O documento discute a trajetória das políticas de saúde e segurança alimentar e nutricional no Brasil. Apresenta os principais conceitos de saúde coletiva e multicausalidade na determinação do estado de saúde. Resume as etapas e mudanças nas políticas de saúde no país desde o período de sanitarismo até a criação do SUS. Também descreve os marcos históricos da nutrição e segurança alimentar no Brasil desde a década de 1930 até os dias atuais.
1. Tragetória das Políticas de Saúde e
Segurança Alimentar e Nutricional
no Brasil
Nutrição em Saúde Coletiva
Profa. Me. Elaine Oliveira
2. De acordo com esse conceito, a determinação do
estado de saúde de uma pessoa é um processo
complexo que envolve diversos fatores.
Diferentemente da teoria da
unicausalidade, que considera como fator
único de surgimento de doenças um agente
etiológico (vírus, bactérias, etc.), o conceito
de saúde-doença estuda os fatores
biológicos, econômicos, sociais e culturais.
3. O conceito de multicausalidade não exclui a
presença de agente etiológicos numa pessoa
como fator de aparecimento de doenças.
Ele vai além e leva em consideração o
psicológico do paciente, seus conflitos
familiares, seus recursos financeiros, nível de
instrução, entre outros.
4. Esses fatores, inclusive, não
são estáveis – podem variar
com o passar dos outros, de
acordo com o momento
sócio-histórico-cultural.
5. • A Saúde Coletiva tem sido definida como um
campo de saber e de práticas que pressupõe
a compreensão da saúde como um fenômeno
eminentemente social, coletivo, determinado
historicamente pelas condições e modos de
vida dos distintos grupos da população.
6. • O estado de saúde da população ou condições de saúde de grupos
populacionais específicos e tendências gerais do ponto de vista
epidemiológico, demográfico, sócio-econômico e cultural;
• Os serviços de saúde, enquanto instituições de diferentes níveis de
complexidade (do posto de saúde ao hospital especializado), abrangendo o
estudo do processo de trabalho em saúde, a formulação e implementação de
políticas de saúde, bem como a avaliação de planos, programas e tecnologias
utilizada na atenção à saúde;
• O saber sobre a saúde, incluindo investigações históricas, sociológicas e
antropológicas sobre a produção de conhecimentos nesse campo e sobre as
relações entre o saber "científico" e as concepções e práticas populares de
saúde, influenciadas pelas tradições, crenças e cultura de modo geral
O objeto de investigação e práticas da Saúde Coletiva
compreende as seguintes dimensões:
7. Entre as competências gerais
dos profissionais, ressaltam as
diretrizes que “os profissionais
de saúde, dentro de seu
âmbito profissional, devem
estar aptos a desenvolver
ações de prevenção,
promoção, proteção e
reabilitação da saúde, tanto
em nível individual quanto
coletivo”
8. Formas de intervenção do
Estado sobre a organização
social das práticas de saúde e
sobre os problemas de saúde da
população.
conjunto de princípios, propósitos,
diretrizes e decisões de caráter
geral voltados para a questão
saúde
9. O Sistema de Saúde do país vem
sofrendo constantes mudanças
desde o século passado,
acompanhando as transformações
econômicas, socioculturais e políticas
da sociedade brasileira.
10. Analisando sua trajetória, identificam-se quatro principais
tendências na política de saúde no Brasil:
• Sanitarismo companhista (até 1945): a principal
estratégia de atuação estava nas campanhas sanitárias.
• Período de transição (1945 – 1960)
• Modelo médico assistencial privatista (início dos anos
80)
• Modelo plural (vigente): inclui como sistema público o
SUS.
11. A Constituição Brasileira de
1988 reconhece a saúde
como direito de todos e
dever do Estado, garantindo
acesso universal e igualitário
às ações e serviços para sua
promoção, proteção e
recuperação.
12. Nutrição e Saúde Pública – Histórico e
Trajetória no Brasil
• O estudo da Nutrição Humana Propaga-se pelo
mundo no período entre as duas grandes guerras
mundiais (1917 – 1941)
• No entanto, somente no século XX é que a
questão alimentar passa a se constituir enquanto
campo científico com a criação dos primeiros
Centros de Pesquisa em Nutrição e Cursos de
Formação Profissional em países como Inglaterra,
França, ex-União Soviética, Japão, EUA, Canadá,
Itália, Alemanha, Dinamarca e Holanda.
13. • Na América Latina os estudos sobre nutrição
surgem mais tarde, em 1926, com a criação do
Instituto Municipal em Nutrição, em Buenos Aires,
pelo médico Pedro Escudero.
• No Brasil a legitimação da Nutrição ocorre durante
as décadas de 30-40 sob forte influência de
Escudero. Num contexto de transformações
econômicas, políticas, sociais e culturais advindos
do processo de organização do capitalismo
nacional do governo Vargas, surge a ciência da
Nutrição. O Estado Populista passa então a
incorporar a questão alimentar ao projeto de
modernização da economia brasileira.
14. Linha do Tempo da Segurança Alimentar e
Nutricional no Brasil
Década de 1930
• Lançamento do primeiro inquérito no Brasil, feito
por Josué de Castro, de denúncia do flagelo dos
trabalhadores e a fome, intitulado “As condições
de vida das classes operárias no Recife”.
• Década de 1940
• Criação do Serviço de Alimentação da Previdência
Social (SAPS).
• Criação do Serviço Técnico de Alimentação
Nacional (STAN).
15. • 1938: criados cursos de Nutrição do
Departamento Nacional de Saúde Pública.
Seguem-se neste período vários estudos e
conferências sobre a alimentação no país.
• 1939: Empresas com mais de 500
trabalhadores são obrigadas a instalarem
refeitórios com o intuito de propiciar aos
trabalhadores alimentação adequada e de
baixo custo.
16. • Fundada a Sociedade Brasileira de
Alimentação e, em 1943 cria-se espaço para
divulgação nacional de pesquisas científicas de
nutrição com a edição da revista Arquivos
Brasileiros de Nutrição.
17.
18. • Publicação da obra “Geografia da Fome”, que
abordou o retrato da fome no Brasil em sua
época, destacando seus fatores sociais e
econômicos.
• No mesmo ano, é criada a 1ª cadeira
acadêmica especializada em Nutrição no
Brasil, na Universidade do Distrito Federal sob
a responsabilidade do Profº. Annes Dias.
19.
20. Linha do Tempo da
Segurança Alimentar e
Nutricional no Brasil
Década de 1950
• Criação da Comissão Federal de Abastecimento e
Preços (Cofap), sendo uma das primeiras medidas de
intervenção direta no abastecimento em tempos de
paz. Isto refletia a maior preocupação política com a
área de abastecimento.
• Criação da Campanha da Merenda Escolar (CME)
também defendida por Josué de Castro, subordinada
ao Ministério da Educação.
21. Em 1956 Campanha Nacional de Alimentação Escolar.
22. SAPS (Década de 40) = Serviço de Alimentação da Previdência Social
CNA (1945) = Comissão Nacional de Alimentação
redução nos investimentos do setor saúde que se refletem nas ações e programas de alimentação do país
representando um retrocesso no setor.
23. Década de 1970
• Período de forte recessão econômica que acaba
por refletir de forma negativa nas condições de
vida e saúde da população brasileira suscitando a
busca por um novo paradigma em saúde.
• Dessa forma, são criados os primeiros cursos de
Pós Graduação em Saúde Pública e na mesma
década ocorre o movimento sanitário que
legitima anos depois a reforma em saúde e a
criação do SUS.
24. 18/09/2023 24
Controle de causas,
riscos e danos.
Sistema de vigilância
epidemiológica e
sanitária.
Assistência Hospitalar
e Ambulatorial
Forma de
Organização
Comunicação Social.
Planejamento e
programação local
situacional, tecnologia
médico sanitarista.
Campanhas sanitárias.
Programas especiais,
Limitações na atenção
integral, com
qualidade
Conhecimentos e
tecnologia
Atenção comprometida
pela efetivade, equidade
e necessidades de saúde
Meio de
trabalho
Danos, riscos,
necessidades e
determinantes dos modo
de vida e saúde
(condições de vida e
trabalho)
Modo de transmissão.
Fatores de risco das
doenças.
Ação de caráter
coletivo
A doença e os
doentes
Objeto de
trabalho
Equipe de saúde.
População
Sanitarista Centrado no médico e
na especialização
Sujeito
Modelo de Vigilância
á Saúde (atual SUS)
Modelo Sanitarista
(até 1945)
Modelos de Atenção no Brasil até então... Novo Modelo
Modelo médico
assistencial
privatista (anos 80)
27. • Em 1975 realiza-se o 1º inquérito nutricional
de âmbito nacional – Estudo Nacional sobre
Despesa Familiar/ENDEF que compreendeu
55 mil domicílios de todo o país.
• Neste inquérito, além da avaliação do estado
nutricional privilegiou-se a caracterização do
consumo alimentar e da despesa familiar.
28. Lidera os esforços internacionais de erradicação da fome e da insegurança alimentar.
191 países-membros + a Comunidade Europeia.
Combate à fome e à pobreza, promove o desenvolvimento agrícola, a melhoria da
nutrição, a busca da segurança alimentar e o acesso de todas as pessoas, em todos
os momentos, aos alimentos necessários para uma vida ativa e saudável.
FAO - Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura
29. Compõe-se de 10 itens primários em saúde, salientando a
necessidade de atenção especial aos países em desenvolvimento.
Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, realizada pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) em Alma-Ata, na República do Cazaquistão,
expressava a “necessidade de ação urgente de todos os governos, de todos os que
trabalham nos campos da saúde e do desenvolvimento e da comunidade mundial para
promover a saúde de todos os povos do mundo”.
35. Década de 1980
1ª referência de segurança alimentar e nutricional no Brasil
Documento: “Segurança Alimentar – proposta de uma política
contra a fome”,
elaborado por uma equipe de técnicos da Superintendência de
Planejamento do Ministério da Agricultura.
1ª recomendação de um Conselho Nacional de Segurança Alimentar
(Consea), presidido pelo Presidente da República.
• Realização no Brasil da 1ª Conferência Nacional de Alimentação e
Nutrição. (8° Conferência Nacional de Saúde)
36. • (1982-1986) CRNs registram crescimento de 125% do
número de profissionais.
• Até 1982 a principal atuação desses profissionais ocorria na
esfera dos hospitais públicos através de concursos.
• 1986 com a expansão das concessionárias (PAT, 1976) houve
um equilíbrio na distribuição dos nutricionistas no país.
Na década de 80, portanto foi possível identificar as áreas de atuação dos
nutricionistas:
1. Alimentação Institucional;
2. Clínica ou Dietoterapia;
3. Nutrição em Saúde Pública;
4. Docência.
37. • Conceito ampliado de saúde;
• Reconhecimento da saúde como direito de todos
e dever do Estado;
• Criação do Sistema de Saúde (SUS);
• Participação popular (controle social);
• Constituição e ampliação do orçamento social
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Difusão da proposta da Reforma Sanitária:
38. 1989 – é realizado o 2º inquérito nutricional no
país, a Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PSNS)
proposta pelo INAN em parceria com o IBGE.
Objetivo central: avaliação do estado nutricional da
população brasileira.
Seus resultados revelaram:
Declínio da desnutrição no país
Aumento do excesso de peso
Permanência das doenças carenciais de vitaminas e
minerais.
39.
40.
41.
42.
43. Década de 1990
Criação:
• Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional
(Sisvan)
• Companhia Nacional de Abastecimento (Conab),
resultante da fusão da Companhia Brasileira de
Alimentos (Cobal), da Companhia Brasileira de
Armazenamento (Cibrazen) e Companhia de
Financiamento da Produção (CFP).
44. FHC: “1997: O ANO DA SAÚDE NO BRASIL
Avanços a nível de Atenção Primária, com
ampliação da Rede Básica através da ampliação
do PACS ( Programa de Agentes Comunitários de
Saúde) e PSF ( Programa de Saúde da Família);
• 2000 = criou-se a Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS), como órgão de regulação,
normatização, controle e fiscalização de planos
ou seguros de saúde.
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45.
46. CGPAN = Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição
• Criação da Comissão de Monitoramento de Violações do Direito Humano à
Alimentação Adequada no âmbito do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa
Humana vinculado a Secretaria Especial de Direitos Humanos.
47.
48. O órgão é um "espaço institucional para o controle social e participação da sociedade na formulação,
monitoramento e avaliação de políticas públicas de segurança alimentar e nutricional;
• Cabia, ao Consea propor, em cima das deliberações da Conferência Nacional de Segurança
Alimentar e Nutricional, as diretrizes e prioridades do plano nacional de segurança alimentar e
nutricional, bem como acompanhar e monitorar" a implementação do plano nacional e de definir
os parâmetros “de composição, organização e funcionamento” do grupo.
"Foram mantidas todas as competências que haviam nos conselhos, mas agora em
outros órgãos.
49. O conselho volta a
existir, agora recriado e
vinculado ao Ministério
da Cidadania
“A volta do Consea é uma
grande vitória da
mobilização da sociedade
civil e, sobretudo, sinaliza,
que a sociedade não está
disposta a permitir
retrocessos nos avanços
obtidos nos últimos anos.
“Foi no conselho que diversos temas de defesa do consumidor tiveram visibilidade, como, por
exemplo, a revisão da rotulagem nutricional de alimentos, as preocupações e denúncias sobre
transgênicos, agrotóxicos, publicidade de alimentos abusivas, dentre outras”