3. O Sinal dos Tempos
À minha família e aos amigos.
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4. Gustavo Schaefer
Prefácio
“Não somos mais civilizados? Cadê a preocupação com
os verdadeiros valores? O melhor é fechar os olhos e ignorar as
injustiças? Não! Não! Não! Enquanto não mudarmos nosso
pensamento, não mudaremos a sociedade. E não adianta
reclamar da boca para fora”.
Paulo Basile
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5. O Sinal dos Tempos
Plano de fundo histórico
Como forma de apresentação a este estudo e para futura
contextualização, façamos uma breve apresentação de algumas
de suas principais personagens:
Os Rockefellers
Quem foi o homem mais rico da história? O magnata do
petróleo John D. Rockefeller, com cerca de 190 bilhões de
dólares estimados em patrimônio pessoal nos valores atuais. Os
Rockefeller são uma renomada família de Cleveland, EUA, de
origem alemã e com tradição no setor industrial e bancário.
Através principalmente de John D. Rockefeller e seu irmão,
William Rockefeller, são donos da maior fortuna privada da
história, formada principalmente durante o final do Século XIX
e início do Século XX. A maior parte destes lucros veio da
Standard Oil Company, uma das várias empresas da família, que
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6. Gustavo Schaefer
também é fundadora do Chase Manhattan Bank, hoje JP
Morgan Chase, e do Centro de Pesquisa Militar Rockefeller.
Os Morgans
Junius Spencer Morgan, nascido em 1814, em
Connecticut, EUA, foi um bancário que dominou as finanças
corporativas e fundou o banco JPMorgan Chase & Co., sediado
em Nova Iorque. A JP Morgan é a principal empresa de
serviços financeiros no mundo e uma das maiores instituições
bancárias dos EUA. Estima-se que a empresa, que opera em
mais de cinqüenta países, possua mais 1,5 bilhões em ativos e
recursos atualmente.
Os Warburgs
Família de origem alemão-judaica, com forte tradição
bancária e estabelecida nos EUA. Eric Warburg foi o fundador
da Warburg Pincus, em Nova Iorque, em 1938. Seu filho, Max
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7. O Sinal dos Tempos
Warburg é atualmente um dos acionistas da M.M.Warburg &
Co.
Os Rothschilds
Família judaica de origem alemã e tradição bancária e
financeira. Os Rothschilds já participavam do cenário bancário
desde o florescimento da indústria têxtil, em plena Revolução
Industrial. Fizeram grande parte de sua fortuna no fim das
guerras napoleônicas, quando lançaram no mercado o rumor de
que Napoleão havia ganhado a guerra. Conseqüentemente, a
bolsa desvalorizou e os Rothchilds praticamente “compraram” a
economia de toda a Inglaterra. Ao final deste período, quando
veio a público a verdadeira notícia – a vitória britânica – a
família emergiu como a mais rica da Europa. Estabelecendo-se
mais tarde nos EUA, fundaram, em 1953, o LCF Rothschild
Group, uma das empresas líderes no setor de bancos privados,
com mais de 250 bilhões em ativos atualmente.
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8. Gustavo Schaefer
Capítulo I: A consolidação do poderio da elite
bancária nos EUA
No início do Século XX, as famílias dominantes e
tradicionais de banqueiros nos EUA procuraram, juntas, aprovar
leis para criar um Banco Central. O Banco Central é uma
instituição - independente (privada), ou ligada ao Estado -
responsável pela produção da moeda de um país e que possui
duas funções básicas, controlar as taxas de juros e a inflação,
regulando o fornecimento de dinheiro. Porém, esta instituição
não “abastece” simplesmente a economia de um governo com o
dinheiro, ela o empresta, com juros. Sendo assim, aumentando
ou diminuindo a provisão de dinheiro, o Banco Central de um
país consegue regular o valor da moeda emitida.
No Brasil, o Banco Central é público, ou seja, o governo
pode emitir dinheiro. Entretanto, desde a Constituição de 1988,
ficou estabelecido que o Banco Central do Brasil não pode
emitir dinheiro com a finalidade de emprestar a si próprio, no
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caso, o governo. Sendo assim, é obrigado a gastar parte dos
impostos pagando juros aos bancos. Em outras palavras, a
necessidade do Banco Central emitir moeda para pagar juros aos
bancos comerciais privados se perpetua infinitamente e o
crescimento da dívida pública é incontrolável, devido ao gasto
com os juros.
A questão a ser abordada aqui, no entanto, é o Banco
Central dos EUA (chamado Federal Reserve, ou FED). Uma
instituição, ao contrário do Brasil, estritamente privada, que
estabelece suas próprias políticas e empresta dinheiro ao
governo, cobrando juros. Foi criada, conforme dito
anteriormente, a partir de um esforço conjunto de um grupo de
influentes banqueiros. Mas como isso foi feito? E com que
intenção? Bem, tratando-se de empresários do ramo bancário, o
objetivo é claro: lucro. Cada dólar produzido pelo Federal
Reserve, e emprestado com juros ao governo norte-americano é
na verdade ele próprio mais uma percentagem da dívida baseada
nele mesmo. Como o Banco Central tem o monopólio sobre a
emissão de moeda de um país, a cada dólar que se empresta há
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10. Gustavo Schaefer
uma dívida imediata associada a ele. Mas aí surge uma pergunta,
se o governo norte-americano pega este dinheiro emprestado do
Banco Central, de onde vem o dinheiro para pagá-lo? E a
resposta é simples, do mesmo Banco Central. Desta forma, o
Federal Reserve tem que aumentar progressivamente o
fornecimento de dinheiro para cobrir, temporariamente, este
débito criado.
Claramente, este sistema possui uma conseqüência
óbvia, uma dívida cada vez maior. E como dívida é igual a
dependência, foi com este raciocínio que os Rockefellers,
Morgans, Warburgs e Rothschilds se dispuseram a legitimar as
medidas necessárias para a criação do Banco Central, cientes de
que “...instituições bancárias podem ser mais perigosas que um
exército”. (Thomas Jefferson). Não estamos afirmando aqui que
foram estes banqueiros os precursores do conceito de Banco
Central, visto que o primeiro Banco Central de que se tem
notícia na História foi o Banco da Inglaterra, fundado em 1694,
como sociedade anônima - estamos somente explicitando suas
intenções.
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11. O Sinal dos Tempos
O governo norte-americano, ou de qualquer outro país,
não se disporia, obviamente, a aceitar um sistema exploratório
como este. Porém, o fato é que tais tradicionais famílias
possuíam uma enorme e difundida gama de relações nas mais
altas esferas de poder da sociedade, estando por trás inclusive da
eleição de Woodrow Wilson para presidente, na década de 1910.
A idéia para aprovar as leis de criação do Banco Central veio
através do orquestramento de um incidente que afetasse
fortemente a opinião pública. J. P. Morgan, um dos maiores
intelectuais financeiros da época, utilizou de toda a sua
influência para espalhar boatos sobre a falência de um
importante banco de Nova Iorque. Ao fazê-lo, ele sabia que isto
causaria histeria em massa, impactando também outras
instituições bancárias, visto que a população resgataria todo seu
dinheiro dos bancos, com medo de perdê-lo. Com a maior parte
do montante disponível sendo sacado, os bancos foram
obrigados a reclamar seus empréstimos, fazendo com que os
devedores tivessem até mesmo que vender suas propriedades,
em alguns casos, para saldar as dívidas. Isto gerou uma bola de
neve de cobranças e falências por todo o país.
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12. Gustavo Schaefer
Por mais estranho que possa parecer o fato de os
próprios banqueiros estarem interessados na decadência das
instituições financeiras nos EUA, é justamente neste ponto que
seu objetivo inicial se encaixa exatamente com o ocorrido. Em
1907, o pânico generalizado criado com estes rumores gerou a
criação de uma comissão por parte do Congresso norte-
americano, liderada pelo senador Nelson Aldrich, um político
extremamente ligado com a elite bancária. Esta comissão
recomendou então a implementação de uma reserva monetária,
em outras palavras, um Banco Central, para que se evitasse que
tal situação calamitosa voltasse a ocorrer. Foi realizada assim
uma reunião, em 1910, na costa do estado da Geórgia, em que
um grupo de 10 pessoas foi responsável por redigir o chamado
“Tratado do Banco Central”, ou Federal Reserve Act. O grande
agravante nisto é o fato de que estas pessoas eram banqueiros,
não membros do poder legislativo, que seriam normal e
legitimamente aqueles a decidir por tomar ou não tal ação neste
caso. O documento foi então levado ao congresso, novamente
por intermédio de Nelson Aldrich. A homologação do tratado
contava com a aprovação integral do recém-eleito presidente,
Woodrow Wilson, o que pode parecer algo improvável, não de
ser planejado, mas executado de fato. Porém, lembremos que
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uma das principais razões da eleição de Wilson, se não a
principal, foi o maciço apoio financeiro da alta sociedade
bancária. Assim, em 23 de Dezembro de 1913, com
pouquíssimos congressistas presentes à sessão, devido ao
período do Natal, a criação do Banco Central foi aprovada e
tornada lei.
Em um registro do Congresso dos EUA, em 1934, o
senador Louis McFadden, crítico ativo dos cartéis bancários,
declarou que “um super-Estado controlado por banqueiros
internacionais estava sendo montado, agindo em conjunto para
escravizar o mundo em seu benefício próprio”. Claramente, o
Banco Central, ou Sistema de Reserva Federal, era exatamente o
oposto da idéia de um “estabilizador econômico”, que foi
passada ao público, mas sim um mecanismo de ambição e
expansão da riqueza pessoal dos maiores empresários do ramo
bancário nos EUA.
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14. Gustavo Schaefer
Entre os anos de 1914 a 1919, supostamente em virtude
da Grande Guerra (tema que abordaremos novamente mais
tarde), o Banco Central dos EUA aumentou em quase 100% a
emissão e a disponibilidade de dinheiro, para que fossem feitos
empréstimos ao povo e a pequenos bancos. Um ano depois, o
mesmo Banco Central solicitou de volta grande parte desse
dinheiro. De 1921 a 1929 a situação se repete, agora com um
agravante, pois nesse período foi criado o chamado “empréstimo
paralelo”, ou margin loan. Através deste empréstimo, qualquer
investidor tinha o direito de comprar uma ação no mercado da
Bolsa de valores, pagando apenas 10% da mesma, sendo os 90%
restantes arcados pelo corretor de títulos ou agência corretora.
Este sistema de empréstimo foi amplamente difundido na
década de 20 nos EUA e um número mais do que considerável
de “cidadãos comuns”, com pouco conhecimento em finanças,
passou a aplicar dinheiro na Bolsa de Nova Iorque. Porém, o
empréstimo paralelo exigia como contrapartida a possibilidade
de ter seu valor integral reclamado a qualquer momento, com o
pagamento tendo de ser feito dentro de 24 horas; característica
esta conhecida como margin call, em outras palavras, a venda
das ações compradas com o empréstimo.
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Em Outubro de 1929, momento em que tais empréstimos
paralelos foram exigidos de volta por quem os concedeu, o
mesmo pânico de 1907 tomou as ruas novamente, mas desta vez
em escala significativamente maior. Conseqüentemente, mais de
1.600 pequenos bancos faliram, no que ficou conhecido como o
crack da Bolsa de Nova Iorque, desencadeando a notória crise
de 1929. A questão chave nesta crise foi o fato de que neste
mesmo ano, poucos meses antes, J. D. Rockefeller e a elite
bancária dos EUA interromperam suas negociações na Bolsa
sem levantar alarde e deixaram o mercado de ações
silenciosamente. Depois de ocorrido o fato, em meio ao caos
financeiro, estes mesmos banqueiros voltaram ao mercado e
compraram bancos concorrentes e empresas inteiras a preços
verdadeiramente irrisórios. Isto leva à consolidação, de uma vez
por todas, do monopólio econômico por parte de um limitado
grupo de bancos. Fato este citado por McFadden como “uma
ocorrência cautelosamente planejada”. Coincidentemente ou
não, algum tempo depois de declarações públicas como esta, o
senador sofreu duas tentativas de assassinato e teve uma morte
súbita devido a um ataque cardíaco, que se acredita ter sido
provocado por envenenamento.
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Em 1933 os banqueiros do Federal Reserve decidiram
pela dissolução do ouro como padrão monetário, sob o pretexto
de que isto ajudaria na recuperação da crise. Então foi declarada
a “Apreensão do Ouro”, sob ameaça de prisão aos cidadãos que
não entregassem toda e qualquer quantidade do metal que
possuíssem. Isto é um caso claro de roubo legitimado pelo
pânico coletivo. Antes da abolição deste sistema, a cédula de
dólar era amortizável em ouro, como se vê abaixo:
Figura 1 – Cédulas de dólar antes de 1933. (Fonte: Zeitgeist, the Movie)
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De 1933 em diante, as notas de dólar contêm com o
seguinte aviso: “this note is legal tender”. Esta expressão
significa “dinheiro de curso legal forçado”, ou seja, somente a
cédula, por si só, possui valor monetário, sem nenhum tipo de
suporte, como havia antes com o padrão-ouro, o que faz dela,
tecnicamente, um simples papel sem valor real.
Figura 2 – Cédula de um dólar após a abolição do padrão-ouro, em 1933. (Fonte: Zeitgeist,
the Movie)
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No entanto, como sabemos, as notas de dólar possuem
valor, é claro. Isto se dá porque a circulação do dinheiro é o que
o valoriza. Portanto, como já exposto anteriormente, regulando-
se seu fornecimento, regula-se também seu valor. E através do
controle do fornecimento e do valor do dinheiro, tem-se o
controle de toda a economia e, conseqüentemente, da sociedade.
Mayer Amshel Rothschild, fundador do império bancário
familiar, certa vez declarou: "Dê-me o controle do dinheiro de
uma nação e não me importo com quem faz as leis".
Além do Tratado do Banco Central, outro ato obscuro
aprovado pelo senado dos EUA é o imposto de renda, ou
Federal Income Tax, do IRS (Internal Revenue Service, o
equivalente norte-americano à Receita Federal). Sim, o imposto
sobre renda também é aplicado no Brasil e em vários outros
países no mundo, mas em nosso país ele foi instituído como lei
(Instrução Normativa feita antes da Constituição de 1988). Já
nos EUA ele é considerado inconstitucional, pois com base na
constituição norte-americana, o imposto de renda é um imposto
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19. O Sinal dos Tempos
direto não-contributivo e não há lei específica que obrigue o
pagamento do mesmo, portanto, é inconstitucional.
“A verdade da questão é que, como vocês e eu sabemos, um
elemento financeiro nos maiores centros é dono do Governo”.
(Franklin D. Roosevelt, ex-presidente dos EUA, em discurso
de 16 de Junho de 1933)
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