3. MINHAVIDA
MELHORA.
NOSSASS
CIDADDD E
COCC NQUISTSS A.TT
MINHAVIDA
MELHORA.
PROJETO PEGADA JOVEM:
MEIO AMBIENTE E
PROTAGONISMO
COMPARTILHANDOAEXPERIÊNCIADE
SANTOANDRÉ
Compartilhando -AExperiênciadeSantoAndré 3
4. FICHA CATALOGRÁFICA
SERVIÇO MUNICIPAL DE SANEAMENTO AMBIENTAL
DE SANTO ANDRÉ
ProjetoPegadaJovemMeioAmbienteeProtagonismo.ServiçoMunicipal
deSaneamentoAmbientaldeSantoAndré–SãoPaulo:2015
80p.
1.ProtagonismoJovem.2.Educomunicação.3.EducaçãoAmbiental
FichaCatalográfica4
8. APRESENTAÇÃO
A educação ambiental é um processo que
objetiva promover a transformação de valores,
comportamentos, sentimentos e atitudes em
relação ao meio ambiente, de forma permanente,
continuadaeparatodos.Umdeseuspressupostos
tem como base a multidisciplinaridade, somando
conhecimentos e experiências para a construção
deumambientecadavezmaisharmônico.
Sendo assim, como fruto de uma parceria do
Serviço Municipal de Saneamento Ambiental
de Santo André (SEMASA), da Secretaria de
Gestão dos Recursos Naturais de Paranapiacaba
e Parque Andreense (SGRNPPA) e da Secretaria
de Mobilidade Urbana, Obras e Serviços Públicos
(SMUOSP) foi desenvolvido o projeto Pegada
Jovem no intuito de promover a conservação
do meio ambiente, mobilizando a população
jovem para atuação nas questões ambientais e na
melhoria de qualidade de vida, além de integrar
as ações de educação ambiental realizadas pelos
referidosórgãosnomunicípio,conformepreconiza
a Política Municipal de Educação Ambiental de
SantoAndré(Lei9738/15).
A base de todo o projeto é a Educação
Socioambiental para jovens em área urbana
e de manancial, por meio da utilização da
educomunicação e incentivo ao protagonismo
jovem na comunidade em que estão inseridos.
O protagonismo jovem que se busca com o
projeto visa à transformação dos participantes e
comunidadesabrangidas.Porisso,oprojetovem
abrir espaço de diálogo com e para os jovens
participantes, para que exerçam a cidadania
ativa.
Transformar o meio, ser transformado e deixar
marcas positivas em sua comunidade é o principal
intuitodoPegadaJovem.
“Éfundamentaldiminuira
distânciaentreoquesedizeoque
sefaz,detalformaque,numdado
momento,atuafalasejaatua
prática”.
PauloFreire
Apresentação8
11. OFundoMunicipaldeGestãoeSaneamentoAmbiental
de Santo André (FUMGESAN), em seu edital para o
ano de 2015, destacou o tema educação ambiental
para projetos vinculados ao poder público. Sendo
assim, muitas foram as áreas, com diferentes ideias e
propostasparaconcorreraofinanciamento.
Com o intuito de desenvolver um projeto de
qualidade que atendesse o tema educação am-
biental em seus vários eixos do conhecimento,
foi composta uma equipe técnica para construir
um projeto multidisciplinar e abrangente. Todas
estas áreas envolvidas atuam de alguma forma
com a temática de educação ambiental e tem
grande interface nos trabalhos cotidianos.
Sendo assim, o projeto Pegada Jovem foi fruto de
umaparceriadoServiçoMunicipaldeSaneamento
AmbientaldeSantoAndré(SEMASA),daSecretaria
de Gestão dos Recursos Naturais de Paranapiaca-
ba e Parque Andreense (SGRNPPA) e da Secretaria
de Mobilidade Urbana, Obras e Serviços Públicos
(SMUOSP).
OSEMASA,aSGRNPPAeaSMUOSP,ematendimen-
to a Política Municipal de Gestão e Saneamento
Ambiental(Leinº7733/98),vemrealizandodiversas
açõesdesensibilizaçãoeprojetosdeeducaçãoam-
biental em todo o município, no intuito de promo-
ver a conservação do meio ambiente, mobilizando
apopulaçãoparaatuaçãonasquestõesambientais
enamelhoriadequalidadedevida.
Dentro da estrutura do SEMASA, o Departamen-
to de Gestão Ambiental (DGA) do SEMASA, por
meio de sua Gerência de Educação e Mobilização
Ambiental(GEMA)desenvolveprojetoseducativos
voltadosparaopúblicoescolareparaacomunida-
de em geral. E a Defesa Civil tem como tarefa bási-
ca coordenar ações de prevenção de risco, socorro,
assistênciaerecuperaçãoemsituaçõesdeameaças
e desastres, além de orientação e educação para a
populaçãoemgeral.
Na Prefeitura, o Departamento de Meio Ambien-
te (DMA) da SGRNPPA, por meio da Gerência de
Educação e Extensão Ambiental (GEEA) concen-
tra na região de Paranapiacaba e Parque Andreense
açõesreferentesaeducaçãoambientaleaSecretaria
de Mobilidade Urbana, Obras e Serviços Públicos
desenvolve suas ações voltadas para as questões
ambientaispormeiodoDepartamentodeParques
e Áreas Verdes (DPAV) que além de ter como in-
cumbênciaamanutençãoeembelezamentodaci-
dadeesuasáreasverdes,tambémfocaaEducação
Ambiental utilizando como recursos pedagógicos
os espaços de seus 10 (dez) parques espalhados
na área urbana da cidade. Entre eles destaca-se o
Parque Escola, que desde a sua concepção e infra-
estrutura foi pensado como um facilitador na pro-
moção e valorização da educação inclusiva e par-
ticipativa, com sua teoria e práticas voltadas para o
socioambientaleciênciasnaturais.
Considerando que um dos pressupostos da Edu-
cação Ambiental se baseia no trabalho multidis-
ciplinar, o Projeto Pegada Jovem integra as ações
educativas promovidas pelo Semasa (DGA-GEMA
e DDC), a SGRNPPA (DMA-GEEA) e o SMUOSP
(DPAV).
Santo André é um município da região do Grande
ABC localizado na região metropolitana do estado
deSãoPaulo,compopulaçãode707.613habitantes,
em 2014.. Seu território ocupa uma área de 175
km², sendo que 55% destes estão inseridos em
área de manancial. A cidade está situada entre
o Planalto Paulista e a Serra do Mar, com altitu-
de predominante variando de 750 a 800 metros.
O perímetro urbano do município é banhado pe-
las bacias hidrográficas:Tamanduateí, Ribeirão dos
Meninos e Ribeirão Oratório. Na área de proteção
de mananciais, predominam as bacias do rio Mogi
edoReservatórioBillings.
OProjetoPegadaJovem -MeioAmbienteeProtagonismo 11
12. Porestarpróximoamaiorcidadedohemisfériosul
e ao maior porto da América Latina, o município é
de importância ímpar e a história da industrializa-
çãodopaíspassaporseuterritório,oqueacarretou
em impactos ambientais diversos na macrozona
urbana e de proteção ambiental. O intenso tráfego
deveículos,apoluiçãodoar,dosoloedaágua,en-
chentes e ocupação em áreas de risco são alguns
exemplos de problemas decorrentes do cresci-
mentopopulacionalnaáreaurbana.
Já nas áreas de mananciais, em virtude da ocu-
pação desordenada, ainda verificam-se diversos
impactos como movimentos e remoção de terra,
desmatamentoesubstituiçãodavegetaçãonativa,
assoreamento de rios, contaminação do solo e de
águas superficiais e subterrâneas pelo despejo de
esgoto doméstico e disposição inadequada de re-
síduossólidos,dentreoutros.
Em termos regionais, os principais impactos são a
contaminaçãoepoluiçãodaságuasdaRepresaBillings,
captadas para o abastecimento da população das
regiões do Grande ABC e da Grande São Paulo,
representandoriscosàsaúdehumanaeambiental.
Atualmente, o aumento do número de pessoas vi-
vendo em áreas de risco ambiental tem sido uma
característicanegativadoprocessodeurbanização
e crescimento das cidades brasileiras, verificadas
principalmente nas regiões metropolitanas. Com a
intensificaçãodasatividadeshumanas,muitospro-
cessosnaturaispassaramaocorrercommaisfrequ-
ência, dado que podem ser induzidos, acelerados
e potencializados pelas alterações decorrentes do
usoeocupaçãodosolo.
Destaforma,éimprescindívelquehajasensibilização
e mobilização ambiental da população local para
que esta possa colaborar e participar da formulação
depolíticaspúblicaslocais,apropriando-sedaregião,
conservando-aecontribuindoparaseuprogressode
acordocomalegislaçãoambientalvigente.
A Prefeitura de Santo André e o SEMASA, desde
a implantação da Política Municipal de Gestão e
Saneamento Ambiental (Lei 7.733/98), fomentam
ações de Educação Socioambiental a partir da
abordagem direta (cursos, palestras, oficinas), com
diferentes públicos, sobre diversos temas relevantes
aocotidianodaregiãoedomunicípio.
A linha de atuação do projeto Pegada Jovem é
a Educação Socioambiental para jovens em área
urbana e de manancial, por meio da utilização da
educomunicação e incentivo ao protagonismo jo-
vemnacomunidadeemqueestãoinseridos.
A escolha do público jovem é de suma importân-
cia, pois contribui para a construção de conheci-
mentosapartirdarealidadeemquevivem,desen-
volvendo habilidades para participar ativamente
das questões socioambientais locais, contribuin-
do também para a conservação e a melhoria da
qualidadedevida.
A adoção de premissas, como a participação, a
aprendizagem social de forma lúdica e a educo-
municação foram eixos importantes no desen-
volvimento do projeto e permitiram uma maior
interação e percepção por parte dos jovens, dos
impactosdiretoseindiretosqueasaçõeshumanas
causamaomeio.
O protagonismo jovem que se buscou com o pro-
jeto é um exemplo de tecnologia social, pois se tra-
ta de uma metodologia com intuito de interação
comunitária,visandoàtransformaçãodosparticipan-
tesecomunidadesabrangidas.Comodizoprofessor
Antônio Carlos Gomes da Costa:“Reconhecer o ado-
lescente e o jovem, não como problema, mas como
partedasoluçãoémeiocaminhoandado.”
OProjetoPegadaJovem -MeioAmbienteeProtagonismo12
14. NÚCLEOSPEGADAJOVEM
ChácaraPignatari ParqueEscola
ParqueMiami ParqueAndreense
MACROZONAS
Urbana
ProteçãoAmbiental
Figura 1: Distribuição dos
Núcleos Pegada Jovem no
município de Santo André.
O Projeto Pegada Jovem – Meio Ambiente e Pro-
tagonismofoidesenvolvidopormeiodeumame-
todologia essencialmente prática e participativa,
baseada nas diferentes realidades do município
de Santo André, criando condições para que os
jovenspudessemparticiparativamentedasexpe-
riências de aprendizagem sobre as questões am-
bientais na cidade, mas considerando também as
suas especificidades.
Tendoemvistataldiversidade,oProjetofoiimple-
mentado mediante a realização de cursos teóri-
co-práticos com encontros semanais para quatro
turmas: Núcleo Parque Escola, Núcleo Chácara
Pignatari, Núcleo Parque Miami e Núcleo Parque
Andreense, sendo respectivamente duas tur-
mas na Macrozona Urbana e duas na Macrozona
de Proteção Ambiental de Santo André (Figura 1).
O Projeto foi desenvolvido a partir de cinco temas
geradores:
A-Integração/MeioAmbiente:
envolveuaçõesdeintegraçãoentreosjovens,ativi-
dadesdecamposobrepercepçãoeproblemasam-
bientais e o papel do jovem diante dos contextos
discutidosnosencontros.
B-BiomaMataAtlântica:
tratousobreosrecursosnaturaisdaMataAtlântica,
legislação, recuperação ambiental e Unidades de
Conservação.
C-Áreasverdesurbanasedemananciais:
envolveu discussões e atividades práticas sobre os
parques urbanos e as áreas de mananciais, sanea-
mentoequalidadedevida.
D-GestãodeRiscosAmbientais:
englobou ações e visitas de campo abordando a
percepção de riscos ambientais, áreas e risco em
Santo André, legislação, Planos de Redução de Ris-
cosemonitoramentoclimático.
E-Protagonismojovem:
compreendeu discussões e atividades práticas
sobre Políticas públicas para juventude; par-
ticipação e protagonismo jovem e meios de
participação social.
Desenvolver processos educativos a partir de te-
mas geradores, implicou em problematizar a re-
alidade de maneira dialógica e crítica a partir do
AMetodologia -AEducomunicaçãocomoRecursoPedagógico14
15. AMetodologia -AEducomunicaçãocomoRecursoPedagógico
ponto de vista dos jovens e do contexto em que
estavam inseridos para que pudessem refletir e
proporintervençõessobreassituaçõesdiscutidas.
De acordo com TOZONI REIS (2006, p.98), na edu-
cação ambiental crítica, transformadora e eman-
cipatória, o conhecimento deve ser construído de
forma dinâmica, coletiva e participativa, sendo a
abordagem educativa por meio de temas gera-
dores uma importante diretriz metodológica, na
qual os temas ambientais“geram reflexões para a
apropriaçãocríticadosconhecimentossobreasre-
laçõeshumanasnoecomoambiente”.
Sob este aspecto, a fim de possibilitar uma apren-
dizagem significativa e voltada ao protagonismo
juvenil, o delineamento metodológico do Projeto
Pegada Jovem foi diversificado envolvendo au-
las práticas, discussões, visitas técnicas, estudo do
meio e intervenções junto às comunidades, tendo
aeducomunicaçãocomorecursopedagógicocentral
permeandotodosostemasgeradorespropostos.
A Educomunicação vem crescendo ao longo dos
anos como metodologia educativa e apresenta uma
série de conceitos. De uma maneira mais simplista,
poderíamos defini-la como uma metodologia que
relaciona educação e comunicação. Para muitas pes-
soas certamente esta relação entre conceitos e práti-
casnãoéalgonovoerealmentenãoé,porém,oque
éinovadornaeducomunicaçãosãoaspossibilidades
pedagógicas voltadas ao desenvolvimento da auto-
nomiaeparticipaçãodoseducandos.
Nesteprocessoenodesenvolvimentodasaçõesdo
Projeto Pegada Jovem, os jovens não são e não fo-
ram apenas receptores das mensagens dos meios
decomunicaçãojáexistentes,mastambémprodu-
tores e emissores das informações sob o ponto de
vista de sujeitos e não simples espectadores, o que
conferiu maior autonomia e interesse pelos temas
abordadosnasformações.
ParaCOSTA(2008),aeducomunicaçãorefere-seao
conjunto de ações e valores que correspondem à
dimensão pedagógica dos processos comunica-
tivos ambientais, marcados pelo dialogismo, pela
participação e pelo trabalho coletivo. A dimensão
pedagógica, nesse caso em particular, tem foco no
“como”se gera os saberes e“o que”se aprende na
produçãocultural,nainteraçãosocialecomomeio
ambiente.
SOARES (2002) corrobora com a afirmação acima,
pois defende a ideia de veículos de comunicação
em espaços educativos porque considera que a
aprendizagem acontece na medida em que o su-
jeitosesenteenvolvido,conectado.Destamaneira,
o ambiente mediado por meios de comunicação
pode ajudar a produzir sentidos, convertendo-se
emações.
Tendo em vista as afirmações dos dois autores, per-
cebe-sequeaeducomunicaçãopermitequeosedu-
candos manifestem suas próprias visões de mundo
e criatividade e nesse processo é possível construir e
reconstruir novas visões.Visões estas que são funda-
mentaisnostrabalhosdeeducaçãoambiental,sobre-
tudo,quandopodemsercompartilhadascomoutras
pessoasefavorecerainteraçãosocialparatransforma-
çãodarealidade.
Segundo SOARES (2004), a Educomunicação en-
volvequatroáreasdeintervenção:
A - a educação para os meios, que promove re-
flexões e forma receptores críticos;
B - o uso e manejo dos processos de produção
midiática;
C-autilizaçãodastecnologiasdeinformaçãoeco-
municaçãonocontextoensino-aprendizagem;
D-acomunicaçãointerpessoalnorelacionamento
entregrupos.
Ainda de acordo com o autor, a educomunica-
ção objetiva promover o acesso democrático
à produção e difusão de informação; facilitar a
15
16. AMetodologia -AEducomunicaçãocomoRecursoPedagógico
percepção da maneira como o mundo é editado
nos meios; facilitar o ensino e o aprendizado por
meio do uso criativo dos meios de comunicação
e viabilizar a expressão comunicativa dos mem-
bros da comunidade educativa.
Alémdisso,aeducomunicaçãopossibilita:
•avalorizaçãodoconhecimentopopular;
• a reflexão crítica sobre os meios de comunicação
naleituraeproduçãodeconhecimento;
•amobilizaçãosocial;
•oaprendizadonotrabalhoemgrupo;
•odesenvolvimentodashabilidadescomunicativas
dosparticipantes;
•novasformasdeexercíciodacidadania.
Ositenselencadossereferemapenasaalgumaspos-
sibilidades da educomunicação, mas cabe ressaltar
que não se trata de uma metodologia fechada, mas
sim um conjunto de metodologias que se inter-rela-
cionam e contribuem para o desenvolvimento dos
educandos,incluindomaiorliberdadedeexpressãoe
acessoàstecnologiasdainformação.
De acordo com VOLPI e PALAZZO (2010), é im-
portante trabalhar a comunicação como direito
e possiblidade de intervenção na realidade mos-
trando sua intencionalidade, seus objetivos, seu
público, seu potencial de mobilização e transfor-
mação social, pois apenas dessa forma os jovens
podem se apropriar desse direito produzindo
informações em âmbito local, mas também con-
siderando o contexto global.
Sob esta perspectiva, a comunicação não
se configura apenas como meio ou fim dos
processos educativos, mas como uma for-
ma de mediação e relação entre educandos e
educadores e suas comunidades buscando no-
vos sentidos, novas percepções e novas formas
de intervenção e mudança social.
É relevante mencionar que no Projeto Pegada
Jovem, os materiais de comunicação produzidos
pelosjovensnãoforamrealizadosdeformaisola-
da, mas sim como parte de um processo que ao
final do Projeto culminou em intervenções nas
comunidades relacionando os temas geradores
que já haviam sido discutidos ao longo dos 30
encontros realizados. Dessa forma, os participan-
tes compartilharam suas percepções e experiên-
cias a fim de sensibilizar e mobilizar as comuni-
dades para conservação do meio ambiente e ao
mesmo tempo construíram novas formas de ver,
sentir e agir sobre o local em que moravam. Um
dos principais resultados da educomunicação
não é apenas o material produzido, seja em jor-
nais, cartazes, cartilhas, folhetos ou outros meios,
mas sim o processo de construção destes mate-
riais e suas implicações práticas, o aprendizado
construído e que se decodifica em ações.
Pelo exposto depreende-se que a educomunica-
ção propõe a construção de canais comunicativos
abertos, dialógicos e criativos, quebrando a hierar-
quia na distribuição do saber, justamente pelo re-
conhecimento de que todas as pessoas envolvidas
no fluxo da informação são produtoras de cultura,
deconhecimento,independentementedoseupa-
pel na sociedade. Sob este aspecto, o Projeto obje-
tivouconstruirumaaçãocomunicativavoltadaamu-
dançasquepudessemtambémserefletirnaspolíticas
públicaslocaisenaconservaçãoambiental.
A fim de compartilhar a experiência do Projeto
Pegada Jovem – Meio Ambiente e Protagonis-
mo, nas próximas páginas foram sistematizadas
algumas das vivências dos grupos envolvidos
durante o período de abril a dezembro de 2015,
mostrando como a educomunicação contribuiu
com este importante processo de educação am-
biental desenvolvido sob uma perspectiva crí-
tica, interdisciplinar e intersetorial na cidade de
Santo André.
16
18. SANTO ANDRÉ E OS NÚCLEOS
PEGADA JOVEM
Santo André é um município da região do
Grande ABC localizado na região metropo-
litana do estado de São Paulo, seu território
ocupa uma área de 174,38km², sendo que
55% destes estão inseridos em área de ma-
nancial. A cidade está situada entre o Pla-
nalto Paulista e a Serra do Mar, com altitude
predominante variando de 750 a 800 metros.
O perímetro urbano do município é banhado
pelas bacias hidrográficas: Tamanduateí, Ribei-
rão dos Meninos e Ribeirão Oratório. Na área
de proteção de mananciais, predominam as
bacias do rio Mogi e do Reservatório Billings.
Porestarpróximoamaiorcidadedohemisfériosul
e ao maior porto da América Latina, o município é
de importância ímpar e a história da industrializa-
çãodopaíspassaporseuterritório,oqueacarretou
em impactos ambientais diversos na macrozona
urbana e de proteção ambiental. O intenso tráfego
deveículos,apoluiçãodoar,dosoloedaágua,en-
chentes e ocupação em áreas de risco são alguns
exemplos de problemas decorrentes do cresci-
mentopopulacionalnaáreaurbana.
Já nas áreas de mananciais, em virtude da ocu-
pação desordenada, ainda se verificam diver-
sos impactos como movimentos e remoção
de terra, desmatamento e substituição da ve-
getação nativa, assoreamento de rios, conta-
minação do solo e de águas superficiais e sub-
terrâneas pelo despejo de esgoto doméstico
e disposição inadequada de resíduos sólidos,
dentre outros. Em termos regionais, os princi-
pais impactos são a contaminação e poluição
das águas da Represa Billings, captadas para o
abastecimento da população das regiões do
Grande ABC e da Grande São Paulo, represen-
tando riscos à saúde humana e ambiental.
OsJovenseoProjeto
Desta forma, é imprescindível que haja sensibi-
lização e mobilização ambiental da população
local para que esta possa colaborar e participar
da formulação de políticas públicas locais, apro-
priando-se da região, conservando-a e contri-
buindo para seu progresso de acordo com a le-
gislação ambiental vigente.
Santo André possui 707.613 habitantes, sendo
que 28.358 residem na Macrozona de Proteção
Ambiental (IBGE, 2014). Quanto à distribuição
por faixa etária, o número de crianças e jovens
entre 0 a 29 anos é de 298.986 pessoas.
Tais características demográficas sugerem a
necessidade de investimentos e projetos em
educação básica, profissionalizante e superior,
pois boa parte dessa população é formada por
jovens.
A linha de atuação do Projeto Pegada Jovem é
a educação socioambiental para jovens em área
urbanaedemanancial,pormeiodautilizaçãoda
educomunicação e incentivo ao protagonismo
jovem nas comunidades em que estão inseridos.
Cada Núcleo de formação do Projeto possui
características peculiares, sobretudo, quan-
to às especificidades em relação à localização
de cada bairro ou loteamento que se refletem di-
retamente no acesso aos mais variados serviços,
como transporte, saúde e educação.
A seguir, são apresentadas as principais carac-
terísticas dos locais em que estão inseridos os
Núcleos Pegada Jovem: Chácara Pignatari, Par-
que Escola, Parque Miami e Parque Andreense.
NÚCLEOS PEGADA JOVEM
DA MACROZONA URBANA
DE SANTO ANDRÉ
Os encontros dos jovens do Núcleo Chácara
Pignatari ocorreram no Parque Antônio Pez-
18
19. Figura2:
Localizaçãodos
NúcleosPegadaJovemda
MacrozonaUrbana
NÚCLEOSPEGADAJOVEM
ChácaraPignatari
ParqueEscola
MACROZONAS
Urbana
ProteçãoAmbiental
OSNÚCLEOSPEGADAJOVEM
CHÁCARAPIGNATARIE
PARQUEESCOLASELOCALIZAM
NAMACROZONAURBANA
DESANTOANDRÉ.
OsJovenseoProjeto
zolo localizado em uma área urbanizada, com
muitos comércios e serviços para os morado-
res. De acordo com relatos históricos da área,
por volta das décadas de 1940 e 1950, o local
abrigava uma fábrica de purpurina, perten-
cente a Francisco Pignatari, neto de Francesco
Matarazzo. A área de 31.417m² foi declarada
como de utilidade pública em 1974, e adqui-
rida pelo município em 1978. Em dezembro
desse mesmo ano, a área recebeu o nome de
Parque Regional de Integração de Utinga, e
incorporou a ele a Praça Pinto Bandeira, am-
pliando sua área para 34.632 m². Em junho de
1995, em homenagem ao ex-prefeito Antônio
Pezzolo (1973-1977), o parque recebeu seu
nome atual.
Já os encontros do Núcleo Parque Escola, acon-
teceram nas dependências do próprio local que
é um dos 10 parques que se encontram na área
urbana do município de Santo André. O Projeto
Parque Escola surgiu em 1997 e foi oficializado
em 17 de dezembro de 2004, com o objetivo de
estar inserido numa concepção de educação in-
clusiva focando o meio ambiente como um dos
principais recursos do processo de construção
do conhecimento. Neste sentido, foi criado um
espaço educacional favorecendo os recursos
pedagógicos para estimular e despertar a curio-
sidade a temática ambiental.
Foi construído em uma área com aproximada-
mente 50 mil metros quadrados com várias edi-
ficações e espaços entremeados de coleções de
plantas nativas e exóticas. Espaços estes destina-
dos à interação com o meio, especialmente a do
seu entorno, com relações que vão desde a agri-
cultura, saúde, arquitetura, reaproveitamento e
19
20. OsJovenseoProjeto
Este bairro teve o início de seu loteamento
na década de 70, está localizado próximo
ao Parque Natural do Pedroso – Unidade
de Conservação de Proteção Integral, com
uma superfície de 843 hectares, em torno
de 8 milhões e oitocentos mil m². Localiza-
se na Bacia Billings, próximo ao Braço do
Rio Grande. Os seus limites coincidem com
os da micro bacia do Pedroso.
Trata-se de um rico fragmento da Mata
Atlântica que contribui como barreira para
a expansão da ocupação sobre as áreas de
mananciais da região metropolitana de São
Paulo. Este manancial abastece 6% da po-
pulação do município. Cerca de 80% do Par-
que é constituído por vegetação em estágio
secundário de sucessão ecológica com es-
pécies como o manacá da serra, cedro, pau
d’alho, ingá e embaúba.
A fauna é composta de mais de 100 es-
pécies de aves e ocorrência de mamífe-
ros como jaguatirica, sagui do tufo preto,
gambás, jararacas, veado mateiro, gavião
pomba, pavão do mato, muitas destas na
lista de espécies ameaçadas de extinção
pelo IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Reno-
váveis).
Os encontros do Núcleo Pegada Jovem
Parque Andreense ocorreram no CESA Luiz
Gushiken e na Escola de Formação Ambien-
tal Billings (EFA-Billings), esta última loca-
lizada na Sede da Secretaria de Gestão dos
Recursos Naturais de Paranapiacaba e Par-
que Andreense e coordenada pelo Depar-
tamento de Meio Ambiente. Suas atividades
envolvem cursos, oficinas e visitas monitora-
das para crianças, jovens e adultos.
reciclagens de materiais, os quais são facilmen-
te observados nas construções dos espaços,
na formação de um olhar estético através de
um trabalho de arte educação e educação am-
biental, envolvendo a cultura em seus diversos
aspectos no aprimoramento do ambiente ur-
bano e da qualidade de vida.
No Parque Escola há pista de caminhada, au-
ditório, horta, sucatoteca, entre outros equi-
pamentos e ferramentas de educação am-
biental. Nele encontra-se também o Viveiro
Escola, espaço com parceria entre Prefeitura
de Santo André, Braskem e a ONG Instituto
Fábrica de Florestas. O Viveiro Escola atende
as crianças da rede pública de ensino muni-
cipal e também grupos organizados, e tem
como foco a produção de mudas nativas re-
gionais da Mata Atlântica e a educação am-
biental por meio das visitas monitoradas.
O Parque Escola está localizado no bairro
Valparaíso, próximo ao centro do município
e a avenida principal do bairro é a Avenida
Atlântica, onde encontram-se comércios,
prédios, lojas, posto de saúde, Emeif Janusz
Korczak e Creche, Centro Universitário - Fun-
dação Santo André, Faculdade de Medicina
do ABC, o SESC Santo André e a CLASA –
Casa Lions de Adolescentes de Santo André.
NÚCLEOS PEGADA JOVEM DA
MACROZONA DE PROTEÇÃO
AMBIENTAL DE SANTO ANDRÉ
Os Núcleos Pegada Jovem Parque Miami
e Parque Andreense se localizam na Ma-
crozona de Proteção Ambiental de Santo
André.
Os encontros do Núcleo Parque Miami ocor-
reram na Escola Estadual João Batista Ma-
rigo Martins, localizada no Parque Miami.
20
21. A região de Paranapiacaba e Parque An-
dreense em que se insere este Núcleo
possui 24 loteamentos e 6.029 habitan-
tes, sendo cerca de 500 jovens na faixa
etária atendida pelo Projeto. Ao contrário
dos loteamentos localizados nas áreas de
mananciais do município mais próximas à
Macrozona Urbana, esta região sofreu uma
pressão por urbanização diferenciada e em
menor escala em função de três aspectos:
isolamento geográfico causado pela rup-
tura física do território municipal, impos-
ta pela presença da Represa Billings, pela
distância da área urbana central e também
em função da legislação ambiental e de
uso e ocupação do solo restritivas.
A região caracteriza-se pela baixa densi-
dade populacional, grandes propriedades
sem uso ou ocupação e a presença de uma
grande área industrial da empresa Solvay-
-indupa do Brasil SA, do setor químico.
A Vila de Paranapiacaba apresenta carac-
terísticas diferenciadas por ser uma Vila
turística de origem ferroviária e tombada
pelos órgãos de defesa do patrimônio nas
esferas nacional, estadual e municipal.
NÚCLEOSPEGADAJOVEM
ParqueMiami
ParqueAndreense
MACROZONAS
Urbana
ProteçãoAmbiental
OSNÚCLEOSPEGADAJOVEMPAR-
QUEMIAMIEPARQUEANDREENSE
SELOCALIZAMNAMACROZONADE
PROTEÇÃOAMBIENTALDESANTO
ANDRÉ.
Figura3:
LocalizaçãodosNúcleos
PegadaJovemdaMacrozona
deProteçãoAmbiental
OsJovenseoProjeto 21
22. OsJovenseoProjeto
Fotos 1 e 2 – Ocupação urbana no Pq. Represa Billings III e Vila de Paranapiacaba – vista aérea
O Núcleo Pegada Jovem Parque Andreense
atendeu jovens residentes nos loteamentos
Parque Represa Billings II e III, localizados no
ParqueAndreense,JardimJoaquimEugênio
deLima,ParqueAméricaeaVilahistóricade
Paranapiacaba.
`
ApesardasparticularidadesdecadaNúcleodo
PegadaJovem,aolongodoprojetopormeio
de uma metodologia dialógica e participativa
foipossívelsensibilizarosjovensparticipantes
quanto às inter-relações entre as Macrozonas
UrbanaedeProteçãoAmbientaldeSantoAn-
dré, estimulando um olhar ampliado sobre o
territórioemqueviviam,bemcomoaçõesde
proteçãoaomeioambiente.
A MOBILIZAÇÃO PARA
O INÍCIO DO PROJETO
Umasociedadesetornaumanaçãoquando
é capaz de responder aos desafios postos
pela história. No caso da educação, a mobi-
lização social ocorre quando um grupo de
pessoas,umacomunidadeouumasocieda-
de decide e age com um objetivo comum,
buscando, quotidianamente, resultados de-
cididosedesejadosportodos.
Neste sentido, os quatro núcleos: Chácara
Pignatari, Parque Escola, Parque Miami e
Parque Andreense foram mobilizados por
meiodasmesmasestratégiasdedivulgação
conformeabaixo:
• Distribuição de cartazes de divulgação
paracadanúcleo;
•Reuniõescomequipegestoradasescolasdo
entornodecadanúcleo;
• Apresentação do Projeto diretamente para
os alunos das escolas estaduais próximas a
cadaNúcleoPegadaJovem;
•DivulgaçãonaagendadoParqueEscolaeda
EscoladeFormaçãoAmbientalBillings;
• Distribuição dos formulários de inscrição
com orientação e autorização dos pais e ou
responsáveis.
Aetapademobilizaçãodosjovensparapar-
ticipação no Projeto ocorreu entre os meses
de fevereiro e março de 2015. Inicialmente
houve algumas dificuldades em relação às
inscrições para todos os Núcleos, sendo de
fundamental importância o apoio, envolvi-
mento e parceria com algumas Escolas Esta-
duais e outras instituições.
22
23. No Núcleo Chácara Pignatari, o contato inicial para
divulgação do Projeto foi realizado com as escolas
do entorno: Escola Estadual Carlina Caçapava de
Mello, Escola Estadual Adamastor de Carvalho e
EscolaEstadualAmaralWagner.
Neste período, o parque estava em reforma e hou-
ve greve de professores, o que determinou a pror-
rogação do período de inscrições para os jovens
interessados no curso. No bairro, além do Parque
não há muitas áreas verdes e a própria dinâmica
do local não leva o jovem a se interessar por temas
relacionadas ao meio ambiente, por ser uma área
com muitos comércios, o que pode ter sido um
fator que contribuiu para o número de inscrições
abaixo do esperado neste Núcleo, já que houve di-
vulgaçãonastrêsescolasestaduaisdobairro.
No Núcleo Parque Escola, a divulgação foi realiza-
da na agenda do Parque Escola e por meio da co-
locação de cartazes nas dependências do Parque.
Como as escolas contatadas passaram a funcionar
em período integral, os alunos não teriam disponi-
bilidadedeparticipar. Dessaforma,acoordenação
doProjetoentrouemcontato coma CLASA–Casa
Lions de Adolescentes de Santo André, que traba-
lhava com o público da faixa etária do projeto e
redefiniu as estratégias de divulgação ampliando
tambémoprazodeinscrições.
A CLASA – Casa Lions de Adolescentes de Santo
André é uma entidade de atendimento que pro-
move e defende adolescentes e jovens na pers-
pectiva da defesa e garantia de seus direitos. Esta
instituição possui um Programa de Aprendizagem
Profissional: “Juventude em ação – Sou aprendiz”,
queestimulaaconsciênciacríticacapazdepromo-
ver a ampliação de informações resultantes de um
processo de aprimoramento cultural e a integra-
ção ao mundo de trabalho por meio de ações que
assegurem aos adolescentes e jovens o direito à
profissionalização,ageraçãoderendaeoestímulo
ao empreendedorismo, contribuindo desta forma
para sua autonomia e melhoria da qualidade de
vida.PormeiodestePrograma,foramselecionados
os alunos para participarem do Projeto Pegada Jo-
vemNúcleoParqueEscola.
NoNúcleoParqueMiami,aparceriacomaEscola
Estadual João Batista Marigo Martins foi funda-
mental. Inicialmente foram realizadas reuniões
com a equipe gestora da Escola para apresenta-
ção do Projeto e sua proposta, em seguida foram
afixados cartazes nesta unidade escolar e houve
aapresentaçãodapropostatambémparaosalu-
nos com entrega das fichas de inscrição e autori-
zação para assinaturas dos pais ou responsáveis
aos jovens interessados. Como a articulação com
as escolas estaduais foi mais demorada do que o
esperado, as inscrições também foram prorroga-
das para este Núcleo.
No Núcleo Parque Andreense a divulgação e
mobilização dos jovens foi iniciada, a princípio,
apenas nos loteamentos Parque Represa Billings
II e III da região de Paranapiacaba e Parque An-
dreense, onde localizam-se a Escola de Forma-
ção Ambiental Billings e o CESA Luiz Gushiken,
locaisondeocorreramosencontrosreferentesàs
ações do Projeto.
Houve divulgação nas escolas municipais e
estaduais locais, comércios, posto de saúde,
posto de atendimento ao munícipe da Prefei-
tura Municipal de Santo André e igrejas, sendo
que na Escola Estadual do Parque Andreense
houve um processo de mobilização diferen-
ciado envolvendo conversas com os jovens
representantes de sala e posteriormente com
os alunos em geral. Após 30 dias de divulga-
ção, as inscrições estavam abaixo do espe-
rado, dessa forma, o prazo de inscrições foi
prorrogado e a divulgação e mobilização
ampliadas para os loteamentos Parque Amé-
rica, Jardim Joaquim Eugênio de Lima e para
a Vila de Paranapiacaba.
OsJovenseoProjeto 23
24. OsJovenseoProjeto
Após dois meses de divulgação e mobilização, fo-
ram inscritos 104 jovens com idade entre 14 e 18
anosparaosquatroNúcleosdeformaçãodoProje-
to,conformetabelaaseguir:
Tabela1–DistribuiçãodejovensinscritosporNúcleoPegadaJovem.
NúcleoPegadaJovem Nºdeinscrições
ChácaraPignatari 20
ParqueEscola 26
ParqueMiami 27
ParqueAndreense 31
Total 104
Fotos3e4-Conversasobreexpectativasdojovensemrelação
aoProjetoNúcleoPegadaJovemdoParqueAndreenseeNúcleo
ChácaraPignatari
Ao final do processo de mobilização, a meta quanto
aopúblicodoProjetofoiatingidacomêxitoeapesar
da variação de faixa etária não houve dificuldades
quantoaoentrosamentoeintegraçãodosgrupos.
OS JOVENS E O INÍCIO
DO PROJETO
Os encontros foram iniciados a partir do detalha-
mento da proposta do Projeto, apresentação dos
participantes, levantamento de expectativas, rea-
lização de atividades de integração e construção
participativadasregrasdeconvivência.
O levantamento de expectativas dos grupos
quanto ao Projeto foi fundamental para que os
educadores pudessem conhecer os jovens e seus
reais interesses quanto à participação no curso.
A seguir, destacamos os depoimentos quanto
aoquealgunsparticipantesdisseram:
“Tenho três motivos para querer participar: eu me preocupo
com o meio ambiente, pois as coisas não afetam apenas o
meio ambiente, mas também a sociedade; nós jovens temos
quefazeradiferençaedarexemploparaasociedade;eugos-
to de coisas novas ainda mais quando podem influenciar no
meufuturo.”
Alana Villar de Oliveira, 14 anos, Núcleo Pegada Jovem
ParqueMiami
“A princípio estive pensando que o curso seria mais teoria do
que prática, porém desde o início da aula pude perceber que
teremos que trabalhar mais a capacidade da mentalidade de
criarelembrardascoisas.Esperoconhecerestudos...,preciso
de mais liberdade comigo e com outras pessoas e acho que o
cursoseráumbomcomeçoparaarrancaressatimidez.Espero
adquirirmaissabedoriaparapoderpassarparaoutraspesso-
asoqueaprendi....”
Caique José Gomes Santos, 16 anos, Núcleo Pegada Jovem
ParqueAndreense
“Meu sonho é ser Biólogo, já participei de um programa em
outra escola sobre sustentabilidade e acho muito importan-
te, principalmente, nessa época de crise hídrica. Sou fanático
por fauna e flora e, neste curso, ainda tenho a chance de me
apaixonar ainda mais. Não posso deixar passar esta chance
deouro.”
Bruno Moreira de Sousa, 14 anos, Núcleo Pegada Jovem
ParqueMiami
24
25. OsJovenseoProjeto
No Núcleo Parque Escola, o resultado do levan-
tamento das expectativas também foi positivo.
Osjovensdisseramfrasescomo:
quanto a algumas habilidades e relação com
os meios de comunicação incluindo as redes
sociais, já que o recurso pedagógico principal
do Projeto foi a educomunicação. Por meio
desta dinâmica, os jovens
foram sensibilizados quanto
à diversidade de gostos, es-
tilos e pensamentos de cada
grupo, ressaltando que mes-
mo com todas as diferenças
seria importante trabalha-
rem juntos para alcançarem
objetivos comuns.
Os participantes do Núcleo
Chácara Pignatari indicaram
gostar de natureza e música,
e a maior parte afirmou saber usar computa-
dor. Poucos jovens disseram que não gosta-
vam de redes sociais e de ler e a maior parte
indicou que gosta de trabalhar em grupo.
A seguir, são apresentados alguns dados
quanto ao resultado desta dinâmica aplicada
ao Núcleo Pegada Jovem Parque Miami:
Gráfico1–ResultadosdaDinâmicadoRioquantoaoqueosjovens
doNúcleoParqueMiamigostam.
RecursosNaturais
EsportesLazer
RedesSociais
Desenhos
QuantosàsexpectativasdosjovensdoNúcleoPar-
que Escola e Chácara Pignatari as educadoras e
coordenadorasdosgruposobservaramque:
“Muitos estavam ali por querer saber mais sobre meio am-
bienteealgunsjátinhamissocomolazer;outrosseinteressa-
ram porque o amigo se matriculou, mas já na primeira aula,
os participantes destacaram que o aprendizado e o conheci-
mento das questões ambientais os levaram a se inscrever no
curso.”
MaíraSoaresGalvanese,coordenadoradoNúcleo
ChácaraPignatari
“Saber dos jovens que eles esperam do curso e dos coordena-
dores, conhecimento e principalmente valores que eles apli-
carão em suas vidas profissionais e cotidianas, nos motivou
e colocou sobre nós a responsabilidade de fazermos parte da
formaçãodevidadeles.”
DanielaVictordaSilvaFreire,educadorae
co-coordenadoradoNúcleoChácaraPignatari
Para conhecer um pouco mais sobre as prefe-
rências musicais, gastronômicas e atividades
cotidianas dos jovens foi realizada a dinâmica
do Rio para fazer também um levantamento
25
26. OsJovenseoProjeto
6
5
3
2
0
Ler
Dançar
Fotografia
Nadar
Esportes
Cozinhar
ContarEstórias
Pintar
Computador
Cantar
Poemas
EstóriasemQuadrinhos
Blog’s
Moviemaker
Gráfico2–ResultadosdaDinâmicadoRioquantoaoqueosjovensdoNúcleoParqueMiamisabemfazer.
Foto5-Regrasdeconvivênciasindicadaspelo Núcleo
PegadaJovemParqueAndreense
Já os Jovens do Núcleo Parque Andreense, dis-
seram que gostam muito de caminhar em áreas
naturais, observar os animais, ouvir músicas, dese-
nhar e fotografar. Poucos jovens gostavam de ler e
escrever, embora todos eles tivessem manifestado
interesse por computadores e redes sociais, so-
mentemetadedisseterinteresseemfazerblogs.
Outromomentoimportantefoiaconstruçãoconjun-
taderegrasdeconvivência.CadaNúcleoconstruiuas
suas,masemgeralasprincipaisforam:
•Respeito;
•Educação;
•Nãoficarnocelular;
•Nãodormirnocurso;
•Caféàs16horas;
•Todosdevemparticipardasatividades;
•Nãofazerpanelinhas;
•Nãofalaraomesmotempoemqueosoutros.
Em três dos Núcleos, os jovens propuseram a cria-
ção de um grupo no aplicativo WhatsApp para
socialização dos conteúdos e contato gerais sobre
assuntosrelacionadosaoProjeto.Ospróximospas-
sos se relacionaram ao levantamento da percep-
ção dos jovens sobre o local em que moravam e
sobreomeioambiente.
OSJOVENSESUAS
PERCEPÇÕESAMBIENTAIS
“O exercício constante da “leitura do mundo” demanda ne-
cessariamenteacompreensãocríticadarealidade...Aprática
de constatar, de encontrar as (ou a) razões de ser do consta-
tado, a prática de denunciar a realidade constatada e de
anunciar a sua superação fazem parte do processo de leitura
domundo...”
FREIRE,2000
26
27. questionar os demais colegas sobre suas
escolhas.
No Núcleo Parque Escola, propuseram planetas
com tecnologia, com hospitais, porém sem do-
enças, hospitais só para acidentes e grávidas.
Houve um foco maior na criação de um
“novo” Planeta sem drogas, o que possibili-
tou aos educadores maior abertura para de-
bater sobre o assunto, pois é algo que pode-
ria estar próximo aos jovens em seus círculos
de convivência, em seus bairros e também
dentro de suas escolas.
O tema foi tratado com mais ênfase nas aulas
em que os jovens construíram o mapa falado
de seus bairros, encontro que foi extremamente
proveitoso, pois possibilitou a troca de experi-
ências e uma aproximação maior entre jovens
e educadores.
A seguir apresentamos o resultado de um
dos trabalhos em grupo realizado no Nú-
cleo Parque Andreense durante a atividade
Planeta Seu:
O que teria a “leitura do mundo” a ver com a
questão ambiental? Talvez para muitas pes-
soas tal leitura seja infactível, afinal como ler
o mundo? Em poucas palavras, Paulo Freire
exprime exatamente o que isso significa, ou
seja, compreender a realidade de forma críti-
ca, questioná-la e interferir sobre ela de forma
consciente.
Para trabalhar os temas geradores do Proje-
to sob uma perspectiva crítica e transforma-
dora relacionada com a “leitura do mundo”
sob a ótica mencionada por Paulo Freire foi
essencial realizar um levantamento sobre as
percepções ambientais dos jovens partici-
pantes de cada Núcleo. Para isso foram rea-
lizadas duas atividades: a dinâmica Planeta
Seu em que foi feita uma simulação na qual os
jovens poderiam escolher o que incluiriam ou
não em um novo Planeta e uma atividade de
estudo do meio no local em que moravam.
Na atividade Planeta Seu, houve uma inte-
ração maior entre os jovens, fazendo com
que ocorresse a cooperação entre eles com
o trabalho em grupo. Cada participante
pôde expor sua opinião sobre os temas e
Tabela 1 - Itens indicados e categorias de classificação de acordo com um dos grupos de jovens do Núcleo Parque Andreense
durante a dinâmica Planeta Seu
CATEGORIASDECLASSIFICAÇÃO ITENSINDICADOS
Essencial
Animaisdomésticos/água/Terra/montanhas/sol/ventos/animaissilvestres/praias/
sementes/árvores/peixes/ar/fogo/aves
Remédios/indústrias/celular/música/facebook/doenças/ferramentas/energiaelétrica/
geladeira/livros/relógio/petróleo/shampoo/sabonete/TVacabo/Perfume/Fotografia/
Supermercado/Máquinadelavarroupas/óculos/futebol/roupas/alimentos/internet/
refrigerante/hospitais/bicicletas/televisão/sapatos/agricultura/sentimentos/escovadedentes/
protetorsolar
Prejudicial
Bicicletas/Revistas/Religião/Carros/desertos/secadordecabelos/drogas/cigarro/
energianuclear/insetos/penitenciária/agrotóxico/novelas/motocicleta
Muitoimportante
Policiamento/dinheiro/estudoscientíficos(universidades)/moradiafixaoutem-
porária/bebidasalcoólicas/coletaseletiva/salãodebeleza/abastecimentoetratamen-
todeágua/pavimentação/absorvente/anticoncepcional/aplicativosparaandroid
(whatsapp,instagram,retrica,dubmasheoutros)/shopping/
estabelecimentoscomerciais/preservativos/sériesetrilogias
OsJovenseoProjeto 27
28. OsJovenseoProjeto
Foto8-JovensdoNúcleoChácara
PignatariduranteaatividadePlanetaSeu
estudodomeionoParque
do”são bem parecidas, pois os“planetas”ficaram
bem semelhantes com a realidade atual.
O momento de dis-
cussãosobreosresul-
tadosdestaatividade
foi muito produtivo,
principalmente pela
diversidade de per-
cepções advindas de
um grupo que vive e
conviveemem
contextostãoparecidos,
sejanosNúcleoslocalizados
naMacrozonaUrbanacomonosqueselocalizamna
MacrozonadeProteçãoAmbientaldeSantoAndré.
Mencionando diversos estudos, RODRIGUES et
al. (2012, p.101) lembra que a “percepção é ine-
rente a cada ser humano, que percebe, reage e
responde de forma diferente tanto às relações
interpessoais quanto às ações sobre o meio”sen-
do os valores construídos ao longo das histórias
e interações de cada um que vão determinar tais
percepções, atitudes e pensamentos diferentes
entre indivíduos de um mesmo grupo social. E
é o reconhecimento dessa diversidade que en-
riquece e legitima o trabalho de levantamento
de percepções como base do trabalho em edu-
cação ambiental.
A integração e o entrosamento entre os jovens
e os educadores em seus respectivos Núcleos
foram bem positivas. Neste primeiro módulo foi
possível falar sobre o jovem e o meio ambiente
de forma consistente, agregando conhecimen-
tos ambientais e sociais, em um aprendizado
construído mutuamente, pois como afirma FREI-
RE (1987, p. 68), “ninguém educa ninguém, nin-
guém educa a si mesmo, os homens se educam
entre si, mediatizados pelo mundo”.
Fotos6e7-JovensdoNúcleoParque
AndreenseduranteadinâmicaPlanetaSeu
Éinteressantenotarqueestegrupoindicouumaper-
cepção mais negativa em relação a alguns aspectos
classificandocomoprejudicialosdesertos,areligiãoe
osinsetos,porexemplo. Taisresultadospossibilitaram
umaricadiscussãoeoesclarecimentodealgunscon-
ceitosesuasrelações.
Durante a mesma
atividade realizada
peloNúcleoChácara
Pignatari, os resul-
tados foram pareci-
dos, pois os jovens
tiveram o mesmo
entendimento do
que era essencial e
o que era prejudicial
para o planeta, para
este grupo o tema
religião também
gerou muita discus-
são o que foi impor-
tante para que eles
e os educadores se
conhecessemmelhor.
Como continuação deste encontro, os jovens
realizaram uma caminhada no Parque Antô-
nio Pezzolo para identificar os aspectos que
gostavam ou não nesta área verde da cidade.
Muitos disseram que nunca tinham visto pé
de açaí e bromélias nas árvores. Para conhecer
as percepções ambientais dos colegas, os jo-
vens elaboraram um questionário sobre temas
ambientais, além de vídeos e fotos. Nessas ativi-
dades, eles abordaram além das questões locais
do parque, questões políticas e voltadas ao meio
ambiente, como: coleta seletiva e água.
De modo geral, observou-se que apesar dos jo-
vens morarem em bairros diferentes, estudarem
em escolas diferentes, suas“percepções de mun-
28
30. Osjovens,abiodiversidadedeSantoAndréeaeducomunicação
Um dos grupos fez um cartaz bem interessante
colocando um teclado em forma de granada, jus-
tificando que a internet e suas imagens podem ser
utilizadastantoparaobemcomoparaomal.
Foto9- AIlustraçãofeitaporumdosgruposparaalertarsobreo
usocorretodecomputadoreseredes
Apesar das infinitas possibilidades das tecnologias
decomunicaçãoedoacessoàinternetpormeiode
smartphones, foi notável a dificuldade dos jovens
no uso do computador o que demonstrou que
seria necessária maior atenção em relação ao uso
desteequipamento.
Apartirdesteencontro,osjovensforamorientados
arefletiremsobreasimplicaçõespráticasdaeduco-
municação em relação a todos os temas ambien-
taisqueseriamabordadosduranteocurso.
E na busca da“significação dos significados”, como
mencionado anteriormente dois fatores importan-
tesforamconsiderados:
1. A informação e a comunicação auxiliam o pro-
cesso educativo, mas devem estar atreladas à rea-
lidadesocioculturaldecadagrupo.
2. A educação ambiental sob a perspectiva do Pro-
jeto não é unidirecional, portanto, deve utilizar infor-
mações que também emergem do próprio grupo e
estratégias que valorizem o saber popular para que
efetivamente possa contribuir com a construção de
novosconhecimentosdeformasignificativa.
“Aeducaçãoécomunicação,édiálogo,namedidaemquenão
éatransferênciadesaber,masumencontrodesujeitosinter-
locutores,quebuscamasignificaçãodossignificados”
FREIRE(1977,p.68)
Buscar “a significação dos significados” foi algo
que permeou todo o projeto Pegada Jovem, pois
ao longo dos cursos buscou-se não apenas com-
preender as percepções e visões de mundo dos
participantes, mas também entender como estes
jovens davam significado ao local em que mora-
vam e às suas experiências na e com a cidade de
SantoAndré.
Considerando que mais da metade do município
está inserido em Área de Proteção e Recuperação
aos Mananciais e que possui duas importantes
Unidades de Conservação municipais de Proteção
Integral: O Parque do Pedroso e o Parque Natural
MunicipalNascentesdeParanapiacaba,otemage-
rador biodiversidade foi trabalhado tanto em seu
aspectoconceitualcomopráticoefoiapartirdeste
tema que a educomunicação como metodologia
foiapresentadaaosjovens.
No Núcleo Parque Andreense, as aulas que envol-
veram o uso de computador foram realizadas no
CESA Luiz Gushiken, no laboratório de informática.
A fim de construir um conceito de forma dialógica
e participativa sobre a educomunicação, os jovens
foramconvidadosarefletirsobreestapalavrasepa-
randoaemduaspartes:“edu”e“comunicação”,rapi-
damente os participantes relacionaram o conceito
à educação, mas tiveram dificuldades de mencio-
nar exemplos práticos de seu uso. Dessa forma, os
mesmos puderam fazer pesquisas na internet so-
breoassuntoemquatrogrupostemáticos: escrita,
áudio,imagem,vídeo.
O processo foi interessante, pois se percebeu um
caráter individualizador no uso do computador,
pois os jovens apresentaram certa dificuldade de
trabalharemgrupoedividirastarefasentreeles.
30
31. Os jovens do Parque Miami iniciaram o tema so-
bre Educomunicação com uma explicação sobre
o conceito e as possibilidades de utilização desta
ferramenta na construção de idéias e possíveis in-
tervenções sobre as questões ambientais. Foram
realizadas diversas atividades, entre elas, recortes
deimagenssobreosmeiosdecomunicação,deba-
tes,exibiçãodevídeoseregistrosfotográficos.
Foto10-Pesquisa
Foto11-Apresentação
Fotos12,13e14
ProduçãoJovens
Foto15-Biomapa
Foto16-Percepção
Osjovens,abiodiversidadedeSantoAndréeaeducomunicação 31
32. Osjovens,abiodiversidadedeSantoAndréeaeducomunicação
AprimeiravisitatécnicarealizadafoinoParqueNa-
tural Municipal do Pedroso, que está localizado no
municípiodeSantoAndré,SãoPaulo,epossuiuma
ampla área com vegetação nativa da Mata Atlân-
tica, e por conta disso, é considerada uma área de
conservação para garantir a proteção da biodiver-
sidadelocal.(PMSA,2012).
O Parque Natural Municipal do Pedroso, cuja ges-
tão é realizada pelo SEMASA, é uma Unidade de
Conservação de Proteção Integral desde 1998 e
possui área equivalente a aproximadamente seis
vezes a do Parque do Ibirapuera, em São Paulo
(SEMASA,s/d).FoirealizadaatrilhadoMontanhão,
pela antiga Estrada que tinha o mesmo nome, e
queestavafechadaparaminimizaçãodeimpactos
ambientais com realização de reflorestamento e
fiscalização, lembrando que um trecho da estra-
da se mantinha aberto para circulação de veícu-
los. Durante o percurso o monitor Daniel (agente
ambiental – SEMASA) esclareceu as dúvidas dos
jovens, destacando algumas informações: área
de acesso restrito (fechada entre os anos de 2006
e 2007), onde foi possível observar a recupera-
ção natural e antrópica de uma área degradada.
Olocalvisitadoestavanumestágiomédioderecu-
peração, e a trilha foi um ótimo exemplo de recu-
peração de áreas degradadas. Os jovens também
foram levados à parte da Estrada que permanecia
aberta, para observarem as diferenças existentes
entre os dois locais. Ao final da trilha eles puderam
conheceraáreadereflorestamentodoantigo“De-
safioJovem”,localondefoifeitoumplantiodemu-
das,comopartedoprocessoderecuperação.
Apesar dos jovens do núcleo Parque Andreense
morarem em uma área de manancial, com Mata
Atlânticaabundanteeaoladodeumdosbraçosda
Represa Billings, os jovens não tinham o costume
derealizartrilhasouobservartodooambienteque
os cercavam de uma maneira diferenciada, pois
por residirem no local, àquela paisagem vista nas
NoiníciodostrabalhosnonúcleoParqueMiami,os
jovens ficaram surpresos e curiosos, pois foram in-
centivadosaolharàsuavolta,pesquisar,fotografar,
falar e produzir o seu próprio conhecimento sobre
asquestõesambientaislocais.
Alguns problemas foram apontados, destacando
o descarte irregular de resíduos, tanto na região
quanto na própria escola onde estudam. Todos os
registros dos jovens se transformaram em vídeos,
jornais, músicas e apresentações e o assunto foi
muitobemexploradoesocializadosnosencontros.
Cabe aqui, o destaque para o tema sobre Percep-
ção Ambiental. Houve grande receptividade, inte-
resseeparticipaçãodetodosdestenúcleo.
O núcleo Parque Escola bem como os outros nú-
cleos elaboraram folhetos, mapa falado de seus
bairros, alguns jogos com temas ambientais, e rea-
lizarampesquisas,iniciandoocontatocomasferra-
mentasdigitaisnocomputador.
AS VISITAS A CAMPO
As visitas técnicas foram realizadas com o objetivo
de complementar o ensino e aprendizagem cons-
truídos em aulas teóricas e levar os jovens para
contemplação dos ambientes naturais em área de
manancialdonossomunicípio.
Em Santo André temos duas Unidades de Con-
servação (UCs). Essas áreas são conhecidas como
parques e reservas. São espaços territoriais que
possuem recursos ambientais, com características
naturais relevantes e tem a função de garantir o
equilíbriodoecossistema.
Estas áreas estão sujeitas a normas e regras espe-
ciais. São legalmente criadas pelos governos fe-
deral, estaduais e municipais, após a realização de
estudostécnicosdosespaçospropostose,quando
necessário,consultaàpopulação.(MMA,s/d)
32
33. OsjovensdoParqueMiamipuderamfalarmaisso-
bre a região para os jovens do núcleo Pignatari, já
queresidemnoentorno.
Essasrealidadesdiferentesforamimportantespara
discussões no grupo sobre os pontos positivos e
negativos de se viver na cidade e em áreas mais
preservadas, eelespuderamverdepertoaimpor-
tânciadaáreadoParquedoPedrosoparaoabaste-
cimentodeáguadeSantoAndré.
AsegundavisitaacampofoinoParqueNaturalMu-
nicipal Nascentes de Paranapiacaba, que também
é uma Unidade de Conservação (UC) de proteção
integral, ou seja, não pode ser habitada pelo ho-
mem, sendo admitido apenas o uso indireto dos
seus recursos naturais – em atividades como pes-
quisa científica e turismo ecológico, por exemplo.
(WORLDWIDEFOUND–WWF,s/d).
LocalizadonomunicípiodeSantoAndrécomuma
área total de 400 hectares, conserva boa parte re-
manescente da Mata Atlântica do município. Atu-
almentepossuicincotrilhasparautilizaçãopública.
(PMSA,2013).
A visita teve ótimo rendimento e aproveitamento
pelosalunosdoPegadaJovem.
ChegandoàVilaosalunosforaminformadossobre
a história de criação da mesma, como aconteceu o
processo de urbanização e de como o Parque Nas-
cente de Paranapiacaba auxilia no abastecimento
Unidades de Conservação era algo comum de seu
cotidiano. As novidades para os jovens foram os
processos de recuperação ambiental demonstra-
dos no Parque do Pedroso e os sistema de abaste-
cimentonoParqueNaturalMunicipalNascentesde
Paranapiacaba. Além disso, tais visitas propiciaram
os primeiros encontros com os jovens do Núcleo
Parque Escola, que inicialmente foi realizado com
certo estranhamento, mas que ao longo do Proje-
to foi sanado com atividades de integração entre
grupos.
Foi possível junto com os jovens contemplar e en-
tender a importância da preservação e de como
contribuirparaestapráticaemoutroslocais.Foram
Foto17-VisitaaoParquedoPedroso
observadas plantas e árvores nativas e exóticas, a
diversidade da fauna, a interferência do ser huma-
no no meio e seu impacto, tais como, abertura de
trilhasparacaça,disposiçãoinadequadaderesídu-
os,moradiasirregulares(queforamremanejadase
estavamemprocessoderecuperação).
Com relação às visitas ao Parque Nascentes e
Parque do Pedroso, é importante destacar que a
maioria dos jovens desconhecia os locais, apesar
damaiorpartedelesmoraremSantoAndré.
Foto18-VisitaaCamponoParqueNaturaldoPedroso.
TrilhadoMontanhão.
Osjovens,abiodiversidadedeSantoAndréeaeducomunicação 33
34. Osjovens,abiodiversidadedeSantoAndréeaeducomunicação
de água e na conservação da diversidade de fau-
na e flora existentes. Os grupos foram misturados
e após divididos em dois grupos, participaram de
uma atividade dentro das trilhas e ao final se re-
encontraram. Foi uma atividade muito agradável,
os jovens adoraram este contato com as árvores e
biodiversidade.
Além do tema biodiversidade, foi trabalhado tam-
bém a percepção ambiental, e as visitas técnicas
forammuitoprodutivas.OnúcleodoParqueMiami
ao final do encontro resumiu a atividade em duas
palavras:“felicidadeepaz”.
Os grupos tiveram opiniões parecidas com relação
às visitas às Unidades de Conservação, comentaram
sobre a importância das nascentes, animais não per-
tencentesàfaunalocal,aimportânciadaconservação
dasáreasdemananciaiseasflorestas.
Considerando as indicações dos grupos de como
as informações apreendidas poderiam ser “trans-
mitidas para a população”, as educadoras junto
com os jovens destacaram as diferenças entre car-
taz, folheto, livro e cartilha ressaltando os aspectos
positivos e negativos de cada material consideran-
do a sua utilização em trabalhos informativos ou
educativos e a importância de adequar a lingua-
gemacadatipodepúblico.
Foi realizada uma atividade na qual os jovens si-
mularam que faziam parte de uma empresa de
comunicação e realizaram o planejamento para
elaboração da cartilha em 3 etapas: 1.briefing (le-
vantamento de informações básicas para elabora-
ção do material); 2.Discussão do conceito gráfico
(quetipodeimagens,cores,paginaçãoetc)e3.Dis-
cussão do conteúdo da cartilha (elaboração do ro-
teirográficoeconteúdoemtópicos).
PRODUZINDO AS CARTILHAS
ApósosencontrossobreaMataAtlântica,biodiver-
sidade e Unidades de Conservação, os jovens do
Núcleo Parque Andreense deram início ao proces-
sodeelaboraçãodaCartilhasobreestestemas.
Para iniciar o planejamento do material os
jovens foram indagados sobre o que a comu-
nidade deveria saber sobre o viram e viven-
ciaram e de que forma estas informações po-
deriam ser compartilhadas.
Foto19–JovensnoParqueNascentes
34
35. Com relação às atividades voltadas à educomuni-
cação, os jovens do núcleo Pignatari começaram
a desenvolver os passatempos para a cartilha de
Mata Atlântica. Eles tiveram facilidade para essas
atividades, pelo conhecimento prévio em infor-
mática, em especial com o programa Microsoft
Publisher, e também elaboraram os passatempos
para as cartilhas, como caça-palavras, certo e erra-
do,labirinto,seteerros.
OsjovensdoNúcleoParqueEscolaescreveramacar-
tilha sobre ÁreasVerdes. Os jovens do Parque Miami
escreveram a cartilha de Manancial. O Nucleo Chá-
caraescreveuacartilhadeÁreasdeRiscoeoNúcleo
ParqueAndreenseescreveuacartilhadeMataAtlân-
tica. Após as pesquisas ficaram impressionados com
a quantidade de parques que Santo André possui.
Muitosnãoconheciamamaioriadeles.
Foto20-ProcessodeplanejamentodoroteirográficodacartilhapelosjovensdoNúcleoParqueAndreense
Foto21-ElaboraçãodacartilhaMataAtlânticanolaboratóriode
informáticapelosjovensdoNúcleoParqueAndreense
Osjovens,abiodiversidadedeSantoAndréeaeducomunicação
Acartilhafoioprimeiromaterialmaisextensodeedu-
comunicação produzido pelos jovens, o resultado foi
positivoepropiciouumverdadeirotrabalhoemequi-
pe.DeacordocomSOARES(2001),aeducomunicação
trabalhaapartirdoconceitodegestãocomunicativae
issoincluiumconjuntodeaçõesdeplanejamento,im-
plementaçãoeavaliaçãodoprocessopotencializando
o processo de ensino-aprendizagem, não só entre os
jovens, mas também entre eles e a comunidade na
qual estão inseridos. A educomunicação é dialógica
einclusivaeassim,aospoucos,noProjetoPegadaJo-
vem foi estimulando maior autonomia, participação,
apropriaçãolocaleprotagonismodosjovens.
O título para a cartilha desenvolvida pelos jovens
do Núcleo Parque Andreense foi“Mata Atlântica –
de que lado você está?”, a idéia do grupo foi ques-
tionaroleitorseomesmoestádoladodadegrada-
çãooudaconservaçãodesteBioma.
35
37. Trocandoolharesepercepçõessobreacidade
Tabela2–Questõesnorteadorasparaodebatequantoàsáreasdemananciaiseáreasverdesurbanas.
TEMA QUESTÕES
Mananciais
Oqueaáreaemque
moramtemavercoma
crisehídrica?
Oqueháde
positivoe
negativo?
Comoacomunidadepodeajudar
naconservaçãodosmananciais?
Áreasverdes
urbanas
Oqueaáreaemque
moramtemavercoma
crisehídrica?
Quaisassemelhançasentreas
áreasverdesurbanaseasáreas
demananciais?
Comoacomunidadepode
usufruirdestesespaços
“As pessoas que convivem num território têm de passar a co-
nhecer os problemas comuns, as alternativas, os potenciais
.... trata-se de uma educação mais emancipadora na medida
emqueasseguraànovageraçãoosinstrumentosdeinterven-
ção sobre a realidade que é a sua... é preciso “redescobrir” o
manancialdeconhecimentosqueexisteemcadaregião,valo-
rizá-lo.Conhecimentostécnicossãoimportantes,mastêmde
serancoradosnarealidadequeaspessoasvivem,demaneira
aseremapreendidosnasuadimensãomaisampla”.
DOWBOR,2007(p.80e90)
Não há processo educativo efetivo que não
considere o contexto em que as pessoas es-
tão inseridas e a relação que estas têm com o
território em que vivem. Sob esta perspectiva,
o Projeto Pegada Jovem, por meio de suas ati-
vidades e metodologia baseadas em temas
geradores e educomunicação, teve a realidade
do munícipio como ponto de partida em todas
as suas ações.
A fim de relacionar e integrar as diferentes re-
alidades das Macrozonas Urbana e de Prote-
ção Ambiental, alguns temas geradores foram
abordados a partir das comparações entre as
percepções que os jovens tinham sobre cada
área tanto em relação às disparidades quanto
às similaridades.
Os temas geradores mananciais e áreas verdes
urbanas possibilitaram a integração de todos
os jovens do projeto, pois a princípio foram
levantadas as percepções que tinham sobre
estas áreas e em um segundo momento, os
grupos se reuniram para mostrar na prática
tais percepções aos demais Núcleos do Pe-
gada Jovem, o que foi muito rico, pois houve
uma fusão entre o que eles pensavam sobre
estes locais e os aspectos positivos e negativos
sob a ótica de quem convive diretamente com
cada realidade, ou seja, na área urbana ou na
área de manancial.
No Núcleo Pegada Jovem Parque Andreense,
foram feitas simulações práticas para que os
jovens percebessem a relação entre a con-
servação das florestas e demais áreas verdes
com a manutenção dos recursos hídricos.
A partir do que os jovens já haviam visto no
curso e a partir de notícias de jornal sobre a cri-
se hídrica e sobre os parques urbanos houve
uma reflexão com questões norteadoras con-
forme abaixo:
37
38. Trocandoolharesepercepçõessobreacidade
Asdiscussõesdecadatemaforamfeitasinicialmen-
te em grupos diferentes e após com a turma toda.
Foiperceptívelafamiliaridadedogrupoquediscu-
tiu sobre a área de manancial em relação ao grupo
queapresentousuasopiniõessobreasáreasverdes
urbanas, isso está intimamente ligado às vivências
desses jovens, pois residiam em uma Área de Pro-
teçãoAmbiental.
Estaatividadetevegrandeimportâncianãosópara
estimularareflexãosobreacidadedeSantoAndré,
seus mananciais e áreas verdes urbanas, mas prin-
cipalmente para que os jovens estabelecessem re-
laçõesentreolocaleoglobal. Asquestõessobrea
crisehídricapossibilitaramumolharmaisampliado
quanto aos temas trabalhados e a interdependên-
ciadosproblemasedadisponibilidadederecursos
naturaisemesferamicroemacro.
DOWBOR (2007, p.86), afirma que vivemos na era
do conhecimento e isso“exige muito mais conhe-
cimento atualizado e inserido nos significados
locais e regionais, e ao mesmo tempo as tecno-
logias da informação e comunicação tornam o
acesso a esse conhecimento mais viável”. Por outro
lado, o autor lembra o desafio educativo de orga-
nizar este conhecimento para preparar educan-
dos para o “mundo realmente existente”, ou seja,
um mundo que é complexo e produzido pelas
relações sociais e destes com o meio ambiente.
Apartirdesteentendimento,aeducaçãonãodeve
servir para que as pessoas possam simplesmente
escapar do local em que moram, mas para cons-
truir os conhecimentos necessários para ajudarem
atransformá-la.
Asatividadespráticasreferentesaostemasgerado-
resmananciaiseáreasverdesurbanasenvolveram
visitas técnicas à Estação deTratamento de Água e
Esgotodomunicípio,aoParqueEscolaeaoParque
Andreense. Estas últimas como parte das ações de
intercâmbiodoProjeto.
Foto22- Encontrosobre mananciaiseáreasverdes
urbanas–atividademostrandoaimportânciadasáreasverdespara
absorçãodaáguapelosolo
Fotos23e24-visitasàEstaçãodeTratamentodeÁguaeEsgoto
38
39. As visitas às estações de tratamento reforçaram a
importância do cuidado com a utilização da água
eseudesperdício.
A realização das atividades de intercâmbio foi feita
demodoqueumNúcleodaMacrozonaUrbanavi-
sitasseoutronaMacrozonadeProteçãoAmbiental
e vice e versa, permitindo que os grupos interagis-
sem entre eles e conhecessem um local diferente
darealidadeemqueviviam.
O Núcleo Parque Andreense visitou primeiro o Nú-
cleo Parque Escola e alguns dias depois os jovens
do Parque Andreense recepcionaram os partici-
pantes do Parque Escola. Considerando outros
encontros em que as turmas estiveram juntas, os
jovens estavam bem ansiosos e receosos, pois a
primeiraimpressãoquetinhamumdosoutrosnão
era positiva e o intercâmbio foi fundamental para
quebrarestabarreiraquejáexistiaentreeles.
Entre as atividades preparadas pelo grupo do Par-
que Escola, a que mais impactou o grupo foi a da
“caixa de presente”, pois no início ficaram tensos e
preocupados em se exporem, mas ao final perce-
beramqueàsvezestemosmedodosdesafiosedo
novo, mas os mesmos também podem ser bons e
contribuircomonossocrescimento.
O processo de planejamento dos jovens do Nú-
cleo Parque Andreense inicialmente foi dividida
em quatro etapas: recepção, nosso bairro, o que
aprendemos e encerramento. Para estimular a re-
flexão do grupo do Parque Escola sobre a primeira
impressão que tiveram um sobre os outros foram
apresentadas imagens de pessoas e um pequeno
históricosobresuasvidas.
Cada participante do outro grupo deveria escolher
uma das pessoas para passar um final de semana.
Depois das escolhas, foi revelado aos participantes
a verdadeira história de cada um e, demonstra-
do que apesar de ter algumas pessoas com boa
aparência, a história de sua vida pode esconder
um outro lado, totalmente oposto do que a sua
imagem, poder aquisitivo ou status demonstra na
primeiraimpressão.Comestaatividade,elesquise-
ram mostrar que às vezes, as aparências enganam
e finalizaram com uma discussão sobre a questão
dopreconceito.
Para apresentação sobre “O lugar em que mora-
mos”, os jovens de cada bairro, falaram, mostraram
fotos e a localização no mapa do lugar em que
cada um deles morava, e comentaram também
doquepoderiaserencontradonaregião,ascoisas
boas e ruins. Para o fechamento da apresentação,
fizeramumRap,sobreasáreasdemananciais.
Rap: Agoraétempodepreservar
Moramosnumaáreacomrecursosnaturais
Rios,lagos,áreasverdesquefazemdosmananciais
Umadasáreasmaisespeciais
Èprotegidoporlei,nãosepodepoluir
Senão,paraondeteremosqueir?
Quandoperder,nãoadiantareclamar
Agoraétempodetudoissoagentepreservar
DaraFerreiraLima,18anos
Trocandoolharesepercepçõessobreacidade 39
40. Trocandoolharesepercepçõessobreacidade
Após foi feita uma gincana misturando os
jovens dos dois grupos a fim de resgatar
o que tinha sido visto no curso até aque-
le momento. Para o encerramento fizeram
uma caixa de presente com papel de revis-
ta e uma mensagem.
O entrosamento dos jovens foi muito po-
sitivo e todos demonstraram empenho
e dedicação, souberam trabalhar muito
bem em grupo e dividir responsabilidades.
Aprenderam a lidar com a timidez, alguns
conseguiram superar o medo de falar em
público e aprenderam a respeitar os me-
dos e limites de cada colega.
Tais atividades geraram como produto edu-
comunicativo, parte do conteúdo do “Infor-
mativo Pegada Jovem”. Os participantes do
Núcleo Parque Andreense elaboraram folhe-
tos sobre o tema manancial em duplas e de-
pois selecionaram em grupo as informações
seriam incluídas no cartaz do Projeto para
posterior intervenção na comunidade.
Fotos 25 e 26 Planejamento das atividades para recebimento dos jovens do Núcleo Parque Escola no CESA Luiz Gushiken e Escola de Formação
Ambiental Billings
40
41. Fotos27e28:JovensdosNúcleosPegadaJovemParqueEscolaeParqueAndreenseao
Foto29-JovensdoNúcleoPegadaJovemParqueAndreenseelaboran-
doosfolhetossobreasáreasdemananciais.
Figura4-algumasdasilustraçõesfeitaspelos
jovensparaosfolhetos
A cada encontro os jovens se mostraram mais
confiantes e ligados aos locais em que (2010, p.
19)citamcomoumadasvantagensdesetraba-
lhar a educomunicação, isto é, “a comunicação
comunitária é capaz de conectar indivíduos e
instituições, estimulando o espírito de pertenci-
mentoederesponsabilidademútuaemrelação
aumdeterminadoterritório.
No Núcleo Pegada Jovem Parque Miami, apre-
sentamos ao grupo as diversas percepções e
olharessobreanossacidadedestacandoasáreas
demanancialeasáreasverdesurbanas.Ostemas
foram abordados de uma forma interativa e des-
contraída,facilitandoassim,aparticipação.
Destacamos que, em áreas naturais onde a ter-
ranãoestáimpermeabilizadaehávegetação,a
água da chuva ao chegar ao solo será absorvi-
da de forma lenta e gradual, formando os len-
çóis freáticos. Já em áreas impermeabilizadas,
como as grandes cidades, a água não conse-
gueseinfiltrarnosoloecorreparalocaisbaixos
ocasionando as enchentes.
Trocandoolharesepercepçõessobreacidade 41
42. Trocandoolharesepercepçõessobreacidade
Atravésdasimagensapresentadas,osjovenspude-
ram“perceber”as diferenças ambientais presentes
em nossa cidade e se perguntarem? Afinal, onde é
queeuvivo?Eondeéqueeumoro?Nestesencon-
tros,osdebatesrealizadosforamdirecionadospara
que os jovens pudessem ampliar seus horizontes.
Quais os pontos positivos e negativos de se morar
emumaáreademanancial?Quaisasdiferençasem
semoraremumaáreaurbana?Qualaimportância
dasáreasverdesurbanas?
As respostas foram surpreendentes, apesar de
apontaremdiversosproblemasnaregião,nãogos-
tariam de morar na área urbana. Reconheceram
que a qualidade do ar era melhor, que a região
tinha muitas áreas verdes, incluindo o Parque Na-
tural do Pedroso (apesar de desconhecerem a sua
importância para a cidade). Neste ponto houve
um reforço nas informações para a valorização do
parque.
Quando as imagens da área urbana foram apre-
sentadas, a maioria disse que só se deslocava
para “Santo André” para utilização de serviços,
como: comércio, cursos específicos, shoppings
(raramente) e, que a maioria das vezes, retorna-
vam para casa com mal-estar e dor de cabeça
associados à“poluição”.
Foto30-Apresentaçãodotema
Foto32-Pesquisa
Foto31-Produçãodostrabalhos
42
43. Como resultado destes encontros e dis-
cussões os jovens prepararam um material
(vídeo e apresentação de slides, músicas e
poesia) muito interessantes para ser apre-
sentado ao Grupo da Chácara Pignatari.
Apropostadointercâmbioentreosgruposcausou
uma certa ansiedade nos jovens, que decidiram
“valorizar” tanto a escola que estudavam como
também a região onde residiam. Para encerrar o
intercâmbio, houve um debate caloroso entre os
jovenssobreasdiferentespercepçõessobreacida-
de e o grupo da Chácara Pignatari foi convidado a
voltar em uma outra oportunidade para conhecer
oParqueNaturaldoPedroso.
Foto33-Recepçãoaogrupo
Foto34-Apresentaçãodosjovens
Foto35-Trocade experiências
Na visita do grupo do Parque Miami à Chácara
Pignatari os jovens participaram de uma trilha
surpresa de modo a terem que encontrar pistas
durante o percurso.
Aofinaldaatividadeestapistafoiapresentadaeex-
plicada pelos monitores a todos os jovens do Par-
que Miami. Por fim, os jovens da Chácara Pignatari
encerraramavisitaencenandoumaesqueteteatral
retratandoavidacotidianadosjovensqueresidem
em área urbana. Nesta apresentação exemplifica-
ram o modo de vida que cada um enfrentava em
relação aos aspectos positivos e negativos de se
viver na área urbana, por exemplo: acesso fácil a
shoppings,transportes,instituiçõesdeensino.
Porém,péssimaqualidadedoar,poluiçãosonora,
transporteslotados,enchentesetc.
Trocandoolharesepercepçõessobreacidade 43
44. Trocandoolharesepercepçõessobreacidade
Paraencerrar,houveumdebateentreosjovensso-
bre as diferenças entre os equipamentos públicos
que a Chácara Pignatari possuía e que no Parque
Natural do Pedroso não exisitia, como: pista de
skate,quadradetênis,entreoutrasopçõesdelazer
queumparqueurbanoapresenta.
No Núcleo Pegada Jovem Parque Escola ao tra-
balhar as questões ambientais com os jovens, no
tema Biodiversidade e Mananciais, observamos
que apesar do nosso município ter mais da meta-
de de sua superfície como extensão de manancial,
os jovens do núcleo Parque Escola tinham pouco
conhecimentosobreoqueéeondeselocalizaem
nossa cidade. Para facilitar o aprendizado sobre os
temas acima citados, conforme estava proposto
no cronograma do curso, os jovens participaram
de duas visitas de campo, às Unidades de Conser-
vação Parque Natural do Pedroso e Parque Natural
Municipal Nascentes de Paranapiacaba. Além do
conteúdo ministrado em aula eles puderam con-
templar na prática o que é uma área de manancial
evivenciarsuabiodiversidade.
Comopartedoprojeto,foramprogramadosere-
alizadosdoisintercâmbiosentreonúcleoParque
Escola e o núcleo Parque Andreense, cada um vi-
sitou e conheceu o local em que são ministrados
os cursos do outro núcleo.
Porém, antes do intercâmbio, numa visita de
campo ao Parque Natural do Pedroso os dois nú-
cleos se encontraram no fim da visita. Não houve
uma preparação de integração prévia e isso ge-
rou um mal estar entre os núcleos. Percebemos
que houve uma “disputa” de território, comum
entre os jovens, e gerou um conflito negativo
entre as duas turmas. Essa questão foi trabalha-
da com cada núcleo antevendo o encontro no
intercâmbio.
Aulas após iniciamos o processo de planejamento
do intercâmbio, os jovens do Parque Escola se or-
ganizaram em grupos e decidiram recepcionar os
jovens do Parque Andreense com quatro ativida-
des: recepção e apresentação do núcleo Parque
Escola, uma dinâmica (Dinâmica do Presente) e
trilha monitorada no parque e encerramento com
um lanche comunitário. Infelizmente o dia estava
muitochuvoso,efezcomquemudássemosapro-
gramaçãoplanejada.
Nesse dia, também, recebemos os nove alunos novos
nonúcleo,compondoumgrupodevinteeseisalunos.
Na dinâmica do presente, tínhamos uma caixa de
presenteedentroumdesafio,ealgunspapéisescrito
“passelivre”.Aprimeirapessoaquepegouopresente
escolheuumaoutrapessoaeentregouoembrulho,a
pessoaquerecebeutinhaachancedeaceitaro“desa-
fio”oupegaro“passelivre”epassaroembrulhoaou-
trapessoa.Opresentefoipassadoporalgunsalunos
até que uma das meninas do núcleo Parque Escola
aceitouopresente“desafio”.Dentrodoembrulhoha-
viaumacaixadechocolate,eumpapelescrito:“Desa-
fio:Coma,edividacomosamigos”.Mostramosnesta
dinâmicaqueaceitaroqueénovo,àsvezes,noscausa
receio, e nem tudo que parece é. O embrulho tinha
umdesafio,edesafiosnostrazemmedo,masquemo
aceitouteveumaagradávelsurpresa,assimcomoos
doisnúcleosemseuprimeiroencontro,quenãoacei-
taramodesafiodeseconhecermelhorescolheramo
“não conhecer”, por receio ou medo, mas que neste
intercâmbio puderam“abrir”a guarda e se conhecer
melhor, e tiveram a agradável surpresa de percebe-
ram que os jovens do núcleo Parque Escola são pa-
recidos com os jovens do núcleo Parque Andreense,
tem as mesmas idades, estudam nos mesmos anos,
passampelasmesmassituaçõescomoadolescentes,
eapesardemorarememlocaisecomestruturasdife-
rentes,temmetasesonhosparecidos.
Foto36-VisitaàChácaraPignatari
44
45. Foto37-VisitaàChácaraPignatari
Após essa “quebra de gelo”, tivemos o segun-
do intercâmbio. Os jovens do Parque Esco-
la foram até o núcleo dos jovens do Parque
Andreense, e foram muito bem recebidos.
Eles fizeram uma dinâmica sobre a primeira
impressão, e foi muito bem recebida pelos jo-
vens visitantes. O dia estava lindo, e os jovens
aproveitaram o espaço ao ar livre para juntos
e misturados fazerem algumas brincadeiras.
Resultado: Positivo! A meta foi alcançada. Os
jovens se integraram, e entenderam que estão
caminhando para um mesmo objetivo.
Após os intercâmbios iniciamos a elaboração
da cartilha, foi outro desafio. Percebemos
que os jovens apesar de estarem num mun-
do cheio de tecnologias e de facilidades, têm
muita dificuldade para elaboração de textos
e uso de programas de edição de texto no
computador. Além do conteúdo da cartilha
ensinamos à eles o uso do Word, do Publisher
e do Power Point, programas do Pacote Office
do Windows.
Trocandoolharesepercepçõessobreacidade 45
47. PegadaJovemnaComunidade
“Gosto de ser homem, de ser gente, porque sei que a minha
passagem pelo mundo não é predeterminada, preestabeleci-
da. Que o meu “destino” não é um dado, mas algo que preci-
sa ser feito e de cuja responsabilidade não posso me eximir.
Gosto de ser gente porque a História em que me faço com os
outros e de cuja feitura tomo parte é um tempo de possibili-
dadesenãodedeterminismo.”
FREIRE,1996(p.53)
O Projeto Pegada Jovem adotou como premissa a
educação crítica para transformação social, sensibili-
zando e estimulando a mobilização dos jovens para
que aplicassem de alguma forma os conhecimentos
construídos ao longo do projeto em suas vidas e em
suascomunidades,poisassimcomoFREIREacredita-
mos que a História não é estática, é cíclica, por isso, a
participaçãoativaemqueinteragimoscomomeiona
condição de sujeitos é aquela que cria possibilidades
paraasmudançassocioambientais.
Aparticipaçãocomoumdosobjetivosdaeducação
ambiental esteve presente no Pegada Jovem em
vários momentos, a participação nas discussões,
nas atividades práticas e nas atividades de campo.
Inicialmente muito dos jovens se mostraram mais
tímidos e aos poucos foram exercendo uma parti-
cipação mais ativa que ao final do curso culminou
emintervençõesnascomunidadesqueabrangiam
cadaNúcleo.
Antesdeplanejaraintervençãopropriamentedita,
foram trabalhados os temas geradores: gestão de
riscos ambientais e o protagonismo jovem, ambos
tiveram certo impacto sobre os jovens conforme
relatamosaseguir.
A parte teórica sobre gestão de riscos teve como
objetivos principais apresentar os tipos e graus de
riscos; além de apresentar o trabalho da Defesa Ci-
vil. Muitosdosjovensrelataramdesconheceroque
realmentefazaDefesaCivilnomunicípio,oquefoi
importantenosentidodeconheceremotrabalhoe
odia-a-diadotrabalho.
Decertaforma,aabordagemdostemasgestãode
riscos e protagonismo jovem foram importantes
ao serem trabalhadas em sequência, já que muitas
questões sobre a prevenção de riscos de desas-
tres envolvem a importância da multiplicação da
informação entre as pessoas; papel que os jovens
podem desenvolver com a família, escola, vizinhos
eamigos.
Segundo o PNUD – Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento, incorporar o tema dos de-
sastres nas políticas e programas voltados ao desen-
volvimentosustentável,pormeiodagestãointegrada
com foco no engajamento comunitário e participa-
ção de todos, possibilitará a construção de cidades
maisseguraseredesdeproteçãosocialparaprevenir
desastresepromoverqualidadedevida.
Ao trabalharmos a questão dos riscos de desastres
comosjovensatravésdaeducaçãoesensibilização
sobre as ameaças e riscos a que estão expostos, foi
possível discutir a importância de cada um estar
mais bem preparado e saber responder correta-
mente aos alertas locais de desastres nas suas co-
munidades.
INFORMAR
E SER
INFORMADO
SOCORRER
E SER
SOCORRIDO
ALERTAR
E SER
ALERTADO
PROTEGER
E SER
PROTEGIDO
A PROTEÇÃO CIVIL
UMA TAREFA DE
TODOS PARA TODOS
47
48. PegadaJovemnaComunidade
Os jovens receberam informações importantes
sobreasaçõesdaDefesaCivil,comooPlanoMuni-
cipal de Redução de Riscos, o Programa Operação
Chuvas de Verão, o monitoramento climático rea-
lizado através dos pluviômetros automáticos e se-
mi-automáticos (comunitários), estações meteoro-
lógicas e câmeras de monitoramento instaladas às
margensderios,córregoseumpiscinãomunicipal.
Também puderam conhecer mais sobre o sistema
dealarmepreventivoviaSMSeopapeldosNupde-
cs–NúcleosComunitáriosdeProteçãoeDefesaCi-
vil, formados por moradores preparados nas ações
deprevençãoeaagiremsituaçõesderiscos.
As discussões sobre gestão de áreas de risco no
município foram aprofundadas em uma visita de
campo a duas áreas de risco localizadas na Macro-
zona Urbana de Santo André, para que pudessem
conhecerumaáreasujeitaadeslizamentosdeterra
eoutraainundações.
Asvisitasàcampoforamdivididasefeitascomdois
grupos de cada vez. O ponto de encontro da ativi-
dade foi o CESA Cata Preta, onde foram recebidos
pela equipe da Defesa Civil que explicou sobre o
trabalhorealizadonasáreasderisco.
Foto38-FabioFormigoni,daDefesaCivil,napalestrasobreriscosambientaisparaaTurmadoParqueMiami.
Foto39-UmbertoBittar,daDefesaCivilorientandoos
jovensdasturmasdoParqueEscolaeParqueAndreensesobreo
funcionamentodopluviômetronoCESACataPreta.
No CESA os jovens também puderam conhecer e
receber informações sobre um dos pluviômetros
semiautomáticos instalados no município. A pró-
priaequipedoCESAéquemfazasmediçõesdiárias
dos índices de chuvas e encaminha mensalmente
para a Defesa Civil, permitindo aprimorar o moni-
toramentoclimáticoeregistrarembancodedados
essas informações importantes para as ações de
prevenção.
48
49. Foto40e41-Câmerasdemonitoramentonosriosecórregosepágina
devisualizaçãodasEstaçõesMeteorológicasdoSemasa.
Ao conhecerem o pluviômetro os jovens puderam
associaràparteteórica,sobreomonitoramentoda
DefesaCivilpormeiodossistemasecâmeras.
Após as explicações sobre os pluviômetros, os jo-
vens foram orientados por meio do mapa da área
doJd.Irene,doPlanoMunicipaldeReduçãodeRis-
cos,paraquevisualizassemnocampocomoficoua
área após as remoções preventivas, em que foram
removidas cerca de 200 famílias somente nessa
área,suscetívelariscosdedeslizamento.
Foto42-Mapautilizadoparavisualizaçãodosjovensparaorientações
sobreavisitaaoJardimIrene.
Foto:PMRR–PlanoMunicipaldeReduçãodeRiscosdeSantoAndré,2014.
Foto43-CíceroMarcosRamosdaDefesaCivil,orientandoosjovensdasturmasdo
ParqueAndreenseeParqueEscola,sobreavisitaaoJardimIrene.
PegadaJovemnaComunidade 49
50. PegadaJovemnaComunidade
Comoformadeotimizaravisitadosjovens,elesfo-
ram divididos em dois grupos, enquanto um deles
estava na área do Jardim Irene, o outro realizava a
atividadenaáreadaMauríciodeMedeiros.
Os jovens do Núcleo Parque Andreense, por mo-
rarem em área de manancial já conviviam com
uma realidade bem diferente da área urbana
que como eles mesmos diziam tinha muitas coi-
sas boas, mas tinha muitas ruins também, porém
ao realizarem esta visita de campo, mudaram al-
gumas de suas opiniões, pois se depararam com
problemasderiscoqueimpactamdeformabem
negativa a vida das pessoas que residiam no
bairro visitado, principalmente em períodos de
chuva. Os participantes do Projeto, puderam co-
nhecer tanto os problemas quanto as possíveis
ações de prevenção e o trabalho que é feito pela
equipe da Defesa Civil da Cidade.Foto44-TurmadoParqueMiamieChácaraPignatarinavisita
monitoradaaoJardimIrene
Foto45-TurmasdoParqueEscolaeParqueAndreensenaáreadaAv.MauríciodeMedeiros
50
51. Nenhum dos jovens do Núcleo Parque Andreense
imaginavaexistirumlocalcomooqualvisitaram.
Puderam refletir sobre os perigos de construir um
imóvel perto de córregos, rios ou barrancos e das
construções sem planejamento e autorização da
Prefeitura.Alémdisso,jánoretornodavisitamuitos
comentaram que reclamavam de onde moravam,
mas que já não viam seus bairros e a falta de infra-
estrutura como antes, pois as áreas de risco apre-
sentam realidades bem piores, como descreve o
depoimentoaseguir:
“A visita à área de risco no Jd. Irene me impactou muito,
olhar aquelas casas em risco umas próximas das outras,
pessoas sem privacidade dentro de sua própria casa, pró-
ximas a córregos... me fez pensar sobre a importância das
áreas de mananciais. Não deixar construir, não poluir e o
quanto sou privilegiada de morar em uma área de ma-
nancial, apesar de ser longe de comércios, posto de saúde,
das ruas serem de terra, mas que ainda assim tem um va-
lor muito grande para todos nós”.
Dara Ferreira Lima, 18 anos
(Núcleo Parque Andreense)
Neste caso, a sensibilização se deu pelo impacto
quesentiramduranteaatividade.Considerandoos
objetivos da educação ambiental, cabe salientar a
importância da sensibilização, pois são nestes pro-
cessosqueocampoafetivodosparticipanteséesti-
muladoparaquesemotivemparaalgumareflexão
ou ação. A falta do momento de sensibilização faz
com que os indivíduos não valorizem determina-
das ações ou causas, portanto, o processo educati-
vodeveiralémdasimplesinformaçãoqueporsisó
não estimula ou provoca as mudanças necessárias
(DIAS,2003).
Os jovens do Parque Miami puderam associar as
informações recebidas durante a visita com os re-
centes deslizamentos em decorrência das fortes
chuvas,ocorridospróximosaolocalonderesidem.
Houve bastante interesse e participação, os jo-
vens esclareceram diversas dúvidas e fizeram
inúmeros questionamentos quanto a Lei Muni-
cipal de Zoneamento Urbano. A equipe técnica
esclareceu que os riscos existem, para tanto são
controlados e monitorados pelos agentes de De-
fesa Civil e sobretudo, por moradores represen-
tantes do Nupdecs.
Já para os jovens da turma do Chácara Pignatari e
ParqueEscola,avisitanasáreasderiscotambémfoi
importante para que conhecessem outra realida-
de, já que a maior parte deles não conhecia locais
comoosvisitados.
Foto46:VisitadeCampoaoJardimIrene–NúcleoPegadaJovem
ParqueAndreense
Foto47-TurmasParqueMiamieChácaraPignatarinavisita
aoJardimIrene.
PegadaJovemnaComunidade 51
52. A turma do Parque Miami apresentou muito in-
teresse sobre o tema, o que motivou a equipe de
coordenação desta turma a organizar uma visita
monitorada no entorno da escola para reconheci-
mento das áreas de risco do Parque Miami e possí-
veisorientaçõesaosmoradores.
Foto48-TurmaParqueMiamifazendoreconhecimentodosriscosna
áreadoentornodaescola
Foto50-Atividadenolaboratóriodeinformáticacomaturmado
ParqueMiami, paraproduçãodosmateriaisdeeducomunicação.
Figura7:Conteúdodeumdoscartazessobreáreaderiscoelaborada
pelosjovensdoNúcleoParqueAndreense
Foto49:Discussãoinicialparaelaboraçãodecartazessobreotema
áreasderisco- NúcleoPegadaJovemParqueAndreense
Após a realização das atividades de campo, os jo-
vens produziram materiais de educomunicação
sobre o tema gestão de riscos, para a produção da
cartilhatemática.
OsjovensdoNúcleoParqueAndreensefizeramcarta-
zesabordandotrêsquestões:comopodemosajudar;
oquepodemosfazerparaevitarassituaçõesderisco
ambientalecomoreconheceressasáreas.
Pudemos verificar que as visitas a campo foram
fundamentais para a percepção dos riscos pelos
jovensequetambémgeraramdiscussõessobreas
questões sociais, de condição de vida das pessoas.
Como descreve LIMA, 2006, “A inserção da temá-
tica de Defesa Civil nas escolas, permite o desen-
volvimento de princípios que proporcionam uma
nova construção de valores e capacidades funda-
mentais para a reflexão e transformação gradual
darealidadedascomunidadeslocais”.
PegadaJovemnaComunidade52
53. Figura8,9e10-Materiaisproduzidospelosjovenssobreatemática
dosriscosambientais
Ao decorrer de todo o projeto o tema gerador
protagonismo jovem esteve implícito nas diversas
atividades realizadas, mas era necessário entender
tambémcomoosgruposseviamcomparando-os
a outras gerações de jovens e o que sabiam sobre
asPolíticasPúblicasparaaJuventudeeaspossibili-
dadesdeparticipaçãoecontrolesocialabertasaos
jovens. Houve dois encontros específicos em que
os grupos puderam debater sobre estes assuntos,
muitos não conheciam tais políticas e afirmaram
que a geração atual tem mais possibilidades de
ampliação de seus conhecimentos do que gera-
ções passadas, pois os meios de comunicação são
maisamplos.
Também foram discutidos temas como a redu-
ção da idade penal, drogas, violência contra a
mulher e a reorganização das escolas estaduais,
para que ficasse mais claro a importância do
protagonismo jovem sobre temas debatidos na
esfera nacional e local atualmente.
Outroassuntoquegeroupolêmicafoiaquestãodos
rótulos ligados à juventude. Para discutir este assun-
to os jovens participaram da dinâmica dos rótulos,
em que recebiam certas caracterizações sem que
soubessem e a partir do modo que estavam sen-
do tratados deveriam inferir qual seria o seu rótulo.
PegadaJovemnaComunidade 53
54. Os jovens conseguiram identificar facilmente as
características pelas quais haviam sido rotulados.
Perceberam como foram tratados pelos colegas e
se sensibilizaram quanto ao mal estar gerado por
serem rotulados de algo de que na realidade não
eram.Questõessobreliderança,conflitoseoprota-
gonismojuveniltambémforamdiscutidas.
O conceito de protagonismo pode ter di-
versas interpretações, sob a perspectiva do
Projeto Pegada Jovem, este tema não foi tra-
balhadoapenassobseuaspectoconceitual, mas
também prático, ou seja, houve um estímulo
e mediações dos educadores para que os jo-
vens desenvolvessem ou aprimorassem suas
habilidades participativas para que pudes-
sem interferir em situações concretas que
envolviam seus círculos sociais, suas escolas,
suas comunidades e sua cidade. De acordo
com COSTA e VIEIRA (2006, p.238):
“...o protagonismo do ponto de vista da sua importância
para o desenvolvimento pessoal e social do adolescente, ele
é um direito. Sem esse espaço de descoberta e experimenta-
ção social, a transição para o mundo adulto será certamente
mais incompleta, limitada e vazia de um certo tipo de prá-
tica e vivência fundamentais para a vida. Por outro lado, se
olharmos o protagonismo do ponto de vista da família, da
escola e da comunidade, não podemos deixar de percebê-lo
como um dever. O chamado, a convocação ao envolvimento
em questões reais da vida escolar, comunitária e social mais
ampla, é antes de mais nada um apelo à consciência ética e
ao compromisso cidadão do adolescente com a comunidade
ondesuavidasedesenvolve”.
Peloexposto,oprotagonismojuvenilenvolveuma
intencionalidade que deve se refletir em ações co-
tidianas, porém é um processo, cujo resultado se
percebeamédioelongoprazo.
Como parte do Projeto, os jovens do Núcleo
Parque Andreense planejaram e realizaram in-
tervenções na comunidade em que residiam.
Oplanejamentodaintervençãopartiudosprincipais
problemas ambientais identificados pelos jovens, os
quais foram priorizados em três eixos: água, biodi-
versidadeedesmatamento.Deacordocomolocale
o público escolhido por eles, as melhores estratégias
sobopontodevistadogrupoforam:
• Realização de peça teatral, gincana e músi-
ca para crianças de 9 e 10 anos da EMEIEF do
Parque Andreense;
• Conversa com moradores e colagem de carta-
zes em comércios do bairro/loteamento.
Houve grande empenho de todo o grupo no pre-
paro das atividades e o resultado foi positivo, pois
houve integração e cooperação mútua entre os
jovens.Osmesmospuderamexporalgunsdesuas
habilidadesligadasàsarteseàmúsica.
Na intervenção na escola, foram atendidos 40 alu-
nos e nas ruas do bairro cerca de 20 pessoas e 7
comércios.
Foto51-JovensdoNúcleoParqueAndreenseduranteadinâmicados
rótulos
PegadaJovemnaComunidade54