O documento resume os principais pontos do utilitarismo ético de acordo com Jeremy Bentham e John Stuart Mill. Apresenta Bentham como o criador do utilitarismo e seu princípio da maior felicidade, além de detalhar seu cálculo da felicidade. Discute também o utilitarismo qualitativo de Mill, que diferencia os tipos de prazer, e seu liberalismo baseado na defesa das liberdades individuais.
2. O UTILITARISMO ÉTICO
OBJETOS DO CONHECIMENTO
• Jeremy Bentham: a criação do utilitarismo.
• John Stuart Mill: o utilitarismo qualitativo.
3. UTILITARISMO – ÉTICO
O utilitarismo é uma doutrina
que avalia a moral e, sobretudo,
as consequências dos atos
humanos. Caracteriza-se pela
ideia de que as condutas
adotadas devem promover a
felicidade ou prazer do coletivo,
evitando assim as ações que
levam ao sofrimento e a dor.
5. A criação do utilitarismo ético
Jeremy Bentham (1748-1832) foi um filósofo inglês,
além de economista e especialista em direito jurídico
que viveu entre os séculos XVIII e XIX, período marcado
por grandes transformações políticas, econômicas e
sociais. Seu pensamento herdou valores do Iluminismo
e refletiu as mudanças da época, como a Revolução
Industrial, a ascensão econômica da burguesia, a
Revolução Francesa e a Independência dos Estados
Unidos.
6. O UTILITARIMSO QUANTITATIVO
Bentham estudou Direito, mas não exerceu a
advocacia; direcionou sua atenção à Filosofia do
Direito e à Filosofia Moral.
O pensador era um grande crítico do Direito inglês
e assumia uma postura reformista em relação às
leis, tendo por objetivo o aprimoramento social e
político da sociedade.
Sociedade da sua época:
* Êxodo Rural
* Revolução Industrial – exploração trabalhista –
problemas sociais – criminalidade – Pobreza
extrema -
7. Princípio ético da Utilidade
Para Jeremy Bentham, a utilidade
estaria no prazer coletivo, na
garantia dos interesses e na
promoção da maior felicidade
possível da comunidade em geral.
Dessa maneira, o princípio
utilitarista representaria a
maximização do útil como regra
de ação dos indivíduos e das
instituições sociais, como o
governo e o sistema de justiça.
8. O hedonismo e o utilitarismo na busca pelo prazer
A palavra “hedonismo” vem do grego antigo e
significa “prazer”. Como corrente filosófica, o
hedonismo afirma que o prazer tem papel
central para a humanidade, e o objetivo da
vida é maximizar o prazer e minimizar a dor.
O prazer seria toda fonte de alegria,
satisfação, gosto, alívio, euforia e sentimentos
similares. Já a dor seria toda forma a ser
desprezada, como agonia, sofrimento,
desconforto, medo e tristeza.
9. Semelhança e diferença entre Utilitarismo e Hendonismo
A abordagem do utilitarismo se assemelha à do
hedonismo, porque deposita na felicidade o
valor de toda ação.
Mas é uma ética normativa mais altruísta:
enquanto o hedonismo defende uma inclinação
egoísta do indivíduo na busca pelo próprio bem,
o utilitarismo serve de valor moral para a
utilidade geral em maximizar a felicidade (ou
prazer) do maior número possível de pessoas.
10. Jeremy Bentham: concepção do princípio de utilidade
Agir conforme a maior felicidade ou bem-estar possível das pessoas afetadas
pela ação; uma boa ação seria aquela que apresenta utilidade, ou seja, que
produz mais felicidade ou prazer.
O filósofo fundou o princípio utilitarista a partir de uma noção ética da avaliação
das consequências e efeitos das ações, por meio da reflexão sobre se as condutas
são eticamente corretas ou não
11. Jeremy Bentham: concepção do princípio de utilidade
Bentham batizou esse preceito
responsável por respaldar ou
impedir qualquer ação conforme a
felicidade ou o sofrimento das
pessoas de princípio da felicidade
ou princípio da maior felicidade.
Esse fundamento se estenderia
como uma moral a ser aplicada em
todos os campos da vida, seja na
avaliação das ações dos indivíduos,
seja na política, no Direito e até
mesmo na economia.
12. Jeremy Bentham: concepção do princípio de utilidade –
exemplos
Um exemplo de aplicação da moral utilitarista
é a defesa a um ato terrorista, como o que
aconteceu em 11 de setembro de 2001, em
que foram destruídas as Torres Gêmeas, em
Nova York (Estados Unidos). Em uma situação
similar, se um avião fosse sequestrado e
direcionado a um prédio e houvesse tempo
para impedir o ataque, o governo derrubaria o
avião antes de atingir o alvo. A vida seria
sacrificada, inclusive a de pessoas inocentes a
bordo, em favor do maior número de vidas
que seriam poupadas.
13. Jeremy Bentham: concepção do princípio de utilidade –
exemplos
Arrebanhando mendigos. Bentham afirmou que, apesar de haver mendigos que
se sentiam felizes na mendicância, a maioria se sentia mais feliz amparado em
abrigos. Assim, o filósofo inglês propôs o deslocamento dos moradores de rua
para reformatórios.
14. Jeremy Bentham: O cálculo da felicidade
Bentham apresentou uma visão quantitativa de bem-estar ao propor o cálculo da felicidade, expressão
matemática do grau de felicidade sentida pelos indivíduos. O valor de uma dor ou prazer seria medido
de acordo com variáveis definidas, conforme as definições a seguir:
• Intensidade: um prazer intenso é mais útil que um prazer de baixa intensidade;
• Duração: um prazer longo é mais útil que um prazer passageiro;
• Certeza: um prazer é mais útil se tiver a certeza de que será realizado;
• Proximidade: um prazer imediato é mais útil do que um prazer a ser realizado em um futuro distante;
• Fecundidade: um prazer que leva a outros prazeres é mais útil do que um prazer único;
• Pureza: um prazer que não produz sofrimentos posteriores é mais útil do que um prazer que pode levar
a possíveis sofrimentos;
• Extensão: um prazer usufruído por muitos é mais útil do que um prazer vivido individualmente.
15. Jeremy Bentham: utilitarismo quantitativo
O utilitarismo é uma postura ética consequencial, ou seja, valoriza as
consequências das ações para avaliar o que é certo; ele diverge, por exemplo, do
dever moral na Filosofia de Immanuel Kant (1724--1804), que privilegia a
finalidade como critério para a moralidade. Para Kant, o dever é o princípio de
toda moralidade, independente das consequências das ações.
16. Diferença: Jeremy Bentham X Immanuel Kant
Soldados nazistas ocupando a Polônia em
1939, início da Segunda Guerra Mundial.
Na moral kantiana, se, durante o governo
nazista na Alemanha, um grupo de judeus
tivesse que passar por um soldado
nazista, ele teria que dizer sua origem,
mesmo sabendo que seus integrantes
seriam presos e mortos pelos alemães,
pois é dever moral dizer a verdade,
independente das consequências da
ação.
Já na análise utilitarista, mentir para o
soldado alemão seria uma ação
justificada pela consequente
sobrevivência e felicidade do grupo de
judeus.
17. O panóptico de Bentham
Jeremy Bentham desenvolveu um projeto
para suprir a necessidade de vigiar indivíduos
que precisam ser assistidos, como pessoas
com distúrbios mentais, infratores e, até
mesmo, crianças em instituições, como
prisões, orfanatos, manicômios, etc. O
filósofo desenvolveu uma proposta
arquitetônica que permitisse a vigília
constante e o controle dos assistidos sem que
eles soubessem se estavam ou não sendo
observados. O princípio de vigília constante
seria um instrumento de controle chamado
de panóptico.
20. John Stuart Mill: O utilitarismo qualitativo
John Stuart Mill (1806-1873) foi
um filósofo britânico, um dos mais
famosos e influentes do século
XIX, e seguidor de Jeremy
Bentham. Embora discordasse de
algumas afirmações de seu
antecessor, Mill relatou que o
contato com o pensamento moral
benthaniano, ainda na
adolescência, foi decisivo na
estruturação de seu pensamento.
21. John Stuart Mill: O utilitarismo qualitativo
Para Bentham, não existiam diferenças qualitativas entre as formas de prazer;
seu viés hedonista era estritamente igualitário e não distinguia prazeres simples
– como comer pipoca e assistir a um seriado – de prazeres sofisticados e
complexos.
Para Stuart Mill - o prazer era medido quantitativamente: prazeres intelectuais,
como adquirir conhecimento científico, seriam superiores aos prazeres
sensoriais, como assistir a vídeos de entretenimento.
22. Utilitarismo quantitativo versus utilitarismo qualitativo
A imagem a seguir representa o famoso
dilema do bonde, idealizado pela
filósofa britânica Philippa Foot (1920-
2010), que permite refletir sobre a
posição dos utilitaristas. Vamos
considerar que a pessoa amarrada ao
trilho, sozinha, seja um cientista que
descobriu a cura do câncer e as outras
cinco pessoas sejam indivíduos
comuns. O bonde está fora de controle
e não pode ser parado; é possível
apenas escolher a direção que ele
seguirá.
23. Utilitarismo quantitativo versus utilitarismo qualitativo
Se nos ampararmos no pensamento utilitarista quantitativo de Jeremy
Bentham, pelo Princípio da Maior Felicidade, devemos defender que o bonde
seja desviado para a esquerda, atropelando o cientista, já que sua morte
representaria um sofrimento menor em relação à morte de cinco pessoas. Se
considerarmos o princípio utilitarista qualitativo de John Stuart Mill, contudo,
devemos argumentar que o bonde seja extraviado para a direita, salvando o
cientista, que produziria felicidade a um número maior de pessoas com a
descoberta do câncer.
24. O pensamento liberal de Mill
Mill era defensor do liberalismo; mas,
diferente dos liberais, que
tradicionalmente legitimam suas ideias a
partir dos direitos fundamentais e
naturais do ser humano (direito à vida, à
liberdade e à propriedade, por exemplo),
Mill defendia que os governos fossem
garantidores das liberdades básicas para
que os indivíduos pudessem desenvolver
e exercitar suas capacidades em busca da
maior felicidade possível, praticando o
utilitarismo.
25. O pensamento liberal de Mill
Na obra Sobre a Liberdade (1859), Mill reflete sobre o papel do Estado e a relação com
seus governados, defendendo a liberdade e admitindo que a única forma de intervenção
legítima do Estado é aquela destinada à prevenção de danos às pessoas.
Dessa forma, os indivíduos seriam detentores de toda a liberdade possível e
responsáveis pelas consequências de seus atos, desde que suas ações não
prejudicassem outras pessoas.
Por exemplo, podemos pensar em ações de indivíduos que põem em risco a própria
saúde, como os que consomem álcool excessivamente: na perspectiva de Mill, não
caberia ao Estado intervir diretamente nesses casos, a não ser quando a ação pudesse
causar danos a terceiros – se um pai, devido ao alcoolismo, deixasse de prover a
segurança ou sustento de seus filhos, por exemplo.
26. O pensamento liberal de Mill
Mill desenvolve o conceito de princípio de dano, segundo o qual o exercício das
liberdades básicas deve ser garantido, mas limitado em situações que possam
causar prejuízos a terceiros.
27. O pensamento liberal de Mill
Para Mill, a liberdade era indispensável para a ampliação do espírito humano e,
consequentemente, para a felicidade. Ao defender as liberdades básicas, ele
evidenciou a importância da liberdade de expressão e argumentou que
compreender sua relevância incentivaria a defesa das liberdades individuais em
geral. Assim, no pensamento do filósofo, a defesa das liberdades de expressão
estabelecia as bases do liberalismo.