2. OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
• Observar o estudo da tradição
em forma de soneto colocando
como foco o paralelo entre os
sonetos de Luís de Camões e
Vinícius de Moraes.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Salientar a herança deixada
por Camões que está presente
nos sonetos de Vinícius de
Moraes;
• Reverenciar a tradição em
forma de soneto.
3. Afinal o que é
soneto?
Fonte: <https://br.depositphotos.com/101123364/stock-
illustration-vector-woman-with-a-question.html>. Acesso
em: 17 agosto 2021.
4. Luís Vaz de Camões
Fonte: “Luís Vaz de Camões”, de François Gérard (1770-
1837).
6. Por que um escritor modernista escolheria se
valer de uma forma fixa?
• Modernismo;
• Métrica;
• Soneto de Vinícius de Moraes.
7. Literatura Comparada: breve levantamento
bibliográfico
Fonte:
<https://br.pinterest.com/pin/714594665854111
912/>. Acesso em: 17 agosto 2021.
8. Estudo comparatista entre a poética de Camões e a poética de Vinícius de
Moraes
Quadro 1 – Soneto LXXXI (1843,
p.85)
Versão original
Amor he hum fogo que arde sem se ver;
He ferida que doe e não se sente;
He hum contentamento descontente;
He dor que desatina sem doer;
He hum não querer mais que bem querer;
He solitario andar por entre a gente;
He hum não contentar-se de contente;
He cuidar que se ganha em se perder;
He hum estar-se preso por vontade;
He servir a quem vence o vencedor;
He hum ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar póde o seu favor
Nos mortaes corações conformidade,
Sendo a si tão contrário o mesmo Amor?
Versão adaptada
Amor é fogo que arde sem se ver, (A)
É ferida que dói, e não se sente; (B)
É um contentamento descontente, (B)
É dor que desatina sem doer. (A)
É um não querer mais que bem querer;
(A)
É um andar solitário entre a gente; (B)
É nunca contentar-se de contente; (B)
É um cuidar que ganha em se perder. (A)
É querer estar preso por vontade; (C)
É servir a quem vence, o vencedor; (D)
É ter com quem nos mata, lealdade. (C)
Mas como causar pode seu favor (D)
nos corações humanos amizade, (C)
se tão contrário a si é o mesmo Amor? (D)
Fonte: Criado e adaptado
pela autora, 2021.
9. SONETO DE FIDELIDADE
De tudo, ao meu amor serei atento (A)
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto (B)
Que mesmo em face do maior encanto (B)
Dele se encante mais meu pensamento. (A)
Quero vivê-lo em cada vão momento (A)
E em louvor hei de espalhar meu canto (B)
E rir meu riso e derramar meu pranto (B)
Ao seu pesar ou seu contentamento. (A)
E assim, quando mais tarde me procure (C)
Quem sabe a morte, angústia de quem vive(D)
Quem sabe a solidão, fim de quem ama (E)
Eu possa me dizer do amor (que tive): (D)
Que não seja imortal, posto que é chama (E)
Mas que seja infinito enquanto dure. (C)
(MORAES, 1960, p. 112).
10. ANÁLISE DO SONETO DE FIDELIDADE DE ACORDO COM JUNQUEIRA
(2014)
Pergunte-se a qualquer modesto ou fugaz leitor de
poesia se não lhe ecoam para sempre na memória estes
dois últimos versos. E por quê? Porque neles o milagre
da poesia ocorre não apenas graças a magia verbal que
os anima, mas também a uma experiência amorosa que
transcende o âmbito pessoal da sensibilidade do poeta
para tornar-se um bem comum de que todos partilham,
uma doação que se recebe no nível de uma língua
comum. Daí a razão pela qual os sonetos de Vinícius de
Moraes dele fazem um clássico de nosso idioma.
(JUNQUEIRA, 2014, p.32).
11. SONETO DE SEPARAÇÃO
De repente do riso fez-se o pranto (A)
Silencioso e branco como a bruma (B)
E das bocas unidas fez-se a espuma (B)
E das mãos espalmadas fez-se o espanto. (A)
De repente da calma fez-se o vento (C)
Que dos olhos desfez a última chama (D)
E da paixão fez-se o pressentimento (C)
E do momento imóvel fez-se o drama. (D)
De repente, não mais que de repente (E)
Fez-se de triste o que se fez amante (F)
E de sozinho o que se fez contente. (E)
Fez-se do amigo próximo o distante (F)
Fez-se da vida uma aventura errante (F)
De repente, não mais que de repente (E)
(MORAES, 1960, p. 174).
12. Referência
s
ANÁLOGA. Dicio: Dicionário online de Português, c2020. Disponível em:
<https://www.dicio.com.br/analoga/#:~:text=%5BBiologia%5D%20Capaz%20de%20desenvolver%20ou,latim%20analogus.a.um.>.
Acesso em: 14 de nov. de 2020.
ARANTES, Adriana Junqueira de Brito; COELHO, Elisa Domingues; GUERRA, Bruna Tella. Literatura Comparada. Londrina: Editora e
Distribuidora Educacional S.A., 2019, 200p. Disponível em: <http://cm-kls-
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de 2021.
CAMÕES, Luís Vaz de. Obras completas de Luís Vaz de Camões, Tomo II: Classicos Portuguezes. (ORGs. BARRETO FEIO, J. V.;
MONTEIRO, J. G.). Lisboa, 1843. 432p.
______. Lírica Completa. Prefácio e notas de Maria de Lourdes Saraiva. Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1980-81. 3 v.
Coleção Biblioteca de Autores Portugueses.
CABRAL, Hélio. O que é soneto (História e composição). BlogHeliocabral10, 2008. Disponível em:
<https://sites.google.com/site/heliocabral10/o-que-e-soneto>. Acesso em: 14 de nov. de 2020.
CUNHA, Celso. Gramática do português contemporâneo: edição de bolso. (Org.: PEREIRA, Cilene da Cunha.). Rio de Janeiro: Lexikon;
Porto Alegre, RS: L&PM, 2017.
DOM AQUINO CORREIA, Francisco de. Salve, Bandeira!. In: Revista da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, nº 2, dez. 2003. p.
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JOBIM, José Luís. Literatura Comparada e Literatura Brasileira: circulações e representações. Rio de Janeiro: Makunaima; Boa Vista:
Editora Universidade Federal de Roraima, 2020. 161p.
13. Referência
s
JUNQUEIRA, Ivan. Vinicius de Moraes: língua e linguagem poética. In: Vinicius de Moraes: Poesia de muitos plurais. Revista Brasileira, fase
VIII, janeiro/fevereiro/março 2014, ano III, nº 78. p. 15-36. Disponível em:
<https://www.academia.org.br/sites/default/files/publicacoes/arquivos/revista-brasileira-78.pdf>. Acesso em: 15 de abr. De 2021.
MOISÉS, Massaud. A Literatura Portuguesa. São Paulo: Cultrix, 1975.
MORAES, Vinícius de. Antologia poética: Vinícius de Moraes. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1960. 319p.
TANCREDI, Silvia. Vinicius de Moraes: biografia vida e obra. Brasil Escola. Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/biografia/vinicius-
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TORRES, Milton L. Ensinando Literatura com comparações. Engenheiro Coelho: UNASPRESS, 2020. 623p.
WELLEK, René. O nome e a natureza da literatura comparada. (Trad. Marta de Senna). In: COUTINHO, Eduardo F.; CARVALHAL, Tânia
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