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A GESTÃO AMBIENTAL DOS SISTEMAS ENERGÉTICOS COM ABORDAGEM
PELA ABNT ISO 14001:2015 – SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL
Antônio Carlos Tavoni1
Doralice de Souza Luro Balan2
Jutair da Silva Rios3
Mauro Pimenta Filho4
RESUMO
O presente trabalho discorre sobre os diferentes sistemas elétricos de geração, transmissão e
distribuição, e os seus impactos no ambiente, com abordagem de mitigação sob a ótica da
ABNT ISO 14001:2015 – Sistemas de gestão ambiental.
Palavras-chaves: gestão, energia, meio ambiente
ABSTRACT
This paper discusses the different electrical systems for generation, transmission and
distribution and their impacts on the environment, with a mitigation approach from the
perspective of ABNT ISO 14001: 2015 - Environmental management systems.
Keywords: management, energy, environment
INTRODUÇÃO
Considerando a diversidade da matriz energética brasileira e as peculiaridades
regionais, diferentes sistemas de geração e distribuição são favorecidos, contudo os diversos
impactos devem ser minimizados e gerenciados, e um sistema de gestão ambiental pode
contribuir com as operadoras, concessionárias e permissionárias do sistema elétrico nacional,
para responder às necessidades de proteção ao meio ambiente como resposta às perturbações
e mudanças promovidas, possibilitando o resgate do equilíbrio ambiental e socioeconômico,
respeitando os pilares da sustentabilidade.
Desde que Frederick Winslow Taylor, considerado o pai da administração cientifica,
iniciou seus trabalhos para melhorar a produtividade de seus funcionários, buscar ferramentas
de gestão para minimizar os desperdícios e aumentar a produtividade, tem sido o trabalho dos
gestores, sem deixar de lado o caráter mais humano (MONTANA, 1999).
Passados 120 anos o homem ainda exercita maneiras de inovar na gestão, mas hoje o
1
Acadêmico do curso superior de Tecnologia e Gestão de Energia e Eficiência Energética - Fatec
Campinas actavoni@hotmail.com
2
Docente do curso superior de Tecnologia e Gestão de Energia e Eficiência Energética - Fatec
Campinas – Disciplina de Energia e Meio Ambiente EGAO19A doralice.balan@fatec.sp.gov.br
3
Acadêmico do curso superior de Tecnologia e Gestão de Energia e Eficiência Energética - Fatec
Campinas jutairrios@mail.ru
4
Acadêmico do curso superior de Tecnologia e Gestão de Energia e Eficiência Energética - Fatec
Campinas mauro.pimenta@fatec.sp.gov.br
foco em produtividade não é mais imprescindível e o que se pretende, é uma gestão com caráter
sustentável, pois os recursos naturais são limitados e as fontes de energia são finitas, e a gestão
contemporânea promove a simbiose entre organizações, sociedade, economia e meio
ambiente.
As discussões sobre os efeitos do consumo exacerbado dos recursos naturais iniciaram
ainda no século passado. Em 1988 aconteceu a primeira reunião entre governantes e cientistas
em Toronto sobre a questão ambiental, mas só em 1997 foi criado e aberto para assinatura
internacional o Protocolo de Quioto, buscando o compromisso dos países para a diminuição
da emissão dos gases do efeito estufa, que são os maiores efeitos colaterais promovidos pela
geração de energia elétrica à partir de combustíveis fósseis.
Segundo Seiffert (2017), o conceito de sistema de gestão ambiental foi formalizado em
1992 pela British Standards Institution (BSI), através da norma BS 7750 (Specification for
Environmental Management Systems), fornecendo as primeiras bases para auditoria e
ecogestão da comunidade europeia, e de forma concomitante foram construídas as normas da
série ISO 14000, apresentadas na ECO 92, com sua primeira versão da ISO 14001 publicada
em 1996.
Já os impactos causados pelos sistemas elétricos em suas diferentes fases como a
geração, transmissão, e distribuição, aliado aos processos determinados pela fonte de energia
utilizada, local de implantação da geração e sistemas de transmissão e distribuição até os
pontos de consumo, geram inúmeros impactos onde muitos são irreversíveis, como será
demostrado.
Este artigo faz uma análise do Sistema de Gestão Ambiental – SGA, com base na
ABNT ISO 14001:2015 Sistemas de Gestão Ambiental – Requisitos com orientação para uso,
e busca correlacionar esta ferramenta de gestão com as necessidades das empresas do setor
elétrico, em dar resposta à sociedade aos diferentes e variados impactos ambientais causados
pelo setor elétrico.
METODOLOGIA
A metodologia deste artigo baseia-se em um levantamento qualitativo, com
informações referenciadas na norma ABNT ISO 14001:2015 Sistemas de Gestão Ambiental –
Requisitos com orientação para uso, mais revisão bibliográfica da literatura técnica e científica
especializada, legislação brasileira, trabalhos acadêmicos e sítios de órgãos gestores oficiais
nacionais pela rede mundial de computadores.
MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA
A matriz energética brasileira é diversificada e segundo BEM, 2018, apud EPE, 2019,
possuímos vantagem em relação a fontes renováveis quando comparamos com a base mundial.
No Brasil temos 43,5% de fontes de energias renováveis e o mundo possui apenas 14%.
Gráfico 1: Matriz energética brasileira e comparativo de energias renováveis Brasil x Mundo (2016).
Extraído de EPE, 2019
Já quando observamos a matriz elétrica, segundo a mesma fonte, a base energética
brasileira é 82% originada das fontes renováveis, e apenas 18% originado a partir de
termelétricas com carvão, petróleo e gás.
Gráfico 2: Matriz elétrica brasileira e comparativo de energias renováveis Brasil x Mundo (2016).
Extraído de EPE, 2019
Como demonstrado, o Brasil com base em sua matriz energética e os sistemas de
geração de energia elétrica predominante de fontes renováveis, possui baixa emissão dos gases
de efeito estufa, contudo não garante que todo o processo de geração, transmissão e
distribuição não venha a causar algum impacto ambiental. Por mais que nossa matriz
energética seja proveniente de fontes renováveis, permanece parte do sistema de geração por
termelétricas, com o consumo de combustíveis fósseis com seus danos na qualidade do ar
provocado pela emissão de material particulado e gases da queima. Vale neste aspecto
observar que a queima de biomassa originada de fontes renováveis como o bagaço de cana e
produtos florestais, também produzem emissão de poluentes.
GERAÇÃO - PRINCIPAIS FONTES DE ENERGIA E SEUS IMPACTOS
Geração hídrica
Tem por princípio em utilizar a energia potencial hidráulica proveniente da mudança
de elevação das águas dos rios e converter em energia cinética. Historicamente esse potencial
energético era utilizado para a água gerar trabalho útil como serrar madeira, beneficiamento e
moagem de grãos, e outras tarefas que exigiam energia cinética (HINRICHS, 2016).
Segundo Hinrichs (2016), com a invenção dos geradores elétricos no século XIX,
máquina capaz de converter energia cinética em energia elétrica, e a água ser um recurso
natural mais abundante e barato, contribuiu para o recurso hídrico ser a maior parte da matriz
energética do mundo, incluindo o Brasil, que está dentre os melhores abastecidos por bacias
hidrográficas do planeta.
Apesar de ser considerado energia renovável, limpa (por não emitir poluentes), por sua
vez, essa fonte de energia necessita de construções de usinas, com grandes barragens para
melhor ajustar a vazão de água e atender as diversas variações de demandas por eletricidade,
bloqueando e desviando cursos dos rios e causado impactos ambientais como: alagamento de
grandes áreas, destruição de ecossistemas pela inundação (fauna, flora, solo), extinção de
espécies, deslocamento de comunidades ribeirinhas, quilombolas e indígenas (HINRICHS,
2016).
Geração termoelétrica
Ocorre a partir do calor resultante da queima de combustíveis fosseis como o carvão
mineral, petróleo, gás natural, biomassa. A queima do combustível gera o calor que provoca o
aquecimento da água em caldeiras, o que forma vapor e que por sua vez, é direcionado para as
turbinas do gerador responsável pela produção de eletricidade (VAN WYLEN, GORDN
JOHN, 1995, p.1). Os gases resultantes da queima do combustível ao ser dispersado na
atmosfera, juntamente com material particulado, provocam o efeito estufa, além de outros
problemas como doenças respiratórias que tem suas causas a poluição do ar (HINRICHS,
2016).
Cogeração e trigeração
A cogeração é um processo de produção combinada de calor e eletricidade, afim de
obter melhor aproveitamento da energia combustível consumida. A energia térmica produzida
nas caldeiras e que resulta em energia cinética para acionar os geradores de energia elétrica,
possui um excedente de calor que é recuperado para o próprio sistema, ou para processos
secundários como aquecimento de água para usos múltiplos ou aquecimento de ar para
utilização em secadores e calefação.
Trigeração é produção simultânea de eletricidade, calor e frio a partir de um único
combustível. É um esquema de produção de energia em que se recupera calor desperdiçado
para se obter frio. Compreende sistemas CHP combinados com chillers de absorção.
A cogeração tem por base a eficiência na produção de energia produzindo a mesma
quantidade energia elétrica, demandando menor consumo de combustível (NOORDERMEER,
2020, p1).
Não é considerado um método de produção de energia limpa por ter como fonte
primária os combustíveis fosseis como o gás natural, carvão mineral e a queima da biomassa.
Seus impactos ambientais são tipicamente os mesmos da geração termelétrica, diferenciando
em sua escala, pois a cogeração demanda menos consumo de combustíveis fósseis devido a
melhor eficiência de geração de energia nas plantas que possuem este sistema
(NOORDERMEER, 2020).
Geração eólica
Sistema que usa a energia dos ventos captada por hélices, que transformam em energia
cinética, a qual é transferida para geradores elétricos. A energia eólica é considerada uma
energia limpa por possuir uma fonte barata, renovável e abundante em algumas regiões.
O fato de ser uma fonte de energia renovável, não garante zero impacto ao meio
ambiente. A emissão de ruídos de baixa frequência pelas turbinas eólicas podem gerar mal
estar, dores de cabeça, insônia, irritabilidade entre outros sintomas, como a sensação de
engasgo. Um artigo publicado em 2012 no periódico Bulletin of Science, Technology &
Society pelos pesquisadores (Ambrose, Stephen & Rand, Robert & Krogh, Carmen), ressalta
que até mesmo os ruídos não audíveis podem afetar as comunidades que vivem muito
próximas a parques eólicos.
Muito comum nas regiões que possuem correntes de ventos que propiciam melhor
eficiência para geração de energia, serem rotas de aves migratórias, que morrem devido ao
choque com as pás das hélices.
Geração solar
Energia proveniente da luz e do calor do sol, que pode ser aproveitada na forma
fotovoltaica ou térmica (HINRICHS, 2016). A forma mais comum de aproveitar o calor sol é
para geração de energia térmica que ocorre através dos aquecedores solares e mais raro, a
energia heliotérmica que aquece líquidos, normalmente água e utiliza o vapor para mover as
turbinas. A energia proveniente da radiação da luz solar é aproveitada através de painéis
fotovoltaicos que convertem a radiação da luz do sol em energia elétrica.
A energia solar fotovoltaica tem crescido consideravelmente nos últimos anos por ser
uma energia abundante e quase inesgotável que é a luz do sol, considerada uma energia limpa,
aliada com a busca por redução de emissão de poluentes e avanços na tecnologia que permitem
baratear os custos e melhorar a eficiência dos painéis fotovoltaicos.
Os painéis fotovoltaicos são construídos de semicondutores como silício e outros
metais que são necessários para sua manufatura. Os processos de extração e processamento
dessa matéria prima geram impactos ambientais severos como a destruição de grandes áreas
de terras, contaminação da água, emissão de gases poluentes, poeira, entre outros que afetam
fauna, flora e população que vivem no entorno das áreas de atividades de mineração.
Os componentes utilizados na geração de energia fotovoltaica como os painéis solares,
inversores de frequências, medidores inteligentes e demais componentes, são classificados na
mesma categoria de lixo eletrônico, tal qual computadores, celulares e outros, e devido ao
crescimento da demanda, pode futuramente ocasionar um descarte massivo desses
equipamentos ao final do ciclo de vida, e vários países poderão não estar preparados para lidar
com o descarte e a reciclagem. Segundo projeções da IRENA (International Renewble Energy
Agency), a quantidade de resíduos solares atingirá a 78 milhões toneladas em 2050.
Gráfico 3: Projeção de resíduos de painéis fotovoltaicos para 2050
Extraído de IRENA, 2016
Mesmo com os avanços tecnológicos melhorando a eficiência dos painéis
fotovoltaicos, a energia solar fotovoltaica ainda é a fonte de energia com menor eficiência por
área, o que demanda grandes áreas terras em suas usinas fotovoltaicas e por consequência pode
gerar desmatamento, perda de habitats, mudanças de padrões de movimentação de animais e
outras consequências ambientais.
Geração nuclear
Energia nucelar ou termonuclear é baseada na divisão de átomos a partir da fissão
nucelar de um determinado elemento químico como urânio ou plutônio, controlada dentro dos
reatores. Ao serem divididos, os átomos liberam uma determinada energia, a fissão gera calor
que aquece a água e a transforma em vapor em alta pressão, girando a turbina que por sua vez,
aciona o gerador elétrico (EFSTATHIOS E. STATHIS MICHAELIDES, 2012, p 131).
Normalmente a produção por energias termonucleares são alternativa para países que
necessitam de grande quantidade energia e não possuem abundância de outras matrizes
energéticas como petróleo, carvão e potencial hidráulico.
Em meio a todas a vantagens, o uso da energia termonuclear tem encontrado bastante
resistência devido aos perigos do lixo nuclear, que apesar de não gerar energia, continua
radioativo, podendo contaminar o solo, a água e ar, perigos da contaminação e casos de ocorrer
acidente nuclear como o Chernobyl e claro, o uso da tecnologia para produção de armas
nucleares.
TRASMISSÃO
O crescimento da demanda por energia tem exigido uma grande expansão das redes de
linhas de transmissão de eletricidade. Aliado aos benefícios que a energia proporciona a
sociedade, entretanto surgem os desafios, e toda a construção e operação dessa infraestrutura
são potenciais de complicações ao meio ambiente o que tem gerado preocupações aos
ambientalistas e cientistas ao redor do mundo.
Grandes extensões das linhas afetam as propriedades rurais com desapropriações e
concessão de uso, e nas florestas geram impactos em vários grupos de animais como as aves,
que segundo Larissa Biassoto, pesquisadora da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande
do Sul), são afetados pela colisão com os cabos e a eletrocussão nas torres de energia, acidentes
elétricos que podem provocar incêndios e comprometer a fauna e flora.
Existe também estudos não conclusivos dos impactos causados em populações nas
proximidades de linhas de transmissão, devido ao efeito de campos eletromagnéticos causados
pelas correntes de alta tensão e a incidência de câncer em humanos.
DISTRIBUIÇÃO
Por trás da eletricidade disponível ao consumidor há uma cadeia de processos para que
essa energia saia da estação geradora até o ponto de consumo. A energia produzida na usina é
transmitida em altas tensões a longas distâncias (linhões), com baixa corrente a fim de
viabilizar economicamente o processo, e chega até as estações distribuidoras localizadas perto
dos centros de consumo, onde rebaixam essa tensão e distribuem por cabeamento aos diversos
bairros, comércios, indústrias e outros centros consumidores.
O processo de distribuição acumula perdas técnicas5
e não técnicas6
da geração até o
consumidor final, e estes custos segundo a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica),
são rateados em 50% para geração e 50% para consumo.
A precariedade das linhas de transmissão e distribuição e a falta de manutenção das
redes em várias regiões no Brasil geram grandes impactos na zona rural e urbana. A grande
maioria dos sistemas de transmissão e distribuição são por cabeamento aéreo, e temos poucos
exemplos de cabeamentos subterrâneos. Nas áreas rurais o rompimento de cabos é causa de
queimadas em pastagens e matas e a morte de animais, e os cabos suspensos em postes nas
áreas urbanas, aliado ao sistema inadequado de arborização, provocam acidentes afetando
pessoas, interrupções de fornecimento, acidentes com veículos, quedas de postes com linha
energizada, dentre outros problemas.
ISO 14001:2015 SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL — REQUISITOS COM
ORIENTAÇÕES PARA USO
Esta é uma norma aceita internacionalmente que tem por objetivo prover às
organizações uma estrutura para proteção ao meio ambiente e possibilitar uma resposta às
mudanças das condições ambientais em equilíbrio com as necessidades socioeconômicas (ISO
14001,2015).
Deve ser adotada voluntariamente por decisão da Alta Direção das organizações que
almejam obter sucesso a longo prazo e criar alternativas que contribuam para o
desenvolvimento sustentável, que segundo a ISO 14001, 2015, contempla:
- proteção ao meio ambiente pela prevenção ou mitigação dos impactos ambientais
adversos;
- mitigação de potenciais efeitos adversos das condições ambientais na organização;
- auxílio à organização no atendimento aos requisitos legais e outros requisitos;
- aumento do desempenho ambiental;
- controle ou influência no modo em que os produtos e serviços da organização são
projetados, fabricados, distribuídos, consumidos e descartados, utilizando uma
perspectiva de ciclo de vida que possa prevenir o deslocamento involuntário dos
impactos ambientais dentro do ciclo de vida;
- alcance dos benefícios financeiros e operacionais que podem resultar da
implementação de alternativas ambientais que reforçam a posição da organização no
5
Perdas relacionadas ao efeito joule no processo de transformação de energia elétrica em energia térmica nos
condutores.
6
Corresponde as demais perdas no sistema como furtos de energias, erros de medições, erros de faturamentos.
mercado;
- comunicação de informações ambientais para as partes interessadas pertinentes.
Com base nesta referência normativa sistemática as organizações devem identificar,
monitorar e controlar as questões ambientais que envolvem suas atividades como poluição do
ar, questões referentes a água e esgoto, gestão de resíduos, contaminação do solo, a prevenção
e mitigação dos danos e potenciais efeitos extra muros.
Assim como todas as normas de sistemas de gestão a ISO 14001:2015 inclui a
necessidade melhoria contínua dos sistemas da empresa e a abordagem das questões
ambientais também se baseia no Plan-Do-Check-Act, conhecido como o ciclo PDCA.
Figura 1- O Ciclo PDCA
A numeração apontada equivale aos itens da norma ISO 14001:2015. Elaborado pelos autores (2020).
Como oportunidade, os autores apresentam a correlação entre as normas que podem
integrar um Sistema de Gestão Integrado a ser adotado pelas empresas do setor elétrico, com
foco na qualidade do produto energia elétrica - ISO 9001:2015, controle ambiental devido aos
impactos dos sistemas elétricos - ISO 14001:2015 e Segurança e Saúde no Trabalho ISO
45001:2018, devido ao grande numero de acidentes no setor.
Tabela 1: Correlação de normas de sistemas de gestão de acordo com as etapas do ciclo PDCA
ISO 9001:2015 ISO 14001:2015 ISO 45001:2018
ORGANIZAÇÃO E PARTES INTERESSADAS
4. Contexto da organização
4.1 entendendo a organização e seu
contexto
4.2 entendendo as necessidade e
expectativas das partes interessadas
4.3 determinando o escopo do
sistema de gestão da qualidade
4.4 sistema de gestão da qualidade e
seus processos
4. Contexto da organização
4.1 entendendo a organização e seu
contexto
4.2 entendendo as necessidade e
expectativas das partes
interessadas
4.3 determinando o escopo do
sistema de gestão ambiental
4.4 sistema de gestão ambiental
4. Contexto da organização
4.1 entendendo a organização e seu
contexto
4.2 entendendo as necessidade e
expectativas dos trabalhadores e de outras
partes
4.3 determinando o escopo do sistema de
gestão da SST
4.4 sistema de gestão da SST
5. Liderança
5.1 liderança e comprometimento
5.2 política
5.3 papéis, responsabilidades e
autoridades organizacionais
5. Liderança
5.1 liderança e comprometimento
5.2 política ambiental
5.3 papéis, responsabilidades e
autoridades organizacionais
5. Liderança e participação dos
trabalhadores
5.1 liderança e comprometimento
5.2 política de SST
5.3 papéis, responsabilidades e autoridades
organizacionais
5.4 consulta e participação dos
trabalhadores
PLANEJAR (plan)
6. Planejamento
6.1 ações para abordar riscos e
oportunidades - requisitos legais e
outros requisitos
6.2 objetivos da qualidade e
planejamento para alcançá-los
6.3 planejamento de mudanças
6. Planejamento
6.1 ações para abordar riscos e
oportunidades - requisitos legais e
outros requisitos
6.2 objetivos ambientais e
planejamento para alcançá-los
6. Planejamento
6.1 ações para abordar riscos e
oportunidades
6.2 objetivos de SST e planejamento para
alcançá-los
FAZER (do)
7. Apoio
7.1 recursos
7.2 competência
7.3 conscientização
7.4 comunicação
7.5 informação documentada
7. Apoio
7.1 recursos
7.2 competência
7.3 conscientização
7.4 comunicação
7.5 informação documentada
7. Suporte
7.1 recursos
7.2 competência
7.3 conscientização
7.4 comunicação
7.5 informação documentada
8. Operação
8.1 planejamento e controle
operacionais
8.2 requisitos para produtos e
serviços
8.3 projeto e desenvolvimento de
produtos e serviços
8.4 controle de processos, produtos e
serviços providos externamente
8.5 produção e provisão de serviço
8.6 liberação de produtos e serviços
8.7 controle de saídas não
conformes
8. Operação
8.1 planejamento e controle
operacionais
8.2 preparação e resposta a
emergências
8. Operação
8.1 planejamento e controle operacionais
8.2 preparação e resposta a emergências
CONFERIR (check)
9. Avaliação de desempenho
9.1 monitoramento, medição, análise
e avaliação
9.2 auditoria interna
9.3 análise crítica pela direção
9. Avaliação de desempenho
9.1 monitoramento, medição, análise
e avaliação
9.2 auditoria interna
9.3 análise crítica pela direção
9. Avaliação de desempenho
9.1 monitoramento, medição, análise e
avaliação de desempenho
9.2 auditoria interna
9.3 análise crítica pela direção
AGIR (act)
10. Melhoria
10.1 generalidades
10.2 não conformidade e ação
corretiva
10.3 melhoria contínua
10. Melhoria
10.1 generalidades
10.2 não conformidade e ação
corretiva
10.3 melhoria contínua
10. Melhoria
10.1 generalidades
10.2 incidente, não conformidade e ação
corretiva
10.3 melhoria contínua
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os impactos causados pelos sistemas de geração, transmissão e distribuição são
altamente significativos e afetam o meio ambiente, incluindo as comunidades e demais partes
interessadas.
A adoção dos diferentes sistemas de geração são influenciados fortemente pelas
condições locais e região de consumo da energia elétrica, devendo levar em conta a
disponibilidade da fonte de energia a ser utilizada e avaliar os potenciais impactos do
empreendimento relacionados aos seus benefícios econômicos, sociais e sustentabilidade.
Existe um limitador financeiro para pequenas empresas na implantação dos sistemas
gestão certificados, contudo, por serem de adoção voluntária, as empresas podem
gradativamente integrar as orientações propostas pelas normas em seus processos produtivos
e com isso criar na Alta Direção e equipe de funcionários, a cultura da gestão orientada para
atendimento normativo e consequente melhoria contínua.
A adoção de um sistema de gestão ambiental pode ser útil para as empresas
demonstrarem conformidade com os requisitos da legislação e regulamentação ambiental
nacional e internacional.
As empresas passam a ser vistas pela sociedade com boa reputação e responsabilidade
ambiental.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONSULTADAS
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA- ANEEL. Perdas de energia. Brasil,
2015. Disponível em: http://www2.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=801&idPerfil=4. Acesso em:
22 jun. 2020
AMBROSE, Stephen & Rand, Robert & Krogh, Carmen. Wind Turbine Acoustic Investigation
Infrasound and Low-Frequency Noise — A Case Study. Bulletin of Science, Technology &
Society, Florida, v. 32. p. 128-141, ago. 2012. DOI:
https://doi.org/10.1177%2F0270467612455734.
Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0270467612455734. Acesso em
22 jun. 2020.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 14001:2015
Sistemas de gestão ambiental — Requisitos com orientações para uso. Rio de Janeiro: ABNT,
2015.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 45001: Sistemas
de gestão da energia - Requisitos com orientações para uso. Rio de Janeiro: ABNT, 2018.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 50001: Sistemas
de gestão da energia - Requisitos com orientações para uso. Rio de Janeiro: ABNT, 2018.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 9001: Sistemas
de gestão da qualidade - Requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.
BIASOTTO, Larissa D. et al. Comportamento de voo de aves em resposta ao uso de
sinalizadores em linhas de transmissão de energia elétrica. Iheringia, Sér. Zool., Porto Alegre,
v. 107, e2017047, Epub 11-Dez-2017. DOI: https://doi.org/10.1590/1678-4766e2017047.
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0073-
47212017000100247&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 22 jun. 2020.
EFSTATHIOS E. (Stathis) Michaelides. Alternative Energy Sources. 1 ed. New York:
Springer, 2012. 131p.
EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA. Matriz Energética e Elétrica. Brasil, 2019.
Disponível em: https://www.epe.gov.br/pt/abcdenergia/matriz-energetica-e-eletrica. Acesso
em 22 jun. 2020.
HINRICHS, Roger A. Energia e meio ambiente. Tradução da 5° edição norte-americana. São
Paulo: Cengage Learning, 2016.
INTERNATIONAL RENEWABLE ENERGY AGENCY- IRENA. End-of-life management:
Solar Photovoltaic Panels. Abu Dhabi, 2016. Disponível em:
https://www.irena.org/publications/2016/Jun/End-of-life-management-Solar-Photovoltaic-
Panels. Acesso em 22 jun. 2020.
MONTANA, Patrik J.; CHARNOV, Bruce H. Administração. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
NOORDERMEER Jim. COGENERATION and COMBINED-CYCLE PRINCIPALS
WORKSHOP. Canada. Disponível em:
http://www.chacanada.com/chacanada/assets/File/CgWkShop.pdf. Acesso em: 22 jun. 2020.
1p.
SEIFFERT, Mari Elizabete Bernardini. ISO 14001 Sistema de Gestão Ambiental:
Implantação Objetiva e Econômica. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2017
VAN Wylen, Gordon John, Richard E. Sonntag, Claus Borgnake. Fundamentos da
termodinâmica clássica. Tradução da 4° edição americana. São Paulo: Editora Blucher, 1995.
1p.

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A GESTÃO AMBIENTAL DOS SISTEMAS ENERGÉTICOS COM ABORDAGEM PELA ABNT ISO 14001:2015

  • 1. A GESTÃO AMBIENTAL DOS SISTEMAS ENERGÉTICOS COM ABORDAGEM PELA ABNT ISO 14001:2015 – SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL Antônio Carlos Tavoni1 Doralice de Souza Luro Balan2 Jutair da Silva Rios3 Mauro Pimenta Filho4 RESUMO O presente trabalho discorre sobre os diferentes sistemas elétricos de geração, transmissão e distribuição, e os seus impactos no ambiente, com abordagem de mitigação sob a ótica da ABNT ISO 14001:2015 – Sistemas de gestão ambiental. Palavras-chaves: gestão, energia, meio ambiente ABSTRACT This paper discusses the different electrical systems for generation, transmission and distribution and their impacts on the environment, with a mitigation approach from the perspective of ABNT ISO 14001: 2015 - Environmental management systems. Keywords: management, energy, environment INTRODUÇÃO Considerando a diversidade da matriz energética brasileira e as peculiaridades regionais, diferentes sistemas de geração e distribuição são favorecidos, contudo os diversos impactos devem ser minimizados e gerenciados, e um sistema de gestão ambiental pode contribuir com as operadoras, concessionárias e permissionárias do sistema elétrico nacional, para responder às necessidades de proteção ao meio ambiente como resposta às perturbações e mudanças promovidas, possibilitando o resgate do equilíbrio ambiental e socioeconômico, respeitando os pilares da sustentabilidade. Desde que Frederick Winslow Taylor, considerado o pai da administração cientifica, iniciou seus trabalhos para melhorar a produtividade de seus funcionários, buscar ferramentas de gestão para minimizar os desperdícios e aumentar a produtividade, tem sido o trabalho dos gestores, sem deixar de lado o caráter mais humano (MONTANA, 1999). Passados 120 anos o homem ainda exercita maneiras de inovar na gestão, mas hoje o 1 Acadêmico do curso superior de Tecnologia e Gestão de Energia e Eficiência Energética - Fatec Campinas actavoni@hotmail.com 2 Docente do curso superior de Tecnologia e Gestão de Energia e Eficiência Energética - Fatec Campinas – Disciplina de Energia e Meio Ambiente EGAO19A doralice.balan@fatec.sp.gov.br 3 Acadêmico do curso superior de Tecnologia e Gestão de Energia e Eficiência Energética - Fatec Campinas jutairrios@mail.ru 4 Acadêmico do curso superior de Tecnologia e Gestão de Energia e Eficiência Energética - Fatec Campinas mauro.pimenta@fatec.sp.gov.br
  • 2. foco em produtividade não é mais imprescindível e o que se pretende, é uma gestão com caráter sustentável, pois os recursos naturais são limitados e as fontes de energia são finitas, e a gestão contemporânea promove a simbiose entre organizações, sociedade, economia e meio ambiente. As discussões sobre os efeitos do consumo exacerbado dos recursos naturais iniciaram ainda no século passado. Em 1988 aconteceu a primeira reunião entre governantes e cientistas em Toronto sobre a questão ambiental, mas só em 1997 foi criado e aberto para assinatura internacional o Protocolo de Quioto, buscando o compromisso dos países para a diminuição da emissão dos gases do efeito estufa, que são os maiores efeitos colaterais promovidos pela geração de energia elétrica à partir de combustíveis fósseis. Segundo Seiffert (2017), o conceito de sistema de gestão ambiental foi formalizado em 1992 pela British Standards Institution (BSI), através da norma BS 7750 (Specification for Environmental Management Systems), fornecendo as primeiras bases para auditoria e ecogestão da comunidade europeia, e de forma concomitante foram construídas as normas da série ISO 14000, apresentadas na ECO 92, com sua primeira versão da ISO 14001 publicada em 1996. Já os impactos causados pelos sistemas elétricos em suas diferentes fases como a geração, transmissão, e distribuição, aliado aos processos determinados pela fonte de energia utilizada, local de implantação da geração e sistemas de transmissão e distribuição até os pontos de consumo, geram inúmeros impactos onde muitos são irreversíveis, como será demostrado. Este artigo faz uma análise do Sistema de Gestão Ambiental – SGA, com base na ABNT ISO 14001:2015 Sistemas de Gestão Ambiental – Requisitos com orientação para uso, e busca correlacionar esta ferramenta de gestão com as necessidades das empresas do setor elétrico, em dar resposta à sociedade aos diferentes e variados impactos ambientais causados pelo setor elétrico. METODOLOGIA A metodologia deste artigo baseia-se em um levantamento qualitativo, com informações referenciadas na norma ABNT ISO 14001:2015 Sistemas de Gestão Ambiental – Requisitos com orientação para uso, mais revisão bibliográfica da literatura técnica e científica especializada, legislação brasileira, trabalhos acadêmicos e sítios de órgãos gestores oficiais nacionais pela rede mundial de computadores. MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA A matriz energética brasileira é diversificada e segundo BEM, 2018, apud EPE, 2019, possuímos vantagem em relação a fontes renováveis quando comparamos com a base mundial. No Brasil temos 43,5% de fontes de energias renováveis e o mundo possui apenas 14%.
  • 3. Gráfico 1: Matriz energética brasileira e comparativo de energias renováveis Brasil x Mundo (2016). Extraído de EPE, 2019 Já quando observamos a matriz elétrica, segundo a mesma fonte, a base energética brasileira é 82% originada das fontes renováveis, e apenas 18% originado a partir de termelétricas com carvão, petróleo e gás. Gráfico 2: Matriz elétrica brasileira e comparativo de energias renováveis Brasil x Mundo (2016). Extraído de EPE, 2019 Como demonstrado, o Brasil com base em sua matriz energética e os sistemas de geração de energia elétrica predominante de fontes renováveis, possui baixa emissão dos gases de efeito estufa, contudo não garante que todo o processo de geração, transmissão e distribuição não venha a causar algum impacto ambiental. Por mais que nossa matriz energética seja proveniente de fontes renováveis, permanece parte do sistema de geração por termelétricas, com o consumo de combustíveis fósseis com seus danos na qualidade do ar provocado pela emissão de material particulado e gases da queima. Vale neste aspecto observar que a queima de biomassa originada de fontes renováveis como o bagaço de cana e produtos florestais, também produzem emissão de poluentes.
  • 4. GERAÇÃO - PRINCIPAIS FONTES DE ENERGIA E SEUS IMPACTOS Geração hídrica Tem por princípio em utilizar a energia potencial hidráulica proveniente da mudança de elevação das águas dos rios e converter em energia cinética. Historicamente esse potencial energético era utilizado para a água gerar trabalho útil como serrar madeira, beneficiamento e moagem de grãos, e outras tarefas que exigiam energia cinética (HINRICHS, 2016). Segundo Hinrichs (2016), com a invenção dos geradores elétricos no século XIX, máquina capaz de converter energia cinética em energia elétrica, e a água ser um recurso natural mais abundante e barato, contribuiu para o recurso hídrico ser a maior parte da matriz energética do mundo, incluindo o Brasil, que está dentre os melhores abastecidos por bacias hidrográficas do planeta. Apesar de ser considerado energia renovável, limpa (por não emitir poluentes), por sua vez, essa fonte de energia necessita de construções de usinas, com grandes barragens para melhor ajustar a vazão de água e atender as diversas variações de demandas por eletricidade, bloqueando e desviando cursos dos rios e causado impactos ambientais como: alagamento de grandes áreas, destruição de ecossistemas pela inundação (fauna, flora, solo), extinção de espécies, deslocamento de comunidades ribeirinhas, quilombolas e indígenas (HINRICHS, 2016). Geração termoelétrica Ocorre a partir do calor resultante da queima de combustíveis fosseis como o carvão mineral, petróleo, gás natural, biomassa. A queima do combustível gera o calor que provoca o aquecimento da água em caldeiras, o que forma vapor e que por sua vez, é direcionado para as turbinas do gerador responsável pela produção de eletricidade (VAN WYLEN, GORDN JOHN, 1995, p.1). Os gases resultantes da queima do combustível ao ser dispersado na atmosfera, juntamente com material particulado, provocam o efeito estufa, além de outros problemas como doenças respiratórias que tem suas causas a poluição do ar (HINRICHS, 2016). Cogeração e trigeração A cogeração é um processo de produção combinada de calor e eletricidade, afim de obter melhor aproveitamento da energia combustível consumida. A energia térmica produzida nas caldeiras e que resulta em energia cinética para acionar os geradores de energia elétrica, possui um excedente de calor que é recuperado para o próprio sistema, ou para processos secundários como aquecimento de água para usos múltiplos ou aquecimento de ar para utilização em secadores e calefação. Trigeração é produção simultânea de eletricidade, calor e frio a partir de um único combustível. É um esquema de produção de energia em que se recupera calor desperdiçado para se obter frio. Compreende sistemas CHP combinados com chillers de absorção. A cogeração tem por base a eficiência na produção de energia produzindo a mesma quantidade energia elétrica, demandando menor consumo de combustível (NOORDERMEER, 2020, p1). Não é considerado um método de produção de energia limpa por ter como fonte primária os combustíveis fosseis como o gás natural, carvão mineral e a queima da biomassa. Seus impactos ambientais são tipicamente os mesmos da geração termelétrica, diferenciando
  • 5. em sua escala, pois a cogeração demanda menos consumo de combustíveis fósseis devido a melhor eficiência de geração de energia nas plantas que possuem este sistema (NOORDERMEER, 2020). Geração eólica Sistema que usa a energia dos ventos captada por hélices, que transformam em energia cinética, a qual é transferida para geradores elétricos. A energia eólica é considerada uma energia limpa por possuir uma fonte barata, renovável e abundante em algumas regiões. O fato de ser uma fonte de energia renovável, não garante zero impacto ao meio ambiente. A emissão de ruídos de baixa frequência pelas turbinas eólicas podem gerar mal estar, dores de cabeça, insônia, irritabilidade entre outros sintomas, como a sensação de engasgo. Um artigo publicado em 2012 no periódico Bulletin of Science, Technology & Society pelos pesquisadores (Ambrose, Stephen & Rand, Robert & Krogh, Carmen), ressalta que até mesmo os ruídos não audíveis podem afetar as comunidades que vivem muito próximas a parques eólicos. Muito comum nas regiões que possuem correntes de ventos que propiciam melhor eficiência para geração de energia, serem rotas de aves migratórias, que morrem devido ao choque com as pás das hélices. Geração solar Energia proveniente da luz e do calor do sol, que pode ser aproveitada na forma fotovoltaica ou térmica (HINRICHS, 2016). A forma mais comum de aproveitar o calor sol é para geração de energia térmica que ocorre através dos aquecedores solares e mais raro, a energia heliotérmica que aquece líquidos, normalmente água e utiliza o vapor para mover as turbinas. A energia proveniente da radiação da luz solar é aproveitada através de painéis fotovoltaicos que convertem a radiação da luz do sol em energia elétrica. A energia solar fotovoltaica tem crescido consideravelmente nos últimos anos por ser uma energia abundante e quase inesgotável que é a luz do sol, considerada uma energia limpa, aliada com a busca por redução de emissão de poluentes e avanços na tecnologia que permitem baratear os custos e melhorar a eficiência dos painéis fotovoltaicos. Os painéis fotovoltaicos são construídos de semicondutores como silício e outros metais que são necessários para sua manufatura. Os processos de extração e processamento dessa matéria prima geram impactos ambientais severos como a destruição de grandes áreas de terras, contaminação da água, emissão de gases poluentes, poeira, entre outros que afetam fauna, flora e população que vivem no entorno das áreas de atividades de mineração. Os componentes utilizados na geração de energia fotovoltaica como os painéis solares, inversores de frequências, medidores inteligentes e demais componentes, são classificados na mesma categoria de lixo eletrônico, tal qual computadores, celulares e outros, e devido ao crescimento da demanda, pode futuramente ocasionar um descarte massivo desses equipamentos ao final do ciclo de vida, e vários países poderão não estar preparados para lidar com o descarte e a reciclagem. Segundo projeções da IRENA (International Renewble Energy Agency), a quantidade de resíduos solares atingirá a 78 milhões toneladas em 2050.
  • 6. Gráfico 3: Projeção de resíduos de painéis fotovoltaicos para 2050 Extraído de IRENA, 2016 Mesmo com os avanços tecnológicos melhorando a eficiência dos painéis fotovoltaicos, a energia solar fotovoltaica ainda é a fonte de energia com menor eficiência por área, o que demanda grandes áreas terras em suas usinas fotovoltaicas e por consequência pode gerar desmatamento, perda de habitats, mudanças de padrões de movimentação de animais e outras consequências ambientais. Geração nuclear Energia nucelar ou termonuclear é baseada na divisão de átomos a partir da fissão nucelar de um determinado elemento químico como urânio ou plutônio, controlada dentro dos reatores. Ao serem divididos, os átomos liberam uma determinada energia, a fissão gera calor que aquece a água e a transforma em vapor em alta pressão, girando a turbina que por sua vez, aciona o gerador elétrico (EFSTATHIOS E. STATHIS MICHAELIDES, 2012, p 131). Normalmente a produção por energias termonucleares são alternativa para países que necessitam de grande quantidade energia e não possuem abundância de outras matrizes energéticas como petróleo, carvão e potencial hidráulico. Em meio a todas a vantagens, o uso da energia termonuclear tem encontrado bastante resistência devido aos perigos do lixo nuclear, que apesar de não gerar energia, continua radioativo, podendo contaminar o solo, a água e ar, perigos da contaminação e casos de ocorrer acidente nuclear como o Chernobyl e claro, o uso da tecnologia para produção de armas nucleares. TRASMISSÃO O crescimento da demanda por energia tem exigido uma grande expansão das redes de linhas de transmissão de eletricidade. Aliado aos benefícios que a energia proporciona a sociedade, entretanto surgem os desafios, e toda a construção e operação dessa infraestrutura são potenciais de complicações ao meio ambiente o que tem gerado preocupações aos ambientalistas e cientistas ao redor do mundo. Grandes extensões das linhas afetam as propriedades rurais com desapropriações e concessão de uso, e nas florestas geram impactos em vários grupos de animais como as aves,
  • 7. que segundo Larissa Biassoto, pesquisadora da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), são afetados pela colisão com os cabos e a eletrocussão nas torres de energia, acidentes elétricos que podem provocar incêndios e comprometer a fauna e flora. Existe também estudos não conclusivos dos impactos causados em populações nas proximidades de linhas de transmissão, devido ao efeito de campos eletromagnéticos causados pelas correntes de alta tensão e a incidência de câncer em humanos. DISTRIBUIÇÃO Por trás da eletricidade disponível ao consumidor há uma cadeia de processos para que essa energia saia da estação geradora até o ponto de consumo. A energia produzida na usina é transmitida em altas tensões a longas distâncias (linhões), com baixa corrente a fim de viabilizar economicamente o processo, e chega até as estações distribuidoras localizadas perto dos centros de consumo, onde rebaixam essa tensão e distribuem por cabeamento aos diversos bairros, comércios, indústrias e outros centros consumidores. O processo de distribuição acumula perdas técnicas5 e não técnicas6 da geração até o consumidor final, e estes custos segundo a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), são rateados em 50% para geração e 50% para consumo. A precariedade das linhas de transmissão e distribuição e a falta de manutenção das redes em várias regiões no Brasil geram grandes impactos na zona rural e urbana. A grande maioria dos sistemas de transmissão e distribuição são por cabeamento aéreo, e temos poucos exemplos de cabeamentos subterrâneos. Nas áreas rurais o rompimento de cabos é causa de queimadas em pastagens e matas e a morte de animais, e os cabos suspensos em postes nas áreas urbanas, aliado ao sistema inadequado de arborização, provocam acidentes afetando pessoas, interrupções de fornecimento, acidentes com veículos, quedas de postes com linha energizada, dentre outros problemas. ISO 14001:2015 SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL — REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES PARA USO Esta é uma norma aceita internacionalmente que tem por objetivo prover às organizações uma estrutura para proteção ao meio ambiente e possibilitar uma resposta às mudanças das condições ambientais em equilíbrio com as necessidades socioeconômicas (ISO 14001,2015). Deve ser adotada voluntariamente por decisão da Alta Direção das organizações que almejam obter sucesso a longo prazo e criar alternativas que contribuam para o desenvolvimento sustentável, que segundo a ISO 14001, 2015, contempla: - proteção ao meio ambiente pela prevenção ou mitigação dos impactos ambientais adversos; - mitigação de potenciais efeitos adversos das condições ambientais na organização; - auxílio à organização no atendimento aos requisitos legais e outros requisitos; - aumento do desempenho ambiental; - controle ou influência no modo em que os produtos e serviços da organização são projetados, fabricados, distribuídos, consumidos e descartados, utilizando uma perspectiva de ciclo de vida que possa prevenir o deslocamento involuntário dos impactos ambientais dentro do ciclo de vida; - alcance dos benefícios financeiros e operacionais que podem resultar da implementação de alternativas ambientais que reforçam a posição da organização no 5 Perdas relacionadas ao efeito joule no processo de transformação de energia elétrica em energia térmica nos condutores. 6 Corresponde as demais perdas no sistema como furtos de energias, erros de medições, erros de faturamentos.
  • 8. mercado; - comunicação de informações ambientais para as partes interessadas pertinentes. Com base nesta referência normativa sistemática as organizações devem identificar, monitorar e controlar as questões ambientais que envolvem suas atividades como poluição do ar, questões referentes a água e esgoto, gestão de resíduos, contaminação do solo, a prevenção e mitigação dos danos e potenciais efeitos extra muros. Assim como todas as normas de sistemas de gestão a ISO 14001:2015 inclui a necessidade melhoria contínua dos sistemas da empresa e a abordagem das questões ambientais também se baseia no Plan-Do-Check-Act, conhecido como o ciclo PDCA. Figura 1- O Ciclo PDCA A numeração apontada equivale aos itens da norma ISO 14001:2015. Elaborado pelos autores (2020). Como oportunidade, os autores apresentam a correlação entre as normas que podem integrar um Sistema de Gestão Integrado a ser adotado pelas empresas do setor elétrico, com foco na qualidade do produto energia elétrica - ISO 9001:2015, controle ambiental devido aos impactos dos sistemas elétricos - ISO 14001:2015 e Segurança e Saúde no Trabalho ISO 45001:2018, devido ao grande numero de acidentes no setor.
  • 9. Tabela 1: Correlação de normas de sistemas de gestão de acordo com as etapas do ciclo PDCA ISO 9001:2015 ISO 14001:2015 ISO 45001:2018 ORGANIZAÇÃO E PARTES INTERESSADAS 4. Contexto da organização 4.1 entendendo a organização e seu contexto 4.2 entendendo as necessidade e expectativas das partes interessadas 4.3 determinando o escopo do sistema de gestão da qualidade 4.4 sistema de gestão da qualidade e seus processos 4. Contexto da organização 4.1 entendendo a organização e seu contexto 4.2 entendendo as necessidade e expectativas das partes interessadas 4.3 determinando o escopo do sistema de gestão ambiental 4.4 sistema de gestão ambiental 4. Contexto da organização 4.1 entendendo a organização e seu contexto 4.2 entendendo as necessidade e expectativas dos trabalhadores e de outras partes 4.3 determinando o escopo do sistema de gestão da SST 4.4 sistema de gestão da SST 5. Liderança 5.1 liderança e comprometimento 5.2 política 5.3 papéis, responsabilidades e autoridades organizacionais 5. Liderança 5.1 liderança e comprometimento 5.2 política ambiental 5.3 papéis, responsabilidades e autoridades organizacionais 5. Liderança e participação dos trabalhadores 5.1 liderança e comprometimento 5.2 política de SST 5.3 papéis, responsabilidades e autoridades organizacionais 5.4 consulta e participação dos trabalhadores PLANEJAR (plan) 6. Planejamento 6.1 ações para abordar riscos e oportunidades - requisitos legais e outros requisitos 6.2 objetivos da qualidade e planejamento para alcançá-los 6.3 planejamento de mudanças 6. Planejamento 6.1 ações para abordar riscos e oportunidades - requisitos legais e outros requisitos 6.2 objetivos ambientais e planejamento para alcançá-los 6. Planejamento 6.1 ações para abordar riscos e oportunidades 6.2 objetivos de SST e planejamento para alcançá-los FAZER (do) 7. Apoio 7.1 recursos 7.2 competência 7.3 conscientização 7.4 comunicação 7.5 informação documentada 7. Apoio 7.1 recursos 7.2 competência 7.3 conscientização 7.4 comunicação 7.5 informação documentada 7. Suporte 7.1 recursos 7.2 competência 7.3 conscientização 7.4 comunicação 7.5 informação documentada 8. Operação 8.1 planejamento e controle operacionais 8.2 requisitos para produtos e serviços 8.3 projeto e desenvolvimento de produtos e serviços 8.4 controle de processos, produtos e serviços providos externamente 8.5 produção e provisão de serviço 8.6 liberação de produtos e serviços 8.7 controle de saídas não conformes 8. Operação 8.1 planejamento e controle operacionais 8.2 preparação e resposta a emergências 8. Operação 8.1 planejamento e controle operacionais 8.2 preparação e resposta a emergências CONFERIR (check) 9. Avaliação de desempenho 9.1 monitoramento, medição, análise e avaliação 9.2 auditoria interna 9.3 análise crítica pela direção 9. Avaliação de desempenho 9.1 monitoramento, medição, análise e avaliação 9.2 auditoria interna 9.3 análise crítica pela direção 9. Avaliação de desempenho 9.1 monitoramento, medição, análise e avaliação de desempenho 9.2 auditoria interna 9.3 análise crítica pela direção AGIR (act) 10. Melhoria 10.1 generalidades 10.2 não conformidade e ação corretiva 10.3 melhoria contínua 10. Melhoria 10.1 generalidades 10.2 não conformidade e ação corretiva 10.3 melhoria contínua 10. Melhoria 10.1 generalidades 10.2 incidente, não conformidade e ação corretiva 10.3 melhoria contínua
  • 10. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os impactos causados pelos sistemas de geração, transmissão e distribuição são altamente significativos e afetam o meio ambiente, incluindo as comunidades e demais partes interessadas. A adoção dos diferentes sistemas de geração são influenciados fortemente pelas condições locais e região de consumo da energia elétrica, devendo levar em conta a disponibilidade da fonte de energia a ser utilizada e avaliar os potenciais impactos do empreendimento relacionados aos seus benefícios econômicos, sociais e sustentabilidade. Existe um limitador financeiro para pequenas empresas na implantação dos sistemas gestão certificados, contudo, por serem de adoção voluntária, as empresas podem gradativamente integrar as orientações propostas pelas normas em seus processos produtivos e com isso criar na Alta Direção e equipe de funcionários, a cultura da gestão orientada para atendimento normativo e consequente melhoria contínua. A adoção de um sistema de gestão ambiental pode ser útil para as empresas demonstrarem conformidade com os requisitos da legislação e regulamentação ambiental nacional e internacional. As empresas passam a ser vistas pela sociedade com boa reputação e responsabilidade ambiental. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONSULTADAS AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA- ANEEL. Perdas de energia. Brasil, 2015. Disponível em: http://www2.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=801&idPerfil=4. Acesso em: 22 jun. 2020 AMBROSE, Stephen & Rand, Robert & Krogh, Carmen. Wind Turbine Acoustic Investigation Infrasound and Low-Frequency Noise — A Case Study. Bulletin of Science, Technology & Society, Florida, v. 32. p. 128-141, ago. 2012. DOI: https://doi.org/10.1177%2F0270467612455734. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0270467612455734. Acesso em 22 jun. 2020. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 14001:2015 Sistemas de gestão ambiental — Requisitos com orientações para uso. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 45001: Sistemas de gestão da energia - Requisitos com orientações para uso. Rio de Janeiro: ABNT, 2018. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 50001: Sistemas de gestão da energia - Requisitos com orientações para uso. Rio de Janeiro: ABNT, 2018. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 9001: Sistemas de gestão da qualidade - Requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. BIASOTTO, Larissa D. et al. Comportamento de voo de aves em resposta ao uso de sinalizadores em linhas de transmissão de energia elétrica. Iheringia, Sér. Zool., Porto Alegre,
  • 11. v. 107, e2017047, Epub 11-Dez-2017. DOI: https://doi.org/10.1590/1678-4766e2017047. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0073- 47212017000100247&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 22 jun. 2020. EFSTATHIOS E. (Stathis) Michaelides. Alternative Energy Sources. 1 ed. New York: Springer, 2012. 131p. EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA. Matriz Energética e Elétrica. Brasil, 2019. Disponível em: https://www.epe.gov.br/pt/abcdenergia/matriz-energetica-e-eletrica. Acesso em 22 jun. 2020. HINRICHS, Roger A. Energia e meio ambiente. Tradução da 5° edição norte-americana. São Paulo: Cengage Learning, 2016. INTERNATIONAL RENEWABLE ENERGY AGENCY- IRENA. End-of-life management: Solar Photovoltaic Panels. Abu Dhabi, 2016. Disponível em: https://www.irena.org/publications/2016/Jun/End-of-life-management-Solar-Photovoltaic- Panels. Acesso em 22 jun. 2020. MONTANA, Patrik J.; CHARNOV, Bruce H. Administração. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 1999. NOORDERMEER Jim. COGENERATION and COMBINED-CYCLE PRINCIPALS WORKSHOP. Canada. Disponível em: http://www.chacanada.com/chacanada/assets/File/CgWkShop.pdf. Acesso em: 22 jun. 2020. 1p. SEIFFERT, Mari Elizabete Bernardini. ISO 14001 Sistema de Gestão Ambiental: Implantação Objetiva e Econômica. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2017 VAN Wylen, Gordon John, Richard E. Sonntag, Claus Borgnake. Fundamentos da termodinâmica clássica. Tradução da 4° edição americana. São Paulo: Editora Blucher, 1995. 1p.