1) A escola pública surgiu durante a Revolução Industrial para educar os trabalhadores, mas manteve-se orientada à cultura industrial até meados do século XX.
2) Nos anos 1950 e 1960, o desenvolvimento tecnológico e a corrida espacial levaram a novas abordagens educacionais baseadas na informática.
3) Nos anos 1970, pensadores como Papert defenderam que a escola deveria ensinar alunos a aprender através de ferramentas em vez de instrução, antecipando a necessidade de um novo paradigma
AS TIC ABRINDO CAMINHO A UM NOVO PARADIGMA EDUCACIONAL
1. Resumo: “AS TIC ABRINDO CAMINHO A UM NOVO PARADIGMA EDUCACIONAL”<br />Desde sempre que a nossa sociedade tem sofrido constantes evoluções e mutações, podemos verificar esta evolução em diversos campos da sociedade. Desde a concepção do mundo, a imprensa após Gutenberg e a evolução das tecnologias da informação e da comunicação. <br /> Neste caso iremos falar mais especificamente das TIC nas escolas e na evolução da TIC nas escolas.<br />A Escola pública surge no auge da Revolução Industrial, pois nesta altura sentiu-se a necessidade de dar resposta às alterações que decorriam nessa época.<br />A Revolução Industrial trouxe a concentração de operários nos subúrbios das cidades, trabalho precário, ordenados baixíssimos que apenas permitiam a sobrevivência das pessoas que trabalhavam, nesta época surge a consciência desta situação e aliada essa consciência com a actividade sindical fez com que os dirigentes tivessem noção da necessidade de novas medidas para tentar acalmar esta situação.<br />Nesta altura dá-se a generalização da escolaridade, trazendo várias vantagens, nomeadamente a formação de “novos Homens”.<br />Aliada a esta generalização da escolaridade, surge o problema do tipo de escola que fosse capaz de responder àquilo que a Sociedade vivia no momento, ou seja, à Sociedade Industrial, surge um ensino em massa, onde imperavam a arregimentação, a falta de individualismo, as normas rígidas de classes e de lugares e o papel autoritário do professor. O modelo de educação era regido pensando no futuro das crianças, ou seja, as fábricas.<br />A escola encontrava-se orientada a cultura industrial, pois desde as campainhas, a sincronização, a concentração num edifício fechado, as classes e a separação por idades, as classes sociais (professores - alunos). A esses podemos acrescentar a divisão analítica do currículo que desemboca num sistema de um professor para cada disciplina, a autoridade do professor representante do futuro empregador ou do Estado. <br />Este modelo de escola mantém-se até meados do século XX, altura em que se dá a Guerra Fria, daqui saem dois grandes grupos político-militares, surgem grandes alterações, tecnologias de novo tipo, baseadas na informação e na cibernética, que vão ditar grandes mudanças nas décadas seguintes.<br />Na década de 50 ocorreram vários desenvolvimentos tecnológicos e também se dá nesta altura, uma paranóica corrida aos armamentos, que passava pela luta pela supremacia na corrida espacial. Em 1957, a União Soviética lança o primeiro Sputnik, vencendo então esta disputa, este facto fez com que os políticos norte-americanos responsabilizassem os currículos escolares em matemática e ciências por esta ultrapassagem.<br />Começa então aqui a surgir a preocupação do controlo de qualidade dos sistemas escolares. Surgem então várias teorias, dando origem a obras de referência que propõem ferramentas “científicas” de avaliação com o formato de taxonomias dos objectivos pedagógicos.<br />Nos anos seguintes as opiniões sobre o que poderia melhorar o ensino divergem, acreditava-se que o ensino melhoraria se melhorassem também a formação dos docentes e do sistema de controlo e avaliação escolar, podemos ainda hoje verificar este espírito na prática diária de muitos professores.<br />Apesar do Sputnik ter abalado a confiança dos americanos no sistema educativo este facto não foi suficiente para provocar as grandes alterações.<br />Quanto à introdução das TIC nas escolas, esta já se foi verificando desde 1927 com S. Pressey e a máquina para corrigir testes de escolha múltipla, em 1950 com B. F. Skinner e a máquina de ensinar, sempre baseados no conceito de que a aprendizagem poderia ser dividida em partes, sendo a mesma a soma dessas partes.<br />No inicio dos anos sessenta foram criados vários programas de instrução programada e começou a popularizar-se a expressão “ensino assistido por computador”, como consequência do advento do computador.<br />Surge nesta altura também, o nome de Seymour Papert, que está ligado à criação da linguagem Logo, por ter liderado o grupo que a desenvolveu, no Massachussets Institute of Technology, na segunda metade dos anos sessenta. O Logo é importante pois é considerado um projecto pedagógico de utilização de computadores na educação. Papert, distinguia Logo de EAC, pois enquanto o EAC era um substituto do docente, o Logo era algo que potenciava ao docente a sua capacidade de ensinar.<br />Papert propõe com o Logo uma passagem do modelo instrucionista para o modelo construcionista, modelo este que fosse capaz de responder a uma sociedade em constantes mutações.<br />Ainda nos anos sessenta T. S. Kuhn (1962), diz-nos que uma crise implica a reflexão e mudança de paradigma. Nesta fase dá-se a consciência desta crise e da necessidade de não só de reflexão como de acção. <br />Em 1975 surge M. Apple (1975), com uma teoria crítica, problematizando a escola e tudo o que ela representa, a partir dos contextos político, cultural e económico. Com esta situação começa a ter-se consciência que a escola já não serve para o que servia antigamente, isto é, já não serve para “preparar para a vida”. Associada a esta consciência surgem também questões para o que escola servirá.<br />Pedagogos como Papert e visionários como Toffler dizem-nos que é necessário alterar a forma como encaramos a escola, ou seja, a mesma deveria ser visto como um local onde se aprende a aprender, não onde se recebem instruções, um local onde se disponibilizam ferramentas para os alunos pesquisarem e chegarem às suas próprias conclusões e não um local onde é simplesmente debitada informação.<br />Surge a necessidade de um novo paradigma, este foi imaginado, inventado para responder a necessidades muito concretas, segundo uma perspectiva económica de se conseguir o máximo (de instrução) com o mínimo (de investimento), por pessoas que, na opinião de Toffler lograram uma solução genial.<br />Nesta fase, ocorre uma mudança na forma como são encarados os papéis de aluno e professor, onde aos alunos, por parte dos professores, deverão ser fornecidas ferramentas para que estes possam construir conhecimento.<br />Papert defende que a construção de conhecimentos assenta nos seguintes pressupostos: uma aprendizagem situada, negociação social do conhecimento e a colaboração. Estes pressupostos estão também patentes na teoria de Vigotsky, pois este considerava a existência, na mente de cada aprendiz, de uma Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), que representa a diferença entre o que o aprendiz pode fazer individualmente e aquilo que é capaz de atingir com a ajuda de uma pessoa mais capaz, como o professor, ou em colaboração com outro (s) aprendiz (es) mais aptos na matéria.<br />Academia Nacional de Ciências e a Academia Nacional de Engenheiros (dos E. U. A.), vinte anos depois, lançou um dos seus estudos, onde se debateram questões relacionadas com o papel das tecnologias nas escolas, onde participaram professores, líderes do mundo dos negócios, fabricantes de hardware e de software para a educação, negócios e entretenimento, e funcionários públicos, num total de mais de setecentos intervenientes.<br />Desta conferência surgiu um livro, neste é abordada a questão da desadequação da escola à nova realidade pós-industrial.<br />