1. COLÉGIO ESTADUAL DEPUTADO MANOEL NOVAES
TROVADORISMO
PROF.(a) SORAIA
PROJETO NTE VAI Á ESCOLA - 2010
PRODUÇÃO
VISUAL TURMA: EJA 1 2010
ESTUDO DE CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS DA ÉPOCA
2. Idade Média
História Medieval, economia, sociedade, influência da Igreja,
feudalismo, castelos, guerras,
peste negra, cruzadas, revoltas camponesas, cavaleiros,
servos, sistema feudal, arte medieval, resumo
Introdução
A Idade Média teve início na Europa com as invasões
germânicas (bárbaras), no século V, sobre o Império Romano
do Ocidente. Essa época estende-se até o século XV, com a
retomada comercial e o renascimento urbano. A Idade Média
caracteriza-se pela economia ruralizada, enfraquecimento
comercial, supremacia da Igreja Católica, sistema de
produção feudal e sociedade hierarquizada.
Estrutura Política
Prevaleceu na Idade Média as relações de vassalagem e
suserania. O suserano era quem dava um lote de terra ao
vassalo, sendo que este último deveria prestar fidelidade e
ajuda ao seu suserano. O vassalo oferecia ao senhor, ou
suserano, fidelidade e trabalho, em troca de proteção e um
lugar no sistema de produção. As redes de vassalagem se
estendiam por várias regiões, sendo o rei o suserano mais
poderoso.Todos os poderes jurídico, econômico e político
concentravam-se nas mãos dos senhores feudais, donos de
lotes de terras (feudos).
Sociedade Medieval
A sociedade era estática (com pouca mobilidade social) e
hierarquizada. A nobreza feudal (senhores feudais,
cavaleiros, condes, duques, viscondes) era detentora de
terras e arrecadava impostos dos camponeses. O clero
(membros da Igreja Católica) tinha um grande poder, pois era
responsável pela proteção espiritual da sociedade. Era
isento de impostos e arrecadava o dízimo. A terceira camada
da sociedade era formada pelos servos (camponeses) e
pequenos artesãos. Os servos deviam pagar várias taxas e
tributos aos senhores feudais, tais como: corvéia (trabalho
de 3 a 4 dias nas terras do senhor feudal), talha (metade da
produção), banalidades (taxas pagas pela utilização do
moinho e forno do senhor feudal).
3. Religião na Idade Média
Na Idade Média, a Igreja Católica dominava o cenário
religioso. Detentora do poder espiritual, a Igreja
influenciava o modo de pensar, a psicologia e as formas de
comportamento na Idade Média. A igreja também tinha grande
poder econômico, pois possuía terras em grande quantidade e
até mesmo servos trabalhando. Os monges viviam em
mosteiros e eram responsáveis pela proteção espiritual da
sociedade. Passavam grande parte do tempo rezando e
copiando livros e a Bíblia.
Educação, cultura e arte medieval
A educação era para poucos, pois só os filhos dos nobres
estudavam. Esta era marcada pela influência da Igreja,
ensinando o latim, doutrinas religiosas e táticas de guerras.
Grande parte da população medieval era analfabeta.
A arte medieval também era fortemente marcada pela
religiosidade da época. As pinturas retratavam passagens da
Bíblia e ensinamentos religiosos. As pinturas medievais e os
vitrais das igrejas eram formas de ensinar à população um
pouco mais sobre a religião.Podemos dizer que, no geral, a
cultura medieval foi fortemente influenciada pela religião.
Na arquitetura destacou-se a construção de castelos,
igrejas e catedrais.
As Cruzadas
No século XI, dentro do contexto histórico da expansão
árabe, os muçulmanos conquistaram a cidade sagrada de
Jerusalém. Diante dessa situação, o papa Urbano II convocou
a Primeira Cruzada (1096), com o objetivo de expulsar os
"infiéis" (árabes) da Terra Santa. Essas batalhas, entre
católicos e muçulmanos, duraram cerca de dois séculos,
deixando milhares de mortos e um grande rastro de
destruição. Ao mesmo tempo em que eram guerras marcadas
por diferenças religiosas, também possuíam um forte caráter
econômico. Muitos cavaleiros cruzados, ao retornarem para
a Europa, saqueavam cidades árabes e vendiam produtos nas
estradas, nas chamadas feiras e rotas de comércio. De certa
forma, as Cruzadas contribuíram para o renascimento urbano
e comercial a partir do século XIII. Após as Cruzadas, o Mar
Mediterrâneo foi aberto para os contatos comerciais.
4. Peste Negra ou Peste Bubônica
Em meados do século XIV, uma doença devastou a população
européia. Historiadores calculam que aproximadamente um
terço dos habitantes morreram desta doença. A Peste Negra
era transmitida através da picada de pulgas de ratos doentes.
Estes ratos chegavam à Europa nos porões dos navios vindos
do Oriente. Como as cidades medievais não tinham condições
higiênicas adequadas, os ratos se espalharam facilmente.
Após o contato com a doença, a pessoa tinha poucos dias de
vida. Febre, mal-estar e bulbos (bolhas) de sangue e pus
espalhavam-se pelo corpo do doente, principalmente nas
axilas e virilhas. Como os conhecimentos médicos eram pouco
desenvolvidos, a morte era certa. Para complicar ainda mais a
situação, muitos atribuíam a doença a fatores
comportamentais, ambientais ou religiosos.
Revoltas Camponesas: as Jacqueries
Após a Peste Negra, a população européia diminuiu muito.
Muitos senhores feudais resolveram aumentar os impostos,
taxas e obrigações de trabalho dos servos sobreviventes.
Muitos tiveram que trabalhar dobrado para compensar o
trabalho daqueles que tinham morrido na epidemia. Em muitas
regiões da Inglaterra e da França estouraram revoltas
camponesas contra o aumento da exploração dos senhores
feudais. Combatidas com violência por partes dos nobres,
muitas foram sufocadas e outras conseguiram conquistar
seus objetivos, diminuindo a exploração e trazendo
conquistas para os camponeses.
produção literária na épocA :
trovadorismo
No trovadorismo galego-português, as cantigas são divididas em:
Satíricas (Cantigas de Maldizer e Cantigas de Escárnio) e Líricas
(Cantigas de Amor e Cantigas de Amigo).
característica do trovadorismo
A poesia desta época compõe-se basicamente de cantigas, geralmente com
acompanhamento de instrumentos (alaúde, flauta, viola, gaita etc.). Quem
escrevia e cantava essas poesias musicadas eram os jograis e os
trovadores. Estes últimos deram origem ao nome deste estilo de época
português.
5. Cantigas de Maldizer: através delas, os trovadores faziam sátiras
diretas, chegando muitas vezes a agressões verbais. Em algumas
situações eram utilizados palavrões. O nome da pessoa satirizada podia
aparecer explicitamente na cantiga ou não.
Cantigas de Escárnio: nestas cantigas o nome da pessoa satirizada
não aparecia. As sátiras eram feitas de forma indireta, utilizando-se de
duplos sentidos.
Cantigas de Amor: neste tipo de cantiga o trovador destaca todas as
qualidades da mulher amada, colocando-se numa posição inferior (de
vassalo) a ela. O tema mais comum é o amor não correspondido. As
cantigas de amor reproduzem o sistema hierárquico na época do
feudalismo, pois o trovador passa a ser o vassalo da amada (suserana) e
espera receber um benefício em troca de seus “serviços” (as trovas, o
amor dispensado, sofrimento pelo amor não correspondido).
Cantigas de Amigo: enquanto nas Cantigas de Amor o eu-lírico é um
homem, nas de Amigo é uma mulher (embora os escritores fossem homens).
A palavra amigo nestas cantigas tem o significado de namorado. O tema
principal é a lamentação da mulher pela falta do amado.
Hagiografia: relatos bibliográficos de figuras canonizadas, escritos
em latim.
Cronicões: relatam, de forma romanceada, os episódios
históricos/sociais do século XIV
Livros de linhagem: apresenta a genealogia das famílias nobres
Novelas de Cavalaria:
• poemas que celebram acontecimentos históricos, trazidos
principalmente da França e Inglaterra.
• temos três ciclos:
•
a) Ciclo Bretão ou Arturiniano: Rei Artur e Cavaleiros
da Távola Redonda.
b) Carolíngio: Carlos Magno
c) Clássico: Antigüidade Greco Romana.
produção litéraria do trovadorismmo
6. Trovadorismo
Trovadorismo é a primeira manifestação literária da língua portuguesa.
Seu surgimento ocorreu no mesmo período em que Portugal começou a
despontar como nação independente, no século XII; porém, as suas
origens deram-se na Occitânia, de onde se espalhou por praticamente
toda a Europa. Apesar disso, a lírica medieval galaico-português possuiu
características próprias, uma grande produtividade e um número
considerável de autores conservados.
A mais antiga manifestação literária galaico-portuguesa que se pode
datar é a cantiga "Ora faz host'o senhor de Navarra", do trovador
português João Soares de Paiva ou João Soares de Pávia, composta
provavelmente por volta do ano 1200. Por essa cantiga ser a mais antiga
datável (por conter dados históricos precisos), convém datar daí o início
do Lírica medieval galego-portuguesa (e não, como se supunha, a partir da
"Cantiga de Guarvaia" e este texto também é chamado de "Cantiga da
Ribeirinha".
Trovadores eram aqueles que compunham as poesias e as melodias que as
acompanhavam, e cantigas são as poesias cantadas. A designação
"trovador" aplicava-se aos autores de origem nobre, sendo que os
autores de origem vilã tinham o nome de jogral, termo que designava
igualmente o seu estatuto de profissional (em contraste com o
trovador). Ainda que seja coerente a afirmação de que quem tocava e
cantava as poesias eram os jograis, é muito possível que a maioria dos
trovadores interpretasse igualmente as suas próprias composições.
(Diego Pezelho)
7. Entendendo o Trovadorismo ...
O Trovadorismo foi a primeira manifestação literária da língua
portuguesa.Surgiu no século xll,em plena IDADE MÉDIA,período em
que PORTUGAL estava no processo de formação nacional.
NA LIRICA medieval,os trovadores eram os artistas de origem nobre
que compunham e cantavam,com o acompanhamento de instrumentos
musicais,as cantigas[poesias cantadas].estas cantigas eram manuscritas e
reunidas em livros,conhecidas como cancioneiros.
TEMOS conhecimento de apenas três manuscritas e reunidas em livros.
CARACTERISTIÇAS -a poesia desta época como põe-se basicamente de
cantigas, geralmente com acompanhamento de instrumentos
[alaúde,flauta,violão,gaita etc]
AS cantigas eram cantadas no idioma galego-português e dividem-se em
dois tipos;líricas[de amor e amigo]e satíricas[de escárnio e mal-dizer?
DO ponto de vista literário as cantigas líricas apresentaM maior
potencial pois forma a base da poesia líricas.
TROVADORISMO é o nome que recebe o período que reúne os primeiros
registros poéticos da língua portuguesa historicamente corresponde à
IDADEMÉDIA,época em que predominava um sistema político,social e
econômico
denominado feudalismo,cujas principais características são a
descentralização política a imobilidade social e a autos-suficiência
econômica.
AS cantigas satíricas na época dadas à diversão popular,hoje servem
como importante documentação da cultura medieval.O humor -menos ou
mais Auxiliava as observações que eram feitas sobre personalidades e
autoridades.
CANTIGAS de escárnio;são sátiras ao comportamento social, MESMO
que a mesura seja rompida não há exposição direta da[vitima]da cantiga.
CANTIGAS de maldizer;bem mais ousadas que as de escárnio,essas
cantigas costumam não só anunciar explicitamente de quem se fala como
agredir e ridicularizar tal personalidade.Muitas vezes fazem uso de
linguagem chula.
8. As origens do trovadorismo
São admitidas quatro teses fundamentais para explicar a origem dessa
poesia: a tese arábica, que considera a cultura arábica como sua velha
raiz; a tese folclórica, que a julga criada pelo próprio povo; a tese
médio-latinista, segundo a qual essa poesia teria origem na literatura
latina produzida durante a Idade Média; e, por fim, a tese litúrgica, que a
considera fruto da poesia litúrgico-cristã elaborada na mesma época.
Todavia, nenhuma das teses citadas é suficiente em si mesma, deixando-nos
na posição de aceitá-las conjuntamente, a fim de melhor abarcar os
aspectos constantes dessa poesia. Os trovadores medievais escreviam em
pergaminhos, como por exemplo o pergaminho Vindel
A mais antiga manifestação literária galaico-portuguesa que se pode
datar é a cantiga "Ora faz host'o senhor de Navarra", do trovador
português João Soares de Paiva ou João Soares de Pávia, composta
provavelmente por volta do ano 1200. Por essa cantiga ser a mais antiga
datável (por conter dados históricos precisos), convém datar daí o início
do Lírica medieval galego-portuguesa (e não, como se supunha, a partir da
"Cantiga de Guarvaia", composta por Paio Soares de Taveirós, cuja data
de composição é impossível de apurar com exactidão, mas que, tendo em
conta os dados biográficos do seu autor, é certamente bastante
posterior). Este texto também é chamado de "Cantiga da Ribeirinha" por
ter sido dedicada à Dona Maria Paes Ribeiro, a ribeirinha. De 1200, a Lírica
galego-portuguesa se estende até meados do século XIV, sendo usual
referir como termo o ano de 1350, data do testamento do Conde D.
Pedro, Conde de Barcelos |D. Pedro de Barcelos, filho primogênito
bastardo de D. Dinis, ele próprio trovador e provável compilador das
cantigas (no testamento, D. Pedro lega um "Livro das Cantigas" a seu
sobrinho, D.Afonso XI de Castela).
Trovadores eram aqueles que compunham as poesias e as melodias que as
acompanhavam, e cantigas são as poesias cantadas. A designação
"trovador" aplicava-se aos autores de origem nobre, sendo que os
autores de origem vilã tinham o nome de jogral, termo que designava
igualmente o seu estatuto de profissional (em contraste com o
trovador). Ainda que seja coerente a afirmação de que quem tocava e
cantava as poesias eram os jograis, é muito possível que a maioria dos
trovadores interpretasse igualmente as suas próprias composições.
A mentalidade da época baseada no teocentrismo serviu como base para a
estrutura da cantiga de amigo, em que o amor espiritual e inatingível é
retratado.As cantigas, primeiramente destinadas ao canto, foram depois
manuscritas em cadernos de apontamentos, que mais tarde foram postas
em coletâneas de canções chamadas Cancioneiros (livros que reuniam
grande número de trovas). São conhecidos três Cancioneiros galego-
portugueses: o "Cancioneiro da Ajuda", o "Cancioneiro da Biblioteca
Nacional de Lisboa" (Colocci-Brancutti) e o "Cancioneiro da Vaticana".
Além disso, há um quarto livro de cantigas dedicadas à Virgem Maria pelo
rei Afonso X de Leão e Castela, O Sábio. Surgiram também os textos em
prosa de cronistas como Rui de Pina, Fernão Lopes e Gomes Eanes de
Zurara e as novelas de cavalaria, como a demanda do Santo Graal.
9. A cantiga de amor
O cavalheiro se dirige à mulher amada como uma figura idealizada,
distante. O poeta, na posição de fiel vassalo, se põe a serviço de sua
senhora, dama da corte, tornando esse amor um objeto de sonho,
distante, impossível.
Neste tipo de cantiga, originária de Provença, no sul de França, o eu-
lírico é masculino e sofredor. Sua amada é chamada de senhor (as
palavras terminadas em or como senhor ou pastor, em galego-português
não tinham feminino). Canta as qualidades de seu amor, a "minha senhor",
a quem ele trata como superior revelando sua condição hierárquica. Ele
canta a dor de amar e está sempre acometido da "coita", palavra
frequente nas cantigas de amor que significa "sofrimento por amor". É à
sua amada que se submete e "presta serviço", por isso espera benefício
(referido como o bem nas trovas).
Essa relação amorosa vertical é chamada "vassalagem amorosa", pois
reproduz as relações dos vassalos com os seus senhores feudais. Sua
estrutura é mais sofisticada.
São tipos de Cantiga de Amor: -Cantiga de Meestria: é o tipo mais difícil de
cantiga de amor. Não apresenta refrão, nem estribilho, nem repetições
(diz respeito à forma.) -Cantiga de Tense ou Tensão: diálogo entre
cavaleiros em tom de desafio. Gira em torno da mesma mulher. -Cantiga de
Pastorela: trata do amor entre pastores (pebleus) ou por uma pastora
(pebléia). -Cantiga de Plang: cantiga de amor repleta de lamentos.
Exemplo de lírica galego-portuguesa (de Bernal de Bonaval):
"A dona que eu am'e tenho por Senhor
amostrade-me-a Deus, se vos en prazer for,
se non dade-me-a morte.
A que tenh'eu por lume d'estes olhos meus
e porque choran sempr(e) amostrade-me-a Deus,
se non dade-me-a morte.
Essa que Vós fezestes melhor parecer
de quantas sei, a Deus, fazede-me-a veer,
se non dade-me-a morte.
A Deus, que me-a fizestes mais amar,
mostrade-me-a algo possa con ela falar,
se non dade-me-a morte."
10. A cantiga de amor
O cavalheiro se dirige à mulher amada como uma figura idealizada,
distante. O poeta, na posição de fiel vassalo, se põe a serviço de sua
senhora, dama da corte, tornando esse amor um objeto de sonho,
distante, impossível.
Neste tipo de cantiga, originária de Provença, no sul de França, o eu-
lírico é masculino e sofredor. Sua amada é chamada de senhor (as
palavras terminadas em or como senhor ou pastor, em galego-português
não tinham feminino). Canta as qualidades de seu amor, a "minha senhor",
a quem ele trata como superior revelando sua condição hierárquica. Ele
canta a dor de amar e está sempre acometido da "coita", palavra
frequente nas cantigas de amor que significa "sofrimento por amor". É à
sua amada que se submete e "presta serviço", por isso espera benefício
(referido como o bem nas trovas).
Essa relação amorosa vertical é chamada "vassalagem amorosa", pois
reproduz as relações dos vassalos com os seus senhores feudais. Sua
estrutura é mais sofisticada.
São tipos de Cantiga de Amor: -Cantiga de Meestria: é o tipo mais difícil de
cantiga de amor. Não apresenta refrão, nem estribilho, nem repetições
(diz respeito à forma.) -Cantiga de Tense ou Tensão: diálogo entre
cavaleiros em tom de desafio. Gira em torno da mesma mulher. -Cantiga de
Pastorela: trata do amor entre pastores (pebleus) ou por uma pastora
(pebléia). -Cantiga de Plang: cantiga de amor repleta de lamentos.
Exemplo de lírica galego-portuguesa (de Bernal de Bonaval):
"A dona que eu am'e tenho por Senhor
amostrade-me-a Deus, se vos en prazer for,
se non dade-me-a morte.
A que tenh'eu por lume d'estes olhos meus
e porque choran sempr(e) amostrade-me-a Deus,
se non dade-me-a morte.
Essa que Vós fezestes melhor parecer
de quantas sei, a Deus, fazede-me-a veer,
se non dade-me-a morte.
A Deus, que me-a fizestes mais amar,
mostrade-me-a algo possa con ela falar,
se non dade-me-a morte."
11. A cantiga de amigo
São cantigas de origem popular, com marcas evidentes da literatura oral
(reiterações, paralelismo, refrão, estribilho), recursos esses próprios
dos textos para serem cantados e que propiciam facilidade na
memorização. Esses recursos são utilizados, ainda hoje, nas canções
populares.
Este tipo de cantiga, que não surgiu em Provença como as outras, teve
suas origens na Península Ibérica. Nela, o eu-lírico é uma mulher (mas o
autor era masculino, devido à sociedade feudal e o restrito acesso ao
conhecimento da época), que canta seu amor pelo amigo (isto é,
namorado), muitas vezes em ambiente natural, e muitas vezes também em
diálogo com sua mãe ou suas amigas. A figura feminina que as cantigas de
amigo desenham é, pois, a da jovem que se inicia no universo do amor, por
vezes lamentando a ausência do amado, por vezes cantando a sua alegria
pelo próximo encontro. Outra diferença da cantiga de amor, é que nela
não há a relação Suserano x Vassalo, ela é uma mulher do povo. Muitas
vezes tal cantiga também revelava a tristeza da mulher, pela ida de seu
amado à guerra.
Exemplo (de D. Dinis)
"Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!
ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo!
ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado!
ai Deus, e u é?"
(...)
Exemplo (de D. Dinis)
12. A cantiga de escárnio
Na cantiga de escárnio, o eu-lírico faz uma sátira a alguma pessoa. Essa
sátira era indireta, cheia de duplos sentidos. As cantigas de escárnio (ou
"de escarnho", na grafia da época) definem-se, pois, como sendo aquelas
feitas pelos trovadores para dizer mal de alguém, por meio de
ambiguidades, trocadilhos e jogos semânticos, em um processo que os
trovadores chamavam "equívoco".
O cômico que caracteriza essas cantigas é predominantemente verbal,
dependente, portanto, do emprego de recursos retóricos. A cantiga de
escárnio exigindo unicamente a alusão indireta e velada, para que o
destinatário não seja reconhecido, estimula a imaginação do poeta e
sugere-lhe uma expressão irônica, embora, por vezes, bastante mordaz.
exemplo de cantiga de escárnio.
Ai, dona fea, foste-vos queixar que vos nunca louv[o] em meu cantar; mais
ora quero fazer um cantar em que vos loarei toda via; e vedes como vos
quero loar: dona fea, velha e sandia! (...)
• Crítica indireta; normalmente a pessoa satirizada não é identificada.
• Linguagem trabalhada, cheia de sutilezas, trocadilho e
ambiguidades
• Ironia
13. A cantiga de maldizer
Ao contrário da cantiga de escárnio, a cantiga de maldizer traz uma
sátira direta e sem duplos sentidos. É comum a agressão verbal à pessoa
satirizada, e muitas vezes, são utilizados até palavrões. O nome da pessoa
satirizada pode ou não ser revelado.
Exemplo de cantiga Joan Garcia de Guilhade
"Ai dona fea! Foste-vos queixar
Que vos nunca louv'en meu trobar
Mais ora quero fazer un cantar
En que vos loarei toda via;
E vedes como vos quero loar:
Dona fea, velha e sandia!
Ai dona fea! Se Deus mi pardon!
E pois havedes tan gran coraçon
Que vos eu loe en esta razon,
Vos quero já loar toda via;
E vedes qual será a loaçon:
Dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
En meu trobar, pero muito trobei;
Mais ora já en bom cantar farei
En que vos loarei toda via;
E direi-vos como vos loarei:
Dona fea, velha e sandia!"
14. Resumindo ...
Trovadorismo
trovadorismo
Podemos dizer que o trovadorismo foi a primeira manifestação
literária da língua portuguesa. Surgiu no século XII, em plena
Idade Média, período em que Portugal estava no processo de
formação nacional.
Marco inicial
O marco inicial do Trovadorismo é a “Cantiga da Ribeirinha”
(conhecida também como “Cantiga da Garvaia”), escrita por
Paio Soares de Taveirós no ano de 1189. Esta fase da
literatura portuguesa vai até o ano de 1418, começa o
Quinhentismo.
Trovadores
Na lírica medieval, os trovadores eram os artistas de origem
nobre, que compunham e cantavam, com o acompanhamento de
instrumentos musicais, as cantigas (poesias cantadas). Estas
cantigas eram manuscritas e reunidas em livros, conhecidos
como Cancioneiros. Temos conhecimento de apenas três
Cancioneiros. São eles: “Cancioneiro da Biblioteca”,
“Cancioneiro da Ajuda” e “Cancioneiro da Vaticana”.
Trovadores eram aqueles que compunham as poesias e as
melodias que as acompanhavam, e cantigas são as poesias
cantadas. A designação "trovador" aplicava-se aos autores
de origem nobre, sendo que os autores de origem vilã tinham o
nome de jogral, termo que designava igualmente o seu
estatuto de profissional (em contraste com o trovador).
Ainda que seja coerente a afirmação de que quem tocava e
cantava as poesias eram os jograis, é muito possível que a
maioria dos trovadores interpretasse igualmente as suas
próprias composições. Os trovadores de maior destaque na
lírica galego-portuguesa são: Dom Duarte, Dom Dinis, Paio
Soares de Taveirós, João Garcia de Guilhade, Aires Nunes e
Meendinho.
15. .
trovadorismo galego-português
No trovadorismo galego-português, as cantigas são divididas em:
Satíricas (Cantigas de Maldizer e Cantigas de Escárnio) e Líricas
(Cantigas de Amor e Cantigas de Amigo).
Cantigas de Maldizer: através delas, os trovadores faziam
sátiras diretas, chegando muitas vezes a agressões verbais. Em
algumas situações eram utilizados palavrões. O nome da pessoa
satirizada podia aparecer explicitamente na cantiga ou não.
Cantigas de Escárnio: nestas cantigas o nome da pessoa
satirizada não aparecia. As sátiras eram feitas de forma indireta,
utilizando-se de duplos sentidos.
Cantigas de Amor: neste tipo de cantiga o trovador destaca
todas as qualidades da mulher amada, colocando-se numa posição
inferior (de vassalo) a ela. O tema mais comum é o amor não
correspondido. As cantigas de amor reproduzem o sistema
hierárquico na época do feudalismo, pois o trovador passa a ser o
vassalo da amada (suserana) e espera receber um benefício em troca
de seus “serviços” (as trovas, o amor dispensado E sofrimento pelo
amor).
Cantigas de Amigo: enquanto nas Cantigas de Amor o eu-lírico é
um homem, nas de Amigo é uma mulher (embora os escritores fossem
homens). A palavra amigo nestas cantigas tem o significado de n.
A mentalidade da época baseada no teocentrismo serviu como base para a
estrutura da cantiga de amigo, em que o amor espiritual e inatingível é
retratado.As cantigas, primeiramente destinadas ao canto, foram depois
manuscritas em cadernos de apontamentos, que mais tarde foram postas
em coletâneas de canções chamadas Cancioneiros (livros que reuniam
grande número de trovas). São conhecidos três Cancioneiros galego-
portugueses: o "Cancioneiro da Ajuda", o "Cancioneiro da Biblioteca
Nacional de Lisboa" (Colocci-Brancutti) e o "Cancioneiro da Vaticana".
Além disso, há um quarto livro de cantigas dedicadas à Virgem Maria pelo
rei Afonso X de Leão e Castela, O Sábio. Surgiram também os textos em
prosa de cronistas como Rui de Pina, Fernão Lopes e Gomes Eanes de
Zurara e as novelas de cavalaria, como a demanda do Santo Graal.
16. EXEMPLOS DE TROVADORISMO
• I - “CANTAR D’AMIGO”
Vi eu, mia madr’, andar
as barcas eno mar:
e moiro-me d’amor.
Fui eu, madre, veer
as barcas eno ler (1):
e moiro-me d’amor.
As barcas eno mar
a foi-las aguardar:
e moiro-me d’amor
As barcas eno ler
E foi-las atender (2)
e moiro-me d’amor
E foi-las aguardar
e non o pud’achar:
e moiro-me d’amor.
• (Nuno Fernandes Torneol)
II - “CANTIGA DE ESCÁRNIO”
Ai, dona fea, foste-vos queixar
porque vos nunca louv’-en meu trobar
mais ora quero fazer un cantar
en que vos loarei toda via (1),
e vedes como vos quero loar
dona fea, velha e sandia (2).
Ai dona fea! se Deus me perdon!
e pois havedes tan gran coraçon
que vos eu loe en esta razon (3),
vos quero já loar toda via,
e vedes qual será a loaçon:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
en meu trobar, pero (4) muito trobei;
mais ora já um bom cantar farei
en que vos loarei toda via;
e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia!
(João Garcia de Guilhade)
17. II - “CANTIGA DE ESCÁRNIO”
Ai, dona fea, foste-vos queixar
porque vos nunca louv’-en meu trobar
mais ora quero fazer un cantar
en que vos loarei toda via (1),
e vedes como vos quero loar
dona fea, velha e sandia (2).
Ai dona fea! se Deus me perdon!
e pois havedes tan gran coraçon
que vos eu loe en esta razon (3),
vos quero já loar toda via,
e vedes qual será a loaçon:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
en meu trobar, pero (4) muito trobei;
mais ora já um bom cantar farei
en que vos loarei toda via;
e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia!
(João Garcia de Guilhade)
III - “CANTIGA DE MALDIZER"
Meu senhor arcebispo, and’eu escomungado
porque fiz lealdade; enganou-me o pecado (1)!
Soltade-m’, ai (2), senhor, e jurarei, mandado
que seja traëdor.
Se traiçon fezesse, nunca vo-la diria;
mais (3) pois fiz lealdade, vel (4) por Santa Maria,
soltade-m’, ai, senhor, e jurarei, mandado
que seja traëdor.
Per mia maleventura tive hun en Sousa
e dei-o a seu don’ e tenho que fiz gran cousa (5).
Soltade-m’ ai, senhor, e jurarei, mandado
que seja traëdor.
Por meus negros pecados tive hun castelo forte
e dei-o a seu don’, e hei medo da morte.
Soltad-m’, ai, senhor, mandado
que seja traëdor.
(Diego Pezelho)
18. ESTUDO DE IMAGENS ...
A BAIXO VEREMOS
ILUSTRAÇÕES SOBRE O
TROVADORISMO !