultura crescia. Foi necessária uma reforma na
sede do Colégio Santo Antônio. O engenheiro Ângelo Raphael
Pellegrino idealizou e acompanhou as obras de ampliação. Com
a reorganização dos espaços, puderam ser criadas quatro salas
de aula que passaram a oferecer maior conforto para os alunos e
mais vagas para a população necessitada.
O início dos trabalhos de professores leigos se deu em 1934 com
Dona Dolores Costa, pois a Secretaria Estadual de Educação exigia
a experiência de uma lente não religiosa para lecionar no recém-
criado curso primário (só para meninas) no horário de 7h30 às
11h30.Doisanosdepois,asirmãsEscolásticaMaiaeCecíliaSimion
prestaram exames a fim de conseguir habilitação para lecionar e,
sendo aprovadas, se juntaram à missão sulcaetanense.
Em1937,GetúlioVargasestabeleceuumaditaduradenominada
Estado Novo. Aboliu o cargo de Governador dos Estados da
Federação que não o apoiaram e substituiu-os por Interventores
nomeados, ou seja, fieis colaboradores de seu novo regime. O
Estado de São Paulo foi um dos que foram colocados sob esta
forma de governo. Em 30 de novembro de 1938, o Interventor
Federal Ademar Pereira de Barros decretou a redução da
categoria de São Caetano à Zona Distrital do Distrito de Paz
da Sede do Município de Santo André. Seis anos mais tarde, o
Interventor Federal Fernando de Sousa Costa rebaixou-o ainda
mais, transformando-o em Segundo Subdistrito do Município
de Santo André. Foi o início do Movimento Autonomista dos
sulcaetanenses. Todos comungavam esta ideia, do mais humilde
operário ao mais ilustrado bacharel. Liderados pela Sociedade
Amigos de São Caetano, a luta pela emancipação da cidade
demoraria mais quatro anos. Restabelecida
a normalidade democrática do país em
1945, a mobilização para a realização de
um plebiscito para a emancipação política
de São Caetano tornou-se realidade
em 9 de setembro de 1948, quando a
Assembleia Legislativa do Estado de São
Paulo aprovou sua realização em 24 de
outubro. O resultado (8.463 votos a favor
da emancipação, 1.029 contra) tornou
possível a promulgação da Lei Estadual
nº 233, de 24 e dezembro de 1948, que
elevou o distrito à categoria de município,
denominado São Caetano do Sul.
Diante de tamanha mobilização
dos cidadãos, as Irmãs da Providência
mantiveram sua postura de neutralidade
política, porém, sempre exaltando os
valores da igualdade, da moral e da ética
20 # ESA 80 ANOS
através das práticas pedagógicas utilizadas no Colégio Santo
Antônio, marcas que ficaram para sempre na alma da população.
O trabalho educativo prosseguia com um número crescente de
professores leigos, e seu sucesso era marcado pela demanda cada
vez maior de crianças e jovens, cujas famílias procuravam uma
formação não apenas técnica, mas também humana para seus
filhos. Em 1941, após longa negociação e alto custo, foi adquirido
um terreno na Avenida Goiás, Bairro Santo Antônio, bem como
a maioria das casas que se encontravam no quarteirão, a fim de
seremdemolidasparaquetodooespaçofosseocupadopelonovo
colégio. Enquanto não se construía a nova sede escolar, foram
necessárias mais reformas de ampliação: em 1944 e em 1947, sob
a orientação do engenheiro J. Santos Filho, com financiamento da
Casa Geral da Itália e ajuda de colaboradores da sociedade civil. O
Colégio Santo Antônio contava então com aproximadamente 700
alunos, mas a demanda não parava de crescer e a última reforma
revelou o limite nas acomodações dos alunos e na adequação às
exigências da Secretaria Estadual da Educação. Iniciaram-se os
estudos para a construção do novo prédio, que deveria acontecer
no ritmo em que as possibilidades financeiras permitissem.
A transferência para a nova sede e a mudança do nome para
Externato Santo Antonio: anos 1950 e 1960
Para que a cerimônia de lançamento da pedra fundamental da
nova sede escolar acontecesse, mais uma vez se conjugaram os
esforços das Irmãs da Providência, das autoridades municipais
e do povo sulcaetanense. No dia escolhido, 4 de abril de 1954,
estiverampresentesnoeventorepresentantesdasváriascasasdas
Irmãs da Providência (como as Irmãs Luizetta Nami, Fides Tesolin,
Terezina Della Bianca, Savina Baschiera, Carmem, Inês Bízio,
Teodorica e Lizetta Simon), autoridades religiosas (como o Vigário
Padre Ézio Gislimberti e o Padre Pedro Ballint) e municipais (como
o Prefeito Anacleto Campanela), importantes representantes da
sociedade civil (como os Senhores João Rela, Acácio Novaes,
Mauro Corvello, Oswaldo Giampetro, Étore Dal’Mas e Durval
Caperutto), além de grande número de munícipes.
ESA 80 ANOS # 21
22 # ESA 80 ANOS
Todos apoiaram com zelo a iniciativa porque o novo município
se consolidava como uma área urbanizada de grande importância
industrial para o Estado de São Paulo. Portanto, era cada vez maior
a demanda das empresas por colaboradores com qualificação
técnica para o trabalho, sem perder de vista sua preparação para
lidar com as pessoas de maneira ética e humana.
Madre Escolástica, acompanhada de leigas beneméritas amigas
das Irmãs da Providência (como a Senhora Rosa do Nascimento)
percorriam as ruas de São Caetano e de municípios vizinhos para
pedir doações a fim de prosseguir com a obra. O Livro de Ouro e
o Livro de Ofertas registram inúmeras doações para a construção
da nova sede feitas por pessoas simples, que abriam mão do
pouco que tinham em prol de tão nobre causa. Elas demonstram
ESA 80 ANOS # 23
a mobilização e a generosidade dos sulcaetanenses ao longo
dos anos em que as obras aconteceram. Vinham também
contribuições da Itália, de outras comunidades das Irmãs da
Providência no Brasil, doações de benfeitores, ajuda de familiares
de alunos, além dos modestos rendimentos decorrentes das
festas e quermesses ainda no antigo prédio. Não obstante, as
Irmãs da Providência não podiam se descuidar da manutenção
das atividades na sede antiga. Era um trabalho que exigia muito
delas, mas nenhuma desistiu do projeto, pois cada sulcaetanese
com quem conversavam sempre lhes oferecia uma palavra de
incentivo e perseverança. A princípio, a madre Eduarda Tomé,
depois com a ajuda da madre Otaviana de Oliveira, em sintonia
com o Conselho Geral, acompanharam diariamente os trabalhos
e optaram pela conclusão de uma primeira parte da obra, que foi
denominada “primeiro bloco”, com frente para a Rua São Luís e
entrada pela lateral, na Rua Marechal Deodoro.
Enquanto isso, a fim de atender as necessidades das famílias
sulcaetanenses, foi instituído o curso primário para os meninos
com uma classe de primeiro ano sob a responsabilidade da irmã
Cecília de Nadai. Contudo, não havia mais espaço no antigo
prédio; então, no ano seguinte, optou-se por transferir os novos
alunos para o prédio ainda em construção, onde usaram salas
de aula improvisadas também no horário entre 7h30 e 11h30.
Na época, era importante que os desafios fossem vencidos para
que as crianças tivessem acesso às atividades pedagógicas. Em
quatro anos, o curso primário já possuía todas as séries, com
24 # ESA 80 ANOS
quatro salas masculinas e quatro femininas, todas funcionando
no novo prédio; para tanto, foi necessária a ampliação do quadro
de professoras leigas. Em 1956, foi transferida para o novo prédio
a Escola de Trabalhos Manuais e foi criado o Curso de Admissão
ao Ginásio, um ano de preparação para exames oficiais que
selecionavam os alunos para serem matriculados no ginásio. À
medida que mais salas de aula eram terminadas, as séries de
jardim da infância iam sendo transferidas para a nova sede.
Em pleno processo de mudança para a nova sede, em 13 de
junho de 1956, comemorou-se o jubileu de 25 anos de existência
da missão educativa em São Caetano do Sul com uma nova
denominação para a escola: Externato Santo Antônio (ESA).
O Padre Ézio Gislimberti celebrou a missa de Ação de Graças
com a presença de representantes das Irmãs da Providência de
várias missões do Brasil, autoridades municipais, pais e alunos,
benfeitoresegrandeparticipaçãodopovosulcaetanense.Foiuma
cerimônia na qual se lembrou o esforço de toda a comunidade
do município em criar uma instituição educacional confiável que
atendesse às suas necessidades, sem perder de vista a formação
dos jovens, tendo que enfrentar desafios de toda natureza, mas
sempre confiante na capacidade das pessoas envolvidas no
projeto e o bondoso e providente cuidado de Deus.
Terminado o ano letivo de 1957, a antiga sede foi vendida e
foi feita a mudança dos últimos materiais pedagógicos e de
escritório para o novo prédio, concluído no dia 16 de dezembro.
A missa campal que celebrou a finalização das obras da primeira
ala da nova sede do Externato Santo Antônio foi celebrada pelo
ESA 80 ANOS # 25
Padre Ézio Gislimberti no dia 8 do mesmo mês, contando com a
participação de Irmãs da Providência de diversas comunidades
no Brasil, autoridades civis (como o Prefeito Osvaldo Massei),
dirigentes escolares, benfeitores e amigos, pais e alunos, além da
comunidade sulcaetanense em geral.
Para proporcionar a locomoção dos alunos que moravam
em bairros distantes (como o Bairro da Fundação), as Irmãs da
Providência contaram com o apoio do Senhor Francisco Marinotti
e da General Motors do Brasil para facilitar a aquisição de um
ônibus “jardineira” adaptado para o transporte escolar.
No transcorrer do ano de 1959, um grupo de pais de alunos
manifestou-se perante a Madre Geral, Irmã Lia Felicetti, para
que o Externato Santo Antônio também pudesse oferecer o
curso ginasial, especialmente para as meninas. A equipe gestora
da escola esforçou-se para solucionar os entraves burocráticos
o mais rápido possível, conseguindo a façanha de preparar a
documentação conforme as exigências da Secretaria Estadual
26 # ESA 80 ANOS
da Educação graças à ajuda ímpar do Senhor Vicente Bastos,
então Diretor do Instituto de Ensino de São Caetano do Sul.
Sem demora, a escola conseguiu abrir vagas para o ginásio já no
ano seguinte: em 3 de março de 1961, a irmã Araceli Luquesi se
encarregou da coordenação do Ginásio Luís Scrosoppi. Tamanha
era a empolgação com os estudos que, por iniciativa das próprias
estudantes, surgiu o jornal escolar O Scrosoppinho, que não trazia
apenas artigos que davam relevância à vida do então venerável
padre Luís Scrosoppi, como também colocava em pauta artigos
falando de eventos culturais na cidade, expunha trabalhos
desenvolvidos no ESA, entre outras opções.
O Prefeito Anacleto Campanella doou instrumentos musicais
para a formação de uma fanfarra em 1962. Várias jovens do
ginásio passaram a se dedicar às aulas de música para representar,
da melhor forma possível, o Externato Santo Antônio nas
festividades civis do município, não deixando de envolver toda
a comunidade escolar nesses eventos. O carinho com que a irmã
Benigna ensinava música provocou nos jovens grande interesse
não apenas pela fanfarra, mas também pelo coral escolar.
A partir de 1963, as festas juninas tornaram-se marca
importante da história do Externato Santo Antônio. Com firme
iniciativa, as jovens do ginásio e seus pais organizaram a primeira
festa com doação de guloseimas e apresentações culturais
variadas. Com o passar dos anos, as festas juninas se tornaram
um evento tradicional da escola, atraindo um público cada vez
maior e diversificando as apresentações de dança por série,
especialmente das sempre aplaudidas “quadrilhas”.
Em 1º de abril de 1964, um golpe de estado instaurou uma
ditadura militar no Brasil que perdurou por 21 anos. Mesmo
com o controle rígido sobre a educação, as Irmãs da Providência
mantiveram-se firmes no propósito da Igreja Católica da América
ESA 80 ANOS # 27
Latinadeformar,demaneiratécnica,osalunosdoExternatoSanto
Antônio (prerrogativa legal), sem deixar de lado sua formação
humana,contribuindoparaaconsolidaçãodosvaloresderespeito
ao próximo, tolerância às minorias e diferenças, além do trabalho
social junto aos mais necessitados, muitas vezes enfrentando os
desígnios ideológicos do estado de exceção instaurado. Talvez
por isso, aproximou-se ainda mais da comunidade. Exemplo disso
foi a formação, em 11 de abril de 1964, da Associação de Pais e
Mestres (APM). Com a intenção de fortalecer os laços entre os
28 # ESA 80 ANOS
pais e a escola, não apenas na promoção de eventos beneficentes
(como festas dos dias das Mães e dos Pais, do Patrono da Escola,
chás beneficentes a fim de arrecadar recursos para outras missões
das Irmãs da Providência no Brasil, excursões e festas juninas),
como também participar em conjunto da formação dos alunos,
o que deixou grande marca na tradição da presença familiar na
escola. Os trabalhos da APM se sucederam durante vários anos
letivos, até o encerramento de suas atividades em 1996.
O segundo prédio com salas de aula do Externato Santo
Antônio ficou pronto em 1965, juntamente com a obra do teatro,
com amplo palco, iluminação, boa acústica, espaçosos banheiros,
coxia,camarinseplateiacomcapacidadeparamaisde700lugares.
Espetáculos de dramaturgia, dança, música, além de celebrações
de missas (de Ação de Graças, em homenagem ao padroeiro da
escola e aos formandos) e cerimônias (como as colações de grau)
eram presenciadas pela comunidade sulcaetanense. Também foi
concluída a construção do ginásio de esportes com arquibancada
totalmente coberta para 400 espectadores, amplos vestiários
e salas de aquecimento anexas, além de boa iluminação para
a saudável prática de esportes. Ao lado do pátio, foi construída
uma área de recreação para os alunos do jardim da infância, com
piso de areia, contendo brinquedos como escorregador, gira-gira,
gaiola e tanque de areia.
Para felicidade de toda a comunidade do ESA, em 18 de
agosto de 1967 Dom Jorge Marcos de Oliveira consagrou o
altar e celebrou a primeira missa da Capela Nossa Senhora das
Graças, construída nas dependências da escola. Mais uma vez,
estiveram presentes representantes de várias missões das
Irmãs da Providência pelo Brasil, autoridades civis e religiosas,
colaboradores, pais e alunos, além da comunidade. Esta obra não
seria concluída em espaço de tempo menor que o previsto, não
fossem as doações dos benfeitores do ESA, em especial, o casal
Ângelo e Ruth Marinotti, que doou o altar (o qual foi transferido
para o altar da capela Nossa Senhora de Fátima do Externato São
José de Atibaia – outra casa mantida pelas Irmãs da Providência -
onde se encontra até hoje, visto que, após o Concílio Vaticano II,
encerrado em 1965, foi instituído o altar de celebração em forma
de mesa voltado para os fieis).
A parceria de confiança entre o Externato Santo Antônio e os
sulcaetanenses avançava e se consolidava. Algumas importantes
mudanças aconteceriam nas décadas seguintes.
As diretrizes da Educação “Mecânica” e a luta pelas
convicções: anos 1970 e 1980
O Governo dos Generais Presidentes iniciava a década de
1970 com a promessa de que o país poderia se desenvolver
economicamente e melhorar a situação financeira da população
sem precisar aderir ao socialismo. O desenvolvimento capitalista
no Brasil fazia com que a economia do país crescesse 9% ao ano,
em média, e o Governo precisava urgentemente desenvolver
tecnicamente a mão de obra. Para tanto, decretou a Lei 5.692,
de 11 de agosto de 1971, que determinava as novas “Diretrizes
e Bases da Educação”, a qual se caracterizava pelo utilitarismo
compulsório porque determinava a qualificação especificamente
técnica para a inserção imediata do aluno no mercado de trabalho
após o ensino de Primeiro ou Segundo Grau. Entretanto, ela
também era discriminadora, pois a oportunidade de estudo não
implicava a garantia de emprego ou melhoria da sua condição
social. Qualquer tipo de formação humana era francamente
desencorajada pelo Estado e poucas escolas insistiam em sua
realização.
O Externato Santo Antônio atendeu às exigências do Governo
Federal, mas manteve-se firme em seu compromisso com a
formação humana. Também é importante destacar o aumento
das exigências do próprio Governo Federal para manter as
escolas em funcionamento, como a deliberação que determinou
o fim das classes isoladas de meninos e meninas. Foi necessária
a adaptação da escola para atendê-la, o que aconteceu apenas
no ano letivo de 1975, quando o corpo docente teve que ser
ampliado, chegando a 32 professores leigos e 14 irmãs, sob a
ESA 80 ANOS # 29
direção da irmã Cecília de Nadai. Com a ampliação do número de
missões das Irmãs da Providência pelo Brasil, em 1980 decidiu-se
pela entrega da Direção Pedagógica para os leigos e a Professora
Darcy Rezende Guarez foi a escolhida para assumir esta tarefa;
contudo, a Direção Administrativa continuou com as irmãs.
Em 1979, foi construída uma piscina, disponibilizada no ano
letivo seguinte, que visava ampliar as possibilidades de atividades
educativas para os alunos da Educação Infantil, uma vez que a
equipe gestora da escola reconheceu que a prática da natação
contribui para a melhora da saúde física e psíquica da criança,
coopera com o processo normal de aprendizagem, desenvolve
a autoestima relacionada ao esforço pessoal, a assiduidade e a
solidariedade com os outros colegas no exercício do trabalho em
conjunto.
O Jubileu de Ouro do Externato Santo Antônio foi comemorado
em 1981 com uma trezena em louvor ao Patrono, Santo Antônio.
O evento foi encerrado com uma missa em Ação de Graças
concelebrada pelo Bispo Diocesano Dom Cláudio Hummes,
Padre Ézio Gislimbertti, Cônego Tito de Vitta, Padre José Primo
e Padre Márcio, com a presença de representantes das Irmãs
da Providência de outras missões no Brasil, professores e
educadores de apoio, alunos e ex-alunos com suas famílias, além
de autoridades municipais, como o então Prefeito de São Caetano
do Sul, Raymundo da Costa Leite, benfeitores, entidades que
apoiavam a escola (Lions Club, Rotary Club etc.) e a comunidade
sulcaetanense.
Diante do insistente pedido da comunidade para que fosse
oferecido o Segundo Grau de modo que as alunas continuassem
estudando no externato, o ESA abriu o Curso de Magistério em
1982, o qual preparava as jovens para se tornarem professoras de
ensino infantil e primário no Primeiro Grau. O curso foi encerrado
três anos depois devido a dificuldades econômicas e mudanças
nas deliberações da Secretaria Estadual da Educação.
Ao perceber a necessidade de uma missão do Bairro da
Prosperidade, as Irmãs da Providência criaram, em 25 de maio
de 1986, a Casa do Menor Padre Luís Scrosoppi, uma “casa-
irmã” auxiliada pelo Externato Santo Antônio. Passaram a
atender crianças e jovens de
famílias carentes, cujos pais
ou responsáveis trabalham,
deixando-os expostos aos riscos
desuaausência.Paraenfrentaro
desamparo econômico e afetivo
por que passavam muitas das
crianças e jovens atendidos, as
Irmãs da Providência assumiram
o compromisso de promover
a esperança na vida daquelas
crianças e jovens carentes,
contemplando o Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA)
para que seus direitos fossem
preservados, preparando-os
para enfrentar os desafios do
mundo que se globalizava,
educando-os para se inserir
de forma correta e humana neste mesmo mundo, oferecendo
acompanhamento e reforço escolar, alimentação, artesanato,
pintura em tela, música, marcenaria, informática, entre outras
ações educativas; esportes, brinquedoteca e outras formas
de lazer; acompanhamento psicológico individualizado ou em
grupo, acompanhamento familiar, entre outros serviços que
caracterizam as atividades desta preciosa missão, em atividade
até hoje.
Em 1985, o país se redemocratizou; três anos depois,
ficoupronta a tão esperada Constituição democrática, mas a
educação precisou aguardar as mudanças legais para atualizar
suas determinações até a promulgação da Lei 9.394, de 20 de
dezembro de 1996, que estabeleu as novas Diretrizes e Bases
da Educação. Não obstante, as novas tecnologias digitais em
informática começaram a chegar ao Brasil neste mesmo período
e demonstravam os novos rumos que o conhecimento seguiria
nas décadas seguintes. A Lei Federal 7.232/84 (comumente
conhecida por Lei de Informática), que determinava a reserva
de mercado para este ramo de atividade, foi extinta apenas
em 1991 pela Lei Federal 8.248; dessa maneira, era necessário
modernizar a relação entre ensino e aprendizagem a partir das
novas exigências legais e sociais, especialmente com o uso de
novas e definitivas tecnologias. Mais uma vez a comunidade do
Externato Santo Antônio se mobilizou para atender a essa nova
demanda social.
A modernização: anos 1990 e o século XXI
	
Os anos 1990 marcam o ingresso do Brasil no mundo da
comunicação digital. Tornou-se necessário que se disponibilizasse
primeiro no trabalho, depois em casa, inéditos equipamentos de
informática. Aos poucos, a vida do povo brasileiro se envolvia
irreversivelmente com todo tipo de aparelho eletrônico
destinado à comunicação. Da comunicação de massa (televisão,
rádio, jornais, revistas) à comunicação pessoal (telefone celular,
computador pessoal) passou-se a oferecer grandes possibilidades
de informação e conhecimento em tempo real devido à Internet.
30 # ESA 80 ANOS
Portando, as escolas deveriam se adaptar a essa nova realidade e
ensinaraosseusalunos,emparticular,eàcomunidade,emgeral,o
correto uso desta fantástica ferramenta a serviço do homem, com
responsabilidade e ética. O Externato Santo Antônio não deixou
de se atualizar neste sentido e começou uma grande jornada
de reestruturação modernizadora, conjugando as iniciativas
da Direção Administrativa com a coragem e competência dos
professores leigos para viabilizar este importante projeto.
A irmã Benigna esteve à frente das aulas de música até 1995;
no ano letivo seguinte, professoras leigas assumiram o ensino
de violão, guitarra e flauta. Também passaram a ser oferecidos
cursos de artes (artesanato e pintura) orientados por terceiros.
Neste mesmo ano, tem início o Programa de Intercâmbio
Cultural Internacional para os alunos do Ensino Médio sob
a coordenação da Professora Vera Biazzoto, que passou a
proporcionar cursos intensivos de língua e cultura inglesa, além
de viagens de turismo cultural nas férias de meio de ano (verão
no hemisfério norte), em vários países como Canadá, Inglaterra,
Escócia, Itália e França.
Para ampliar o número de estudantes e dinamizar ainda mais o
acesso à escola, as Irmãs da Providência optaram por terceirizar o
sistema de transporte escolar, aumentando o número de peruas
e vans regularmente adaptadas para esta finalidade, criando a
possibilidade para que crianças e jovens de outros municípios ou
outros bairros do município de São Caetano do Sul pudessem se
integrar ainda mais à educação humana e de excelência que o
Externato Santo Antônio oferece à comunidade.
Em maio de 1996, representantes da comunidade leiga de São
Caetano do Sul reuniram-se com as Irmãs da Providência a fim de
criar uma associação com a finalidade de desenvolver projetos
de trabalho voluntário junto às comunidades missionárias
coordenadaspelaCongregação.NasceuaAssociaçãodosLeigosda
Família Scrosoppiana (ALFAS), que desenvolve retiros espirituais,
encontros anuais, trabalhos assistenciais, peregrinações, entre
outros trabalhos, junto aos mais necessitados.
A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394, de 20
de dezembro de 1996), que valoriza as práticas democráticas da
relação humana entre os educadores e educandos (igualdade de
condições para acesso e permanência na escola; liberdade de
aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a
arte e o saber; pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
respeito à liberdade e apreço à tolerância; coexistência de
instituições públicas e privadas de ensino; valorização do
profissionaldaeducaçãoescolar;garantiadepadrãodequalidade;
valorização da experiência extra-escolar; vinculação entre a
educação escolar, o trabalho e as práticas sociais) nada mais
fizeram do que coroar o trabalho que as Irmãs da Providência
e os demais educadores do Externato Santo Antônio vinham
desenvolvendo durante os 65 anos de valoroso trabalho realizado
junto à população do município.
Duas grandes conquistas do ano de 1997 foram: a introdução
do Ensino Médio regular, que veio satisfazer o desejo dos pais dos
alunos que terminavam o Ensino Fundamental II em manter os
filhos na excelência do ensino e da harmonia do ambiente escolar
que o Externato Santo Antônio oferece e a parceria com o Sistema
Anglo de Ensino, a fim de modernizar ainda mais o sistema de
ensino, com a qualidade já reconhecida por aquela instituição.
ESA 80 ANOS # 31
Na esperança de aproximar os interessados de toda a
comunidade sulcaetanense com as modernas descobertas nos
estudos bíblicos e teológicos, a partir de 1998 o Externato Santo
Antônio passou a oferecer cursos livres de teologia para leigos,
que estudavam Cristologia, História do Povo Hebreu, as cartas
paulinas, entre outros temas de interesse geral.
Em 1999, o Externato Santo Antônio organizou o laboratório de
informática, a fim de aproximar os alunos das novas tecnologias
de informação que ganhavam cada vez mais espaço na sociedade.
O colégio também ganhou a primeira sala específica para
audiovisual, com 250 lugares confortáveis, completo sistema de
som e acústica, telão e computador cujo acesso à Internet foi
estabelecido em menos de dois anos e que foi batizada de Sala
São Luís Scrosoppi, em homenagem à aprovação do processo
de canonização do fundador da Congregação das Irmãs da
Providência junto ao Vaticano.
Ainda naquele ano letivo, a pequena sala onde se realizavam
experiências simples de ciências foi reformada e se transformou
em um completo Laboratório de Experimentos Científicos,
destinado ao estudo de Ciências, para o Ensino Fundamental II,
e de Química e Física, para o Ensino Médio. Foi disponibilizada
vidraria específica para experiências, equipamentos de
laboratório, microscópios e outros aparelhos eletrônicos, em
bancadas planejadas com pias, farta iluminação, tomadas
elétricas, onde os alunos podem desenvolver seu conhecimento
rigorosamente protegidos
por vários equipamentos de
segurança.
Duas reformas estruturais
marcaram o ano de 2000: a
cobertura de todos os pátios
e da quadra externa da
escola e a remoção da área
de recreação para os alunos
do jardim da infância, com
piso de areia, para suprir a
necessidade da construção
de uma moderna praça
de alimentação, que
possibilitou o oferecimento
de alimentação de qualidade
na hora do almoço dos
estudantes.
Quando, em 10 de julho
de 2001, o Santo Padre, Papa
João Paulo II, canonizou
o Beato Padre Luís Scrosoppi, reconhecendo sua santidade no
trabalho de ajudar a construir o Reino de Deus entre os homens
ao confirmar sua intercessão na cura de um jovem soropositivo
da África do Sul, o Externato Santo Antônio, enquanto missão
das Irmãs da Providência, celebrou o evento com missa de Ação
de Graças, festejos e até caravana para Roma, a fim de vivenciar
aquelemomentoabençoado.Grandenúmerodesulcaetaneneses
esteve presente aos eventos, emocionados com a proximidade
deste santo de raízes italianas.
Para atender aos pedidos dos sulcaetanenses que precisavam
trabalhar e deixar os filhos na escola por não ter a quem confiá-
los, o Externato Santo Antônio disponibilizou uma equipe de
experientes profissionais em educação a fim de oferecer, de
maneiraorganizada,atividadeseducativaserecreativas,bemcomo
alimentação, no turno oposto às aulas regulares, sendo criada em
2002 a Educação em Tempo Integral. Quatro anos depois, a fim
de ampliar as possibilidades de recreação dos alunos pequenos
que usam este serviço, foi construído um grande brinquedo para
aprimorar sua coordenação motora e uma minicidade com teto
retrátil, com o objetivo de ensinar vários aspectos da vida em
sociedade, como o comércio, o voluntarismo, o respeito às leis
de trânsito, etc.
Grande remodelação aconteceu no ano letivo de 2005 na área
de esportes. Além das aulas de Educação Física, já havia treinos de
futebol e handebol em turno oposto às aulas; então, foram sendo
acrescentados gradativamente os treinamentos de voleibol,
basquetebol, tênis de mesa, xadrez, dança, ginástica rítmica e
treinamento para “cheerleaders”, com resultados vitoriosos nos
torneiros escolares e amadores da região do Grande ABC.
Com o objetivo de garantir mais oportunidades de cursos
profissionalizantes aos munícipes de São Caetano do Sul, o
Externato Santo Antônio firmou parceria com o SENAC de Santo
André para oferecer cursos técnicos e livres em áreas como
finanças e contabilidade (Administração de Contas a Pagar,
RecebereTesouraria;AnalistaFiscal;AssistenteFiscal;Escrituração
Fiscal; Fluxo de Caixa) ou finanças e comércio exterior (Compras
e Administração de Materiais; Logística Integrada), a partir de
2006, no turno da noite.
Para o ano letivo de 2007 foi implantado o curso livre de teatro
com professores com formação pedagógica e artística, tendo por
objetivo promover junto aos alunos o desenvolvimento de sua
socialização, seu vocabulário, a fala em público, bem como de sua
personalidade, como a memorização e a criatividade.
Neste mesmo ano, foi criado o Núcleo de Animação da Filosofia
Institucional (NAFI). Tendo em vista a filosofia institucional do
32 # ESA 80 ANOS
Externato Santo Antônio (“Proporcionar educação integral às
crianças, adolescentes e jovens, sensibilizando educadores e
educandos para a promoção da vida dos menos favorecidos”)
os educadores do NAFI passaram a desenvolver atividades com
os alunos (prática educacional interdisciplinar com temas de
relevância social, formação para a cidadania das crianças e dos
jovens, campanhas permanentes para caridade em instituições
sociais, trabalhos de voluntariado, celebrações e catequese),
celebraçõeseatividadesbeneficentesjuntoaospais.Continuaram
a oferecer os Cursos Livres de Teologia para Leigos e promoveram
as Noites Teológicas, feitas normalmente em setembro (Mês da
Bíblia), quando toda a comunidade sulcaetanense é convidada a
compartilhar instrução e reflexão sobre os textos bíblicos.
A biblioteca “São Luís Scrosoppi” foi reinaugurada, depois da
reforma de ampliação e modernização, em 14 de março de 2007
com a presença de alunos, professores, educadores de apoio,
escritores e autoridades educacionais, como o Professor Doutor
Márcio Magalhães Fontoura, então Vice-Diretor Geral
Acadêmico da Faculdade Editora Nacional (FAENAC).
Foram lidos textos feitos pelos alunos especialmente
para a ocasião e foi distribuído o livreto de poemas em
forma de cordel “O Encontro do Leitor com o Livro”,
escrito pelo professor de História, André Aparecido
Bezerra Chaves. Todo o acervo de livros, revistas,
mapas e outros periódicos foi catalogado e atualizado,
aumentando o número de exemplares à disposição
dos alunos. Também foram disponibilizados aos
alunos oito terminais de computadores com acesso
à Internet para a realização de pesquisas. Abriu-se uma sala de
leitura de livros infantis para o Ensino Infantil e Fundamental II.
Também, atendendo à necessidade de muitos pais que tinham
seus filhos no Externato Santo Antônio com irmãos em tenra
idade, foi inaugurado em julho de 2007 o berçário, com o objetivo
de oferecer aos bebês o estímulo necessário para garantir seu
pleno desenvolvimento físico e emocional. O berçário oferece sala
para sono (com berços individuais), solário, lactário, fraudário,
refeitório, área para banho e higiene, ambulatório e espaço
aberto para a amamentação pelas mães. Trabalham nessa seção
profissionais das áreas de pedagogia, enfermagem e nutrição.
Para conforto dos pais, a escola disponibilizou avançado sistema
de monitoração via Internet.
Para ampliar e aperfeiçoar as possibilidades de conhecimento
dos jovens alunos do Externato Santo Antônio em língua inglesa,
tão importante em uma época de economia e comunicações
globalizadas, foi firmado acordo com a Cultura Inglesa de Santo
André, a fim de oferecer cursos complementares com professores
especializados atuando nas dependências da escola.
A primeira Sala de Multimídia com lousa digital e interativa foi
entregue para uso de toda a comunidade educativa no início do
ano letivo de 2009, possibilitando a dinamização das aulas e a
interação imediata com informações da Internet.
No ano seguinte, com a ampliação da cozinha e da praça de
alimentação, o Externato Santo Antônio pôde oferecer almoço
de qualidade aos estudantes que complementam seus estudos,
participamdasoficinasdearteoudesenvolvemseustreinamentos
esportivos no turno da tarde. Além disso, cada uma das salas
de aula vem sendo equipada com computadores interligados
à Internet e projetores de alta resolução, capazes de dinamizar
ainda mais as aulas, o que facilita o aprendizado dos alunos.
Oitenta anos depois de ser lançada sua semente, o Externato
Santo Antônio continua vivo e em pleno crescimento. Adaptou-
se às mudanças que o desenvolvimento de São Caetano do
Sul, do Brasil e do mundo lhe impuseram e está disposto a
continuar avançando. Manteve inabalada a crença em sua
filosofia institucional por nunca deixar de confiar na Providência
e no ser humano. Com a mesma esperança, confiança e doçura
com que os sulcaetanenses estenderam as mãos ao trabalho
educativo que as Irmãs da Providência vieram implantar em
1931, toda a comunidade educativa do Externato Santo Antônio
hoje lhes retribui o carinho, o trabalho e a dedicação, ao
oferecer os mesmos braços acolhedores que sempre estiveram
abertos para o próximo. Mais páginas da História da união entre
sulcaetanenses e as Irmãs da Providência serão escritas porque
ESA 80 ANOS # 33
34 # ESA 80 ANOS
ESA 80 ANOS # 35
36 # ESA 80 ANOS
ambos compartilham do mesmo ideal quando o motivo são
as futuras gerações: os valores na educação são a esperança
de uma vida mais solidária, justa e harmoniosa neste amado
município.
	
Bibliografia
• Martins, José de Souza – “São Caetano do Sul: IV Séculos de História”,
São Caetano do Sul, 1957.
• Médici, Ademir – “Migração e Urbanização: a Presença de São
Caetano na Região do ABC”, São Paulo, Editora Hucitec, 1993.
• Nadai, Cecília de – “Vida e Missão das Irmãs da Providência no
Brasil”, Itu, Editora Ottoni, 2010.
• Papàsogli, Maria & Papàsogli, Giorgio – “Para os Mais Pobres – Vida
do Bem-Aventurado Padre Luís Scrosoppi”, São Paulo, 1998.
• Souza, Monica de & Ramos, Adriana M. C. – “Cotidiano e História em
São Caetano do Sul”, São Paulo, Editora Hucitec, 1992.
• Xavier, Maria Elkizabete; Ribeiro, Maria Luiza; Noronha, Olinda
Maria – “História da Educação: A Escola no Brasil”, São Paulo, Editora
FTD, 1994.
• Xavier, Sônia Maria Franco – “Externato Santo Antônio, tudo
começou no jardim da infância...” in “Revista Raízes”, Ano VII, Número
14, São Caetano do Sul, Prefeitura de São Caetano do Sul, julho/1996.
Professor André Aparecido Bezerra Chaves
Professor de História do ESA
ESA 80 ANOS # 37
38 # ESA 80 ANOS
Acolhida aos pequeninos, em seus primeiros anos de vida!
O berçário é uma seção do Externato Santo Antônio voltada
para cuidar e, especialmente, educar os bebês, na medida em
que incentiva variados aspectos do seu desenvolvimento. Dentro
desta proposta educativa, divide-se em dois: Berçário I, planejado
para bebês de quatro a dezoito meses, e Berçário II, destinado a
bebês de dezoito meses a dois anos de idade.
Em conjunto, o espaço educativo do Berçário tem como
objetivo oferecer um ambiente físico onde a criança vivencie as
descobertas com criatividade, desafios e, principalmente, que
interaja vivamente com aqueles que a cercam, sejam outras
crianças ou adultos.
Assim como os demais ciclos de ensino do Externato Santo
Antônio, o Berçário é adequado para a faixa etária com a qual
trabalha, o que permite que os bebês observem e explorem
o ambiente, engatinhem, brinquem, interajam com outros,
repousem, tomem banho, durmam, alimentem-se, satisfazendo,
assim, suas necessidades.
AsatividadesdoBerçárioIfocamaindaoscuidadosmateriaisde
Berçário
que os bebês tanto precisam para que possam ser desenvolvidas
atividades que estimulem seus sentidos, como tocar, ver, ouvir e
provar.
O Berçário II é voltado para o desenvolvimento das habilidades
necessárias para o Minimaternal da Educação Infantil, a fim de
facilitaraadaptaçãodascriançasànovarotinaescolar.Asatividades
desenvolvidas envolvem o aprimoramento das funções motoras
dos bebês, o respeito e a tolerância ao próximo, a capacidade de
observação e o desenvolvimento do conhecimento.
Os bebês do Berçário do Externato Santo Antônio recebem
atenção individual, necessáriaparao seudesenvolvimento devido
à particularidade de suas características de personalidade. Para
isso, cada berçarista é responsável pelo contato educativo mais
aproximado com um grupo de no máximo três crianças. Outra
forma de oferecer aos bebês o melhor ambiente possível para
seu desenvolvimento é a existência do Lactário, onde se prepara
o leite e as demais refeições com especial cuidado, carinho e
higiene.
No momento em que o Externato Santo Antônio completa
oitenta anos, as educadoras do Berçário sentem-se emocionadas
e felizes por acolher os bebês das famílias da comunidade e
contribuir para a formação dessas crianças, de modo que elas
continuem seus estudos nos ciclos de ensino seguintes com o
melhor desempenho possível.
Cristiane Matos S. Rota
Berçarista responsável pelo Berçário I do ESA
Tamires Passori Fattori
Berçarista Responsável pelo Berçário II do ESA
Francineide Rocha
Eliana Costa Santana
Shirlei de Azevedo
Berçaristas do ESA
Rose Savoca
Regina de Brito
Daniela Espinosa de Alencar
Selma
Auxiliares do Berçário do ESA
ESA 80 ANOS # 39
40 # ESA 80 ANOS
Onde tudo começa
Quando se fala em Educação Infantil, remete-se à construção
de pilares primordiais para o desenvolvimento da criança.
Não há como falar de Educação Infantil sem buscar suas raízes.
O Externato Santo Antônio começou a funcionar em junho de
1931 com pouco mais de cinquenta crianças. Os anos se passaram
e aquele pequeno colégio se tornou uma instituição sólida, pois
sua filosofia continua alicerçada sobre a mesma base educacional
religiosa.
Os educadores de nossa escola sempre acreditaram que
deveríamos iniciar o trabalho de ensino com o maior gesto de
respeito ao ser humano: a acolhida. Dessa maneira, oferecemos
atenção e dedicação a cada uma das crianças igualmente, com
o mesmo amor. Uma vez incorporado à nossa comunidade
educacional, nosso lema “Ternura e Firmeza” está presente
em todos os momentos, a fim de que as crianças iniciem seu
aprendizado amparadas pelos melhores recursos que possuímos:
docentes e educadores de apoio comprometidos não apenas com
o ensino dos conteúdos programáticos, mas com sua formação
humana. Este trabalho simples, mas precioso, tranquiliza os
corações das famílias.
Nossa equipe demonstra em cada gesto, em cada atividade,
em cada aula, o olhar diferenciado que tem sobre a criança
que inicia sua vida escolar. Sentimos as necessidades que cada
uma demonstra em suas palavras, em seus trabalhos e em sua
interação com os demais colegas. Acreditamos que tornamos
nossa escola um “porto seguro” para as crianças e também para
os seus pais porque nosso olhar volta-se para os laços afetivos
que transcendem a educação formal: interagimos com todos,
como uma “grande família”.
Mantemos a tradição na Educação Infantil pautada na confiança
da qualidade de nosso trabalho técnico e no amor que temos
por ele. Por isso, podemos nos dedicar com tanto empenho na
relação com as crianças e com seus pais, nossos grandes parceiros
na educação global dos pequenos.
Utilizamos vários métodos e instrumentos pedagógicos em
nosso cotidiano escolar, tais como a exploração das virtudes
das brincadeiras (atividades que constroem caminhos onde os
alunos interagem em grupo, aprendendo a ter responsabilidade
e cooperação para a criação coletiva do conhecimento), a moral
envolvida em cada história que contamos, a descoberta do
mundo em nossas saídas culturais, a alegria do aprendizado com
a música, os momentos de formação cristã, entre outras práticas
que garantirão um desenvolvimento integral de conhecimento e
valores que se perpetuarão pelo resto da vida dos educandos.
Construímosnossoplanejamentopedagógicocomoobjetivode
desenvolver nas crianças habilidades e competências de maneira
equilibrada para que se sintam seguras, felizes e preparadas.
Nosso trabalho viabiliza e incentiva a participação ativa de
cada criança para nela despertar a sensibilidade para observar,
o estímulo para manifestar sua curiosidade e a harmonia para
desenvolver seu senso de convivência, conceitos básicos deste
segmento.
Enfim, a Educação Infantil tem a intenção de educar segundo
um contexto de investigação, criação, levantamento de hipóteses,
reflexão e pesquisa, inerentes a um ambiente escolar moderno.
Acreditamos alimentar o processo de construção de cada criança
porque mediamos, de forma equilibrada, seu contato com as
disciplinas escolares.
Educação Infantil
ESA 80 ANOS # 41
Não obstante, também pensamos e trabalhamos o
aprimoramento emocional, moral e ético dos pequenos, pois
entendemos que o desenvolvimento integral de cada criança
constitui-se na atenção aos aspectos físico, psicológico, cognitivo,
sentimental, religioso e social, completando a ação da família e
da comunidade.
A equipe da Educação Infantil celebra o marco do “Externato
Santo Antônio: 80 Anos Misturando Vida e Educação” ao perceber
a transparência de alegria, carinho, sinceridade e euforia que
cada criança nos oferece em pequenos gestos, como um sorriso,
um abraço, um agradecimento ou qualquer outra demonstração
de satisfação e de felicidade ao perceber que conhece melhor o
mundo que a cerca e se sente pertencente a esta comunidade.
Sentimo-nos honradas em participar da vida de todas essas
crianças e de suas famílias; acima de tudo, em fazer parte da
grande e generosa família ESA.
Professora Lígia Mello Morita
Professora Rosana Batistucci Zonta
Professora Ana Lúcia Gonçalves de Figueiredo Cicerone
Professora Viviane de Laurentis Segantin
Professora Tainan Aparecida Bellotti Lara
Professora Roberta Heinrich
Professora Claudinete da Conceição S. Santos
Professora Mônica Peloche Arrazi
Professora Anelise Delgado Godeguez
Professora Karina Osti Strabeli
Professora Fabiana Silva Soares Vieira
Professora Alexandra de Assis Neves
Professoras da Educação Infantil do ESA
42 # ESA 80 ANOS
Do cuidado individual ao desenvolvimento social e pedagógico
Desde que o Externato Santo Antônio implementou o Ensino
Integral, esta possibilidade de acompanhamento pedagógico vem
crescendo a cada ano com reconhecida excelência.
Focado nas necessidades individuais de nossas crianças em
seus primeiros anos, trabalhamos não somente em prol do
cuidado, mas também do desenvolvimento pedagógico e social
dos educandos.
A reestruturação do segmento contou não somente com um
aprimoramento da estrutura física; incluiu também a nomeação
de uma nova coordenadora, que efetivou o reconhecimento do
EnsinoIntegralcomoumsegmentodeimportânciaequiparadaaos
demais ciclos de ensino e providenciou a contratação de pessoas
qualificadas para o exercício pedagógico. Este aprimoramento
vem sendo a mola mestra no trabalho da equipe, que mescla a
inovação das tecnologias e teorias pedagógicas com o resgate dos
valores pregados nestes 80 anos de Externato Santo Antônio.
“Ternura e Firmeza”, alguns dos valores pregados por esta
instituição, norteiam nossas ações cotidianas: cultivamos o
diálogo, o amor e a verdade, traços notórios de nossa acolhida,
visando sempre o bem-estar da criança. No Ensino Integral, os
alunos encontram não somente um apoio pedagógico, como
também um ambiente estruturado para lhes proporcionar
desenvolvimento físico, afetivo e cognitivo.
Os conhecimentos são organizados de acordo com a faixa
etária do aluno, já que atendemos a Educação Infantil e o Ensino
Fundamental, desenvolvendo atividades pedagógicas específicas
que colocam o aluno como protagonista no processo educacional,
contribuindo para que ele se torne um cidadão autônomo e
consciente de seu papel na sociedade.
As situações de aprendizagem que os educandos vivenciam
no Ensino Integral se processam também de forma lúdica e
combinada com o Ensino Regular, trabalhando sempre de
forma interdisciplinar a fim de fortalecer a parceria entre os
segmentos.
O cultivo dos valores cristãos contribui para que trabalhemos
de maneira unificada a tolerância e o respeito às diferenças,
firmando assim nosso compromisso com o desenvolvimento das
potencialidades dos educandos que nos são confiados.
Em sua curta e bela História, o Ensino Integral vem “misturando
vida e educação”, conforme os ensinamentos de São Luis
Scrosoppi.
Ensino Integral
ESA 80 ANOS # 43
Ensino Religioso: a identidade cristã do Externato Santo Antonio
Celebrar oitenta anos de uma instituição escolar já é um marco,
ainda mais quando essa instituição possui uma identidade cristã e
católica. O Externato Santo Antônio é um orgulho para a diocese
de Santo André; aliás, o nosso colégio teve a sua criação antes
mesmo do surgimento da nossa diocese, que foi criada apenas
em 1954!
Nessa maravilhosa festa que estamos celebrando, penso ser
importante apresentar uma característica e um diferencial que,
ao longo dessas oito décadas, fez do Externato Santo Antônio
uma das melhores instituições de ensino do Grande ABC.
Entre as diversas disciplinas ministradas no colégio, uma se
destaca: o Ensino Religioso. Ao contrário do que pensam muitas
pessoas, o Ensino Religioso sempre foi um valor importante,
demonstrando a identidade cristã católica que o fundador da
Congregação das Irmãs da Providência, São Luís Scrosoppi,
pregou em cada dia de sua vida, instituição a qual temos imensa
alegria por herdar.
Várias irmãs e professores leigos ministraram essa disciplina,
sempre demonstrando que os grandes seres humanos também
são formados pela ética e pelo espírito fraterno e amigo que o
cristianismo católico ensina. É importante também lembrar que,
apesar do Externato Santo Antônio ser um colégio confessional
católico, isso nunca foi motivo para que alunos de outras
denominações religiosas não estudassem ou se sentissem menos
acolhidos em nossa escola.
O público discente do Externato Santo Antônio sempre contou
com a presença de alunos e famílias de várias religiões, como
evangélicos, judeus, muçulmanos, espíritas, Testemunhas de
Jeová, umbandistas, entre outras expressões religiosas, e até
mesmo de pessoas que começaram a valorizar a religião a partir
da experiência vivida na escola. Com isso, temos a certeza de que
o amor e a ternura ensinados por São Luís Scrosoppi estão acima
de quaisquer diferenças no campo religioso, pois onde há amor,
Deus aí está!
Vemos, portanto, que o Ensino Religioso desenvolveu um
papel de formação e de evangelização que converge para o
entendimento, o respeito e a paz entre as diversas opções
religiosas ao longo desses oitenta anos e, com isso, temos a
certeza de que a religião possui a missão de religar o ser humano
ao Sagrado e não ser motivo de discussões ou distanciamento no
campo escolar.
Não podemos terminar sem fazer uma consideração pelas
várias Irmãs da Providência e diversos professores leigos que, ao
longo desses anos, ensinaram os valores religiosos e provaram
que o amor e a ternura são os maiores mandamentos deixados
por Jesus Cristo.
Professor Ms. Renan Evangelista Silva
Professor de Ensino Religioso do ESA
Ensino Fundamental I
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  • 1. Externato Santo Antonio SUA HISTÓRIA E SUA HERANÇA Revista Comemorativa dos 80 Anos do ESA - Junho/2011
  • 2. EXTERNATO SANTO ANTONIO - SUA HISTÓRIA E SUA HERANÇA - é uma publicação comemorativa em alusão aos 80 anos do ESA. www.externato.com.br Projeto Gráfico, Arte e Diagramação Grappa Editora e Comunicação www.grappa.com.br Fotos Arquivo ESA Laborprime SXC.HU
  • 3. Apresentação O exercício da função social da escola é complexo. Precisa conjugar várias tarefas diferentes: possuir condições de infraestrutura que comportem corretamente as atividades educativas; selecionar profissionais certificados, com significativa inteligência e moral exemplar a fim de que exerçam a função de educadores com eficiência e competência; abrir suas portas para acolher crianças e jovens das famílias que compõem a comunidade na qual a instituição se encontra para compartilhar com os pais a responsabilidade da formação dos futuros cidadãos; proporcionar o desenvolvimento corporal, o conhecimento científico e o amadurecimento moral das crianças e jovens. As incontáveis pressões do cotidiano, desde o desenvolvimento da tecnologia de informação e comunicação até as distâncias ideológicas que confluem das mais variadas classes sociais, costumam colocar à prova a capacidade institucional de promover um convívio de integração, amizade e inclusão. Vemos, de maneira comum, escolas que se perdem no imediatismo e na superficialidade sem alcançar a solução destes desafios. Normalmente, enxergam o espaço da educação como um “mercado” no qual as aulas, as notas, as excursões, enfim, todas as suas atividades não passam de produtos a serem vendidos, supervalorizando as vontades dos consumidores, que tudo exigem, mas pouco se responsabilizam ou contribuem para os resultados. Uma escola que se alinha com este processo parece estar entregue à estrita lógica do mercado, que compromete o futuro da sociedade e da natureza porque estabelece uma forte concorrência entre os indivíduos em busca da acumulação desenfreada de dinheiro, tendência neoliberal deste início de século XXI, pouco ou nada se importando com o próximo, entendido como um concorrente e não como semelhante, ou com a natureza, observada como fonte inesgotável de matérias- primas e não como uma sensível criação de Deus, fonte de vida que precisa ser cuidada com carinho, respeito e conhecimento. O Externato Santo Antônio chega aos oitenta anos com vitalidade porque sempre disse não a esta triste lógica. Desde os primeiros dias de existência, a Congregação das Irmãs da Providência imprimiu como marca desta missão a educação de crianças e jovens, preparando-os, em comunhão com os pais, para transformá-los em adultos competentes na observação da sociedade e da natureza através do olhar científico, sensibilizados e atuantes no trabalho de construção da família e da sociedade, lutando pela justiça social, pela liberdade de iniciativa e pelo respeito à vida. Isso foi possível porque sempre se uniram confiantes aos leigos que mantiveram a mesma esperança e crença na educação humana, desde o ano de 1931 até os dias de hoje. Baseados no exemplo de São Luis Scrosoppi, identificaram-se com os irmãos menos favorecidos e aceitaram sua situação como consequência da própria vida que os homens instituíram em sua História; portanto, implantar o Reino de Deus no Planeta Terra também é resultado de própria decisão de cada pessoa em construir uma História baseada na luta por uma vida fraterna a partir das palavras de Jesus Cristo, confiantes em Deus Providente, que nos concede ânimo devido à graça do Espírito Santo. Esta edição comemorativa representa um precioso espaço aberto pelas Irmãs da Providência e pela Equipe Gestora para que toda a comunidade conheça não apenas o que fazem os professores e demais educadores de apoio no exercício educativo, mas também como e por que o fazem. É, também, uma oportunidade de se expressar a alegria de viver esta data comemorativa: quando uma pessoa faz aniversário, todos os que a amam tentam estar, de alguma forma, próximos a ela, com a intenção de demonstrar todo o seu amor e parabenizá- la sinceramente pela benção da vida; no caso dos 80 anos do Externato Santo Antônio, os que o amam são tantos e as formas de demonstrar o seu amor são tão variadas, que esta edição comemorativa se torna um presente singelo, mas precioso, de quem o mantém vigoroso em seus valores, em seu carisma e em sua excelência. André Aparecido Bezerra Chaves Professor de História do ESA ESA 80 ANOS # 03
  • 4. 04 # ESA 80 ANOS Índice Oração a São Luis Scrosoppi 06 Mensagem da Congregação das Irmãs da Providência 07 Mensagem da Direção Administrativa 08 Mensagem da Direção Pedagógica 09 Mensagem das Coordenadoras Pedagógicas, das Orientadoras Educacionais e da Supervisora do Integral 10 Mensagem dos Educadores de Apoio 11 Mensagem do NAFI - Núcleo de Animação da Filosofia Institucional 12 Externato Santo Antônio: 80 anos de mãos dadas aos sulcaetanenses 13 Berçário Acolhida aos pequeninos, em seus primeiros anos de vida 38 Educação Infantil Onde tudo começa 40 Ensino Integral Do cuidado individual ao de- senvolvimento social e pedagógico 42 Ensino Fundamental I Ensino Religioso: a identidade cristã do Externato Santo Antonio 43 Palavra: um meio de expressar o amor 44 Por um mundo melhor 46 A humanidade que a matemática proporciona 47
  • 5. Ensino Fundamental II O homem e a natureza: criações de Deus 48 História: o passado e o tempo presente 49 Organização e disciplina: a formação humana possibilitada pelo desenho geométrico 50 O uso da matemática na construção da cidadania 52 Aprendizagem significativa 53 Ensino Médio Filosofia e sociologia no Ensino Médio: outros horizontes 54 A história e a consciência dos jovens em sua missão 56 Um modo de enxergar a criação: as ciências físicas e biológicas 57 Educação e fé 58 A desmistificação da matemática: uma linguagem capaz de humanizar 59 As letras 59 O Ensino das artes 60 Artes plásticas 60 Educação musical 61 Dança 62 Teatro 63 Esportes 64 Tecnologia 65 Oração a Santo Antônio 66 ESA 80 ANOS # 05
  • 6. Oração a São Luis Scrosoppi 06 # ESA 80 ANOS “Ó, Senhor Deus, que inflamou o coração de São Luís Scrosoppi sacerdote, consagrando-o modelo de caridade trabalhadora à humanidade sofredora, concede-nos, através de Tua intercessão, o amor aos nossos irmãos com coração sincero e a procura diária do Reino de Deus e sua justiça”.
  • 7. Mensagem da Congregação das Irmãs da Providência Ao longo da História, Deus suscita pessoas com carismas, dons específicos que contribuem para que a História seja mais humana e santa. São Luís Scrosoppi, fundador da Congregação das Irmãs da Providência, é um desses presentes de Deus para a humanidade. Mas, o que tem que ver São Luís Scrosoppi, um santo do norte italiano, nascido no século XIX, com os 80 anos do Externato Santo Antônio? A resposta é simples: tudo! Esse homem de incomparável caridade cristã foi quem deu início a toda e qualquer História relacionada à ação das Irmãs da Providência. Padre Luís se tornou exemplo para toda a Igreja porque amou de modo heróico a Deus e ao próximo. O grande dom que o distinguiu, entre tantos outros homens de boa vontade, foi o seu abandono filial e incondicional nas mãos de Deus, fazendo-se instrumento de Providência e de caridade para quem se encontrasse necessitado. FoinaCasadasAbandonadas,ondeeleviveupraticamentetoda a sua vida, que seu amor-caridade se concretizou na educação das órfãs, abandonadas e filhas de miseráveis. Seu método educativo, que será a característica fundamental do modo com que as Irmãs da Providência exercitam sua ação apostólica, é baseado no trinômio:Mãe,MestraePastora.Estetrinômio,quetema“grande honra” de imitar Deus: Pai, Mestre e Pastor. Deus é Pai dos pobres e dos órfãos; é Pastor bom, que cuida com carinho particular de cada uma de suas criaturas, o único guia seguro para os homens; finalmente, Ele é o Mestre, manso e humilde de coração, que convida sem obrigar, que solicita e espera com paciência. A essas características de sua caridade, São Luis Scrosoppi acrescentou a firmeza, temperando-a com muita ternura, e deixou como legado às suas filhas espirituais esse modo de educar e de realizar toda a atividade que a nós é confiada. Assim, o Externato Santo Antônio, como missão apostólica das Irmãs da Providência, filhas de S. Luís Scrosoppi, juntamente com tantos e tantos leigos que desde o início fizeram e fazem parte desta história e que assimilaram esse jeito de educar, procuraram e procuram ao longo desses 80 anos seguir as indicações deixadas pelo nosso fundador. No início, era uma escola para os filhos dos operários, em grande parte imigrantes italianos. Por longos anos, foi lugar de formação humana e cristã para gerações de estudantes. O Externato Santo Antônio cresceu com a cidade de São Caetano do Sul a ponto de ser considerado parte integrante e significativa da História do município. A História do Externato Santo Antônio é, para nós, uma história de Providência que Deus iniciou com a população de São Caetano do Sul em 1931. Várias gerações passaram pelos bancos desta escola; mais do que isso, passaram pela nossa vida de educadores cristãos comprometidos com a missão de educar segundo os valores que orientam nossa ação educacional: •Acolhida, que se traduz em disponibilidade para receber e capacidade para doar; •Diálogo, que se manifesta em abertura para o entendimento; •Ternura e firmeza, que se manifestam em forma de amor e determinação no relacionamento pessoal; •Conhecimento, que se torna sinônimo do saber a serviço do crescimento das pessoas e da sociedade. Tudoissopara“proporcionarumaeducaçãointegralàscrianças, adolescentes e jovens, sensibilizando e envolvendo educadores e educandos com a promoção da vida dos menos favorecidos”. Irmã Maria Helena Representante da Congregação das Irmãs da Providência ESA 80 ANOS # 07
  • 8. Há dois anos, tive a felicidade de ser convidado a fazer parte da comunidade do Externato Santo Antonio (ESA) ocupando o cargo de Diretor Administrativo. Aos poucos, construiu-se uma amizade firme e sincera com as Irmãs da Providência, com o Corpo Pedagógico, Administrativo, com os Educadores de Apoio, com os alunos, com todas as empresas parceiras e com a comunidade em geral. Acredito que este laço de confiança ocorreu de maneira espontânea, graças a dois importantes acontecimentos: a convergência da minha fé em Jesus Cristo na missão do ESA - “Proporcionar educação integral às crianças, adolescentes e jovens, sensibilizando educadores e educandos para a promoção da vida dos menos favorecidos”- e à minha vontade de oferecer uma administração transparente, que beneficie a todos os membros da comunidade do ESA igualmente, a fim de que cada ser humano que aqui estuda ou trabalha tenha prazer em compartilhar seu estudo ou atividade profissional com pessoas que sabem reconhecê-lo, formando uma identidade. Foram, na verdade, minhas convicções que se integraram à filosofia do ESA com um amor e um respeito profundo. Com esta comunidade compartilho minhas convicções, principalmente a paz. Não vim só. Trouxe minha família (minha filha é aluna da Educação Infantil!) porque acredito que aqui ela terá contato com o respeito à vida e com a consciência de que precisamos buscar a verdade, bem como amar e servir às pessoas. Confio a esta instituição o que tenho de mais precioso (como tantos outros pais!), pois aqui se ensina que haja respeito e paz entre as pessoas, independente da religião, vivendo a experiência real de “irmãos entre irmãos”. Há diferenças entre as pessoas, as famílias, as vocações políticas, mas, no íntimo de cada um de nós, existe um princípio comum, a partir do qual podemos construir um futuro para o nosso município, para o nosso país e para um mundo muito melhor. Neste ano, em que o ESA completa 80 anos de existência, a Campanha da Fraternidade nos lembra que a “Fraternidade e a Vida no Planeta” dependem de ações que adotamos cotidianamente: não apenas salvar a vida no nosso tão querido Planeta Terra, mas mantê-lo majestoso para as futuras gerações. Penso (acredito mesmo!) que a educação tem um papel fundamental nisso. É uma das primeiras vezes na História que vemos o empenho de várias parcelas da sociedade (governos, Organizações Não–Governamentais, empresas de comunicação, corporações etc.) envolvidas com a questão ambiental e com o respeito à vida. O primeiro elemento que considero fundamental para que possamos atingir este objetivo é a consciência moral criada nas atitudes que o ESA ensina, combinadas com as atitudes da família no ambiente doméstico. Respeitar e proteger a vida é muito mais que se resguardar da violência urbana; segue na direção do respeitoedaajudaaosnossosirmãosmenosfavorecidosenquanto “criaturas” de Deus; da proteção à fauna e à flora, enquanto “criações” de Deus. Portanto, economizar a água tratada, o papel, a energia elétrica, evitar o desperdício de alimentos, entre outras pequenas ações que podemos empreender cotidianamente, promovem a manutenção dos complexos naturais, dos nossos rios e aquíferos, impedem ou reduzem a derrubada de árvores, evitam a construção de novas hidrelétricas, cujos lagos inundam vários ecossistemas, etc. Por essa razão, a constante modernização pela qual o ESA passou nos últimos anos proporciona o uso correto da água através de torneiras com temporizadores, de papel toalha reciclável, de produtos de limpeza biodegradáveis; disponibiliza aulas com equipamento digital; propicia um canal interativo com os pais pela Internet através do nosso novo site; oferece alimentos saudáveis e equilibrados na nossa cantina e no refeitório, que passou a servir o almoço dos alunos, entre outras iniciativas que se transformam em ações educativas. O segundo elemento é que a paz e o conservacionismo são de responsabilidade humana, mas não conseguiremos atingir nossas expectativas se não confiarmos na Providência; é Ela que nos permite o milagre da vida a cada manhã, que nos oferece o local em que vivemos sem nos preocuparmos muito com sua preservação, que nos concede a sabedoria para corrigirmos nossos excessos. Neste sentido, o Externato, nestes seus 80 anos, caminhou numa jornada que criou a consciência dos nossos limites humanos. Algumas vezes falhamos; outras, acertamos. Contudo, para acertar, mais que errar, devemos reafirmar que colocamos nosso futuro no conhecimento que Jesus Cristo nos deixou como herança nos Evangelhos e na emoção de nosso reencontro a cada manhã com o advento da vida. O que as Irmãs da Providência trouxeram ao construir essa missão há oitenta anos foi o exemplo, o qual todos podemos seguir. Exemplo de reconhecimento de nossas responsabilidades na conservação do mundo em que vivemos e de renovação do compromisso de trabalhar com coragem e inspiração na construção de um futuro mais justo, fraterno, amável e cheio de vida! Agradeço primeiramente a Deus pela jornada que o Externato Santo Antonio iniciou há oitenta anos e pela presença e participação de cada membro de sua comunidade. Que se renovem as esperanças por muitos outros anos de trabalho pela sua glória! Orlando Alves Zotarelli Diretor Administrativo 08 # ESA 80 ANOS Mensagem da Direção Administrativa
  • 9. Oitenta anos! Como escrever algo sobre 80 anos? Quanta responsabilidade, pois não são quaisquer 80 anos. São os 80 anos do Externato Santo Antonio. Demorei-me bastante para registrar algumas poucas palavras, pois, diante da grandeza da comemoração, deveria ser algo muito significativo para quem escreve, mas principalmente para quem lê. Pensei em fazer uma retrospectiva dos fatos acontecidos ao longo da História da Educação e estabelecer paralelos com a educação nos dias de hoje, os novos modelos de família, as atuais estratégias e ferramentas pedagógicas. Não! Talvez, alguns anos atrás, estes registros fossem mais difíceis de serem encontrados. Hoje, bastam alguns cliques e temos em nossa “telinha” uma linha do tempo invejável e rica em detalhes. O tempo passa e a sensação que tenho é de estar diante de um desafio cada vez maior. Começo a devanear. Minha imaginação me leva até o ano de 2091, quando o Externato Santo Antonio completará 160 anos. Quando tudo começou, em 1931, o ano de 2011 parecia tão longínquo e, zás-trás, estamos aqui em pleno século XXI. Pois bem, em 2091 também farei parte da rica história do Externato. Enxergo aceleradas tecnologias, ambientes ultramodernos, meios de transporte muito velozes, tudo muito evoluído.Presenciocenasparecidasàquelasdefilmesfuturísticos. Em meu sonho, começo a percorrer os espaços do Externato. Tudo muito progressista, maravilhoso. O que procuro mesmo são as crianças. Ah! Doces crianças. Como seriam? Pequenos robôs? Ouço um barulhinho... Lá estão elas! Lindas e, como sempre, CRIANÇAS, com os olhinhos curiosos, pesquisando com suas maquininhas algumas fotos, uniformes, fotos, vídeos, revistas para contarem a história dos 160 anos do Externato. De repente, uma criança encontra uma revista e sai correndo mostrando para as outras. Reconheci! É esta a revista encontrada. Ela começa a ler em voz alta para as demais crianças que ali se encontram: “Daqui a alguns anos vocês lerão este artigo. Por isso, quis que fosse um artigo especial, que conseguisse reproduzir a magia destes primeiros 80 anos de Externato. Sempre fui partidária de que devemos escutar o nosso coração, e assim o fiz. Meu coração pediu para deixar registrado para todos que o futuro pode acontecer de maneira justa e solidária. Cada ação que tomamos proporciona uma reação. Muitos cientistas foram céticos, não acreditando na sobrevivência do planeta e, consequentemente, da espécie humana. Se hoje vocês leem este artigo é porque as gerações anteriores se preocuparam em deixar um futuro melhor para vocês. No Externato, ao longo de décadas, contribuímos para que fossem formados cidadãos íntegros, autênticos e preocupados com o próximo. Dedicamo-nos muito às questões ambientais e sociais. Ensinamos a cuidar do planeta. Em 2011, fomos a primeira escola do município de São Caetano do Sul a fazer a coleta seletiva de lixo. Para vocês, do ano de 2091, isto é coisa superada,porqueolixoécoisadopassado.Cadapassoquedemos em direção à posteridade foi marcado pela coragem, dedicação, acolhida e parceria entre a equipe de profissionais e as famílias que confiaram nos princípios humanos pelos quais cada atitude foi pautada dentro do Externato. O maior legado que pudemos deixar para vocês, cidadãos do futuro, foi a confiança no ser humano, o respeito ao próximo e às diferenças, o sublime ensinamento de fazer sempre o bem, mantendo a verdade como um valor absoluto e, acima de tudo, acreditando que tudo é possível desde que tenhamos Deus no coração. Cuidem para que todos estes valores que foram transmitidosaolongodasgeraçõesseperpetuemdefinitivamente. Agradeço pela oportunidade, que Deus colocou em minha vida, de poder compartilhar desta linda história de amor incondicional em que o Externato Santo Antonio foi edificado e consolidado.” Neste instante, saio desta espécie de viagem ao futuro e deparo-me com muito trabalho, mas muito trabalho mesmo! A tarefa é árdua, mas não impossível. Preciso continuar minha missão no Externato, na vida e no mundo. Contribuir para que o futuro não seja apenas um sonho... Com muita humildade, estendo minhas mãos e todo meu coração para que juntos consigamos fazer do mundo um lugar muito melhor para se viver. Que as gerações futuras possam olhar para trás e sentir orgulho de nossas ações. Juntos, somos e faremos parte desta história de sucesso! Parabéns a todos pelos 80 anos do Externato Santo Antonio e que venham mais 80, 100, 200 anos! Com muito carinho, Roseli F. Brito Diretora Pedagógica ESA 80 ANOS # 09 Daqui a alguns anos vocês lerão este artigo. Por isso, quis que fosse um artigo especial, que conseguisse reproduzir a magia destes primeiros 80 anos de Externato.Semprefuipartidária de que devemos escutar o nosso coração, e assim o fiz. Mensagem da Direção Pedagógica
  • 10. Fazer parte da “família” do Externato Santo Antônio enche de orgulho a todas nós da Equipe Pedagógica. O fato de nossa instituiçãodeensinocompletaroitentaanosdeHistóriademonstra que trilhou um caminho iluminado, formando e informando crianças e jovens que se tornaram cidadãos comprometidos com a sociedade em que vivem. Hoje o Externato Santo Antônio é reconhecido por sua excelência acadêmica e seu generoso acolhimento. Aqui, vivenciamos no dia-a-dia a filosofia de São Luís Scrosoppi, “Ternura e Firmeza”, e seu ensinamento de confiança: “Providência... é Deus nos acontecimentos; é gesto de Deus, acompanhando a todos, mesmo quando não percebemos; é visita amiga na dor; é a palavra que dá luz na hora da treva”. Fazer parte desta História de oitenta anos é continuar semeando valores difundidos pela Congregação das Irmãs da Providência e contribuir para a transmissão do carisma de São Luís Scrosoppi na vida e na educação dos nossos alunos, através da nossa filosofia institucional: “Proporcionar educação integral às crianças, adolescentes e jovens, sensibilizando educadores e educandos para a promoção da vida dos menos favorecidos”. A Equipe Pedagógica exprime, neste momento de festa e comemoração, seus votos de muito sucesso, novas conquistas e vitórias. Professora Patrícia Vanessa Aroni de Barros Coordenadora Pedagógica da Educação Infantil Professora Telma Peixinho Bento Coordenadora Pedagógica do Ensino Fundamental I Professora Priscilla Ortuño Orientadora Educacional do Ensino Fundamental I Professora Leni Maria Silveira Benavente Coordenadora Pedagógica do Ensino Fund. II e Ens. Médio Professora Neli Padovan Kawaguch Orientadora Educacional do Ensino Fund. II e Ens. Médio Professora Milena Girtoto de Souza Supervisora de Estudos 10 # ESA 80 ANOS Mensagem das Coordenadoras Pedagógicas, das Orientadoras Educacionais e da Supervisora do Integral
  • 11. “O trabalho constitui o fundamento sobre a qual se edifica a vida familiar, que é um direito fundamental e uma vocação do homem. Estas duas esferas de valores – uma conjunta ao trabalho e a outra derivante do caráter familiar da vida humana – devem unir-se entre si e compenetrar-se de um modo correto”. Beato Papa João Paulo II Participamos da vida do Externato Santo Antônio sem estarmos em plena evidência. Enquanto as atividades educativas formais estão com contato permanente com os educandos, ajudamos a completar a formação das crianças e jovens através do nosso trabalho sereno e carinhoso na recepção, secretaria, limpeza, manutenção, suprimentos, marketing, relações públicas, cantina, refeitório e outros departamentos da escola. Procuramos, em nosso cotidiano, servir da melhor maneira possível para que a Equipe Gestora, o Corpo Docente, o Corpo Discente e suas famílias tenham condições materiais, infraestrutura e tranquilidade adequadas para que possam, com esforços conjugados, continuar formando cidadãos conscientes de suas responsabilidades sociais. Acreditamos na filosofia institucional do Externato Santo Antônio (“Proporcionar educação integral às crianças, adolescentes e jovens, sensibilizando educadores e educandos para a promoção da vida dos menos favorecidos”); por isso, nos realizamos em nosso trabalho, por mais modesto que possa parecer, e o fazemos com dedicação e amor. É com grande felicidade que podemos confiar ao Externato Santo Antônio a educação dos nossos filhos, mas é infinita nossa emoção ao nos sentirmos pertencentes a uma família que herda dos seus antepassados a responsabilidade de manter sua missão, a fim de criar neste mundo um verdadeiro Reino de Deus baseado, sobretudo, no amor ao próximo! Educadores de Apoio do ESA ESA 80 ANOS # 11 ajudamos a completar a formação das crianças e jovens através do nosso trabalho sereno e carinhoso na recepção, secretaria, limpeza, manutenção, suprimentos, marketing, relações públicas, cantina, refeitório e outros departamentos da escola. Mensagem dos Educadores de Apoio
  • 12. Cada um de nós já experimentou a felicidade de se sentir amado pelas pessoas que nos cercam, seja em família, entre os amigos, em clubes sociais ou outras organizações. Entre elas, a escola é um local onde se reúnem diariamente educadores e educandos que procuram se sentir pertencentes a uma comunidade educativa, uns para ensinar, outros para aprender, outros ainda para compartilhar. Não obstante, o cotidiano marcado pelas mais variadas atividades educativas (por exemplo, alfabetização, explicações de assuntos científicos, apresentação de trabalhos em grupo, exercícios de fixação, correção de exercícios, atividades de Educação Física, Esportes e Artes, pesquisas, avaliações etc.) parece criar uma relação imparcial entre todos devido à necessidade que têm de cumprir suas tarefas com zelo, concentração e competência. A fim de manter o calor de nossa filosofia institucional (“Proporcionar educação integral às crianças, adolescentes e jovens, sensibilizando educadores e educandos para a promoção da vida dos menos favorecidos”), o Externato Santo Antônio promove um trabalho especial; oferece um espaço onde se desenvolvem muitas atividades com os educadores, educandos e suas famílias: o NAFI – Núcleo de Animação da Filosofia Institucional -, organizado em janeiro de 2007. Enquanto núcleo de animação, evita realizar sozinho as ações de pastoral escolar, mas promove a sensibilização da filosofia institucional entre educadores, educandos e familiares em suas atividades escolares, para que ela seja estendida a todas as atividades de suas vidas. O NAFI é responsável por manter em cada membro participante e colaborador desta instituição o espírito evangélico de São Luís Scrosoppi, de tal forma que a escola seja um sinal do Deus invisível na Terra. Junto ao corpo discente, o NAFI apresenta uma proposta de práxis educacional interdisciplinar que possibilita o envolvimento de cada criança e jovem em ações concretas que favoreçam sua sensibilização para a tomada de ação humana perante as necessidades do próximo, ou seja, uma cidadania plena com virtudes cristãs. Para tanto, ajuda a equipe pedagógica com conteúdos pastorais que auxiliam na elaboração das aulas; promove encontros com as crianças e jovens sobre diversos temas que envolvem situações do seu cotidiano para que vivenciem nossos valores; propõe experiências em comunidades carentes nas “Férias Solidárias”; desenvolve campanhas anuais permanentes (do agasalho e outros donativos, de coleta de lacres de latinhas de alumínio etc.); promove o Esaj, integração dos alunos do Externato Santo Antônio (uma missão educativa das Irmãs da Providência em São Caetano do Sul) com o Externato São José (outra missão educativa, em Atibaia); promove a catequese para os alunos católicos que ainda não receberam o Sacramento da Eucaristia; colabora com as celebrações de Páscoa, Natal, Formatura, Dia das Mães, Dia dos Pais, missas em louvor a Santo Antônio e São Luís Scrosoppi, entre outras, com a presença dos pais e da comunidade sulcaetanense. Além disso, desenvolve junto aos educadores o FEC – Formação dos Educadores Cristãos -, cuja finalidade é oferecer subsídios teológicos e filosóficos para a melhoria da fluência da filosofia institucional em sua prática pedagógica; organiza encontros que discutem a composição teológica e projetos pedagógicos relacionados à CF – Campanha da Fraternidade; assessora o trabalho dos professores de Ensino Religioso, tanto em literatura teológica quanto na filosofia institucional; acolhe os novos educadores, apresentando-os à escola e a toda a comunidade educativa; homenageia os educadores que completam cinco, dez, quinze, vinte e vinte e cinco anos de trabalho dedicados ao Externato Santo Antônio; organiza confraternizações e retiros da equipe educativa. A comunidade também é convidada a partilhar conhecimentos, refletindo sobre as Sagradas Escrituras na “Noite Teológica”, que ocorre em setembro, quando se comemora o “Mês da Bíblia”. Diante das comemorações dos oitenta anos do Externato Santo Antônio, que coincidem com a Campanha da Fraternidade (cujo tema, neste ano, é “Fraternidade e a Vida no Planeta”), o Nafi confraterniza seus sentimentos de felicidade, realização e serenidadeporquesentequecadamembrodesta“GrandeFamília” que se chama Externato Santo Antônio é uma personagem de luz que segue o chamado do Senhor para realizar, em todos os seus gestos, Seu maravilhoso projeto de zelar pela humanidade e Suas outras criações através do amor, devolvendo-as vivas e magníficas, conforme nos ensinam as palavras do Cristo: “Ama o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua força e com toda a tua mente, e ao teu próximo como a ti mesmo”. Irmã Ivete Aparecida Paiola Simone Roslekas Cleverson Amaro de Jesus Professores de Teologia do ESA 12 # ESA 80 ANOS (...) o NAFI apresenta uma proposta de práxis educacional interdisciplinar que possibilita o envolvimento de cada criança e jovem em ações concretas que favoreçam sua sensibilização para a tomada de ação humana perante as necessidades do próximo (...) Mensagem do Nafi - Núcleo de Animação da Filosofia Institucional
  • 13. ESA 80 ANOS # 13 Oitenta anos de mãos dadas com os sulcaetanenses São Caetano no Limiar dos Anos 1930 No início dos anos 1930, São Caetano era um “distrito de paz” do Município de São Bernardo. Uma região que ainda possuía muitas famílias que viviam de atividades econômicas ligadas ao campo (chácaras que forneciam verduras, frutas, leite, entre outros produtos agropecuários em pequena quantidade para consumo local); porém, já contava com um número crescente de indústrias (Cerâmica São Caetano, Fábrica de Louças Adelina, Produtos Químicos São Pedro, Companhia Metalúrgica Brasileira, Fábrica de Tecidos Pedro Giorgi, Curtume Matarazzo entre outras importantes corporações que ajudavam a edificar seu progresso) que demandavam um número cada vez maior de mão de obra. Além das famílias de imigrantes chegados nas décadas anteriores (especialmente italianos, espanhois e portugueses), famílias de várias outras partes do Estado de São Paulo (e até de outros Estados da Federação) procuravam oportunidades para ganhar a vida neste distrito promissor. O “centro” da ocupação urbana de São Caetano no século XIX (que depois nomeou o bairro) não comportava mais o estabelecimento de tantas famílias. Houve a necessidade de se ampliar o espaço urbano. Surgiram os bairros Santo Antônio, Santa Paula, Barcelona etc. A ampliação do núcleo urbano relacionava-se diretamente à demanda por serviços públicos. Nos transportes, a São Paulo Railway Company (em 1946 estatizada e rebatizada como Estrada de Ferro Santos-Jundiaí) era o principal meio para trazer aos locais de trabalho os moradores de outras localidades e escoar a produção; algumas linhas de ônibus “jardineiras” serviam como transporte para a maioria da população local em ruas recém-abertas; uma curta linha de bonde ligava a estação ao atual bairro Santa Maria. Mesmo chegando depois da ocupação humana, a infraestrutura construída pela Externato Santo Antônio Construção do novo prédio na Rua São Luis - 1954
  • 14. Prefeitura de São Bernardo promovia a expansão da rede elétrica com iluminação pública, o saneamento básico, o asfalto, entre outros serviços, oferecendo-os na medida das suas possibilidades de investimento. A população poderia buscar os serviços de saúde em São Bernardo ou em outro município próximo, mas escolhia principalmente o trabalho dos médicos que atendiam em casa os componentes de sua família, do recém–nascido ao ancião, de ambos os sexos, acumulando as funções de clínico, cirurgião ou parteiro, e ainda mais, como conselheiros de problemas domésticos, já que o médico era considerado um homem “instruído”, “sabido”, um “bacharel”. Quando nenhuma dessas duas alternativas era possível, o enfermo era levado a um “benzedor” ou “curandeiro” que, com suas rezas, chás e outras orientações, tentava alijar o mal que atuava sobre a pessoa. Com relação à educação, as dificuldades também existiam. As primeiras letras e noções de matemática eram ensinadas ainda em casa pelos pais que tivessem instrução básica; se as crianças fossem pertencentes às classes um pouco mais favorecidas economicamente (como comerciantes e profissionais liberais), os pais pagavam professores particulares. O Grupo Escolar Senador Fláquer (inaugurado em 1920 com o nome de Segundo Grupo Escolar de São Bernardo da Borda do Campo e rebatizado com o nome que é conhecido até hoje em 1927) era a única instituição capaz de oferecer ensino de qualidade aos pequenos cidadãos de famílias trabalhadoras. Entretanto, não conseguia suprir a demanda por “instrução primária”. Eram necessários novos investimentos nesta área, porém, os recursos públicos eram 14 # ESA 80 ANOS escassos e as perspectivas não eram boas: havia outras obras em andamento em toda a região do município de São Bernardo que também eram consideradas “prioridades” pelo governo. Foientãoqueoscidadãosmaisinfluentesdodistritocomeçaram a pensar em uma alternativa. O Padre Alexandre Gigolli, então vigário do distrito de São Caetano, encontrou uma saída através de um acontecimento inusitado. O Caráter Missionário das Irmãs da Providência no Brasil A congregação fundada pelo Padre Luís Scrosoppi (canonizado em 10 de junho de 2001 pelo Santo Padre, Papa João Paulo II), vice-diretor da “Casa das Derelitas”, instituição que acolhia meninas órfãs ou abandonadas e filhas de pessoas miseráveis de Údine, cidade situada no Friuli, região do norte italiano, iniciou seus trabalhos em 1º de fevereiro de 1847 como “Irmãs da Providência”, sob a proteção de São Caetano di Thiene. Essas irmãs optaram por viver na pobreza e com doação total de si mesmas em favor dos mais necessitados. Em poucos anos, elas já estavam prestando serviço aos mais carentes, principalmente às crianças, em várias cidades da Itália. Em 1926, as superioras das instituições italianas administradas pelas Irmãs da Providência reuniram-se para um Capítulo Geral (assembleia representativa na qual se elegem os cargos administrativosdaCongregaçãoesetomamasdecisõespastorais), com a presença do bispo de Gorízia (cidadela próxima a Údine), DomFrancescoSedei.Nessareunião,elasdeliberaramnãoapenas pela nomeação das novas encarregadas e da mudança da Casa
  • 15. ESA 80 ANOS # 15 Geral (sede da administração) para a localidade, mas lançaram também as primeiras ideias acerca do caráter missionário das religiosas fora de sua pátria mãe. O entusiasmo se apoderou do espírito de cada freira presente porque sua entrega ao Senhor, estabelecida por seus votos, implicava deixar sua família e amigos para se aventurar em outros países com outras culturas, línguas, tradições, a fim de seguir seus projetos e seus sonhos. Não demorou e as Irmãs da Providência receberam um convite para o trabalho missionário. O Senhor Giovanni Motta, que conhecia os trabalhos das abnegadas irmãs na Itália por ter contato com familiares e amigos residentes naquele país, indicou-as a Dom José Carlos Aguirre, então bispo de Sorocaba. Sua Excelência Reverendíssima prontamente escreveu algumas cartas para a Superiora Geral, Madre Agnese Delugam, pedindo o serviço missionário das Irmãs da Providência para o trabalho social na cidade de Tietê. Após reuniões com as conselheiras, foi autorizada a partida das primeiras oito irmãs missionárias e quatro postulantes (jovens que estão se preparando para ser freiras) para o Brasil. No dia 31 de dezembro de 1926, as Irmãs da Providência partiram do porto de Gênova a bordo do navio “Taormina” em uma viagem transatlântica que duraria vinte dias, em direção ao Brasil, acompanhadas por quatro sacerdotes, seis Irmãs Marcelinas e quatro Irmãs de Santa Anna que vinham para outras missões delegadas por suas respectivas ordens religiosas. Chegaram ao porto de Santos em 20 de janeiro de 1926 e dois dias depois já eram recebidas em Tietê pelo Padre Gasparino Dantas, pelo professor João B. de Sanctis e pela população local; sem dúvida, estavam cansadas da viagem, mas prontas para o trabalho missionário. As Irmãs da Providência queriam se dedicar ao trabalho educativo, mas decidiram prestar serviços onde a urgência era maior. Ajudaram na Santa Casa de Misericórdia de
  • 16. Tietê desenvolvendo trabalhos técnicos de enfermagem e funções administrativas, ao mesmo tempo em que se dedicavam ao amparo espiritual dos doentes e junto à comunidade, como fizeram as madres Ermárgora e Ernestina no asilo que funcionava ao lado do hospital. PoucassemanasbastaramparaqueotrabalhodasIrmãs da Providência ficasse conhecido em várias cidades do interior. Em menos de um mês, a comunidade da cidade de Porto Feliz convidou-as para organizar a fundação de um projeto que visava implantar uma escola de trabalhos manuais para jovens, jardim da infância para as crianças e umprogramadeapoioàsassociaçõescivisdacomunidade, oratório festivo e catequese na paróquia. Duas irmãs e duas postulantes viajaram até Porto Feliz e começaram a planejar aobra. ForamarroladasasexigênciasdoGoverno Federal, as condições de investimento do município, o transporte público oferecido e se percebeu que as dificuldades eram tantas que inviabilizavam o projeto. Mesmo com o apoio da comunidade local e a determinação das irmãs em iniciar um trabalho na área de educação, sem a participação da prefeitura o projeto não teria êxito. Contudo, a ideia de uma missão na área de educação não fora descartada. Em março de 1927, sob a liderança da Madre Geral Irmã Agnese Delugan, cinco religiosas partiram em direção a Tatuí, onde foram recebidas pelo vigário do município, padre Joaquim Canto, pelo Presidente da Santa Casa de Misericórdia, Carlos Orsi, e por colaboradores do hospital. Nos poucos dias em que passaram estudando as tarefas desta casa de saúde, integraram-se aos demais colaboradores e acabaram por se fixar em um serviço semelhante ao desenvolvido em Tietê. Enquanto prosseguiam os trabalhos na área da saúde em Tietê e Tatuí, o sonho do desenvolvimento de um projeto voltado para a educação iniciou-se no próprio município de Tietê sob a orientação de Dom José Carlos Aguirre. O Colégio Imaculada Conceição, de Tietê, foi planejado, organizado e aberto em tempo mínimo: pouco mais de um mês. As matrículas foram abertas em 5 de fevereiro e as atividades referentes à instrução e educação de jovens e adultos tiveram início em 15 de março de 1927. O sonho de uma missão educativa estava realizado, mas outro chamado insólito aconteceu. Quando as Irmãs da Providência entraram em retiro no Colégio Imaculada Conceição, procuraram como orientador espiritual do evento o Padre Alexandre Grigolli Stigmatino, de Verona, que se encontrava no Brasil havia mais de dezoito anos e exercia o cargo de vigário no distrito de São Caetano. Os dias de oração e reflexão seguiram-se normalmente, porém, chuvas contínuas detiveram o padre em Tietê por mais de vinte dias, o que lhe possibilitou conhecer os trabalhos educativos que as irmãs ali desenvolviam. Acabou por convidá-las a edificar semelhante missão junto à sua comunidade. Ao retornar, o padre deixou uma boa contribuição paraocolégioquevisitaraereiterouoconvite.Entretanto,asirmãs precisavam estudar com mais cuidado aquela nova empreitada, pois já eram responsáveis por três missões no Estado de São Paulo. Esta fase de amadurecimento da ideia de uma missão educativa no distrito de São Caetano levaria aproximadamente um ano e meio. 16 # ESA 80 ANOS A fundação do Colégio Santo Antônio O pedido foi enviado à Itália para apreciação da Madre Geral, Agnese Delugan, e da Vice-Geral, Madre Crescenzia Tonini, e Madre Agnese, acompanhada da Madre Melânia Colussi, decidiu visitar as casas onde mantinham trabalhos na América. Após passar pelo Uruguai, as irmãs chegaram às casas brasileiras e aproveitaram para conhecer o distrito de São Caetano a fim de verificar a possibilidade da fundação da nova missão das Irmãs da Providência. Recebidas pelo Padre Alexandre Grigolli e acolhidas em casa pela dona Dolfina Cecato (benemérita da paróquia), as irmãs foram esclarecidas sobre o projeto e o apoio que as autoridades e a comunidade estavam dispostos a oferecer para sua concretização. Foram conhecer uma edificação localizada no “centro” do distrito, à Rua São Caetano (atual esquina da Avenida Conde Francisco Matarazzo com a Rua Manoel Coelho). Apesar das pequenas dimensões, o antigo prédio construído para ser um velho empório de vassouras poderia abrigar, com razoável conforto, a clausura e os espaços onde seriam desenvolvidos os trabalhos pedagógicos. Após apreciar as condições oferecidas e o entusiasmo das autoridades e da comunidade sulcaetanense, as irmãs partiram para o “Colégio Rosa Mística” em Tietê (casa matriz da Congregação no Brasil, fundada em 6 de janeiro de 1931) com o objetivo de avaliar a disponibilidade de pessoas para o projeto. Rumaram para São Paulo e se apresentaram ao Cardeal Arcebispo Dom Duarte Leopoldo e Silva com o pedido de abertura de sua nova missão, o que foi aprovado e encorajado por sua Eminência Reverendíssima. EnquantoMadreAgneseDeluganretornavaàItáliacomalgumas irmãs, outras assumiam os trabalhos para a inauguração da nova missão. As irmãs Lia Felicetti, Firmina Lubick, Massimiliana e Dionísia deram as mãos a toda a comunidade sulcaetanense e, em grande mobilização social, conseguiram preparar o prédio para receber o novo colégio. A Associação Antonina da Paróquia prontificou-se a arcar com as despesas dos primeiros meses de aluguel com um montante no valor de duzentos mil reis; em agradecimento, as irmãs propuseram que a escola recebesse o nome de Colégio Santo Antônio e fosse inaugurado na data em que se festeja o tão conhecido santo da Igreja Católica (13 de junho).
  • 17. ESA 80 ANOS # 17
  • 18. Nodia11dejunhode1931,chegaramrepresentantesdasoutras missões das Irmãs da Providência para assistir às celebrações de inauguração e à benção do novo colégio sob a responsabilidade da Congregação. Dois dias depois, a inauguração contou com a presença de autoridades civis e eclesiásticas, bem como da comunidade sulcaetanense em massa. A belíssima imagem de Santo Antônio partiu da Igreja Matriz e percorreu em procissão várias ruas do distrito de São Caetano, com grande comoção popular, para ser colocada em um nicho externo da casa. Entre diversos discursos, destacou-se o do Padre Alexandre Grigolli, que agradeceu a Deus e à mobilização de toda a comunidade, pedindo para que essa mesma comunidade, unida, tornasse possível a inauguração daquele importante estabelecimento, cuja função social voltada para educação era imprescindível. As primeiras atividades: anos 1930 e 1940 As atividades educativas se iniciaram em 1º de julho de 1931, com mais de cinquenta crianças divididas em duas salas de aula de “jardim da infância”, no horário das 12 às 17 horas, sob a orientação das irmãs Lia e Firmina. Apenas dois meses depois, sob a orientação da madre Geralda, o Colégio Santo Antônio organizou a Escola de Corte e Costura e Trabalhos Manuais com cursos profissionalizantes muito procurados pelas moças sulcaetanenses da época, já que a maioria das roupas era feita sob encomenda (as lojas de roupas “prontas para vestir” chegariam apenas vinte anos depois) e muitos utensílios de casa oferecidos no mercado (finos bordados, delicadas rendas, etc.) eram totalmente artesanais. Em 1º de fevereiro de 1932, o colégio já contava com oitenta crianças e quinze jovens frequentando seus cursos. Acompanhando o desenvolvimento das forças produtivas no distrito de São Caetano (com novos pontos de comércio, prestadores de serviços e indústrias, como a 18 # ESA 80 ANOS General Motors, que se instalou em 1930), as Irmãs Maximiliana Minezzini e Firmina passaram a oferecer aulas de alfabetização para trabalhadores, uma vez que, sem a certificação do diploma de ensino elementar, eles poderiam perder seus empregos. A integração com a comunidade sulcaetanense se dava também nos fins de semana. Algumas irmãs e alguns voluntários leigos trabalhavam na catequese dos jovens na Igreja Matriz. A Cruzada Eucarística de São Caetano, nome dado às reuniões com leigos que esclareciam o Evangelho, foi liderada pelas irmãs Firmina e Maximiliana Minezzini até 1946, e depois, pelas irmãs Benigna e Ilda de Nadai, até sua extinção em 1960. O colégio ficava aberto para o Recreatório Festivo, cujo núcleo social se intitulava Rosa Mística. Faziam parte da recreação: cantos, jogos, gincanas e maratonas de conhecimentos bíblicos. Todas essas atividades eram realizadas com grande animação, o que atraía um número cada vez maior de jovens, mesmo com a concorrência de outras formas de lazer que já eram oferecidas na cidade, como os cinemas, existentes desde os anos 1920. Ainda neste período, cooperaram com os trabalhos de lazer e conscientização social e religiosa das Irmãs da Providência a Ação Católica Brasileira e a Juventude Operária Católica (JOC), agremiações juvenis muito influentes no distrito de São Caetano. Com nove meses de funcionamento, houve muita negociação para que as Irmãs da Providência conseguissem permanecer no prédio alugado. Encerrava-se em 19 de março de 1932 o contrato de aluguel do imóvel onde funcionava o colégio. Conforme o acordo firmado na assinatura do contrato, terminado o prazo, o edifício deveria ser comprado pela Congregação. O valor acertado era de trinta contos de reis, mas havia somente vinte e cinco mil reis disponíveis no caixa; caso não houvesse o depósito de compra, o valor do aluguel seria reajustado. O restante do dinheiro para a compra deveria chegar da Itália, porém, o governo fascista de Benito Mussolini suspendeu toda e qualquer remessa de dinheiro para o exterior. Madre Lia e Dona Adolfina Cecato (benemérita da paróquia e grande colaboradora das Irmãs da Providência em São Caetano) procuraram o Senhor Giuseppe Prado, rico comerciante paulista, que as ouviu prontamente, mas não pôde auxiliá-las por falta de garantia de pagamento. As duas continuaram determinadas a encontrar outra solução: foram a uma casa bancária que tivesse contato frequente com a Itália; a única que conheciam era o Banco Ítalo Brasileiro. Dirigiram- se à sua agência mais próxima, em São Paulo, e após muita
  • 19. insistência, foram recebidas por um de seus diretores, o Senhor Alexandrini. Sem garantias do empréstimo que elas pediam, houve muita relutância em atender seu pedido; ele, porém, enviou um telegrama para o Banco Gorizia, no qual as Irmãs da Providência tinham depósitos na Itália, a fim de que fosse observado o saldo bancário e autorizada, pelo Governo Italiano, a remessa do montante requisitado para o Brasil. Ele solicitou às duas representantes do Colégio Santo Antônio que esperassem a devolutiva. Exatamente na data limite, um telefonema confirmou a remessa do dinheiro e assim as Irmãs da Providência adquiriram a propriedade do imóvel onde funcionava o colégio e fincaram raízes definitivas no distrito de São Caetano. Entre julho e outubro de 1932, a Revolução Constitucionalista, articulada pela elite paulista que perdera o poder federal para Getúlio Vargas dois anos antes, mobilizou grande parcela da populaçãoparapegaremarmaselutarporumanovaConstituição, prometida, mas não realizada pelo Chefe do Governo Provisório Federal. Muitos combates foram travados em território paulista, o que diminuiu a frequência com que as Irmãs da Providência, instaladas em São Caetano, se comunicavam com as missões ESA 80 ANOS # 19 de Tietê e Tatuí. Entretanto, cumpriram seu dever de manter o funcionamento do Colégio Santo Antônio na mais completa normalidade e calma, orando pelas irmãs que recebiam os feridos no conflito nos hospitais em que trabalhavam. Terminada a “Guerra Paulista”, a vitória armada das forças leais ao Presidente da Republica não diminuiu o prestígio dos paulistas porque estes receberam a garantia da convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte no ano seguinte, o que se confirmou e levou à promulgação da Constituição Democrática de 1934. Tudo voltou à paz e normalidade, porém, a demanda por educação e cultura crescia. Foi necessária uma reforma na sede do Colégio Santo Antônio. O engenheiro Ângelo Raphael Pellegrino idealizou e acompanhou as obras de ampliação. Com a reorganização dos espaços, puderam ser criadas quatro salas de aula que passaram a oferecer maior conforto para os alunos e mais vagas para a população necessitada. O início dos trabalhos de professores leigos se deu em 1934 com Dona Dolores Costa, pois a Secretaria Estadual de Educação exigia a experiência de uma lente não religiosa para lecionar no recém- criado curso primário (só para meninas) no horário de 7h30 às
  • 20. 11h30.Doisanosdepois,asirmãsEscolásticaMaiaeCecíliaSimion prestaram exames a fim de conseguir habilitação para lecionar e, sendo aprovadas, se juntaram à missão sulcaetanense. Em1937,GetúlioVargasestabeleceuumaditaduradenominada Estado Novo. Aboliu o cargo de Governador dos Estados da Federação que não o apoiaram e substituiu-os por Interventores nomeados, ou seja, fieis colaboradores de seu novo regime. O Estado de São Paulo foi um dos que foram colocados sob esta forma de governo. Em 30 de novembro de 1938, o Interventor Federal Ademar Pereira de Barros decretou a redução da categoria de São Caetano à Zona Distrital do Distrito de Paz da Sede do Município de Santo André. Seis anos mais tarde, o Interventor Federal Fernando de Sousa Costa rebaixou-o ainda mais, transformando-o em Segundo Subdistrito do Município de Santo André. Foi o início do Movimento Autonomista dos sulcaetanenses. Todos comungavam esta ideia, do mais humilde operário ao mais ilustrado bacharel. Liderados pela Sociedade Amigos de São Caetano, a luta pela emancipação da cidade demoraria mais quatro anos. Restabelecida a normalidade democrática do país em 1945, a mobilização para a realização de um plebiscito para a emancipação política de São Caetano tornou-se realidade em 9 de setembro de 1948, quando a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo aprovou sua realização em 24 de outubro. O resultado (8.463 votos a favor da emancipação, 1.029 contra) tornou possível a promulgação da Lei Estadual nº 233, de 24 e dezembro de 1948, que elevou o distrito à categoria de município, denominado São Caetano do Sul. Diante de tamanha mobilização dos cidadãos, as Irmãs da Providência mantiveram sua postura de neutralidade política, porém, sempre exaltando os valores da igualdade, da moral e da ética 20 # ESA 80 ANOS através das práticas pedagógicas utilizadas no Colégio Santo Antônio, marcas que ficaram para sempre na alma da população. O trabalho educativo prosseguia com um número crescente de professores leigos, e seu sucesso era marcado pela demanda cada vez maior de crianças e jovens, cujas famílias procuravam uma formação não apenas técnica, mas também humana para seus filhos. Em 1941, após longa negociação e alto custo, foi adquirido um terreno na Avenida Goiás, Bairro Santo Antônio, bem como a maioria das casas que se encontravam no quarteirão, a fim de seremdemolidasparaquetodooespaçofosseocupadopelonovo colégio. Enquanto não se construía a nova sede escolar, foram necessárias mais reformas de ampliação: em 1944 e em 1947, sob a orientação do engenheiro J. Santos Filho, com financiamento da Casa Geral da Itália e ajuda de colaboradores da sociedade civil. O Colégio Santo Antônio contava então com aproximadamente 700 alunos, mas a demanda não parava de crescer e a última reforma revelou o limite nas acomodações dos alunos e na adequação às exigências da Secretaria Estadual da Educação. Iniciaram-se os estudos para a construção do novo prédio, que deveria acontecer no ritmo em que as possibilidades financeiras permitissem. A transferência para a nova sede e a mudança do nome para Externato Santo Antonio: anos 1950 e 1960 Para que a cerimônia de lançamento da pedra fundamental da nova sede escolar acontecesse, mais uma vez se conjugaram os esforços das Irmãs da Providência, das autoridades municipais e do povo sulcaetanense. No dia escolhido, 4 de abril de 1954, estiverampresentesnoeventorepresentantesdasváriascasasdas Irmãs da Providência (como as Irmãs Luizetta Nami, Fides Tesolin, Terezina Della Bianca, Savina Baschiera, Carmem, Inês Bízio, Teodorica e Lizetta Simon), autoridades religiosas (como o Vigário Padre Ézio Gislimberti e o Padre Pedro Ballint) e municipais (como o Prefeito Anacleto Campanela), importantes representantes da sociedade civil (como os Senhores João Rela, Acácio Novaes, Mauro Corvello, Oswaldo Giampetro, Étore Dal’Mas e Durval Caperutto), além de grande número de munícipes.
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  • 22. 22 # ESA 80 ANOS
  • 23. Todos apoiaram com zelo a iniciativa porque o novo município se consolidava como uma área urbanizada de grande importância industrial para o Estado de São Paulo. Portanto, era cada vez maior a demanda das empresas por colaboradores com qualificação técnica para o trabalho, sem perder de vista sua preparação para lidar com as pessoas de maneira ética e humana. Madre Escolástica, acompanhada de leigas beneméritas amigas das Irmãs da Providência (como a Senhora Rosa do Nascimento) percorriam as ruas de São Caetano e de municípios vizinhos para pedir doações a fim de prosseguir com a obra. O Livro de Ouro e o Livro de Ofertas registram inúmeras doações para a construção da nova sede feitas por pessoas simples, que abriam mão do pouco que tinham em prol de tão nobre causa. Elas demonstram ESA 80 ANOS # 23 a mobilização e a generosidade dos sulcaetanenses ao longo dos anos em que as obras aconteceram. Vinham também contribuições da Itália, de outras comunidades das Irmãs da Providência no Brasil, doações de benfeitores, ajuda de familiares de alunos, além dos modestos rendimentos decorrentes das festas e quermesses ainda no antigo prédio. Não obstante, as Irmãs da Providência não podiam se descuidar da manutenção das atividades na sede antiga. Era um trabalho que exigia muito delas, mas nenhuma desistiu do projeto, pois cada sulcaetanese com quem conversavam sempre lhes oferecia uma palavra de incentivo e perseverança. A princípio, a madre Eduarda Tomé, depois com a ajuda da madre Otaviana de Oliveira, em sintonia com o Conselho Geral, acompanharam diariamente os trabalhos e optaram pela conclusão de uma primeira parte da obra, que foi denominada “primeiro bloco”, com frente para a Rua São Luís e entrada pela lateral, na Rua Marechal Deodoro. Enquanto isso, a fim de atender as necessidades das famílias sulcaetanenses, foi instituído o curso primário para os meninos com uma classe de primeiro ano sob a responsabilidade da irmã Cecília de Nadai. Contudo, não havia mais espaço no antigo prédio; então, no ano seguinte, optou-se por transferir os novos alunos para o prédio ainda em construção, onde usaram salas de aula improvisadas também no horário entre 7h30 e 11h30. Na época, era importante que os desafios fossem vencidos para que as crianças tivessem acesso às atividades pedagógicas. Em quatro anos, o curso primário já possuía todas as séries, com
  • 24. 24 # ESA 80 ANOS quatro salas masculinas e quatro femininas, todas funcionando no novo prédio; para tanto, foi necessária a ampliação do quadro de professoras leigas. Em 1956, foi transferida para o novo prédio a Escola de Trabalhos Manuais e foi criado o Curso de Admissão ao Ginásio, um ano de preparação para exames oficiais que selecionavam os alunos para serem matriculados no ginásio. À medida que mais salas de aula eram terminadas, as séries de jardim da infância iam sendo transferidas para a nova sede. Em pleno processo de mudança para a nova sede, em 13 de junho de 1956, comemorou-se o jubileu de 25 anos de existência da missão educativa em São Caetano do Sul com uma nova denominação para a escola: Externato Santo Antônio (ESA). O Padre Ézio Gislimberti celebrou a missa de Ação de Graças com a presença de representantes das Irmãs da Providência de várias missões do Brasil, autoridades municipais, pais e alunos, benfeitoresegrandeparticipaçãodopovosulcaetanense.Foiuma cerimônia na qual se lembrou o esforço de toda a comunidade do município em criar uma instituição educacional confiável que atendesse às suas necessidades, sem perder de vista a formação dos jovens, tendo que enfrentar desafios de toda natureza, mas sempre confiante na capacidade das pessoas envolvidas no projeto e o bondoso e providente cuidado de Deus. Terminado o ano letivo de 1957, a antiga sede foi vendida e foi feita a mudança dos últimos materiais pedagógicos e de escritório para o novo prédio, concluído no dia 16 de dezembro. A missa campal que celebrou a finalização das obras da primeira ala da nova sede do Externato Santo Antônio foi celebrada pelo
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  • 26. Padre Ézio Gislimberti no dia 8 do mesmo mês, contando com a participação de Irmãs da Providência de diversas comunidades no Brasil, autoridades civis (como o Prefeito Osvaldo Massei), dirigentes escolares, benfeitores e amigos, pais e alunos, além da comunidade sulcaetanense em geral. Para proporcionar a locomoção dos alunos que moravam em bairros distantes (como o Bairro da Fundação), as Irmãs da Providência contaram com o apoio do Senhor Francisco Marinotti e da General Motors do Brasil para facilitar a aquisição de um ônibus “jardineira” adaptado para o transporte escolar. No transcorrer do ano de 1959, um grupo de pais de alunos manifestou-se perante a Madre Geral, Irmã Lia Felicetti, para que o Externato Santo Antônio também pudesse oferecer o curso ginasial, especialmente para as meninas. A equipe gestora da escola esforçou-se para solucionar os entraves burocráticos o mais rápido possível, conseguindo a façanha de preparar a documentação conforme as exigências da Secretaria Estadual 26 # ESA 80 ANOS da Educação graças à ajuda ímpar do Senhor Vicente Bastos, então Diretor do Instituto de Ensino de São Caetano do Sul. Sem demora, a escola conseguiu abrir vagas para o ginásio já no ano seguinte: em 3 de março de 1961, a irmã Araceli Luquesi se encarregou da coordenação do Ginásio Luís Scrosoppi. Tamanha era a empolgação com os estudos que, por iniciativa das próprias estudantes, surgiu o jornal escolar O Scrosoppinho, que não trazia apenas artigos que davam relevância à vida do então venerável padre Luís Scrosoppi, como também colocava em pauta artigos falando de eventos culturais na cidade, expunha trabalhos desenvolvidos no ESA, entre outras opções. O Prefeito Anacleto Campanella doou instrumentos musicais para a formação de uma fanfarra em 1962. Várias jovens do ginásio passaram a se dedicar às aulas de música para representar, da melhor forma possível, o Externato Santo Antônio nas festividades civis do município, não deixando de envolver toda a comunidade escolar nesses eventos. O carinho com que a irmã Benigna ensinava música provocou nos jovens grande interesse não apenas pela fanfarra, mas também pelo coral escolar. A partir de 1963, as festas juninas tornaram-se marca importante da história do Externato Santo Antônio. Com firme iniciativa, as jovens do ginásio e seus pais organizaram a primeira festa com doação de guloseimas e apresentações culturais variadas. Com o passar dos anos, as festas juninas se tornaram um evento tradicional da escola, atraindo um público cada vez maior e diversificando as apresentações de dança por série, especialmente das sempre aplaudidas “quadrilhas”. Em 1º de abril de 1964, um golpe de estado instaurou uma ditadura militar no Brasil que perdurou por 21 anos. Mesmo com o controle rígido sobre a educação, as Irmãs da Providência mantiveram-se firmes no propósito da Igreja Católica da América
  • 27. ESA 80 ANOS # 27
  • 28. Latinadeformar,demaneiratécnica,osalunosdoExternatoSanto Antônio (prerrogativa legal), sem deixar de lado sua formação humana,contribuindoparaaconsolidaçãodosvaloresderespeito ao próximo, tolerância às minorias e diferenças, além do trabalho social junto aos mais necessitados, muitas vezes enfrentando os desígnios ideológicos do estado de exceção instaurado. Talvez por isso, aproximou-se ainda mais da comunidade. Exemplo disso foi a formação, em 11 de abril de 1964, da Associação de Pais e Mestres (APM). Com a intenção de fortalecer os laços entre os 28 # ESA 80 ANOS pais e a escola, não apenas na promoção de eventos beneficentes (como festas dos dias das Mães e dos Pais, do Patrono da Escola, chás beneficentes a fim de arrecadar recursos para outras missões das Irmãs da Providência no Brasil, excursões e festas juninas), como também participar em conjunto da formação dos alunos, o que deixou grande marca na tradição da presença familiar na escola. Os trabalhos da APM se sucederam durante vários anos letivos, até o encerramento de suas atividades em 1996. O segundo prédio com salas de aula do Externato Santo Antônio ficou pronto em 1965, juntamente com a obra do teatro, com amplo palco, iluminação, boa acústica, espaçosos banheiros, coxia,camarinseplateiacomcapacidadeparamaisde700lugares. Espetáculos de dramaturgia, dança, música, além de celebrações de missas (de Ação de Graças, em homenagem ao padroeiro da escola e aos formandos) e cerimônias (como as colações de grau) eram presenciadas pela comunidade sulcaetanense. Também foi concluída a construção do ginásio de esportes com arquibancada totalmente coberta para 400 espectadores, amplos vestiários e salas de aquecimento anexas, além de boa iluminação para a saudável prática de esportes. Ao lado do pátio, foi construída uma área de recreação para os alunos do jardim da infância, com piso de areia, contendo brinquedos como escorregador, gira-gira, gaiola e tanque de areia. Para felicidade de toda a comunidade do ESA, em 18 de agosto de 1967 Dom Jorge Marcos de Oliveira consagrou o altar e celebrou a primeira missa da Capela Nossa Senhora das Graças, construída nas dependências da escola. Mais uma vez, estiveram presentes representantes de várias missões das Irmãs da Providência pelo Brasil, autoridades civis e religiosas, colaboradores, pais e alunos, além da comunidade. Esta obra não seria concluída em espaço de tempo menor que o previsto, não
  • 29. fossem as doações dos benfeitores do ESA, em especial, o casal Ângelo e Ruth Marinotti, que doou o altar (o qual foi transferido para o altar da capela Nossa Senhora de Fátima do Externato São José de Atibaia – outra casa mantida pelas Irmãs da Providência - onde se encontra até hoje, visto que, após o Concílio Vaticano II, encerrado em 1965, foi instituído o altar de celebração em forma de mesa voltado para os fieis). A parceria de confiança entre o Externato Santo Antônio e os sulcaetanenses avançava e se consolidava. Algumas importantes mudanças aconteceriam nas décadas seguintes. As diretrizes da Educação “Mecânica” e a luta pelas convicções: anos 1970 e 1980 O Governo dos Generais Presidentes iniciava a década de 1970 com a promessa de que o país poderia se desenvolver economicamente e melhorar a situação financeira da população sem precisar aderir ao socialismo. O desenvolvimento capitalista no Brasil fazia com que a economia do país crescesse 9% ao ano, em média, e o Governo precisava urgentemente desenvolver tecnicamente a mão de obra. Para tanto, decretou a Lei 5.692, de 11 de agosto de 1971, que determinava as novas “Diretrizes e Bases da Educação”, a qual se caracterizava pelo utilitarismo compulsório porque determinava a qualificação especificamente técnica para a inserção imediata do aluno no mercado de trabalho após o ensino de Primeiro ou Segundo Grau. Entretanto, ela também era discriminadora, pois a oportunidade de estudo não implicava a garantia de emprego ou melhoria da sua condição social. Qualquer tipo de formação humana era francamente desencorajada pelo Estado e poucas escolas insistiam em sua realização. O Externato Santo Antônio atendeu às exigências do Governo Federal, mas manteve-se firme em seu compromisso com a formação humana. Também é importante destacar o aumento das exigências do próprio Governo Federal para manter as escolas em funcionamento, como a deliberação que determinou o fim das classes isoladas de meninos e meninas. Foi necessária a adaptação da escola para atendê-la, o que aconteceu apenas no ano letivo de 1975, quando o corpo docente teve que ser ampliado, chegando a 32 professores leigos e 14 irmãs, sob a ESA 80 ANOS # 29
  • 30. direção da irmã Cecília de Nadai. Com a ampliação do número de missões das Irmãs da Providência pelo Brasil, em 1980 decidiu-se pela entrega da Direção Pedagógica para os leigos e a Professora Darcy Rezende Guarez foi a escolhida para assumir esta tarefa; contudo, a Direção Administrativa continuou com as irmãs. Em 1979, foi construída uma piscina, disponibilizada no ano letivo seguinte, que visava ampliar as possibilidades de atividades educativas para os alunos da Educação Infantil, uma vez que a equipe gestora da escola reconheceu que a prática da natação contribui para a melhora da saúde física e psíquica da criança, coopera com o processo normal de aprendizagem, desenvolve a autoestima relacionada ao esforço pessoal, a assiduidade e a solidariedade com os outros colegas no exercício do trabalho em conjunto. O Jubileu de Ouro do Externato Santo Antônio foi comemorado em 1981 com uma trezena em louvor ao Patrono, Santo Antônio. O evento foi encerrado com uma missa em Ação de Graças concelebrada pelo Bispo Diocesano Dom Cláudio Hummes, Padre Ézio Gislimbertti, Cônego Tito de Vitta, Padre José Primo e Padre Márcio, com a presença de representantes das Irmãs da Providência de outras missões no Brasil, professores e educadores de apoio, alunos e ex-alunos com suas famílias, além de autoridades municipais, como o então Prefeito de São Caetano do Sul, Raymundo da Costa Leite, benfeitores, entidades que apoiavam a escola (Lions Club, Rotary Club etc.) e a comunidade sulcaetanense. Diante do insistente pedido da comunidade para que fosse oferecido o Segundo Grau de modo que as alunas continuassem estudando no externato, o ESA abriu o Curso de Magistério em 1982, o qual preparava as jovens para se tornarem professoras de ensino infantil e primário no Primeiro Grau. O curso foi encerrado três anos depois devido a dificuldades econômicas e mudanças nas deliberações da Secretaria Estadual da Educação. Ao perceber a necessidade de uma missão do Bairro da Prosperidade, as Irmãs da Providência criaram, em 25 de maio de 1986, a Casa do Menor Padre Luís Scrosoppi, uma “casa- irmã” auxiliada pelo Externato Santo Antônio. Passaram a atender crianças e jovens de famílias carentes, cujos pais ou responsáveis trabalham, deixando-os expostos aos riscos desuaausência.Paraenfrentaro desamparo econômico e afetivo por que passavam muitas das crianças e jovens atendidos, as Irmãs da Providência assumiram o compromisso de promover a esperança na vida daquelas crianças e jovens carentes, contemplando o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para que seus direitos fossem preservados, preparando-os para enfrentar os desafios do mundo que se globalizava, educando-os para se inserir de forma correta e humana neste mesmo mundo, oferecendo acompanhamento e reforço escolar, alimentação, artesanato, pintura em tela, música, marcenaria, informática, entre outras ações educativas; esportes, brinquedoteca e outras formas de lazer; acompanhamento psicológico individualizado ou em grupo, acompanhamento familiar, entre outros serviços que caracterizam as atividades desta preciosa missão, em atividade até hoje. Em 1985, o país se redemocratizou; três anos depois, ficoupronta a tão esperada Constituição democrática, mas a educação precisou aguardar as mudanças legais para atualizar suas determinações até a promulgação da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabeleu as novas Diretrizes e Bases da Educação. Não obstante, as novas tecnologias digitais em informática começaram a chegar ao Brasil neste mesmo período e demonstravam os novos rumos que o conhecimento seguiria nas décadas seguintes. A Lei Federal 7.232/84 (comumente conhecida por Lei de Informática), que determinava a reserva de mercado para este ramo de atividade, foi extinta apenas em 1991 pela Lei Federal 8.248; dessa maneira, era necessário modernizar a relação entre ensino e aprendizagem a partir das novas exigências legais e sociais, especialmente com o uso de novas e definitivas tecnologias. Mais uma vez a comunidade do Externato Santo Antônio se mobilizou para atender a essa nova demanda social. A modernização: anos 1990 e o século XXI Os anos 1990 marcam o ingresso do Brasil no mundo da comunicação digital. Tornou-se necessário que se disponibilizasse primeiro no trabalho, depois em casa, inéditos equipamentos de informática. Aos poucos, a vida do povo brasileiro se envolvia irreversivelmente com todo tipo de aparelho eletrônico destinado à comunicação. Da comunicação de massa (televisão, rádio, jornais, revistas) à comunicação pessoal (telefone celular, computador pessoal) passou-se a oferecer grandes possibilidades de informação e conhecimento em tempo real devido à Internet. 30 # ESA 80 ANOS
  • 31. Portando, as escolas deveriam se adaptar a essa nova realidade e ensinaraosseusalunos,emparticular,eàcomunidade,emgeral,o correto uso desta fantástica ferramenta a serviço do homem, com responsabilidade e ética. O Externato Santo Antônio não deixou de se atualizar neste sentido e começou uma grande jornada de reestruturação modernizadora, conjugando as iniciativas da Direção Administrativa com a coragem e competência dos professores leigos para viabilizar este importante projeto. A irmã Benigna esteve à frente das aulas de música até 1995; no ano letivo seguinte, professoras leigas assumiram o ensino de violão, guitarra e flauta. Também passaram a ser oferecidos cursos de artes (artesanato e pintura) orientados por terceiros. Neste mesmo ano, tem início o Programa de Intercâmbio Cultural Internacional para os alunos do Ensino Médio sob a coordenação da Professora Vera Biazzoto, que passou a proporcionar cursos intensivos de língua e cultura inglesa, além de viagens de turismo cultural nas férias de meio de ano (verão no hemisfério norte), em vários países como Canadá, Inglaterra, Escócia, Itália e França. Para ampliar o número de estudantes e dinamizar ainda mais o acesso à escola, as Irmãs da Providência optaram por terceirizar o sistema de transporte escolar, aumentando o número de peruas e vans regularmente adaptadas para esta finalidade, criando a possibilidade para que crianças e jovens de outros municípios ou outros bairros do município de São Caetano do Sul pudessem se integrar ainda mais à educação humana e de excelência que o Externato Santo Antônio oferece à comunidade. Em maio de 1996, representantes da comunidade leiga de São Caetano do Sul reuniram-se com as Irmãs da Providência a fim de criar uma associação com a finalidade de desenvolver projetos de trabalho voluntário junto às comunidades missionárias coordenadaspelaCongregação.NasceuaAssociaçãodosLeigosda Família Scrosoppiana (ALFAS), que desenvolve retiros espirituais, encontros anuais, trabalhos assistenciais, peregrinações, entre outros trabalhos, junto aos mais necessitados. A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996), que valoriza as práticas democráticas da relação humana entre os educadores e educandos (igualdade de condições para acesso e permanência na escola; liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; respeito à liberdade e apreço à tolerância; coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; valorização do profissionaldaeducaçãoescolar;garantiadepadrãodequalidade; valorização da experiência extra-escolar; vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais) nada mais fizeram do que coroar o trabalho que as Irmãs da Providência e os demais educadores do Externato Santo Antônio vinham desenvolvendo durante os 65 anos de valoroso trabalho realizado junto à população do município. Duas grandes conquistas do ano de 1997 foram: a introdução do Ensino Médio regular, que veio satisfazer o desejo dos pais dos alunos que terminavam o Ensino Fundamental II em manter os filhos na excelência do ensino e da harmonia do ambiente escolar que o Externato Santo Antônio oferece e a parceria com o Sistema Anglo de Ensino, a fim de modernizar ainda mais o sistema de ensino, com a qualidade já reconhecida por aquela instituição. ESA 80 ANOS # 31
  • 32. Na esperança de aproximar os interessados de toda a comunidade sulcaetanense com as modernas descobertas nos estudos bíblicos e teológicos, a partir de 1998 o Externato Santo Antônio passou a oferecer cursos livres de teologia para leigos, que estudavam Cristologia, História do Povo Hebreu, as cartas paulinas, entre outros temas de interesse geral. Em 1999, o Externato Santo Antônio organizou o laboratório de informática, a fim de aproximar os alunos das novas tecnologias de informação que ganhavam cada vez mais espaço na sociedade. O colégio também ganhou a primeira sala específica para audiovisual, com 250 lugares confortáveis, completo sistema de som e acústica, telão e computador cujo acesso à Internet foi estabelecido em menos de dois anos e que foi batizada de Sala São Luís Scrosoppi, em homenagem à aprovação do processo de canonização do fundador da Congregação das Irmãs da Providência junto ao Vaticano. Ainda naquele ano letivo, a pequena sala onde se realizavam experiências simples de ciências foi reformada e se transformou em um completo Laboratório de Experimentos Científicos, destinado ao estudo de Ciências, para o Ensino Fundamental II, e de Química e Física, para o Ensino Médio. Foi disponibilizada vidraria específica para experiências, equipamentos de laboratório, microscópios e outros aparelhos eletrônicos, em bancadas planejadas com pias, farta iluminação, tomadas elétricas, onde os alunos podem desenvolver seu conhecimento rigorosamente protegidos por vários equipamentos de segurança. Duas reformas estruturais marcaram o ano de 2000: a cobertura de todos os pátios e da quadra externa da escola e a remoção da área de recreação para os alunos do jardim da infância, com piso de areia, para suprir a necessidade da construção de uma moderna praça de alimentação, que possibilitou o oferecimento de alimentação de qualidade na hora do almoço dos estudantes. Quando, em 10 de julho de 2001, o Santo Padre, Papa João Paulo II, canonizou o Beato Padre Luís Scrosoppi, reconhecendo sua santidade no trabalho de ajudar a construir o Reino de Deus entre os homens ao confirmar sua intercessão na cura de um jovem soropositivo da África do Sul, o Externato Santo Antônio, enquanto missão das Irmãs da Providência, celebrou o evento com missa de Ação de Graças, festejos e até caravana para Roma, a fim de vivenciar aquelemomentoabençoado.Grandenúmerodesulcaetaneneses esteve presente aos eventos, emocionados com a proximidade deste santo de raízes italianas. Para atender aos pedidos dos sulcaetanenses que precisavam trabalhar e deixar os filhos na escola por não ter a quem confiá- los, o Externato Santo Antônio disponibilizou uma equipe de experientes profissionais em educação a fim de oferecer, de maneiraorganizada,atividadeseducativaserecreativas,bemcomo alimentação, no turno oposto às aulas regulares, sendo criada em 2002 a Educação em Tempo Integral. Quatro anos depois, a fim de ampliar as possibilidades de recreação dos alunos pequenos que usam este serviço, foi construído um grande brinquedo para aprimorar sua coordenação motora e uma minicidade com teto retrátil, com o objetivo de ensinar vários aspectos da vida em sociedade, como o comércio, o voluntarismo, o respeito às leis de trânsito, etc. Grande remodelação aconteceu no ano letivo de 2005 na área de esportes. Além das aulas de Educação Física, já havia treinos de futebol e handebol em turno oposto às aulas; então, foram sendo acrescentados gradativamente os treinamentos de voleibol, basquetebol, tênis de mesa, xadrez, dança, ginástica rítmica e treinamento para “cheerleaders”, com resultados vitoriosos nos torneiros escolares e amadores da região do Grande ABC. Com o objetivo de garantir mais oportunidades de cursos profissionalizantes aos munícipes de São Caetano do Sul, o Externato Santo Antônio firmou parceria com o SENAC de Santo André para oferecer cursos técnicos e livres em áreas como finanças e contabilidade (Administração de Contas a Pagar, RecebereTesouraria;AnalistaFiscal;AssistenteFiscal;Escrituração Fiscal; Fluxo de Caixa) ou finanças e comércio exterior (Compras e Administração de Materiais; Logística Integrada), a partir de 2006, no turno da noite. Para o ano letivo de 2007 foi implantado o curso livre de teatro com professores com formação pedagógica e artística, tendo por objetivo promover junto aos alunos o desenvolvimento de sua socialização, seu vocabulário, a fala em público, bem como de sua personalidade, como a memorização e a criatividade. Neste mesmo ano, foi criado o Núcleo de Animação da Filosofia Institucional (NAFI). Tendo em vista a filosofia institucional do 32 # ESA 80 ANOS
  • 33. Externato Santo Antônio (“Proporcionar educação integral às crianças, adolescentes e jovens, sensibilizando educadores e educandos para a promoção da vida dos menos favorecidos”) os educadores do NAFI passaram a desenvolver atividades com os alunos (prática educacional interdisciplinar com temas de relevância social, formação para a cidadania das crianças e dos jovens, campanhas permanentes para caridade em instituições sociais, trabalhos de voluntariado, celebrações e catequese), celebraçõeseatividadesbeneficentesjuntoaospais.Continuaram a oferecer os Cursos Livres de Teologia para Leigos e promoveram as Noites Teológicas, feitas normalmente em setembro (Mês da Bíblia), quando toda a comunidade sulcaetanense é convidada a compartilhar instrução e reflexão sobre os textos bíblicos. A biblioteca “São Luís Scrosoppi” foi reinaugurada, depois da reforma de ampliação e modernização, em 14 de março de 2007 com a presença de alunos, professores, educadores de apoio, escritores e autoridades educacionais, como o Professor Doutor Márcio Magalhães Fontoura, então Vice-Diretor Geral Acadêmico da Faculdade Editora Nacional (FAENAC). Foram lidos textos feitos pelos alunos especialmente para a ocasião e foi distribuído o livreto de poemas em forma de cordel “O Encontro do Leitor com o Livro”, escrito pelo professor de História, André Aparecido Bezerra Chaves. Todo o acervo de livros, revistas, mapas e outros periódicos foi catalogado e atualizado, aumentando o número de exemplares à disposição dos alunos. Também foram disponibilizados aos alunos oito terminais de computadores com acesso à Internet para a realização de pesquisas. Abriu-se uma sala de leitura de livros infantis para o Ensino Infantil e Fundamental II. Também, atendendo à necessidade de muitos pais que tinham seus filhos no Externato Santo Antônio com irmãos em tenra idade, foi inaugurado em julho de 2007 o berçário, com o objetivo de oferecer aos bebês o estímulo necessário para garantir seu pleno desenvolvimento físico e emocional. O berçário oferece sala para sono (com berços individuais), solário, lactário, fraudário, refeitório, área para banho e higiene, ambulatório e espaço aberto para a amamentação pelas mães. Trabalham nessa seção profissionais das áreas de pedagogia, enfermagem e nutrição. Para conforto dos pais, a escola disponibilizou avançado sistema de monitoração via Internet. Para ampliar e aperfeiçoar as possibilidades de conhecimento dos jovens alunos do Externato Santo Antônio em língua inglesa, tão importante em uma época de economia e comunicações globalizadas, foi firmado acordo com a Cultura Inglesa de Santo André, a fim de oferecer cursos complementares com professores especializados atuando nas dependências da escola. A primeira Sala de Multimídia com lousa digital e interativa foi entregue para uso de toda a comunidade educativa no início do ano letivo de 2009, possibilitando a dinamização das aulas e a interação imediata com informações da Internet. No ano seguinte, com a ampliação da cozinha e da praça de alimentação, o Externato Santo Antônio pôde oferecer almoço de qualidade aos estudantes que complementam seus estudos, participamdasoficinasdearteoudesenvolvemseustreinamentos esportivos no turno da tarde. Além disso, cada uma das salas de aula vem sendo equipada com computadores interligados à Internet e projetores de alta resolução, capazes de dinamizar ainda mais as aulas, o que facilita o aprendizado dos alunos. Oitenta anos depois de ser lançada sua semente, o Externato Santo Antônio continua vivo e em pleno crescimento. Adaptou- se às mudanças que o desenvolvimento de São Caetano do Sul, do Brasil e do mundo lhe impuseram e está disposto a continuar avançando. Manteve inabalada a crença em sua filosofia institucional por nunca deixar de confiar na Providência e no ser humano. Com a mesma esperança, confiança e doçura com que os sulcaetanenses estenderam as mãos ao trabalho educativo que as Irmãs da Providência vieram implantar em 1931, toda a comunidade educativa do Externato Santo Antônio hoje lhes retribui o carinho, o trabalho e a dedicação, ao oferecer os mesmos braços acolhedores que sempre estiveram abertos para o próximo. Mais páginas da História da união entre sulcaetanenses e as Irmãs da Providência serão escritas porque ESA 80 ANOS # 33
  • 34. 34 # ESA 80 ANOS
  • 35. ESA 80 ANOS # 35
  • 36. 36 # ESA 80 ANOS
  • 37. ambos compartilham do mesmo ideal quando o motivo são as futuras gerações: os valores na educação são a esperança de uma vida mais solidária, justa e harmoniosa neste amado município. Bibliografia • Martins, José de Souza – “São Caetano do Sul: IV Séculos de História”, São Caetano do Sul, 1957. • Médici, Ademir – “Migração e Urbanização: a Presença de São Caetano na Região do ABC”, São Paulo, Editora Hucitec, 1993. • Nadai, Cecília de – “Vida e Missão das Irmãs da Providência no Brasil”, Itu, Editora Ottoni, 2010. • Papàsogli, Maria & Papàsogli, Giorgio – “Para os Mais Pobres – Vida do Bem-Aventurado Padre Luís Scrosoppi”, São Paulo, 1998. • Souza, Monica de & Ramos, Adriana M. C. – “Cotidiano e História em São Caetano do Sul”, São Paulo, Editora Hucitec, 1992. • Xavier, Maria Elkizabete; Ribeiro, Maria Luiza; Noronha, Olinda Maria – “História da Educação: A Escola no Brasil”, São Paulo, Editora FTD, 1994. • Xavier, Sônia Maria Franco – “Externato Santo Antônio, tudo começou no jardim da infância...” in “Revista Raízes”, Ano VII, Número 14, São Caetano do Sul, Prefeitura de São Caetano do Sul, julho/1996. Professor André Aparecido Bezerra Chaves Professor de História do ESA ESA 80 ANOS # 37
  • 38. 38 # ESA 80 ANOS Acolhida aos pequeninos, em seus primeiros anos de vida! O berçário é uma seção do Externato Santo Antônio voltada para cuidar e, especialmente, educar os bebês, na medida em que incentiva variados aspectos do seu desenvolvimento. Dentro desta proposta educativa, divide-se em dois: Berçário I, planejado para bebês de quatro a dezoito meses, e Berçário II, destinado a bebês de dezoito meses a dois anos de idade. Em conjunto, o espaço educativo do Berçário tem como objetivo oferecer um ambiente físico onde a criança vivencie as descobertas com criatividade, desafios e, principalmente, que interaja vivamente com aqueles que a cercam, sejam outras crianças ou adultos. Assim como os demais ciclos de ensino do Externato Santo Antônio, o Berçário é adequado para a faixa etária com a qual trabalha, o que permite que os bebês observem e explorem o ambiente, engatinhem, brinquem, interajam com outros, repousem, tomem banho, durmam, alimentem-se, satisfazendo, assim, suas necessidades. AsatividadesdoBerçárioIfocamaindaoscuidadosmateriaisde Berçário
  • 39. que os bebês tanto precisam para que possam ser desenvolvidas atividades que estimulem seus sentidos, como tocar, ver, ouvir e provar. O Berçário II é voltado para o desenvolvimento das habilidades necessárias para o Minimaternal da Educação Infantil, a fim de facilitaraadaptaçãodascriançasànovarotinaescolar.Asatividades desenvolvidas envolvem o aprimoramento das funções motoras dos bebês, o respeito e a tolerância ao próximo, a capacidade de observação e o desenvolvimento do conhecimento. Os bebês do Berçário do Externato Santo Antônio recebem atenção individual, necessáriaparao seudesenvolvimento devido à particularidade de suas características de personalidade. Para isso, cada berçarista é responsável pelo contato educativo mais aproximado com um grupo de no máximo três crianças. Outra forma de oferecer aos bebês o melhor ambiente possível para seu desenvolvimento é a existência do Lactário, onde se prepara o leite e as demais refeições com especial cuidado, carinho e higiene. No momento em que o Externato Santo Antônio completa oitenta anos, as educadoras do Berçário sentem-se emocionadas e felizes por acolher os bebês das famílias da comunidade e contribuir para a formação dessas crianças, de modo que elas continuem seus estudos nos ciclos de ensino seguintes com o melhor desempenho possível. Cristiane Matos S. Rota Berçarista responsável pelo Berçário I do ESA Tamires Passori Fattori Berçarista Responsável pelo Berçário II do ESA Francineide Rocha Eliana Costa Santana Shirlei de Azevedo Berçaristas do ESA Rose Savoca Regina de Brito Daniela Espinosa de Alencar Selma Auxiliares do Berçário do ESA ESA 80 ANOS # 39
  • 40. 40 # ESA 80 ANOS Onde tudo começa Quando se fala em Educação Infantil, remete-se à construção de pilares primordiais para o desenvolvimento da criança. Não há como falar de Educação Infantil sem buscar suas raízes. O Externato Santo Antônio começou a funcionar em junho de 1931 com pouco mais de cinquenta crianças. Os anos se passaram e aquele pequeno colégio se tornou uma instituição sólida, pois sua filosofia continua alicerçada sobre a mesma base educacional religiosa. Os educadores de nossa escola sempre acreditaram que deveríamos iniciar o trabalho de ensino com o maior gesto de respeito ao ser humano: a acolhida. Dessa maneira, oferecemos atenção e dedicação a cada uma das crianças igualmente, com o mesmo amor. Uma vez incorporado à nossa comunidade educacional, nosso lema “Ternura e Firmeza” está presente em todos os momentos, a fim de que as crianças iniciem seu aprendizado amparadas pelos melhores recursos que possuímos: docentes e educadores de apoio comprometidos não apenas com o ensino dos conteúdos programáticos, mas com sua formação humana. Este trabalho simples, mas precioso, tranquiliza os corações das famílias. Nossa equipe demonstra em cada gesto, em cada atividade, em cada aula, o olhar diferenciado que tem sobre a criança que inicia sua vida escolar. Sentimos as necessidades que cada uma demonstra em suas palavras, em seus trabalhos e em sua interação com os demais colegas. Acreditamos que tornamos nossa escola um “porto seguro” para as crianças e também para os seus pais porque nosso olhar volta-se para os laços afetivos que transcendem a educação formal: interagimos com todos, como uma “grande família”. Mantemos a tradição na Educação Infantil pautada na confiança da qualidade de nosso trabalho técnico e no amor que temos por ele. Por isso, podemos nos dedicar com tanto empenho na relação com as crianças e com seus pais, nossos grandes parceiros na educação global dos pequenos. Utilizamos vários métodos e instrumentos pedagógicos em nosso cotidiano escolar, tais como a exploração das virtudes das brincadeiras (atividades que constroem caminhos onde os alunos interagem em grupo, aprendendo a ter responsabilidade e cooperação para a criação coletiva do conhecimento), a moral envolvida em cada história que contamos, a descoberta do mundo em nossas saídas culturais, a alegria do aprendizado com a música, os momentos de formação cristã, entre outras práticas que garantirão um desenvolvimento integral de conhecimento e valores que se perpetuarão pelo resto da vida dos educandos. Construímosnossoplanejamentopedagógicocomoobjetivode desenvolver nas crianças habilidades e competências de maneira equilibrada para que se sintam seguras, felizes e preparadas. Nosso trabalho viabiliza e incentiva a participação ativa de cada criança para nela despertar a sensibilidade para observar, o estímulo para manifestar sua curiosidade e a harmonia para desenvolver seu senso de convivência, conceitos básicos deste segmento. Enfim, a Educação Infantil tem a intenção de educar segundo um contexto de investigação, criação, levantamento de hipóteses, reflexão e pesquisa, inerentes a um ambiente escolar moderno. Acreditamos alimentar o processo de construção de cada criança porque mediamos, de forma equilibrada, seu contato com as disciplinas escolares. Educação Infantil
  • 41. ESA 80 ANOS # 41 Não obstante, também pensamos e trabalhamos o aprimoramento emocional, moral e ético dos pequenos, pois entendemos que o desenvolvimento integral de cada criança constitui-se na atenção aos aspectos físico, psicológico, cognitivo, sentimental, religioso e social, completando a ação da família e da comunidade. A equipe da Educação Infantil celebra o marco do “Externato Santo Antônio: 80 Anos Misturando Vida e Educação” ao perceber a transparência de alegria, carinho, sinceridade e euforia que cada criança nos oferece em pequenos gestos, como um sorriso, um abraço, um agradecimento ou qualquer outra demonstração de satisfação e de felicidade ao perceber que conhece melhor o mundo que a cerca e se sente pertencente a esta comunidade. Sentimo-nos honradas em participar da vida de todas essas crianças e de suas famílias; acima de tudo, em fazer parte da grande e generosa família ESA. Professora Lígia Mello Morita Professora Rosana Batistucci Zonta Professora Ana Lúcia Gonçalves de Figueiredo Cicerone Professora Viviane de Laurentis Segantin Professora Tainan Aparecida Bellotti Lara Professora Roberta Heinrich Professora Claudinete da Conceição S. Santos Professora Mônica Peloche Arrazi Professora Anelise Delgado Godeguez Professora Karina Osti Strabeli Professora Fabiana Silva Soares Vieira Professora Alexandra de Assis Neves Professoras da Educação Infantil do ESA
  • 42. 42 # ESA 80 ANOS Do cuidado individual ao desenvolvimento social e pedagógico Desde que o Externato Santo Antônio implementou o Ensino Integral, esta possibilidade de acompanhamento pedagógico vem crescendo a cada ano com reconhecida excelência. Focado nas necessidades individuais de nossas crianças em seus primeiros anos, trabalhamos não somente em prol do cuidado, mas também do desenvolvimento pedagógico e social dos educandos. A reestruturação do segmento contou não somente com um aprimoramento da estrutura física; incluiu também a nomeação de uma nova coordenadora, que efetivou o reconhecimento do EnsinoIntegralcomoumsegmentodeimportânciaequiparadaaos demais ciclos de ensino e providenciou a contratação de pessoas qualificadas para o exercício pedagógico. Este aprimoramento vem sendo a mola mestra no trabalho da equipe, que mescla a inovação das tecnologias e teorias pedagógicas com o resgate dos valores pregados nestes 80 anos de Externato Santo Antônio. “Ternura e Firmeza”, alguns dos valores pregados por esta instituição, norteiam nossas ações cotidianas: cultivamos o diálogo, o amor e a verdade, traços notórios de nossa acolhida, visando sempre o bem-estar da criança. No Ensino Integral, os alunos encontram não somente um apoio pedagógico, como também um ambiente estruturado para lhes proporcionar desenvolvimento físico, afetivo e cognitivo. Os conhecimentos são organizados de acordo com a faixa etária do aluno, já que atendemos a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, desenvolvendo atividades pedagógicas específicas que colocam o aluno como protagonista no processo educacional, contribuindo para que ele se torne um cidadão autônomo e consciente de seu papel na sociedade. As situações de aprendizagem que os educandos vivenciam no Ensino Integral se processam também de forma lúdica e combinada com o Ensino Regular, trabalhando sempre de forma interdisciplinar a fim de fortalecer a parceria entre os segmentos. O cultivo dos valores cristãos contribui para que trabalhemos de maneira unificada a tolerância e o respeito às diferenças, firmando assim nosso compromisso com o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que nos são confiados. Em sua curta e bela História, o Ensino Integral vem “misturando vida e educação”, conforme os ensinamentos de São Luis Scrosoppi. Ensino Integral
  • 43. ESA 80 ANOS # 43 Ensino Religioso: a identidade cristã do Externato Santo Antonio Celebrar oitenta anos de uma instituição escolar já é um marco, ainda mais quando essa instituição possui uma identidade cristã e católica. O Externato Santo Antônio é um orgulho para a diocese de Santo André; aliás, o nosso colégio teve a sua criação antes mesmo do surgimento da nossa diocese, que foi criada apenas em 1954! Nessa maravilhosa festa que estamos celebrando, penso ser importante apresentar uma característica e um diferencial que, ao longo dessas oito décadas, fez do Externato Santo Antônio uma das melhores instituições de ensino do Grande ABC. Entre as diversas disciplinas ministradas no colégio, uma se destaca: o Ensino Religioso. Ao contrário do que pensam muitas pessoas, o Ensino Religioso sempre foi um valor importante, demonstrando a identidade cristã católica que o fundador da Congregação das Irmãs da Providência, São Luís Scrosoppi, pregou em cada dia de sua vida, instituição a qual temos imensa alegria por herdar. Várias irmãs e professores leigos ministraram essa disciplina, sempre demonstrando que os grandes seres humanos também são formados pela ética e pelo espírito fraterno e amigo que o cristianismo católico ensina. É importante também lembrar que, apesar do Externato Santo Antônio ser um colégio confessional católico, isso nunca foi motivo para que alunos de outras denominações religiosas não estudassem ou se sentissem menos acolhidos em nossa escola. O público discente do Externato Santo Antônio sempre contou com a presença de alunos e famílias de várias religiões, como evangélicos, judeus, muçulmanos, espíritas, Testemunhas de Jeová, umbandistas, entre outras expressões religiosas, e até mesmo de pessoas que começaram a valorizar a religião a partir da experiência vivida na escola. Com isso, temos a certeza de que o amor e a ternura ensinados por São Luís Scrosoppi estão acima de quaisquer diferenças no campo religioso, pois onde há amor, Deus aí está! Vemos, portanto, que o Ensino Religioso desenvolveu um papel de formação e de evangelização que converge para o entendimento, o respeito e a paz entre as diversas opções religiosas ao longo desses oitenta anos e, com isso, temos a certeza de que a religião possui a missão de religar o ser humano ao Sagrado e não ser motivo de discussões ou distanciamento no campo escolar. Não podemos terminar sem fazer uma consideração pelas várias Irmãs da Providência e diversos professores leigos que, ao longo desses anos, ensinaram os valores religiosos e provaram que o amor e a ternura são os maiores mandamentos deixados por Jesus Cristo. Professor Ms. Renan Evangelista Silva Professor de Ensino Religioso do ESA Ensino Fundamental I