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Inovação e Competitividade
Contributos (e desafios) da geografia para a construção
de um futuro desejado
Luís Carvalho
Auditório do Museu Nacional Soares dos Reis
14.10.2016
Competitividade e território:
um longo debate
Competitividade e território:
um debate central
• Capacidade de um dado território de
atrair/reter pessoas, empresas e investimentos
sustentadamente
• Futuro desejado? Competitividade = f
(inovação)...
Um debate (e políticas públicas)
essencialmente dominado pela Economia
1. Micro (empresas): fatores de competitividade
empresarial
2. Macro (país): custos de contexto, fiscalidade,
justiça
3. Visão meso: clusters à la Porter, sistemas
regionais de inovação, etc.
Política de Clusters: o fast food da
competitividade territorial
A formula é sempre a mesma:
escolher um setor da moda,
construir um parque tecnológico
perto de uma universidade,
oferecer incentivos para a atração
e localização de empresas, colocar
algum capital de risco e observar a
magia a acontecer.
Mas, como tem sido notado, a
magia nunca acontece.
Vivek Wadhwa, the Washinghton Post,
Innovations July 14, 2011
A visão da “Nova Geografia Económica”
• Políticas baseadas nas pessoas e não nos territórios
• A fragmentação de recursos por diferentes territórios é
ineficiente
• As políticas públicas não têm as “alavancas” necessárias e a
sua gestão será sempre complexa
• Regiões “ganhadoras” geram retornos fiscais para apoiar
pessoas em regiões em declínio
• e.g. WDR 2009: Reshaping Economic Geography
A crítica (empírica) da OCDE
• Perda de dinamismo das grandes áreas metropolitanas
europeias
– Vantagens da aglomeração não são lineares nem infinitas,
choques, etc...
• Territórios intermédios e rurais explicam 2/3 do
aumento de produtividade na EU entre 1995-2007
– Há potenciais de competitividade ancorados em diferentes
tipos de cidades e territórios
Contributos e desafios da geografia para a
construção de um futuro desejado
1. Não atirar o bebé (“clusters”) com a água do
banho (explorar, sintetizar, re-teorizar, etc.)
2. Resolver o dilema “tudo igual vs. tudo
específico”: tipos e “clubes” de cidades
3. Falar a linguagem do debate (RIS3, place-based,
etc.)
4. Para além da eficiência: chamar a atenção para
questões de justiça e equidade territorial
Obrigado
lcarvalho@letras.up.pt
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  • 4. Um debate (e políticas públicas) essencialmente dominado pela Economia 1. Micro (empresas): fatores de competitividade empresarial 2. Macro (país): custos de contexto, fiscalidade, justiça 3. Visão meso: clusters à la Porter, sistemas regionais de inovação, etc.
  • 5. Política de Clusters: o fast food da competitividade territorial A formula é sempre a mesma: escolher um setor da moda, construir um parque tecnológico perto de uma universidade, oferecer incentivos para a atração e localização de empresas, colocar algum capital de risco e observar a magia a acontecer. Mas, como tem sido notado, a magia nunca acontece. Vivek Wadhwa, the Washinghton Post, Innovations July 14, 2011
  • 6. A visão da “Nova Geografia Económica” • Políticas baseadas nas pessoas e não nos territórios • A fragmentação de recursos por diferentes territórios é ineficiente • As políticas públicas não têm as “alavancas” necessárias e a sua gestão será sempre complexa • Regiões “ganhadoras” geram retornos fiscais para apoiar pessoas em regiões em declínio • e.g. WDR 2009: Reshaping Economic Geography
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  • 10. Contributos e desafios da geografia para a construção de um futuro desejado 1. Não atirar o bebé (“clusters”) com a água do banho (explorar, sintetizar, re-teorizar, etc.) 2. Resolver o dilema “tudo igual vs. tudo específico”: tipos e “clubes” de cidades 3. Falar a linguagem do debate (RIS3, place-based, etc.) 4. Para além da eficiência: chamar a atenção para questões de justiça e equidade territorial