Adequação alimentar e seu impacto no estado nutricional de crianças assistidas em uma Creche Universitária no Estado da Bahia. Autores: Maria Helena Gonçalves Lima ¹ Lílian Portela Pereira da Silva² Kely Sousa Ma
Este documento avalia a adequação da alimentação e seu impacto no estado nutricional de crianças atendidas em uma creche universitária na Bahia. A avaliação antropométrica e análise nutricional das refeições mostraram que a maioria das crianças apresentava peso adequado, com exceção de poucos casos de déficit ou excesso de peso. O cálcio foi o nutriente com menor adequação, mas os demais nutrientes atendiam às recomendações, refletindo um impacto positivo no crescimento e desenvolvimento
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Má alimentação e obesidade infantil na escola de ensino fundamental josé érit...bio_fecli
Semelhante a Adequação alimentar e seu impacto no estado nutricional de crianças assistidas em uma Creche Universitária no Estado da Bahia. Autores: Maria Helena Gonçalves Lima ¹ Lílian Portela Pereira da Silva² Kely Sousa Ma (10)
Adequação alimentar e seu impacto no estado nutricional de crianças assistidas em uma Creche Universitária no Estado da Bahia. Autores: Maria Helena Gonçalves Lima ¹ Lílian Portela Pereira da Silva² Kely Sousa Ma
1. Adequação alimentar e seu impacto no estado nutricional de crianças assistidas em uma
creche universitária no Estado da Bahia.
Fitness food and its impact on the nutritional status of children in a day care assisted in the State
university of Bahia.
RESUMO
Objetivo:
Avaliar a adequação alimentar e seu reflexo no estado nutricional, em crianças de ambos os sexos
com idades entre 4 meses a 3 anos e 11 meses assistidas em uma creche universitária na cidade de
Salvador, Bahia.
Método:
A avaliação antropométrica foi realizada utilizando os parâmetros peso e altura/estatura das
crianças. Para mensurar o peso do grupo do berçário utilizou-se a balança digital e para os demais
grupos a balança mecânica, ambas da marca Filizola®. A estatura foi aferida com o infantômetro
da marca Bandeirante®, e estadiômetro da marca Tonelli® para o berçário e os grupos 1, 2 e 3
respectivamente. Os dados socioeconômicos foram coletados através da anamnese realizada no ato
da matricula da criança na unidade. A análise dos macronutrientes e a dos micronutrientes, ferro,
cálcio e as vitaminas A e C, foram avaliadas com o auxílio do programa Nutwin®.
Resultados:
Dos nutrientes avaliados, o cálcio foi aquele que apresentou maior discrepância em relação à não
adequação, fato esperado já que, as refeições ofertas nesta instituição não são fontes deste
micronutriente.
Conclusão:
Os resultados demonstram que a variação no percentual de adequação em torno do que é
recomendado pelo FNDE, refletiu um impacto adequado no estado nutricional das crianças
assistidas favorável ao crescimento e desenvolvimento destas.
Palavras-chave: Estado nutricional; pré-escolares; alimentação infantil.
2. 2
ABSTRACT
Objective:
Assess the adequacy food and its effects on nutritional status in children of both sexes aged 4
months to 3 years and 11 months attended day care in a university in the city of Salvador, Bahia.
Method:
The anthropometric parameters were performed using height and weight / height of children. To
measure the weight of the nursery group used the digital scale and other groups for the mechanical
balance, both by Filizola ®. Height was measured with the Bandeirante® infantometer brand, and
brand Tonelli® stadiometer to the nursery and groups 1, 2 and 3 respectively. The socioeconomic
data were collected through the interview held at the time of enrolling the child in the unit.
Analysis of macronutrients and micronutrients, iron, calcium and vitamins A and C were evaluated
with the aid of the NutWin ®.
Results:
Of nutrients, calcium was the one that showed the greatest discrepancy in relation to the
inadequacy, indeed expected since, this institution offers meals are not sources of this
micronutrient.
Conclusion:
The results show that the variation in the percentage of adequacy around what is recommended by
the ENDF, reflected an appropriate impact on nutritional status of children attending favorable to
growth and development of these.
Keywords: Nutritional status; Preschool; Infant feeding.
3. 3
INTRODUÇÃO
É essencial, nos primeiros anos de vida, uma alimentação equilibrada no aspecto quantitativo e
qualitativo para a promoção do crescimento e desenvolvimento adequados da criança, pois uma
boa alimentação proporciona o aporte nutricional e energético necessários para o organismo
desempenhar bem suas funções e assim permitir um bom estado de saúde. Portanto, a alimentação
na infância é de suma importância, pois é nesta fase, que a incorporação de hábitos alimentares
saudáveis contribui para a saúde do indivíduo¹.
As práticas alimentares são adquiridas durante toda a vida, destacando-se os primeiros anos como
um período muito importante para o estabelecimento de hábitos alimentares que promovam o bem-
estar do sujeito ². A idade pré-escolar se caracteriza por um período de crescimento lento, porém
contínuo, de alta vulnerabilidade e susceptibilidade à má nutrição ³. Assim carências nutricionais
nesta fase da vida, levam ao crescimento deficiente, aumentam o risco de infecções, promovem
alterações no processo de maturação do sistema nervoso, no desenvolvimento mental e intelectual,
provocando desequilíbrios morfológicos e funcionais, os quais, dependendo da intensidade e
duração, podem ser irreversíveis, ou até mesmo resultar em mortalidade precoce ³. O
acompanhamento da situação nutricional das crianças constitui um instrumento de grande
importância para aferição das condições de saúde da população infantil 4.
A avaliação do consumo alimentar em pesquisas destinadas a estabelecer condições de saúde
torna-se necessária, pois permite caracterizar o nível de risco e a vulnerabilidade da população às
deficiências nutricionais, assim como adequar ou propor medidas de intervenção que garantam a
saúde, particularmente no segmento da população menor de cinco anos, idade na qual a dieta
constitui um dos fatores determinantes da velocidade de crescimento e desenvolvimento, bem
como construção dos hábitos alimentares saudáveis ³.
A antropometria é utilizada na avaliação das dimensões físicas do individuo, sendo um método
bastante aproveitado no diagnóstico nutricional pela facilidade de aplicação, baixo custo e por se
tratar de medidas não invasivas.
4. 4
O acompanhamento da situação nutricional das crianças constitui um instrumento fundamental
para a aferição das condições de saúde da população infantil e monitoramento da evolução da
qualidade de vida da população em geral5.
Segundo Guimarães e Barros6, o uso de índices antropométricos tem sido considerado uma es-
tratégia válida para gerar indicadores sensíveis do estado nutricional e, inclusive, das condições de
vida dos grupos populacionais estudados.
Para a interpretação dos dados de avaliação antropométrica em crianças, pode-se utilizar as
relações entre: peso/idade (P/I), peso/estatura (P/E) e idade/estatura (I/E). Comparando-se então, as
informações obtidas com as curvas de referência recomendadas pela World Health Organization
(WHO)7.
As crianças beneficiadas pela creche permanecem a maior parte de seu tempo nessa instituição, a
maioria em regime integral, com isso a creche é responsável por promover hábitos alimentares
saudáveis e de educação infantil por se tratar de um ambiente de socialização e educação.
Analisando a importância da alimentação escolar, principalmente na idade pré-escolar, é de
fundamental importância que se conheça o valor nutricional da alimentação oferecida pela creche a
fim de averiguar a repercussão da mesma no estado nutricional das crianças nela atendidas.
MÉTODOS
O presente estudo é de caráter transversal constituído de levantamento dos dados antropométricos,
quanti-qualitativo e observacional, onde foi realizada a análise da adequação alimentar quanto à
energia, macronutrientes, vitaminas A e C e os minerais ferro e cálcio. Nessa instituição, são
servidas quatro refeições diárias, divididas em: 1° lanche às 9h, o almoço 11h e 30 min., o 2°
lanche às 14h, e o jantar às 16h. Sendo escolhido como refeição padrão o almoço do cardápio de
uma semana, por ser a refeição que atende a um maior número de crianças assistidas.
Foi utilizada a balança de precisão Welmy®, com capacidade máxima de três quilos e
sensibilidade de 1g para mensurar a quantidade de alimentos que compõem uma refeição padrão
5. 5
(almoço). Para análise da adequação dos nutrientes foi utilizado o programa Nutwin®.
Qualitativamente, verificou-se a diversidade dos diferentes gêneros alimentícios e a combinação
dos mesmos em nutrientes e propriedades sensoriais tais como cores, texturas e sabores.
Optou-se por analisar a adequação dos micronutrientes supracitados, dada a sua importância nos
processos de crescimento e desenvolvimento de crianças, haja vista a maior vulnerabilidade dos
pré-escolares a deficiência dessas vitaminas e minerais conforme consta na literatura.
O universo amostral do estudo é constituído de 50 crianças de ambos os sexos, sendo elas
agrupadas em 4 categorias que são:
Berçário – crianças entre 4 meses e 1 ano de idade
Grupo I – crianças entre 1 ano a aproximadamente 2 anos
Grupo II – crianças entre 2 anos a aproximadamente 3 anos
Grupo III – crianças entre 3 anos a aproximadamente 4 anos
O trabalho foi realizado durante o período letivo de 2010, as crianças atendidas na instituição são
filhos (as) de estudantes de graduação e pós-graduação e servidores da própria universidade.
Foram excluídas do estudo as crianças que não estiveram presentes em todas as etapas das
medidas.
Foram utilizadas medidas como peso e altura para realizar a avaliação antropométrica das crianças.
Para aferir o peso das crianças do berçário, utilizou-se a balança digital da marca Filizola® com
capacidade máxima de 15 kg e precisão de 5g e para medir o comprimento usou-se o infantômetro
da marca Bandeirante® de madeira e alumínio, com comprimento máximo de 1m. Para as crianças
dos demais grupos, foi utilizada a balança mecânica Filizola® com capacidade máxima de 150 kg
e precisão de 100g, já as medidas de altura foram aferidas com o auxílio do estadiômetro da marca
Tonelli®, fixado em parede plana sem rodapé.
As crianças do berçário e do grupo I foram avaliadas três vezes durante o período do estudo, pois
entende-se que essas crianças passam por um crescimento linear mais rápido durante esse período.
6. 6
Enquanto que as crianças dos grupos II e III foram avaliadas duas vezes, por acreditar que o
crescimento linear nessa faixa etária acontece mais lentamente.
Através das medidas peso e estatura, calculou-se os três índices antropométricos comumente
utilizados na avaliação nutricional do infante.
Peso/Idade – Massa corporal relativa à idade cronológica. Indicador de mudança recente de
peso relacionado com a idade.
Estatura/Idade – Reflete o crescimento linear. Indicando se houve ou não comprometimento do
crescimento durante todo o seu desenvolvimento.
Peso/ Estatura – Evidencia se o individuo apresenta massa corporal adequada para a altura.
O diagnóstico nutricional foi obtido através da análise dos resultados dos índices por meio dos
gráficos da WHO7 e classificados de acordo com os percentis da mesma organização.
Serviu também como instrumento do estudo a anamnese realizada com os pais durante a admissão
da criança na creche por entender que são dados importantes que podem esclarecer os possíveis
resultados do estado nutricional da criança.
Todos os fatores descritos acima podem influenciar no estado nutricional da criança sendo
variáveis importantes para a discussão do estudo. Após a análise dos macronutrientes:
carboidratos, proteínas e lipídios e dos micronutrientes: cálcio, ferro, vitaminas A e C, foi
realizado a percentagem de adequação dos macros e micronutrientes através da fórmula: média dos
valores encontrados/média dos valores recomendados x 100. Foi considerado que o almoço perfaz
30% das necessidades diárias das crianças assistidas, a partir da recomendação do FNDE 8 pôde-se
estabelecer a comparação entre o ofertado e o recomendado para a faixa etária em estudo.
7. 7
RESULTADOS
Perfil antropométrico
Do total de crianças avaliadas 47,62 % eram do sexo masculino e 52,38 % do feminino. Pôde-se
observar a partir do presente estudo que a maioria das crianças encontra-se com o peso adequado
tanto para o indicador altura quanto para a idade (72% e 66% respectivamente).
Apenas 2% das crianças apresentaram isoladamente, diagnósticos de grave, moderado déficit de
peso para a idade e, excesso de peso relacionado à idade. 4% das crianças apresentaram leve risco
para déficit, 16% com risco para excesso e 8% com excesso de peso relacionado à altura (Tabela
1).
Análise da adequação alimentar
Para análise da adequação dos macros e micronutrientes, confrontou-se os achados com os dados
preconizados pelo FNDE 8. Assim, o valor calórico médio do almoço de uma semana, no berçário
e no grupo 1 é considerado aceitável, apesar de não ter atingido o recomendado pelo FNDE8. No
grupo 2 e 3 o percentual médio obtido foi relativamente adequado (104,1%).
Quanto as proteínas, observou-se percentual médio de adequação aceitável no berçário (84,13%)
enquanto que nos grupos 1, 2 e 3 os valores foram elevados.
A adequação dos carboidratos está elevada no berçário e no grupo 2 e 3, enquanto no 1 o valor foi
70,6%, não alcançando os valores preconizados pelo FNDE8. Salienta-se a necessidade de
adequação do valor de carboidrato, por ser um nutriente indispensável ao crescimento vez que,
constitui um componente primordial como fonte energética.
Em relação aos lipídios, verifica-se que a quantidade servida foi inferior à recomendada, em todos
os grupos.
O aporte médio de ferro excedeu as recomendações do FNDE8 no grupo 2 e 3, no grupo 1 o valor
obtido é aceitável (90%), mas não atingiu o valor preconizado. O berçário alcançou apenas 59,70%
de adequação.
8. 8
O cálcio obteve um percentual médio de adequação no berçário e grupos 1, 2 e 3 de 34,1%, 32,1%
e 36,7% respectivamente.
Os minerais zinco e magnésio e a vitamina A apresentaram um percentual médio de adequação
elevados em todos os grupos, exceto o percentual médio de adequação do zinco no berçário, cujo
valor alcançado (84,44%) não atingiu o preconizado pelo FNDE 8, apesar de ser aceitável.
As tabela 1 e 2 sugerem melhor visualização da discussão supracitada, fornecendo uma
comparação entre os valores preconizados pelo FNDE 8e o alcançado no almoço, em todos os
grupos do estudo (ANEXO).
Características socioeconômicas
A partir da análise da anamnese feita com os pais ou responsáveis da criança no ato de ingresso à
Creche pôde-se verificar que todas as crianças assistidas possuíam moradia com saneamento básico, e a
maioria possuía renda salarial ≥ 1 salário mínimo*. As mães das crianças eram em sua maioria
estudantes tinham no mínimo o curso superior incompleto (Tabela 3).
DISCUSSÃO
O perfil antropométrico das crianças avaliadas é similar aos achados de Alves et al.5 onde avaliou
pré-escolares com idades entre 4 a 6 anos, em creches filantrópicas da cidade de Umuarama, Para-
ná. Entre as crianças analisadas 81,14% encontravam-se na faixa de eutrofia para o escore z
9
estatura/idade. Já um estudo realizado por Martino et al. onde avaliou, dentre outras coisas, o
estado nutricional de pré-escolares assistidos em Centros Educacionais Municipais de Alfenas
(MG) os percentuais para crianças eutróficas foram apenas de: 58,3 % para o índice P/I, 68,2 %
para P/E e 43,7% para E/I. Observou-se ainda desnutrição crônica ou pregressa caracterizada pela
baixa estatura em 20,5% das crianças e desnutrição aguda, por baixo peso, em 4% destas.
Os valores encontrados nesta instituição que se referem ao excesso de peso estão em acordo com
uma variedade de estudos realizados no país que confirmam o fenômeno conhecido como transição
nutricional.
9. 9
10
Tuma et al. , realizaram um trabalho em três creches de Brasília, e encontraram a ocorrência de
6,1% de excesso de peso e 4,8 % de déficit de estatura, de acordo com os índices P/E e E/I,
respectivamente. Corso et al.11 encontraram a ocorrência de 6,8 % de obesidade em crianças
menores de seis anos em Florianópolis Santa Catarina; Uma pesquisa realizada por Lima e
Grillo12, em escolas e creches públicas do Município de Bombinhas, Santa Catarina, encontrou
13% de sobrepeso entre as crianças avaliadas; E o trabalho de Gigante et al.13 realizado em
Pelotas, onde acompanharam 1.273 crianças e detectaram cerca de 10% de sobrepeso, Todos estes
trabalhos permitem mostrar que existe de fato, uma tendência de aumento das prevalências de
sobrepeso e obesidade nas crianças brasileiras. A prevalência de sobrepeso e obesidade em pré-
escolares reflete a transição epidemiológica e nutricional, pela qual o país está passando e que
exige planejamento de intervenções nutricionais adequadas que possam contemplar também a
prevenção da obesidade entre as crianças institucionalizadas5.
Sobre a análise da adequação alimentar os achados do teor protéico na creche em estudo, tiveram
14
resultados semelhantes aos encontrados por Abranches et al. onde mostram que o conteúdo
protéico oferecido por creches públicas e privadas no contexto do programa da alimentação
escolar, em São Paulo, havia ultrapassado as necessidades estimadas para crianças.
A maioria dos trabalhos que avaliaram a oferta de proteínas na alimentação do infante encontrou
resultados semelhantes 15,16. O consumo de uma alimentação hiperprotéica poderia ser um fator de
proteção para a desnutrição, desde que atendida as recomendações de energia15. Como os lipídios
são nutrientes destinados a função energética, as proteínas excedentes poderiam estar sendo
mobilizadas para este fim, visto que o cardápio do almoço apresentou-se hipolipídico.
As quantidades inferiores de lipídios em relação à recomendação, estão em acordo com os achados
de Carvajal et al. 17 onde ao analisar a adequação da merenda escolar de uma escola da 1º a 4º série
de Maringá-PR, obteve o percentual de adequação (42,58%) também inferior, ainda que
comparado ao recomendado pelo PNAE.
Quanto a inadequação do ferro salienta-se que o almoço representa a principal refeição do dia de
muitas crianças na creche e nessa fase as recomendações de ferro que estão elevadas precisam ser
10. 10
supridas em função da expansão do volume sanguíneo e do crescimento dos tecidos, além da
freqüente ocorrência de anemia nessa faixa etária.
Assim como o ferro, é necessário enfatizar a importância da adequação da vitamina C que não
atingiu o percentual de adequação em todos os grupos. É sabido que a vitamina C aumenta a
biodisponibilidade do ferro da dieta, sendo um aspecto importante a ser destacado, visto que a
anemia ferropriva na faixa etária em estudo é freqüente. Sendo considerada uma carência
nutricional endêmica conforme relata Abranches et al. 14. Esses achados refletem, possivelmente, a
não consideração da sobremesa oferecida às crianças, a qual comumente é constituída por frutas,
fontes dessa vitamina. Ainda assim, enfatiza-se a necessidade de atentar-se aos resultados, pois
sendo uma vitamina fotossensível e não termoresistente, os valores contabilizados pelo software
passam a não refletir a quantidade real de vitamina servida, os quais certamente estão menores
ainda dos observados.
Os valores encontrados de cálcio são resultados esperados, já que ao considerar apenas o almoço
na presente pesquisa, esta refeição geralmente não oferta fontes de cálcio. É importante considerar
que poderá haver uma maior oferta desse micronutriente nas demais refeições realizadas no lar
podendo atingir sua recomendação diária. Ainda assim, deve-se atentar aos altos valores
encontrados de proteínas no almoço, uma vez que em excesso propicia efeito hipercalciurético
comprometendo a biodisponibilidade de cálcio na dieta18. Alves et al.5 ao observar o consumo
alimentar verificou que o cálcio também foi nutriente menos ofertado com 14,93% de adequação,
muito abaixo do preconizado. Diante dos achados, ressalta-se a necessidade de garantir a ingestão
mínima do cálcio, pois é sabida sua importância para a formação dos ossos e dentes na infância.
O expressivo resultado dos minerais zinco e magnésio configura-se num aspecto positivo para as
crianças, haja vista a atuação dos mesmos como cofatores de enzimas responsáveis tanto por
diversas atividades metabólicas como na resposta imune inata e adquirida, além do papel
importante na maturação dos tecidos e células linfóides. Sua deficiência acarreta neutropenia e
linfopenia, comprometendo a imunocompetência 19.
11. 11
A presença de alimentos como abóbora e cenoura possibilitou o elevado percentual médio da
vitamina A. Estando em harmonia como os resultados encontrados por Spinelli et al.15 quando
observou o consumo alimentar de crianças de 6 a 18 meses em creches obteve oferta razoável de
adequação de vitamina A (92,2% e 98%), reflexo da freqüência de alimentos como abóbora,
cenoura, mamão e outros no cardápio desse estudo. Adicionalmente, Abranches et al.14 obteve
17
resultados similares, por outro lado, o trabalho realizado por Carvajal et al. não atingiu a
recomendação dessa vitamina sendo obtido apenas 14,04% de percentual médio de adequação.
Os valores elevados dessa vitamina se tornam significantemente positivos, pois a maior
vulnerabilidade dos pré-escolares a essa carência nutricional é justificada pelo rápido crescimento
e desenvolvimento nessa fase da vida, com conseqüente aumento das necessidades de vitamina A,
além das múltiplas doenças a que estão expostos, principalmente, as infecções gastrointestinais e
respiratórias20. As quais reduzem a absorção e elevam consideravelmente a utilização biológica e a
excreção desse micronutriente21.
No que diz respeito às características socioeconômicas avaliadas no estudo é importante salientar
que o meio ambiente, permeado pelas condições materiais de vida e pelo acesso aos serviços de
saúde e educação, determina padrões característicos de saúde e doença na criança. Variáveis como
renda familiar, escolaridade, entre outras, estão condicionadas, à forma de inclusão das famílias no
processo de produção, refletindo na aquisição de alimentos e, conseqüentemente, no estado
nutricional dessas crianças22. Os achados do presente estudo está em consonância com os
encontrados por Castro et al.22 onde as condições sanitárias dos domicílios eram satisfatórias, uma
vez que a maioria das famílias das crianças possui saneamento básico em suas moradias. É fácil
verificar, especificamente sobre a saúde infantil, que um maior nível de escolaridade dos pais
poderá, por exemplo, levar a um melhor entendimento dos mecanismos etiológicos das doenças
infantis e a uma maior eficiência nos cuidados higiênicos com as crianças. Poderá também
contribuir para melhor identificação e utilização de serviços públicos de assistência à criança que
desenvolvem atividades como puericultura e vacinação. O saneamento básico tem grande
influência sobre o estado nutricional das crianças, pois a desnutrição infantil e infecções
12. 12
geralmente estão relacionadas à baixa condição de moradia e saneamento básico, interferindo no
estado nutricional da criança 23.
CONCLUSÃO
Os dados apresentados demonstram que a maior discrepância da não adequação, foi de cálcio, em
todos os grupos, aspecto este esperado já que não há oferta de refeições que incluam fontes deste
micronutriente na creche. Assim é recomendável a observância sistemática de oferta domiciliar de
uma refeição láctea, fonte de cálcio, na primeira e última refeição(ceia e desjejum).para que se
consiga atingir as recomendações. Apesar do percentual de adequação não ter atingindo 100% nos
grupos analisados, com variação para mais ou para menos de macro e micronutrientes, pôde-se
observar que, este não foi um indicador que refletisse negativamente no estado nutricional das
crianças assistidas, já que a maioria encontra-se em adequado estado nutricional no que diz
respeito ao peso relacionado à altura e idade.
13. 13
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16. ILUSTRAÇÕES
Tabela 1. Diagnóstico antropométrico segundo os indicadores P/A e P/I entre os diferentes grupos da creche estudada.
TOTAL
BERÇÁRIO GRUPO 1 GRUPO 2 GRUPO 3
Diagnóstico
(Total – 06) (Total - 11) (Total -19) (Total -14)
P/A P/I P/A P/I P/A P/I P/A P/I P/A P/I
n........% n.......% n......% n......% n......% n........% n........% n........% % %
Grave - 1........16,7 - - - - - - - 02
Moderado - - - - - - - 1.......7,1 - 02
Leve (risco de 1.......16, 7 2.......33,3 - 4......36,4 - 5........27, 1.......7,1 3......21,4 04 28
déficit) 8
Adequado 4......66,7 3........50 10......90,9 7.......63,6 13.....68,4 13......68, 9.......64,3 10......71, 72 66
4 4
Risco de excesso 1.......16,7 - 1.......7,1 - 3......15,8 - 3......21,4 - 16 -
Excesso - - - - 3......15,8 1........5,6 1.......7,1 - 08 02
Obesidade grave - - - - - - - - - -
Tabela 2. Percentual médio de adequação do almoço servido na creche no período de uma semana.
GRUPOS BERÇÁRIO GRUPO 1 GRUPO 2 e 3 GRUPO 2 e 3
Nutrientes/ Energia R E PA(%) R E PA(%) R** E PA(%) R*** E PA(%)
Energia (cal) 200 185,75 92,88 300 267,42 89,1 300 312,38 104,1 400 312,4 78,10
PTN (g) 6,3 5,3 84,13 9,4 13,58 144,5 9,4 14,57 155 12,5 14,6 116,8
CHO (g) 32,5 37,02 113,91 48,8 34,45 70,6 48,8 56,44 115,7 65,0 56,4 86,8
LIP (g) 5,0 1,78 35,6 7,5 2,03 27,1 7,5 3,14 41,9 10,0 3,1 31,0
Fe (mg) 3,3 1,97 59,70 2,1 1,89 90,0 2,1 2,83 134,8 3,0 2,8 93,3
Ca (mg) 81,0 27,62 34,10 150,0 48,21 32,1 150,0 55,10 36,7 240,0 55,1 23,0
Vit C (mg) 15,0 9,94 66,27 5,0 1,93 38,6 5,0 2,88 57,6 8,0 2,9 36,3
Vit A (µg)* 150,0 469,32 312,88 90,0 478,19 531,3 90,0 622,98 692,2 120,0 623,0 519,2
Mg (mg) 23,0 26,64 115,83 24,0 38,17 159,1 24,0 57,36 239,0 39,0 57,4 147,2
Zn (mg) 0,9 0,76 84,44 0,9 1,26 140,0 0,9 1,81 201,1 1,5 1,8 120,0
17. LEGENDA:
Tabela 2. Percentual médio de adequação do almoço servido na creche no período de uma semana.
R: RECOMENDADO
E: ENCONTRADO
PA: PERCENTUAL DE ADEQUAÇÃO
*Forma de Retinol
**Recomendado para 3 anos de idade
*** Recomendado para 4 anos de idade