Frei Tito de Alencar Lima foi um frei dominicano brasileiro que sofreu tortura durante a ditadura militar brasileira. Após ser deportado para o Chile e fugir para a Itália e França, Frei Tito viveu traumatizado pelas torturas e acabou sendo encontrado morto em 1974, possivelmente por suicídio. Sua morte permanece um mistério, mas ele se tornou um símbolo da luta pelos direitos humanos no Brasil.
MESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
Língua Portuguesa Tito de Alencar Lima
1. Tito de Alencar Lima
Frei Tito
Nome completo
Tito de Alencar Lima
Nascimento
14 de setembro de1945 (67 anos)
Fortaleza
Morte
10 de agosto de 1974 (28 anos)
Éveux, França
Nacionalidade
Ocupação
Brasileiro
Dominicano
Frei Tito de Alencar Lima, OP, (Fortaleza, 14 de setembro de 1945 — Convento Sainte-Marie de
La Tourette, Éveux, França, 10 de agosto de1974) foi um frade católico brasileiro.
Biografia
Nasceu em Fortaleza e estudou no Liceu do Ceará. Assumiu a direção da Juventude Estudantil
Católica em 1963 e foi morar em Recife. Ingressou no noviciado dos dominicanos em Belo
Horizonte em 1966 e fez a profissão dos votos no ano seguinte, mudando-se então para São
Paulo para estudar Filosofia na Universidade de São Paulo.[1] Em outubro de 1968, Frei Tito foi
preso por participar de um congresso clandestino da União Nacional dos Estudantes em Ibiúna. Foi
fichado pela polícia e tornou-se alvo de perseguição da repressão militar.
No dia 4 de novembro de 1969, foi preso juntamente com outros dominicanos pelo Delegado Fleury,
do DOPS. Durante cerca de trinta dias, sofreu torturas nas dependências deste órgão, de onde foi
levado para o Presídio Tiradentes.
2. As torturas
No início de 1970, Frei Tito foi torturado nos porões da chamada ―Operação Bandeirantes‖. Na
prisão, ele escreveu sobre a sua tortura e o documento correu pelo mundo e se transformou em
símbolo de luta pelos direitos humanos. Em 1971 foi deportado para o Chile e, sob a ameaça de
novamente ser preso, fugiu para a Itália. Em Roma, não encontrou apoio da Igreja Católica, por ser
considerado um ―frade terrorista‖. De Roma foi para Paris, onde recebeu apoio dos dominicanos.
Traumatizado pela tortura que sofreu, Frei Tito submeteu-se a um tratamento psiquiátrico. Seu
estado era instável, vivendo uma agoniada alternância entre prisão e liberdade diante do passado.
Para se ter ideia de como o seu trauma era terrível, saiba de uma história ocorrida em sua
vida: Uma vez, em pânico, recusou-se a entrar no convento e os frades chamaram o freiXavier
Plassat. Ao encontrar Tito, no meio da chuva, assustado e escondido atrás de uma árvore, dizia que
Fleury não o deixava entrar no convento. Xavier então pediu a Tito para tomar café com a
"autorização de Fleury" (segundo a visão de Tito). Ao entrar no carro, Xavier pediu para Tito esperar
no carro enquanto buscava alguns agasalhos. Quando Xavier voltou para o veículo, Tito estava fora
do carro (escondido na mesma árvore) e assustado, como se Fleury tivesse entrado no automóvel.
O fim
No dia 10 de agosto de 1974, um morador dos arredores de Lyon, encontrou o corpo de Frei Tito,
suspenso por uma corda. A causa da morte – suspeita de suicídio – tornou-se um enigma.
Foi enterrado no cemitério dominicano Sainte Marie de La Tourette, em Éveux. Em 25 de
março de 1983, o corpo de Frei Tito chegou ao Brasil.Antes de chegar a Fortaleza, passou por São
Paulo, onde foi realizada uma celebração litúrgica em memória dos mortos pela ditadura de 1964: o
próprio Frei Tito e Alexandre Vannucchi. Cercado por bispos e numeroso grupo de sacerdotes,
Dom Paulo Evaristo Arns repudiou a tragédia da tortura em missa de corpo presente acompanhada
por mais de quatro mil pessoas. A missa foi celebrada em trajes vermelhos, trajes usados em
celebrações dos mártires.
A agenda
Poucos dias antes de morrer, Frei Tito escreveu na sua agenda:
São noites de silêncio
Vozes que clamam num espaço infinito
Um silêncio do homem e um silêncio de Deus.