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Cenários para Eficiência Energética no Brasil: realidade ou ilusão?
                                       Jim Silva Naturesa*+
                                     Carlos Alberto Mariotoni*
                                Adriana Scheffer Quintela Ferreiraº


                        * Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP
                Faculdade de Engenharia Civil Arq. Urb. – FEC-DRH/NIPE/UNICAMP
                       Área de Recursos Hídricos, Energéticos e Ambientais
                 Grupo de Planejamento Energético e Sistemas Elétricos – GPESE
                         Avenida Albert Einstein, 951 - Caixa Postal: 6021
                                   13083-852 – Campinas – SP
                                         (19) 3521-2307
            +
                Departamento de Pós-Graduação e Extensão – Anhanguera Educacional
                                   Alameda Maria Tereza, 2000
                                    13278-181 – Valinhos – SP
                                    (19) 3512-1700 ramal 1546
                                     jimnaturesa@yahoo.com

                  º Instituto Federal Sudeste de Minas Gerais – campus Juiz de Fora
                                   Rua Bernardo Mascarenhas, 1283
                                     36080-001 – Juiz de Fora – MG
                                       (32) 4009-3003 / 4009-3009



Abstract:
        The personal daily activities demand the use of some type of energy, for instance, to light a
lamp or to move a vehicle. Since last century, researches try to improve the efficiency of machines
and devices. In addition, create systems capable to take advantage of forms of energy that are lost
in some processes, such as the cogenaration. For the economical growth of Brazil, considering the
maintainable development, it is done necessary the rational use of the energy resources. Actions
well structured, gone back to the increase of the rational production and of the use in efficient of
energy they are necessary in the economical aspect and in the reflexes on the environment. In this
context, the present article approaches the progresses of the brazilian politics regarding the energy
efficiency with relationship to the use of the electric power.

Resumo:
       As atividades cotidianas de qualquer pessoa exigem o uso de alguma forma de energia,
por exemplo, para acender uma lâmpada ou na utilização de um meio de transporte. Desde o
século passado, pesquisas procuram melhorar o rendimento de máquinas e dispositivos e
também criar sistemas capazes de aproveitar formas de energia que são perdidas em alguns
processos, tais como a cogeração. Para o crescimento econômico do Brasil considerando o
desenvolvimento sustentável, faz-se necessário o uso racional dos recursos energéticos. Ações
bem estruturadas, voltadas para o aumento da produção racional e do uso de forma eficiente de
energia são necessárias tanto no aspecto econômico quanto nos reflexos sobre o meio ambiente.
Neste contexto este artigo aborda os avanços das políticas de ação referente à eficiência
energética no país quanto ao uso da energia elétrica.

1 - Introdução
        O uso eficiente da energia interessa por si mesmo; como de resto são oportunas todas as
medidas de redução das perdas e de racionalização técnico-econômica dos fatores de produção,
cabendo também observar o caráter estratégico e determinante que o suprimento de eletricidade
e combustíveis apresenta em todos os processos produtivos. Ainda que representando uma

                                                                                                   1
parcela por vezes reduzida dos custos totais, via de regra a energia não possui outros substitutos
senão a própria energia, sem a qual os processos não se desenvolvem. Cada vez mais, as
empresas e seus gestores de energia precisam entender os aspectos legais e regulatórios dos
mercados de energia, as tendências e perspectivas energéticas no Brasil e no exterior, além de se
preocuparem com eventuais situações de desabastecimento gerado pelo equilíbrio entre oferta e
demanda de energia (SANTOS et al., 2007).

        A produção de energia tem grande influência sobre o meio ambiente por dois fatores:
desmatamento e emissão de poluentes. Vários estudos têm demonstrado que gerenciar a
poluição urbana e industrial concentrando-se no tratamento “end-of-pipe”, ou seja, utilizando-se de
métodos corretivos, em muitos casos não é só custoso como também insustentável. Experiências
dos Estados Unidos e outros países desenvolvidos têm demonstrado que, a longo prazo, a
prevenção da poluição através de minimização de resíduos e de uma produção com tecnologias
mais limpas e eficientes, é mais sensata tanto na relação custo-benefício, como também para o
próprio meio ambiente, se comparado com as técnicas tradicionais. Além disso, técnicas de
prevenção da poluição podem aplicar-se a qualquer processo de manufatura, variando desde
mudanças operacionais relativamente fáceis até mudanças mais profundas, tais como, a
substituição de substâncias tóxicas, implementação de tecnologias mais limpas e eficientes ou
instalações de equipamentos de recuperação de resíduos. Com a prevenção da poluição pode-se
conseguir aumentar a eficiência da planta, reduzir a quantidade de energia e matéria prima
utilizadas na produção de bens e serviços e reduzir custos de disposição final devido à diminuição
drástica da quantidade de resíduos gerada. Além destes aspectos, a prevenção deve ser
considerada na estratégia de ampliação de mercado, contando com a melhoria da imagem pública
da empresa e de seus produtos perante os consumidores, o que pode propiciar uma atração
maior de investidores e acionistas contando com financiamentos favorecidos (MARQUES et al.,
2001).

        No Brasil, como nos demais países, cada vez mais restrições de ordem financeira e
ambiental se somam incrementando os custos dos energéticos e configuram perspectivas
preocupantes de descompasso entre as disponibilidades e as demandas energéticas, ampliando
significativamente a importância do uso responsável de energia. E em boa parte dos casos, a
redução das perdas decorre essencialmente da aplicação de conhecimento, sem
necessariamente implicar em investimentos elevados. Com efeito, resultados significativos na
economia de energia podem ser conseguidos mediante a simples conscientização dos usuários.
Sem dúvida, para bem usar energia, é necessário difundir informação e conhecimento aplicado
(SANTOS et al., 2007).

        Embora as fontes renováveis de energia tais como, solar, eólica, geotérmica, biomassa,
dos oceanos e pequenas centrais hidrelétricas, ofereçam benefícios meio-ambientais
comparando-as com os combustíveis fósseis, o custo de geração ainda permanece mais caro.
Estes custos têm diminuído, e é provável que diminuam ainda mais, porém, sua implementação
poderia ser acelerada se os governos gastassem quantidades de dinheiro adicionais em pesquisa
e desenvolvimento. Fazendo-se isto, gerações atuais e futuras poderiam obter benefícios através
do uso de energia sustentável e de um meio ambiente mais limpo. O aumento da eficiência
energética de equipamentos, sistemas e processos é obtido através da adequação de normas e
códigos e, principalmente, através de programas de premiação e promoção das empresas
eficientes. Ademais, o combate aos desperdícios comportamentais se faz pela conscientização e
educação do consumidor, mostrando-se o resultado direto em economia e benefícios ambientais
provocados pela mudança de hábitos e comportamentos. (MARQUES et al., 2001).

       Este artigo mostra os resultados e as ações do PROCEL que são perceptíveis. Entretanto,
o Brasil por ter uma situação privilegiada com possibilidade de gerar eletricidade a partir de fontes
limpas, precisa investir mais no potencial eólico, aumentar a eficiência energética das construções
e adotar transportes híbridos/elétricos. De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética, o
potencial para geração eólica é de 143 GW e o Brasil aproveita nem 1 % do potencial. Apesar da
produção hidrelétrica ser predominante no país, alternativas são necessárias entre os meses de
junho e novembro devido ao nível baixo dos reservatórios durante a estiagem. O uso de usinas

                                                                                                   2
térmicas através de combustíveis fósseis não servem de solução, pois emitem gazes e provocam
o efeito estufa. Usinas nucleares apresentam o risco, mesmo que pequeno, de acidentes e assim
de vazamento de radiações nocivas para o ambiente exterior, comprometendo a saúde dos seres
vivos, além de produzir resíduos nucleares que devem ser isolados em depósitos impermeáveis
durante longo tempo. O uso de iluminação por lâmpadas mais eficientes e até mesmo o uso de
iluminação natural deve ser mais abrangente, além de aquecimento solar ou a gás, reduzindo a
demanda em horários de pico.

2 – Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica
        O objetivo do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL) é
promover a racionalização da produção e do consumo de energia elétrica. O PROCEL foi criado
em dezembro de 1985 pelos Ministérios de Minas e Energia e da Indústria e Comércio, sendo
gerido por uma Secretaria Executiva subordinada à ELETROBRÁS. Em 1991, o PROCEL foi
transformado em Programa de Governo, tendo suas abrangência e responsabilidade ampliadas.
Os principais resultados do Procel, para o período de 1986 a 2007, estão indicados na Tabela 1.
As principais áreas de atuação do programa são: comércio, saneamento, educação, indústria,
edificações, prédios públicos, gestão energética municipal e iluminação pública
(www.eletrobras.gov.br/procel/site/home/). A Tabela 2 mostra os resultados acumulados. Os
investimentos totais realizados ultrapassam a marca de 1 bilhão de reais, além disso, a energia
economizada equivale a uma usina de 6.841 MW.

                            Tabela 1 - Principais resultados do Procel (1986 a 2007).
Resultados                                               1986/2003         2004       2005       2006         2007
                                                 (a)
Investimentos Eletrobrás/Procel (R$ milhões)               252,01         27,18       37,17      29,24        13,62
                                    (b)
Investimentos RGR (R$ milhões)                             412,00         54,00       44,60      77,80        39,16

Investimentos do Projeto de Eficiência Energética
                           (c)                               2,09         12,97       16,23      6,20           -
para o Brasil (R$ milhões)

Investimentos Totais Realizados (R$ milhões)               666,08         94,15       98,02     113,24        52,78

Energia Economizada (bilhões de kWh/ano)                    17,22         2,373       2,158      2,845        3,930

Redução de Demanda na Ponta (MW)                            4.633          622         585        772         1.357
                          (d)
Usina Equivalente (MW)                                      4.033          569         518        682          942

Investimentos Postergados (R$ bilhões)                      10,65          2,50       1,77       2,23         2,76
Fonte: www.eletrobras.com/procel (maio de 2010).
(a)
    Refere-se somente aos recursos orçamentários do Procel efetivamente realizados em cada ano, não sendo
    considerados os salários do pessoal Eletrobrás/Procel
(b)
    RGR (Reserva Global de Reversão) é o fundo federal constituído com recursos das concessionárias, proporcionais ao
investimento de cada uma.
(c)
    Refere-se ao investimento de US$ 11,9 milhões do GEF (Global Environment Facility) e a contrapartida da Eletrobrás;
(d)
    Obtida a partir da energia economizada, considerando um fator de capacidade médio típico de 56% para usinas
    hidroelétricas e incluindo 15% de perdas médias na T&D para a parcela de conservação de energia.

                                 Tabela 2 – Resultados Acumulados pelo Procel.
Resultados                                                                             Total
                                                (e)
Investimentos Totais Realizados (R$ bilhão)                                            1,02
Energia Economizada e Geração Adicional (bilhões
            (f)                                                                        28,5
de kWh/ano)
Redução de Demanda na Ponta (MW)                                                      7.969
Usina Equivalente (MW)                                                                6.841
Investimento Postergado (R$ bilhões)                                                   19,9

                                                                                                                      3
Fonte: www.eletrobras.com/procel (maio de 2010).
(e)
  Inclui a parcela relativa à RGR e os Recursos do Projeto de Eficiência Energética para o Brasil;
(f)
  A energia economizada e a geração adicional acumuladas são calculadas apenas adicionando-se as economias a
cada ano, não considerando a persistência das medidas implementadas.

        Em novembro de 2006, a Eletrobrás/PROCEL lançou o portal PROCEL INFO – Centro
Brasileiro de Informação de Eficiência Energética (www.procelinfo.com.br). O PROCEL INFO tem
como objetivos reunir e disponibilizar informações de interesse, produzidas no Brasil e no exterior,
para os públicos que atuam na área de eficiência energética, e facilitar sua integração e, assim,
ser reconhecido com referência nacional na disseminação de informação qualificada sobre o uso
racional e eficiente da energia. O portal está dividido em: Informações Institucionais, Indicadores,
Informações Técnicas, Simuladores, Agentes, Fontes de Financiamentos, Legislação, Cursos e
Eventos, Notícias e Reportagens, além de ferramentas de colaboração disponíveis. A Figura 1
apresenta a concepção geral do portal.




          Figura 1 – Concepção geral do portal PROCEL INFO. Fonte: Procel Info – Um ano: Resultado e
                                          Perspectivas, 2007.

        O portal apresentou, nos meses de novembro de 2006 a novembro de 2007, uma média de
306 usuários cadastrados por mês, totalizando aproximadamente 3.700 no período. Desses
usuários, cerca de 40% são do Rio de Janeiro e São Paulo. O fato de o maior número de usuários
cadastrados serem dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, é conseqüência da estratégia de
atuação do Portal, que tem como público-alvo os agentes intermediários da área de eficiência
energética, concentrados na região Sudeste. Analisando-se ainda o perfil de usuários, pode-se
verificar que há forte interesse de universidades no tema de eficiência energética.

       O contrato de concessão de energia elétrica, firmado entre as empresas de distribuição e a
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), estabelece uma série de obrigações e encargos;
sendo que uma dessas obrigações “consiste em aplicar anualmente o montante de no mínimo 0,5
% de sua receita operacional líquida, em ações que tenham por objetivo o combate ao desperdício
de energia elétrica” (ANEEL, 2008). Para o cumprimento desta obrigação, as concessionárias
devem apresentar à ANEEL uma série de projetos que compõem seu Programa Anual de
Combate ao Desperdício de Energia Elétrica (PEE), no qual devem conter metas físicas e
financeiras.

       A Tabela 3 apresenta os resultados desse projeto; podem ser identificadas a quantidade
de empresas que participaram, o investimento realizado, a demanda evitada e a energia
economizada. Percebe-se que durante o período de 1998 a 2006, foram investidos 1.919 milhões
de R$ o que acarretou em uma economia de energia 5.559 GWh. A Tabela 4 mostra os tipos de
projetos realizados (período 2000/2001 a 2004/2005); deve-se ressaltar que a maioria desses


                                                                                                          4
projetos visa o consumidor de baixa renda através da substituição de geladeiras antigas por novas
e de lâmpadas incandescentes por eletrônicas.

             Tabela 3 – Investimentos das distribuidoras em pesquisa e eficiência energética.
                                                                                            Energia
                       Números de           Investimento       Demanda evitada
       Ciclo                                                                            economizada
                         empresas          (milhões de R$)           (MW)
                                                                                          (GWh/ano)
 1998/1999                  17                    196                  250                     755
 1999/2000                  42                    230                  370                    1020
 2000/2001                  64                    152                  251                     894
 2001/2002                  64                    142                   85                     348
 2002/2003                  64                    154                   54                     222
 2003/2004                  64                    313                  110                     489
 2004/2005                  64                    175                  275                     925
 2005/2006                  64                    296                  141                     538
 2006/2007                  60                    261                  138                     368
 Total                                           1919                 1674                    5559
Fonte: ANEEL e CZAPSKI, 2008; com modificações.

                 Tabela 4 – Tipos de projetos realizados (período 2000/2001 a 2004/2005).
         Tipo              Investimento apropriado        Demanda evitada        Energia economizada
                                (milhões de R$)                 (MW)                  (GWh/ano)
 Iluminação pública                  374,6                       175                       797
 Residencial                         133,5                       313                       930
 Industrial                           96,0                        59                      376
 Serviços públicos                    91,3                       118                       312
 Educação                             80,9                        25                       90
 Comércio e serviços                  59,5                        30                       130
 Poder público                        34,8                        14                       57
 Aquecimento solar                    19,4                       n.d.                      n.d.
 Rural                                14,6                         9                       83
 Perdas                               12,4                        17                       79
 Gestão E. municipal                  11,5                       n.d.                      n.d.
 Fator de carga                       11,2                         6                       0,6
 Total                                939                        765                      2853
Fonte: ANEEL e CZAPSKI, 2008; com modificações.

        Um passo importante foi dado com a criação do portal PROCEL INFO – Centro Brasileiro
de Informação de Eficiência Energética. Nele são encontrados os dados mais relevantes sobre a
eficiência energética no Brasil e os softwares que auxiliam os projetos; além de uma relação das
fontes de financiamento. Segundo dados do PROCEL, o total de investimentos em eficiência
energética foi de R$ 292 milhões, com uma economia de energia média de 1.573 GWh/ano.

       Na Tabela 5 são apresentados o consumo final e as energias economizadas (por
programa) anuais. As considerações para a elaboração da tabela foram:
       (a) A unidade utilizada foi a tonelada equivalente de petróleo (tep). Segundo o Balanço
Energético Nacional (BEN) 2009, cada tep equivale a 11,63 MWh.
       (b) Com relação ao PROCEL, para os anos de 1999, 2000 e 2001, foi utilizado a média da
energia economizada entre os anos de 1986 a 2001, ou seja, 14 GWh dividido por 16 anos ou
0,875 GWh/ano.

       Pela análise da tabela percebe-se que a energia economizada, devido ao PROCEL, cresce
anualmente, passando de 0,392 % da energia consumida com eletricidade em 2002 para 0,953 %
em 2007. O Programa Anual de Combate ao Desperdício de Energia Elétrica (PEE) da ANEEL
apresenta uma característica irregular, variando de 0,107 % a 0,089 % para o mesmo intervalo de
tempo – com um pico de 0,246 % no ano de 2005. Os programas somados atingem um pouco
mais de 1 % para o ano de 2007. Para evitarmos o aumento do consumo de gás, óleo combustível
e carvão nos próximos anos essa porcentagem precisa aumentar radicalmente.


                                                                                                       5
Tabela 5 – Consumo final e energia economizada por ano.
                1999      2000     2001     2002       2003      2004     2005      2006     2007
Consumo final   170.48
         3                171.949  172.186   178.160 182.114  191.197   195.909   202.898  215.499
total (10 tep)      2
Eletricidade
    3           27.144     28.509   26.626   27.884   29.430   30.955    32.267    33.536   35.443
(10 tep)
              3
PROCEL (10
                 0,075      0,075    0,075    109,20 156,233  204,041   185,554   244,625  337,919
tep)
PROCEL/
                 2,76 X    2,63 X   2,82 X
Eletricidade      10
                     -4
                             10
                                -4
                                      10
                                         -4    0,392   0,531    0,659     0,575     0,729    0,953
(%)
PEE – ANEEL
    3           64,918     87,704   76,870   29,922   19,088   42,046    79,535    46,260   31,642
(10 tep)
PEE/
Eletricidade     0,239      0,308    0,289    0,107   0,065    0,136     0,246     0,138     0,089
(%)
Total de
energia
                64,993     87,779   76,945   139,122 175,321  246,087   265,089   268,885  369,561
economizada
    3
(10 tep)
Energia
economizada/
                 0,239      0,308    0,300    0,500    0596    0,795     0,821     0,803     1,043
Eletricidade
(%)
Fonte: Elaboração própria com dados de BEN, 2009; ANEEL e CZAPSKI, 2008; www.eletrobras.com/procel,
2010.

4 – Cenários para Eficiência Energética no Brasil
        A Tabela 6 mostra as projeções para eficiência energética elaborados pela EPE (Empresa
de Pesquisa Energética) (PNE – 2030 – Eficiência Energética, 2009) para os anos de 2010, 2020
e 2030. O estudo do EPE elaborou quatro cenários, a saber: A – “Na Crista da Onda”, B1 –
“Surfando na Marola”, B2 – “Pedalinho e C – “Náufrago”. Os cenários A e B1 são caracterizados
por um processo de gestão eficaz no país, “onde gargalos de infra-estrutura e oferta de
financiamento não se constituem restrições efetivas ao desenvolvimento do país”. Os cenários B2
e C apresentam restrições internas que impactam negativamente na penetração de alternativas
eficientes de uso de eletricidade (PNE – 2030 – Eficiência Energética, 2009). Os dados
apresentados pelo estudo da EPE referem-se à indústria.

                 Tabela 6 – Cenários para Eficiência Energética no Brasil segundo EPE.
                2010                            2020                            2030
Cenários
               Energia         Energia       Energia          Energia       Energia         Energia
para
             economizada economizada       economizada     economizada    economizada    economizada
Indústria                        3                              3                             3
                (GWh)         (10 tep)        (GWh)          (10 tep)        (GWh)         (10 tep)
– EPE
A                4.797        412,468         19.398        1.667,928         48.343      4.156,750
B1               3.320        285,469         11.846        1.018,573         21.705      1.866,294
B2               1.833        157,609          7.139         613,843          13.813      1.187,704
C                1.552        133,447          4.996         429,578           9.083       780,997
Fonte: Adaptado de EPE, 2009.

         A Tabela 7 apresenta o potencial de economia de energia segundo a Agenda Elétrica
Sustentável 2020 (WWF Brasil, 2007). A tabela está dividida em setores residencial (r), industrial
(i) e comercial e público (c+p). A penúltima linha é a somatória dos valores da indústria. Pela
análise da tabela, o setor industrial economizará 85.721 GWh no ano de 2020. Esse valor é quase
4,5 vezes maior do que o projetado pela EPE no cenário A - o mais otimista. Em 2030, a indústria
economizará 48.383 GWh (segundo dados da EPE), atingindo pouco mais de 50% do que foi
publicado pela Agenda Elétrica Sustentável 2020. A Tabela 8 mostra o consumo final de
eletricidade para o setor industrial para os anos de 2010, 2020 e 2030 para os quatro cenários.



                                                                                                      6
Tabela 7 – Potencial de Economia de Energia para o ano de 2020 segundo WWF Brasil.
Setores                                Potencial de Economia
                                                                                    3
                                                (GWh)                            (10 tep)
Chuveiro elétrico (r)                           27.110                          2.331,040
Iluminação (c+p)                                29.984                          2.578,160
Outros usos (i)                                 17.097                          1.470,077
Iluminação elétrica (r)                          8.606                           739,983
Ar-condicionado (r)                              1.847                           158,813
Ar-condicionado (c+p)                            6.340                           545,141
Aquecimento direto (i)                          13.441                          1.155,718
Geladeira (r)                                    6.178                           513,212
Freezer (r)                                      2.715                           233,448
Refrigeração (c+p)                               2.932                           252,107
Troca de motores (i)                            55.183                          4.744,884
Setor industrial (subtotal)                     85.721                          7.370,679
Total                                         107.730,6                         9.263,164
Fonte: Adaptado de WWF Brasil, 2007.

                             Tabela 8 – Consumo final de eletricidade na indústria.
                                          2010                         2020               2030
Cenários para Indústria –
                                     Consumo (TWh)                Consumo (TWh)       Consumo (TWh)
EPE
A                                          238,8                       362,6              557,0
B1                                         237,0                       338,5              460,3
B2                                         231,9                       312,3              415,3
C                                          231,0                       292,4              380,4
Fonte: Adaptado de EPE, 2009.

       A porcentagem de energia economizada pode ser calculada dividindo-se a energia
economizada (Tabela 6) pelo consumo final de eletricidade (Tabela 8). A Tabela 9 mostra os
resultados para os quatro cenários. Pelos dados da Tabela 5 a porcentagem de energia
economizada para o ano de 2007 foi de 1,043 %. Esse valor é próximo ao calculado (1,04 %) para
o cenário B1. Se os investimentos nos programas de eficiência energética continuarem, a
porcentagem de energia economizada ficará entre os dois cenários (A e B1) - para os anos de
2020 e 2030. Na melhor situação (cenário A) a porcentagem de energia economizada atinge 8,68
% em 2030.
                              Tabela 9 – Porcentagem de energia economizada.
Cenários para a
                                       2010                        2020                 2030
Indústria
A                                      2,01                        5,35                 8,68
B1                                     1,04                        3,50                 4,71
B2                                     0,79                        2,29                 3,33
C                                      0,67                        1,71                 2,39
Fonte: Elaboração própria.


5 – Conclusões
        Os cenários A - “Na Crista da Onda” e B1 – “Surfando na Marola”, elaborados pela EPE,
parecem ser os mais realistas para o potencial de energia economizada para os anos de 2020 e
2030. Infelizmente os números apresentados pela Agenda Elétrica Sustentável 2020 diferem
consideravelmente do estudo apresentado pela empresa estatal. Para que esses cenários se
tornem uma realidade é necessário um Plano Nacional de Eficiência Energética que integre
indústria, Estado e universidades. Além disso, o Estado também deve estimular os projetos e a
construção de usinas eólicas, solares, de biomassa etc. Os dois pilares para o desenvolvimento
do país, com um menor impacto ambiental, são: utilização de fontes renováveis de energia e
eficiência energética.




                                                                                                      7
Palavras Chaves: eficiência energética, desenvolvimento sustentável, fontes renováveis, uso
racional de energia.

6 – Referências

CZAPSKI, S. “Investimento em ganho de eficiência atingem R$ 1,4 bi”. Valor Econômico.
Especial – Empresa & Comunidade, 22 de janeiro de 2008.

EPE - Empresa de Pesquisa Energética. PDE – Plano Decenal de Expansão. Disponível em:
www.epe.gov.br

MARQUES, M.; HADDAD, J.; MARTINS, A. R. S. M. “Conservação de energia – Eficiência
energética de instalações e equipamentos”. Itajubá: FUPAI, 2001.

PNE – 2030 – Eficiência Energética. Plano Nacional de Energia 2030. Disponível em:
www.epe.gov.br

PROCEL INFO - Centro Brasileiro de Informação em Eficiência Energética. Disponível em:
http://www.eletrobras.com/elb/procelinfo/main.asp

____________. Um ano: Resultado e Perspectivas, 2007. Trabalho apresentado no Fórum
Permanente de Energia e Meio Ambiente da Unicamp, 4 de Setembro de 2007 (Auditória da
Biblioteca Central). Disponível em: http://www.cori.unicamp.br/foruns/energia/foruns_energia.php.

SANTOS, A. H. M.; BORTONI, E. C.; GUARDIA, E. C.; NOGUEIRA, F. J. H.; HADDAD, J.;
NOGUEIRA, L. A. H.; PIRANI, M. J.; DIAS, M. V. X.; VENTURINI, O.; CARVALHO, R. D. M.;
YAMACHITA, R. A. “Eficiência Energética – Teoria & Prática”. 1ª. ed. Itajubá: FUPAI, 2007.

WWF Brasil. Agenda Elétrica Sustentável 2020. 2007. Disponível em: http://www.wwf.org.br/

6.1 - Referências Infográficas

ANEEL. In Internet Site: www.aneel.com.br

BEN - Balanço Energético Nacional. Ministério de Minas e Energia. In Internet site:
https://ben.epe.gov.br/




                                                                                               8

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  • 1. Cenários para Eficiência Energética no Brasil: realidade ou ilusão? Jim Silva Naturesa*+ Carlos Alberto Mariotoni* Adriana Scheffer Quintela Ferreiraº * Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP Faculdade de Engenharia Civil Arq. Urb. – FEC-DRH/NIPE/UNICAMP Área de Recursos Hídricos, Energéticos e Ambientais Grupo de Planejamento Energético e Sistemas Elétricos – GPESE Avenida Albert Einstein, 951 - Caixa Postal: 6021 13083-852 – Campinas – SP (19) 3521-2307 + Departamento de Pós-Graduação e Extensão – Anhanguera Educacional Alameda Maria Tereza, 2000 13278-181 – Valinhos – SP (19) 3512-1700 ramal 1546 jimnaturesa@yahoo.com º Instituto Federal Sudeste de Minas Gerais – campus Juiz de Fora Rua Bernardo Mascarenhas, 1283 36080-001 – Juiz de Fora – MG (32) 4009-3003 / 4009-3009 Abstract: The personal daily activities demand the use of some type of energy, for instance, to light a lamp or to move a vehicle. Since last century, researches try to improve the efficiency of machines and devices. In addition, create systems capable to take advantage of forms of energy that are lost in some processes, such as the cogenaration. For the economical growth of Brazil, considering the maintainable development, it is done necessary the rational use of the energy resources. Actions well structured, gone back to the increase of the rational production and of the use in efficient of energy they are necessary in the economical aspect and in the reflexes on the environment. In this context, the present article approaches the progresses of the brazilian politics regarding the energy efficiency with relationship to the use of the electric power. Resumo: As atividades cotidianas de qualquer pessoa exigem o uso de alguma forma de energia, por exemplo, para acender uma lâmpada ou na utilização de um meio de transporte. Desde o século passado, pesquisas procuram melhorar o rendimento de máquinas e dispositivos e também criar sistemas capazes de aproveitar formas de energia que são perdidas em alguns processos, tais como a cogeração. Para o crescimento econômico do Brasil considerando o desenvolvimento sustentável, faz-se necessário o uso racional dos recursos energéticos. Ações bem estruturadas, voltadas para o aumento da produção racional e do uso de forma eficiente de energia são necessárias tanto no aspecto econômico quanto nos reflexos sobre o meio ambiente. Neste contexto este artigo aborda os avanços das políticas de ação referente à eficiência energética no país quanto ao uso da energia elétrica. 1 - Introdução O uso eficiente da energia interessa por si mesmo; como de resto são oportunas todas as medidas de redução das perdas e de racionalização técnico-econômica dos fatores de produção, cabendo também observar o caráter estratégico e determinante que o suprimento de eletricidade e combustíveis apresenta em todos os processos produtivos. Ainda que representando uma 1
  • 2. parcela por vezes reduzida dos custos totais, via de regra a energia não possui outros substitutos senão a própria energia, sem a qual os processos não se desenvolvem. Cada vez mais, as empresas e seus gestores de energia precisam entender os aspectos legais e regulatórios dos mercados de energia, as tendências e perspectivas energéticas no Brasil e no exterior, além de se preocuparem com eventuais situações de desabastecimento gerado pelo equilíbrio entre oferta e demanda de energia (SANTOS et al., 2007). A produção de energia tem grande influência sobre o meio ambiente por dois fatores: desmatamento e emissão de poluentes. Vários estudos têm demonstrado que gerenciar a poluição urbana e industrial concentrando-se no tratamento “end-of-pipe”, ou seja, utilizando-se de métodos corretivos, em muitos casos não é só custoso como também insustentável. Experiências dos Estados Unidos e outros países desenvolvidos têm demonstrado que, a longo prazo, a prevenção da poluição através de minimização de resíduos e de uma produção com tecnologias mais limpas e eficientes, é mais sensata tanto na relação custo-benefício, como também para o próprio meio ambiente, se comparado com as técnicas tradicionais. Além disso, técnicas de prevenção da poluição podem aplicar-se a qualquer processo de manufatura, variando desde mudanças operacionais relativamente fáceis até mudanças mais profundas, tais como, a substituição de substâncias tóxicas, implementação de tecnologias mais limpas e eficientes ou instalações de equipamentos de recuperação de resíduos. Com a prevenção da poluição pode-se conseguir aumentar a eficiência da planta, reduzir a quantidade de energia e matéria prima utilizadas na produção de bens e serviços e reduzir custos de disposição final devido à diminuição drástica da quantidade de resíduos gerada. Além destes aspectos, a prevenção deve ser considerada na estratégia de ampliação de mercado, contando com a melhoria da imagem pública da empresa e de seus produtos perante os consumidores, o que pode propiciar uma atração maior de investidores e acionistas contando com financiamentos favorecidos (MARQUES et al., 2001). No Brasil, como nos demais países, cada vez mais restrições de ordem financeira e ambiental se somam incrementando os custos dos energéticos e configuram perspectivas preocupantes de descompasso entre as disponibilidades e as demandas energéticas, ampliando significativamente a importância do uso responsável de energia. E em boa parte dos casos, a redução das perdas decorre essencialmente da aplicação de conhecimento, sem necessariamente implicar em investimentos elevados. Com efeito, resultados significativos na economia de energia podem ser conseguidos mediante a simples conscientização dos usuários. Sem dúvida, para bem usar energia, é necessário difundir informação e conhecimento aplicado (SANTOS et al., 2007). Embora as fontes renováveis de energia tais como, solar, eólica, geotérmica, biomassa, dos oceanos e pequenas centrais hidrelétricas, ofereçam benefícios meio-ambientais comparando-as com os combustíveis fósseis, o custo de geração ainda permanece mais caro. Estes custos têm diminuído, e é provável que diminuam ainda mais, porém, sua implementação poderia ser acelerada se os governos gastassem quantidades de dinheiro adicionais em pesquisa e desenvolvimento. Fazendo-se isto, gerações atuais e futuras poderiam obter benefícios através do uso de energia sustentável e de um meio ambiente mais limpo. O aumento da eficiência energética de equipamentos, sistemas e processos é obtido através da adequação de normas e códigos e, principalmente, através de programas de premiação e promoção das empresas eficientes. Ademais, o combate aos desperdícios comportamentais se faz pela conscientização e educação do consumidor, mostrando-se o resultado direto em economia e benefícios ambientais provocados pela mudança de hábitos e comportamentos. (MARQUES et al., 2001). Este artigo mostra os resultados e as ações do PROCEL que são perceptíveis. Entretanto, o Brasil por ter uma situação privilegiada com possibilidade de gerar eletricidade a partir de fontes limpas, precisa investir mais no potencial eólico, aumentar a eficiência energética das construções e adotar transportes híbridos/elétricos. De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética, o potencial para geração eólica é de 143 GW e o Brasil aproveita nem 1 % do potencial. Apesar da produção hidrelétrica ser predominante no país, alternativas são necessárias entre os meses de junho e novembro devido ao nível baixo dos reservatórios durante a estiagem. O uso de usinas 2
  • 3. térmicas através de combustíveis fósseis não servem de solução, pois emitem gazes e provocam o efeito estufa. Usinas nucleares apresentam o risco, mesmo que pequeno, de acidentes e assim de vazamento de radiações nocivas para o ambiente exterior, comprometendo a saúde dos seres vivos, além de produzir resíduos nucleares que devem ser isolados em depósitos impermeáveis durante longo tempo. O uso de iluminação por lâmpadas mais eficientes e até mesmo o uso de iluminação natural deve ser mais abrangente, além de aquecimento solar ou a gás, reduzindo a demanda em horários de pico. 2 – Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica O objetivo do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL) é promover a racionalização da produção e do consumo de energia elétrica. O PROCEL foi criado em dezembro de 1985 pelos Ministérios de Minas e Energia e da Indústria e Comércio, sendo gerido por uma Secretaria Executiva subordinada à ELETROBRÁS. Em 1991, o PROCEL foi transformado em Programa de Governo, tendo suas abrangência e responsabilidade ampliadas. Os principais resultados do Procel, para o período de 1986 a 2007, estão indicados na Tabela 1. As principais áreas de atuação do programa são: comércio, saneamento, educação, indústria, edificações, prédios públicos, gestão energética municipal e iluminação pública (www.eletrobras.gov.br/procel/site/home/). A Tabela 2 mostra os resultados acumulados. Os investimentos totais realizados ultrapassam a marca de 1 bilhão de reais, além disso, a energia economizada equivale a uma usina de 6.841 MW. Tabela 1 - Principais resultados do Procel (1986 a 2007). Resultados 1986/2003 2004 2005 2006 2007 (a) Investimentos Eletrobrás/Procel (R$ milhões) 252,01 27,18 37,17 29,24 13,62 (b) Investimentos RGR (R$ milhões) 412,00 54,00 44,60 77,80 39,16 Investimentos do Projeto de Eficiência Energética (c) 2,09 12,97 16,23 6,20 - para o Brasil (R$ milhões) Investimentos Totais Realizados (R$ milhões) 666,08 94,15 98,02 113,24 52,78 Energia Economizada (bilhões de kWh/ano) 17,22 2,373 2,158 2,845 3,930 Redução de Demanda na Ponta (MW) 4.633 622 585 772 1.357 (d) Usina Equivalente (MW) 4.033 569 518 682 942 Investimentos Postergados (R$ bilhões) 10,65 2,50 1,77 2,23 2,76 Fonte: www.eletrobras.com/procel (maio de 2010). (a) Refere-se somente aos recursos orçamentários do Procel efetivamente realizados em cada ano, não sendo considerados os salários do pessoal Eletrobrás/Procel (b) RGR (Reserva Global de Reversão) é o fundo federal constituído com recursos das concessionárias, proporcionais ao investimento de cada uma. (c) Refere-se ao investimento de US$ 11,9 milhões do GEF (Global Environment Facility) e a contrapartida da Eletrobrás; (d) Obtida a partir da energia economizada, considerando um fator de capacidade médio típico de 56% para usinas hidroelétricas e incluindo 15% de perdas médias na T&D para a parcela de conservação de energia. Tabela 2 – Resultados Acumulados pelo Procel. Resultados Total (e) Investimentos Totais Realizados (R$ bilhão) 1,02 Energia Economizada e Geração Adicional (bilhões (f) 28,5 de kWh/ano) Redução de Demanda na Ponta (MW) 7.969 Usina Equivalente (MW) 6.841 Investimento Postergado (R$ bilhões) 19,9 3
  • 4. Fonte: www.eletrobras.com/procel (maio de 2010). (e) Inclui a parcela relativa à RGR e os Recursos do Projeto de Eficiência Energética para o Brasil; (f) A energia economizada e a geração adicional acumuladas são calculadas apenas adicionando-se as economias a cada ano, não considerando a persistência das medidas implementadas. Em novembro de 2006, a Eletrobrás/PROCEL lançou o portal PROCEL INFO – Centro Brasileiro de Informação de Eficiência Energética (www.procelinfo.com.br). O PROCEL INFO tem como objetivos reunir e disponibilizar informações de interesse, produzidas no Brasil e no exterior, para os públicos que atuam na área de eficiência energética, e facilitar sua integração e, assim, ser reconhecido com referência nacional na disseminação de informação qualificada sobre o uso racional e eficiente da energia. O portal está dividido em: Informações Institucionais, Indicadores, Informações Técnicas, Simuladores, Agentes, Fontes de Financiamentos, Legislação, Cursos e Eventos, Notícias e Reportagens, além de ferramentas de colaboração disponíveis. A Figura 1 apresenta a concepção geral do portal. Figura 1 – Concepção geral do portal PROCEL INFO. Fonte: Procel Info – Um ano: Resultado e Perspectivas, 2007. O portal apresentou, nos meses de novembro de 2006 a novembro de 2007, uma média de 306 usuários cadastrados por mês, totalizando aproximadamente 3.700 no período. Desses usuários, cerca de 40% são do Rio de Janeiro e São Paulo. O fato de o maior número de usuários cadastrados serem dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, é conseqüência da estratégia de atuação do Portal, que tem como público-alvo os agentes intermediários da área de eficiência energética, concentrados na região Sudeste. Analisando-se ainda o perfil de usuários, pode-se verificar que há forte interesse de universidades no tema de eficiência energética. O contrato de concessão de energia elétrica, firmado entre as empresas de distribuição e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), estabelece uma série de obrigações e encargos; sendo que uma dessas obrigações “consiste em aplicar anualmente o montante de no mínimo 0,5 % de sua receita operacional líquida, em ações que tenham por objetivo o combate ao desperdício de energia elétrica” (ANEEL, 2008). Para o cumprimento desta obrigação, as concessionárias devem apresentar à ANEEL uma série de projetos que compõem seu Programa Anual de Combate ao Desperdício de Energia Elétrica (PEE), no qual devem conter metas físicas e financeiras. A Tabela 3 apresenta os resultados desse projeto; podem ser identificadas a quantidade de empresas que participaram, o investimento realizado, a demanda evitada e a energia economizada. Percebe-se que durante o período de 1998 a 2006, foram investidos 1.919 milhões de R$ o que acarretou em uma economia de energia 5.559 GWh. A Tabela 4 mostra os tipos de projetos realizados (período 2000/2001 a 2004/2005); deve-se ressaltar que a maioria desses 4
  • 5. projetos visa o consumidor de baixa renda através da substituição de geladeiras antigas por novas e de lâmpadas incandescentes por eletrônicas. Tabela 3 – Investimentos das distribuidoras em pesquisa e eficiência energética. Energia Números de Investimento Demanda evitada Ciclo economizada empresas (milhões de R$) (MW) (GWh/ano) 1998/1999 17 196 250 755 1999/2000 42 230 370 1020 2000/2001 64 152 251 894 2001/2002 64 142 85 348 2002/2003 64 154 54 222 2003/2004 64 313 110 489 2004/2005 64 175 275 925 2005/2006 64 296 141 538 2006/2007 60 261 138 368 Total 1919 1674 5559 Fonte: ANEEL e CZAPSKI, 2008; com modificações. Tabela 4 – Tipos de projetos realizados (período 2000/2001 a 2004/2005). Tipo Investimento apropriado Demanda evitada Energia economizada (milhões de R$) (MW) (GWh/ano) Iluminação pública 374,6 175 797 Residencial 133,5 313 930 Industrial 96,0 59 376 Serviços públicos 91,3 118 312 Educação 80,9 25 90 Comércio e serviços 59,5 30 130 Poder público 34,8 14 57 Aquecimento solar 19,4 n.d. n.d. Rural 14,6 9 83 Perdas 12,4 17 79 Gestão E. municipal 11,5 n.d. n.d. Fator de carga 11,2 6 0,6 Total 939 765 2853 Fonte: ANEEL e CZAPSKI, 2008; com modificações. Um passo importante foi dado com a criação do portal PROCEL INFO – Centro Brasileiro de Informação de Eficiência Energética. Nele são encontrados os dados mais relevantes sobre a eficiência energética no Brasil e os softwares que auxiliam os projetos; além de uma relação das fontes de financiamento. Segundo dados do PROCEL, o total de investimentos em eficiência energética foi de R$ 292 milhões, com uma economia de energia média de 1.573 GWh/ano. Na Tabela 5 são apresentados o consumo final e as energias economizadas (por programa) anuais. As considerações para a elaboração da tabela foram: (a) A unidade utilizada foi a tonelada equivalente de petróleo (tep). Segundo o Balanço Energético Nacional (BEN) 2009, cada tep equivale a 11,63 MWh. (b) Com relação ao PROCEL, para os anos de 1999, 2000 e 2001, foi utilizado a média da energia economizada entre os anos de 1986 a 2001, ou seja, 14 GWh dividido por 16 anos ou 0,875 GWh/ano. Pela análise da tabela percebe-se que a energia economizada, devido ao PROCEL, cresce anualmente, passando de 0,392 % da energia consumida com eletricidade em 2002 para 0,953 % em 2007. O Programa Anual de Combate ao Desperdício de Energia Elétrica (PEE) da ANEEL apresenta uma característica irregular, variando de 0,107 % a 0,089 % para o mesmo intervalo de tempo – com um pico de 0,246 % no ano de 2005. Os programas somados atingem um pouco mais de 1 % para o ano de 2007. Para evitarmos o aumento do consumo de gás, óleo combustível e carvão nos próximos anos essa porcentagem precisa aumentar radicalmente. 5
  • 6. Tabela 5 – Consumo final e energia economizada por ano. 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Consumo final 170.48 3 171.949 172.186 178.160 182.114 191.197 195.909 202.898 215.499 total (10 tep) 2 Eletricidade 3 27.144 28.509 26.626 27.884 29.430 30.955 32.267 33.536 35.443 (10 tep) 3 PROCEL (10 0,075 0,075 0,075 109,20 156,233 204,041 185,554 244,625 337,919 tep) PROCEL/ 2,76 X 2,63 X 2,82 X Eletricidade 10 -4 10 -4 10 -4 0,392 0,531 0,659 0,575 0,729 0,953 (%) PEE – ANEEL 3 64,918 87,704 76,870 29,922 19,088 42,046 79,535 46,260 31,642 (10 tep) PEE/ Eletricidade 0,239 0,308 0,289 0,107 0,065 0,136 0,246 0,138 0,089 (%) Total de energia 64,993 87,779 76,945 139,122 175,321 246,087 265,089 268,885 369,561 economizada 3 (10 tep) Energia economizada/ 0,239 0,308 0,300 0,500 0596 0,795 0,821 0,803 1,043 Eletricidade (%) Fonte: Elaboração própria com dados de BEN, 2009; ANEEL e CZAPSKI, 2008; www.eletrobras.com/procel, 2010. 4 – Cenários para Eficiência Energética no Brasil A Tabela 6 mostra as projeções para eficiência energética elaborados pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética) (PNE – 2030 – Eficiência Energética, 2009) para os anos de 2010, 2020 e 2030. O estudo do EPE elaborou quatro cenários, a saber: A – “Na Crista da Onda”, B1 – “Surfando na Marola”, B2 – “Pedalinho e C – “Náufrago”. Os cenários A e B1 são caracterizados por um processo de gestão eficaz no país, “onde gargalos de infra-estrutura e oferta de financiamento não se constituem restrições efetivas ao desenvolvimento do país”. Os cenários B2 e C apresentam restrições internas que impactam negativamente na penetração de alternativas eficientes de uso de eletricidade (PNE – 2030 – Eficiência Energética, 2009). Os dados apresentados pelo estudo da EPE referem-se à indústria. Tabela 6 – Cenários para Eficiência Energética no Brasil segundo EPE. 2010 2020 2030 Cenários Energia Energia Energia Energia Energia Energia para economizada economizada economizada economizada economizada economizada Indústria 3 3 3 (GWh) (10 tep) (GWh) (10 tep) (GWh) (10 tep) – EPE A 4.797 412,468 19.398 1.667,928 48.343 4.156,750 B1 3.320 285,469 11.846 1.018,573 21.705 1.866,294 B2 1.833 157,609 7.139 613,843 13.813 1.187,704 C 1.552 133,447 4.996 429,578 9.083 780,997 Fonte: Adaptado de EPE, 2009. A Tabela 7 apresenta o potencial de economia de energia segundo a Agenda Elétrica Sustentável 2020 (WWF Brasil, 2007). A tabela está dividida em setores residencial (r), industrial (i) e comercial e público (c+p). A penúltima linha é a somatória dos valores da indústria. Pela análise da tabela, o setor industrial economizará 85.721 GWh no ano de 2020. Esse valor é quase 4,5 vezes maior do que o projetado pela EPE no cenário A - o mais otimista. Em 2030, a indústria economizará 48.383 GWh (segundo dados da EPE), atingindo pouco mais de 50% do que foi publicado pela Agenda Elétrica Sustentável 2020. A Tabela 8 mostra o consumo final de eletricidade para o setor industrial para os anos de 2010, 2020 e 2030 para os quatro cenários. 6
  • 7. Tabela 7 – Potencial de Economia de Energia para o ano de 2020 segundo WWF Brasil. Setores Potencial de Economia 3 (GWh) (10 tep) Chuveiro elétrico (r) 27.110 2.331,040 Iluminação (c+p) 29.984 2.578,160 Outros usos (i) 17.097 1.470,077 Iluminação elétrica (r) 8.606 739,983 Ar-condicionado (r) 1.847 158,813 Ar-condicionado (c+p) 6.340 545,141 Aquecimento direto (i) 13.441 1.155,718 Geladeira (r) 6.178 513,212 Freezer (r) 2.715 233,448 Refrigeração (c+p) 2.932 252,107 Troca de motores (i) 55.183 4.744,884 Setor industrial (subtotal) 85.721 7.370,679 Total 107.730,6 9.263,164 Fonte: Adaptado de WWF Brasil, 2007. Tabela 8 – Consumo final de eletricidade na indústria. 2010 2020 2030 Cenários para Indústria – Consumo (TWh) Consumo (TWh) Consumo (TWh) EPE A 238,8 362,6 557,0 B1 237,0 338,5 460,3 B2 231,9 312,3 415,3 C 231,0 292,4 380,4 Fonte: Adaptado de EPE, 2009. A porcentagem de energia economizada pode ser calculada dividindo-se a energia economizada (Tabela 6) pelo consumo final de eletricidade (Tabela 8). A Tabela 9 mostra os resultados para os quatro cenários. Pelos dados da Tabela 5 a porcentagem de energia economizada para o ano de 2007 foi de 1,043 %. Esse valor é próximo ao calculado (1,04 %) para o cenário B1. Se os investimentos nos programas de eficiência energética continuarem, a porcentagem de energia economizada ficará entre os dois cenários (A e B1) - para os anos de 2020 e 2030. Na melhor situação (cenário A) a porcentagem de energia economizada atinge 8,68 % em 2030. Tabela 9 – Porcentagem de energia economizada. Cenários para a 2010 2020 2030 Indústria A 2,01 5,35 8,68 B1 1,04 3,50 4,71 B2 0,79 2,29 3,33 C 0,67 1,71 2,39 Fonte: Elaboração própria. 5 – Conclusões Os cenários A - “Na Crista da Onda” e B1 – “Surfando na Marola”, elaborados pela EPE, parecem ser os mais realistas para o potencial de energia economizada para os anos de 2020 e 2030. Infelizmente os números apresentados pela Agenda Elétrica Sustentável 2020 diferem consideravelmente do estudo apresentado pela empresa estatal. Para que esses cenários se tornem uma realidade é necessário um Plano Nacional de Eficiência Energética que integre indústria, Estado e universidades. Além disso, o Estado também deve estimular os projetos e a construção de usinas eólicas, solares, de biomassa etc. Os dois pilares para o desenvolvimento do país, com um menor impacto ambiental, são: utilização de fontes renováveis de energia e eficiência energética. 7
  • 8. Palavras Chaves: eficiência energética, desenvolvimento sustentável, fontes renováveis, uso racional de energia. 6 – Referências CZAPSKI, S. “Investimento em ganho de eficiência atingem R$ 1,4 bi”. Valor Econômico. Especial – Empresa & Comunidade, 22 de janeiro de 2008. EPE - Empresa de Pesquisa Energética. PDE – Plano Decenal de Expansão. Disponível em: www.epe.gov.br MARQUES, M.; HADDAD, J.; MARTINS, A. R. S. M. “Conservação de energia – Eficiência energética de instalações e equipamentos”. Itajubá: FUPAI, 2001. PNE – 2030 – Eficiência Energética. Plano Nacional de Energia 2030. Disponível em: www.epe.gov.br PROCEL INFO - Centro Brasileiro de Informação em Eficiência Energética. Disponível em: http://www.eletrobras.com/elb/procelinfo/main.asp ____________. Um ano: Resultado e Perspectivas, 2007. Trabalho apresentado no Fórum Permanente de Energia e Meio Ambiente da Unicamp, 4 de Setembro de 2007 (Auditória da Biblioteca Central). Disponível em: http://www.cori.unicamp.br/foruns/energia/foruns_energia.php. SANTOS, A. H. M.; BORTONI, E. C.; GUARDIA, E. C.; NOGUEIRA, F. J. H.; HADDAD, J.; NOGUEIRA, L. A. H.; PIRANI, M. J.; DIAS, M. V. X.; VENTURINI, O.; CARVALHO, R. D. M.; YAMACHITA, R. A. “Eficiência Energética – Teoria & Prática”. 1ª. ed. Itajubá: FUPAI, 2007. WWF Brasil. Agenda Elétrica Sustentável 2020. 2007. Disponível em: http://www.wwf.org.br/ 6.1 - Referências Infográficas ANEEL. In Internet Site: www.aneel.com.br BEN - Balanço Energético Nacional. Ministério de Minas e Energia. In Internet site: https://ben.epe.gov.br/ 8