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PARTICIPAÇÃO DA ENERGIA EÓLICA NA
MATRIZ ELÉTRICA BRASILEIRA
Yure Temistocles Santos Rosa (1)
Graduando em Engenharia elétrica pela Unijorge. Técnico em Eletromecânica pela Escola de Engenharia
Eletro-Mecânica da Bahia (EEEMBA).
Antônia Ferreira dos Santos Cruz (2)
Mestre em Regulação da Indústria de Energia e Professora Titular do Centro Universitario Jorge Amado e da
Escola de TI e Engenharia da Universidade Salvador – UNIFACS
Endereço(1)
: Av. Luis Viana, n. 6775, Paralela - Salvador - BA - CEP: 42802570 - Brasil - Tel: (71) 36219617 - e-
mail: yure_contato@hotmail.com
RESUMO
Este trabalho analisa a participação da energia eólica no contexto do fornecimento de energia no país,
destacando as perspectivas desta fonte, que complementa a Matriz Energética Nacional, atendendo ás
necessidades do aumento da demanda estimada para os próximos cinco anos. Diante de um quadro de aumento
da necessidade de oferta de energia elétrica realizada principalmente pelas hidrelétricas e com as usinas
térmicas com algumas restrições de ordem econômica, a energia eólica está inserida como forma
complementar, trazendo o benefício de menor impacto ambiental, redução de custos na geração de energia
além do desenvolvimento econômico em algumas áreas que são instalados os parques eólicos. A metodologia
utilizada foi fundamentada em documental bibliográfico produzido pela Empresa de Pesquisa Energética -
EPE, Balanço Energético Nacional base 2012 assim como dissertações, artigos e revistas. Os dados abordados
foram interpretados quantitativamente observando a participação de fontes renováveis na produção de
eletricidade na Matriz Energética Brasileira, destacando a energia eólica, cuja geração exibiu aumento
expressivo.
PALAVRAS-CHAVE: Energia Eólica. Matriz Energética. Impacto Ambiental. Demandas.
INTRODUÇÃO
No Brasil a principal fonte de energia elétrica é a hidráulica devido ao grande potencial disponível, mas esse
potencial de energia não considera o efeito da legislação ambiental sobre os projetos futuros. A geração
termelétrica disponível na época do racionamento era pequena, mas esta geração de energia elétrica cresceu em
150% no período de 2001 a 2012. Segundo o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) Maurício
Tolmasquim, esse crescimento se deve à preocupação em garantir o suprimento elétrico na ocorrência do
racionamento de 2001 o maior da história do país. A crise foi provocada não apenas por condições
hidrológicas bastante desfavoráveis nas regiões Sudeste e Nordeste, mas também pela insuficiência de
investimentos em geração e transmissão. O resultado foi um progressivo esvaziamento dos maiores
reservatórios do sistema interligado nacional evoluindo-se para uma deficiência estrutural de energia. O
racionamento atingiu as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste e parte da região Norte, perdurando até
fevereiro de 2002.
A política energética no mundo sempre foi baseada na utilização de combustíveis fósseis como principal
componente na matriz energética, por outro lado é cada vez mais crescente a preocupação mundial com a
degradação do meio ambiente, em sentido desta deterioração do ecossistema, o Protocolo de Kyoto tem o
objetivo de estabelecer metas para que os países reduzam sua emissão de gases poluentes com intenção de
reduzir, em longo prazo, o efeito estufa que vem alterando o clima da terra.
A necessidade de garantir uma produção de energia com necessidades de crescimento econômico de forma
sustentável, aproveitando recursos disponíveis que tenham menor impacto possível sobre o meio-ambiente e
com custo de produção compatível com a realidade econômica coloca-se a utilização de fontes alternativas e
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renováveis como forma de minimizar o descompasso entre a demanda, oferta e capacidade de investimento no
setor elétrico.
A energia renovável faz menção ao tipo de energia que se pode obter de fontes naturais virtualmente
inesgotáveis, uma vez que contêm uma imensa quantidade de energia ou que se podem regenerar naturalmente.
A energia eólica é vista como uma das fontes alternativas de geração de eletricidade com grande perspectiva de
expansão por gerar grandes quantidades de energia sem impactos ambientais provocados por grande parte das
fontes convencionais não renováveis.
Desta maneira, a necessidade de suprir a demanda existente e margem para crescimento faz com que os países
busquem planejamentos estratégicos, conhecidos como planos de segurança energética. Em geral, essas ações
que visam acabar com o risco de falta de energia estão pautadas em algumas variáveis como a disponibilidade
das fontes de energia, a variação dos preços dos energéticos, as atuais tecnologias disponíveis e as condições
ambientais. Com isso se pode traçar um panorama da demanda e avaliar as condições do fornecimento de
energia. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) trabalha com alguns relatórios anuais onde são
analisadas todas as previsões e é montado um plano de ação, com margem de cinco anos (RAMPINELLI;
ROSA JUNIOR, 2013).
A questão energética tem um significado bastante relevante no contexto ambiental e na busca pelo
desenvolvimento sustentável. Nos últimos anos essa questão tomou posição central por causa do aquecimento
global, isso porque a atual matriz energética mundial ainda depende de combustíveis fósseis cuja queima
contribui para aumentar a concentração de gases-estufa na atmosfera de acordo com (Wind Energy Roadmap,
2013). Um fator de grande influência nos cenários energéticos é a implementação dos controles e ações
previstos na convenção do clima, relacionada ao aquecimento global, o protocolo de Kyoto (1997), que
estabelecer compromissos relacionados a controle dos gases de efeito estufa – GEE.
A energia renovável é uma medida alinhada à tendência do desenvolvimento sustentável e da redução da
emissão de gases de efeito estufa, vinculada aos combustíveis fósseis, contudo, apresenta o desafio da variação
natural da disponibilidade do combustível (água, vento, sol), o que torna frágil em termos de segurança a ideia
de uma matriz energética inteiramente renovável.
A energia eólica tem expressado um grande crescimento no Brasil. De 2009 a 2012, nos seis leilões em que a
fonte eólica competiu, foram contratados 7GW em novos projetos. Tais projetos elevarão o volume de
instalações de eólica no país para mais de 8,4 GW até 2017, 3,5 vezes maior do que a capacidade atual, e
atrairá mais de 21 bilhões de reais em investimentos. (ABEEÓLICA, 2013)
A inserção da energia eólica na matriz energética brasileira complementa o regime hídrico, trás o caráter limpo
indiscutível, diversifica e contribui para redução na tarifa de energia evitando os Encargos de Serviço do
Sistema (ESS). Mas diante do cenário atual as termelétricas se fazem necessárias devido à energia garantida
que a mesma pode fornecer, mas com o aumento exponencial dos empreendimentos eólicos a possibilidade das
termelétricas deixarem de despachar para regularização dos níveis das hidrelétricas em período de estiagem
pode ser uma realidade para o sistema elétrico nacional.
Os Encargos de Serviços do Sistema (ESS) são valores destinados ao ressarcimento dos agentes de geração dos
custos incorridos na manutenção da confiabilidade e da estabilidade do Sistema, informados mensalmente pela
ANEEL, individualizados para cada usina, todos os agentes com perfil consumo do SIN (Sistema Interligado
Nacional), arcam com o custo do encargo de forma proporcional ao consumo mensal (MWh).
Em termos metodológicos, para desenvolvimento deste trabalho foi utilizado levantamento bibliográfico de
natureza qualitativa e quantitativa, por meio de uma análise documental abrangendo o aprofundamento teórico
sobre o tema abordado, em livros, artigos e sites de órgãos governamentais, a fim de relatar seus custos de
geração e potenciais energéticos.
O objetivo geral desta pesquisa é analisar como a energia eólica pode contribuir em relação à situação dos
níveis dos reservatórios das hidrelétricas que se encontra abaixo da média histórica por motivos climáticos e
aumento de demanda. Dentre os objetivos específicos, podemos destacar: a) avaliar o Brasil no âmbito mundial
em relação à capacidade de energia eólica instalada; b) analisar a trajetória da fonte eólica no Brasil c)
Analisar a complementaridade hidro-eólica do sistema atual; d) Projeção da capacidade eólica no Brasil.
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REVISÃO DA LITERATURA
TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA ENERGIA EÓLICA
Utilizar a energia dos ventos é uma tarefa utilizada pela humanidade desde muito tempo. Moer grandes
quantidades de grãos e bombear água era uma tarefa necessitava de muita força. Assim, de forma primitiva o
moinho de vento foi um dos grandes beneficiários da produção agrícola. De acordo com o Martin (1992), em
1987 os primeiros registros de utilização da energia eólica se deu na Pérsia 200 A.C. Basicamente era um
moinho vertical utilizado para gerar movimento circular. Tal equipamento também foi percebido na China, e
Império Babilônico.
Este instrumento era basicamente um catavento rústico com o intuito de promover força motriz, nas ilhas do
mediterrâneo encontraram se também cataventos para o mesmo fim. Na época das cruzadas cataventos foram
utilizados como equipamentos para bombeamento de água na frança Inglaterra, Holanda e outros países
europeus.
Na idade média, o moinho de vento era fortemente utilizado para otimizar atividades do campo. Foi sobretudo
na Holanda onde os moinhos de vento foram criados em larga escala para a drenagem de terras cobertas pela
água entre o século XVIII e XIX. E moinhos eram usados para a produção de óleos vegetais, prensagem de
papel e processamento de madeira (ANEEL, 2009).
O implemento do moinho na Holanda foi tão relevante no meio do século XIX que cerca de 900 existiam em
pleno funcionamento. Neste período, a Bélgica, Inglaterra e França formavam cerca de 14 mil equipamentos
utilizado a energia dos ventos para gerar movimento.
O início da revolução industrial marcou a brusca redução de utilização da energia dos ventos e domínio da
máquina a vapor. Mais potentes e independentes, começaram a substituir rapidamente a influência dos moinhos
em toda a Europa.
Apesar da redução dos cataventos com o aparecimento da máquina a vapor, no final do século XIX, haviam
um número significativo de cataventos em territórios dos Estados Unidos utilizado basicamente para
abastecimento de água em terras extensas. O catavento de múltiplas pás foram operados durantes muitos anos
em vários países, como Austrália, Rússia, nações latino-americanas, e África. Sua principal característica era a
fácil operação e manutenção. Era composto por um conjunto metálico, sistema de bombeamento (bombas) e
pistão, o torque gerado pela paz é utilizado para fornecer energia.
Com o surgimento da eletricidade, surgiram também os aerogeradores na segunda metade do século 20. De
acordo com Burattini (2008), o primeiro catavento feito para geração de energia elétrica foi construído na
América em 1888. Fornecia 12kw em corrente contínua, alimentava o sistema de bateria fornecimento energia
para acendimento de lâmpadas incandescentes. Apesar de desativado em 1908, o catavento de Bruch como
ficou conhecido, representou um divisor de águas na geração de energia elétrica através dos ventos.
Destaca-se, entre as inovações de Bruch altura utilizada, o mecanismo de multiplicação do torque que
alimentava a turbina e a engenharia aerodinâmica na estrutura do moinho.
Em 1931, a Rússia construiu um aerogerador balaclava, alcançando os impressionantes 100kw. Este
aerogerador serviu de modelo para projetar outros equipamentos quais podia gerar entre 1 e 15 MW de
energia. Com a crescente utilização dos derivados do petróleo e à energia eólica passou para o plano do
esquecimento.
No período da Segunda Guerra mundial, entretanto, os países envolvidos no conflito começaram a utilizar
outros meios energéticos para economizar combustíveis fósseis. O transporte e produção deste meio energético
se tornaram difícil devido ao conflito. Vários navios de carga eram afundados durante as viagens.
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Os americanos projetaram um grande gerador chamado de Smith-Putnam (ANEEL, 2007), apesar de
importante, com o final do conflito, estudos de viabilidade mostravam que o sistema não era competitivo sendo
abandonado em favor do petróleo.
Os estudos sobre energia eólica a partir de então foram direcionados para a pesquisa em universidades em
projetos específicos onde o recurso hidráulico e outras formas de energia não podiam atender. Vários projetos
experimentais foram feitos nos estados unidos em países da Europa, contudo devido ao seu caráter
experimental e diversos problemas de ordem operacional foram relegados ao esquecimento.
Destaque no cenário de geração de energia se dá na Dinamarca, um país que sempre trouxe grandes
contribuições para o cenário mundial da energia gerada pelos ventos. Devido à dificuldade em obter fontes de
energia, concentrou suas forças na pesquisa em energia eólica, criando um dos maiores parques eólicos de todo
planeta.
Países como a França e Inglaterra realizaram pesquisas no sentido de reduzir os custos dos aerogeradores,
conectando-os á rede elétrica comum, funcionando como alternativa ao sistema hidrelétrico. Com a perspectiva
do aumento no preço do barril de petróleo, foi geranda uma crise sem precedentes, novamente o planeta se
volta para as fontes de energias renováveis. Buscando também aliviar o sistema hidrelétrico sempre posto à
prova pelo constante aumento de demanda e pelas grandes necessidades do mundo moderno.
Os aerogeradores são equipamentos ou dispositivos que são usados para gerar energia elétrica através dos
ventos. Desde antigos cata-ventos até os modernos instrumentos atuais, houve um grande salto em tecnologia.
Praticamente em meados do século XIX os aerogeradores de grande porte começaram a entrar em cena em
diversos países europeus. (TRIGUEIRO, 2005)
A Dinamarca desenvolveu diversos projetos entre eles a turbinas eólicas acoplados a geradores de corrente
contínua. As chamadas turbinas de Poil La Cour continuaram funcionando após a segunda guerra mundial,
sendo utilizadas em conjunto, com usinas movidas a óleo e gás gerando uma potência até 35 kW. No mesmo
período os russos construíram a era dos geradores balaclava, com 30 metros de diâmetro e 100 kW de
potência.
Figura 1- Turbina eólica balaclava de 1931
Fonte: Shepherd (1994)
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POTENCIAL EÓLICO NO BRASIL
O Brasil é um dos países com maior potencial de geração de energia eólica do planeta, com um litoral com
mais de 7300 quilômetros, as possibilidades de implantação de parques eólicos é bastante vasta. Nas
considerações de Amarante (2011), as condições anemométricas, a variação de velocidade dos ventos (da
ordem de 4 a 10m/s), são promotoras condições técnicas suficientes em toda a extensão do litoral para a
instalação de aerogeradores.
A figura 2 mostra um mapa da distribuição geográfica dos sítios eólicos no Brasil. Nota-se claramente que as
áreas dos estados da Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte são propícios para geração de energia a partir dos
ventos.
Figura 2 - Distribuição geográfica dos sítios eólicos no Brasil
Fonte: GWEC (2013)
Desde a década de 1970 são realizados estudos no sentido de conhecer as possibilidades de investimento nesta
forma de energia. O relevo brasileiro promove em algumas situações o movimento da camada atmosférica
inferior, servindo como indutor de fenômenos como ventos de brisa e também como gerador de ondas e
acelerações holográficas (AMARANTO, 2011, p. 10).
Outro fator preponderante para o sucesso das instalações de aerogeradores no Brasil é a questão dos regimes
de eventos que ocorrem no continente, esta distribuição encontrada sobre tudo pelos aspectos da circulação
geral planetária e atmosfera próxima de onde se sobressai sistemas de alta pressão anticiclone subtropical do
atlântico sul e do atlântico norte e à faixa de baixas pressões da depressão equatorial (TRIGUEIRO, 2005).
Cabe ressaltar que a influência da temperatura dos trópicos influencia sobremaneira na velocidade dos ventos
nas regiões litorâneas, de maneira que a sazonalidade é um fator preponderante para associar a geração de
energia elétrica através da força dos ventos. Nas considerações de Amaranto (2011), no período entre o mês
de junho a novembro as velocidades anuais alcançam o seu maior grau, sendo propícias para um volume maior
de geração de energia elétrica. Contudo, as turbinas dos aerogeradores estarão girando no seu máximo.
A oferta de energia eólica no Brasil, de acordo com GWEC (2013) atende 8,8 milhões de famílias alcançadas
com esse tipo de energia, é cerca de três e meio por cento do total geral de abastecimento no país como
demostrado na figura 3. No ano de 2013, 34 novos parques eólicos foram somados ao sistema, acrescentando
953 MW de capacidade para o sistema elétrico brasileiro.
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Figura 3 – Matriz de energia Elétrica do Brasil
Fonte: GWEC (2013)
Por ser uma forma de energia limpa, diversos investidores internacionais tem se voltado para o Brasil,
financiando projetos e estabelecendo novos parques. O governo brasileiro através de seu plano Decenal,
estabelece uma meta de 17GW instalados até 2022, representando no máximo nove por cento do consumo
nacional de energia.
Em 2013, os complexos de Asa Branca, Calango e Renascença (todas no Rio Grande do Norte) foram
responsáveis 430 MW de energia. O resultado dos últimos leilões mostra um crescente interesse de
investidores em energia eólica. Estes leilões, serão responsáveis pela criação de 70 mil postos de trabalho e
investimentos de 9 bilhões de reais.
Estes programas são financiados pelo FINAME - Financiamento de longo prazo para aquisição e produção de
máquinas e equipamentos novos de fabricação nacional, cadastrados na Agência Especial de Financiamento
Industrial.
A figura 3 demonstra a participação das formas de energia na matriz brasileira. Nota-se que, dentre as formas
“limpas” de produção, a eólica apresenta 3,5% do total. O Brasil apresenta o padrão de produção hidrelétrico
(85,9%) em virtude do grande potencial das bacias hidrográficas. O gráfico traduz também uma mudança de
paradigma na produção energética, uma vez que a diversificação de energia disponibilizada no país tende a um
aumento substancial nas formas renováveis de energia.
POTENCIAL EÓLICO NO MUNDO
A utilização da energia eólica no contexto global tem sido alvo de diversas pesquisas e investimentos, como
uma fonte que está voltada para a sustentabilidade caracterizando-se também como renovável em médio e
longo prazo, sendo assim, vem se mostrando como uma alternativa possível em muitos países. Agregado a esse
fato, nota se um aumento de consumo numa escala mundial em virtude das altas demandas no planeta. O
crescimento em termos de potência instalada de recurso eólico em 2013 foi de 12%, perfazendo cerca de 318
GW acumulados, figura 4.
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Figura 4 – Capacidade de energia eólica instalada acumulada no mundo 1996 – 2013
Fonte: (GWEC, 2013)
RACIONAMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA ENTRE 2001 A 2002
Em função da falta de planejamento no setor energético e à falta de investimentos na geração e distribuição de
energia, alinhado a problemas de um modo natural como a redução dos reservatórios das hidrelétricas pelo
baixo nível pluvial, a necessidade das empresas obterem energia e crescimento populacional, o país sofreu
entre os anos de 2001 a 2002 uma grande crise energética. Diversas empresas foram privatizadas entre elas
algumas ligadas ao setor energético.
Desta maneira o déficit de energia gerou uma situação de racionamento em todos os estados brasileiros, a
relação entre a capacidade de geração instalada versus o consumo entrou em seu estado crítico. O governo não
foi capaz de perceber que desde meados da década de 1984 o consumo continuou aumentando ao passo que a
capacidade de geração não acompanhou, como exibido na figura 5.
Figura 5 - Capacidade de geração de energia elétrica instalada x Consumo
Fonte: ONS (2003)
Uma vez que a matriz energética era formada em sua maioria por usinas hidrelétricas e as condições climáticas
e hidrológicas não favoráveis, os níveis dos reservatórios começaram a diminuir reduzindo sensivelmente a
produção e a oferta de energia.
A relação de forma majoritária com a matriz hidrelétrica mostrou-se frágil, devido a sua dependência deixando
o país próximo de um colapso. O ano de 1999 foi marcado pela redução dos níveis pluviométricos, a
disponibilidade dos reservatórios nas regiões sudeste e centro oeste foram comprometidos, e teve como
consequência uma menor oferta de energia elétrica (figura 6).
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Figura 6 - Disponibilidade média nos reservatórios das regiões Sudeste e Centro Oeste
Fonte: ONS (2003)
Diante da iminente situação de apagão, o governo federal se voltou para a termeletricidade, criando o PPT -
Programa Prioritário de Termeletricidade no ano de 2000. O objetivo era atuar de maneira emergencial num
sistema para aumentar a oferta de energia elétrica, fomentar através do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social um programa para acrescentar 15 mil MW na matriz elétrica até 2013.
Esta medida, liberada através do decreto Nº 3371/2000 ficou parcialmente prejudicada pelo alto custo do gás
natural, o que fez com que investidores ficassem temerários diante do negócio de alto risco, além do fato de
que as usinas a serem construídas demorariam um período superior a 2 anos. Sendo assim, o país foi obrigado
a criar vigoroso sistema de economia de energia envolvendo diversas medidas, como a efetivação do horário
de verão, aumento das tarifas e consequente redução do emprego, visto que as fábricas passaram operar com
menor volume de energia (RODRIGUES, 2011).
O desequilíbrio entre a oferta e à demanda, o atraso nas obras previstas para a expansão do sistema e
problemas relacionados aos sistemas de transmissão foi responsável por prejuízos da ordem de 54,2 bilhões de
reais. O déficit de energia provocou uma mudança sensível nos hábitos dos cidadãos brasileiros. O governo
sobretaxou usuários que utilizassem 200 KW /hora durante um mês, havendo inclusive funções de corte para
aqueles quem eram reincidentes. As lâmpadas incandescentes foram trocadas por fluorescentes, com o objetivo
de alcançar a meta da redução de consumo.
Os equipamentos das fábricas foram desligados por períodos para minimizar a utilização da energia elétrica,
houve recessão e o PIB nacional esperado foi sensivelmente reduzido. O impacto da crise energética afastou
investidores e a crença das políticas públicas do governo ficou seriamente comprometida.
O PROINFA
Desde a crise energética surgida em 2001 e com a premissa de evitar desabastecimento e a oferta de energia
elétrica no Brasil, o Ministério das minas e energia criou o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de
Energia Elétrica - PROINFA, Lei 10.438 de 2002. Nas considerações de Pinto (2013), o programa tinha a
característica de fomentar fontes alternativas de energia como a biomassa, eólicas e as chamadas pequenas
centrais hidrelétricas PCH.
Fica claro neste sentido que o Governo Federal tinha a pretensão de realizar a diversificação da matriz
energética do país, fomentando subsídios e pesquisas na área da energia alternativa e renovável. Contudo,
aproveitar as características naturais e geográficas que o país poderia oferecer.
O programa foi dividido em duas fases na primeira de curto prazo com a instalação de 3.300 MW divididos
entre biomassa, eólica e PCH. Os empreendimentos deveriam ser instalados até 2006. A Eletrobrás compraria
durante 20 anos a eletricidade gerada por empresas que tivessem intenção de participar do empreendimento,
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com limitação de 20 por cento para geração eólica e biomassa e quinze por cento oriundo das PCHs. Na
segunda fase a ideia era atingir dez por cento do consumo anual de energia elétrica nesses 20 anos.
A própria Eletrobrás e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES serviram como
avalistas do processo financeiro. Estas instituições estipulavam percentuais mínimos para a participação de
cada organização, onde a maior parte cabia aos bancos governamentais. Podemos elencar dentre os principais
problemas encontrados na implantação do PROINFA a questão do limite financeiro relativamente baixo, a
necessidade de revisão dos projetos e as dificuldades de agentes financeiros por causa do baixo conhecimento
em relação ao tema.
No intuito de atenuar as dificuldades encontradas em relação ás taxas e alíquotas, o governo decidiu reduzir
para 15 por cento a alíquota de importação sobre incidente das turbinas eólicas, melhorando a nacionalização
dos projetos.
Diante dos problemas encontrados no sistema do PROINFA, o governo brasileiro decidiu abrir leilões de
energia elétrica. A partir do ano de 2007 foram comercializados R$ 4,82 bilhões, contudo o sistema eólico
acabou por fracassar. Nos cinco primeiros leilões a energia térmica predominou sobre os outros meios, com
preço médio de R$ 128,37/MWh. Novos leilões foram realizados no país, porém, até o ano de 2008, com o 7º
leilão ainda contava com forte presença da energia térmica (PINTO 2013).
Isto ocorreu principalmente pela facilidade de obtenção do combustível, instalação num período de médio e
curto prazo e a experiência da estrutura na usina térmica. Somente em 2009 houve um leilão exclusivo para a
contratação de energia eólica. Havendo 339 projetos habilitados tecnicamente. Neste leilão foi estipulada a
quantia de 2005 MW. A tabela 1 mostra um resumo do leilão, indicando os estados participantes, projetos e
potência instalada.
Tabela 1 – Estados participantes e seus índices no primeiro leilão de eólica (2009)
Estado
Projetos Potência (MW)
Quantidade % Quantidade %
Bahia 36 10,6 1004 10,0
Ceará 108 31,9 2515 25,1
Espírito Santos 6 1,8 153 1,5
Piauí 13 3,8 336 3,4
Rio Grande do Norte 105 31 3629 36,3
Rio Grande do Sul 67 19,8 2238 22,4
Santa Catarina 2 0,6 75 0,7
Sergipe 2 0,6 54 0,5
Total Brasil 339 100 10005 100
Fonte: Pinto (2013)
A realização deste leilão trouxe ao seu final um dado interessante a redução de 21,5% no preço ofertado,
ficando em 148,39/MWh. Neste momento houve questionamento em relação ao sistema de transmissão, não se
sabia com toda certeza se seria necessário uma ampliação. Os estados nordestinos, principalmente Rio Grande
do Norte, Ceará e Bahia, confirmando suas naturezas litorâneas, foram os estados que receberam um número
maior de empreendimentos.
Em 2010, através do terceiro leilão de fontes alternativas foram negociados 8208 MW de potência, chegando a
R$ 30 bilhões no final da vigência dos contratos.
UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado 10
CENÁRIO DO BRASIL EM RELAÇÃO À CAPACIDADE INSTALADA DE ENERGIA EÓLICA NO
MUNDO
Dentre as energias renováveis no planeta a energia eólica apresentou o maior aumento da capacidade instalada
mundial principalmente nos últimos 5 anos. Em 2013 a energia eólica apresentou um declínio instalando 35
GW de nova capacidade de energia eólica após sucessivos crescimentos anuais de potência instalada. Figura 7
Figura 7 - Capacidade de energia eólica instalada anual no mundo 1996 – 2013
Fonte: (GWEC, 2013)
O crescimento constante de investimentos foi sensivelmente freado em 2013, em virtude de problemas
econômicos originados nos Estados Unidos que se irradiou para países da Europa, América Latina e Ásia. O
ano de 2013 apresentou um aumento global de 318 GW de energia eólica instalada em todo o planeta.
Na figura 8 podemos comprovar a contribuição da energia eólica na capacidade instalada de renováveis em
todo mundo. Observa-se que, no mundo foram instalados 480 GW de renováveis até o final de 2012 sendo
283GW de energia eólica representando 58,96% do total. Podemos observar também a participação da União
Europeia com 43,75% do total, os BRICS (países de economia emergente constituído do Brasil, Rússia, Índia,
China e África do Sul), participaram com 26,66% do total, onde somando tem-se 338 GW, representando
70,42% do total em sua maior parte energia eólica.
Figura 8 - Capacidade de energia renovável no mundo, BRICS, Europa, e 6 maiores produtores em 2012
Fonte: REN21 (2013)
Em função das políticas públicas voltadas para o setor energético, o Brasil aparece entre as nações que mais
investiu na produção de energia eólica. Em relação à América Latina, o Brasil é destaque na geração de
energia eólica.
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COMPARATIVO DAS ENERGIAS RENOVÁVEIS NO MERCADO MUNDIAL.
Globalmente a energia eólica representou cerca de 39% da capacidade de energia renovável adicionado em
2012, seguido por energia hidrelétrica e de energia solar fotovoltaica, cada uma com aproximadamente 26% .
A energia Solar fotovoltaica instalou 29 GW de capacidade durante 2012 esse marco garantiu o posto da
terceira maior tecnologia renovável em termos de capacidade. Em seguida a eólica que instalou 45 GW com
posto de 1˚ lugar, em 2˚ a hídrica com 30 GW. Se avaliarmos as renováveis excluindo a fonte hidráulica os
postos de 1˚ e 2˚ lugar são respectivamente energia eólica e solar fotovoltaica.
Tabela 2 - Capacidade de energia renovável mundialmente em 2012
Fonte: REN21 (2013)
Para Trigueiro (2005), grandes empresas ao redor do mundo estão pouco a pouco começando a investir nas
formas renováveis de energia, como a Petrobras que iniciou em 2001 de forma tímida e assumiu uma posição
de uma empresa energética dedicando uma mínima parcela para a produção de energias renováveis. Isto
demonstra um posicionamento em escala planetária para as energias renováveis, visando em médio e longo
prazo superar a crise das fontes não renováveis. Os governantes entendem que é preciso uma mudança de
paradigma, transformando lentamente a matriz energética atual para uma forma sustentável.
Apesar de alguns avanços na questão do aumento de produção, a instabilidade dos mercados tem prejudicado a
continuidade de investimentos. Entretanto os sistemas eólicos tem seguidamente reduzido seus preços em
função de avanços tecnológicos na produção em larga escala nos procedimentos de manutenção em turbinas
mais baratas. Em função das dificuldades as empresas que dominam o mercado tem buscado a diversificação
atuando em pólos diferentes ao redor do planeta.
Em relação aos preços das fontes renováveis a energia eólica se mantém sempre em destaque, com custos cada
vez mais reduzidos em comparação com o sistema solar fotovoltaico e o sistema hídrico. Tais resultados
retificam a utilização da energia eólica como uma das mais baratas quando comparada com as demais. Levam-
se também em conta as questões do domínio da tecnologia e facilidade de manutenção.
INVESTIMENTOS GLOBAl EM ENERGIA RENOVÁVEIS
O investimento global apresentou uma queda de 12%, devido a algumas dificuldades em novos investimentos
em 2012 apresentando 244 bilhões de dólares comparado a 279 em 2011. Apesar do declínio esse numero
apresentou a segunda elevação após 2010 com 7,49% como pode ser notado na figura 9.
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Figura 9 - Investimento global em energia renovável entre 2004 – 2012
Fonte: (REN21, 2013)
Após vários anos de crescimento o declínio foi resultado de incertezas políticas e econômicas na Europa e
Estados Unidos, porem os países desenvolvidos foram responsáveis pela maior parte dos investimentos em
energia renováveis. Essa diferença foi apenas de 15% em 2012, a China foi a maior responsável por este saldo
segundo o Relatório Global de energias Renováveis REN21, essa mudança reflete três tendências importantes:
a redução de subsídios para a energia eólica e solar, o desenvolvimento de projetos na Europa e nos Estados
Unidos e a queda dos custos de tecnologia de eólica e energia solar fotovoltaica. Esses fatores tem contribuído
para o aumento dos interesses dos investidores nos países emergentes, mercados que oferecem aumento da
demanda de energia e políticas atraentes.
Várias regiões do mundo experimentaram uma redução no investimento em 2012 em relação a 2011, as
exceções foram a Ásia e Oriente, a Europa e China que continuaram a serem os investidores mais significativos
juntos representaram 60% do total mundial em 2012. A nível mundial os principais investidores de 2012 incluí
quatro países em desenvolvimento e seis desenvolvidos, China estar na liderança com USD 64,7 bilhões
investidos, Índia (USD 6,4 bilhões), África do Sul (USD 5,7 bilhões) e Brasil com (USD 5,3 bilhões), países
desenvolvidos Estados Unidos (USD 34,2 bilhões ), Alemanha (USD 19,8 bilhões ), Japão (US $ 16,0 bilhões)
e Itália (USD14,1 bilhões), Reino Unido (USD 8.8bilhões) e França (US $ 4,6 bilhões) (REN 21, 2013).
COMPLEMENTARIDADE ENTRE A GERAÇÃO HIDRELÉTRICA E EÓLICA
A grande quantidade de rios encontrada no território brasileiro evoca a possibilidade de construções no sistema
hídrico para geração de energia. Apesar de possuir um grande potencial nos rios muitos deles não têm um
volume suficiente para esta geração, os grandes rios nacionais estão localizados na região norte, porém, devido
a questões de natureza ambiental não se pode alagar grandes regiões sem trazer consigo os prejuízos
ambientais.
Assim, a chamada hidrelétrica a fio d’água que são aquelas que não possuem volume de água suficiente para
manter durante todo o ano uma geração continua. Pois nos períodos de estiagem o volume da água se torna
insuficiente para a produção de energia elétrica, é nesse momento que o sistema eólico entra para
complementar geração de energia elétrica. Nas afirmações de Rampinelli e Rosa Júnior (2006, p. 283):
[...] tem-se a necessidade de geração complementar de energia elétrica, em que
geração eólica encaixa perfeitamente, pois comumente a sazonalidade dos ventos é
inversa á sazonalidade do regime de chuvas. Essa sazonalidade inversa dessas
duas fontes de energia ocorre de forma destacável n nordeste brasileiro, onde a
capacidade eólica é a maior do país.
UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado 13
Os parques eólicos produzem com maior intensidade entre os meses de julho a novembro, principalmente na
região nordestina. Diante das considerações de Matriz (2012), exemplificando a vazão do Rio São Francisco,
fig. 10, demonstra que de junho a dezembro no período seco ocorre as melhores condições de ventos na região
do Nordeste.
Desta maneira, principalmente nos períodos secos a energia eólica vem mantendo a confiabilidade da geração.
Sendo assim, compensando o período de estiagem, e no geral, quando ocorrem chuvas os níveis dos ventos são
reduzidos sensivelmente.
Figura 10 – Vazão do rio São Francisco x usinas eólicas no nordeste
Fonte: Rampinelli e Rosa Júnior (2012, p. 66)
Percebe-se, de acordo com a figura 12 que a complementaridade entre o sistema hídrico e eólico otimiza a
matriz total, servindo como fator de segurança tanto em situações de normalidade quanto em situações de
escassez. Dando maior segurança e confiabilidade, analisando sempre a questão do sistema como um todo.
Figura 12 – Complementaridade hídrica-eólica no Brasil
Fonte: Rampinelli e Rosa Júnior (2012, p. 283)
UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado 14
CAPACIDADE DE POTÊNCIA INSTALADA NO BRASIL
Após o racionamento as condições de suprimento elétrico no país passaram por uma transformação com a
proposta de afastar uma nova ameaça de crise no setor. Com a criação e contribuição de órgãos como Comitê
de Monitoramento do Sistema elétrico (CMSE) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que juntos com
outros departamentos tiveram a finalidade de planejar e monitorar o sistema, consequentemente recuperando o
setor como observado na figura 13.
Figura 13 – Capacidade instalada e consumo
Elaboração própria
O Brasil alinhado a uma tendência mundial vem a cada ano diversificando sua matriz. Dados da Agência
Nacional de Energia Elétrica indica uma capacidade instalada de 132GW, originado de 3464 empreendimentos
em operação, conforme a tabela 3.
Tabela 3 – Empreendimentos em operação
Tipo Quantidade
Potência
Outorgada (kW)
Potência
Fiscalizada (kW)
CGH 477 294.322 295.461
EOL 196 4.310.234 4.227.838
PCH 469 4.713.430 4.677.132
UFV 248 18.757 14.757
UHE 199 87.011.765 83.298.368
UTE 1.873 39.245.558 37.503.726
UTN 2 1.990.000 1.990.000
Total 3.464 137.584.066 132.007.282
Fonte: (ANEEL, 2014b)
CGH - Centrais Geradoras Hidrelétricas
EOL - Usinas Eolioelétricas
PCH - Pequenas Centrais Hidrelétricas
UFV – Unisina Fotovoltaica
UHE - Usinas Hidrelétricas
UTE - Usinas Termelétricas
UTN - Usinas Termonucleares
UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado 15
As Centrais Geradoras Eolielétricas totalizaram 4.2GW de potência instalada, o que corresponde a 3,2% do
total de capacidade instalada nacional de energia, assim indicado na figura 14.
Figura 14 – Empreendimentos em operação
Fonte: (ANEEL, 2014b)
No Brasil existem 133 empreendimentos destinados a novos parques eólicos frutos da política de
diversificação da matriz energética, além da evolução dos leilões de energia em que a iniciativa privada faz
parte. Na tabela 4 demonstra a quantidade de empreendimentos e potência de cada fonte de energia.
Tabela 4 – Empreendimentos em construção
Tipo Quant
Potência
Outorgada (kW)
CGH 1 848
EOL 133 3.539.308
PCH 41 487.130
UHE 10 14.421.142
UTE 20 1.402.842
UTN 1 1.350.000
Total 206 21.201.270
Fonte: (ANEEL, 2014b)
A figura 15 exibi a participação de cada fonte em porcentagem. Apesar da energia eólica obter o maior numero
de empreendimentos ocupa o segundo lugar em potência kW, ficando atrás apenas das hidrelétricas.
Figura 15 – Empreendimentos em construção
Fonte: (ANEEL, 2014b)
UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado 16
A tabela 5 mostra o total de 590 empreendimentos que não tiveram suas construções iniciadas, onde 48% dos
mesmos são de usinas eólicas. Com 6.8GW que equivali a 44.03% do total, a energia eólica desponta em
relação às outras fontes de energia, como notado na figura 16.
Tabela 5 – Empreendimentos com construção não iniciada
Tipo Quant
Potência
Outorgada
(kW)
CGH 42 28.149
CGU 1 50
EOL 284 6.802.068
PCH 133 1.904.403
UFV 1 30.000
UHE 6 1.547.000
UTE 123 5.135.669
Total 590 15.447.339
Fonte: (ANEEL, 2014b)
Figura 16 – Empreendimentos com construção não iniciada
Fonte: (ANEEL, 2014b)
PROJEÇÃO DA CAPACIDADE EÓLICA NO BRASIL
Com o objetivo de expor a participação da energia eólica na matriz energética brasileira, foi realizado um
estudo comparativo e quantitativo através dos cenários de projeção tomando como base valores fornecido pela
Agência Nacional de energia elétrica.
CENÁRIO 1
Com a finalidade de comparar a potência instalada em operação, foi realizada a primeira projeção incluindo os
empreendimentos em construção na matriz elétrica tomando como base a potência outorgada, com objetivo de
visualizar a nova participação do recurso eólico na matriz elétrica.
A tabela 6 apresenta novos valores de potência fiscalizada onde a fontes hídrica e eólica tiveram aumento
significativo de potência agregado.
UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado 17
Tabela 6 – Empreendimentos em construção inseridos na matriz
Tipo Qtd
Potência
Fiscalizada
(kW)
CGH 478 296.309
EOL 329 7.767.146
PCH 510 5.164.262
UFV 248 14.757
UHE 209 97.719.510
UTE 1.893 38.906.568
UTN 3 3.340.000
Total 3.670 153.208.552
Elaboração própria
RESULTADO
Em virtude da inclusão dos empreendimentos em construção, os dados apresentam uma redução de 3,02% da
atividade de usinas termelétricas, o novo incremento do recurso eólico com 5,07% entre as fontes como
detalhado na figura17, assim como 7.7 GW de potência instalada, verificado na tabela 6.
Figura 17 – Resultado dos empreendimentos em construção inseridos na matriz
Elaboração própria
CENÁRIO 2
Com o proposito de comparar a potência instalada em operação e quantificar a nova participação do recurso
eólico na matriz, foi realizada uma segunda projeção adicionando a matriz elétrica empreendimentos em
construção e projetos não iniciado.
UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado 18
Tabela 7 – Empreendimentos não iniciados e em construção inseridos na matriz
Tipo Qtd
Potência
Fiscalizada
(kW)
CGH 520 324.458
EOL 613 14.569.214
PCH 643 7.068.665
UFV 249 44.757
UHE 215 99.266.510
UTE 2.016 44.042.237
UTN 3 3.340.000
Total 4.259 168.655.841
Elaboração própria
RESULTADO
A participação eólica atual conta com 196 usinas em operação, 133 empreendimentos em construção e 284
parques não iniciados. Contudo, perfazendo um total de 613 usinas. O total de 14,5 GW que representaria
cerca de 8.64% do total de 168GW se todas as usinas estivessem em franca operação.
Figura 18 – Resultado dos projetos eólicos com construção não iniciada e em construção incluso na matriz
Elaboração própria
O resultado aponta para o maior uso de fontes diversificadas de energia favorecendo a possibilidade da
participação de energias limpas, desonerando o sistema hidrelétrico e evitando as condições críticas de
operação do sistema elétrico.
CONCLUSÃO
Diante dos resultados apresentados neste estudo, observou-se que a energia eólica tem se mostrado nos últimos
anos como uma solução viável em médio e longo prazo como na complementariedade da matriz energética do
país. Favorecida principalmente pela condição natural e extenso litoral, condições determinantes para a
instalação de usinas eólicas.
UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado 19
No âmbito mundial, o Brasil figura como um dos países que mais investe no setor, promovendo leilões com
abertura para a iniciativa privada na construção de parques eólicos. O resultado é um grande aumento da
capacidade total da oferta de energia em todo território nacional. Outro reflexo relevante é que o custo desta
forma de energia tem se tornado mais atraente, o que fomenta mais investimentos.
Comparativamente, o sistema eólico fornece menor impacto ambiental que as termelétricas, não emitindo
níveis CO2 capazes de poluir a atmosfera. Em relação aos investimentos, o preço global e nacional da energia
eólica por MW de potência tem reduzido ano a ano, possibilitando o aumento do mercado, desenvolvimento de
novas tecnologia e ampliação do mercado.
Um dos fatores determinantes para o desenvolvimento da energia eólica no Brasil foi a criação do PROINFA,
que atuou no sentido de gerir as políticas públicas voltadas para a diversificação da matriz energética
brasileira. Ressalta-se que a utilização de toda e qualquer fonte geradora requer planejamento, pois o projeto,
instalação e implementação das usinas geradoras demandam tempo e envolve diversas variáveis.
A participação da energia eólica no Brasil e no mundo nos últimos anos tem aumentado significamente, seu
fomento ocorre pela necessidade do cumprimento de uma ideologia sustentável, associada ao fato de que os
avanços tecnológicos têm propiciado uma sensível redução de preço.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MUAD, 2003.
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Ecoenergia. Edição 13, 2014a. Disponível em <http//revistaecoenergia.com.br>. Acesso em 15 Set 2014.
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8. Global Wind Report. Annual Market Update 2013.
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10. MARTIN, Jean-Marie. A economia mundial da energia. São Paulo: Editora da Universidde Estadual
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11. MATRIZ, Carlos Henrique (Coord) et al. Energia Nuclear: prós & contras. Salvador: Press Collor, 2012.
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068/2003. Brasília, DF.
13. PINTO, Milton de Oliveira. Fundamentos de energia eólica. Rio de Janeiro: LTC, 2013.
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UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado 20
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perspectiva para controle. São Paulo: Biblioteca 24 horas, 2011.
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20. SILVA, N. F. Fontes de energias renováveis complementares na expansão do setor elétrico
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21. Technology Roadmap. Wind Energy Edition 2013.
22. TRIGUEIRO, André. Mundo Sustentável: abrindo espaço na mídia para um planeta em transformação.
São Paulo: Editora Globo, 2005.

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Artigo final

  • 1. UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado 1 PARTICIPAÇÃO DA ENERGIA EÓLICA NA MATRIZ ELÉTRICA BRASILEIRA Yure Temistocles Santos Rosa (1) Graduando em Engenharia elétrica pela Unijorge. Técnico em Eletromecânica pela Escola de Engenharia Eletro-Mecânica da Bahia (EEEMBA). Antônia Ferreira dos Santos Cruz (2) Mestre em Regulação da Indústria de Energia e Professora Titular do Centro Universitario Jorge Amado e da Escola de TI e Engenharia da Universidade Salvador – UNIFACS Endereço(1) : Av. Luis Viana, n. 6775, Paralela - Salvador - BA - CEP: 42802570 - Brasil - Tel: (71) 36219617 - e- mail: yure_contato@hotmail.com RESUMO Este trabalho analisa a participação da energia eólica no contexto do fornecimento de energia no país, destacando as perspectivas desta fonte, que complementa a Matriz Energética Nacional, atendendo ás necessidades do aumento da demanda estimada para os próximos cinco anos. Diante de um quadro de aumento da necessidade de oferta de energia elétrica realizada principalmente pelas hidrelétricas e com as usinas térmicas com algumas restrições de ordem econômica, a energia eólica está inserida como forma complementar, trazendo o benefício de menor impacto ambiental, redução de custos na geração de energia além do desenvolvimento econômico em algumas áreas que são instalados os parques eólicos. A metodologia utilizada foi fundamentada em documental bibliográfico produzido pela Empresa de Pesquisa Energética - EPE, Balanço Energético Nacional base 2012 assim como dissertações, artigos e revistas. Os dados abordados foram interpretados quantitativamente observando a participação de fontes renováveis na produção de eletricidade na Matriz Energética Brasileira, destacando a energia eólica, cuja geração exibiu aumento expressivo. PALAVRAS-CHAVE: Energia Eólica. Matriz Energética. Impacto Ambiental. Demandas. INTRODUÇÃO No Brasil a principal fonte de energia elétrica é a hidráulica devido ao grande potencial disponível, mas esse potencial de energia não considera o efeito da legislação ambiental sobre os projetos futuros. A geração termelétrica disponível na época do racionamento era pequena, mas esta geração de energia elétrica cresceu em 150% no período de 2001 a 2012. Segundo o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) Maurício Tolmasquim, esse crescimento se deve à preocupação em garantir o suprimento elétrico na ocorrência do racionamento de 2001 o maior da história do país. A crise foi provocada não apenas por condições hidrológicas bastante desfavoráveis nas regiões Sudeste e Nordeste, mas também pela insuficiência de investimentos em geração e transmissão. O resultado foi um progressivo esvaziamento dos maiores reservatórios do sistema interligado nacional evoluindo-se para uma deficiência estrutural de energia. O racionamento atingiu as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste e parte da região Norte, perdurando até fevereiro de 2002. A política energética no mundo sempre foi baseada na utilização de combustíveis fósseis como principal componente na matriz energética, por outro lado é cada vez mais crescente a preocupação mundial com a degradação do meio ambiente, em sentido desta deterioração do ecossistema, o Protocolo de Kyoto tem o objetivo de estabelecer metas para que os países reduzam sua emissão de gases poluentes com intenção de reduzir, em longo prazo, o efeito estufa que vem alterando o clima da terra. A necessidade de garantir uma produção de energia com necessidades de crescimento econômico de forma sustentável, aproveitando recursos disponíveis que tenham menor impacto possível sobre o meio-ambiente e com custo de produção compatível com a realidade econômica coloca-se a utilização de fontes alternativas e
  • 2. UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado 2 renováveis como forma de minimizar o descompasso entre a demanda, oferta e capacidade de investimento no setor elétrico. A energia renovável faz menção ao tipo de energia que se pode obter de fontes naturais virtualmente inesgotáveis, uma vez que contêm uma imensa quantidade de energia ou que se podem regenerar naturalmente. A energia eólica é vista como uma das fontes alternativas de geração de eletricidade com grande perspectiva de expansão por gerar grandes quantidades de energia sem impactos ambientais provocados por grande parte das fontes convencionais não renováveis. Desta maneira, a necessidade de suprir a demanda existente e margem para crescimento faz com que os países busquem planejamentos estratégicos, conhecidos como planos de segurança energética. Em geral, essas ações que visam acabar com o risco de falta de energia estão pautadas em algumas variáveis como a disponibilidade das fontes de energia, a variação dos preços dos energéticos, as atuais tecnologias disponíveis e as condições ambientais. Com isso se pode traçar um panorama da demanda e avaliar as condições do fornecimento de energia. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) trabalha com alguns relatórios anuais onde são analisadas todas as previsões e é montado um plano de ação, com margem de cinco anos (RAMPINELLI; ROSA JUNIOR, 2013). A questão energética tem um significado bastante relevante no contexto ambiental e na busca pelo desenvolvimento sustentável. Nos últimos anos essa questão tomou posição central por causa do aquecimento global, isso porque a atual matriz energética mundial ainda depende de combustíveis fósseis cuja queima contribui para aumentar a concentração de gases-estufa na atmosfera de acordo com (Wind Energy Roadmap, 2013). Um fator de grande influência nos cenários energéticos é a implementação dos controles e ações previstos na convenção do clima, relacionada ao aquecimento global, o protocolo de Kyoto (1997), que estabelecer compromissos relacionados a controle dos gases de efeito estufa – GEE. A energia renovável é uma medida alinhada à tendência do desenvolvimento sustentável e da redução da emissão de gases de efeito estufa, vinculada aos combustíveis fósseis, contudo, apresenta o desafio da variação natural da disponibilidade do combustível (água, vento, sol), o que torna frágil em termos de segurança a ideia de uma matriz energética inteiramente renovável. A energia eólica tem expressado um grande crescimento no Brasil. De 2009 a 2012, nos seis leilões em que a fonte eólica competiu, foram contratados 7GW em novos projetos. Tais projetos elevarão o volume de instalações de eólica no país para mais de 8,4 GW até 2017, 3,5 vezes maior do que a capacidade atual, e atrairá mais de 21 bilhões de reais em investimentos. (ABEEÓLICA, 2013) A inserção da energia eólica na matriz energética brasileira complementa o regime hídrico, trás o caráter limpo indiscutível, diversifica e contribui para redução na tarifa de energia evitando os Encargos de Serviço do Sistema (ESS). Mas diante do cenário atual as termelétricas se fazem necessárias devido à energia garantida que a mesma pode fornecer, mas com o aumento exponencial dos empreendimentos eólicos a possibilidade das termelétricas deixarem de despachar para regularização dos níveis das hidrelétricas em período de estiagem pode ser uma realidade para o sistema elétrico nacional. Os Encargos de Serviços do Sistema (ESS) são valores destinados ao ressarcimento dos agentes de geração dos custos incorridos na manutenção da confiabilidade e da estabilidade do Sistema, informados mensalmente pela ANEEL, individualizados para cada usina, todos os agentes com perfil consumo do SIN (Sistema Interligado Nacional), arcam com o custo do encargo de forma proporcional ao consumo mensal (MWh). Em termos metodológicos, para desenvolvimento deste trabalho foi utilizado levantamento bibliográfico de natureza qualitativa e quantitativa, por meio de uma análise documental abrangendo o aprofundamento teórico sobre o tema abordado, em livros, artigos e sites de órgãos governamentais, a fim de relatar seus custos de geração e potenciais energéticos. O objetivo geral desta pesquisa é analisar como a energia eólica pode contribuir em relação à situação dos níveis dos reservatórios das hidrelétricas que se encontra abaixo da média histórica por motivos climáticos e aumento de demanda. Dentre os objetivos específicos, podemos destacar: a) avaliar o Brasil no âmbito mundial em relação à capacidade de energia eólica instalada; b) analisar a trajetória da fonte eólica no Brasil c) Analisar a complementaridade hidro-eólica do sistema atual; d) Projeção da capacidade eólica no Brasil.
  • 3. UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado 3 REVISÃO DA LITERATURA TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA ENERGIA EÓLICA Utilizar a energia dos ventos é uma tarefa utilizada pela humanidade desde muito tempo. Moer grandes quantidades de grãos e bombear água era uma tarefa necessitava de muita força. Assim, de forma primitiva o moinho de vento foi um dos grandes beneficiários da produção agrícola. De acordo com o Martin (1992), em 1987 os primeiros registros de utilização da energia eólica se deu na Pérsia 200 A.C. Basicamente era um moinho vertical utilizado para gerar movimento circular. Tal equipamento também foi percebido na China, e Império Babilônico. Este instrumento era basicamente um catavento rústico com o intuito de promover força motriz, nas ilhas do mediterrâneo encontraram se também cataventos para o mesmo fim. Na época das cruzadas cataventos foram utilizados como equipamentos para bombeamento de água na frança Inglaterra, Holanda e outros países europeus. Na idade média, o moinho de vento era fortemente utilizado para otimizar atividades do campo. Foi sobretudo na Holanda onde os moinhos de vento foram criados em larga escala para a drenagem de terras cobertas pela água entre o século XVIII e XIX. E moinhos eram usados para a produção de óleos vegetais, prensagem de papel e processamento de madeira (ANEEL, 2009). O implemento do moinho na Holanda foi tão relevante no meio do século XIX que cerca de 900 existiam em pleno funcionamento. Neste período, a Bélgica, Inglaterra e França formavam cerca de 14 mil equipamentos utilizado a energia dos ventos para gerar movimento. O início da revolução industrial marcou a brusca redução de utilização da energia dos ventos e domínio da máquina a vapor. Mais potentes e independentes, começaram a substituir rapidamente a influência dos moinhos em toda a Europa. Apesar da redução dos cataventos com o aparecimento da máquina a vapor, no final do século XIX, haviam um número significativo de cataventos em territórios dos Estados Unidos utilizado basicamente para abastecimento de água em terras extensas. O catavento de múltiplas pás foram operados durantes muitos anos em vários países, como Austrália, Rússia, nações latino-americanas, e África. Sua principal característica era a fácil operação e manutenção. Era composto por um conjunto metálico, sistema de bombeamento (bombas) e pistão, o torque gerado pela paz é utilizado para fornecer energia. Com o surgimento da eletricidade, surgiram também os aerogeradores na segunda metade do século 20. De acordo com Burattini (2008), o primeiro catavento feito para geração de energia elétrica foi construído na América em 1888. Fornecia 12kw em corrente contínua, alimentava o sistema de bateria fornecimento energia para acendimento de lâmpadas incandescentes. Apesar de desativado em 1908, o catavento de Bruch como ficou conhecido, representou um divisor de águas na geração de energia elétrica através dos ventos. Destaca-se, entre as inovações de Bruch altura utilizada, o mecanismo de multiplicação do torque que alimentava a turbina e a engenharia aerodinâmica na estrutura do moinho. Em 1931, a Rússia construiu um aerogerador balaclava, alcançando os impressionantes 100kw. Este aerogerador serviu de modelo para projetar outros equipamentos quais podia gerar entre 1 e 15 MW de energia. Com a crescente utilização dos derivados do petróleo e à energia eólica passou para o plano do esquecimento. No período da Segunda Guerra mundial, entretanto, os países envolvidos no conflito começaram a utilizar outros meios energéticos para economizar combustíveis fósseis. O transporte e produção deste meio energético se tornaram difícil devido ao conflito. Vários navios de carga eram afundados durante as viagens.
  • 4. UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado 4 Os americanos projetaram um grande gerador chamado de Smith-Putnam (ANEEL, 2007), apesar de importante, com o final do conflito, estudos de viabilidade mostravam que o sistema não era competitivo sendo abandonado em favor do petróleo. Os estudos sobre energia eólica a partir de então foram direcionados para a pesquisa em universidades em projetos específicos onde o recurso hidráulico e outras formas de energia não podiam atender. Vários projetos experimentais foram feitos nos estados unidos em países da Europa, contudo devido ao seu caráter experimental e diversos problemas de ordem operacional foram relegados ao esquecimento. Destaque no cenário de geração de energia se dá na Dinamarca, um país que sempre trouxe grandes contribuições para o cenário mundial da energia gerada pelos ventos. Devido à dificuldade em obter fontes de energia, concentrou suas forças na pesquisa em energia eólica, criando um dos maiores parques eólicos de todo planeta. Países como a França e Inglaterra realizaram pesquisas no sentido de reduzir os custos dos aerogeradores, conectando-os á rede elétrica comum, funcionando como alternativa ao sistema hidrelétrico. Com a perspectiva do aumento no preço do barril de petróleo, foi geranda uma crise sem precedentes, novamente o planeta se volta para as fontes de energias renováveis. Buscando também aliviar o sistema hidrelétrico sempre posto à prova pelo constante aumento de demanda e pelas grandes necessidades do mundo moderno. Os aerogeradores são equipamentos ou dispositivos que são usados para gerar energia elétrica através dos ventos. Desde antigos cata-ventos até os modernos instrumentos atuais, houve um grande salto em tecnologia. Praticamente em meados do século XIX os aerogeradores de grande porte começaram a entrar em cena em diversos países europeus. (TRIGUEIRO, 2005) A Dinamarca desenvolveu diversos projetos entre eles a turbinas eólicas acoplados a geradores de corrente contínua. As chamadas turbinas de Poil La Cour continuaram funcionando após a segunda guerra mundial, sendo utilizadas em conjunto, com usinas movidas a óleo e gás gerando uma potência até 35 kW. No mesmo período os russos construíram a era dos geradores balaclava, com 30 metros de diâmetro e 100 kW de potência. Figura 1- Turbina eólica balaclava de 1931 Fonte: Shepherd (1994)
  • 5. UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado 5 POTENCIAL EÓLICO NO BRASIL O Brasil é um dos países com maior potencial de geração de energia eólica do planeta, com um litoral com mais de 7300 quilômetros, as possibilidades de implantação de parques eólicos é bastante vasta. Nas considerações de Amarante (2011), as condições anemométricas, a variação de velocidade dos ventos (da ordem de 4 a 10m/s), são promotoras condições técnicas suficientes em toda a extensão do litoral para a instalação de aerogeradores. A figura 2 mostra um mapa da distribuição geográfica dos sítios eólicos no Brasil. Nota-se claramente que as áreas dos estados da Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte são propícios para geração de energia a partir dos ventos. Figura 2 - Distribuição geográfica dos sítios eólicos no Brasil Fonte: GWEC (2013) Desde a década de 1970 são realizados estudos no sentido de conhecer as possibilidades de investimento nesta forma de energia. O relevo brasileiro promove em algumas situações o movimento da camada atmosférica inferior, servindo como indutor de fenômenos como ventos de brisa e também como gerador de ondas e acelerações holográficas (AMARANTO, 2011, p. 10). Outro fator preponderante para o sucesso das instalações de aerogeradores no Brasil é a questão dos regimes de eventos que ocorrem no continente, esta distribuição encontrada sobre tudo pelos aspectos da circulação geral planetária e atmosfera próxima de onde se sobressai sistemas de alta pressão anticiclone subtropical do atlântico sul e do atlântico norte e à faixa de baixas pressões da depressão equatorial (TRIGUEIRO, 2005). Cabe ressaltar que a influência da temperatura dos trópicos influencia sobremaneira na velocidade dos ventos nas regiões litorâneas, de maneira que a sazonalidade é um fator preponderante para associar a geração de energia elétrica através da força dos ventos. Nas considerações de Amaranto (2011), no período entre o mês de junho a novembro as velocidades anuais alcançam o seu maior grau, sendo propícias para um volume maior de geração de energia elétrica. Contudo, as turbinas dos aerogeradores estarão girando no seu máximo. A oferta de energia eólica no Brasil, de acordo com GWEC (2013) atende 8,8 milhões de famílias alcançadas com esse tipo de energia, é cerca de três e meio por cento do total geral de abastecimento no país como demostrado na figura 3. No ano de 2013, 34 novos parques eólicos foram somados ao sistema, acrescentando 953 MW de capacidade para o sistema elétrico brasileiro.
  • 6. UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado 6 Figura 3 – Matriz de energia Elétrica do Brasil Fonte: GWEC (2013) Por ser uma forma de energia limpa, diversos investidores internacionais tem se voltado para o Brasil, financiando projetos e estabelecendo novos parques. O governo brasileiro através de seu plano Decenal, estabelece uma meta de 17GW instalados até 2022, representando no máximo nove por cento do consumo nacional de energia. Em 2013, os complexos de Asa Branca, Calango e Renascença (todas no Rio Grande do Norte) foram responsáveis 430 MW de energia. O resultado dos últimos leilões mostra um crescente interesse de investidores em energia eólica. Estes leilões, serão responsáveis pela criação de 70 mil postos de trabalho e investimentos de 9 bilhões de reais. Estes programas são financiados pelo FINAME - Financiamento de longo prazo para aquisição e produção de máquinas e equipamentos novos de fabricação nacional, cadastrados na Agência Especial de Financiamento Industrial. A figura 3 demonstra a participação das formas de energia na matriz brasileira. Nota-se que, dentre as formas “limpas” de produção, a eólica apresenta 3,5% do total. O Brasil apresenta o padrão de produção hidrelétrico (85,9%) em virtude do grande potencial das bacias hidrográficas. O gráfico traduz também uma mudança de paradigma na produção energética, uma vez que a diversificação de energia disponibilizada no país tende a um aumento substancial nas formas renováveis de energia. POTENCIAL EÓLICO NO MUNDO A utilização da energia eólica no contexto global tem sido alvo de diversas pesquisas e investimentos, como uma fonte que está voltada para a sustentabilidade caracterizando-se também como renovável em médio e longo prazo, sendo assim, vem se mostrando como uma alternativa possível em muitos países. Agregado a esse fato, nota se um aumento de consumo numa escala mundial em virtude das altas demandas no planeta. O crescimento em termos de potência instalada de recurso eólico em 2013 foi de 12%, perfazendo cerca de 318 GW acumulados, figura 4.
  • 7. UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado 7 Figura 4 – Capacidade de energia eólica instalada acumulada no mundo 1996 – 2013 Fonte: (GWEC, 2013) RACIONAMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA ENTRE 2001 A 2002 Em função da falta de planejamento no setor energético e à falta de investimentos na geração e distribuição de energia, alinhado a problemas de um modo natural como a redução dos reservatórios das hidrelétricas pelo baixo nível pluvial, a necessidade das empresas obterem energia e crescimento populacional, o país sofreu entre os anos de 2001 a 2002 uma grande crise energética. Diversas empresas foram privatizadas entre elas algumas ligadas ao setor energético. Desta maneira o déficit de energia gerou uma situação de racionamento em todos os estados brasileiros, a relação entre a capacidade de geração instalada versus o consumo entrou em seu estado crítico. O governo não foi capaz de perceber que desde meados da década de 1984 o consumo continuou aumentando ao passo que a capacidade de geração não acompanhou, como exibido na figura 5. Figura 5 - Capacidade de geração de energia elétrica instalada x Consumo Fonte: ONS (2003) Uma vez que a matriz energética era formada em sua maioria por usinas hidrelétricas e as condições climáticas e hidrológicas não favoráveis, os níveis dos reservatórios começaram a diminuir reduzindo sensivelmente a produção e a oferta de energia. A relação de forma majoritária com a matriz hidrelétrica mostrou-se frágil, devido a sua dependência deixando o país próximo de um colapso. O ano de 1999 foi marcado pela redução dos níveis pluviométricos, a disponibilidade dos reservatórios nas regiões sudeste e centro oeste foram comprometidos, e teve como consequência uma menor oferta de energia elétrica (figura 6).
  • 8. UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado 8 Figura 6 - Disponibilidade média nos reservatórios das regiões Sudeste e Centro Oeste Fonte: ONS (2003) Diante da iminente situação de apagão, o governo federal se voltou para a termeletricidade, criando o PPT - Programa Prioritário de Termeletricidade no ano de 2000. O objetivo era atuar de maneira emergencial num sistema para aumentar a oferta de energia elétrica, fomentar através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social um programa para acrescentar 15 mil MW na matriz elétrica até 2013. Esta medida, liberada através do decreto Nº 3371/2000 ficou parcialmente prejudicada pelo alto custo do gás natural, o que fez com que investidores ficassem temerários diante do negócio de alto risco, além do fato de que as usinas a serem construídas demorariam um período superior a 2 anos. Sendo assim, o país foi obrigado a criar vigoroso sistema de economia de energia envolvendo diversas medidas, como a efetivação do horário de verão, aumento das tarifas e consequente redução do emprego, visto que as fábricas passaram operar com menor volume de energia (RODRIGUES, 2011). O desequilíbrio entre a oferta e à demanda, o atraso nas obras previstas para a expansão do sistema e problemas relacionados aos sistemas de transmissão foi responsável por prejuízos da ordem de 54,2 bilhões de reais. O déficit de energia provocou uma mudança sensível nos hábitos dos cidadãos brasileiros. O governo sobretaxou usuários que utilizassem 200 KW /hora durante um mês, havendo inclusive funções de corte para aqueles quem eram reincidentes. As lâmpadas incandescentes foram trocadas por fluorescentes, com o objetivo de alcançar a meta da redução de consumo. Os equipamentos das fábricas foram desligados por períodos para minimizar a utilização da energia elétrica, houve recessão e o PIB nacional esperado foi sensivelmente reduzido. O impacto da crise energética afastou investidores e a crença das políticas públicas do governo ficou seriamente comprometida. O PROINFA Desde a crise energética surgida em 2001 e com a premissa de evitar desabastecimento e a oferta de energia elétrica no Brasil, o Ministério das minas e energia criou o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica - PROINFA, Lei 10.438 de 2002. Nas considerações de Pinto (2013), o programa tinha a característica de fomentar fontes alternativas de energia como a biomassa, eólicas e as chamadas pequenas centrais hidrelétricas PCH. Fica claro neste sentido que o Governo Federal tinha a pretensão de realizar a diversificação da matriz energética do país, fomentando subsídios e pesquisas na área da energia alternativa e renovável. Contudo, aproveitar as características naturais e geográficas que o país poderia oferecer. O programa foi dividido em duas fases na primeira de curto prazo com a instalação de 3.300 MW divididos entre biomassa, eólica e PCH. Os empreendimentos deveriam ser instalados até 2006. A Eletrobrás compraria durante 20 anos a eletricidade gerada por empresas que tivessem intenção de participar do empreendimento,
  • 9. UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado 9 com limitação de 20 por cento para geração eólica e biomassa e quinze por cento oriundo das PCHs. Na segunda fase a ideia era atingir dez por cento do consumo anual de energia elétrica nesses 20 anos. A própria Eletrobrás e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES serviram como avalistas do processo financeiro. Estas instituições estipulavam percentuais mínimos para a participação de cada organização, onde a maior parte cabia aos bancos governamentais. Podemos elencar dentre os principais problemas encontrados na implantação do PROINFA a questão do limite financeiro relativamente baixo, a necessidade de revisão dos projetos e as dificuldades de agentes financeiros por causa do baixo conhecimento em relação ao tema. No intuito de atenuar as dificuldades encontradas em relação ás taxas e alíquotas, o governo decidiu reduzir para 15 por cento a alíquota de importação sobre incidente das turbinas eólicas, melhorando a nacionalização dos projetos. Diante dos problemas encontrados no sistema do PROINFA, o governo brasileiro decidiu abrir leilões de energia elétrica. A partir do ano de 2007 foram comercializados R$ 4,82 bilhões, contudo o sistema eólico acabou por fracassar. Nos cinco primeiros leilões a energia térmica predominou sobre os outros meios, com preço médio de R$ 128,37/MWh. Novos leilões foram realizados no país, porém, até o ano de 2008, com o 7º leilão ainda contava com forte presença da energia térmica (PINTO 2013). Isto ocorreu principalmente pela facilidade de obtenção do combustível, instalação num período de médio e curto prazo e a experiência da estrutura na usina térmica. Somente em 2009 houve um leilão exclusivo para a contratação de energia eólica. Havendo 339 projetos habilitados tecnicamente. Neste leilão foi estipulada a quantia de 2005 MW. A tabela 1 mostra um resumo do leilão, indicando os estados participantes, projetos e potência instalada. Tabela 1 – Estados participantes e seus índices no primeiro leilão de eólica (2009) Estado Projetos Potência (MW) Quantidade % Quantidade % Bahia 36 10,6 1004 10,0 Ceará 108 31,9 2515 25,1 Espírito Santos 6 1,8 153 1,5 Piauí 13 3,8 336 3,4 Rio Grande do Norte 105 31 3629 36,3 Rio Grande do Sul 67 19,8 2238 22,4 Santa Catarina 2 0,6 75 0,7 Sergipe 2 0,6 54 0,5 Total Brasil 339 100 10005 100 Fonte: Pinto (2013) A realização deste leilão trouxe ao seu final um dado interessante a redução de 21,5% no preço ofertado, ficando em 148,39/MWh. Neste momento houve questionamento em relação ao sistema de transmissão, não se sabia com toda certeza se seria necessário uma ampliação. Os estados nordestinos, principalmente Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia, confirmando suas naturezas litorâneas, foram os estados que receberam um número maior de empreendimentos. Em 2010, através do terceiro leilão de fontes alternativas foram negociados 8208 MW de potência, chegando a R$ 30 bilhões no final da vigência dos contratos.
  • 10. UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado 10 CENÁRIO DO BRASIL EM RELAÇÃO À CAPACIDADE INSTALADA DE ENERGIA EÓLICA NO MUNDO Dentre as energias renováveis no planeta a energia eólica apresentou o maior aumento da capacidade instalada mundial principalmente nos últimos 5 anos. Em 2013 a energia eólica apresentou um declínio instalando 35 GW de nova capacidade de energia eólica após sucessivos crescimentos anuais de potência instalada. Figura 7 Figura 7 - Capacidade de energia eólica instalada anual no mundo 1996 – 2013 Fonte: (GWEC, 2013) O crescimento constante de investimentos foi sensivelmente freado em 2013, em virtude de problemas econômicos originados nos Estados Unidos que se irradiou para países da Europa, América Latina e Ásia. O ano de 2013 apresentou um aumento global de 318 GW de energia eólica instalada em todo o planeta. Na figura 8 podemos comprovar a contribuição da energia eólica na capacidade instalada de renováveis em todo mundo. Observa-se que, no mundo foram instalados 480 GW de renováveis até o final de 2012 sendo 283GW de energia eólica representando 58,96% do total. Podemos observar também a participação da União Europeia com 43,75% do total, os BRICS (países de economia emergente constituído do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), participaram com 26,66% do total, onde somando tem-se 338 GW, representando 70,42% do total em sua maior parte energia eólica. Figura 8 - Capacidade de energia renovável no mundo, BRICS, Europa, e 6 maiores produtores em 2012 Fonte: REN21 (2013) Em função das políticas públicas voltadas para o setor energético, o Brasil aparece entre as nações que mais investiu na produção de energia eólica. Em relação à América Latina, o Brasil é destaque na geração de energia eólica.
  • 11. UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado 11 COMPARATIVO DAS ENERGIAS RENOVÁVEIS NO MERCADO MUNDIAL. Globalmente a energia eólica representou cerca de 39% da capacidade de energia renovável adicionado em 2012, seguido por energia hidrelétrica e de energia solar fotovoltaica, cada uma com aproximadamente 26% . A energia Solar fotovoltaica instalou 29 GW de capacidade durante 2012 esse marco garantiu o posto da terceira maior tecnologia renovável em termos de capacidade. Em seguida a eólica que instalou 45 GW com posto de 1˚ lugar, em 2˚ a hídrica com 30 GW. Se avaliarmos as renováveis excluindo a fonte hidráulica os postos de 1˚ e 2˚ lugar são respectivamente energia eólica e solar fotovoltaica. Tabela 2 - Capacidade de energia renovável mundialmente em 2012 Fonte: REN21 (2013) Para Trigueiro (2005), grandes empresas ao redor do mundo estão pouco a pouco começando a investir nas formas renováveis de energia, como a Petrobras que iniciou em 2001 de forma tímida e assumiu uma posição de uma empresa energética dedicando uma mínima parcela para a produção de energias renováveis. Isto demonstra um posicionamento em escala planetária para as energias renováveis, visando em médio e longo prazo superar a crise das fontes não renováveis. Os governantes entendem que é preciso uma mudança de paradigma, transformando lentamente a matriz energética atual para uma forma sustentável. Apesar de alguns avanços na questão do aumento de produção, a instabilidade dos mercados tem prejudicado a continuidade de investimentos. Entretanto os sistemas eólicos tem seguidamente reduzido seus preços em função de avanços tecnológicos na produção em larga escala nos procedimentos de manutenção em turbinas mais baratas. Em função das dificuldades as empresas que dominam o mercado tem buscado a diversificação atuando em pólos diferentes ao redor do planeta. Em relação aos preços das fontes renováveis a energia eólica se mantém sempre em destaque, com custos cada vez mais reduzidos em comparação com o sistema solar fotovoltaico e o sistema hídrico. Tais resultados retificam a utilização da energia eólica como uma das mais baratas quando comparada com as demais. Levam- se também em conta as questões do domínio da tecnologia e facilidade de manutenção. INVESTIMENTOS GLOBAl EM ENERGIA RENOVÁVEIS O investimento global apresentou uma queda de 12%, devido a algumas dificuldades em novos investimentos em 2012 apresentando 244 bilhões de dólares comparado a 279 em 2011. Apesar do declínio esse numero apresentou a segunda elevação após 2010 com 7,49% como pode ser notado na figura 9.
  • 12. UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado 12 Figura 9 - Investimento global em energia renovável entre 2004 – 2012 Fonte: (REN21, 2013) Após vários anos de crescimento o declínio foi resultado de incertezas políticas e econômicas na Europa e Estados Unidos, porem os países desenvolvidos foram responsáveis pela maior parte dos investimentos em energia renováveis. Essa diferença foi apenas de 15% em 2012, a China foi a maior responsável por este saldo segundo o Relatório Global de energias Renováveis REN21, essa mudança reflete três tendências importantes: a redução de subsídios para a energia eólica e solar, o desenvolvimento de projetos na Europa e nos Estados Unidos e a queda dos custos de tecnologia de eólica e energia solar fotovoltaica. Esses fatores tem contribuído para o aumento dos interesses dos investidores nos países emergentes, mercados que oferecem aumento da demanda de energia e políticas atraentes. Várias regiões do mundo experimentaram uma redução no investimento em 2012 em relação a 2011, as exceções foram a Ásia e Oriente, a Europa e China que continuaram a serem os investidores mais significativos juntos representaram 60% do total mundial em 2012. A nível mundial os principais investidores de 2012 incluí quatro países em desenvolvimento e seis desenvolvidos, China estar na liderança com USD 64,7 bilhões investidos, Índia (USD 6,4 bilhões), África do Sul (USD 5,7 bilhões) e Brasil com (USD 5,3 bilhões), países desenvolvidos Estados Unidos (USD 34,2 bilhões ), Alemanha (USD 19,8 bilhões ), Japão (US $ 16,0 bilhões) e Itália (USD14,1 bilhões), Reino Unido (USD 8.8bilhões) e França (US $ 4,6 bilhões) (REN 21, 2013). COMPLEMENTARIDADE ENTRE A GERAÇÃO HIDRELÉTRICA E EÓLICA A grande quantidade de rios encontrada no território brasileiro evoca a possibilidade de construções no sistema hídrico para geração de energia. Apesar de possuir um grande potencial nos rios muitos deles não têm um volume suficiente para esta geração, os grandes rios nacionais estão localizados na região norte, porém, devido a questões de natureza ambiental não se pode alagar grandes regiões sem trazer consigo os prejuízos ambientais. Assim, a chamada hidrelétrica a fio d’água que são aquelas que não possuem volume de água suficiente para manter durante todo o ano uma geração continua. Pois nos períodos de estiagem o volume da água se torna insuficiente para a produção de energia elétrica, é nesse momento que o sistema eólico entra para complementar geração de energia elétrica. Nas afirmações de Rampinelli e Rosa Júnior (2006, p. 283): [...] tem-se a necessidade de geração complementar de energia elétrica, em que geração eólica encaixa perfeitamente, pois comumente a sazonalidade dos ventos é inversa á sazonalidade do regime de chuvas. Essa sazonalidade inversa dessas duas fontes de energia ocorre de forma destacável n nordeste brasileiro, onde a capacidade eólica é a maior do país.
  • 13. UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado 13 Os parques eólicos produzem com maior intensidade entre os meses de julho a novembro, principalmente na região nordestina. Diante das considerações de Matriz (2012), exemplificando a vazão do Rio São Francisco, fig. 10, demonstra que de junho a dezembro no período seco ocorre as melhores condições de ventos na região do Nordeste. Desta maneira, principalmente nos períodos secos a energia eólica vem mantendo a confiabilidade da geração. Sendo assim, compensando o período de estiagem, e no geral, quando ocorrem chuvas os níveis dos ventos são reduzidos sensivelmente. Figura 10 – Vazão do rio São Francisco x usinas eólicas no nordeste Fonte: Rampinelli e Rosa Júnior (2012, p. 66) Percebe-se, de acordo com a figura 12 que a complementaridade entre o sistema hídrico e eólico otimiza a matriz total, servindo como fator de segurança tanto em situações de normalidade quanto em situações de escassez. Dando maior segurança e confiabilidade, analisando sempre a questão do sistema como um todo. Figura 12 – Complementaridade hídrica-eólica no Brasil Fonte: Rampinelli e Rosa Júnior (2012, p. 283)
  • 14. UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado 14 CAPACIDADE DE POTÊNCIA INSTALADA NO BRASIL Após o racionamento as condições de suprimento elétrico no país passaram por uma transformação com a proposta de afastar uma nova ameaça de crise no setor. Com a criação e contribuição de órgãos como Comitê de Monitoramento do Sistema elétrico (CMSE) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que juntos com outros departamentos tiveram a finalidade de planejar e monitorar o sistema, consequentemente recuperando o setor como observado na figura 13. Figura 13 – Capacidade instalada e consumo Elaboração própria O Brasil alinhado a uma tendência mundial vem a cada ano diversificando sua matriz. Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica indica uma capacidade instalada de 132GW, originado de 3464 empreendimentos em operação, conforme a tabela 3. Tabela 3 – Empreendimentos em operação Tipo Quantidade Potência Outorgada (kW) Potência Fiscalizada (kW) CGH 477 294.322 295.461 EOL 196 4.310.234 4.227.838 PCH 469 4.713.430 4.677.132 UFV 248 18.757 14.757 UHE 199 87.011.765 83.298.368 UTE 1.873 39.245.558 37.503.726 UTN 2 1.990.000 1.990.000 Total 3.464 137.584.066 132.007.282 Fonte: (ANEEL, 2014b) CGH - Centrais Geradoras Hidrelétricas EOL - Usinas Eolioelétricas PCH - Pequenas Centrais Hidrelétricas UFV – Unisina Fotovoltaica UHE - Usinas Hidrelétricas UTE - Usinas Termelétricas UTN - Usinas Termonucleares
  • 15. UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado 15 As Centrais Geradoras Eolielétricas totalizaram 4.2GW de potência instalada, o que corresponde a 3,2% do total de capacidade instalada nacional de energia, assim indicado na figura 14. Figura 14 – Empreendimentos em operação Fonte: (ANEEL, 2014b) No Brasil existem 133 empreendimentos destinados a novos parques eólicos frutos da política de diversificação da matriz energética, além da evolução dos leilões de energia em que a iniciativa privada faz parte. Na tabela 4 demonstra a quantidade de empreendimentos e potência de cada fonte de energia. Tabela 4 – Empreendimentos em construção Tipo Quant Potência Outorgada (kW) CGH 1 848 EOL 133 3.539.308 PCH 41 487.130 UHE 10 14.421.142 UTE 20 1.402.842 UTN 1 1.350.000 Total 206 21.201.270 Fonte: (ANEEL, 2014b) A figura 15 exibi a participação de cada fonte em porcentagem. Apesar da energia eólica obter o maior numero de empreendimentos ocupa o segundo lugar em potência kW, ficando atrás apenas das hidrelétricas. Figura 15 – Empreendimentos em construção Fonte: (ANEEL, 2014b)
  • 16. UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado 16 A tabela 5 mostra o total de 590 empreendimentos que não tiveram suas construções iniciadas, onde 48% dos mesmos são de usinas eólicas. Com 6.8GW que equivali a 44.03% do total, a energia eólica desponta em relação às outras fontes de energia, como notado na figura 16. Tabela 5 – Empreendimentos com construção não iniciada Tipo Quant Potência Outorgada (kW) CGH 42 28.149 CGU 1 50 EOL 284 6.802.068 PCH 133 1.904.403 UFV 1 30.000 UHE 6 1.547.000 UTE 123 5.135.669 Total 590 15.447.339 Fonte: (ANEEL, 2014b) Figura 16 – Empreendimentos com construção não iniciada Fonte: (ANEEL, 2014b) PROJEÇÃO DA CAPACIDADE EÓLICA NO BRASIL Com o objetivo de expor a participação da energia eólica na matriz energética brasileira, foi realizado um estudo comparativo e quantitativo através dos cenários de projeção tomando como base valores fornecido pela Agência Nacional de energia elétrica. CENÁRIO 1 Com a finalidade de comparar a potência instalada em operação, foi realizada a primeira projeção incluindo os empreendimentos em construção na matriz elétrica tomando como base a potência outorgada, com objetivo de visualizar a nova participação do recurso eólico na matriz elétrica. A tabela 6 apresenta novos valores de potência fiscalizada onde a fontes hídrica e eólica tiveram aumento significativo de potência agregado.
  • 17. UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado 17 Tabela 6 – Empreendimentos em construção inseridos na matriz Tipo Qtd Potência Fiscalizada (kW) CGH 478 296.309 EOL 329 7.767.146 PCH 510 5.164.262 UFV 248 14.757 UHE 209 97.719.510 UTE 1.893 38.906.568 UTN 3 3.340.000 Total 3.670 153.208.552 Elaboração própria RESULTADO Em virtude da inclusão dos empreendimentos em construção, os dados apresentam uma redução de 3,02% da atividade de usinas termelétricas, o novo incremento do recurso eólico com 5,07% entre as fontes como detalhado na figura17, assim como 7.7 GW de potência instalada, verificado na tabela 6. Figura 17 – Resultado dos empreendimentos em construção inseridos na matriz Elaboração própria CENÁRIO 2 Com o proposito de comparar a potência instalada em operação e quantificar a nova participação do recurso eólico na matriz, foi realizada uma segunda projeção adicionando a matriz elétrica empreendimentos em construção e projetos não iniciado.
  • 18. UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado 18 Tabela 7 – Empreendimentos não iniciados e em construção inseridos na matriz Tipo Qtd Potência Fiscalizada (kW) CGH 520 324.458 EOL 613 14.569.214 PCH 643 7.068.665 UFV 249 44.757 UHE 215 99.266.510 UTE 2.016 44.042.237 UTN 3 3.340.000 Total 4.259 168.655.841 Elaboração própria RESULTADO A participação eólica atual conta com 196 usinas em operação, 133 empreendimentos em construção e 284 parques não iniciados. Contudo, perfazendo um total de 613 usinas. O total de 14,5 GW que representaria cerca de 8.64% do total de 168GW se todas as usinas estivessem em franca operação. Figura 18 – Resultado dos projetos eólicos com construção não iniciada e em construção incluso na matriz Elaboração própria O resultado aponta para o maior uso de fontes diversificadas de energia favorecendo a possibilidade da participação de energias limpas, desonerando o sistema hidrelétrico e evitando as condições críticas de operação do sistema elétrico. CONCLUSÃO Diante dos resultados apresentados neste estudo, observou-se que a energia eólica tem se mostrado nos últimos anos como uma solução viável em médio e longo prazo como na complementariedade da matriz energética do país. Favorecida principalmente pela condição natural e extenso litoral, condições determinantes para a instalação de usinas eólicas.
  • 19. UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado 19 No âmbito mundial, o Brasil figura como um dos países que mais investe no setor, promovendo leilões com abertura para a iniciativa privada na construção de parques eólicos. O resultado é um grande aumento da capacidade total da oferta de energia em todo território nacional. Outro reflexo relevante é que o custo desta forma de energia tem se tornado mais atraente, o que fomenta mais investimentos. Comparativamente, o sistema eólico fornece menor impacto ambiental que as termelétricas, não emitindo níveis CO2 capazes de poluir a atmosfera. Em relação aos investimentos, o preço global e nacional da energia eólica por MW de potência tem reduzido ano a ano, possibilitando o aumento do mercado, desenvolvimento de novas tecnologia e ampliação do mercado. Um dos fatores determinantes para o desenvolvimento da energia eólica no Brasil foi a criação do PROINFA, que atuou no sentido de gerir as políticas públicas voltadas para a diversificação da matriz energética brasileira. Ressalta-se que a utilização de toda e qualquer fonte geradora requer planejamento, pois o projeto, instalação e implementação das usinas geradoras demandam tempo e envolve diversas variáveis. A participação da energia eólica no Brasil e no mundo nos últimos anos tem aumentado significamente, seu fomento ocorre pela necessidade do cumprimento de uma ideologia sustentável, associada ao fato de que os avanços tecnológicos têm propiciado uma sensível redução de preço. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ALVES FILHO, João. Matriz energética brasileira: da crise à grande esperança. Rio de Janeiro: MUAD, 2003. 2. AMARANTE, Odilon. A Camargo do. (et al.) Atlas do potencial eólico brasileiro. Brasília: MME; Rio de Janeiro: Eletrobrás, 2001. Disponível em: <http://www.cresesb.cepel.br/atlas_eolico_brasil/atlas- web.htm>. Acesso em: 15 ago 2014. 3. ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica. Histórico da Energia Eólica e suas utilizações. Revista Ecoenergia. Edição 13, 2014a. Disponível em <http//revistaecoenergia.com.br>. Acesso em 15 Set 2014. 4. ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica. Capacidade de Geração do Brasil. Banco de Informações deGeração.2014b.Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/capacidadebrasil.cfm> Acesso em : 3 nov. 2014. 5. BURATTINI, Maria Paula T. de Castro. Energia uma abordagem multidisciplinar. São Paulo: Editora Livrearia da Físic, 2008. 6. DUTRA, Ricardo. Energia Eólica. Princípios e Tecnologias. Rio de Janeiro: Cepel, 2012. 7. EPE – Empresa de Pesquisa Energética. EPE garante que condições estruturais do país afastam risco de racionamento de energia. Disponível em <http//www.epe.gov.br/imprensa/Clipping/20130108_d.pdf >. Acesso em 14 nov. 2014. 8. Global Wind Report. Annual Market Update 2013. 9. LOPES, Arthur O. Introdução á mecânica clássica. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006. 10. MARTIN, Jean-Marie. A economia mundial da energia. São Paulo: Editora da Universidde Estadual Paulista, 1992. MONTEZANO, Bruno Eduardo Moreira. Modelo Dinâmico de visualização de um aerogedador com velocidae de rotação variável e controle de passoem VRLM. Monografia, Rio de Janeiro, 2007. 11. MATRIZ, Carlos Henrique (Coord) et al. Energia Nuclear: prós & contras. Salvador: Press Collor, 2012. 12. ONS (2003). Estimativa das Vazões para Atividades de Usos Consuntivos da Água nas Principais Bacias do Sistema Interligado Nacional - SIN. Operador Nacional do Sistema. Contrato DPP no 068/2003. Brasília, DF. 13. PINTO, Milton de Oliveira. Fundamentos de energia eólica. Rio de Janeiro: LTC, 2013. 14. RAMOS, Álvaro. TAVARES, Carmem. SENA, Dêibison de. Impacto da geração distribuída eólica nos sistemas de distribuição e transmissão. Revista o Setor Elétrico. Edição 75. Abril de 2012. 15. RAMPINELLI, Giuliano Arns. ROSA JUNIOR, Celso Generoso da. Análise da Geração Eólica na Matriz Brasileira de Energia Elétrica. Revista Ciências Exatas e Naturais, Vol.14, n◦ 2, Jul/Dez 2012. 16. RENEWABLES 2013 - Global Status Report. Ren21 - Renovable Energy Policy Network for the 21st Century 2013.
  • 20. UNIJORGE – Centro Universitário Jorge Amado 20 17. RODRIGUES, Eustáquio José. Setor Elétrico Brasileiro - estrutura, funcionamento, instituições e perspectiva para controle. São Paulo: Biblioteca 24 horas, 2011. 18. SANDIA, 2006, Vertical Axis Wind Turbine: The History of the DOE Program. Disponível em <http://www.sandia.gov/Renewable_Energy/wind_energy/topical.htm>. Acesso em 15 ago 2014. 19. SHEFHERD, D.G. 1994. Historical Development of the Windmill. IN: ind Turbine Technology - Fundamental Concepts of Wind Turbine Enginnering, SPERA, S.A. (ed), 1 ed. New York, ASME Press p. 1-46. 20. SILVA, N. F. Fontes de energias renováveis complementares na expansão do setor elétrico brasileiro: O caso da energia eólica. Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2006. 21. Technology Roadmap. Wind Energy Edition 2013. 22. TRIGUEIRO, André. Mundo Sustentável: abrindo espaço na mídia para um planeta em transformação. São Paulo: Editora Globo, 2005.