O relatório critica a reação do governo brasileiro aos alertas do FMI e OCDE sobre os problemas econômicos do país. A estratégia do governo tem sido desqualificar as críticas em vez de reconhecer os problemas. Os principais problemas apontados são o crescente déficit público, uso de "contabilidade criativa" e má gestão dos recursos públicos, resultando em baixo crescimento.
Agronegócio contradições que comprometem o desempenho da nossa economia
Consenso
1. Consenso
• Mais uma vez não foi diferente. O governo federal reagiu com
desdém aos relatórios divulgados na última semana pelo FMI
(Fundo Monetário Internacional) e pela OCDE (Organização
para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), carregados
de advertências sobre a equivocada condução da política
econômica em vigência no país, como já vinham apontando as
agências internacionais de risco.
2. • Essas análises, delineando um cenário de dificuldades e
incertezas à frente, apenas reproduzem os alertas de muitos
brasileiros -e não apenas das oposições. Sem respostas para os
problemas, a estratégia oficial é a de sempre: desqualificar a
crítica e o interlocutor, como se estivesse em curso um
verdadeiro complô contra o governo.
• Trata-se da contumaz terceirização de responsabilidade pelos
problemas, que parecem nunca estar na órbita de quem tem o
dever de decidir e governar. A verdade é que o discurso
otimista das autoridades econômicas não corresponde aos
fatos descritos com riqueza de detalhes nos relatórios e muito
menos nos indicadores da economia brasileira.
3. • A principal e mais grave conclusão é a crescente deterioração
das contas públicas e a utilização de recursos que ficaram
conhecidos como "contabilidade criativa", cuja face mais visível
é a promiscuidade das relações entre Tesouro Nacional, bancos
públicos e empresas estatais, no processo de fechamento de
resultados fiscais sem transparência e descolados da realidade.
• Em vez de imaginar conspirações fantasiosas e inimigos
invisíveis, melhor seria que se reconhecesse a existência dos
problemas. Afinal, não haverá solução para distorções e falhas
graves como as atuais se, na órbita do governo, elas
simplesmente não existem.
4. • A responsabilidade pela crônica falta de planejamento
governamental ou disfarçada leniência com a farra dos gastos
públicos e os desperdícios em série são intransferíveis.
• Não há como tapar o sol com a peneira -há um indiscutível
consenso formado entre especialistas brasileiros e
estrangeiros em relação às fragilidades do cenário econômico
e as desconfianças geradas pela ação do governo em áreas
diversas.
• A má gestão dos recursos públicos tem impacto importante
nos males que afligem a economia do Brasil, como inflação
elevada, a escalada das taxas de juros, o baixo nível de
investimentos, o fracasso do programa de concessões de
obras de infraestrutura e, como consequência desta sinergia, o
baixo crescimento.
5. • É fundamental que tenhamos a compreensão do momento
delicado porque passa o país e das decisões que estão
sendo tomadas, tanto quanto daquelas que estão sendo
adiadas. Ambas terão papel decisivo na vida dos
brasileiros, nos próximos anos.