Este documento analisa a percepção de idosos que participam de atividades no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) sobre sua qualidade de vida. A pesquisa entrevistou 14 idosos que frequentam o CRAS e mostrou que eles avaliam positivamente a qualidade de vida mediante a participação nas atividades. A maioria dos entrevistados são viúvos com baixa escolaridade entre 71-75 anos, aposentados e morando em casa própria ou alugada.
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Qualidade de vida dos idosos que participam das atividades realizadas no
centro de referência de assistência social (CRAS)
Quality of life of elderly people participating in activities carried out at the
social assistance reference center (CRAS)
DOI:10.34117/bjdv6n10-047
Recebimento dos originais:08/09/2020
Aceitação para publicação:05/10/2020
Carmelita Maria Silva Sousa
Mestranda em Políticas públicas em ênfase na saúde pela Atenas College University.
E-mail: carmelitasilva11@hotmail.com
José Leonardo Gomes Coelho
Acadêmico do Curso de Farmácia do Centro Universitário de Juazeiro do Norte – UNIJUAZEIRO
E-mail: leonardo-coelho-10@hotmail.com
Willma José de Santana
Doutora em Ciências Biológicas pela UFPE, Pós – Doutoranda em Ciências da Saúde pelo Centro
Universitário de Saúde - ABC, Professora do Centro Universitário de Juazeiro do Norte -
UNIJUAZEIRO e Professora da Faculdade de Tecnologia –FATEC- CARIRI.
E-mail: wjsantana@hotmail.com
Cícera Alves de Luna
Mestranda em Políticas públicas em ênfase na saúde pela Atenas College University.
E-mail: cicinha_luna@hotmail.com
Alexandra Roseno de Oliveira Brito
Formada em Serviço Social pela Faculdade Leão Sampaio.
E-mail: alexandrabrito760@gmail.com
Allex Alves Sobral de Sousa
Mestrando em Políticas públicas em ênfase na saúde pela Atenas College University.
E-mail: allexsobralfisio@hotmail.com
Francisco Janio Marinho de Souza
Formado em Biomedicina pela Faculdade Leão Sampaio.
E-mail: janiobiomd@hotmail.com
Janaina Brito Alves
Formada em Serviço Social pelo Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará.
E-mail: janainabritoalves@gmail.com
Dayse Christina Rodrigues Pereira Luz
Doutora em Ciências da Saúde –FMABC e Professora do Centro Universitário de Juazeiro do
Norte - UNIJUAZEIRO.
E-mail: dayseluz.dcrp@gmail.com
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RESUMO
O objetivo central do estudo foi analisar a percepção dos idosos que participam das atividades
realizadas no CRAS acerca da qualidade de vida no município de Iguatu/CE. Trata-se de um estudo
descritivo, exploratório e com abordagem qualitativa. A priori traçou-se o perfil socioeconômico e
cultural dos idosos de ambos os sexos, e se analisou também os impactos das atividades de acordo
com a percepção dos colaboradores no tocante a qualidade de vida. Os dados foram coletados
mediante entrevista estruturada enfatizando a importância do CRAS e das atividades realizadas nas
suas vidas. A amostra para o estudo foi composta por 14 dos 35 idosos cadastrados na unidade, com
idade de 60 a 80 anos. Foram organizados em duas categorias: 1. Sentimentos e emoções versus
atividades realizadas no CRAS e, 2. A qualidade de vida no entendimento destes assistidos no
CRAS. Por fim, constatou-se através da análise dos resultados que os colaboradores da pesquisa
avaliam de maneira positiva a qualidade de vida mediante participação nas atividades realizadas no
CRAS em todos os aspectos, desde o momento da acolhida e continua no dia a dia da unidade.
Palavras-chave: Idosos, CRAS, Atividades, Qualidade de vida.
ABSTRACT
The main objective of the study was to analyze the perception of the elderly who participate in the
activities carried out at CRAS about the quality of life in the municipality of Iguatu / CE. This is a
descriptive, exploratory study with a qualitative approach. A priori, the socioeconomic and cultural
profile of the elderly of both sexes was traced, and the impacts of activities were also analyzed
according to the perception of employees regarding quality of life. Data were collected through a
structured interview emphasizing the importance of CRAS and the activities carried out in their
lives. The sample for the study was composed of 14 of the 35 elderly registered at the unit, aged 60
to 80 years. They were organized into two categories: 1. Feelings and emotions versus activities
performed at CRAS and, 2. Quality of life in the understanding of those assisted at CRAS. Finally,
it was found through the analysis of the results that the research collaborators positively evaluate
the quality of life through participation in the activities carried out at CRAS in all aspects, from the
moment of reception and continues in the day-to-day of the unit.
Keywords: Elderly, CRAS, Activities, Quality of life.
1 INTRODUÇÃO
A Organização das Nações Unidas (ONU), diz que o processo de envelhecimento difere entre
os países, os desenvolvidos conceituam a pessoa idosa como sendo a que tem 65 anos ou mais,
enquanto nos em desenvolvimento como é o caso do nosso Brasil essa idade decresce para 60 anos
ou mais e está de acordo com o Estatuto do Idoso (Sousa; Rodrigues, 2015).
No processo de envelhecimento surgem alterações morfofuncionais que incidem diretamente
na qualidade de vida da pessoa idosa e muitas vezes incapacita-o de realizar determinadas
atividades. O processo é dinâmico, gradativo e recheado de mudanças físicas, psíquicas, emocionais,
sociais e ou cognitivas e que torna os idosos/as vulneráveis a certos agravos à saúde prejudicando
assim a qualidade de vida (Oliveira et al, 2015).
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A qualidade de vida do ser humano tem sido uma preocupação contínua, uma vez que
envelhecer saudável se constitui um compromisso pessoal na busca de um bem-estar inseparável do
estilo de vida, intimamente ligado a saúde, moradia, educação, lazer, transporte, segurança, trabalho,
liberdade, autoestima, entre outros (Santos, 2019). Vale ressaltar que o Brasil foi o primeiro país
da América Latina a implantar uma política para garantir a renda dos trabalhadores/as culminando
com a universalização de seguridade social em 1988, garantindo também renda para o universo
idoso (Alcântara et al, 2016).
A proteção social básica é destinada para as pessoas que apresentam condição de
vulnerabilidade e risco social e tem o CRAS como o órgão responsável em proporcionar essa
proteção através do atendimento. É uma unidade estatal do SUAS (Sistema Único de Assistência
Social), que atua com as famílias (idosos, jovens, adolescentes, crianças), na comunidade, com o
intuito de orientar e também fortalecer os laços familiares (Brasil, 2016).
Analisar as condições de vida de vida dos idosos que é o foco desse estudo, torna-se de
melhor qualidade de vida no processo de envelhecimento é de fundamental importância no sentido
de instigar a elaboração e desenvolvimento de estratégias de intervenção em programas para a saúde
e políticas sociais que venham a atender de forma positiva a essa esfera da população (Bardin, 2016).
Com vistas nesse contexto em que a qualidade de vida da pessoa idosa é prioridade e que
participa das atividades realizadas no CRAS, utilizou-se o presente estudo no sentido de motivar a
participação da sociedade como um todo nessa causa tão importante e que se faz presente aos nossos
olhos cotidianamente. Assim, o presente estudo teve como foco principal analisar a percepção dos
idosos que participam das atividades realizadas no CRAS, acerca da qualidade de vida na cidade de
Iguatu, estado do Ceará.
2 MÉTODOS
Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória e com abordagem qualitativa que busca
analisar a percepção dos idosos que participam das atividades realizadas no Centro de Referência
de Assistência Social (CRAS) acerca da qualidade de vida. O estudo foi realizado um CRAS,
unidade pública estatal e descentralizada em uma cidade do interior do estado do Ceará, na região
Centro-Sul.
Como critério de inclusão optou-se pelos colaboradores com idade de 60 a 80 anos e com
capacidade cognitiva para responderem as indagações que forem solicitadas. Foram excluídos os
questionários respondidos de forma incompleta e que por alguma razão não estivessem de acordo
com os objetivos propostos do estudo. Os dados foram coletados no período de março a julho de
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2020 mediante da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). As
entrevistas e todo o material obtido foram transcritos na íntegra, para facilitar a captação dos
detalhes como pausas, entonações, para uma maior aproximação com o objeto de estudo e abordou-
se as seguintes características: A importância do CRAS e das atividades para a qualidade de vida
dos idosos a interação destes com os profissionais que os assistem e a percepção sobre a qualidade
de vida através da participação nas atividades.
A análise dos dados obtidos com os entrevistados está descrita na forma de tabela e as respostas
foram transcritas e analisadas à luz da técnica Análise de Conteúdo cujos critérios serão a
categorização e a organização das falas. Essa análise precisa ser objetiva, as regras previamente
determinadas, de forma clara no sentido de proporcionar ao investigador a réplica dos
procedimentos que foram adotados buscando obter os mesmos resultados.
O conteúdo ordenado é inserido nas categorias escolhidas em razão dos objetivos e metas antes
estabelecidas. Dessa forma trabalhamos com um movimento que valoriza as partes e a integração
no todo; e com visão de um resultado provisório que integra a historicidade do processo social da
construção teóricav(Minayo, 2007).
O estudo respeitou todas as recomendações formais advindas da resolução nº 510/16 do
Conselho Nacional de Saúde / Ministério da Saúde, referente a estudos com seres humanos
(BRASIL, 2016). Esta resolução incorpora sob a ótica do indivíduo e da coletividade, as quatro
referências básicas da Bioética: autoestima, justiça, beneficência, não maleficência entre outros,
garantindo os direitos e deveres do estado, da comunidade científica e dos sujeitos da pesquisa. O
projeto para esse estudo foi submetido à Plataforma Brasil e aprovado pelo parecer nº 3. 901.746 de
06 de março de 2020.
3 RESULTADOS E DISCUSSÂO
A participação de idosos nas atividades realizadas no Centro de Referência de Assistência
Social (CRAS), instiga a necessidade de uma análise sobre a percepção destes/as no que concerne
a qualidade de vida. A pesquisa foi realizada através de uma entrevista estruturada com 14
(quatorze) idosos, sendo 04 do sexo masculino e 10 do sexo feminino, todos cadastrados na referida
unidade. A princípio se caracterizou os participantes com informações relacionadas ao perfil
socioeconômico e cultural.
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Tabela 01- Perfil socioeconômico e cultural dos colaboradores da pesquisa
Variáveis Nº %
Estado Civil:
Casado 2 14,2
Solteiro 1 7,1
Viúvo 10 71,4
Nível de Escolaridade:
Não alfabetizado 1 7,1
Alfabetizado - -
F. Completo - -
F. Incompleto 12 86,0
E. M. Completo - -
E. M. Incompleto - -
Nível Superior Completo 1 7,1
Nível Superior incompleto - -
Faixa Etária (anos):
60 a 65 1 7,1
66 a 70 3 21,0
71 a 75 7 50,0
76 a 80 2 14,0
Mais de 80 1 7,0
Renda:
Aposentado 11 78,0
Não aposentado - -
Recebe o BPC 2 14,0
Outros 1 7,1
Moradia:
Casa Própria 7 50,0
Casa Alugada 6 42,0
Casa cedida por Amigo ou Familiar 1 7,0
Legenda: * Valor do salário mínimo atual: R$. 1.041,00. Fonte: Sousa. CMS, et al., 2020
O processo do envelhecimento é algo que faz parte da vida de todos os seres vivos. Com
relação ao ser humano, Simone de Beauvoir em seu livro publicado na década de 1990 com o título
“A Velhice”, diz que: ou envelhecemos ou morremos cedo, não há outro caminho. Entretanto, o
envelhecimento não se apresenta de maneira uniforme para todas as pessoas, visto que nos países
desenvolvidos a idade que caracteriza uma pessoa como idosa é 65 anos, enquanto nos países em
desenvolvimento como é o caso do nosso Brasil, essa decresce para 60 anos (Nascimento &
Lourenço, 2016).
Observou-se na tabela 1 que 71,4% dos participantes da pesquisa são viúvos/as e, 14,2
casados/as. No que diz respeito ao nível de escolaridade 86% possuem fundamental incompleto e
somente 7% com nível superior o que nos conduz a uma compreensão de que todos são considerados
analfabetos funcionais. Em se tratando da faixa etária, 50% dos/as colaboradores do estudo têm de
71 a 75 anos, 21% com idade de 66 a 70 anos e 14% de 76 a 80 anos.
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Quanto ao tipo de renda, 78% dos participantes são aposentados, recebem o benefício da
prestação continuada (BPC), 14% e somente 7% tem outro tipo de renda. Por fim constatou-se que
50% residem em casa própria, 42% em casa alugada e 7% em moradia cedida por um amigo/a ou
familiar.
3.1 CATEGORIAS TEMÁTICAS
Na busca de contribuir de uma forma mais precisa no que diz respeito às informações
obtidas, organizou-se as falas de maior relevância para a análise da temática, em duas categorias:
CATEGORIA 1- Sentimentos e Emoções versus Atividades realizadas no CRAS.
Quando indagados sobre gostar de estarem participando das atividades, as respostas
traduzem o mesmo pensamento:
“Para mim está sendo muito boa, frequento há sete anos. Quando perdi
meus passei necessidade, fiquei doente de depressão. Entrei no grupo e
me sinto feliz. Aconselho para as outras pessoas. Aqui encontrei paz,
alegria. Deus primeiramente e segundo o grupo” (ROSEO).
“Adoro, porque foi quem levantou minha vida e minha cabeça foi aqui
no CRAS. Eu moro só né, aqui é um divertimento, é uma física e uma
atividade que a gente participa. Só acho ruim porque é só dois dias. As
meninas são boas, tratam a gente muito bem (VERDE).
É perceptível nas falas dos participantes da pesquisa a importância da interação entre eles
e os profissionais do CRAS, no que diz respeito a relação de confiança o que proporciona um melhor
atendimento (Pereira & Gyareschi, 2016).
Mediante questionamento sobre alguma atividade realizada no CRAS que os idosos / mais
gostam, as respostas mais relevantes foram:
“Dos passeio. Porque a gente conhece outros lugares, outras pessoas
que me anima quando eu estou triste” (AZUL).
.
“Existe a dança, isso vem de longe e desde rapazinho eu já dançava
forró. O forró é bom porque quando estou no meio de gente conversando,
tou me sentindo melhor” (MARROM).
A viagem turística ou passeio por mais simples que seja sempre é recheado de novidades e
encantamento. Sempre traz lembranças prazerosas do passado o que favorece o surgimento de novos
desejos de prazer (Asthon et al, 2015).
Em se tratando da atividade dança, evidencia-se a sua importância visto que, é uma atividade
muito recomendada para a população idosa, pois estudos comprovam a sua eficácia no que concerne
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a manutenção da força muscular e esquelética, como também o equilíbrio e amplia os movimentos
o que melhora a qualidade de vida (Gonzals et al, 2015).
Assim, entende-se que as atividades passear e dançar traz resultados importantes para os
idosos no que concerne a qualidade de vida, pois proporciona maior desenvoltura, melhora a saúde,
fomenta a fazer novas amizades, maior e melhor interação com o mundo a sua volta.
Quando indagados sobre o encontro semanal (Grupo de Convivência), as respostas foram
positivas:
“É bom porque me faz viver e sonhar” (MARFIM).
“Eu acho muito bom esse encontro aqui, pessoal bom, educado e recebe
a gente bem. É um divertimento. Eu moro só. A gente arranja amizade
aqui. Esse é o lugar pra gente está” (SALMON).
Constata-se que a participação dos/as idosos/as no grupo de convivência, se apresenta de
forma positiva uma vez que, contribui para mudanças na autoestima, na saúde, na vida cotidiana e
proporciona uma melhor qualidade de vida (Glidden et al, 2019).
Dessa forma o grupo de convivência passa a ser para os idosos um momento prazeroso,
alegre, e permite a troca de experiência, aumento da autoestima, a busca por novos conhecimentos
e mais vontade de viver mesmo com as limitações que a condição oferece que é a própria idade.
Com relação a outro tipo de atividade que gostariam que fosse desenvolvida no CRAS,
foram enfáticos nas respostas:
“A educação física, nem que fosse uma vez por semana. A física melhora
a saúde da gente” (AMARELO).
“A física porque é bom para os ossos” (VIOLETA).
A atividade física proporciona melhora na qualidade de vida da pessoa idosa, repercutindo
não somente no condicionamento físico, mas, no psicológico, uma vez que retira essa esfera da
população do sedentarismo e do isolamento social (Pazzinato et al, 2018).
Dessa forma, as atividades físicas exercem influências sobre os idosos uma vez que
contribuem evitando o surgimento de patologias como a depressão, aumento da capacidade
cognitiva, melhor capacidade funcional e o estado de saúde como um todo.
CATEGORIA 2- Qualidade de vida segundo a visão dos idosos participantes da pesquisa
Ao perguntar sobre qualidade de vida, obtivemos as seguintes respostas:
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“Qualidade de vida é, se alimentar bem, ter saúde e paz e tranquilidade
Ter muito Deus e evitar às preocupações”.
“É ter amigos, participar de eventos e se alimentar bem” (MARFIM)
Qualidade de vida é um termo muito abordado, tanto pela comunidade científica quanto no
dia a dia das pessoas. É um conceito amplo que incorpora à saúde física da pessoa, o estado
psicológico, nível de dependência, crenças, relações sociais e a relação com o meio ambiente
(Nascimento & Lourenço 2016).
Dessa forma a qualidade de vida particularmente na terceira idade, envolve um panorama de
muitas dimensões, também complexo e apresenta aspectos objetivos e subjetivos.
Perguntados sobre ter qualidade de vida e porque acham que têm, os participantes foram
enfáticos nas respostas:
“Eu tenho, porque saio, danço, faço amizades e me alimento bem”
(LILÁS).
“Tenho porque não tenho raiva de ninguém, me alimento bem e
participo do CRAS” (SALMON).
Analisando as respostas percebe-se que para os idosos são vários os fatores que contribuem
para justificar que têm qualidade de vida como: sair de casa, dançar, ter amigos e uma boa
alimentação.
Qualidade de vida é entendida como sendo a condição humana que resulta de um
conjunto de aspectos individuais, sociais e ambientais que podem ou não sofrer alterações, que
caracterizam as situações em que vive o ser humano (Gomes; Portela & Junior, 2018).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo demonstrou que com relação à qualidade de vida, percebeu-se que esta
pode ser considerada como objetiva e subjetiva e que, relacionada à situação dos/as idosos/as, é
verificada de acordo com o seu bem-estar biopsicossocial. Constatou-se, ao tratar do processo de
envelhecimento, que os/as idosos/as encontram no Centro de Referência de Assistência Social
(CRAS), uma forma de enfrentamento da sua condição atual, no que diz respeito a participação nas
atividades que são realizadas e que proporcionam momentos de interação, alegria e descontração.
O CRAS para eles/as se apresenta como um porto seguro, pois são bem recebidos. Sentem-se
também valorizados, respeitados e são tratados com carinho, compreensão e atenção.
A participação ativa do grupo social perece contribuir de forma positiva mediante avaliação
dos idosos no tocante a sua qualidade de vida, uma vez que por meio dessa prerrogativa, é oferecido
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um suporte social, contribuindo para diminuir os sentimentos de solidão e abandono. Da mesma
forma, as atividades também se apresentam como fator de relevância, uma vez que, ajuda a reforçar
no idoso o sentimento de valor pessoal, em decorrência da interação com as outras pessoas que
vivem a sua realidade. Sugere-se para a realização de mais estudos sobre a temática em foco, que
venham possibilitar uma investigação mais profunda sobre a realidade pois, a escassez de pesquisas
atuais dificulta uma análise mais precisa sobre a realidade dos idosos que participam das atividades
realizadas no CRAS.
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