2. O que foi o expressionismo?
Um movimento artístico de vanguarda que tem origem na Alemanha, na
cidade de Dresden, no final do século XIX. Ocupando os campos
artísticos como artes plásticas, literatura, música, cinema, teatro, dança,
fotografia e arquitetura.
O movimento surge como uma reação ao positivismo associado aos
movimentos impressionista e naturalista, propondo uma arte pessoal e
intuitiva, onde predominasse a visão interior do artista , a "expressão“,
em oposição à mera observação da realidade a "impressão".
Em outras palavras, o expressionismo surgiu com a finalidade, de não
apenas reproduzir o mundo, mas de recria-lo.
Fränzi perante uma cadeira
talhada (1910),
De Ernst Ludwig Kirchner
3. Características da obra expressionista
Propondo uma arte que “expressasse” os sentimentos dos artistas e
não as imagens do mundo. Os artistas expressionistas em suas
obras abusavam a distorção, o primitivismo, a fantasia e o exagero,
para fazer com que a comunicação dos seus estados emocionais se
sobrepusesse às representações da natureza e da vida social.
As emoções são representadas sem existir um comprometimento
com a realidade externa, mas com a natureza interna e as
impressões causadas no expectador. A força psicológica está
representada através de cores fortes e puras, nas formas retorcidas
e na composição agressiva. Desta forma, nem a perspetiva nem a
luz importam muito, visto que são propositalmente alteradas
O grito (1893), de Edvard Munch.
4. Expressionismo na literatura
Na literatura, o expressionismo compreende três fases principais:
1910 a 1914
1914 a 1918, período da I Guerra Mundial
1918 a 1925
Os principais temas abordados eram, a guerra, a urbe, o medo, a loucura, o amor, o delírio,
a natureza e a perda da identidade individual.
O escritor apresenta a realidade do seu ponto de vista interior, expressando sentimentos e
emoções mais do que impressões sensitivas. Já não se imita a realidade, não se analisam
causas nem fatos, mas o autor busca a essência das coisas, mostrando a sua particular
visão. Assim, deformam a realidade mostrando o seu aspecto mais terrível e descarnado,
adentrando-se em temáticas até então proibidas, como a sexualidade, a doença e a morte,
ou enfatizando aspectos como o sinistro, o macabro, o grotesco.
5. Expressionismo brasileiro
O expressionismo brasileiro, é representado por vários autores e pintores, como:
Mário de Andrade (autor)
Cândido Portinari (Pintor, nacionalizado brasileiro)
Anita Malfatti (Pintora)
Trecho do texto “Amar, verbo intransitivo” com influência expressionista, de Mário de Andrade:
“A luz delirava, apressada a um vago aviso da tarde. Era tal e tanta que embaçava de ouro a amplidão.
Se via tudo de longe num halo que divinizava e afastava as coisas mais. Lassitude. No quiriri tecido de
ruidinhos abafados, a cidade se movia pesada, lerda. O mar parava azul. (...).
Fräulein botara os braços cruzados no parapeito de pedra, fincara o mento aí, nas carnes rijas. E se perdia.
Os olhos dela pouco a pouco se fecharam, cega duma vez. A razão pouco a pouco escampou.
Desapareceu por fim, escorraçada pela vida excessiva dos sentidos. Das partes profundas do ser lhe viam
apelos vagos e decretos fracionados. Se misturavam animalidades e invenções geniais. (...) adquirira enfim
uma alma vegetal.”
6. Mário de Andrade, biografia
Mário Raul de Morais Andrade, nasceu em São Paulo, cidade onde morou durante quase toda a vida no número
320 da Rua Aurora prof.ª Elaine, onde seus pais, Carlos Augusto de Andrade e Maria Luísa de Almeida Leite Moraes de
Andrade também haviam morado. Durante sua infância foi considerado um pianista prodígio, tendo sido matriculado
no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo em 1911. Dominava a língua francesa, tendo lido Rimbaud e os
principais poetas simbolistas franceses durante a infância. Embora escrevesse poesia durante todo o período em que
esteve no Conservatório, Andrade não pensava em fazê-lo profissionalmente até que a carreira de pianista profissional
deixou de ser uma opção viável.
Em 1913, seu irmão Renato, então com quatorze anos de idade, morreu de um golpe recebido enquanto
jogava futebol, o que causou um profundo choque em Andrade. Ele abandonou o conservatório e se retirou com a
família para uma fazenda que possuíam em Araraquara. Ao retornar, sua habilidade de tocar piano havia sido afetada por
um tremor nas mãos. Por isso, veio um interesse maior pela literatura. Em 1917, ano de sua formatura, publicou seu
primeiro livro de poemas. Seu primeiro livro parece não ter tido um impacto significativo, e Andrade decidiu ampliar o
âmbito de sua escrita. Deixou São Paulo e viajou para o campo. Iniciou uma atividade que continuaria pelo resto da vida:
o meticuloso trabalho de documentação sobre a história, o povo, a cultura e especialmente a música do interior do Brasil,
tanto em São Paulo quanto no Nordeste, Andrade também publicou ensaios em jornais de São Paulo.
Andrade morreu em sua residência em São Paulo devido a um enfarte do miocárdio, em 25 de fevereiro de 1945,
quando tinha 51 anos. Dadas as suas divergências com o regime, não houve qualquer reação oficial significativa antes de
sua morte. Dez anos mais tarde, porém, quando foram publicados em 1955, Poesias completas, quando já havia falecido
Vargas, começou a consagração de Andrade como um dos principais valores culturais no Brasil. Em 1960 foi dado o seu
nome à Biblioteca Municipal de São Paulo.