A Copa do Mundo trouxe legados positivos e negativos para o Brasil. Entre os positivos, destacou-se a promoção da imagem do país no exterior e o aumento do turismo. Porém, as obras de infraestrutura prometidas não foram totalmente entregues e a Copa revelou problemas de planejamento nas esferas públicas. Seus efeitos duradouros dependerão de como os brasileiros aproveitarem as oportunidades e corrigirem as falhas apontadas.
O que é arte. Definição de arte. História da arte.
Legado da copa 2014
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LEGADO DA COPA DO
MUNDO
FOI BOM PARA DESENVOLVIMENTO DO
PAIS
JUNIO HEVELINO
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LEGADO DA COPA DO MUNDO
Com a Copa do Mundo encerrada, é hora de analisar
quais eram as expectativas antes do Mundial e
compará-las com os resultados. Os gastos com a
competição levaram às ruas muitos dos
manifestantes de junho de 2013. Agora, com os
benefícios do outro lado da balança, podemos avaliar
com ponderação o que a Copa nos trouxe. Nessa
hora, a palavra mais citada é “legado”. E não há
dúvida de que houve, sim, legados, tanto positivos
quanto negativos. Quais deles, no entanto,
permanecerão – para o bem e para o mal – é algo
que só o passar do tempo nos dirá.
3. Um legado indiscutivelmente positivo é a promoção da imagem
do Brasil no exterior. Segundo o Ministério do Turismo, o país
recebeu 1 milhão de estrangeiros, de 202 nacionalidades, e 61%
fizeram sua primeira visita ao Brasil por ocasião da Copa –
muitas dessas pessoas talvez jamais considerassem a
possibilidade de vir ao Brasil, se não fosse pelo fato de estarmos
organizando o Mundial. Curitiba também ganhou nesse aspecto.
De acordo com estudo feito pela UFPR, a cidade recebeu em
junho 214,5 mil turistas, dos quais 95,8 mil estrangeiros, de 73
países. O setor hoteleiro, que esperava aumento de 30% na
ocupação com a Copa, teve suas expectativas superadas, e os
bares também viram a clientela subir de 50% a 70%.
LEGADO DA COPA DO
MUNDO
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LEGADO DA COPA DO MUNDO
E a imagem do Brasil não melhorou apenas aos olhos dos
estrangeiros – nós mesmos redescobrimos nossa cordialidade.
Não há dúvidas de que ela tem boa participação em outra
estatística animadora: 95% dos estrangeiros entrevistados pela
Fipe disseram ter vontade de voltar ao Brasil – em Curitiba, a
UFPR apurou que 93% dos visitantes recomendarão a cidade
como destino turístico para outras pessoas. Essa é a chave para
que esse legado seja duradouro e não apenas temporário. Pelo
potencial turístico que temos, os 6 milhões de estrangeiros que
vieram ao Brasil em 2013 ainda são muito pouco em comparação
com outros países – a França, líder nesse quesito, supera os 80
milhões. O décimo país nesse ranking, a Tailândia, atraiu 26,5
milhões de visitantes estrangeiros no ano passado. A Copa
apresentou o Brasil a muitas pessoas, mas só uma divulgação
eficaz do Brasil no exterior fará delas turistas habituais.
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LEGADO DA COP DO MUNDO
Na ponta negativa ficou o legado urbanístico e de infraestrutura. É
verdade que o apagão logístico tão temido e previsto não se
concretizou. Mesmo assim, daquilo que nos havia sido prometido
como resultado da Copa em termos de obras, não temos tanto para
ver. O jornal Folha de S.Paulo analisou 167 obras prometidas para o
Mundial, das quais apenas 88 (ou seja, pouco mais da metade) foram
entregues a tempo. Outras 45 foram entregues, mas não estavam
completas; 23 serão executadas apenas agora que a Copa já
terminou, e 11 foram simplesmente descartadas. A Gazeta do Povo
tinha publicado, em 2009, a lista de obras com as quais Curitiba
buscou (e conseguiu) convencer a organização da Copa a trazer
jogos para a cidade. Eram 16 itens, a maioria dos quais não saiu do
papel, como a reforma da Avenida Cândido de Abreu. O carro-chefe
da campanha curitibana era o metrô, mas ele só ficará pronto muito
depois da Copa.
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LEGADO DA COPA
Sabemos que todas essas obras, salvo uma ou outra exceção,
eram e são necessárias ainda que não houvesse Copa do
Mundo no Brasil, e o fato de termos chegado a esse ponto mostra
a ineficiência da máquina pública no que diz respeito à execução.
A realização do evento era uma chance única de desatar esses
nós, pois as melhorias passariam a ter de ficar prontas “para a
Copa” – chance essa que acabou desperdiçada em boa parte dos
casos.
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LEGADO DA COP DO MUNDO
Isso nos leva a um terceiro legado: a Copa nos mostrou, de
forma escancarada e em uma dimensão que talvez nunca
tenhamos visto antes, nossos problemas de planejamento. Os
estádios são o exemplo acabado dessa situação. Em 2007,
Lula e seu então ministro do Esporte, Orlando Silva, juravam
que não haveria um centavo de dinheiro público nas arenas.
Não foi o que aconteceu: não apenas faltou um plano para
realmente envolver a iniciativa privada, como no fim todos os
estádios contaram com porções mais ou menos generosas de
dinheiro do governo federal – por meio de empréstimos a juros
camaradas –, dos governos estaduais e de prefeituras. O
poder público muitas vezes foi feito refém, tendo de despejar
mais e mais dinheiro nos estádios (no total, foram R$ 8
bilhões) para evitar um vexame na Copa. Outras obras foram
feitas às pressas, o que resultou, por exemplo, na tragédia do
viaduto que desabou em Belo Horizonte, matando duas
pessoas.
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LEGADO DA COPA
No fim, são os brasileiros que decidirão o que fazer de cada um
desses legados. Se não aproveitarmos as oportunidades
trazidas pela Copa, se não aprendermos com as falhas e não
mandarmos nosso recado aos responsáveis por elas, não há
gol de placa ou festa nas ruas que faça a Copa de 2014 ter
valido a pena.