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História    contemporânea
                                            Edição:nº 01
                                            26 de fevereiro de 2009




   HISTÓRIA
CONTEMPORÂNEA:
 O mundo em guerra

 Nessa edição:o
 estado de saúde   Guerra na
 de José de        palestina.
 Alencar
                                15/3/2009                      1
editorial

 Entrevista: Franklin Delano Roosevelt             pag 14 arquivo VEJA, Junho de
 1944
 Nacional: estado de saúde de José de Alencar. Pag. 11
 Internacional: OIT mostra que desemprego deve aumentar na América Latina neste
 ano pag. 14
 Colunas pag. 30
 Gente pag. 34
 moda
 Guerra no oriente médio.
 Culinária medieval e brasileira pag. 54




                                                            15/3/2009              2
ENTREVISTA: Franklin Delano
      Roosevelt
ENTREVISTA: Franklin Delano Roosevelt VEJA, Junho de 1944 O presidente americano comemora os avanços na
Normandia e a conquista de Roma, mas avisa: o caminho até a vitória ainda é longo. Com confiança nos aliados
soviéticos e chineses, FDR não cogita a derrota - mas é cauteloso ao discutir as datas. 'Será bem difícil e custoso,
como já alertara antes', diz. o assumir a presidência dos Estados Unidos, em 4 de março de 1933, Franklin
Roosevelt proclamou sua frase mais famosa: "A única coisa que devemos temer é o próprio medo". A frase se
refereia aos tempos da Grande Depressão, o atoleiro econômico em que vivia a nação até a posse do novo
presidente. Agora, com o país novamente de pé - e mais rico do que antes -, o bordão pode muito bem ser
aplicado à participação americana na guerra. Após muita resistência, os EUA subiram ao ringue e, com seu peso
decisivo, inverteram a balança de forças. A posição da maioria dos americanos mudou da água para o vinho: a
hesitação isolacionista ficou para trás, dando lugar a uma forte disposição de vencer. A guinada não foi obra só dos
japoneses, que atacaram Pearl Harbor e inflamaram o povo - Roosevelt, político habilíssimo e espetacular orador,
vendeu como ninguém a causa dos Aliados, fazendo o país enfim superar seus temores. Craque também nas
urnas, FDR deverá tentar um inédito quarto mandato como presidente no fim deste ano. Nos dois últimos pleitos,
em 1936 e 1940, foi reeleito vencendo de lavada. Por causa da guerra, é quase impossível que não ganhe outra vez
- apesar dos sinais cada vez mais preocupantes de problemas com sua frágil saúde, sobre a qual a imprensa
americana reluta em falar. Se o físico de Roosevelt aparenta desgaste, seu impressionante intelecto parece afiado
como sempre. Nesta entrevista, ele explica com brilho e franqueza como vencerá a guerra e revela que ajudará
até os países derrotados: "Estabelecer um padrão de vida decente em todas as nações é um fator essencial para a
paz permanente". ...



                                                                                    15/3/2009                     3
o assumir a presidência dos Estados Unidos, em 4 de março de 1933, Franklin Roosevelt proclamou
sua frase mais famosa: "A única coisa que devemos temer é o próprio medo". A frase se refereia aos
tempos da Grande Depressão, o atoleiro econômico em que vivia a nação até a posse do novo
presidente. Agora, com o país novamente de pé - e mais rico do que antes -, o bordão pode muito
bem ser aplicado à participação americana na guerra. Após muita resistência, os EUA subiram ao
ringue e, com seu peso decisivo, inverteram a balança de forças. A posição da maioria dos
americanos mudou da água para o vinho: a hesitação isolacionista ficou para trás, dando lugar a
uma forte disposição de vencer. A guinada não foi obra só dos japoneses, que atacaram Pearl
Harbor e inflamaram o povo - Roosevelt, político habilíssimo e espetacular orador, vendeu como
ninguém a causa dos Aliados, fazendo o país enfim superar seus temores. Craque também nas
urnas, FDR deverá tentar um inédito quarto mandato como presidente no fim deste ano. Nos dois
últimos pleitos, em 1936 e 1940, foi reeleito vencendo de lavada. Por causa da guerra, é quase
impossível que não ganhe outra vez - apesar dos sinais cada vez mais preocupantes de problemas
com sua frágil saúde, sobre a qual a imprensa americana reluta em falar. Se o físico de Roosevelt
aparenta desgaste, seu impressionante intelecto parece afiado como sempre. Nesta entrevista, ele
explica com brilho e franqueza como vencerá a guerra e revela que ajudará até os países
derrotados: "Estabelecer um padrão de vida decente em todas as nações é um fator essencial para
a paz permanente".




                                                                    15/3/2009                4
Prisão e execução de Mussolini




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VEJA - Como país mais rico do mundo, os Estados Unidos vêm pagando parte substancial da conta da
campanha aliada. Seu país terá fôlego econômico para custear a guerra até o fim sem comprometer seu
                                                futuro?
Roosevelt - Acredito que sim. Além do recolhimento dos impostos comuns, reuniremos os fundos
necessários para lutar através da venda de Títulos de Guerra. A compra desses papéis é um ato de livre
escolha, que todo cidadão faz de acordo com sua própria consciência. E fico feliz em informar que
quase todos os americanos fizeram isso. O país tem cerca de 67 milhões de pessoas com alguma renda,
mas 81 milhões já compraram Títulos de Guerra. Foram mais de 600 milhões de títulos comprados, que
somaram mais de 32 bilhões de dólares. Se há alguns anos alguém dissesse que isso ocorreria, seria
chamado                                            de                                       lunático.

VEJA - Mas o apoio popular ao esforço de guerra ainda tem algumas exceções.
Roosevelt - Confesso que fico desapontado quando noto isso. A esmagadora maioria da população
recebeu as demandas da guerra com magnífica coragem e muita compreensão. Aceitaram
inconveniências, aceitaram dificuldades, aceitaram sacrifícios. Mas, enquanto a maioria trabalha sem
reclamar, uma minoria barulhenta continua rosnando por favores especiais. São pestes que infestam
os lobbies do Congresso e os bares de Washington e enxergam na guerra uma chance de obter lucro
próprio. Talvez nem estejam tentando sabotar o esforço de guerra, mas se iludem ao achar que acabou
a hora de fazer sacrifícios, que a guerra já está ganha e podemos relaxar. Mas esse tipo de atitude só
prolonga                                             a                                         guerra.




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VEJA - Nota-se também a preocupação de muitos americanos com o dinheiro que o senhor
reservará para reconstruir os países arrasados pela guerra.
Roosevelt - Mas estabelecer um padrão de vida decente para homens, mulheres e crianças em
todas as nações é um fator essencial para uma paz permanente. A real liberdade individual não
pode existir sem segurança econômica. Pessoas famintas e desempregadas são a matéria-prima
das ditaduras. Há pessoas que se entocaiam como toupeiras e tentam espalhar pelo país a
suspeita de que, se outras nações forem ajudadas a elevar seu padrão de vida, o padrão de vida
dos americanos será depreciado. Na verdade, é o contrário. Já ficou provado que, se o padrão de
vida de um país cresce, cresce também seu poder de compra. E essa alta estimula o aumento do
padrão de vida de vizinhos com quem faz comércio. É pura questão de bom senso.

VEJA - Há mais uma queixa em seu país: a de que as medidas adotadas por causa do esforço de
guerra são excessivas. A seu pedido, o Congresso proibiu, por exemplo, a realização de greves,
algo que se costuma ver em regimes totalitários...
Roosevelt - Nosso sistema de serviço nacional é a forma mais democrática de se lutar uma
guerra. É a obrigação do cidadão servir à nação ao máximo onde ele for mais bem qualificado. E
isso não significa redução de salários, perda de benefícios previdenciários, prejuízo aos empregos.
Estou convicto de que o povo americano receberá bem as medidas, baseadas no princípio do
"justo para um, justo para todos". É assim que se luta e se ganha uma guerra. Ainda que ache que
os Aliados podem vencer sem tais medidas, estou certo de que nada menos do que a mobilização
total da mão-de-obra e do capital garantirá a vitória antecipada.




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VEJA - O senhor acredita que o isolacionismo, posição majoritária no país até o ataque a Pearl
Harbor,           voltará         a         existir         depois         da          guerra?
Roosevelt - Creio que não. Vivemos por tempo demais sob a esperança de que as nações
agressoras e belicistas aprenderiam e entenderiam a doutrina da paz puramente voluntária. Era
uma posição bem-intencionada, mas fracassada. Espero que não a adotemos de novo. Bem,
esperar é pouco: na verdade, farei tudo o que for humanamente possível como presidente para
evitar que esses trágicos erros não sejam cometidos outra vez. Sempre existiram os idiotas que
acreditavam que não haveria guerras se todos entrassem em casa e trancassem suas portas. Eles
não estavam dispostos a encarar os fatos. Mas, se estamos lutando pela paz agora, não é lógico
que     no   futuro    usemos    a   força,  se     necessário,  para   manter    essa    paz?


VEJA - Além do espetacular progresso obtido depois do Dia D, as últimas semanas foram
marcadas também pela libertação de Roma. Como o senhor recebeu essa notícia?
Roosevelt - Como foi a primeira das capitais do Eixo a estar em nossas mãos, pensei: uma já foi,
agora faltam duas, Berlim e Tóquio. Talvez seja significativo que a primeira capital a cair tenha a
mais longa história entre todas elas. Ali ainda vemos os monumentos do tempo em que os
romanos controlavam todo o mundo. Isso também é significativo, já que queremos que, no futuro,
nenhum povo seja capaz de governar o planeta inteiro. Além dos monumentos antigos, também
vemos em Roma o grande símbolo do cristianismo. Fico satisfeito que a liberdade do papa e do
Vaticano tenha sido garantida por nós. Também é simbólico que Roma tenha sido libertada por
forças de várias nações juntas. E, se Roma foi poupada da devastação que assolou outras
cidades, não é aos alemães que devemos agradecer. Afinal, manobramos com tamanha perícia
que, se ficassem em Roma para destruir a cidade, os nazistas perderiam exércitos inteiros. Mas
Roma        é,    obviamente,       mais      que        um      simples      objetivo       militar.

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VEJA - E como será a vida dos italianos agora?
Roosevelt - Eventualmente a Itália conseguirá se reconstruir. Mas será seu próprio povo que fará
isso, escolhendo seu próprio governo democrático. Enquanto isso, não seguiremos o padrão
adotado por Mussolini e Hitler nos países ocupados, de pilhagem e fome. Já estamos ajudando.
Com a cordial cooperação dos italianos, estamos estabelecendo a ordem, dissolvendo as
organizações fascistas, suprindo as necessidades cotidianas até que eles possam cuidar deles
mesmos. Os italianos viveram por tanto tempo sob o regime corrupto de Mussolini que sua
condição piorou muito. Encontramos fome, miséria, doença, educação e saúde pública pioradas.
São subprodutos do fascismo. A tarefa aliada na ocupação é gigantesca.

VEJA - O senhor sabe estimar quanto essa operação custará?
Roosevelt - Veja, alguns podem pensar nisso só pelo aspecto financeiro. Mas esperamos que a
ajuda seja um investimento no futuro, que pague dividendos ao acabar com o desejo italiano de
iniciar outra guerra. Não perdemos de vista suas virtudes como nação pacífica. Lembramos dos
muitos séculos em que os italianos brilhavam nas artes e ciências. Lembramos de seus grandes
filhos, como Galileu e Marconi, Michelangelo e Dante. No passado, milhões deles chegaram aos
EUA. Foram bem recebidos, prosperaram, se tornaram bons cidadãos. O mesmo ocorreu em
outros países, como no Brasil, por exemplo. A Itália deve continuar sendo uma grande nação-mãe,
contribuindo para o progresso e preservando sua herança cultural e histórica. Todas as nações
contrárias ao fascismo devem ajudar a Itália a ter outra chance

VEJA - Antes do Dia D, surgiram relatos de que americanos e britânicos brigaram para decidir
quem comandaria essa monumental ofensiva. Essa informação procede?
Roosevelt - É evidente que não. Você pode até ter ouvido de algumas pessoas que britânicos e
americanos não se dão bem, que a cooperação entre nós é difícil. Nossas recentes vitórias
desmentem
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VEJA - E os russos e chineses? Há alguma rivalidade ou atrito com eles?
Roosevelt - As recentes conferências do Cairo e Teerã deram-me a primeira oportunidade de
conhecer o generalíssimo Chiang Kai-shek e o marechal Josef Stalin, de sentar à mesa com eles e
conversar frente a frente. Confiávamos uns nos outros, mas precisávamos do contato pessoal.
Agora, além de confiar neles, os conheço bem. Valeu a pena viajar milhares de quilômetros para
ver que concordamos em todos os objetivos e em todos os meios de obtê-los. Encontrei no
generalíssimo Chiang um homem de grande visão, de um entendimento agudo dos problemas
atuais e futuros. E me relacionei muito bem com o marechal Stalin, homem que combina tremenda
determinação com um eterno bom humor. Acredito que ele seja um legítimo representante da alma
e coração dos soviéticos, com quem, creio, teremos uma ótima relação.

VEJA - Então os Aliados já definiram o que fazer quando a guerra terminar?
Roosevelt - Concordamos substancialmente nos objetivos gerais para o mundo no pós-guerra.
Discutimos as relações globais sob o ponto de vista das metas amplas, não de detalhes. Mas,
depois desses debates, posso dizer que não creio no surgimento de diferenças indissolúveis entre
URSS, Grã-Bretanha e EUA. De qualquer forma, não é hora de iniciar a discussão sobre termos de
paz. Primeiro precisamos ganhar a guerra. Não podemos aliviar nossa pressão sobre o inimigo
perdendo tempo com discussões sobre fronteiras e controvérsias políticas. Ainda não é hora de
festejar. A vitória ainda está a alguma distância de nós. Essa distância será percorrida no tempo
devido. Mas isso será difícil e custoso, como já alertara antes. E suspeito que, quando essa guerra
enfim terminar, não estaremos em clima de festa. Acho que nossa maior emoção será uma grave
determinação para que isso jamais volte a acontecer.

                                                                               Entrevista retirada
                                                                               da revista veja:
                                                                               Junho de 1944
                                                                       15/3/2009                     10
Médico diz que primeiras 24 horas após cirurgia de Alencar foram 'satisfatórias'
Vice se recupera de cirurgia para retirada de tumores.
Segundo médico, evolução de quadro clínico está dentro do esperado
                               O cardiologista Roberto Kalil Filho, que acompanha o vice-
                               presidente José Alencar, internado no Hospital Sírio-
                               Libanês, em São Paulo, disse nesta terça-feira (27) que as
                               primeiras 24 horas de recuperação foram "satisfatórias".

                               "Agora temos até amanhã para tentar que ele respire sem a
                               ajuda de aparelhos", disse o médico. Segundo ele, a sedação
                               já foi suspensa. "Foi suspensa com o objetivo de tirá-lo dos
                               aparelhos."

                                "Cada paciente responde de uma maneira [a uma
                                cirurgia]. O vice-presidente está respondendo muito
                                bem, está estável e dentro da nossa programação",
                                afirmou o médico.
     José de Alencar
  Alencar está internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para se recuperar de uma
  cirurgia realizada no domingo (25) que retirou tumores da região abdominal. O
  procedimento durou mais de 17 horas.

  Boletim médico divulgado nesta terça informou que ele respira por aparelhos e que
  "mantém todos os sinais vitais normais, inclusive com bom funcionamento do rim".
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Visita de Lula
                  O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve no hospital
                  no início da tarde. Em entrevista após a visita, ele
                  destacou a “fortaleza” do vice e disse que “a mão de
                  Deus está cada vez mais presente nas cirurgias” de
                                          Alencar.

                  O presidente afirmou que deixava o hospital feliz com o
                  otimismo dos médicos e da família. “Tenho certeza de
                  que a hora que ele puder falar, a primeira coisa vai dizer
                  é que é preciso reduzir a taxa de juros”, brincou.

                  Lula disse que acredita numa recuperação mais rápida
                  de Alencar agora, em comparação com as cirurgias
                  anteriores. O presidente contou que conversou com
                  Alencar na sexta (23) sobre a cirurgia. “Fiquei pensando
                  se teria coragem de fazer a cirurgia se estivesse no
Presidente lula   lugar dele”, disse aos jornalistas.




                                                  15/3/2009               12
A cirurgia
A cirurgia, considerada de alta complexidade pelos médicos, é a mais delicada realizada
nos dez anos em que José Alencar luta contra o câncer.

Durante o procedimento, foram retirados nove tumores. Para remover o maior deles, com
12 centímetros de diâmetro, foi preciso remover também parte dos intestinos grosso e
delgado. Foi necessário ainda retirar dois terços do canal que liga o rim esquerdo à bexiga;
os médicos usaram parte do intestino para reconstruir o canal.

Também foram removidos pelos menos outros oito tumores menores na região
abdominal. No final da operação, os médicos também aplicaram uma injeção com uma
solução de quimioterapia para que fossem eliminadas possíveis células cancerígenas.

A cirurgia foi conduzida pelo cirurgião-oncologista Ademar Lopes. “O Vice-Presidente e
seus familiares foram avisados sobre a complexidade do procedimento, bem como, sobre
os riscos trans e pós-operatórios, estando todos de perfeito acordo”, frisou o cirurgião-
                                                           oncologista Ademar Lopes.




                                                                   15/3/2009              13
OIT mostra que desemprego deve aumentar na América
Latina neste ano
Região pode perder até 2,4 milhões de empregos por conta da crise.
Índice deve chegar a 8,3%, semelhante ao de 2007.

                                          A Organização Internacional do Trabalho
                                          (OIT) divulgou, nesta terça-feira (27), que a
                                          taxa de desemprego na América Latina e no
                                          Caribe deve aumentar para 8,3% em 2009,
                                          por conta da crise financeira internacional.

                                          Segundo a estimativa da Organização,
                                          podem ser fechadas entre 1,5 milhão e 2,4
                                          milhões de vagas formais no meio urbano
                                          neste ano. A expectativa da OIT é de que
                                          2009 produza um aumento do desemprego
                                          para uma taxa semelhante à registrada em
                                          2007 (8,3%) na América Latina e Caribe.
     O destino do currículo
Em 2008, a taxa ficou em 7,5%, completando um ciclo de cinco anos de redução. Para a
OIT, parte do avanço conseguido em 2008 será perdido devido à crise financeira
internacional.
                                                             15/3/2009             14
No Brasil, segundo o estudo da OIT, entre janeiro e novembro do ano passado, o
desemprego ficou em 8%. Em 2007, essa taxa foi de 9,5%. O levantamento da
Organização usa os dados da Pesquisa Mensal de Emprego do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), que pesquisa as seis principais regiões metropolitanas do
                                          país.

O diretor da OIT para a América Latina e o Caribe, Jean Maninat, disse que os governos
precisam encontrar fórmulas urgentes para evitar uma retração muito grande do
emprego na região.

“Estes prognósticos mostram a necessidade de que sejam tomadas medidas para reduzir
o impacto laboral da crise com políticas anticíclicas e inovadoras, com programas de
investimento, apoio a empresas produtivas e proteção à população mais vulnerável.
Depois de anos de resultados positivos, a região está melhor preparada para este
desafio”, disse Maninat

Salários
O Panorama Laboral mostra ainda que os trabalhadores estão recebendo reajustes salariais
inferiores ao que receberam em 2007. O aumento das remunerações foi, em média, de 3,2%
na América Latina e Caribe em 2008. Em 2007, essa média era de 3,7%. No Brasil, o reajuste
médio         das       remunerações      em        2008        foi      de         1,6%.


                                                                 15/3/2009              15
Segundo a diretora do escritório da OIT no Brasil, Laís Abramo, a média da região é
elevada porque, na Argentina, os salários na iniciativa privada tiveram reajustes muito
elevados, em torno de 8,4%. Se os dados argentinos forem excluídos do relatório, o
reajuste médio dos salários na região fica em 0,6%.

                                                 Previsões para 2009
                                                 A OIT usa cálculos da Comissão
                                                 Econômica para América Latina e Caribe
                                                 (Cepal) para projetar o crescimento do
                                                 Produto Interno Bruto (PIB). Essa
                                                 previsão aponta que a região crescerá,
                                                 no máximo, 1,9% em 2009. Segundo
                                                 esses prognósticos, a economia brasileira
                                                 deve crescer 2,1% neste ano.
                                                 “Se isso se confirmar realmente
                                                 entraremos num processo muito forte
                                                 de redução do crescimento e
                                                 conseqüente aumento do desemprego”,
                                                 afirmou a diretora da OIT no Brasil.


Realidade do trabalhador.
                                                                  15/3/2009               16
internacional

A guerra dos quatro dias
Mas que pode durar muito mais: Israel ataca os radicais
do Hamas na Faixa de Gaza, com terríveis conseqüências
para a população civil. É mais uma prova de como
é necessário – e difícil – um acordo de paz.
 Hatem Omar/AP




 CHOQUE E ESPANTO
 Família palestina foge de bombardeio: mais de 370 mortos, dos quais sessenta civis

 A lógica tribal tem regras simples: se você me ataca, eu ataco de volta. Se quiser me
 destruir, eu o destruo primeiro.
                                                                                      15/3/2009   17
Se eu puder, uso dez vezes mais
                                                                      violência. Ou cem. Ou mil. Sei que
                                                                      você vai querer se vingar, mas estarei
                                                                      preparado, à espera. Eternamente,
                                                                      se for preciso. Essa é a lógica da
                                                                      guerra dos quatro dias, mas que pode
                                                                      se estender, desfechada por Israel
                                                                      contra um dos lugares mais
                                                                      desgraçados do mundo, a Faixa de
Tentativa pacífica de resolver a situação, em 13 de setembro de 1993. Gaza.
 O pedaço estreito de terra desértica e superpovoada ficou ainda mais perigoso depois
 que o Hamas, uma organização nacionalista permeada pela ideologia dos radicais
 muçulmanos, o transformou numa espécie de segundo estado palestino – o primeiro fica
 no território conhecido como Cisjordânia e é governado pelo Fatah; os dirigentes de cada
 um dos pedaços de uma futura e já tão alquebrada nação palestina se odeiam.

 Desde que o Hamas tomou o poder em Gaza, Israel bloqueia o território, com as tristes e
 previsíveis conseqüências para a população civil, privada de quase tudo. Houve uma
 trégua nos últimos meses, mas ela acabou quando o Hamas voltou a disparar foguetes,
 toscos embora perigosos, contra cidadezinhas israelenses fronteiriças.


                                                                                15/3/2009                      18
Invocando o direito de
                                                                                         garantir a segurança dos
                                                                                         moradores da região, no
                                                                                         sábado 27 Israel lançou
                                                                                         uma série arrasadora de
                                                                                         bombardeios       contra
                                                                                         Gaza.
                                                                                         Os alvos visavam à
                                                                                         estrutura de poder do
                                                                                         Hamas – a central do
                                                                                         aparato de segurança, o
                                                                                         quartel     da   polícia,
                                                                                         depósitos de armas,
                                                                                         lugares onde dirigentes
                                                                                         da           organização
   1973: o general Moshe Dayan (e) com Ariel Sharon na Guerra do Yom Kippur.O conflito
  é de muito tempo.
                                                                                         trabalham e vivem.
Prédios inteiros foram, literalmente, evaporados. Bombardear cidades só pode ter
resultados terríveis. Dos mais de 370 mortos em quatro dias, cerca de sessenta
eram civis, inclusive crianças, nas mais desoladoras das cenas. Cinco irmãs, todas
menores, morreram numa mesma casa. Em outra, vizinha de um dirigente do
Hamas, mais três meninos pereceram. Os foguetes vindos de Gaza persistiram.
Morreram quatro israelenses, incluindo uma mulher beduína.

                                                                                          15/3/2009              19
Massacre de inocentes
Na linguagem diplomática, esse tipo de reação é chamado de
uso desproporcional da força. Na lógica tribal, é autodefesa
perfeitamente admissível e moralmente justificável, tanto que
a maioria dos israelenses apoiou os ataques. Evidentemente,
existem motivos estratégicos que vão além do direito de
proteção às localidades alvejadas pelo Hamas: Israel quis
desfechar um golpe estrondoso contra seu inimigo mais
próximo e reafirmar aos mais distantes que continua a ter
poder bélico incontestável, dissipando a imagem dúbia
deixada pela última operação de grandes proporções, contra o
Hezbollah, no Líbano, em 2006.



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E quis fazê-lo antes da posse de Barack Obama, que se tornará presidente dos
Estados Unidos com um fato consumado: os inimigos de Israel estarão mais raivosos
do que nunca, tanto na retórica quanto, se conseguirem, nos atos. E nesse caldeirão
de raiva ficará mais difícil para os americanos obter dos israelenses as concessões
necessárias para um cada vez mais complicado acordo de paz.
É tortuoso, mas quem conhece o Oriente Médio não fica mais espantado com nada. O
fulcro do problema é que dois direitos à existência nacional se sobrepõem, criando
uma situação em que os dois lados estão certos quando lutam pela própria
sobrevivência e erram quando vão a limites extremos para defendê-la. As razões de
cada um são conhecidas. A criação de Israel decorreu da perseguição aos judeus na
Europa e foi legitimada pelo mais hediondo dos crimes, o genocídio cometido pela
Alemanha nazista. Quem pode negar aos judeus o direito de ter um país forte e
protegido, e, numa espécie de justiça histórica, no mesmo lugar onde havia existido
dois milênios antes? Ao ser erigido, no entanto, o estado de Israel desencadeou a
privação dos habitantes árabes, que perderam casas, terras e identidade. Quem pode
negar a injustiça histórica cometida contra os palestinos? Ou a sua legítima aspiração a
um estado independente?




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ATAQUE AO QG FUNDAMENTALISTA
          Prédios usados pelo aparato de segurança evaporaram

Já naturalmente difícil de resolver, o confronto entre Israel e palestinos ganhou
novas camadas de complicação com a ascensão do Hamas, uma organização de
inspiração religiosa (veja quadro). Hoje, existem duas "entidades" palestinas. Uma
comandada pelos herdeiros de Yasser Arafat, que fez o longo percurso rumo à
aceitação de Israel e está baseada no território conhecido como Cisjordânia. E outra
em Gaza, comandada pelos fundamentalistas e rejeicionistas – o nome que se dá
aos que pregam a destruição do estado judeu.



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Para complicar, Israel ainda tem a sua própria população árabe, com cidadania, mas
nenhuma empatia com o país que habita. Todos os líderes de Israel, de qualquer filiação
política, vivem sob o choque das forças tectônicas decorrentes daí: o compromisso de
usar todos os recursos, necessários ou excessivos, para defender a nação judaica e a
compreensão, até quando não querem, de que Israel não pode dominar indefinidamente
uma população tão hostil que mães aplaudem quando seus filhos, ou filhas, se
transformam em bombas humanas. Yitzhak Rabin, o general "quebra-ossos", aceitou o
retorno à Cisjordânia de Arafat e seus seguidores (foi assassinado por um judeu que o
considerou traidor). Ariel Sharon, o mais duro entre os duros, tirou as tropas israelenses
de ocupação e desmontou assentamentos judeus em Gaza (também foi chamado de
traidor; vive em estado vegetativo desde o derrame que sofreu em 2006).
 Todas as vezes que Israel faz o que considera supremas concessões aos palestinos, mas
 continua a sofrer violência, reverte ao papel de vítima – e revida com força infinitamente
 maior, num ciclo que parece não acabar nunca. Nos últimos anos, a convivência
 incômoda com os líderes da Cisjordânia não produziu nenhum acordo de paz, mas
 estabilizou a situação. A ajuda americana e o comércio relativamente livre melhoraram a
 situação econômica da população palestina nesse território. Mas a ideia de mostrar que
 os "bons" (na Cisjordânia) prosperariam e os "maus" (em Gaza) seriam castigados não
 tem dado certo.




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Movimentos extremistas como o Hamas funcionam melhor justamente num
ambiente de desgraças. Nos últimos seis meses, houve um cessar-fogo entre as
partes, mediado pelo Egito. Israel manteve o bloqueio a Gaza, que certamente
aumenta sua segurança ao impedir atentados terroristas, mas inferniza a vida das
pessoas comuns. Há quinze dias, o Hamas voltou a disparar foguetes contra as
localidades israelenses. O raio de alcance aumentou e atinge cidades como Ahskelon,
antes preservadas. "Nossa vida mudou muito neste ano. Quando toca a sirene, as
pessoas têm quinze segundos para se esconder", conta Roberta Krauss, brasileira de
22 anos que mora lá. Desde março, por instrução do Exército, os jovens de Ashkelon
não ouvem mais seus iPods nem nenhum outro aparelho com fones de ouvido –
precisam ficar atentos aos alarmes. Na segunda-feira 29, Roberta viu com os próprios
olhos o que pode acontecer: um foguete do Hamas caiu na rua onde mora; uma
pessoa morreu e oito sofreram ferimentos. "Quando a poeira baixou, vimos os corpos
no chão."




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DOS DOIS LADOS
Prisioneiro palestino escapa de escombros de cadeia bombardeada e israelenses se
protegem de foguete vindo de Gaza. "Quando a poeira baixou, vimos corpos no chão",
conta a brasileira




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Não é justo comparar o sofrimento de jovens privados de iPods, ou o baixo número de
vítimas, com o que acontece em Gaza: atingir civis por qualquer tipo de ataque exige a
mesma e unânime condenação. É legítimo, portanto, contestar como Israel usa sua
incomparável superioridade militar. "A situação é horrível, horrível", descreveu outro
brasileiro residente na região, do lado de Gaza, José Raed Aziz. "De repente, começam as
explosões. Quando dá para sair de casa, percebemos que alguns prédios desapareceram.
Botei uma bandeira do Brasil no telhado de casa para ver se os israelenses não nos
bombardeiam." Os ataques aéreos foram seguidos de uma concentração de tanques na
fronteira, o que faz antever, se não a reocupação de Gaza por Israel, pelo menos
incursões em larga escala por terra. O próprio ministro da Defesa, Ehud Barak,
comandante das operações, usou os termos mais extremos: "Estamos em guerra total
contra o Hamas". Ele sabe muito bem que, depois da "guerra total" contra o Hezbollah, o
grupo extremista libanês, com seus resultados ambíguos, nenhum líder israelense pode
repetir a mesma ameaça e não cumpri-la. Barak faria tudo exatamente da mesma
maneira se fosse se aposentar na semana que vem, mas não vai. Ele já foi primeiro-
ministro e quer voltar a sê-lo – o sucesso ou o fracasso, do ponto de vista israelense, dos
ataques a Gaza está assim inevitavelmente atrelado a sua, por enquanto, fraca
campanha política. Outra candidata, integrante do atual governo como ministra das
Relações Exteriores, é Tzipi Livni, que da ótica eleitoral também precisa mostrar serviço
como linha duríssima no trato com os que atacam Israel.



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Todo mundo com um mínimo de juízo concorda sobre o que é preciso fazer para que
haja um acordo de paz: criar um estado palestino, garantir a segurança de Israel,
devolver a metade árabe de Jerusalém e estender a distensão aos vizinhos ainda
conflagrados. O problema, evidentemente, é como chegar lá. Muitos tentaram,
nenhum conseguiu. A partir do dia 20, o presidente Barack Obama terá a sua chance.
Os israelenses ficaram ressabiados de início, mas já fizeram suas contas: a imprensa
enumera com satisfação os "amigos de Israel" no próximo governo, incluindo Hillary
Clinton, a nova secretária de Estado, e Rahm Emanuel, o mais íntimo operador
político de Obama, filho de um médico israelense. Quem deseja que a justiça e a paz
prevaleçam torce para que todos se mostrem amigos de verdade e apresentem uma
maneira nova de resolver um problema antigo. A qual terá de romper a lógica tribal de
um olho por dez. Ou cem. Ou mil.
 Com o apoio de um em cada três palestinos, o Hamas se candidata naturalmente a
 ser parte de qualquer acordo de paz com Israel. A história e a natureza desse grupo
 são obstáculos tremendos a que isso venha a acontecer. Desde que foi criado, em
 1987, o Hamas tem assumido as posições mais extremadas, similares às defendidas
 no início pela antiga Organização para a Libertação da Palestina de Yasser Arafat –
 com a diferença de que a ideologia fundada no extremismo religioso é mais
 impermeável às adaptações ao mundo real.




                                                                 15/3/2009              27
"Eles se recusam a negociar. Para isso, seria preciso que renunciassem ao terrorismo e
reconhecessem o direito de Israel a existir, o que é totalmente improvável", disse a VEJA
o canadense Mark Heller, pesquisador do Instituto de Estudos da Segurança Nacional da
Universidade Tel-Aviv.
O Hamas descende das mesmas fontes que influenciaram a Al Qaeda de Osama bin
Laden. A base ideológica provém da Irmandade Muçulmana, grupo fundamentalista
egípcio que surgiu no começo do século passado e hoje está na origem de todas as
correntes radicais existentes entre os sunitas, a vertente majoritária do Islã. Seu objetivo
declarado é a destruição de Israel e a criação de um estado islâmico em que todo
palestino tenha o dever religioso de ingressar na guerra santa. Atentados suicidas,
quando conseguiam se infiltrar em Israel, e agora foguetes são as armas dessa guerra
assimétrica, mas brutal. Apesar da retórica intransigente, o Hamas concordou com uma
trégua que vigorou por seis meses ao longo de 2008, mediada pelo Egito. Em dezembro,
quando o cessar-fogo expirou, Israel facilitou a entrada de alimentos, combustíveis e
remédios na Faixa de Gaza para tentar estender a trégua. O Hamas preferiu retomar as
hostilidades abertas e aumentou o número de foguetes disparados contra localidades do
sul de Israel.




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O mais perto que o Hamas chegou de uma solução conciliadora foi após as eleições
legislativas de 2006 nos territórios palestinos, vencidas com 44% dos votos. No ano
seguinte, o grupo montou um governo de coalizão com o partido laico Fatah. O cargo
de primeiro-ministro da Autoridade Palestina passou a ser ocupado por Ismail
Haniyeh, o incendiário líder aparente do Hamas, enquanto a Presidência ficou com
Mahmoud Abbas, do Fatah. A experiência acabou três meses depois de nascer,
quando soldados do Hamas desfecharam um golpe interno e executaram a sangue-
frio mais de 100 membros do Fatah. Prédios públicos e delegacias foram incendiados
ou implodidos em questão de horas. Se só se faz a paz com inimigos, como reza o
mantra dos negociadores acostumados a problemas complicados, haja inimigo que se
compare ao Hamas.


                                                                           Duda Teixeira




                                    Com reportagem de Gabriela Carelli e Leandro Narloch




                                                               15/3/2009                   29
Colunas
ANOS 80 - EM BUSCA DA DÉCADA PERDIDA
Por             FERNANDA                 MAYER

                   (22.mar.2003)
A História costuma ser uma rica fonte de
inspiração para a moda. Muitas coleções
reinventaram roupas e cortes do passado,
restaurando estilos, recuperando tradições. Hoje,
vemos a moda se debruçar sobre sua própria
história, recriando tendências de um passado bem
                      recente.

Na última São Paulo Fashion Week, Alexandre Desfile de André
Herchcovitch trouxe referências dos anos 50 na Lima totalmente
sua coleção com cara de "Bonequinha de Luxo" e a anos 80
Cavalera,    a    Londres     dos    anos    60.
Já a Triton, André Lima e Ricardo Almeida, no
Brasil, e Dolce & Gabanna e Gucci, na Itália,
fizeram interessantes releituras dos anos 80 em
algumas de suas mais recentes coleções.
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Claro, recordar é viver, e nós, que ainda nem tínhamos nascido
em 1950 e éramos ainda bebês ou simples criancinhas nos 60,
resolvemos mergulhar de cabeça na década de 80, quando já
podíamos nos considerar participantes desta história.
Passados já 20 anos da "new wave", do surgimento dos
yuppies (young urban professionals), da geração saúde e da
febre da ginástica aeróbica, devemos agora fazer uma
ressalva: nem tudo nos anos 80 foi um mar de rosas, por isso,
vamos procurar submeter nossas lembranças ao filtro da
memória, trazendo de volta apenas o que ainda parecer
significativo             aos            nossos           dias.

Para os economistas, os anos 80 no Brasil são considerados a      Gucci        usou
                                                                  referências    do
"década perdida". Paradoxalmente, as roupas procuraram            filme      "Blade
expressar justamente o contrário: alegre, esportiva, versátil,    Runner"
divertida e ao mesmo tempo, sofisticada, sensual e ousada,
reflexo,     talvez,      da     abertura       democrática.
A ambiguidade foi um traço marcante desta moda: estampas
de oncinha, cores cítricas, ombros largos, pernas longas,
cortes de cabelo assimétricos e acessórios "fake" conviviam
com discretos tailleurs e com roupas de moletom e cotton-
lycra         recém-saídas          das          academias.
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O surgimento de novos tecidos, como o stretch, dava um ar futurista às roupas, mas,
ao mesmo tempo, muitas de nós voltaram ao armário da vovó, promovendo a onda
dos                                                                         brechós.
Tudo é experimentação, inovação e transformação. Até na alta-costura, em que se
destacaram Christian Lacroix, Karl Lagerfeld e Jean Paul Gaultier, com suas criações
arrojadas,      tudo     era     meio    barroco,   exuberante       e    dramático.
 O outro lado da moeda foram os estilistas japoneses - Yohji Yamamoto e Rei
 Kawakubo - com roupas de uma simplicidade lírica e desconcertante perto de tanto
                                      exagero.
 Já o estilista italiano Giorgio Armani, que em 1981 lançou a sua grife Emporio
 Armani, garantiu com seus cortes sóbrios e impecáveis a elegância de homens e
 mulheres            de        negócios        nos        anos          vindouros.
 No universo musical, uma infinidade de bandas surgiram na década, com as mais
 diversas tendências: new romantics, darks, góticos, metaleiros e rastafaris. Ao contrário
 das passarelas, o tom da música pop era mais melancólico, representado por bandas
 como Joy Division, Echo and The Bunnyman, The Smiths e The Cure, entre outras.
 A música, assim como o cinema, foi um importante meio para a difusão das modas,
 especialmente pela transmissão dos videoclipes, unindo o som à imagem. Filmes como
 "Blade Runner" (1982) reafirmaram e divulgaram algumas das tendências mais fortes da
 moda, servindo também de trampolim para astros da música, como Madonna em
 "Procura-se              Susan               Desesperadamente"                    (1985).

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A afirmação da idéia da imagem como meio de comunicação se cristalizou nos 80,
quando o corpo se tornou uma vitrine de tudo o que viesse à própria cabeça. A partir
de então, quando alguém nos perguntava a respeito de moda, o que começamos a
responder foi: "sou eu que faço a minha moda".

Este conceito está presente até hoje, na costumização-mania, na mistura de estilos
e até na própria negação da moda enquanto norma, presente em movimentos
como         o       "grunge",       no       início      dos        anos       90.
A releitura de antigos clichês, a exploração das ambiguidades, a reflexão sobre
conceitos como bom gosto e mau gosto, assim como a mistura de tendências a
partir dos anos 80, provaram que todos os limites são relativos e que a moda não é
mais que a projeção de nossos sonhos, idéias e aspirações, e que, afinal, tudo é
mesmo            possível         no           mundo            da         criação.

Não resistimos e fizemos uma lista de algumas coisas ótimas e outras nem tanto
que são a cara dos 80. Esperamos que os que viveram a "década perdida" e
também os que nunca compraram um vinil na vida se divirtam conosco. Boas
recordações!!!




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QUEM NÃO SE LEMBRA?




-Calça baggy e semi-baggy

-Ombreiras (tinha até sutiã de ombreira)




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Gente:
FILOSOFIA
Felicidade
Como os grandes sábios podem nos ajudar a viver melhor
Paulo Nogueira

Esse episódio foi assim narrado por um historiador: "Demóstenes invejou a glória
de Calistrato ao ver a multidão escoltá-lo e felicitá-lo, mas ficou ainda mais
impressionado com o poder da palavra, que parecia capaz de levar tudo de
vencida". Ele entrou numa escola de oratória. Assim que pôde, processou seus
tutores. Ganhou a causa. Mas estava ainda longe de ser notável. Um dia,
desanimado, desabafou com um amigo ator. Gente bem menos preparada que ele
provocava melhor impressão nas pessoas. O amigo pediu-lhe que recitasse um
trecho de Eurípedes ou de Sófocles, dois gigantes do teatro grego. Demóstenes
recitou. Em seguida, o amigo leu o mesmo trecho, com o tom dramático de um
ator. Era a mesma coisa, e ao mesmo tempo era tudo inteiramente diferente.




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Demóstenes montou então uma sala subterrânea na qual se enfiava todo dia por
demoradas horas para treinar, treinar e ainda treinar. Chegava a raspar um dos
lados da cabeça para não poder sair de casa e, assim, praticar sem parar. Para
aperfeiçoar a dicção, Demóstenes punha pequenas pedras na boca enquanto
falava. Fazia também parte de seu treinamento declamar em plena corrida.
Olhava-se num grande espelho para ver se sua expressão causava impacto.
Treinamento. Hábito. As recomendações de Aristóteles fizeram de Demóstenes
um dos maiores oradores da História da Humanidade. s
Outra etapa crucial para a vida feliz, e nisso concordam todas as escolas filosóficas,
é lidar bem com a idéia da morte. Montaigne disse que quando queria lidar com o
medo da morte recorria a Sêneca. Não por acaso. Ninguém se deteve de forma tão
profunda e brilhante sobre a maior das aflições humanas: o medo da morte.
Sêneca, numa carta a um discípulo, escreveu uma frase célebre: "E por mais que te
espantes, aprender a viver não é mais que aprender a morrer". Sêneca pregava o
desprezo pela morte. Não por morbidez ou por pessimismo. É que quem despreza
a morte vive, paradoxalmente, melhor. Sobre sua alma não pesa o terror supremo
da humanidade: o fim da vida. "Parece inacreditável, mas muita gente morre do
medo de morrer", escreveu Sêneca. "Imagine que cada dia vai ser o último, e assim
você aceitará com gratidão aquilo que não mais esperava", disse outro sábio da
Antiguidade.


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Pensar na morte, regularmente, é a primeira e maior recomendação de Sêneca. Os
romanos tinham o seguinte provérbio: "Memento mori". Que quer dizer: lembre-se de
que vai morrer. Não há como escapar. E no entanto nos atormentamos o tempo todo por
algo que com certeza, um dia, se realizará. Esse tormento contínuo nos impede de viver
bem. Outro romano, Lucrécio (c. 98 a.C.-55 a.C.), escreveu: "Onde a morte está, não
estou. Onde estou, a morte não está". Encontramos uma maneira similar de lidar com a
morte nas filosofias orientais. O asceta Milarepa, uma das maiores figuras do budismo,
vivia perto de um cemitério para jamais esquecer que um dia iria morrer. "O remédio do
homem vulgar consiste em não pensar na morte", escreveu Montaigne. "Isso é uma
demonstração de cegueira e de estupidez." Fato: quanto menos pensamos na morte,
mais somos assombrados por ela.
Sêneca evocou com freqüência a bravura de personalidades históricas diante da morte.
Sócrates, perante a perspectiva de tomar cicuta, manteve a calma e o humor. Consolou
os discípulos em vez de ser consolado, episódio que Platão, o maior deles, registrou em
sua obra-prima, Fédon. "Chegou a hora de partir, vocês para a vida, eu para a morte",
disse Sócrates na hora da execução de sua sentença, segundo Platão. "Qual dos dois
destinos é melhor, ninguém sabe." Sêneca mostrou a mesma bravura das pessoas que
tanto citou. Acusado de conspiração, recebeu do tirano romano Nero, de quem tinha sido
preceptor, a sentença de se matar. Na perpétua instabilidade da sorte, Sêneca passara de
homem forte do reinado de Nero (antes que este ficasse louco) a renegado. Como
Sócrates, confortou os amigos e familiares que o cercavam desesperados no momento
derradeiro. Cortou os punhos e se deixou levar serenamente.

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Sêneca
(4 a.C.-65 d.C.)

Seguidor do estoicismo, pregava o
desprezo pela morte. Para ele, assim se
vivia melhor. Evocava a bravura de
personalidades históricas diante da morte,
como fez Sócrates, que serenamente bebeu
cicuta para cumprir sua sentença. Também
ele recebeu a sentença de se matar, do
imperador Nero




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Aprenda a lidar com a idéia da morte

Uma pessoa afetada na maneira de
falar é afetada em outras coisas.
Fale com simplicidade. Silêncio
também é bom. "A palavra expõe-
nos aos mais pesados castigos",
disse um sábio."Mas o silêncio
jamais tem contas a dar. Não só não
causa sede como confere um traço
de nobreza"




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• Reportagem especial:
        O regime          decapitado
          Jaime Klintowitz

As democracias têm peculiaridades
e     gradações.    Os     regimes
totalitários são iguais. Incluem
culto à personalidade, perseguição
aos opositores, supressão da
liberdade      de       expressão,
inexistência de imprensa livre e,
muitas vezes, falta de liberdade
religiosa. As ditaduras também
torturam e matam.
                                     SÍMBOLO CAÍDO
E, no fim, terminam quase sempre     Estátua destruída de Saddam Hussein
da mesma forma.                      numa avenida de Bagdá



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O tirano foge, e seu povo enrola cordas em torno das estátuas do líder caído e
promove a derrubada simbólica de sua imagem – espalhada sempre por todo o
país, como se ele fosse o amantíssimo pai da pátria. Foi o que se viu em Bagdá na
quarta-feira da semana passada, em transmissão direta pela televisão para todo o
planeta. Um gigantesco Saddam Hussein feito de bronze, com 6 metros de altura,
caiu ao chão numa praça central da capital iraquiana. Um iraquiano pegou um
cartaz gigante com uma foto do ditador e deu chineladas na cara de Saddam.
Cuspiram sobre seus símbolos, dançaram sobre seus restos. Pela primeira vez na
história, viu-se uma população árabe festejar a derrubada de um tirano árabe por
tropas ocidentais. O governo do presidente George W. Bush fez o que prometeu
fazer para depor o ditador, e com a rapidez que disse que faria.

Americanos e ingleses precisaram de apenas 21 dias para pôr fim aos 24 anos de
tirania de Saddam. A disparidade do confronto entre a assombrosa tecnologia bélica
da superpotência e um país do Terceiro Mundo é atestada pela quantidade mínima de
baixas entre as forças invasoras.

O número de soldados ingleses e americanos mortos em combate nessas três
semanas foi inferior ao de homicídios registrados no mesmo período na cidade de
São Paulo. Como a Casa Branca previa, a vitória fulminante valeu mais que qualquer
resolução das Nações Unidas para dar legitimidade à guerra.



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A imagem dos iraquianos pisoteando a estátua derrubada de Saddam teve valor maior
do que mil palavras a respeito do governo que ele chefiava.
Isso tudo eclipsa mas não dilui o aspecto agressivo e arrogante com que americanos e
ingleses resolveram invadir uma nação, o Iraque, sob o pretexto de anular atos futuros
de terrorismo que Saddam Hussein viria a patrocinar mais cedo ou mais tarde, conforme
a suspeita dos EUA. Será melhor para a imagem externa dos americanos que seus
militares venham a encontrar as armas químicas e biológicas que serviram inicialmente
de pretexto para a derrubada do regime de Saddam Hussein. Isso pode parecer
dramaticamente relevante para a opinião pública internacional. Não o é, ao que tudo
indica, para os neoconservadores que se aninham em torno do presidente americano
George W. Bush. Com a invasão do Afeganistão e do Iraque, seguida da deposição de
ambos os governos em tempo recorde, os americanos deram um sinal claro do que os
impulsiona hoje em dia. Querem fazer saber aos países inimigos que correm riscos
enormes se vierem a praticar atos hostis contra os EUA. A derrubada de duas torres em
Nova York e de uma ala do Pentágono em Washington, além das suspeitas a respeito do
risco representado por Saddam, bastou-lhes como justificativa para promover duas
guerras e duas deposições de ditadores.
Há riscos na estratégia. Um deles é a persistência de focos armados leais a Saddam e
prontos a atacar de surpresa no formato de guerrilha urbana. Outro risco está no
surgimento de centenas de Bin Laden em cada país islâmico.


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Até sexta-feira passada, no entanto, o que se via eram iraquianos sorridentes junto aos
ocupantes americanos. Grupos de habitantes de Bagdá adaptaram o chavão preferido
de Saddam às novas circunstâncias. "Com nosso sangue, com nossa alma, nós vamos
defender você, Bush! Bush! Bush!"




                                          TERRA DE NINGUÉM
                                          Os saques explodiram com a queda do
                                          regime: saqueadores levam tapetes do
                                          hotel Sheraton, que teve o saguão
                                          destruído, em Basra. À esquerda, o roubo
                                          na casa de Tariq Aziz, ministro de Saddam
                                          em Bagdá

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O regime de Saddam desmoronou quase sem lutar em sua capital. A queda rápida de
Bagdá não deixa dúvidas quanto à impopularidade do homem que durante mais de duas
décadas impôs com mão de ferro sua vontade sobre o Iraque. Também pôs em evidência
a dura tarefa de reconstrução de um país dilacerado por um governo corrupto,
sanguinário, megalomaníaco e por mais de uma década de sanções internacionais. E o
Iraque piorou muito durante a guerra. Na semana passada, as grandes cidades viviam em
absoluta anarquia. Os soldados invasores deixaram a população à solta e ela, em delírio
ou desespero, promoveu um saque a tudo o que pudesse ser carregado em caminhões,
tratores, carrinhos de mão ou na cabeça
Os saques ocorreram em todas as cidades tão logo o poder do Estado sumiu das ruas. Na
capital, a roubalheira começou pelos prédios estatais e pelas residências abandonadas
pelos manda-chuvas em fuga – até os cavalos árabes foram levados do palácio de Udai, o
primogênito do ditador. Logo a multidão assaltou lojas, bancos, universidades e até os
hospitais. A maioria dos saqueadores era de moradores vindos de Cidade Saddam, a
enorme favela em que vivem 2 milhões de muçulmanos da vertente xiita. O governo de
Saddam, representante da minoria sunita, tratava essa gente como cidadãos de segunda
classe. É natural que o colapso do regime seja seguido por um período de caos. O Iraque
era um país engessado por uma das ditaduras mais perversas da atualidade. Nos regimes
de força, quando se retira a tampa da repressão, a sociedade muitas vezes é tomada pelo
clima de bagunça até o estabelecimento de uma nova ordem.


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No caso iraquiano, o fim da ditadura foi imposto por uma invasão militar estrangeira.
Não é um fim inusitado para um regime totalitário. Sobretudo para aqueles, como o
iraquiano, que incluíram entre seus desatinos duas tentativas de conquistar
territórios vizinhos em guerras malsucedidas. Nesse aspecto Saddam foi um ditador
típico. Quando vira a esquina da insensatez e se dispõe a fazer a maldade que for
necessária para manter o comando da situação, esse tipo de governante só sai
morto do poder. O soviético Josef Stalin e o chinês Mao Tsé-tung, responsável cada
um deles pela morte de milhões de concidadãos, morreram na cama. Adolf Hitler só
se matou quando as tropas soviéticas estavam às portas de seu bunker, depois de ter
destruído Berlim e matado milhares de seus habitantes. O romeno Nicolae
Ceausescu foi executado pela multidão enfurecida que saiu em sua perseguição, em
1989. Pol Pot, que numa alucinada experiência de reengenharia social trucidou um
quarto da população do Camboja, foi deposto por tropas vietnamitas, que invadiram
o país sob o aplauso dos cambojanos. Morreu numa choupana na selva, anos depois.
Até a madrugada de sábado, ignorava-se o paradeiro de Saddam Hussein. Seu
destino, porém, é uma questão resolvida. Ele não vai retornar ao poder.




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Há, no horizonte, a possibilidade de um Iraque democrático prometido pelos Estados
Unidos. Isso pode ser uma boa notícia num Oriente Médio congestionado por regimes
teocráticos e ditaduras brutais. A promessa não é suficiente, no entanto, para mascarar
a dor deixada pelos ataques a vítimas inocentes como o menino Ali Ismail Abbas, de 12
anos, que perdeu os dois braços e toda a família sob bombas americanas. Para ele e
para muitos outros, gente mutilada pelos bombardeios, que teve parentes ou casas
destruídas, o preço pessoal pago pela vitória americana e pela queda de Saddam não
faz nenhum sentido. A dolorosa foto do menino mutilado numa cama transmite uma
mensagem dramática do horror da guerra. Tem, para a guerra do Iraque, o simbolismo
que uma foto anterior, de 1972, teve para a Guerra do Vietnã: mostrava uma menina de
9 anos, chamada Phan Thi Kim Phuc, correndo nua numa estrada, com o corpo
queimado por bombas incendiárias lançadas por aviões americanos sobre sua aldeia.




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VÍTIMA DA GUERRA
Ali Ismail Abbas, de 12 anos, perdeu os pais e o irmão e
teve os braços amputados pelo míssil americano que
destruiu sua casa, em Bagdá; o drama do garoto pode
se tornar o símbolo desta guerra, como aconteceu com
a foto da vietnamita Phan Thi Kim Phuc, em 1972
(abaixo). A menina de 9 anos, queimada por bombas
incendiárias, simbolizou os horrores da Guerra do
Vietnã                                                15/3/2009   47
Como toda guerra, a invasão do Iraque foi cruel. Ainda assim, devido ao cuidado
americano em evitar atingir os não-combatentes iraquianos e à própria brevidade do
conflito, o número de baixas civis – estimado em 2.000 – é relativamente baixo para
um conflito dessas proporções. Acredita-se que 100.000 iraquianos (200.000 em
outras estimativas) tenham sido assassinados pelo regime de Saddam Hussein. E
outros 500.000 foram mortos nas guerras iniciadas pelo ditador, contra o Irã e o
Kuwait. Talvez nunca se venha a saber com certeza quantos soldados iraquianos
tombaram desta vez. Divisões inteiras foram dizimadas pelos bombardeiros
americanos, e os corpos de muitos soldados foram de tal forma pulverizados que
tornam impossível a contagem. Também não se sabe quantos deles simplesmente
abandonaram armas e uniformes e desertaram para não morrer.
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Nos Estados Unidos, a repercussão da guerra é surpreendentemente favorável: 71% da
população apóia Bush, 13% a mais que no início da guerra, de acordo com o Instituto
Gallup. Nos demais países, a imagem dos americanos só piora. Nove em cada dez
franceses são contra a invasão do Iraque e desconfiam que os Estados Unidos só se
interessam pelo petróleo iraquiano. Na Itália, na Alemanha e no Japão, a oposição à
guerra passa dos 80%. É natural que o uso da força para projetar o poder americano no
mundo – a estratégia ideológica defendida pelos neoconservadores que cercam e
influenciam o presidente George W. Bush – não seja a melhor maneira de conquistar
amigos no exterior.
O governo Bush realizou o que chama de "ataque preventivo" contra Saddam Hussein.
A intenção era golpear o ditador antes que ele viesse eventualmente a usar seu arsenal
de armas químicas e biológicas que os governantes americanos dizem que tinha em
seu poder. Washington nunca exibiu uma prova convincente de ligação direta entre o
regime iraquiano e o terrorismo em nome de Alá. Os inspetores da ONU, mandados ao
Iraque para procurar vestígios de armas químicas e biológicas, nada acharam. Isso não
significa que as armas não existam, mesmo porque Saddam já as havia usado antes.




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E agora? O que farão os Estados Unidos a partir de agora? Em que direção apontarão
os canhões dos tanques Abrams na próxima vez em que cismarem que um
governante esconde um plano terrorista contra os cidadãos americanos? Há indícios
de que Washington não exclui a possibilidade de recorrer à força de novo, desta vez
contra a Síria. Advertências explícitas foram feitas ao governo de Damasco, que já
aparecia na lista americana dos países patrocinadores de terrorismo e, agora, está
praticamente sendo tratado como um novo membro do "eixo do mal" (os
integrantes originais são o Iraque, o Irã e a Coréia do Norte). Talvez não seja o caso
de uma guerra imediata. Em artigo publicado no The New York Times, o jornalista
David Sanger diz que a Casa Branca conta com o chamado "efeito demonstração" da
vitória acachapante sobre os outros governos árabes. A idéia é que, pelo menos nos
próximos tempos, enquanto os Estados Unidos estiverem ocupados na reconstrução
do Iraque, as pressões políticas sejam suficientes para obrigar os caciques do Oriente
Médio a pesar com cuidado cada um de seus passos. É de imaginar que nenhum
deles esteja dormindo muito bem nos últimos dias.




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PAÍS AOS PEDAÇOS
Jovens choram a perda de três parentes,
mortos numa barreira americana



                                          15/3/2009   51
Regimes democráticos espalharam-se com rapidez desde a queda do Muro de
Berlim, há catorze anos. Isso aconteceu na América Latina, na Ásia e até na África
– mas não no mundo árabe. Por que é assim? Uma parte da explicação, diz o
iraquiano Elie Kedourie, autor do livro Democracia e Cultura Política Árabe, decorre
do fato de a tradição política muçulmana não ter chegado ao estágio de separar o
Estado da mesquita. O Islã coloca a soberania política em Alá. Em outras palavras,
o Estado deve ser totalitário por ser uma emanação da vontade divina. A lógica
prevalece mesmo quando o governante é laico. Outra explicação está no
subdesenvolvimento econômico. A burguesia e a classe média são dependentes
do Estado e, portanto, não têm interesse em lutar pela democracia. "Só uma
classe média esclarecida pode tirar os ditadores do poder", resume o libanês
Ahmad Dallal, professor de história do Oriente Médio da Universidade Stanford,
na Califórnia. Todos os processos democráticos testados nesses países – como a
extensão do voto às mulheres no Catar – foram decisões pessoais de líderes
autocráticos.
Por fim, há o peso do conflito com Israel. A solução dos problemas externos é o
pretexto para adiar o processo democrático doméstico. No Cairo, há liberdade
total para fazer passeatas contra os israelenses, mas nenhuma para pregar o fim
do governo local. O que mais preocupa os caciques em Damasco, Teerã e Riad é a
possibilidade de a libertação dos iraquianos, ainda que involuntária, fomentar
idéias similares em seus países.
                                                                 15/3/2009             52
O maior risco para essas ditaduras é que dê certo a reconstrução prometida pelos
Estados Unidos. Rico e democrático, o Iraque se tornaria um modelo para virar do
avesso a tirania no Oriente Médio.




                                                               15/3/2009           53
Culinária medieval e brasileira
              Livros e manuscritos da cozinha da Europa medieval, em
              várias idiomas, escritos ou publicados entre o século XIII
              e a Renascença. Em português, o site faz referência ao O
              Livro de Cozinha da Infanta D. Maria de Portugal .
              Numa tradução livre, posso transcrever toscamente um
              pouco do conteúdo do livro que é dedicado à Infanta. É
              uma raridade, além de uma informação curiosa


             "Esse livro de cozinha portuguesa foi encontrado no
             manuscrito I.E.33 da Biblioteca Nacional de Naples por
             Alfonso Miola em 1895. O manuscrito reune um certo número
             de textos pertencentes à família Farnèse. Uma edição integral
             bilingue (português medieval e moderno) do texto foi
             publicada em 1967 por Giacinto Manuppela (introdução
             histórica de Salvador Dias Arnaut), Universidade de Coimbra
             (Acta Universitatis Conimbrigensis).


                                                 15/3/2009                 54
Giacinto Manuppela estima, na introdução, que as receitas de origem desse livro de
cozinha foram escritas por volta do fim do século XV ou início do século XVI.
Entretanto, a data de redação do manuscrito coloca um problema: o manuscrito se
apresenta sem página de título, com várias escritas diferentes. Ele é chamado O Livro de
Cozinha da Infanta D. Maria de Portugal. Na realidade, a Infanta D. Maria de Portugal,
esposa de Alexandre Farnèse, viveu entre 1538 e 1577. O manuscrito talvez lhe seja
atribuído porque se trata de um texto em português, que faz parte de um conjunto de
textos da família Farnèse. A terceira receita (escrita numa letra diferente) faz referência ao
Brasil Vinho de açúcar que se bebe no Brasil, que é muito são e para o fígado é maravilhoso,
ouro o Brasil foi colonizado pelos portugueses somente na primeira metade do século XVI.
Três receitas são citadas com um nome de autor difícil de identificar: Dona Isabell de
Vilhana e Dom Luis de Moura. Pode se tratar, portanto, de um manuscrito 'composite', com
receitas escritas predominantemente ao fim do século XV e com alguns acréscimos de
receitas posteriores.
O Livro de cozinha apresenta-se como uma coletânea/compêndio (talvez incompleta/o?)
sem nenhum título nem introdução com 67 receitas. A primeira receita começa
bruscamente, sem título. Ela é completa?

"A receita II chamada Para se fazer sessenta varas de veludo de pelo miúdo comporta 4
linhas. A receita III é a receita de vinho que se bebe no Brasil de que se fala abaixo: um
vinho medicinal. Em seguida, encontramos mais 4 capítulos mais coerentes:


                                                                     15/3/2009               55
curiosidades
Nariz e orelhas nunca param de crescer O
tecido cartilaginoso, que forma o nariz e as
orelhas, não deixa de crescer nem mesmo
quando o indivíduo torna-se adulto. Daí porque
o nariz e as orelhas de um idoso são maiores do
que quando era jovem. A face também encolhe
porque os músculos da mastigação se atrofiam
com a perda dos dentes.
                    Uma reconstrução de alta tecnologia lançou nova luz sobre a aparência
                    do Faraó Tutancâmon, o adolescente que governou o Egito antigo e foi
                    imortalizado por quase um século por sua máscara da morte dourada.
                    Cientistas e artistas de efeitos especiais na Grã-Bretanha e na Nova
                    Zelândia usaram técnicas digitais aplicadas em investigações de crime
                    para fazer um modelo em fibra de vidro que, segundo eles, resulta na
                    aparência mais provável do faraó. A cabeça de Tutancâmon, que entrou
                    em exibição hoje no Museu de Ciência de Londres, lembra pouco a face
                    da máscara dourada. Ao contrário do famoso rosto de traços leves e
                    lábios grossos, o modelo mostra um jovem com o rosto amplo,
                    proeminências abaixo dos olhos e testa pesada.

                                                               15/3/2009             56
"Acho que as pessoas ficarão surpresas, pois é um rosto bem diferente. Mas é bem
realista, por causa da tecnologia usada", disse uma porta-voz do museu.
A equipe de reconstrução foi forçada a usar Raios-X tirados em 1968 para fazer o
modelo do rosto do rei de 18 anos, pois a cabeça mumificada foi muito modificada para
dar dimensões de uma pessoa viva.
Robin Richards, especialista em reconstrução facial da Universidade College London,
escaneou traços de pessoas da mesma idade, sexo e grupo étnico de Tutancâmon para
criar um tipo de pele, que depois foi adicionado a um crânio digital tridimensional.
Artistas de efeitos especiais da Nova Zelândia coloriram o crânio e escultores criaram o
molde final em argila, antes da fabricação em fibra de vidro.
A tumba do rei Tutancâmon, que governou o Egito no século 14 a.C e morreu
misteriosamente ainda jovem, foi descoberta pelo arqueólogo britânico Howard Carter
em 1922. O local continha tantos artefatos que foram necessários 10 anos para removê-
los.




                                                               15/3/2009              57
Caderno de manjares de carne: 26 receitas de carnes e peixes, de massas. Encontramos 2
receitas de galinha 'mourysqua' que fazem pensar na herança árabe-andaluz.
Caderno      dos     manjares       de      ovos    :      4    receitas  com    ovos.
Caderno dos manjares de leite : 7 receitas de laitages, entre os quais manjar-branco.
Caderno das cousas de conservas : 27 receitas doces de conservas de frutas (geléias ou
frutas em conserva) e de bolos (biscoitos, 'macapaaees' : massepain ?).


                                         Fonte: Old Cook Cuisine Médiévale.




                                                               15/3/2009             58
Faculdade de Tecnologia e Ciências.
Unidade Pedagógica: PINHEIROS-ES
Curso: Historia
Disciplina: história da arte
Período: 6º período
Componente: Itamar lemes e Weles de Assis
Tutor: Udisom Brito




                                            15/3/2009   59

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  • 1. História contemporânea Edição:nº 01 26 de fevereiro de 2009 HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA: O mundo em guerra Nessa edição:o estado de saúde Guerra na de José de palestina. Alencar 15/3/2009 1
  • 2. editorial Entrevista: Franklin Delano Roosevelt pag 14 arquivo VEJA, Junho de 1944 Nacional: estado de saúde de José de Alencar. Pag. 11 Internacional: OIT mostra que desemprego deve aumentar na América Latina neste ano pag. 14 Colunas pag. 30 Gente pag. 34 moda Guerra no oriente médio. Culinária medieval e brasileira pag. 54 15/3/2009 2
  • 3. ENTREVISTA: Franklin Delano Roosevelt ENTREVISTA: Franklin Delano Roosevelt VEJA, Junho de 1944 O presidente americano comemora os avanços na Normandia e a conquista de Roma, mas avisa: o caminho até a vitória ainda é longo. Com confiança nos aliados soviéticos e chineses, FDR não cogita a derrota - mas é cauteloso ao discutir as datas. 'Será bem difícil e custoso, como já alertara antes', diz. o assumir a presidência dos Estados Unidos, em 4 de março de 1933, Franklin Roosevelt proclamou sua frase mais famosa: "A única coisa que devemos temer é o próprio medo". A frase se refereia aos tempos da Grande Depressão, o atoleiro econômico em que vivia a nação até a posse do novo presidente. Agora, com o país novamente de pé - e mais rico do que antes -, o bordão pode muito bem ser aplicado à participação americana na guerra. Após muita resistência, os EUA subiram ao ringue e, com seu peso decisivo, inverteram a balança de forças. A posição da maioria dos americanos mudou da água para o vinho: a hesitação isolacionista ficou para trás, dando lugar a uma forte disposição de vencer. A guinada não foi obra só dos japoneses, que atacaram Pearl Harbor e inflamaram o povo - Roosevelt, político habilíssimo e espetacular orador, vendeu como ninguém a causa dos Aliados, fazendo o país enfim superar seus temores. Craque também nas urnas, FDR deverá tentar um inédito quarto mandato como presidente no fim deste ano. Nos dois últimos pleitos, em 1936 e 1940, foi reeleito vencendo de lavada. Por causa da guerra, é quase impossível que não ganhe outra vez - apesar dos sinais cada vez mais preocupantes de problemas com sua frágil saúde, sobre a qual a imprensa americana reluta em falar. Se o físico de Roosevelt aparenta desgaste, seu impressionante intelecto parece afiado como sempre. Nesta entrevista, ele explica com brilho e franqueza como vencerá a guerra e revela que ajudará até os países derrotados: "Estabelecer um padrão de vida decente em todas as nações é um fator essencial para a paz permanente". ... 15/3/2009 3
  • 4. o assumir a presidência dos Estados Unidos, em 4 de março de 1933, Franklin Roosevelt proclamou sua frase mais famosa: "A única coisa que devemos temer é o próprio medo". A frase se refereia aos tempos da Grande Depressão, o atoleiro econômico em que vivia a nação até a posse do novo presidente. Agora, com o país novamente de pé - e mais rico do que antes -, o bordão pode muito bem ser aplicado à participação americana na guerra. Após muita resistência, os EUA subiram ao ringue e, com seu peso decisivo, inverteram a balança de forças. A posição da maioria dos americanos mudou da água para o vinho: a hesitação isolacionista ficou para trás, dando lugar a uma forte disposição de vencer. A guinada não foi obra só dos japoneses, que atacaram Pearl Harbor e inflamaram o povo - Roosevelt, político habilíssimo e espetacular orador, vendeu como ninguém a causa dos Aliados, fazendo o país enfim superar seus temores. Craque também nas urnas, FDR deverá tentar um inédito quarto mandato como presidente no fim deste ano. Nos dois últimos pleitos, em 1936 e 1940, foi reeleito vencendo de lavada. Por causa da guerra, é quase impossível que não ganhe outra vez - apesar dos sinais cada vez mais preocupantes de problemas com sua frágil saúde, sobre a qual a imprensa americana reluta em falar. Se o físico de Roosevelt aparenta desgaste, seu impressionante intelecto parece afiado como sempre. Nesta entrevista, ele explica com brilho e franqueza como vencerá a guerra e revela que ajudará até os países derrotados: "Estabelecer um padrão de vida decente em todas as nações é um fator essencial para a paz permanente". 15/3/2009 4
  • 5. Prisão e execução de Mussolini 15/3/2009 5
  • 6. VEJA - Como país mais rico do mundo, os Estados Unidos vêm pagando parte substancial da conta da campanha aliada. Seu país terá fôlego econômico para custear a guerra até o fim sem comprometer seu futuro? Roosevelt - Acredito que sim. Além do recolhimento dos impostos comuns, reuniremos os fundos necessários para lutar através da venda de Títulos de Guerra. A compra desses papéis é um ato de livre escolha, que todo cidadão faz de acordo com sua própria consciência. E fico feliz em informar que quase todos os americanos fizeram isso. O país tem cerca de 67 milhões de pessoas com alguma renda, mas 81 milhões já compraram Títulos de Guerra. Foram mais de 600 milhões de títulos comprados, que somaram mais de 32 bilhões de dólares. Se há alguns anos alguém dissesse que isso ocorreria, seria chamado de lunático. VEJA - Mas o apoio popular ao esforço de guerra ainda tem algumas exceções. Roosevelt - Confesso que fico desapontado quando noto isso. A esmagadora maioria da população recebeu as demandas da guerra com magnífica coragem e muita compreensão. Aceitaram inconveniências, aceitaram dificuldades, aceitaram sacrifícios. Mas, enquanto a maioria trabalha sem reclamar, uma minoria barulhenta continua rosnando por favores especiais. São pestes que infestam os lobbies do Congresso e os bares de Washington e enxergam na guerra uma chance de obter lucro próprio. Talvez nem estejam tentando sabotar o esforço de guerra, mas se iludem ao achar que acabou a hora de fazer sacrifícios, que a guerra já está ganha e podemos relaxar. Mas esse tipo de atitude só prolonga a guerra. 15/3/2009 6
  • 7. VEJA - Nota-se também a preocupação de muitos americanos com o dinheiro que o senhor reservará para reconstruir os países arrasados pela guerra. Roosevelt - Mas estabelecer um padrão de vida decente para homens, mulheres e crianças em todas as nações é um fator essencial para uma paz permanente. A real liberdade individual não pode existir sem segurança econômica. Pessoas famintas e desempregadas são a matéria-prima das ditaduras. Há pessoas que se entocaiam como toupeiras e tentam espalhar pelo país a suspeita de que, se outras nações forem ajudadas a elevar seu padrão de vida, o padrão de vida dos americanos será depreciado. Na verdade, é o contrário. Já ficou provado que, se o padrão de vida de um país cresce, cresce também seu poder de compra. E essa alta estimula o aumento do padrão de vida de vizinhos com quem faz comércio. É pura questão de bom senso. VEJA - Há mais uma queixa em seu país: a de que as medidas adotadas por causa do esforço de guerra são excessivas. A seu pedido, o Congresso proibiu, por exemplo, a realização de greves, algo que se costuma ver em regimes totalitários... Roosevelt - Nosso sistema de serviço nacional é a forma mais democrática de se lutar uma guerra. É a obrigação do cidadão servir à nação ao máximo onde ele for mais bem qualificado. E isso não significa redução de salários, perda de benefícios previdenciários, prejuízo aos empregos. Estou convicto de que o povo americano receberá bem as medidas, baseadas no princípio do "justo para um, justo para todos". É assim que se luta e se ganha uma guerra. Ainda que ache que os Aliados podem vencer sem tais medidas, estou certo de que nada menos do que a mobilização total da mão-de-obra e do capital garantirá a vitória antecipada. 15/3/2009 7
  • 8. VEJA - O senhor acredita que o isolacionismo, posição majoritária no país até o ataque a Pearl Harbor, voltará a existir depois da guerra? Roosevelt - Creio que não. Vivemos por tempo demais sob a esperança de que as nações agressoras e belicistas aprenderiam e entenderiam a doutrina da paz puramente voluntária. Era uma posição bem-intencionada, mas fracassada. Espero que não a adotemos de novo. Bem, esperar é pouco: na verdade, farei tudo o que for humanamente possível como presidente para evitar que esses trágicos erros não sejam cometidos outra vez. Sempre existiram os idiotas que acreditavam que não haveria guerras se todos entrassem em casa e trancassem suas portas. Eles não estavam dispostos a encarar os fatos. Mas, se estamos lutando pela paz agora, não é lógico que no futuro usemos a força, se necessário, para manter essa paz? VEJA - Além do espetacular progresso obtido depois do Dia D, as últimas semanas foram marcadas também pela libertação de Roma. Como o senhor recebeu essa notícia? Roosevelt - Como foi a primeira das capitais do Eixo a estar em nossas mãos, pensei: uma já foi, agora faltam duas, Berlim e Tóquio. Talvez seja significativo que a primeira capital a cair tenha a mais longa história entre todas elas. Ali ainda vemos os monumentos do tempo em que os romanos controlavam todo o mundo. Isso também é significativo, já que queremos que, no futuro, nenhum povo seja capaz de governar o planeta inteiro. Além dos monumentos antigos, também vemos em Roma o grande símbolo do cristianismo. Fico satisfeito que a liberdade do papa e do Vaticano tenha sido garantida por nós. Também é simbólico que Roma tenha sido libertada por forças de várias nações juntas. E, se Roma foi poupada da devastação que assolou outras cidades, não é aos alemães que devemos agradecer. Afinal, manobramos com tamanha perícia que, se ficassem em Roma para destruir a cidade, os nazistas perderiam exércitos inteiros. Mas Roma é, obviamente, mais que um simples objetivo militar. 15/3/2009 8
  • 9. VEJA - E como será a vida dos italianos agora? Roosevelt - Eventualmente a Itália conseguirá se reconstruir. Mas será seu próprio povo que fará isso, escolhendo seu próprio governo democrático. Enquanto isso, não seguiremos o padrão adotado por Mussolini e Hitler nos países ocupados, de pilhagem e fome. Já estamos ajudando. Com a cordial cooperação dos italianos, estamos estabelecendo a ordem, dissolvendo as organizações fascistas, suprindo as necessidades cotidianas até que eles possam cuidar deles mesmos. Os italianos viveram por tanto tempo sob o regime corrupto de Mussolini que sua condição piorou muito. Encontramos fome, miséria, doença, educação e saúde pública pioradas. São subprodutos do fascismo. A tarefa aliada na ocupação é gigantesca. VEJA - O senhor sabe estimar quanto essa operação custará? Roosevelt - Veja, alguns podem pensar nisso só pelo aspecto financeiro. Mas esperamos que a ajuda seja um investimento no futuro, que pague dividendos ao acabar com o desejo italiano de iniciar outra guerra. Não perdemos de vista suas virtudes como nação pacífica. Lembramos dos muitos séculos em que os italianos brilhavam nas artes e ciências. Lembramos de seus grandes filhos, como Galileu e Marconi, Michelangelo e Dante. No passado, milhões deles chegaram aos EUA. Foram bem recebidos, prosperaram, se tornaram bons cidadãos. O mesmo ocorreu em outros países, como no Brasil, por exemplo. A Itália deve continuar sendo uma grande nação-mãe, contribuindo para o progresso e preservando sua herança cultural e histórica. Todas as nações contrárias ao fascismo devem ajudar a Itália a ter outra chance VEJA - Antes do Dia D, surgiram relatos de que americanos e britânicos brigaram para decidir quem comandaria essa monumental ofensiva. Essa informação procede? Roosevelt - É evidente que não. Você pode até ter ouvido de algumas pessoas que britânicos e americanos não se dão bem, que a cooperação entre nós é difícil. Nossas recentes vitórias desmentem 15/3/2009 9
  • 10. VEJA - E os russos e chineses? Há alguma rivalidade ou atrito com eles? Roosevelt - As recentes conferências do Cairo e Teerã deram-me a primeira oportunidade de conhecer o generalíssimo Chiang Kai-shek e o marechal Josef Stalin, de sentar à mesa com eles e conversar frente a frente. Confiávamos uns nos outros, mas precisávamos do contato pessoal. Agora, além de confiar neles, os conheço bem. Valeu a pena viajar milhares de quilômetros para ver que concordamos em todos os objetivos e em todos os meios de obtê-los. Encontrei no generalíssimo Chiang um homem de grande visão, de um entendimento agudo dos problemas atuais e futuros. E me relacionei muito bem com o marechal Stalin, homem que combina tremenda determinação com um eterno bom humor. Acredito que ele seja um legítimo representante da alma e coração dos soviéticos, com quem, creio, teremos uma ótima relação. VEJA - Então os Aliados já definiram o que fazer quando a guerra terminar? Roosevelt - Concordamos substancialmente nos objetivos gerais para o mundo no pós-guerra. Discutimos as relações globais sob o ponto de vista das metas amplas, não de detalhes. Mas, depois desses debates, posso dizer que não creio no surgimento de diferenças indissolúveis entre URSS, Grã-Bretanha e EUA. De qualquer forma, não é hora de iniciar a discussão sobre termos de paz. Primeiro precisamos ganhar a guerra. Não podemos aliviar nossa pressão sobre o inimigo perdendo tempo com discussões sobre fronteiras e controvérsias políticas. Ainda não é hora de festejar. A vitória ainda está a alguma distância de nós. Essa distância será percorrida no tempo devido. Mas isso será difícil e custoso, como já alertara antes. E suspeito que, quando essa guerra enfim terminar, não estaremos em clima de festa. Acho que nossa maior emoção será uma grave determinação para que isso jamais volte a acontecer. Entrevista retirada da revista veja: Junho de 1944 15/3/2009 10
  • 11. Médico diz que primeiras 24 horas após cirurgia de Alencar foram 'satisfatórias' Vice se recupera de cirurgia para retirada de tumores. Segundo médico, evolução de quadro clínico está dentro do esperado O cardiologista Roberto Kalil Filho, que acompanha o vice- presidente José Alencar, internado no Hospital Sírio- Libanês, em São Paulo, disse nesta terça-feira (27) que as primeiras 24 horas de recuperação foram "satisfatórias". "Agora temos até amanhã para tentar que ele respire sem a ajuda de aparelhos", disse o médico. Segundo ele, a sedação já foi suspensa. "Foi suspensa com o objetivo de tirá-lo dos aparelhos." "Cada paciente responde de uma maneira [a uma cirurgia]. O vice-presidente está respondendo muito bem, está estável e dentro da nossa programação", afirmou o médico. José de Alencar Alencar está internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para se recuperar de uma cirurgia realizada no domingo (25) que retirou tumores da região abdominal. O procedimento durou mais de 17 horas. Boletim médico divulgado nesta terça informou que ele respira por aparelhos e que "mantém todos os sinais vitais normais, inclusive com bom funcionamento do rim". 15/3/2009 11
  • 12. Visita de Lula O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve no hospital no início da tarde. Em entrevista após a visita, ele destacou a “fortaleza” do vice e disse que “a mão de Deus está cada vez mais presente nas cirurgias” de Alencar. O presidente afirmou que deixava o hospital feliz com o otimismo dos médicos e da família. “Tenho certeza de que a hora que ele puder falar, a primeira coisa vai dizer é que é preciso reduzir a taxa de juros”, brincou. Lula disse que acredita numa recuperação mais rápida de Alencar agora, em comparação com as cirurgias anteriores. O presidente contou que conversou com Alencar na sexta (23) sobre a cirurgia. “Fiquei pensando se teria coragem de fazer a cirurgia se estivesse no Presidente lula lugar dele”, disse aos jornalistas. 15/3/2009 12
  • 13. A cirurgia A cirurgia, considerada de alta complexidade pelos médicos, é a mais delicada realizada nos dez anos em que José Alencar luta contra o câncer. Durante o procedimento, foram retirados nove tumores. Para remover o maior deles, com 12 centímetros de diâmetro, foi preciso remover também parte dos intestinos grosso e delgado. Foi necessário ainda retirar dois terços do canal que liga o rim esquerdo à bexiga; os médicos usaram parte do intestino para reconstruir o canal. Também foram removidos pelos menos outros oito tumores menores na região abdominal. No final da operação, os médicos também aplicaram uma injeção com uma solução de quimioterapia para que fossem eliminadas possíveis células cancerígenas. A cirurgia foi conduzida pelo cirurgião-oncologista Ademar Lopes. “O Vice-Presidente e seus familiares foram avisados sobre a complexidade do procedimento, bem como, sobre os riscos trans e pós-operatórios, estando todos de perfeito acordo”, frisou o cirurgião- oncologista Ademar Lopes. 15/3/2009 13
  • 14. OIT mostra que desemprego deve aumentar na América Latina neste ano Região pode perder até 2,4 milhões de empregos por conta da crise. Índice deve chegar a 8,3%, semelhante ao de 2007. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou, nesta terça-feira (27), que a taxa de desemprego na América Latina e no Caribe deve aumentar para 8,3% em 2009, por conta da crise financeira internacional. Segundo a estimativa da Organização, podem ser fechadas entre 1,5 milhão e 2,4 milhões de vagas formais no meio urbano neste ano. A expectativa da OIT é de que 2009 produza um aumento do desemprego para uma taxa semelhante à registrada em 2007 (8,3%) na América Latina e Caribe. O destino do currículo Em 2008, a taxa ficou em 7,5%, completando um ciclo de cinco anos de redução. Para a OIT, parte do avanço conseguido em 2008 será perdido devido à crise financeira internacional. 15/3/2009 14
  • 15. No Brasil, segundo o estudo da OIT, entre janeiro e novembro do ano passado, o desemprego ficou em 8%. Em 2007, essa taxa foi de 9,5%. O levantamento da Organização usa os dados da Pesquisa Mensal de Emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que pesquisa as seis principais regiões metropolitanas do país. O diretor da OIT para a América Latina e o Caribe, Jean Maninat, disse que os governos precisam encontrar fórmulas urgentes para evitar uma retração muito grande do emprego na região. “Estes prognósticos mostram a necessidade de que sejam tomadas medidas para reduzir o impacto laboral da crise com políticas anticíclicas e inovadoras, com programas de investimento, apoio a empresas produtivas e proteção à população mais vulnerável. Depois de anos de resultados positivos, a região está melhor preparada para este desafio”, disse Maninat Salários O Panorama Laboral mostra ainda que os trabalhadores estão recebendo reajustes salariais inferiores ao que receberam em 2007. O aumento das remunerações foi, em média, de 3,2% na América Latina e Caribe em 2008. Em 2007, essa média era de 3,7%. No Brasil, o reajuste médio das remunerações em 2008 foi de 1,6%. 15/3/2009 15
  • 16. Segundo a diretora do escritório da OIT no Brasil, Laís Abramo, a média da região é elevada porque, na Argentina, os salários na iniciativa privada tiveram reajustes muito elevados, em torno de 8,4%. Se os dados argentinos forem excluídos do relatório, o reajuste médio dos salários na região fica em 0,6%. Previsões para 2009 A OIT usa cálculos da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) para projetar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Essa previsão aponta que a região crescerá, no máximo, 1,9% em 2009. Segundo esses prognósticos, a economia brasileira deve crescer 2,1% neste ano. “Se isso se confirmar realmente entraremos num processo muito forte de redução do crescimento e conseqüente aumento do desemprego”, afirmou a diretora da OIT no Brasil. Realidade do trabalhador. 15/3/2009 16
  • 17. internacional A guerra dos quatro dias Mas que pode durar muito mais: Israel ataca os radicais do Hamas na Faixa de Gaza, com terríveis conseqüências para a população civil. É mais uma prova de como é necessário – e difícil – um acordo de paz. Hatem Omar/AP CHOQUE E ESPANTO Família palestina foge de bombardeio: mais de 370 mortos, dos quais sessenta civis A lógica tribal tem regras simples: se você me ataca, eu ataco de volta. Se quiser me destruir, eu o destruo primeiro. 15/3/2009 17
  • 18. Se eu puder, uso dez vezes mais violência. Ou cem. Ou mil. Sei que você vai querer se vingar, mas estarei preparado, à espera. Eternamente, se for preciso. Essa é a lógica da guerra dos quatro dias, mas que pode se estender, desfechada por Israel contra um dos lugares mais desgraçados do mundo, a Faixa de Tentativa pacífica de resolver a situação, em 13 de setembro de 1993. Gaza. O pedaço estreito de terra desértica e superpovoada ficou ainda mais perigoso depois que o Hamas, uma organização nacionalista permeada pela ideologia dos radicais muçulmanos, o transformou numa espécie de segundo estado palestino – o primeiro fica no território conhecido como Cisjordânia e é governado pelo Fatah; os dirigentes de cada um dos pedaços de uma futura e já tão alquebrada nação palestina se odeiam. Desde que o Hamas tomou o poder em Gaza, Israel bloqueia o território, com as tristes e previsíveis conseqüências para a população civil, privada de quase tudo. Houve uma trégua nos últimos meses, mas ela acabou quando o Hamas voltou a disparar foguetes, toscos embora perigosos, contra cidadezinhas israelenses fronteiriças. 15/3/2009 18
  • 19. Invocando o direito de garantir a segurança dos moradores da região, no sábado 27 Israel lançou uma série arrasadora de bombardeios contra Gaza. Os alvos visavam à estrutura de poder do Hamas – a central do aparato de segurança, o quartel da polícia, depósitos de armas, lugares onde dirigentes da organização 1973: o general Moshe Dayan (e) com Ariel Sharon na Guerra do Yom Kippur.O conflito é de muito tempo. trabalham e vivem. Prédios inteiros foram, literalmente, evaporados. Bombardear cidades só pode ter resultados terríveis. Dos mais de 370 mortos em quatro dias, cerca de sessenta eram civis, inclusive crianças, nas mais desoladoras das cenas. Cinco irmãs, todas menores, morreram numa mesma casa. Em outra, vizinha de um dirigente do Hamas, mais três meninos pereceram. Os foguetes vindos de Gaza persistiram. Morreram quatro israelenses, incluindo uma mulher beduína. 15/3/2009 19
  • 20. Massacre de inocentes Na linguagem diplomática, esse tipo de reação é chamado de uso desproporcional da força. Na lógica tribal, é autodefesa perfeitamente admissível e moralmente justificável, tanto que a maioria dos israelenses apoiou os ataques. Evidentemente, existem motivos estratégicos que vão além do direito de proteção às localidades alvejadas pelo Hamas: Israel quis desfechar um golpe estrondoso contra seu inimigo mais próximo e reafirmar aos mais distantes que continua a ter poder bélico incontestável, dissipando a imagem dúbia deixada pela última operação de grandes proporções, contra o Hezbollah, no Líbano, em 2006. 15/3/2009 20
  • 21. E quis fazê-lo antes da posse de Barack Obama, que se tornará presidente dos Estados Unidos com um fato consumado: os inimigos de Israel estarão mais raivosos do que nunca, tanto na retórica quanto, se conseguirem, nos atos. E nesse caldeirão de raiva ficará mais difícil para os americanos obter dos israelenses as concessões necessárias para um cada vez mais complicado acordo de paz. É tortuoso, mas quem conhece o Oriente Médio não fica mais espantado com nada. O fulcro do problema é que dois direitos à existência nacional se sobrepõem, criando uma situação em que os dois lados estão certos quando lutam pela própria sobrevivência e erram quando vão a limites extremos para defendê-la. As razões de cada um são conhecidas. A criação de Israel decorreu da perseguição aos judeus na Europa e foi legitimada pelo mais hediondo dos crimes, o genocídio cometido pela Alemanha nazista. Quem pode negar aos judeus o direito de ter um país forte e protegido, e, numa espécie de justiça histórica, no mesmo lugar onde havia existido dois milênios antes? Ao ser erigido, no entanto, o estado de Israel desencadeou a privação dos habitantes árabes, que perderam casas, terras e identidade. Quem pode negar a injustiça histórica cometida contra os palestinos? Ou a sua legítima aspiração a um estado independente? 15/3/2009 21
  • 22. ATAQUE AO QG FUNDAMENTALISTA Prédios usados pelo aparato de segurança evaporaram Já naturalmente difícil de resolver, o confronto entre Israel e palestinos ganhou novas camadas de complicação com a ascensão do Hamas, uma organização de inspiração religiosa (veja quadro). Hoje, existem duas "entidades" palestinas. Uma comandada pelos herdeiros de Yasser Arafat, que fez o longo percurso rumo à aceitação de Israel e está baseada no território conhecido como Cisjordânia. E outra em Gaza, comandada pelos fundamentalistas e rejeicionistas – o nome que se dá aos que pregam a destruição do estado judeu. 15/3/2009 22
  • 23. Para complicar, Israel ainda tem a sua própria população árabe, com cidadania, mas nenhuma empatia com o país que habita. Todos os líderes de Israel, de qualquer filiação política, vivem sob o choque das forças tectônicas decorrentes daí: o compromisso de usar todos os recursos, necessários ou excessivos, para defender a nação judaica e a compreensão, até quando não querem, de que Israel não pode dominar indefinidamente uma população tão hostil que mães aplaudem quando seus filhos, ou filhas, se transformam em bombas humanas. Yitzhak Rabin, o general "quebra-ossos", aceitou o retorno à Cisjordânia de Arafat e seus seguidores (foi assassinado por um judeu que o considerou traidor). Ariel Sharon, o mais duro entre os duros, tirou as tropas israelenses de ocupação e desmontou assentamentos judeus em Gaza (também foi chamado de traidor; vive em estado vegetativo desde o derrame que sofreu em 2006). Todas as vezes que Israel faz o que considera supremas concessões aos palestinos, mas continua a sofrer violência, reverte ao papel de vítima – e revida com força infinitamente maior, num ciclo que parece não acabar nunca. Nos últimos anos, a convivência incômoda com os líderes da Cisjordânia não produziu nenhum acordo de paz, mas estabilizou a situação. A ajuda americana e o comércio relativamente livre melhoraram a situação econômica da população palestina nesse território. Mas a ideia de mostrar que os "bons" (na Cisjordânia) prosperariam e os "maus" (em Gaza) seriam castigados não tem dado certo. 15/3/2009 23
  • 24. Movimentos extremistas como o Hamas funcionam melhor justamente num ambiente de desgraças. Nos últimos seis meses, houve um cessar-fogo entre as partes, mediado pelo Egito. Israel manteve o bloqueio a Gaza, que certamente aumenta sua segurança ao impedir atentados terroristas, mas inferniza a vida das pessoas comuns. Há quinze dias, o Hamas voltou a disparar foguetes contra as localidades israelenses. O raio de alcance aumentou e atinge cidades como Ahskelon, antes preservadas. "Nossa vida mudou muito neste ano. Quando toca a sirene, as pessoas têm quinze segundos para se esconder", conta Roberta Krauss, brasileira de 22 anos que mora lá. Desde março, por instrução do Exército, os jovens de Ashkelon não ouvem mais seus iPods nem nenhum outro aparelho com fones de ouvido – precisam ficar atentos aos alarmes. Na segunda-feira 29, Roberta viu com os próprios olhos o que pode acontecer: um foguete do Hamas caiu na rua onde mora; uma pessoa morreu e oito sofreram ferimentos. "Quando a poeira baixou, vimos os corpos no chão." 15/3/2009 24
  • 25. DOS DOIS LADOS Prisioneiro palestino escapa de escombros de cadeia bombardeada e israelenses se protegem de foguete vindo de Gaza. "Quando a poeira baixou, vimos corpos no chão", conta a brasileira 15/3/2009 25
  • 26. Não é justo comparar o sofrimento de jovens privados de iPods, ou o baixo número de vítimas, com o que acontece em Gaza: atingir civis por qualquer tipo de ataque exige a mesma e unânime condenação. É legítimo, portanto, contestar como Israel usa sua incomparável superioridade militar. "A situação é horrível, horrível", descreveu outro brasileiro residente na região, do lado de Gaza, José Raed Aziz. "De repente, começam as explosões. Quando dá para sair de casa, percebemos que alguns prédios desapareceram. Botei uma bandeira do Brasil no telhado de casa para ver se os israelenses não nos bombardeiam." Os ataques aéreos foram seguidos de uma concentração de tanques na fronteira, o que faz antever, se não a reocupação de Gaza por Israel, pelo menos incursões em larga escala por terra. O próprio ministro da Defesa, Ehud Barak, comandante das operações, usou os termos mais extremos: "Estamos em guerra total contra o Hamas". Ele sabe muito bem que, depois da "guerra total" contra o Hezbollah, o grupo extremista libanês, com seus resultados ambíguos, nenhum líder israelense pode repetir a mesma ameaça e não cumpri-la. Barak faria tudo exatamente da mesma maneira se fosse se aposentar na semana que vem, mas não vai. Ele já foi primeiro- ministro e quer voltar a sê-lo – o sucesso ou o fracasso, do ponto de vista israelense, dos ataques a Gaza está assim inevitavelmente atrelado a sua, por enquanto, fraca campanha política. Outra candidata, integrante do atual governo como ministra das Relações Exteriores, é Tzipi Livni, que da ótica eleitoral também precisa mostrar serviço como linha duríssima no trato com os que atacam Israel. 15/3/2009 26
  • 27. Todo mundo com um mínimo de juízo concorda sobre o que é preciso fazer para que haja um acordo de paz: criar um estado palestino, garantir a segurança de Israel, devolver a metade árabe de Jerusalém e estender a distensão aos vizinhos ainda conflagrados. O problema, evidentemente, é como chegar lá. Muitos tentaram, nenhum conseguiu. A partir do dia 20, o presidente Barack Obama terá a sua chance. Os israelenses ficaram ressabiados de início, mas já fizeram suas contas: a imprensa enumera com satisfação os "amigos de Israel" no próximo governo, incluindo Hillary Clinton, a nova secretária de Estado, e Rahm Emanuel, o mais íntimo operador político de Obama, filho de um médico israelense. Quem deseja que a justiça e a paz prevaleçam torce para que todos se mostrem amigos de verdade e apresentem uma maneira nova de resolver um problema antigo. A qual terá de romper a lógica tribal de um olho por dez. Ou cem. Ou mil. Com o apoio de um em cada três palestinos, o Hamas se candidata naturalmente a ser parte de qualquer acordo de paz com Israel. A história e a natureza desse grupo são obstáculos tremendos a que isso venha a acontecer. Desde que foi criado, em 1987, o Hamas tem assumido as posições mais extremadas, similares às defendidas no início pela antiga Organização para a Libertação da Palestina de Yasser Arafat – com a diferença de que a ideologia fundada no extremismo religioso é mais impermeável às adaptações ao mundo real. 15/3/2009 27
  • 28. "Eles se recusam a negociar. Para isso, seria preciso que renunciassem ao terrorismo e reconhecessem o direito de Israel a existir, o que é totalmente improvável", disse a VEJA o canadense Mark Heller, pesquisador do Instituto de Estudos da Segurança Nacional da Universidade Tel-Aviv. O Hamas descende das mesmas fontes que influenciaram a Al Qaeda de Osama bin Laden. A base ideológica provém da Irmandade Muçulmana, grupo fundamentalista egípcio que surgiu no começo do século passado e hoje está na origem de todas as correntes radicais existentes entre os sunitas, a vertente majoritária do Islã. Seu objetivo declarado é a destruição de Israel e a criação de um estado islâmico em que todo palestino tenha o dever religioso de ingressar na guerra santa. Atentados suicidas, quando conseguiam se infiltrar em Israel, e agora foguetes são as armas dessa guerra assimétrica, mas brutal. Apesar da retórica intransigente, o Hamas concordou com uma trégua que vigorou por seis meses ao longo de 2008, mediada pelo Egito. Em dezembro, quando o cessar-fogo expirou, Israel facilitou a entrada de alimentos, combustíveis e remédios na Faixa de Gaza para tentar estender a trégua. O Hamas preferiu retomar as hostilidades abertas e aumentou o número de foguetes disparados contra localidades do sul de Israel. 15/3/2009 28
  • 29. O mais perto que o Hamas chegou de uma solução conciliadora foi após as eleições legislativas de 2006 nos territórios palestinos, vencidas com 44% dos votos. No ano seguinte, o grupo montou um governo de coalizão com o partido laico Fatah. O cargo de primeiro-ministro da Autoridade Palestina passou a ser ocupado por Ismail Haniyeh, o incendiário líder aparente do Hamas, enquanto a Presidência ficou com Mahmoud Abbas, do Fatah. A experiência acabou três meses depois de nascer, quando soldados do Hamas desfecharam um golpe interno e executaram a sangue- frio mais de 100 membros do Fatah. Prédios públicos e delegacias foram incendiados ou implodidos em questão de horas. Se só se faz a paz com inimigos, como reza o mantra dos negociadores acostumados a problemas complicados, haja inimigo que se compare ao Hamas. Duda Teixeira Com reportagem de Gabriela Carelli e Leandro Narloch 15/3/2009 29
  • 30. Colunas ANOS 80 - EM BUSCA DA DÉCADA PERDIDA Por FERNANDA MAYER (22.mar.2003) A História costuma ser uma rica fonte de inspiração para a moda. Muitas coleções reinventaram roupas e cortes do passado, restaurando estilos, recuperando tradições. Hoje, vemos a moda se debruçar sobre sua própria história, recriando tendências de um passado bem recente. Na última São Paulo Fashion Week, Alexandre Desfile de André Herchcovitch trouxe referências dos anos 50 na Lima totalmente sua coleção com cara de "Bonequinha de Luxo" e a anos 80 Cavalera, a Londres dos anos 60. Já a Triton, André Lima e Ricardo Almeida, no Brasil, e Dolce & Gabanna e Gucci, na Itália, fizeram interessantes releituras dos anos 80 em algumas de suas mais recentes coleções. 15/3/2009 30
  • 31. Claro, recordar é viver, e nós, que ainda nem tínhamos nascido em 1950 e éramos ainda bebês ou simples criancinhas nos 60, resolvemos mergulhar de cabeça na década de 80, quando já podíamos nos considerar participantes desta história. Passados já 20 anos da "new wave", do surgimento dos yuppies (young urban professionals), da geração saúde e da febre da ginástica aeróbica, devemos agora fazer uma ressalva: nem tudo nos anos 80 foi um mar de rosas, por isso, vamos procurar submeter nossas lembranças ao filtro da memória, trazendo de volta apenas o que ainda parecer significativo aos nossos dias. Para os economistas, os anos 80 no Brasil são considerados a Gucci usou referências do "década perdida". Paradoxalmente, as roupas procuraram filme "Blade expressar justamente o contrário: alegre, esportiva, versátil, Runner" divertida e ao mesmo tempo, sofisticada, sensual e ousada, reflexo, talvez, da abertura democrática. A ambiguidade foi um traço marcante desta moda: estampas de oncinha, cores cítricas, ombros largos, pernas longas, cortes de cabelo assimétricos e acessórios "fake" conviviam com discretos tailleurs e com roupas de moletom e cotton- lycra recém-saídas das academias. 15/3/2009 31
  • 32. O surgimento de novos tecidos, como o stretch, dava um ar futurista às roupas, mas, ao mesmo tempo, muitas de nós voltaram ao armário da vovó, promovendo a onda dos brechós. Tudo é experimentação, inovação e transformação. Até na alta-costura, em que se destacaram Christian Lacroix, Karl Lagerfeld e Jean Paul Gaultier, com suas criações arrojadas, tudo era meio barroco, exuberante e dramático. O outro lado da moeda foram os estilistas japoneses - Yohji Yamamoto e Rei Kawakubo - com roupas de uma simplicidade lírica e desconcertante perto de tanto exagero. Já o estilista italiano Giorgio Armani, que em 1981 lançou a sua grife Emporio Armani, garantiu com seus cortes sóbrios e impecáveis a elegância de homens e mulheres de negócios nos anos vindouros. No universo musical, uma infinidade de bandas surgiram na década, com as mais diversas tendências: new romantics, darks, góticos, metaleiros e rastafaris. Ao contrário das passarelas, o tom da música pop era mais melancólico, representado por bandas como Joy Division, Echo and The Bunnyman, The Smiths e The Cure, entre outras. A música, assim como o cinema, foi um importante meio para a difusão das modas, especialmente pela transmissão dos videoclipes, unindo o som à imagem. Filmes como "Blade Runner" (1982) reafirmaram e divulgaram algumas das tendências mais fortes da moda, servindo também de trampolim para astros da música, como Madonna em "Procura-se Susan Desesperadamente" (1985). 15/3/2009 32
  • 33. A afirmação da idéia da imagem como meio de comunicação se cristalizou nos 80, quando o corpo se tornou uma vitrine de tudo o que viesse à própria cabeça. A partir de então, quando alguém nos perguntava a respeito de moda, o que começamos a responder foi: "sou eu que faço a minha moda". Este conceito está presente até hoje, na costumização-mania, na mistura de estilos e até na própria negação da moda enquanto norma, presente em movimentos como o "grunge", no início dos anos 90. A releitura de antigos clichês, a exploração das ambiguidades, a reflexão sobre conceitos como bom gosto e mau gosto, assim como a mistura de tendências a partir dos anos 80, provaram que todos os limites são relativos e que a moda não é mais que a projeção de nossos sonhos, idéias e aspirações, e que, afinal, tudo é mesmo possível no mundo da criação. Não resistimos e fizemos uma lista de algumas coisas ótimas e outras nem tanto que são a cara dos 80. Esperamos que os que viveram a "década perdida" e também os que nunca compraram um vinil na vida se divirtam conosco. Boas recordações!!! 15/3/2009 33
  • 34. QUEM NÃO SE LEMBRA? -Calça baggy e semi-baggy -Ombreiras (tinha até sutiã de ombreira) 15/3/2009 34
  • 35. Gente: FILOSOFIA Felicidade Como os grandes sábios podem nos ajudar a viver melhor Paulo Nogueira Esse episódio foi assim narrado por um historiador: "Demóstenes invejou a glória de Calistrato ao ver a multidão escoltá-lo e felicitá-lo, mas ficou ainda mais impressionado com o poder da palavra, que parecia capaz de levar tudo de vencida". Ele entrou numa escola de oratória. Assim que pôde, processou seus tutores. Ganhou a causa. Mas estava ainda longe de ser notável. Um dia, desanimado, desabafou com um amigo ator. Gente bem menos preparada que ele provocava melhor impressão nas pessoas. O amigo pediu-lhe que recitasse um trecho de Eurípedes ou de Sófocles, dois gigantes do teatro grego. Demóstenes recitou. Em seguida, o amigo leu o mesmo trecho, com o tom dramático de um ator. Era a mesma coisa, e ao mesmo tempo era tudo inteiramente diferente. 15/3/2009 35
  • 36. Demóstenes montou então uma sala subterrânea na qual se enfiava todo dia por demoradas horas para treinar, treinar e ainda treinar. Chegava a raspar um dos lados da cabeça para não poder sair de casa e, assim, praticar sem parar. Para aperfeiçoar a dicção, Demóstenes punha pequenas pedras na boca enquanto falava. Fazia também parte de seu treinamento declamar em plena corrida. Olhava-se num grande espelho para ver se sua expressão causava impacto. Treinamento. Hábito. As recomendações de Aristóteles fizeram de Demóstenes um dos maiores oradores da História da Humanidade. s Outra etapa crucial para a vida feliz, e nisso concordam todas as escolas filosóficas, é lidar bem com a idéia da morte. Montaigne disse que quando queria lidar com o medo da morte recorria a Sêneca. Não por acaso. Ninguém se deteve de forma tão profunda e brilhante sobre a maior das aflições humanas: o medo da morte. Sêneca, numa carta a um discípulo, escreveu uma frase célebre: "E por mais que te espantes, aprender a viver não é mais que aprender a morrer". Sêneca pregava o desprezo pela morte. Não por morbidez ou por pessimismo. É que quem despreza a morte vive, paradoxalmente, melhor. Sobre sua alma não pesa o terror supremo da humanidade: o fim da vida. "Parece inacreditável, mas muita gente morre do medo de morrer", escreveu Sêneca. "Imagine que cada dia vai ser o último, e assim você aceitará com gratidão aquilo que não mais esperava", disse outro sábio da Antiguidade. 15/3/2009 36
  • 37. Pensar na morte, regularmente, é a primeira e maior recomendação de Sêneca. Os romanos tinham o seguinte provérbio: "Memento mori". Que quer dizer: lembre-se de que vai morrer. Não há como escapar. E no entanto nos atormentamos o tempo todo por algo que com certeza, um dia, se realizará. Esse tormento contínuo nos impede de viver bem. Outro romano, Lucrécio (c. 98 a.C.-55 a.C.), escreveu: "Onde a morte está, não estou. Onde estou, a morte não está". Encontramos uma maneira similar de lidar com a morte nas filosofias orientais. O asceta Milarepa, uma das maiores figuras do budismo, vivia perto de um cemitério para jamais esquecer que um dia iria morrer. "O remédio do homem vulgar consiste em não pensar na morte", escreveu Montaigne. "Isso é uma demonstração de cegueira e de estupidez." Fato: quanto menos pensamos na morte, mais somos assombrados por ela. Sêneca evocou com freqüência a bravura de personalidades históricas diante da morte. Sócrates, perante a perspectiva de tomar cicuta, manteve a calma e o humor. Consolou os discípulos em vez de ser consolado, episódio que Platão, o maior deles, registrou em sua obra-prima, Fédon. "Chegou a hora de partir, vocês para a vida, eu para a morte", disse Sócrates na hora da execução de sua sentença, segundo Platão. "Qual dos dois destinos é melhor, ninguém sabe." Sêneca mostrou a mesma bravura das pessoas que tanto citou. Acusado de conspiração, recebeu do tirano romano Nero, de quem tinha sido preceptor, a sentença de se matar. Na perpétua instabilidade da sorte, Sêneca passara de homem forte do reinado de Nero (antes que este ficasse louco) a renegado. Como Sócrates, confortou os amigos e familiares que o cercavam desesperados no momento derradeiro. Cortou os punhos e se deixou levar serenamente. 15/3/2009 37
  • 38. Sêneca (4 a.C.-65 d.C.) Seguidor do estoicismo, pregava o desprezo pela morte. Para ele, assim se vivia melhor. Evocava a bravura de personalidades históricas diante da morte, como fez Sócrates, que serenamente bebeu cicuta para cumprir sua sentença. Também ele recebeu a sentença de se matar, do imperador Nero 15/3/2009 38
  • 39. Aprenda a lidar com a idéia da morte Uma pessoa afetada na maneira de falar é afetada em outras coisas. Fale com simplicidade. Silêncio também é bom. "A palavra expõe- nos aos mais pesados castigos", disse um sábio."Mas o silêncio jamais tem contas a dar. Não só não causa sede como confere um traço de nobreza" 15/3/2009 39
  • 40. • Reportagem especial: O regime decapitado Jaime Klintowitz As democracias têm peculiaridades e gradações. Os regimes totalitários são iguais. Incluem culto à personalidade, perseguição aos opositores, supressão da liberdade de expressão, inexistência de imprensa livre e, muitas vezes, falta de liberdade religiosa. As ditaduras também torturam e matam. SÍMBOLO CAÍDO E, no fim, terminam quase sempre Estátua destruída de Saddam Hussein da mesma forma. numa avenida de Bagdá 15/3/2009 40
  • 41. O tirano foge, e seu povo enrola cordas em torno das estátuas do líder caído e promove a derrubada simbólica de sua imagem – espalhada sempre por todo o país, como se ele fosse o amantíssimo pai da pátria. Foi o que se viu em Bagdá na quarta-feira da semana passada, em transmissão direta pela televisão para todo o planeta. Um gigantesco Saddam Hussein feito de bronze, com 6 metros de altura, caiu ao chão numa praça central da capital iraquiana. Um iraquiano pegou um cartaz gigante com uma foto do ditador e deu chineladas na cara de Saddam. Cuspiram sobre seus símbolos, dançaram sobre seus restos. Pela primeira vez na história, viu-se uma população árabe festejar a derrubada de um tirano árabe por tropas ocidentais. O governo do presidente George W. Bush fez o que prometeu fazer para depor o ditador, e com a rapidez que disse que faria. Americanos e ingleses precisaram de apenas 21 dias para pôr fim aos 24 anos de tirania de Saddam. A disparidade do confronto entre a assombrosa tecnologia bélica da superpotência e um país do Terceiro Mundo é atestada pela quantidade mínima de baixas entre as forças invasoras. O número de soldados ingleses e americanos mortos em combate nessas três semanas foi inferior ao de homicídios registrados no mesmo período na cidade de São Paulo. Como a Casa Branca previa, a vitória fulminante valeu mais que qualquer resolução das Nações Unidas para dar legitimidade à guerra. 15/3/2009 41
  • 42. A imagem dos iraquianos pisoteando a estátua derrubada de Saddam teve valor maior do que mil palavras a respeito do governo que ele chefiava. Isso tudo eclipsa mas não dilui o aspecto agressivo e arrogante com que americanos e ingleses resolveram invadir uma nação, o Iraque, sob o pretexto de anular atos futuros de terrorismo que Saddam Hussein viria a patrocinar mais cedo ou mais tarde, conforme a suspeita dos EUA. Será melhor para a imagem externa dos americanos que seus militares venham a encontrar as armas químicas e biológicas que serviram inicialmente de pretexto para a derrubada do regime de Saddam Hussein. Isso pode parecer dramaticamente relevante para a opinião pública internacional. Não o é, ao que tudo indica, para os neoconservadores que se aninham em torno do presidente americano George W. Bush. Com a invasão do Afeganistão e do Iraque, seguida da deposição de ambos os governos em tempo recorde, os americanos deram um sinal claro do que os impulsiona hoje em dia. Querem fazer saber aos países inimigos que correm riscos enormes se vierem a praticar atos hostis contra os EUA. A derrubada de duas torres em Nova York e de uma ala do Pentágono em Washington, além das suspeitas a respeito do risco representado por Saddam, bastou-lhes como justificativa para promover duas guerras e duas deposições de ditadores. Há riscos na estratégia. Um deles é a persistência de focos armados leais a Saddam e prontos a atacar de surpresa no formato de guerrilha urbana. Outro risco está no surgimento de centenas de Bin Laden em cada país islâmico. 15/3/2009 42
  • 43. Até sexta-feira passada, no entanto, o que se via eram iraquianos sorridentes junto aos ocupantes americanos. Grupos de habitantes de Bagdá adaptaram o chavão preferido de Saddam às novas circunstâncias. "Com nosso sangue, com nossa alma, nós vamos defender você, Bush! Bush! Bush!" TERRA DE NINGUÉM Os saques explodiram com a queda do regime: saqueadores levam tapetes do hotel Sheraton, que teve o saguão destruído, em Basra. À esquerda, o roubo na casa de Tariq Aziz, ministro de Saddam em Bagdá 15/3/2009 43
  • 44. O regime de Saddam desmoronou quase sem lutar em sua capital. A queda rápida de Bagdá não deixa dúvidas quanto à impopularidade do homem que durante mais de duas décadas impôs com mão de ferro sua vontade sobre o Iraque. Também pôs em evidência a dura tarefa de reconstrução de um país dilacerado por um governo corrupto, sanguinário, megalomaníaco e por mais de uma década de sanções internacionais. E o Iraque piorou muito durante a guerra. Na semana passada, as grandes cidades viviam em absoluta anarquia. Os soldados invasores deixaram a população à solta e ela, em delírio ou desespero, promoveu um saque a tudo o que pudesse ser carregado em caminhões, tratores, carrinhos de mão ou na cabeça Os saques ocorreram em todas as cidades tão logo o poder do Estado sumiu das ruas. Na capital, a roubalheira começou pelos prédios estatais e pelas residências abandonadas pelos manda-chuvas em fuga – até os cavalos árabes foram levados do palácio de Udai, o primogênito do ditador. Logo a multidão assaltou lojas, bancos, universidades e até os hospitais. A maioria dos saqueadores era de moradores vindos de Cidade Saddam, a enorme favela em que vivem 2 milhões de muçulmanos da vertente xiita. O governo de Saddam, representante da minoria sunita, tratava essa gente como cidadãos de segunda classe. É natural que o colapso do regime seja seguido por um período de caos. O Iraque era um país engessado por uma das ditaduras mais perversas da atualidade. Nos regimes de força, quando se retira a tampa da repressão, a sociedade muitas vezes é tomada pelo clima de bagunça até o estabelecimento de uma nova ordem. 15/3/2009 44
  • 45. No caso iraquiano, o fim da ditadura foi imposto por uma invasão militar estrangeira. Não é um fim inusitado para um regime totalitário. Sobretudo para aqueles, como o iraquiano, que incluíram entre seus desatinos duas tentativas de conquistar territórios vizinhos em guerras malsucedidas. Nesse aspecto Saddam foi um ditador típico. Quando vira a esquina da insensatez e se dispõe a fazer a maldade que for necessária para manter o comando da situação, esse tipo de governante só sai morto do poder. O soviético Josef Stalin e o chinês Mao Tsé-tung, responsável cada um deles pela morte de milhões de concidadãos, morreram na cama. Adolf Hitler só se matou quando as tropas soviéticas estavam às portas de seu bunker, depois de ter destruído Berlim e matado milhares de seus habitantes. O romeno Nicolae Ceausescu foi executado pela multidão enfurecida que saiu em sua perseguição, em 1989. Pol Pot, que numa alucinada experiência de reengenharia social trucidou um quarto da população do Camboja, foi deposto por tropas vietnamitas, que invadiram o país sob o aplauso dos cambojanos. Morreu numa choupana na selva, anos depois. Até a madrugada de sábado, ignorava-se o paradeiro de Saddam Hussein. Seu destino, porém, é uma questão resolvida. Ele não vai retornar ao poder. 15/3/2009 45
  • 46. Há, no horizonte, a possibilidade de um Iraque democrático prometido pelos Estados Unidos. Isso pode ser uma boa notícia num Oriente Médio congestionado por regimes teocráticos e ditaduras brutais. A promessa não é suficiente, no entanto, para mascarar a dor deixada pelos ataques a vítimas inocentes como o menino Ali Ismail Abbas, de 12 anos, que perdeu os dois braços e toda a família sob bombas americanas. Para ele e para muitos outros, gente mutilada pelos bombardeios, que teve parentes ou casas destruídas, o preço pessoal pago pela vitória americana e pela queda de Saddam não faz nenhum sentido. A dolorosa foto do menino mutilado numa cama transmite uma mensagem dramática do horror da guerra. Tem, para a guerra do Iraque, o simbolismo que uma foto anterior, de 1972, teve para a Guerra do Vietnã: mostrava uma menina de 9 anos, chamada Phan Thi Kim Phuc, correndo nua numa estrada, com o corpo queimado por bombas incendiárias lançadas por aviões americanos sobre sua aldeia. 15/3/2009 46
  • 47. VÍTIMA DA GUERRA Ali Ismail Abbas, de 12 anos, perdeu os pais e o irmão e teve os braços amputados pelo míssil americano que destruiu sua casa, em Bagdá; o drama do garoto pode se tornar o símbolo desta guerra, como aconteceu com a foto da vietnamita Phan Thi Kim Phuc, em 1972 (abaixo). A menina de 9 anos, queimada por bombas incendiárias, simbolizou os horrores da Guerra do Vietnã 15/3/2009 47
  • 48. Como toda guerra, a invasão do Iraque foi cruel. Ainda assim, devido ao cuidado americano em evitar atingir os não-combatentes iraquianos e à própria brevidade do conflito, o número de baixas civis – estimado em 2.000 – é relativamente baixo para um conflito dessas proporções. Acredita-se que 100.000 iraquianos (200.000 em outras estimativas) tenham sido assassinados pelo regime de Saddam Hussein. E outros 500.000 foram mortos nas guerras iniciadas pelo ditador, contra o Irã e o Kuwait. Talvez nunca se venha a saber com certeza quantos soldados iraquianos tombaram desta vez. Divisões inteiras foram dizimadas pelos bombardeiros americanos, e os corpos de muitos soldados foram de tal forma pulverizados que tornam impossível a contagem. Também não se sabe quantos deles simplesmente abandonaram armas e uniformes e desertaram para não morrer. 15/3/2009 48
  • 49. Nos Estados Unidos, a repercussão da guerra é surpreendentemente favorável: 71% da população apóia Bush, 13% a mais que no início da guerra, de acordo com o Instituto Gallup. Nos demais países, a imagem dos americanos só piora. Nove em cada dez franceses são contra a invasão do Iraque e desconfiam que os Estados Unidos só se interessam pelo petróleo iraquiano. Na Itália, na Alemanha e no Japão, a oposição à guerra passa dos 80%. É natural que o uso da força para projetar o poder americano no mundo – a estratégia ideológica defendida pelos neoconservadores que cercam e influenciam o presidente George W. Bush – não seja a melhor maneira de conquistar amigos no exterior. O governo Bush realizou o que chama de "ataque preventivo" contra Saddam Hussein. A intenção era golpear o ditador antes que ele viesse eventualmente a usar seu arsenal de armas químicas e biológicas que os governantes americanos dizem que tinha em seu poder. Washington nunca exibiu uma prova convincente de ligação direta entre o regime iraquiano e o terrorismo em nome de Alá. Os inspetores da ONU, mandados ao Iraque para procurar vestígios de armas químicas e biológicas, nada acharam. Isso não significa que as armas não existam, mesmo porque Saddam já as havia usado antes. 15/3/2009 49
  • 50. E agora? O que farão os Estados Unidos a partir de agora? Em que direção apontarão os canhões dos tanques Abrams na próxima vez em que cismarem que um governante esconde um plano terrorista contra os cidadãos americanos? Há indícios de que Washington não exclui a possibilidade de recorrer à força de novo, desta vez contra a Síria. Advertências explícitas foram feitas ao governo de Damasco, que já aparecia na lista americana dos países patrocinadores de terrorismo e, agora, está praticamente sendo tratado como um novo membro do "eixo do mal" (os integrantes originais são o Iraque, o Irã e a Coréia do Norte). Talvez não seja o caso de uma guerra imediata. Em artigo publicado no The New York Times, o jornalista David Sanger diz que a Casa Branca conta com o chamado "efeito demonstração" da vitória acachapante sobre os outros governos árabes. A idéia é que, pelo menos nos próximos tempos, enquanto os Estados Unidos estiverem ocupados na reconstrução do Iraque, as pressões políticas sejam suficientes para obrigar os caciques do Oriente Médio a pesar com cuidado cada um de seus passos. É de imaginar que nenhum deles esteja dormindo muito bem nos últimos dias. 15/3/2009 50
  • 51. PAÍS AOS PEDAÇOS Jovens choram a perda de três parentes, mortos numa barreira americana 15/3/2009 51
  • 52. Regimes democráticos espalharam-se com rapidez desde a queda do Muro de Berlim, há catorze anos. Isso aconteceu na América Latina, na Ásia e até na África – mas não no mundo árabe. Por que é assim? Uma parte da explicação, diz o iraquiano Elie Kedourie, autor do livro Democracia e Cultura Política Árabe, decorre do fato de a tradição política muçulmana não ter chegado ao estágio de separar o Estado da mesquita. O Islã coloca a soberania política em Alá. Em outras palavras, o Estado deve ser totalitário por ser uma emanação da vontade divina. A lógica prevalece mesmo quando o governante é laico. Outra explicação está no subdesenvolvimento econômico. A burguesia e a classe média são dependentes do Estado e, portanto, não têm interesse em lutar pela democracia. "Só uma classe média esclarecida pode tirar os ditadores do poder", resume o libanês Ahmad Dallal, professor de história do Oriente Médio da Universidade Stanford, na Califórnia. Todos os processos democráticos testados nesses países – como a extensão do voto às mulheres no Catar – foram decisões pessoais de líderes autocráticos. Por fim, há o peso do conflito com Israel. A solução dos problemas externos é o pretexto para adiar o processo democrático doméstico. No Cairo, há liberdade total para fazer passeatas contra os israelenses, mas nenhuma para pregar o fim do governo local. O que mais preocupa os caciques em Damasco, Teerã e Riad é a possibilidade de a libertação dos iraquianos, ainda que involuntária, fomentar idéias similares em seus países. 15/3/2009 52
  • 53. O maior risco para essas ditaduras é que dê certo a reconstrução prometida pelos Estados Unidos. Rico e democrático, o Iraque se tornaria um modelo para virar do avesso a tirania no Oriente Médio. 15/3/2009 53
  • 54. Culinária medieval e brasileira Livros e manuscritos da cozinha da Europa medieval, em várias idiomas, escritos ou publicados entre o século XIII e a Renascença. Em português, o site faz referência ao O Livro de Cozinha da Infanta D. Maria de Portugal . Numa tradução livre, posso transcrever toscamente um pouco do conteúdo do livro que é dedicado à Infanta. É uma raridade, além de uma informação curiosa "Esse livro de cozinha portuguesa foi encontrado no manuscrito I.E.33 da Biblioteca Nacional de Naples por Alfonso Miola em 1895. O manuscrito reune um certo número de textos pertencentes à família Farnèse. Uma edição integral bilingue (português medieval e moderno) do texto foi publicada em 1967 por Giacinto Manuppela (introdução histórica de Salvador Dias Arnaut), Universidade de Coimbra (Acta Universitatis Conimbrigensis). 15/3/2009 54
  • 55. Giacinto Manuppela estima, na introdução, que as receitas de origem desse livro de cozinha foram escritas por volta do fim do século XV ou início do século XVI. Entretanto, a data de redação do manuscrito coloca um problema: o manuscrito se apresenta sem página de título, com várias escritas diferentes. Ele é chamado O Livro de Cozinha da Infanta D. Maria de Portugal. Na realidade, a Infanta D. Maria de Portugal, esposa de Alexandre Farnèse, viveu entre 1538 e 1577. O manuscrito talvez lhe seja atribuído porque se trata de um texto em português, que faz parte de um conjunto de textos da família Farnèse. A terceira receita (escrita numa letra diferente) faz referência ao Brasil Vinho de açúcar que se bebe no Brasil, que é muito são e para o fígado é maravilhoso, ouro o Brasil foi colonizado pelos portugueses somente na primeira metade do século XVI. Três receitas são citadas com um nome de autor difícil de identificar: Dona Isabell de Vilhana e Dom Luis de Moura. Pode se tratar, portanto, de um manuscrito 'composite', com receitas escritas predominantemente ao fim do século XV e com alguns acréscimos de receitas posteriores. O Livro de cozinha apresenta-se como uma coletânea/compêndio (talvez incompleta/o?) sem nenhum título nem introdução com 67 receitas. A primeira receita começa bruscamente, sem título. Ela é completa? "A receita II chamada Para se fazer sessenta varas de veludo de pelo miúdo comporta 4 linhas. A receita III é a receita de vinho que se bebe no Brasil de que se fala abaixo: um vinho medicinal. Em seguida, encontramos mais 4 capítulos mais coerentes: 15/3/2009 55
  • 56. curiosidades Nariz e orelhas nunca param de crescer O tecido cartilaginoso, que forma o nariz e as orelhas, não deixa de crescer nem mesmo quando o indivíduo torna-se adulto. Daí porque o nariz e as orelhas de um idoso são maiores do que quando era jovem. A face também encolhe porque os músculos da mastigação se atrofiam com a perda dos dentes. Uma reconstrução de alta tecnologia lançou nova luz sobre a aparência do Faraó Tutancâmon, o adolescente que governou o Egito antigo e foi imortalizado por quase um século por sua máscara da morte dourada. Cientistas e artistas de efeitos especiais na Grã-Bretanha e na Nova Zelândia usaram técnicas digitais aplicadas em investigações de crime para fazer um modelo em fibra de vidro que, segundo eles, resulta na aparência mais provável do faraó. A cabeça de Tutancâmon, que entrou em exibição hoje no Museu de Ciência de Londres, lembra pouco a face da máscara dourada. Ao contrário do famoso rosto de traços leves e lábios grossos, o modelo mostra um jovem com o rosto amplo, proeminências abaixo dos olhos e testa pesada. 15/3/2009 56
  • 57. "Acho que as pessoas ficarão surpresas, pois é um rosto bem diferente. Mas é bem realista, por causa da tecnologia usada", disse uma porta-voz do museu. A equipe de reconstrução foi forçada a usar Raios-X tirados em 1968 para fazer o modelo do rosto do rei de 18 anos, pois a cabeça mumificada foi muito modificada para dar dimensões de uma pessoa viva. Robin Richards, especialista em reconstrução facial da Universidade College London, escaneou traços de pessoas da mesma idade, sexo e grupo étnico de Tutancâmon para criar um tipo de pele, que depois foi adicionado a um crânio digital tridimensional. Artistas de efeitos especiais da Nova Zelândia coloriram o crânio e escultores criaram o molde final em argila, antes da fabricação em fibra de vidro. A tumba do rei Tutancâmon, que governou o Egito no século 14 a.C e morreu misteriosamente ainda jovem, foi descoberta pelo arqueólogo britânico Howard Carter em 1922. O local continha tantos artefatos que foram necessários 10 anos para removê- los. 15/3/2009 57
  • 58. Caderno de manjares de carne: 26 receitas de carnes e peixes, de massas. Encontramos 2 receitas de galinha 'mourysqua' que fazem pensar na herança árabe-andaluz. Caderno dos manjares de ovos : 4 receitas com ovos. Caderno dos manjares de leite : 7 receitas de laitages, entre os quais manjar-branco. Caderno das cousas de conservas : 27 receitas doces de conservas de frutas (geléias ou frutas em conserva) e de bolos (biscoitos, 'macapaaees' : massepain ?). Fonte: Old Cook Cuisine Médiévale. 15/3/2009 58
  • 59. Faculdade de Tecnologia e Ciências. Unidade Pedagógica: PINHEIROS-ES Curso: Historia Disciplina: história da arte Período: 6º período Componente: Itamar lemes e Weles de Assis Tutor: Udisom Brito 15/3/2009 59