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MOTIVOS DA CRISE DO IMPÉRIO
• As décadas de 1870 e 1880 são de crise do Império Brasileiro, o
processo de desgaste foi lento e ocasionado por um conjunto de
fatores:
 Fortalecimento do Exército com o fim da Guerra do Paraguai;
 Fundação do Partido Republicano;
 Questão Religiosa (1872-1875);
 Questão Militar (1884-1887);
 Difusão das ideias Positivistas;
 A estranheza de um regime monárquico nas Américas.
 A abolição da escravidão;
 A questão da sucessão ao trono → doença de D. Pedro II e
rejeição ao futuro terceiro reinado da Princesa Isabel. 2
FORTALECIMENTO DO EXÉRCITO
• Após a Guerra do Paraguai, o Exército,
vitorioso, queria se desvincular de funções
consideradas degradantes, por exemplo, a de
capitão do mato.
• Alguns membros da elite queriam que o
Exército voltasse a sua condição anterior →
a Guarda Nacional tendo maior destaque.
• A incorporação de homens negros à tropa,
muitos oferecidos pelos seus senhores em
troca do seu recrutamento, fez com que a
composição do Exército fosse modificada →
havia praças e até oficiais de baixo escalão
negros → Como continuar apoiando a
escravidão se os negros se mostraram
igualmente valorosos no conflito?
3
CONFLITO COM A GUARDA NACIONAL
• Criada em 1831, a Guarda Nacional passou por duas
reformulações:
• Em 1850, com a centralização, passou a ser subordinada ao
ministro da Justiça e aos presidentes da província, houve,
também, o aumento da renda mínima exigida para o
recrutamento, sobretudo nas patentes mais elevadas.
• Em 1873, foi estabelecido que só poderia ser acionada em
situações de guerra com outras nações ou em rebeliões que
pudessem colocar em risco as instituições → perde seu papel de
polícia.
• Depois da Guerra do Paraguai, ficou claro que a Guarda
Nacional era uma força militar concorrente do Exército
Brasileiro e que a convivência entre as duas instituições seria
difícil.
4
“SOMOS DA AMÉRICA E QUEREMOS
SER AMERICANOS.”
• O Manifesto Republicano foi publicada por membros dissidentes
do Partido Liberal (luzias), liderados por Quintino Bocaiúva e
Joaquim Saldanha em 3 de dezembro de 1870.
• A partir daí, os clubes republicanos se multiplicaram pelo país,
mas um partido só foi fundado em 1873 e não era um partido que
clamava ser nacional, mas o Partido Republicano Paulista (PRP),
que seria dominante durante a 1ª República (1889-1930).
• Quando os primeiros deputados republicanos foram eleitos, D.
Pedro II os dispensou de jurar fidelidade a sua pessoa.
• Se os republicanos do manifesto eram em sua maioria membros
das camadas médias urbanas, alguns, como Silva Jardim e Lopes
Trovão, defendendo mesmo um levante popular, os fundadores do
PRP eram em sua maioria latifundiários e defensores de ideais
federalistas, isto é, maior autonomia para as províncias.
5
CONVENÇÃO DE ITU
• Foi a primeira convenção republicana do
Brasil. Realizada em 18 de abril de 1873 na
cidade paulista de Itu, com a presença do
então deputado Prudente de Morais, que
seria o terceiro presidente da república, e
republicanos, tanto conservadores quanto
liberais, de várias cidades paulistas.
• Na convenção, foi aprovada a criação de
uma assembleia de representantes
republicanos que se reuniria em São Paulo.
Participaram 133 convencionais, sendo 78
cafeicultores e 55 de outras profissões, a
representar os republicanos de várias
cidades paulistas. 6
• A ilustração de Angelo de Agostini em 1880, retratando a chamada
Revolta dos Vintém do ano anterior. A população da cidade do Rio
de Janeiro foi para a rua exigir que o aumento do preço dos bondes
fosse suspenso. Lopes Trovão, jornalista republicano radical,
liderou a população até as portas do palácio da Quinta da Boa Vista.
Exigiam ver o imperador. A polícia tentou dispersar a multidão e
teve que chamar o Exército. Houve mortos e feridos. D. Pedro II
lamentou o incidente, inédito em seu governo, o gabinete caiu e o
preço voltou ao que era antes.
7
A CRISE DA SUCESSÃO
• D. Pedro II teve quatro filhos, mas
somente suas duas filhas chegaram à
idade adulta, Isabel (1846) e Leopoldina
(1847).
• Casadas com príncipes estrangeiros,
Leopoldina teve quatro filhos homens em
rápida sucessão, já sua irmã não
conseguia ter filhos.
• Depois da morte precoce de Leopoldina,
em 1871, D. Pedro II assumiu a educação
dos dois netos mais velhos e Pedro
Augusto (1866-1934) foi preparado para
ser o sucessor do avô e sendo o preferido
dentro de alguns círculos das elites
monarquistas do Império.
8
A CRISE DA SUCESSÃO
• A partir de 1875, Isabel teve três filhos em
sucessão: Pedro, Luís (1878) e Antônio
(1881) → estava garantida a sucessão, mas
a Princesa Isabel (1846-1921) era rejeitada
por uma série de motivos:
 Por ser mulher → havia quem defendesse
sua renúncia em favor do sobrinho ou do
filho velho.
 Por ser muito católica → era acusada de
ser ultramontana e que poderia submeter
o governo do Brasil aos interesses do
Vaticano.
 Por causa do marido → o Conde D’Eu era
rejeitado pelas elites agrárias, pelo
Exército e alvo de ataques nos jornais
pelos republicanos.
9
Princesa Isabel, foto de 1870.
A CRISE DA SUCESSÃO
• Apesar das três regências da Princesa
Isabel (1871, 1875-76 e 1787-88), ela era
mantida alijada dos assuntos de Estado
pelo pai mesmo no momento em que sua
saúde declinava.
• D. Pedro II chegou a elogiar a república
como melhor sistema de governo.
• A Lei Áurea retirou o apoio das elites
agrárias que ainda dependiam da
escravidão a um terceiro reinado.
• A república veio pela convergência de
interesses de dois setores importantes →
latifundiários do Oeste Paulista e
militares positivistas. 10
Charge de Angelo de Agostini (1882), em
que D. Pedro II derrubado do trono”
QUESTÃO RELIGIOSA (1872-75)
• No Brasil Imperial existia o Padroado →
nenhum decreto da Igreja Católica teria
efeito no Brasil sem a permissão do
Imperador.
• O Papa Pio IX via na maçonaria uma das
ameaças à Igreja Católica → Em 1864,
enviou uma bula que determinava, entre
outras coisas, que todos os católicos
envolvidos com a maçonaria fossem
imediatamente excomungados.
• A bula não entrou em efeito no Brasil,
porém, em 1872, religiosos ultramontanos,
isto é, que acreditavam que deviam
obediência primeiramente ao papa, tentaram
colocar a ordem em execução.
11
Pio IX
PADROADO: O QUE ERA?
 Os padroados régios concedidos aos reis de Portugal e da
Espanha pelo Papa, e mais tarde estendidos aos imperadores
do Brasil, eram um conjunto de privilégios dados pelo papado
através de sucessivas e gradativas bulas pontifícias, que
delegavam aos monarcas católicos a administração e
organização da Igreja Católica em seus domínios
conquistados e por conquistar.
 O rei padroeiro arrecadava os dízimos eclesiásticos, deveria
construir e prover as igrejas, nomeava os párocos por concursos e
propor nomes de bispos, sendo estes depois formalmente
confirmados pelo Papa.
 Com a criação do padroado, muitas das atividades
características da Igreja Católica passaram a ser funções do
poder político. No centro da Questão Religiosa estava o direito de
padroado.
12
QUESTÃO RELIGIOSA (1872-75)
• É considerado o estopim da questão religiosa, um discurso feito
em 3 de março de 1872 na loja maçônica Grande Oriente do Vale
do Lavradio, no Rio de Janeiro, feito pelo padre José Luís de
Almeida Martins, festejando o visconde do Rio Branco, na época
grão-mestre maçom e presidente do gabinete de Dom Pedro II,
pela sua vitória política que resultara na promulgação da Lei do
Ventre Livre.
• O bispo da cidade, Dom Lacerda, insistiu que o padre deixasse a
maçonaria, seguindo a bula de 1864 → O padre resistiu e
publicou seu discurso em vários jornais → Em represália, o bispo
suspendeu o padre do exercício das ordens sacras.
• Ultrajada, a maçonaria desencadeou uma guerra ao "jesuitismo"
e o ultramontanismo em jornais de todo o país.
13
QUESTÃO RELIGIOSA (1872-75)
• O bispo de Recife, Dom Vital, mandou fazer cumprir a bula
papal, negando inclusive os últimos ritos aos maçons.
• A reação do gabinete, dos deputados e do senado se fez sentir
com a prisão do bispo de Recife em janeiro de 1874 e do bispo do
Pará, em abril. Ambos foram remetidos para o Rio de Janeiro
para julgamento.
• A ação do governo gerou protestos da Santa Sé, rachou o
Parlamento e provocou algumas reações populares, como a
Revolta dos Quebra-Quilos (1875), que além de se opor à adoção
do sistema de pesos e medidas (1862), foi motivada por questões
religiosas.
• A conciliação se deu com a formação de um novo gabinete sob a
direção do Duque de Caxias, em 1875, a anistia para os
religiosos e um compromisso da Santa Sé em não exigir o
cumprimento da bula no Brasil.
14
Charge de da época da
Questão Religiosa. A
legenda diz: "Sua
Majestade aproveitou a
ocasião para, não
desfazendo do macaroni do
Papa, fazer valer as
vantagens e excelência de
uma boa feijoada". No
prato de macarrão aparece
a palavra Syllabus (título
de um documento de Pio
IX condenando os erros da
civilização moderna) e, no
de feijoada, Constituição. 15
• A conciliação não agradou nem aos maçons e positivistas, que
interpretaram como sintoma de fraqueza do imperador e vão retaliar
na reforma eleitoral, nem aos partidários do papa, que tinham
esperança que a Princesa Isabel fosse uma monarca mais alinhada com
16
Charge de Bordalo
Pinheiro de 1875
fazendo referência à
anistia dos bispos. A
legenda original era:
Afinal... deu a mão à
palmatória!
LEI SARAIVA
• Em 1881, reformou-se o sistema eleitoral, sob relatoria de Rui
Barbosa. Dentre as mudanças, podemos listar:
 Voto direto e censitário  renda de 200 mil réis.
 Analfabetos perderam o direito de voto  era necessário
comprovar que podia escrever seu próprio nome e o do
candidato na ata eleitoral  o voto era aberto.
 Também não votavam, praças do exército, armada, e corpo
policial, além de funcionários públicos dos postos mais baixos.
 Criação do título eleitoral e fim do voto por procuração.
 Não houve uma ampliação do eleitorado, mas uma drástica
redução  Antes da reforma havia 1.114.066 eleitores, depois
dela o número caiu para 145.000, o que representava 1,5% da
população total. 17
Dois títulos
eleitorais do
Segundo
Império.
Províncias
diferentes,
modelos
diferentes.
Não havia um
padrão.
18
LEI SARAIVA
• A nova legislação eleitoral retaliou a Igreja Católica, os não
católicos que cumprissem os outros requisitos, podiam ser
candidatos.
• A Lei Saraiva concedeu direito de voto aos que possuíam
diploma de curso superior e abriu brecha, porque não estabelecia
que o sufrágio era masculino, para que algumas mulheres
requisitassem o seu título eleitoral.
• A primeira mulher a possuir um título de eleitor no Brasil foi a
baiana Isabel de Mattos Dillon, formada em odontologia. Ela
requisitou o título em 1885, lutou na justiça e conseguiu esse
direito em 1887. Em entrevistas, Dillon disse ter conseguido
votar no Rio Grande do Sul para as eleições locais. Com a queda
da monarquia, a república não reconheceu seu direito e as
mulheres só passariam a votar e ser votadas em 1932.
19
REGISTRO CIVIL
• Outra ação que pode ser vista como uma retaliação contra a
Igreja Católica foi o decreto de 25 de abril de 1874, de autoria
do deputado João Alfredo Correia de Oliveira (membro do
partido conservador e presidente do gabinete da Lei Áurea)
instituindo a obrigatoriedade dos cartórios para registro civil em
todos os municípios.
• A partir de 1875 foram criados os cartórios e os registros de
casamentos de não-católicos estariam plenamente assegurados,
algo que vinha ocorrendo desde 1863 com o intuito
principalmente de garantir os direitos dos imigrantes alemães
luteranos, mas eram registrados nas paróquias católicas. Os
cartórios também fariam os registros de nascimentos, antes
computados através dos batismos nas paróquias.
• O casamento civil obrigatório, no entanto, só viria com a
República. 20
OS POSITIVISTAS
• O Positivismo foi uma doutrina filosófica
surgida na França no século XIX e defendia
o método científico, a educação e relações
éticas e igualitárias para atingir "ordem e
progresso".
• O sociólogo Augusto Comte (1798-1857) é
seu maior expoente. O positivismo rejeitava
as superstições, mas Comte defendia que a
religião era uma ferramenta eficaz para
provocar as mudanças que desejava → uma
religião racional possibilitaria o progresso
social e o desenvolvimento tecnológico e
científico. 21
OS POSITIVISTAS
• As ideias positivistas tiveram grande influência nos meios
militares brasileiros pós Guerra do Paraguai e dentro do Partido
Republicano → ambos os grupos foram fundamentais para a
Proclamação da República.
• A bandeira do Bandeira se remete a esta filosofia com o lema
“Ordem e Progresso” (“O Amor por princípio, a Ordem por base,
o Progresso por fim”).
• Em geral, sejam civis ou militares, defendiam a separação
entre Igreja e Estado, que um país deveria ser governado por
um grupo de intelectuais capacitados e a centralização do poder.
• Um dos seus braços de atuação era o Apostolado Positivista do
Brasil e a doutrina ajudou a dar um sentido de corpo ao Exército
Brasileiro. 22
OS POSITIVISTAS
• Um dos idealizadores da república foi
Benjamin Constant (1833-91): militar,
engenheiro, professor Escola Militar da
Praia Vermelha e nas escolas Politécnica,
Normal e Superior de Guerra, fundador do
clube militar, foi Ministro da Guerra e,
depois, Ministro da Instrução Pública.
Pacifista e criar a doutrina do “Soldado-
Cidadão”.
• Pouco antes da proclamação da república,
Constant, tenente-coronel e professor da
Escola Superior de Guerra, afrontou o
Ministro do Exército em um discurso, no
qual dizia que o Exército iria para a rua caso
fosse desrespeitado pelos poderes públicos.
23
QUESTÃO MILITAR (1884-1887)
• Desde as reformas promovidas na década de 1850, eliminando a
origem aristocrática como fator de promoção no meio militar e
aumentando os soldos → os membros das elites tenderam a se
afastar e o Exército passou a atrair os membros das camadas
médias urbanas, filhos de pequenos funcionários públicos e
fazendeiros empobrecidos.
• No Exército, eles teriam acesso ao ensino superior, caríssimo no
caso de Direito e Medicina da época, ou da Academia Naval.
• Após a Guerra do Paraguai (1864-1870), o Exército volta
prestigiado, mas essa nova condição não é bem acolhida pelos
políticos tradicionais → a formação de organizações militares
(*clubes, institutos*) passa a ser obstruída e a política salarial
nos anos 1870 será prejudicial aos militares de baixa patente.24
Praia Vermelha, 1880, Escola Militar.
25
• O governo temia o corporativismo dos militares, tendo como
centro a Escola da Praia Vermelha, onde os alunos chegavam
ainda adolescentes vindos de partes distantes do Império → lá
estudavam ciências exatas e militares e eram expostos às
ideias positivistas e, também, ao abolicionismo e
republicanismo → criavam laços fortes entre si, afinal, estavam
mais próximos dos colegas de farda do que das famílias.
• Primeiro Incidente → em 1883, o tenente-coronel Antônio de
Sena Madureira liderou um protesto nos jornais contra a
reforma do montepio (*uma espécie de previdência dos
militares*) → há a repressão à manifestação dos militares nos
jornais → Sena Madureira é transferido da Escola da Praia
Vermelha, para a Escola de Tiro de Realengo. 26
QUESTÃO MILITAR (1884-1887)
QUESTÃO MILITAR (1884-1887)
• Segundo Incidente → Em 1884, Sena Madureira convidou o
abolicionista cearense José Francisco do Nascimento (o
Dragão do Mar), para que visitasse a Escola de Tiro de
Realengo, ou de foi homenageado → Foi punido com a
transferência para Rio Pardo, no Rio Grande do Sul.
• Os militares se indignaram e começaram a publicar artigos
nos jornais → o ministro da Guerra, Alfredo Chaves, proibiu
que os militares discutissem o caso na imprensa.
• Terceiro Incidente → Em agosto de 1885, após investigação, o
coronel Cunha Matos denunciou o comandante de um quartel
local como corrupto → Cunha Matos era do Partido Liberal e
pediu o afastamento de um comandante do Partido
Conservador → políticos conservadores passaram a difamar
Cunha Matos em discursos feitos no Parlamento. 27
Sena Madureira foi elemento central na Questão Militar. Acima,
referência ao Dragão do Mar, que liderou a greve dos jangadeiros no
Ceará.
28
QUESTÃO MILITAR (1884-1887)
• Acusado de ter agido de forma vil durante a Guerra do
Paraguai, Cunha Matos reagiu de forma violenta na imprensa
e o ministro da Guerra mandou prendê-lo por dois dias depois
de advertir que militares não podiam se manifestar pela
imprensa sem autorização prévia.
• Em agosto, o marechal José Antônio Correia da Câmara,
visconde de Pelotas, senador pelo Rio Grande do Sul, afirmou
em plenário que a ofensa a Cunha Matos se estendia aos
demais oficiais do Exército, ampliando a questão → O
Visconde de Pelotas alegava que os oficiais tinham o direito de
defender sua honra quando atacados, e que os políticos se
julgavam superiores aos militares, apesar de não terem
arriscado a sua vida na Guerra do Paraguai. 29
QUESTÃO MILITAR (1884-1887)
• Quarto Incidente → Sena Madureira se pronuncia sobre o caso
publicando uma carta no jornal gaúcho republicano “A
Federação”.
• Em represália, o ajudante-general do Exército Manuel Antônio
Fonseca da Costa, o visconde da Gávea, indagou por telegrama
ao Marechal Deodoro da Fonseca, comandante das Armas e
presidente em exercício da província do Rio Grande do Sul,
sobre a permissão para a publicação da carta → Antes da
resposta, o ministro da Guerra repreendeu publicamente Sena
Madureira, desagradando a Deodoro da Fonseca.
• Deodoro autoriza os militares no Rio Grande do Sul a
homenagearem Sena Madureira e cerimônia semelhante
ocorre na Escola da Praia Vermelha. 30
A Questão militar
uniu adversários
políticos como o
Visconde de Pelotas,
que era militar, e o
Marechal Deodoro.
31
QUESTÃO MILITAR (1884-1887)
• O Barão de Cotegipe, presidente do Conselho de Ministros,
exige que Deodoro mantenha a disciplina, no que o Marechal
afirma que as manifestações não representavam nenhuma
infração.
• O Visconde de Pelotas, mesmo sendo inimigo de Deodoro, se alia
a ele e Cotegipe termina suspendendo a proibição de que os
militares de pronunciem na imprensa, exigindo, porém, que
cessem as reuniões de oficiais → a ordem não é cumprida e
várias reuniões continuam acontecendo, culminando no dia 10
de outubro com uma reunião no Rio presidida por Benjamin
Constant.
• Deodoro é destituído de seu comando no Rio Grande do Sul e
Sena Madureira renuncia ao seu comando em Rio Pardo em
solidariedade, ambos voltam no mesmo navio para o Rio.
32
QUESTÃO MILITAR (1884-1887)
• O barão de Cotegipe pediu ao comandante da Escola Militar
da Praia Vermelha, Severiano da Fonseca, irmão do marechal
Deodoro, que impedisse a ida dos alunos ao desembarque dos
dois militares vindos do Sul. Os alunos, no entanto,
compareceram fardados, e Severiano pediu demissão.
• Quinto Incidente → Os protestos continuaram e os
representantes dos militares, apelidados de “juventude
militar”, encarregaram Deodoro da Fonseca de negociar com o
Imperador a limpeza da ficha de serviço de Cunha Matos e
Sena Madureira → sem resposta para uma primeira carta,
Deodoro enviou outra, em 12 de fevereiro de 1887, acusando o
ministério de traição → o Ministro da Guerra solicitou que D.
Pedro II reformasse Deodoro, diante da recusa, ele se demitiu.
33
QUESTÃO MILITAR (1884-1887)
• Sexto Incidente → O novo Ministro da Guerra solicitou que
Sena Madureira e Cunha Matos pedissem a limpeza de suas
fichas, eles se recusaram → seguiram-se novos protestos e
Deodoro voltou a se dirigir ao Imperador comunicando que a
situação ainda estava pendente, além de pedir o perdão para
50 alunos da Praia Vermelha que haviam sido punidos com sua
transferência para Realengo, o que atrasaria sua formatura.
• Desfecho → Em abril de1887, o visconde de Pelotas veio ao Rio
para dar apoio a Deodoro e ambos assinaram um manifesto em
favor dos alunos das escolas militares → Em 20 de maio, o
Senado aprovou uma moção em que instava o governo a limpar
a ficha de Sena Madureira e Cunha Matos, e assim a Questão
Militar foi aparentemente resolvida. 34
35
A DOENÇA DO IMPERADOR
• A saúde de D. Pedro II declinou em
1887 e em 1888, durante sua
terceira viagem à Europa, todos
temeram por sua vida e fizeram
preparativos para a sucessão.
• De volta ao Brasil, o monarca não
abdicou em nome de sua filha, mas
participava cada vez menos do
governo.
• Nos jornais, desde a década anterior,
multiplicavam-se textos e charges
satirizando o imperador, que era
mostrado envelhecido, sonolento,
distraído, deslocado da realidade.
36
TENTARAM MATAR PEDRO II!
• Em 15 de julho de 1889, na
atual Praça Tiradentes, após
a saída do imperador do
Teatro Sant'Anna (hoje
Carlos Gomes), no Rio de
Janeiro, D. Pedro foi
surpreendido por um jovem
bem vestido que atirou
contra sua carruagem com
gritos enaltecendo a
república, porém, não
conseguiu atingir o monarca.
O atirador, Adriano Augusto
do Valle, era português,
desempregado e tinha 20
anos.
37
Gravura do Jornal “Le Monde Illustré”
TENTARAM MATAR PEDRO II!
• O atirador conseguiu fugir, porém,
foi capturado pela polícia. Quando
de sua prisão, estava embriagado
em um bar, onde diante de outros
fregueses, vangloriava-se de ter
atirado contra o imperador.
Também afirmava que o faria de
novo, por ter errado o disparo.
• O imperador decidiu não levar o
caso adiante e dar munição para a
campanha republicana, ou conflitos
entre os defensores da monarquia e
os que queriam sua queda. Ao lado,
charge da revista portuguesa O
Ocidente, mostrando o ocorrido.
38
COMO E QUANDO VIRÁ A
REPÚBLICA?
• Não havia consenso entre os republicanos quanto à transição
para a República → era forte a ideia de se esperar pela morte do
Imperador D. Pedro II → A possibilidade de se aguardar um
Terceiro Reinado com a Princesa Isabel no trono era remota.
• Os republicanos brasileiros tinham dois países como modelo, os
Estados Unidos e a Argentina, que depois de décadas de
turbulência passava por um período de estabilidade política e
progresso social e econômico.
• Com a Lei Áurea, latifundiários monarquistas, inclusive
membros do partido conservador, aderiram ao republicanismo
mesmo que somente por se sentirem traídos pelo regime.
• Havia grande adesão aos ideais republicanos entre os praças e o
baixo oficialato do Exército.
39
FIM DO IMPÉRIO
• Em 1888, Deodoro foi nomeado para o comando militar do Mato
Grosso, o que equivalia quase a um exílio → Permaneceu no
posto até meados de 1889, quando voltou para o Rio de Janeiro,
pois o coronel Cunha Matos, o mesmo que tinha sido um dos
pivôs da Questão Militar, foi nomeado presidente da província
→ Um marechal não poderia receber ordens de um coronel.
• No Rio, apesar de estar com a saúde debilitada, participou de
reuniões diversas com republicanos civis e militares → a
agitação persistia → corriam boatos de que o presidente do
conselho de ministros, o visconde de Ouro Preto, iria fortalecer
a Guarda Nacional e a Marinha e mandar prender Deodoro da
Fonseca e Benjamin Constant, que presidia interinamente o
Clube Militar.
40
41
E VEIO A REPÚBLICA...
Em 15 de novembro de 1889 foi proclamada a República, na
verdade, um golpe militar. Segundo fonte da época (Aristides
Lobo), “o povo assistiu, bestializado, à Proclamação da República”.
42
Acima, primeira bandeira, projeto
deLopes Trovão. Foi hasteada por
José do Patrocínio no 15 de
novembro.
Ao lado: O Mequetrefe, n.º 486, 18-
19 de novembro 1889, p. 1.
43
• A família imperial ficou isolada e
aguardando que os filhos da
Princesa Isabel descessem de
Petrópolis → ela se recusara a
partir sem os filhos, não os deixaria
ficar como reféns.
• A família imperial foi mandada
embora do Brasil em 17 de
novembro, 3h da manhã → O
acordo era que a partida se daria à
tarde, mas os republicanos temiam
a comoção pública e a reação da
Guarda Negra.
• Não houve tentativa de resistência,
nem retomada do poder → O
banimento da família imperial
persistiu até o ano de 1920.
44
BIBLIOGRAFIA
• COTRIM, Gilberto. História Global. 17ª ed. São Paulo: Saraiva,
2019.
• FAUSTO, Boris. História do Brasil. 14ª ed. São Paulo: UNESP,
2015.
• REZZUTTI, Paulo. D. Pedro II – A história não contada: O último
imperador do Novo Mundo revelado por cartas e documentos
inéditos. São Paulo: Leya, 2019.
• SCHWARCZ, Lilia M., STARLING, Heloísa M. Brasil: Uma
Biografia. São Paulo: Cia das Letras, 2015.
• SILVA, Beatriz Coelho. Questão Militar. CPDOC.
https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-
republica/QUEST%C3%83O%20MILITAR.pdf
• Lei Saraiva (texto completo) https://www.tse.jus.br/eleitor/glossario/termos/lei-saraiva
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Os principais fatores da crise do Império Brasileiro

  • 1.
  • 2. MOTIVOS DA CRISE DO IMPÉRIO • As décadas de 1870 e 1880 são de crise do Império Brasileiro, o processo de desgaste foi lento e ocasionado por um conjunto de fatores:  Fortalecimento do Exército com o fim da Guerra do Paraguai;  Fundação do Partido Republicano;  Questão Religiosa (1872-1875);  Questão Militar (1884-1887);  Difusão das ideias Positivistas;  A estranheza de um regime monárquico nas Américas.  A abolição da escravidão;  A questão da sucessão ao trono → doença de D. Pedro II e rejeição ao futuro terceiro reinado da Princesa Isabel. 2
  • 3. FORTALECIMENTO DO EXÉRCITO • Após a Guerra do Paraguai, o Exército, vitorioso, queria se desvincular de funções consideradas degradantes, por exemplo, a de capitão do mato. • Alguns membros da elite queriam que o Exército voltasse a sua condição anterior → a Guarda Nacional tendo maior destaque. • A incorporação de homens negros à tropa, muitos oferecidos pelos seus senhores em troca do seu recrutamento, fez com que a composição do Exército fosse modificada → havia praças e até oficiais de baixo escalão negros → Como continuar apoiando a escravidão se os negros se mostraram igualmente valorosos no conflito? 3
  • 4. CONFLITO COM A GUARDA NACIONAL • Criada em 1831, a Guarda Nacional passou por duas reformulações: • Em 1850, com a centralização, passou a ser subordinada ao ministro da Justiça e aos presidentes da província, houve, também, o aumento da renda mínima exigida para o recrutamento, sobretudo nas patentes mais elevadas. • Em 1873, foi estabelecido que só poderia ser acionada em situações de guerra com outras nações ou em rebeliões que pudessem colocar em risco as instituições → perde seu papel de polícia. • Depois da Guerra do Paraguai, ficou claro que a Guarda Nacional era uma força militar concorrente do Exército Brasileiro e que a convivência entre as duas instituições seria difícil. 4
  • 5. “SOMOS DA AMÉRICA E QUEREMOS SER AMERICANOS.” • O Manifesto Republicano foi publicada por membros dissidentes do Partido Liberal (luzias), liderados por Quintino Bocaiúva e Joaquim Saldanha em 3 de dezembro de 1870. • A partir daí, os clubes republicanos se multiplicaram pelo país, mas um partido só foi fundado em 1873 e não era um partido que clamava ser nacional, mas o Partido Republicano Paulista (PRP), que seria dominante durante a 1ª República (1889-1930). • Quando os primeiros deputados republicanos foram eleitos, D. Pedro II os dispensou de jurar fidelidade a sua pessoa. • Se os republicanos do manifesto eram em sua maioria membros das camadas médias urbanas, alguns, como Silva Jardim e Lopes Trovão, defendendo mesmo um levante popular, os fundadores do PRP eram em sua maioria latifundiários e defensores de ideais federalistas, isto é, maior autonomia para as províncias. 5
  • 6. CONVENÇÃO DE ITU • Foi a primeira convenção republicana do Brasil. Realizada em 18 de abril de 1873 na cidade paulista de Itu, com a presença do então deputado Prudente de Morais, que seria o terceiro presidente da república, e republicanos, tanto conservadores quanto liberais, de várias cidades paulistas. • Na convenção, foi aprovada a criação de uma assembleia de representantes republicanos que se reuniria em São Paulo. Participaram 133 convencionais, sendo 78 cafeicultores e 55 de outras profissões, a representar os republicanos de várias cidades paulistas. 6
  • 7. • A ilustração de Angelo de Agostini em 1880, retratando a chamada Revolta dos Vintém do ano anterior. A população da cidade do Rio de Janeiro foi para a rua exigir que o aumento do preço dos bondes fosse suspenso. Lopes Trovão, jornalista republicano radical, liderou a população até as portas do palácio da Quinta da Boa Vista. Exigiam ver o imperador. A polícia tentou dispersar a multidão e teve que chamar o Exército. Houve mortos e feridos. D. Pedro II lamentou o incidente, inédito em seu governo, o gabinete caiu e o preço voltou ao que era antes. 7
  • 8. A CRISE DA SUCESSÃO • D. Pedro II teve quatro filhos, mas somente suas duas filhas chegaram à idade adulta, Isabel (1846) e Leopoldina (1847). • Casadas com príncipes estrangeiros, Leopoldina teve quatro filhos homens em rápida sucessão, já sua irmã não conseguia ter filhos. • Depois da morte precoce de Leopoldina, em 1871, D. Pedro II assumiu a educação dos dois netos mais velhos e Pedro Augusto (1866-1934) foi preparado para ser o sucessor do avô e sendo o preferido dentro de alguns círculos das elites monarquistas do Império. 8
  • 9. A CRISE DA SUCESSÃO • A partir de 1875, Isabel teve três filhos em sucessão: Pedro, Luís (1878) e Antônio (1881) → estava garantida a sucessão, mas a Princesa Isabel (1846-1921) era rejeitada por uma série de motivos:  Por ser mulher → havia quem defendesse sua renúncia em favor do sobrinho ou do filho velho.  Por ser muito católica → era acusada de ser ultramontana e que poderia submeter o governo do Brasil aos interesses do Vaticano.  Por causa do marido → o Conde D’Eu era rejeitado pelas elites agrárias, pelo Exército e alvo de ataques nos jornais pelos republicanos. 9 Princesa Isabel, foto de 1870.
  • 10. A CRISE DA SUCESSÃO • Apesar das três regências da Princesa Isabel (1871, 1875-76 e 1787-88), ela era mantida alijada dos assuntos de Estado pelo pai mesmo no momento em que sua saúde declinava. • D. Pedro II chegou a elogiar a república como melhor sistema de governo. • A Lei Áurea retirou o apoio das elites agrárias que ainda dependiam da escravidão a um terceiro reinado. • A república veio pela convergência de interesses de dois setores importantes → latifundiários do Oeste Paulista e militares positivistas. 10 Charge de Angelo de Agostini (1882), em que D. Pedro II derrubado do trono”
  • 11. QUESTÃO RELIGIOSA (1872-75) • No Brasil Imperial existia o Padroado → nenhum decreto da Igreja Católica teria efeito no Brasil sem a permissão do Imperador. • O Papa Pio IX via na maçonaria uma das ameaças à Igreja Católica → Em 1864, enviou uma bula que determinava, entre outras coisas, que todos os católicos envolvidos com a maçonaria fossem imediatamente excomungados. • A bula não entrou em efeito no Brasil, porém, em 1872, religiosos ultramontanos, isto é, que acreditavam que deviam obediência primeiramente ao papa, tentaram colocar a ordem em execução. 11 Pio IX
  • 12. PADROADO: O QUE ERA?  Os padroados régios concedidos aos reis de Portugal e da Espanha pelo Papa, e mais tarde estendidos aos imperadores do Brasil, eram um conjunto de privilégios dados pelo papado através de sucessivas e gradativas bulas pontifícias, que delegavam aos monarcas católicos a administração e organização da Igreja Católica em seus domínios conquistados e por conquistar.  O rei padroeiro arrecadava os dízimos eclesiásticos, deveria construir e prover as igrejas, nomeava os párocos por concursos e propor nomes de bispos, sendo estes depois formalmente confirmados pelo Papa.  Com a criação do padroado, muitas das atividades características da Igreja Católica passaram a ser funções do poder político. No centro da Questão Religiosa estava o direito de padroado. 12
  • 13. QUESTÃO RELIGIOSA (1872-75) • É considerado o estopim da questão religiosa, um discurso feito em 3 de março de 1872 na loja maçônica Grande Oriente do Vale do Lavradio, no Rio de Janeiro, feito pelo padre José Luís de Almeida Martins, festejando o visconde do Rio Branco, na época grão-mestre maçom e presidente do gabinete de Dom Pedro II, pela sua vitória política que resultara na promulgação da Lei do Ventre Livre. • O bispo da cidade, Dom Lacerda, insistiu que o padre deixasse a maçonaria, seguindo a bula de 1864 → O padre resistiu e publicou seu discurso em vários jornais → Em represália, o bispo suspendeu o padre do exercício das ordens sacras. • Ultrajada, a maçonaria desencadeou uma guerra ao "jesuitismo" e o ultramontanismo em jornais de todo o país. 13
  • 14. QUESTÃO RELIGIOSA (1872-75) • O bispo de Recife, Dom Vital, mandou fazer cumprir a bula papal, negando inclusive os últimos ritos aos maçons. • A reação do gabinete, dos deputados e do senado se fez sentir com a prisão do bispo de Recife em janeiro de 1874 e do bispo do Pará, em abril. Ambos foram remetidos para o Rio de Janeiro para julgamento. • A ação do governo gerou protestos da Santa Sé, rachou o Parlamento e provocou algumas reações populares, como a Revolta dos Quebra-Quilos (1875), que além de se opor à adoção do sistema de pesos e medidas (1862), foi motivada por questões religiosas. • A conciliação se deu com a formação de um novo gabinete sob a direção do Duque de Caxias, em 1875, a anistia para os religiosos e um compromisso da Santa Sé em não exigir o cumprimento da bula no Brasil. 14
  • 15. Charge de da época da Questão Religiosa. A legenda diz: "Sua Majestade aproveitou a ocasião para, não desfazendo do macaroni do Papa, fazer valer as vantagens e excelência de uma boa feijoada". No prato de macarrão aparece a palavra Syllabus (título de um documento de Pio IX condenando os erros da civilização moderna) e, no de feijoada, Constituição. 15
  • 16. • A conciliação não agradou nem aos maçons e positivistas, que interpretaram como sintoma de fraqueza do imperador e vão retaliar na reforma eleitoral, nem aos partidários do papa, que tinham esperança que a Princesa Isabel fosse uma monarca mais alinhada com 16 Charge de Bordalo Pinheiro de 1875 fazendo referência à anistia dos bispos. A legenda original era: Afinal... deu a mão à palmatória!
  • 17. LEI SARAIVA • Em 1881, reformou-se o sistema eleitoral, sob relatoria de Rui Barbosa. Dentre as mudanças, podemos listar:  Voto direto e censitário  renda de 200 mil réis.  Analfabetos perderam o direito de voto  era necessário comprovar que podia escrever seu próprio nome e o do candidato na ata eleitoral  o voto era aberto.  Também não votavam, praças do exército, armada, e corpo policial, além de funcionários públicos dos postos mais baixos.  Criação do título eleitoral e fim do voto por procuração.  Não houve uma ampliação do eleitorado, mas uma drástica redução  Antes da reforma havia 1.114.066 eleitores, depois dela o número caiu para 145.000, o que representava 1,5% da população total. 17
  • 19. LEI SARAIVA • A nova legislação eleitoral retaliou a Igreja Católica, os não católicos que cumprissem os outros requisitos, podiam ser candidatos. • A Lei Saraiva concedeu direito de voto aos que possuíam diploma de curso superior e abriu brecha, porque não estabelecia que o sufrágio era masculino, para que algumas mulheres requisitassem o seu título eleitoral. • A primeira mulher a possuir um título de eleitor no Brasil foi a baiana Isabel de Mattos Dillon, formada em odontologia. Ela requisitou o título em 1885, lutou na justiça e conseguiu esse direito em 1887. Em entrevistas, Dillon disse ter conseguido votar no Rio Grande do Sul para as eleições locais. Com a queda da monarquia, a república não reconheceu seu direito e as mulheres só passariam a votar e ser votadas em 1932. 19
  • 20. REGISTRO CIVIL • Outra ação que pode ser vista como uma retaliação contra a Igreja Católica foi o decreto de 25 de abril de 1874, de autoria do deputado João Alfredo Correia de Oliveira (membro do partido conservador e presidente do gabinete da Lei Áurea) instituindo a obrigatoriedade dos cartórios para registro civil em todos os municípios. • A partir de 1875 foram criados os cartórios e os registros de casamentos de não-católicos estariam plenamente assegurados, algo que vinha ocorrendo desde 1863 com o intuito principalmente de garantir os direitos dos imigrantes alemães luteranos, mas eram registrados nas paróquias católicas. Os cartórios também fariam os registros de nascimentos, antes computados através dos batismos nas paróquias. • O casamento civil obrigatório, no entanto, só viria com a República. 20
  • 21. OS POSITIVISTAS • O Positivismo foi uma doutrina filosófica surgida na França no século XIX e defendia o método científico, a educação e relações éticas e igualitárias para atingir "ordem e progresso". • O sociólogo Augusto Comte (1798-1857) é seu maior expoente. O positivismo rejeitava as superstições, mas Comte defendia que a religião era uma ferramenta eficaz para provocar as mudanças que desejava → uma religião racional possibilitaria o progresso social e o desenvolvimento tecnológico e científico. 21
  • 22. OS POSITIVISTAS • As ideias positivistas tiveram grande influência nos meios militares brasileiros pós Guerra do Paraguai e dentro do Partido Republicano → ambos os grupos foram fundamentais para a Proclamação da República. • A bandeira do Bandeira se remete a esta filosofia com o lema “Ordem e Progresso” (“O Amor por princípio, a Ordem por base, o Progresso por fim”). • Em geral, sejam civis ou militares, defendiam a separação entre Igreja e Estado, que um país deveria ser governado por um grupo de intelectuais capacitados e a centralização do poder. • Um dos seus braços de atuação era o Apostolado Positivista do Brasil e a doutrina ajudou a dar um sentido de corpo ao Exército Brasileiro. 22
  • 23. OS POSITIVISTAS • Um dos idealizadores da república foi Benjamin Constant (1833-91): militar, engenheiro, professor Escola Militar da Praia Vermelha e nas escolas Politécnica, Normal e Superior de Guerra, fundador do clube militar, foi Ministro da Guerra e, depois, Ministro da Instrução Pública. Pacifista e criar a doutrina do “Soldado- Cidadão”. • Pouco antes da proclamação da república, Constant, tenente-coronel e professor da Escola Superior de Guerra, afrontou o Ministro do Exército em um discurso, no qual dizia que o Exército iria para a rua caso fosse desrespeitado pelos poderes públicos. 23
  • 24. QUESTÃO MILITAR (1884-1887) • Desde as reformas promovidas na década de 1850, eliminando a origem aristocrática como fator de promoção no meio militar e aumentando os soldos → os membros das elites tenderam a se afastar e o Exército passou a atrair os membros das camadas médias urbanas, filhos de pequenos funcionários públicos e fazendeiros empobrecidos. • No Exército, eles teriam acesso ao ensino superior, caríssimo no caso de Direito e Medicina da época, ou da Academia Naval. • Após a Guerra do Paraguai (1864-1870), o Exército volta prestigiado, mas essa nova condição não é bem acolhida pelos políticos tradicionais → a formação de organizações militares (*clubes, institutos*) passa a ser obstruída e a política salarial nos anos 1870 será prejudicial aos militares de baixa patente.24
  • 25. Praia Vermelha, 1880, Escola Militar. 25
  • 26. • O governo temia o corporativismo dos militares, tendo como centro a Escola da Praia Vermelha, onde os alunos chegavam ainda adolescentes vindos de partes distantes do Império → lá estudavam ciências exatas e militares e eram expostos às ideias positivistas e, também, ao abolicionismo e republicanismo → criavam laços fortes entre si, afinal, estavam mais próximos dos colegas de farda do que das famílias. • Primeiro Incidente → em 1883, o tenente-coronel Antônio de Sena Madureira liderou um protesto nos jornais contra a reforma do montepio (*uma espécie de previdência dos militares*) → há a repressão à manifestação dos militares nos jornais → Sena Madureira é transferido da Escola da Praia Vermelha, para a Escola de Tiro de Realengo. 26 QUESTÃO MILITAR (1884-1887)
  • 27. QUESTÃO MILITAR (1884-1887) • Segundo Incidente → Em 1884, Sena Madureira convidou o abolicionista cearense José Francisco do Nascimento (o Dragão do Mar), para que visitasse a Escola de Tiro de Realengo, ou de foi homenageado → Foi punido com a transferência para Rio Pardo, no Rio Grande do Sul. • Os militares se indignaram e começaram a publicar artigos nos jornais → o ministro da Guerra, Alfredo Chaves, proibiu que os militares discutissem o caso na imprensa. • Terceiro Incidente → Em agosto de 1885, após investigação, o coronel Cunha Matos denunciou o comandante de um quartel local como corrupto → Cunha Matos era do Partido Liberal e pediu o afastamento de um comandante do Partido Conservador → políticos conservadores passaram a difamar Cunha Matos em discursos feitos no Parlamento. 27
  • 28. Sena Madureira foi elemento central na Questão Militar. Acima, referência ao Dragão do Mar, que liderou a greve dos jangadeiros no Ceará. 28
  • 29. QUESTÃO MILITAR (1884-1887) • Acusado de ter agido de forma vil durante a Guerra do Paraguai, Cunha Matos reagiu de forma violenta na imprensa e o ministro da Guerra mandou prendê-lo por dois dias depois de advertir que militares não podiam se manifestar pela imprensa sem autorização prévia. • Em agosto, o marechal José Antônio Correia da Câmara, visconde de Pelotas, senador pelo Rio Grande do Sul, afirmou em plenário que a ofensa a Cunha Matos se estendia aos demais oficiais do Exército, ampliando a questão → O Visconde de Pelotas alegava que os oficiais tinham o direito de defender sua honra quando atacados, e que os políticos se julgavam superiores aos militares, apesar de não terem arriscado a sua vida na Guerra do Paraguai. 29
  • 30. QUESTÃO MILITAR (1884-1887) • Quarto Incidente → Sena Madureira se pronuncia sobre o caso publicando uma carta no jornal gaúcho republicano “A Federação”. • Em represália, o ajudante-general do Exército Manuel Antônio Fonseca da Costa, o visconde da Gávea, indagou por telegrama ao Marechal Deodoro da Fonseca, comandante das Armas e presidente em exercício da província do Rio Grande do Sul, sobre a permissão para a publicação da carta → Antes da resposta, o ministro da Guerra repreendeu publicamente Sena Madureira, desagradando a Deodoro da Fonseca. • Deodoro autoriza os militares no Rio Grande do Sul a homenagearem Sena Madureira e cerimônia semelhante ocorre na Escola da Praia Vermelha. 30
  • 31. A Questão militar uniu adversários políticos como o Visconde de Pelotas, que era militar, e o Marechal Deodoro. 31
  • 32. QUESTÃO MILITAR (1884-1887) • O Barão de Cotegipe, presidente do Conselho de Ministros, exige que Deodoro mantenha a disciplina, no que o Marechal afirma que as manifestações não representavam nenhuma infração. • O Visconde de Pelotas, mesmo sendo inimigo de Deodoro, se alia a ele e Cotegipe termina suspendendo a proibição de que os militares de pronunciem na imprensa, exigindo, porém, que cessem as reuniões de oficiais → a ordem não é cumprida e várias reuniões continuam acontecendo, culminando no dia 10 de outubro com uma reunião no Rio presidida por Benjamin Constant. • Deodoro é destituído de seu comando no Rio Grande do Sul e Sena Madureira renuncia ao seu comando em Rio Pardo em solidariedade, ambos voltam no mesmo navio para o Rio. 32
  • 33. QUESTÃO MILITAR (1884-1887) • O barão de Cotegipe pediu ao comandante da Escola Militar da Praia Vermelha, Severiano da Fonseca, irmão do marechal Deodoro, que impedisse a ida dos alunos ao desembarque dos dois militares vindos do Sul. Os alunos, no entanto, compareceram fardados, e Severiano pediu demissão. • Quinto Incidente → Os protestos continuaram e os representantes dos militares, apelidados de “juventude militar”, encarregaram Deodoro da Fonseca de negociar com o Imperador a limpeza da ficha de serviço de Cunha Matos e Sena Madureira → sem resposta para uma primeira carta, Deodoro enviou outra, em 12 de fevereiro de 1887, acusando o ministério de traição → o Ministro da Guerra solicitou que D. Pedro II reformasse Deodoro, diante da recusa, ele se demitiu. 33
  • 34. QUESTÃO MILITAR (1884-1887) • Sexto Incidente → O novo Ministro da Guerra solicitou que Sena Madureira e Cunha Matos pedissem a limpeza de suas fichas, eles se recusaram → seguiram-se novos protestos e Deodoro voltou a se dirigir ao Imperador comunicando que a situação ainda estava pendente, além de pedir o perdão para 50 alunos da Praia Vermelha que haviam sido punidos com sua transferência para Realengo, o que atrasaria sua formatura. • Desfecho → Em abril de1887, o visconde de Pelotas veio ao Rio para dar apoio a Deodoro e ambos assinaram um manifesto em favor dos alunos das escolas militares → Em 20 de maio, o Senado aprovou uma moção em que instava o governo a limpar a ficha de Sena Madureira e Cunha Matos, e assim a Questão Militar foi aparentemente resolvida. 34
  • 35. 35
  • 36. A DOENÇA DO IMPERADOR • A saúde de D. Pedro II declinou em 1887 e em 1888, durante sua terceira viagem à Europa, todos temeram por sua vida e fizeram preparativos para a sucessão. • De volta ao Brasil, o monarca não abdicou em nome de sua filha, mas participava cada vez menos do governo. • Nos jornais, desde a década anterior, multiplicavam-se textos e charges satirizando o imperador, que era mostrado envelhecido, sonolento, distraído, deslocado da realidade. 36
  • 37. TENTARAM MATAR PEDRO II! • Em 15 de julho de 1889, na atual Praça Tiradentes, após a saída do imperador do Teatro Sant'Anna (hoje Carlos Gomes), no Rio de Janeiro, D. Pedro foi surpreendido por um jovem bem vestido que atirou contra sua carruagem com gritos enaltecendo a república, porém, não conseguiu atingir o monarca. O atirador, Adriano Augusto do Valle, era português, desempregado e tinha 20 anos. 37 Gravura do Jornal “Le Monde Illustré”
  • 38. TENTARAM MATAR PEDRO II! • O atirador conseguiu fugir, porém, foi capturado pela polícia. Quando de sua prisão, estava embriagado em um bar, onde diante de outros fregueses, vangloriava-se de ter atirado contra o imperador. Também afirmava que o faria de novo, por ter errado o disparo. • O imperador decidiu não levar o caso adiante e dar munição para a campanha republicana, ou conflitos entre os defensores da monarquia e os que queriam sua queda. Ao lado, charge da revista portuguesa O Ocidente, mostrando o ocorrido. 38
  • 39. COMO E QUANDO VIRÁ A REPÚBLICA? • Não havia consenso entre os republicanos quanto à transição para a República → era forte a ideia de se esperar pela morte do Imperador D. Pedro II → A possibilidade de se aguardar um Terceiro Reinado com a Princesa Isabel no trono era remota. • Os republicanos brasileiros tinham dois países como modelo, os Estados Unidos e a Argentina, que depois de décadas de turbulência passava por um período de estabilidade política e progresso social e econômico. • Com a Lei Áurea, latifundiários monarquistas, inclusive membros do partido conservador, aderiram ao republicanismo mesmo que somente por se sentirem traídos pelo regime. • Havia grande adesão aos ideais republicanos entre os praças e o baixo oficialato do Exército. 39
  • 40. FIM DO IMPÉRIO • Em 1888, Deodoro foi nomeado para o comando militar do Mato Grosso, o que equivalia quase a um exílio → Permaneceu no posto até meados de 1889, quando voltou para o Rio de Janeiro, pois o coronel Cunha Matos, o mesmo que tinha sido um dos pivôs da Questão Militar, foi nomeado presidente da província → Um marechal não poderia receber ordens de um coronel. • No Rio, apesar de estar com a saúde debilitada, participou de reuniões diversas com republicanos civis e militares → a agitação persistia → corriam boatos de que o presidente do conselho de ministros, o visconde de Ouro Preto, iria fortalecer a Guarda Nacional e a Marinha e mandar prender Deodoro da Fonseca e Benjamin Constant, que presidia interinamente o Clube Militar. 40
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  • 42. E VEIO A REPÚBLICA... Em 15 de novembro de 1889 foi proclamada a República, na verdade, um golpe militar. Segundo fonte da época (Aristides Lobo), “o povo assistiu, bestializado, à Proclamação da República”. 42
  • 43. Acima, primeira bandeira, projeto deLopes Trovão. Foi hasteada por José do Patrocínio no 15 de novembro. Ao lado: O Mequetrefe, n.º 486, 18- 19 de novembro 1889, p. 1. 43
  • 44. • A família imperial ficou isolada e aguardando que os filhos da Princesa Isabel descessem de Petrópolis → ela se recusara a partir sem os filhos, não os deixaria ficar como reféns. • A família imperial foi mandada embora do Brasil em 17 de novembro, 3h da manhã → O acordo era que a partida se daria à tarde, mas os republicanos temiam a comoção pública e a reação da Guarda Negra. • Não houve tentativa de resistência, nem retomada do poder → O banimento da família imperial persistiu até o ano de 1920. 44
  • 45. BIBLIOGRAFIA • COTRIM, Gilberto. História Global. 17ª ed. São Paulo: Saraiva, 2019. • FAUSTO, Boris. História do Brasil. 14ª ed. São Paulo: UNESP, 2015. • REZZUTTI, Paulo. D. Pedro II – A história não contada: O último imperador do Novo Mundo revelado por cartas e documentos inéditos. São Paulo: Leya, 2019. • SCHWARCZ, Lilia M., STARLING, Heloísa M. Brasil: Uma Biografia. São Paulo: Cia das Letras, 2015. • SILVA, Beatriz Coelho. Questão Militar. CPDOC. https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira- republica/QUEST%C3%83O%20MILITAR.pdf • Lei Saraiva (texto completo) https://www.tse.jus.br/eleitor/glossario/termos/lei-saraiva 45