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UTILIZAÇÃO DE ANALGÉSICOS E ANTI-INFLAMATÓRIOS (AINEs)
POR CLIENTES DE UMA DROGARIA NO MUNICÍPIO DE ACEGUÁ -
RS
ANALGESICS AND ANTI-INFLAMMATORIES (NSAIDs) FOR
CUSTOMERS OF A DRUG STORE IN THE CITY OF ACEGUÁ - RS
Camila Brito Costa. URCAMP. E-mail: mila-bc@hotmail.com
Ana Paula Simões Menezes, Doutora URCAMP. E-mail: anapaulasime@gmail.com
Ana Carolina Zago, Mestre URCAMP. E-mail: anacarolinazago@yahoo.com.br
RESUMO
O uso de medicamentos sem prescrição médica tem se tornado uma constante no país. Com o
objetivo de traçar o perfil dos usuários de analgésicos e anti-inflamatórios por automedicação para
tratamento de dor no município de Aceguá-RS, este trabalho buscou, por meio da análise da literatura
e de uma pesquisa descritiva, de caráter transversal, exploratória, levantar dados sobre o uso de
medicamentos para dor. O estudo identificou que os usuários de medicamentos para dor é formado
por indivíduos com mais de 40 anos, predominantemente do sexo feminino. Dipirona e Paracetamol
são os analgésicos mais utilizados, enquanto Tandrilax e Diclofenaco estão no grupo dos anti-
inflamatórios preferenciais e a dor muscular e dor de cabeça são os principais motivos que levam à
busca desses fármacos. A maioria dos usuários não solicita orientação do profissional de farmácia e
comprimido é a forma farmacêutica mais usada. Recorrem, normalmente, à orientação de familiares.
Também este estudo revelou que é elevado o percentual de indivíduos que desconhece os riscos e
os efeitos colaterais do uso desse tipo de medicamento (82,5%), concluindo que a prática da
automedicação com relação a analgésicos e anti-inflamatórios é elevada no município, e que o
consumo dos primeiros é superior ao dos segundos, destacando-se a importância da atuação do
profissional de farmácia neste contexto.
Palavras-chave: Dor; Medicamentos; Automedicação.
ABSTRACT
The use of non-prescription drugs has become a constant in the country. Aiming to identify the profiles
of users of analgesics and anti-inflammatories for self-medication for pain relief in the municipality of
Aceguá-RS, this study sought through literature review and a descriptive, cross-sectional character,
exploratory , collecting data about the use of pain medication. The study found that users of pain
medications is formed by individuals over 40 years, predominantly female. Dipyrone and paracetamol
are the most widely used analgesics, while Tandrilax and diclofenac are in the group of preferred anti-
inflammatory and muscle pain and headache are the main reasons leading to the pursuit of these
drugs. Most users have requested guidance from the pharmacy and professional tablet is the most
used pharmaceutical form. Resort, usually the guidance of family. This study also revealed that there
is a high percentage of individuals who are unaware of the risks and side effects of using this type of
medication (82.5%), concluding that self-medication with respect to pain killers and anti-inflammatory
drugs is high in the municipality and that the consumption of the former is superior to the second,
highlighting the importance of the performance of the pharmacy professional in this context.
Key-words: Pain; Medicines; Self-medication.
INTRODUÇÃO
O corpo humano é um sistema complexo formado por uma infinidade de
substâncias que, segundo Oga e Basile (2004), fatalmente entrarão em reações com
qualquer substância ingerida, entre elas, os fármacos. Conforme Fonseca (2011), os
analgésicos e os anti-inflamatórios são os mais usados no combate a pequenas
enfermidades e especialmente nas dores, além de aparecerem com maior
frequência na lista dos fármacos utilizados.
Sendo a classe dos anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) uma das mais
utilizadas no combate a pequenas infecções e processos inflamatórios, seu uso é
muito difundido e comum. Normalmente são os mais utilizados, junto com os
analgésicos para processos dolorosos (NUNES et al., 2010). De acordo com Neiva
(2005), tornou-se comum, por parte da população, o uso de medicação em geral,
sem a devida prescrição médica, em especial os anti-inflamatórios e, mais
especificamente, os não-esteroidais.
Segundo Damasceno et al. (2007), alguns fármacos, em que se destacam
alguns tipos de analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios, tem livre sua
comercialização nas farmácias sem a necessidade de apresentação da receita
médica, o que facilita a compra sem receita (BRICKS e SILVA, 2005; SOUZA et al.,
2011). Isso facilita seu consumo, incitando à automedicação, tendo em vista que por
qualquer motivo, incluindo-se os processos dolorosos, o indivíduo busca a farmácia
para sanar seu problema, sem a devida orientação médica.
O objetivo deste estudo foi traçar o perfil dos usuários de analgésicos e anti-
inflamatórios por para tratamento de dor no município de Aceguá-RS, identificando
os tipos de medicamentos mais utilizados no combate à dor.
MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho teve como método a aplicação de uma pesquisa
descritiva, de caráter transversal, exploratória, ou seja, entrevista a partir de um
questionário estruturado, com questões fechadas, realizado em uma drogaria na
cidade de Aceguá/RS, com uma amostra composta por 63 indivíduos, clientes da
drogaria.
O levantamento dos dados foi através da aplicação de um questionário
durante todo o mês de julho de 2014, contendo, além dos dados de identificação do
sujeito da pesquisa, sete questões relacionadas à utilização de medicamentos e
automedicação, tendo como parâmetros para sua elaboração os trabalhos
desenvolvidos por Silva et al. (2008), Vitor et al. (2008), Posseti e Veiga (2011) e
Rodrigues (2011).
A amostragem foi de conveniência, no qual participaram todos os clientes
maiores de 18 anos atendidos pela farmacêutica responsável e que solicitaram
medicamentos analgésicos/AINES com ou sem prescrição médica. As entrevistas
foram realizadas de segunda a sexta-feira, pela manhã, das 8 às 12 horas e pela
tarde, das 14 às 17 horas, durante todo o mês de julho de 2014. O presente estudo
teve o cuidado em relação aos participantes, sendo assegurado aos mesmos o sigilo
das informações e a possibilidade de desistência em qualquer momento da
pesquisa. A participação dos pesquisados foi voluntária e cada participante assinou
um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
As variáveis do estudo foram: perfil dos usuários quanto ao sexo, idade,
escolaridade, ocupação e estado civil; medicamentos mais utilizados e prescrição ou
indicação; motivos do uso; e se houveram efeitos adversos. Os dados foram
analisados e tabulados no programa estatístico do Microsoft Excel, discutidos com a
literatura e apresentados através de tabelas para melhor visualização dos
resultados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A pesquisa envolveu 63 indivíduos, sendo 66,7% do sexo feminino, 49%,
com idades entre 18 e 55 anos, onde predomina a formação básica de ensino. Nesta
amostra, 49% informaram serem solteiros, 40% casados e 11% viúvos, desquitados
ou separados (Tabela 1).
Não foram investigadas as patologias recorrentes e nem o uso contínuo de
medicamentos.
Tabela 1. Dados sociodemográficos da amostra
Sexo Total de indivíduos Percentual
Feminino 42 66,7%
Masculino 21 33,3%
Idades
18-25 anos 8 12,7%
26-35 anos 13 20,7%
36-45 anos 12 19,0%
46-55 anos 21 33,3%
Total 63 100,0
Escolaridade
Ens. Fundamental 24 38%
Ensino Médio 25 40%
Superior/Especialização 14 22%
Ocupação
Aposentados 19 30%
Não trabalham 3 5%
Trabalham 41 65%
Estado civil
Solteiros 31 49%
Casados 25 40%
Viuvos 4 6%
Divorciados 3 5%
Os dados encontrados neste estudo condizem com os percentuais
levantados no estudo de Damasceno et al. (2007), que encontrara, um percentual de
59% de mulheres com idade superior a 40 anos na busca por antiinflamatórios, bem
como são semelhantes aos que apresentam os trabalhos de Vitor et al. (2008),
Alonzo et al. (2011), que encontraram índices de 60% de mulheres, a maioria viúvas
ou solteiras.
Vitor et al. (2008) consideram que a prevalência do sexo feminino na busca
de medicamentos para dor explica-se pelo fato de que as mulheres são mais frágeis
e buscam de forma mais rápida e efetiva o alívio para problemas de saúde. Este
estudo considerou indivíduos que buscam medicamentos junto à farmácia
pesquisada independente de ser para uso próprio ou de outrem.
Souza et al. (2011) encontraram, também, na compra de medicamentos sem
prescrição, um percentual elevado de mulheres, no entanto, não investigaram os
motivos. Esse mesmo pensamento é compartilhado por Damasceno et al. (2007).
Não existe nos estudos revisados referência ao estado civil e sua relação com o uso
de medicamentos para a dor.
No que se refere à idade, constata-se que a faixa etária de maior prevalência
na busca de medicamentos de combate à dor está situada entre 46 a 55 anos
(33,3%).
Os dados deste estudo apontam para a tendência de que os problemas de
saúde, onde se incluem os processos dolorosos, estão presentes na população de
idade mais avançada, indicando a mesma tendência apontada por Posseti et al.,
2011), muitas vezes causados, de acordo com Souza et al. (2011), por desgastes
orgânicos. Pode-se inferir, com base também nos estudos e afirmações de Bortolon
et al. (2008) e Loyola Filho et al. (2013) de que quanto mais avança a idade, maior o
número de problemas relacionados à dor.
Alguns estudos (VITOR, 2008; MARTELLI e TRAEBERT, 2006) tem
comprovado que a dor normalmente está relacionada ao desgaste orgânico e às
falhas dos aparelhos internos que se acentuam com a idade. No entanto, alguns
dados da literatura apontam que populações mais jovens também sofrem processos
dolorosos e, da mesma forma, buscam alívio com o uso de medicação, em grande
parte dos casos sem a devida prescrição médica (NUNES et al., 2010).
Conforme Silva et al. (2008), ainda que sejam utilizadas drogas diferentes,
para fins distintos, eles vêm sendo adotados para todo o tipo de queixa, desde dores
de cabeça, na coluna, dor de garganta, entre muitas outras. O uso de medicamentos
de forma incorreta pode acarretar o agravamento de uma doença, segundo Bortolon
et al. (2008), e essa prática tem se verificado em todas as faixas etárias. No entanto,
a maioria dos estudos mostra que é a população idosa é a que mais faz uso
excessivo de anti-inflamatórios, conforme dados levantados por Vitor (2008) e
Loyola Filho et al. (2013).
Quanto à escolaridade, constatou-se que a maioria possui ensino médio
(40%), seguindo-se dos indivíduos do ensino fundamental (38%). Os indivíduos que
possuem curso superior (20,5%) e especialização (1,5%) perfazem a minoria neste
estudo. E quanto ao trabalho, verificou-se que 65% exerce alguma atividade laboral,
enquanto que o restante não trabalha ou está aposentado. Isto pode sugerir a
importância da escolaridade para o entendimento da importância do uso racional de
medicamentos, evitando a automedicação.
Por outro lado, Oliveira e Pelógia (2011) explicam que a falta de condições
financeiras para consulta e a demora de atendimento no serviço público pode levar o
indivíduo à automedicação em caráter de urgência (POSSETI e VEIGA, 2011). Com
isso, infere-se a importância da escolaridade e da condição financeira para o correto
uso de medicamentos, pelo que Bortolon et al. (2008) afirmam que o esclarecimento
e as orientações são melhor aceitas e seguidas por quem tem maior nível de
conhecimentos e/ou escolaridade.
Relatos de estudos apontam para o consumo exagerado de medicamentos
entre as populações mais pobres e menos alfabetizadas, normalmente indicados por
amigos ou parentes (ARRAIS et al., 2007; BORTOLON et al., 2008; OLIVEIRA e
PELÓGIA, 2011).
Investigou-se o tipo de medicamento solicitado para a dor, constatando-se
que a classe de medicamentos mais procurada foi a dos analgésicos (60%),
conforme a Tabela 2.
Tabela 2. Medicamentos mais solicitados para dor
Classe/Medicamento
N° de Procura Percentual
Analgésico
Dipirona 24 38,1%
Parcetamol 11 17,5%
Ácido Acetil Salicílico 3 4,7%
Anti-inflamatórios
Diclofenaco 19 30,2%
Ibuprofeno 5 7,9%
Nimesulida 1 1,6%
Os dados revelam que entre os analgésicos, Dipirona e Paracetamol são os
mais solicitados pelos sujeitos da pesquisa, enquanto entre os anti-inflamatórios, o
Diclofenaco e o Ibuprofeno aparecem com maior prevalência de preferência.
Em geral, os analgésicos são os medicamentos de eleição no combate à dor
quando não existe prescrição médica (RODRIGUES et al., 2011); no entanto, alguns
estudos, como de Nunes et al. (2010) apontam elevado uso de antiinflamatórios não
esteroidais (AINES) para o combate dos processos dolorosos, indicando uma
tendência ao crescimento desse consumo entre populações mais jovens.
Os dados desde estudo se aproximam em percentuais com os encontrados
em Arrais et al. (2007), que encontraram índices de 63 % de analgésicos como
medicamentos de eleição no combate e à dor, e no trabalho de Posseti e Veiga
(2011), cujo percentual encontrado para analgésicos no combate à dor foi de 59%.
No entanto, dados referente ao uso de medicamentos contra a dor nos trabalhos de
Silva et al. (2008) referem o uso de AINES como principal medicamento de uso no
combate à dor .
Os analgésicos e os anti-inflamatórios são medicamentos usados de forma
curta (curta duração), cujo uso não deve ser frequente (RODRIGUES et al., 2011).
Caso a dor ou os sintomas continuem, é preciso suspender o uso e procurar um
médico (MUSIAL et al., 2007). No entanto, no Brasil, o uso de analgésicos e anti-
inflamatórios é muito frequente para o combate à dor e isso tem se tornado um
problema de saúde pública, sendo, em grande parte dos casos, motivos para
internações e óbitos por intoxicação (SOUZA et al., 2011; POSSETI e VEIGA, 2011).
As pessoas podem sofrer diversos tipos de dor. Conforme Musial et al.
(2007), algumas das principais síndromes dolorosas são a dor neuropática, estados
dolorosos depois de uma cirurgia, a dor do cancro e a dor associada a perturbações
psicológicas. A dor crônica é também um dos principais aspectos de muitas
doenças.
Os motivos que levaram à procura do medicamento são variados com
relação à dor (Tabela 3).
Tabela 3. Motivos que levaram à busca de medicamento para a dor
Motivos Frequência Percentual
Dor muscular 25 39,8%
Dor de cabeça 20 31,8%
Febre 3 4,8%
Dor de garganta 3 4,8%
Dor no corpo 2 3,0%
Gripe 2 3,0%
Contusões 1 1,6%
Dores no corpo 1 1,6%
Indefinido 6 9,6%
No entanto, nos casos de dor como reflexo de outra enfermidade, como
problemas relacionados à coluna, dor de dente ou algias decorrentes de entorses e
contusões musculares, bem como algumas dores de cabeça e no corpo, os anti-
inflamatórios são utilizados SILVA et al., 2008) A utilização inadequada pode
esconder determinados sintomas (POSSETI e VEIGA, 2011).
Pode-se considerar que a dor é um dos vários motivos que leva as pessoas
à automedicação e, Damasceno et al. (2007, p. 50) afirmam: “A pessoa que vivencia
a experiência dolorosa busca alívio através de aconselhamento médico, terapias
complementares de saúde e/ou automedicação”.
Em relação à caracterização da dor, estudos com populações em geral
mostraram que a automedicação foi prevalente entre aqueles que relataram dor
aguda, de intensidade moderada e localizada na cabeça (SOUZA et al., 2011).
Dados do mesmo estudo mostram que a prevalência de indivíduos que praticavam a
automedicação em situações de dor foi de 38,8%. Este estudo indica que a
prevalência da dor é muscular (37,9%), seguido da dor de cabeça (36,5%).
A busca por medicamentos para o alívio das dores em geral é prática
comum no país, sendo os analgésicos e anti-inflamatórios os mais comuns (SILVA
et al., 2008; RODRIGUES et al., 2011). No entanto, os primeiros, normalmente, são
os que prevalecem na escolha, como observado neste estudo. Segundo Souza et al.
(2011) a automedicação com antiinflamatórios, em situações de dor crônica, é pouco
investigada, porém, em estudo realizado na Suécia, com 1.806 pessoas, entre 25 e
74 anos, sobre o impacto da dor crônica no cuidado a saúde, observou-se que
14,9% das pessoas com dor crônica se automedicavam. Destas, a maioria utilizava
analgésicos, mas era expressivo o número de usuários de antiinflamatórios. Por tudo
isto, revela-se a importância dessa abordagem no uso de medicamentos comprados
em farmácias e drogarias sem receita médica para o combate à dor.
Com a expansão da quimiossíntese (processo de fabricação de
medicamentos a partir de matéria prima sintética), a industria farmacêutica ampliou ,
nas últimas décadas, a gama de medicamentos disponíveis e a oferta destes,
passando os antiinflamatórios a ocupar, de forma crescente, um lugar de destaque
como alternativa para a cura das doenças e alívio dos sintomas (SOUZA et al.,
2011).
Vários estudos comprovam que a dor é a causa mais prevalente para o uso
de analgésicos e anti-inflamatórios e que este uso raramente obedece a uma
prescrição médica, sendo a automedicação a medida mais recorrente (ARRAIS et
al., 2007; DAMASCENO et al., 2007). Assim, os dados deste estudo são
compatíveis com outros estudos (SILVA et al., 2008; SOUZA et al., 2011), que
encontraram o uso de analgésicos em maior quantidade que de anti-inflamatórios
como medicamentos eletivos no combate à dor, bem como com em grande parte da
literatura consultada neste estudo.
Também de acordo com Santos (apud RODRIGUES et al., 2011, p. 15): “Um
dos motivos mais frequentes de automedicação é a dor, por isso os analgésicos
estão entre o grupo de medicamentos OTCs (Over the Counter, ou de venda livre)
mais consumidos”. Para Musial et al. (2007), para que o tratamento da dor tenha
sucesso, torna-se necessária uma boa avaliação de sua natureza, entendimento de
diferentes tipos e padrões de dor e conhecimento do melhor tratamento. Rodrigues
et al. (2011, p. 15) colocam, que “A boa avaliação inicial da dor irá atuar como uma
linha de base para o julgamento de intervenções subsequentes”.
Nos trabalhos de Abraão et al. (2009), os autores constataram que os
analgésicos mais utilizados na automedicação da dor são a dipirona (59,2%), o
paracetamol (19,8%), as drogas AINEs (13,1%), sendo que 2,6% usaram ácido
acetilsalicílico e 7,9% outros medicamentos, associados ou não a outros fármacos.
Esses dados se relacionam aos encontrados neste estudo, onde os analgésicos
prevalecem sobre os AINEs como medicamentos eletivos de combate às dores.
Sobre a assistência farmacêutica, a maioria dos sujeitos da pesquisa
informou que não solicitou (82,5%). Isto reflete, segundo Bricks e Silva (2005), a
determinação na busca do alívio da dor e a certeza do medicamento que quer. No
Brasil a automedicação no combate à dor é uma prática muito difundida e também
ocorre em vários outros países e ocorre independente da orientação do profissional
da farmácia. No desenvolvimento da atenção farmacêutica o profissional se
encarrega de reduzir e prevenir a morbimortalidade relacionada a medicamentos e o
farmacêutico pode satisfazer esta necessidade social atendendo individualmente as
necessidades dos pacientes (IVAMA et al., 2002).
No entanto, não foi isso que mostrou este estudo, mesmo se observando
que não houve iniciativa do usuário. Angonesi (2008) comenta que, no Brasil, a
prática da atenção farmacêutica ainda é incipiente, mas já se observa um
compromisso dos farmacêuticos em relação à sua promoção. No entanto, os
resultados deste estudo indicam a necessidade de se assegurar uma atenção
farmacêutica mais eficiente e responsável, visando à saúde da população.
De acordo com Oliveira e Pelógia (2011), ainda que se considere grande
parte dos países industrializados, é possível constatar que muitos medicamentos de
uso mais simples e comuns encontram-se disponíveis em farmácias, drogarias ou
supermercados e podem ser obtidos sem necessidade de receita médica, como os
analgésicos e anti-inflamatórios não esteróides (AINES), que se constituem nas
classes de medicamentos mais consumidas no mundo. Segundo Ivama et al. (2002),
a atenção farmacêutica preconiza a interação direta do farmacêutico com o usuário,
visando uma farmacoterapia racional e a obtenção de resultados definidos e
mensuráveis, voltados para a melhoria da qualidade de vida.
Quanto à forma farmacêutica, o comprimido aparece como a classe mais
prevalente (77,8%), sendo a forma líquida a segunda (32,2%). Esses dados
condizem com os estudos de Posseti e Veiga (2011) e Rodrigues et al. (2011).
Estes autores explicam a preferência por comprimidos tendo em vista ser mais
fáceis de carregar e de ingerir, bem como a praticidade de uso, além da dosagem já
estar definida.
Cada via de administração é indicada para uma situação específica, e
apresenta vantagens e desvantagens. Conforme Rodrigues et al. (2011), a injeção é
sempre incômoda e muitas vezes dolorosa, especialmente em crianças, mas seu
efeito é mais rápido. Souza et al. (2011) lembra que não é apenas a forma do
medicamento que é importante, a sua via de administração também deverá ser
escolhida pelo médico, no ato da prescrição.
A escolha do comprimido, conforme Silva et al. (2008) no ambiente
hospitalar facilita a distribuição do medicamento no tempo e na dosagem correta,
evitando o risco de erros relacionados a medicação. No entanto, quando o
medicamento está disponível na forma líquida, Rodrigues et al. (2011) recomendam
que esta via deve ter a preferência para uso em pediatria, normalmente porque a
criança já possui uma via de acesso permanente (soro ou abocath).
Quanto à prescrição médica prévia, constatou-se que mais de dois terços da
população em estudo não se valeu de receita para a compra do medicamento
(66,7%). O padrão deste estudo segue os dados encontrados na literatura (SILVA et
al. 2008; POSSETI E VEIGA, 2011; RODRIGUES et al., 2011). Silva et al. (2008),
relata a prática da automedicação em quase todo o país, como medida adotada pela
população para o tratamento de várias enfermidades. Da mesma forma, Posseti e
Veiga (2011) afirmam que a compra de medicamentos sem a devida prescrição
médica é comum e o uso de analgésicos e anti-inflamatórios se destaca nessa
prática porque não necessitam de receita para a aquisição.
Em um estudo de Musial et al. (2007) constatou-se que o uso de AINEs
também é elevado para o combate à dor, considerado pelos autores como o
medicamento de ação mais ampla, sendo usado para combate a inflamações e à dor
causada por estas, quase sempre sem prescrição médica. Souza et al. (2011)
também relatam o uso destes medicamentos para os mesmos fins com aquisição
sem receita. Os mesmos autores relatam em seus estudos que os analgésicos
perfazem 35% e os anti-inflamatórios 59% das compras de medicamentos pela
população que não se utiliza de qualquer orientação médica.
Da mesma forma, num estudo sobre utilização de fármacos no combate à
dor, Bortolon et al. (2008) contataram que a classe de medicamentos com maior
frequência de utilização por automedicação consistiu no grupo dos antipiréticos,
analgésicos e antiinflamatórios (44,7%). Esses mesmos medicamentos são
revelados como os mais utilizados nos estudos de Loyola Filho et al. (2013), mas os
dois últimos são os mais prevalentes no combate à dor, na maioria dos casos como
automedicação, por indicação de amigos ou experiência anterior. Os dados
revelados pelos autores mostram uma consonância com os dados levantados neste
estudo quando à prevalência dos analgésicos e AINEs no combates às
manifestações dolorosas.
Estudo realizado por Araújo Júnior e Vicentini (2007) revelam serem
necessárias intervenções e ações de fiscalização que evitem a automedicação, já
que 74% dos estudados a praticam, e destes, 52% referem como critério de escolha
a auto-prescrição, superando a indicação por familiares, balconistas e
farmacêuticos. Bricks (2013, p. S112) relatam que “os analgésicos, antitérmicos e
anti-inflamatórios não hormonais (AINH) estão entre os medicamentos mais
amplamente utilizados por crianças, com ou sem prescrição médica”. Os dados do
autor são congruentes com este estudo, da mesma forma que os encontrados por
Souza et al. (2011).
Quanto ao fator que levou à indicação e busca do tipo de medicamento,
contatou-se que a família tem grande influência na escolha dom tipo de fármaco a
ser utilizado na situação em estudo, tendo em vista que neste estudo 58,7% dos
sujeitos da pesquisa foram influenciados por familiares na escolha. Isso leva à busca
pela automedicação, que foi constatado neste estudo o que, segundo Tourinho et al.
(2008), embora a “automedicação responsável” (consumo de medicamentos que
não requer prescrição médica para tratamento sintomático) possa, eventualmente,
reduzir a “pressão” no sistema de saúde onde ele e de difícil acesso, tal
procedimento é contestado e não isento de riscos.
Por fim, acerca do conhecimento dos riscos de utilizar o medicamento
adquirido, verificou-se que é muito alto o percentual daqueles que desconhecem
possíveis efeitos indesejados (82,5%).
A sociedade brasileira se encontra excessivamente exposta à propaganda
de medicamentos, sem ter o devido esclarecimento sobre os riscos associados ao
seu uso (BORTOLON et al., 2008). Ademais, a forma de remuneração dos
atendentes das farmácias e drogarias brasileiras, baseada em comissão sobre
vendas, cria uma lógica de mercado que favorece a prática da automedicação
(MARQUES, 2008). Por outro lado, dados da Organização Mundial de Saúde (OMS)
dão conta de que o percentual de internações hospitalares provocadas por reações
adversas a medicamentos ultrapassa os 10% (VITOR et al., 2008).
Mesmo que os medicamentos isentos de prescrição (MIPs) possam ser
adquiridos sem receita médica, não significa que eles sejam isentos de risco, sendo
importantes as orientações do farmacêutico na aquisição (RODRIGUES et al.,
2011). O uso apropriado dos MIPs, de acordo com Marques (2008), freqüentemente
depende de um auto-diagnóstico e de bom senso do paciente ao determinar um
sintoma presente, e saber qual substancia seria mais apropriada para o seu uso,
pois, conforme Vitor et al. (2008), o medicamento também apresenta reações
adversas, mesmo quando utilizados corretamente, e os rótulos não listam todas as
reações, levando muitos usuários a acreditarem que esses medicamentos tenham
pouco ou nenhum efeito adverso.
Neste estudo, verificou-se que a maioria dos sujeitos da pesquisa não levou
em consideração a possibilidade de reações adversas dos medicamentos
adquiridos, nem os riscos de uso de MIPs, sendo mais uma vez importante destacar
a importância da atuação do profissional na atenção farmacêutica como forma de
inimizar o problema.
CONCLUSÃO / CONSIDERAÇÕES FINAIS
A dor é a principal causa que leva à busca de analgésicos e antiinflamatórios
nas farmácias e drogarias. Os dados revelam que a maioria dos usuários de
analgésicos e antiinflamatórios para combate à dor é formada por indivíduos com
mais de 40 anos, predominantemente do sexo feminino, sendo Dipirona e
Paracetamol os analgésicos mais utilizados e entre os AINEs, o Tandrilax e o
Diclofenado e não solicitam orientação do profissional de farmácia quanto à
eficiência e indicações.
O comprimido é a forma farmacêutica mais utilizada e as dores musculares e
de cabeça são os sintomas mais prevalentes para seu uso. E a dor muscular e dor
de cabeça são os motivos que mais recorrem para a busca desse tipo de fármaco.A
indicação do medicamento procurado normalmente é feita por familiares e a maioria
dos sujeitos da pesquisa desconhece os riscos de seu uso, bem como não sabe dos
possíveis efeitos colaterais advindos da medicação.Os dados deste estudo também
revelaram que a maioria dos usuários desse tipo de fármaco o faz sem os devidos
cuidados, pois não se utiliza de prescrição médica e desconhece os riscos do uso
indiscriminado dos mesmos.
Conclui-se que a atenção farmacêutica neste caso é de extrema
importância, cabendo ao profissional de farmácia orientar os usuários quanto ao uso
de MIPs, prevenindo os riscos de intoxicações ou efeitos colaterais advindos do mau
uso, especialmente num país onde a automedicação se configura como hábito dos
indivíduos e o uso de medicamentos em excesso leva, muitas vezes, às
intoxicações, hospitalizações e até mesmo a óbito.
REFERÊNCIAS
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Guairaçá - PR. Arquivo de Ciência da Saúde Unipar. Umuarama, v. 11, n. 2, p. 83-
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ARRAIS, P.S.D.; COELO, H.L.L.; BATISTA, M.C.D.S. et al. Perfil da automedicação
no Brasil. Revista de Saúde Pública. São Paulo, a. 41, n. 1, p. 71-7, 2007.
BORTOLON, P.C.; MEDEIROS, E.F.F.; NAVES, J.O.S. Análise do perfil de
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UTILIZAÇÃO DE ANALGÉSICOS E ANTI-INFLAMATÓRIOS (AINEs) POR CLIENTES DE UMA DROGARIA NO MUNICÍPIO DE ACEGUÁ - RS

  • 1. UTILIZAÇÃO DE ANALGÉSICOS E ANTI-INFLAMATÓRIOS (AINEs) POR CLIENTES DE UMA DROGARIA NO MUNICÍPIO DE ACEGUÁ - RS ANALGESICS AND ANTI-INFLAMMATORIES (NSAIDs) FOR CUSTOMERS OF A DRUG STORE IN THE CITY OF ACEGUÁ - RS Camila Brito Costa. URCAMP. E-mail: mila-bc@hotmail.com Ana Paula Simões Menezes, Doutora URCAMP. E-mail: anapaulasime@gmail.com Ana Carolina Zago, Mestre URCAMP. E-mail: anacarolinazago@yahoo.com.br RESUMO O uso de medicamentos sem prescrição médica tem se tornado uma constante no país. Com o objetivo de traçar o perfil dos usuários de analgésicos e anti-inflamatórios por automedicação para tratamento de dor no município de Aceguá-RS, este trabalho buscou, por meio da análise da literatura e de uma pesquisa descritiva, de caráter transversal, exploratória, levantar dados sobre o uso de medicamentos para dor. O estudo identificou que os usuários de medicamentos para dor é formado por indivíduos com mais de 40 anos, predominantemente do sexo feminino. Dipirona e Paracetamol são os analgésicos mais utilizados, enquanto Tandrilax e Diclofenaco estão no grupo dos anti- inflamatórios preferenciais e a dor muscular e dor de cabeça são os principais motivos que levam à busca desses fármacos. A maioria dos usuários não solicita orientação do profissional de farmácia e comprimido é a forma farmacêutica mais usada. Recorrem, normalmente, à orientação de familiares. Também este estudo revelou que é elevado o percentual de indivíduos que desconhece os riscos e os efeitos colaterais do uso desse tipo de medicamento (82,5%), concluindo que a prática da automedicação com relação a analgésicos e anti-inflamatórios é elevada no município, e que o consumo dos primeiros é superior ao dos segundos, destacando-se a importância da atuação do profissional de farmácia neste contexto. Palavras-chave: Dor; Medicamentos; Automedicação. ABSTRACT The use of non-prescription drugs has become a constant in the country. Aiming to identify the profiles of users of analgesics and anti-inflammatories for self-medication for pain relief in the municipality of Aceguá-RS, this study sought through literature review and a descriptive, cross-sectional character, exploratory , collecting data about the use of pain medication. The study found that users of pain medications is formed by individuals over 40 years, predominantly female. Dipyrone and paracetamol are the most widely used analgesics, while Tandrilax and diclofenac are in the group of preferred anti- inflammatory and muscle pain and headache are the main reasons leading to the pursuit of these drugs. Most users have requested guidance from the pharmacy and professional tablet is the most used pharmaceutical form. Resort, usually the guidance of family. This study also revealed that there is a high percentage of individuals who are unaware of the risks and side effects of using this type of medication (82.5%), concluding that self-medication with respect to pain killers and anti-inflammatory drugs is high in the municipality and that the consumption of the former is superior to the second, highlighting the importance of the performance of the pharmacy professional in this context. Key-words: Pain; Medicines; Self-medication. INTRODUÇÃO O corpo humano é um sistema complexo formado por uma infinidade de substâncias que, segundo Oga e Basile (2004), fatalmente entrarão em reações com qualquer substância ingerida, entre elas, os fármacos. Conforme Fonseca (2011), os
  • 2. analgésicos e os anti-inflamatórios são os mais usados no combate a pequenas enfermidades e especialmente nas dores, além de aparecerem com maior frequência na lista dos fármacos utilizados. Sendo a classe dos anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) uma das mais utilizadas no combate a pequenas infecções e processos inflamatórios, seu uso é muito difundido e comum. Normalmente são os mais utilizados, junto com os analgésicos para processos dolorosos (NUNES et al., 2010). De acordo com Neiva (2005), tornou-se comum, por parte da população, o uso de medicação em geral, sem a devida prescrição médica, em especial os anti-inflamatórios e, mais especificamente, os não-esteroidais. Segundo Damasceno et al. (2007), alguns fármacos, em que se destacam alguns tipos de analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios, tem livre sua comercialização nas farmácias sem a necessidade de apresentação da receita médica, o que facilita a compra sem receita (BRICKS e SILVA, 2005; SOUZA et al., 2011). Isso facilita seu consumo, incitando à automedicação, tendo em vista que por qualquer motivo, incluindo-se os processos dolorosos, o indivíduo busca a farmácia para sanar seu problema, sem a devida orientação médica. O objetivo deste estudo foi traçar o perfil dos usuários de analgésicos e anti- inflamatórios por para tratamento de dor no município de Aceguá-RS, identificando os tipos de medicamentos mais utilizados no combate à dor. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho teve como método a aplicação de uma pesquisa descritiva, de caráter transversal, exploratória, ou seja, entrevista a partir de um questionário estruturado, com questões fechadas, realizado em uma drogaria na cidade de Aceguá/RS, com uma amostra composta por 63 indivíduos, clientes da drogaria. O levantamento dos dados foi através da aplicação de um questionário durante todo o mês de julho de 2014, contendo, além dos dados de identificação do sujeito da pesquisa, sete questões relacionadas à utilização de medicamentos e automedicação, tendo como parâmetros para sua elaboração os trabalhos
  • 3. desenvolvidos por Silva et al. (2008), Vitor et al. (2008), Posseti e Veiga (2011) e Rodrigues (2011). A amostragem foi de conveniência, no qual participaram todos os clientes maiores de 18 anos atendidos pela farmacêutica responsável e que solicitaram medicamentos analgésicos/AINES com ou sem prescrição médica. As entrevistas foram realizadas de segunda a sexta-feira, pela manhã, das 8 às 12 horas e pela tarde, das 14 às 17 horas, durante todo o mês de julho de 2014. O presente estudo teve o cuidado em relação aos participantes, sendo assegurado aos mesmos o sigilo das informações e a possibilidade de desistência em qualquer momento da pesquisa. A participação dos pesquisados foi voluntária e cada participante assinou um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). As variáveis do estudo foram: perfil dos usuários quanto ao sexo, idade, escolaridade, ocupação e estado civil; medicamentos mais utilizados e prescrição ou indicação; motivos do uso; e se houveram efeitos adversos. Os dados foram analisados e tabulados no programa estatístico do Microsoft Excel, discutidos com a literatura e apresentados através de tabelas para melhor visualização dos resultados. RESULTADOS E DISCUSSÃO A pesquisa envolveu 63 indivíduos, sendo 66,7% do sexo feminino, 49%, com idades entre 18 e 55 anos, onde predomina a formação básica de ensino. Nesta amostra, 49% informaram serem solteiros, 40% casados e 11% viúvos, desquitados ou separados (Tabela 1). Não foram investigadas as patologias recorrentes e nem o uso contínuo de medicamentos.
  • 4. Tabela 1. Dados sociodemográficos da amostra Sexo Total de indivíduos Percentual Feminino 42 66,7% Masculino 21 33,3% Idades 18-25 anos 8 12,7% 26-35 anos 13 20,7% 36-45 anos 12 19,0% 46-55 anos 21 33,3% Total 63 100,0 Escolaridade Ens. Fundamental 24 38% Ensino Médio 25 40% Superior/Especialização 14 22% Ocupação Aposentados 19 30% Não trabalham 3 5% Trabalham 41 65% Estado civil Solteiros 31 49% Casados 25 40% Viuvos 4 6% Divorciados 3 5% Os dados encontrados neste estudo condizem com os percentuais levantados no estudo de Damasceno et al. (2007), que encontrara, um percentual de 59% de mulheres com idade superior a 40 anos na busca por antiinflamatórios, bem como são semelhantes aos que apresentam os trabalhos de Vitor et al. (2008), Alonzo et al. (2011), que encontraram índices de 60% de mulheres, a maioria viúvas ou solteiras. Vitor et al. (2008) consideram que a prevalência do sexo feminino na busca de medicamentos para dor explica-se pelo fato de que as mulheres são mais frágeis e buscam de forma mais rápida e efetiva o alívio para problemas de saúde. Este estudo considerou indivíduos que buscam medicamentos junto à farmácia pesquisada independente de ser para uso próprio ou de outrem. Souza et al. (2011) encontraram, também, na compra de medicamentos sem prescrição, um percentual elevado de mulheres, no entanto, não investigaram os motivos. Esse mesmo pensamento é compartilhado por Damasceno et al. (2007). Não existe nos estudos revisados referência ao estado civil e sua relação com o uso de medicamentos para a dor.
  • 5. No que se refere à idade, constata-se que a faixa etária de maior prevalência na busca de medicamentos de combate à dor está situada entre 46 a 55 anos (33,3%). Os dados deste estudo apontam para a tendência de que os problemas de saúde, onde se incluem os processos dolorosos, estão presentes na população de idade mais avançada, indicando a mesma tendência apontada por Posseti et al., 2011), muitas vezes causados, de acordo com Souza et al. (2011), por desgastes orgânicos. Pode-se inferir, com base também nos estudos e afirmações de Bortolon et al. (2008) e Loyola Filho et al. (2013) de que quanto mais avança a idade, maior o número de problemas relacionados à dor. Alguns estudos (VITOR, 2008; MARTELLI e TRAEBERT, 2006) tem comprovado que a dor normalmente está relacionada ao desgaste orgânico e às falhas dos aparelhos internos que se acentuam com a idade. No entanto, alguns dados da literatura apontam que populações mais jovens também sofrem processos dolorosos e, da mesma forma, buscam alívio com o uso de medicação, em grande parte dos casos sem a devida prescrição médica (NUNES et al., 2010). Conforme Silva et al. (2008), ainda que sejam utilizadas drogas diferentes, para fins distintos, eles vêm sendo adotados para todo o tipo de queixa, desde dores de cabeça, na coluna, dor de garganta, entre muitas outras. O uso de medicamentos de forma incorreta pode acarretar o agravamento de uma doença, segundo Bortolon et al. (2008), e essa prática tem se verificado em todas as faixas etárias. No entanto, a maioria dos estudos mostra que é a população idosa é a que mais faz uso excessivo de anti-inflamatórios, conforme dados levantados por Vitor (2008) e Loyola Filho et al. (2013). Quanto à escolaridade, constatou-se que a maioria possui ensino médio (40%), seguindo-se dos indivíduos do ensino fundamental (38%). Os indivíduos que possuem curso superior (20,5%) e especialização (1,5%) perfazem a minoria neste estudo. E quanto ao trabalho, verificou-se que 65% exerce alguma atividade laboral, enquanto que o restante não trabalha ou está aposentado. Isto pode sugerir a importância da escolaridade para o entendimento da importância do uso racional de medicamentos, evitando a automedicação.
  • 6. Por outro lado, Oliveira e Pelógia (2011) explicam que a falta de condições financeiras para consulta e a demora de atendimento no serviço público pode levar o indivíduo à automedicação em caráter de urgência (POSSETI e VEIGA, 2011). Com isso, infere-se a importância da escolaridade e da condição financeira para o correto uso de medicamentos, pelo que Bortolon et al. (2008) afirmam que o esclarecimento e as orientações são melhor aceitas e seguidas por quem tem maior nível de conhecimentos e/ou escolaridade. Relatos de estudos apontam para o consumo exagerado de medicamentos entre as populações mais pobres e menos alfabetizadas, normalmente indicados por amigos ou parentes (ARRAIS et al., 2007; BORTOLON et al., 2008; OLIVEIRA e PELÓGIA, 2011). Investigou-se o tipo de medicamento solicitado para a dor, constatando-se que a classe de medicamentos mais procurada foi a dos analgésicos (60%), conforme a Tabela 2. Tabela 2. Medicamentos mais solicitados para dor Classe/Medicamento N° de Procura Percentual Analgésico Dipirona 24 38,1% Parcetamol 11 17,5% Ácido Acetil Salicílico 3 4,7% Anti-inflamatórios Diclofenaco 19 30,2% Ibuprofeno 5 7,9% Nimesulida 1 1,6% Os dados revelam que entre os analgésicos, Dipirona e Paracetamol são os mais solicitados pelos sujeitos da pesquisa, enquanto entre os anti-inflamatórios, o Diclofenaco e o Ibuprofeno aparecem com maior prevalência de preferência. Em geral, os analgésicos são os medicamentos de eleição no combate à dor quando não existe prescrição médica (RODRIGUES et al., 2011); no entanto, alguns estudos, como de Nunes et al. (2010) apontam elevado uso de antiinflamatórios não esteroidais (AINES) para o combate dos processos dolorosos, indicando uma tendência ao crescimento desse consumo entre populações mais jovens. Os dados desde estudo se aproximam em percentuais com os encontrados em Arrais et al. (2007), que encontraram índices de 63 % de analgésicos como
  • 7. medicamentos de eleição no combate e à dor, e no trabalho de Posseti e Veiga (2011), cujo percentual encontrado para analgésicos no combate à dor foi de 59%. No entanto, dados referente ao uso de medicamentos contra a dor nos trabalhos de Silva et al. (2008) referem o uso de AINES como principal medicamento de uso no combate à dor . Os analgésicos e os anti-inflamatórios são medicamentos usados de forma curta (curta duração), cujo uso não deve ser frequente (RODRIGUES et al., 2011). Caso a dor ou os sintomas continuem, é preciso suspender o uso e procurar um médico (MUSIAL et al., 2007). No entanto, no Brasil, o uso de analgésicos e anti- inflamatórios é muito frequente para o combate à dor e isso tem se tornado um problema de saúde pública, sendo, em grande parte dos casos, motivos para internações e óbitos por intoxicação (SOUZA et al., 2011; POSSETI e VEIGA, 2011). As pessoas podem sofrer diversos tipos de dor. Conforme Musial et al. (2007), algumas das principais síndromes dolorosas são a dor neuropática, estados dolorosos depois de uma cirurgia, a dor do cancro e a dor associada a perturbações psicológicas. A dor crônica é também um dos principais aspectos de muitas doenças. Os motivos que levaram à procura do medicamento são variados com relação à dor (Tabela 3). Tabela 3. Motivos que levaram à busca de medicamento para a dor Motivos Frequência Percentual Dor muscular 25 39,8% Dor de cabeça 20 31,8% Febre 3 4,8% Dor de garganta 3 4,8% Dor no corpo 2 3,0% Gripe 2 3,0% Contusões 1 1,6% Dores no corpo 1 1,6% Indefinido 6 9,6% No entanto, nos casos de dor como reflexo de outra enfermidade, como problemas relacionados à coluna, dor de dente ou algias decorrentes de entorses e
  • 8. contusões musculares, bem como algumas dores de cabeça e no corpo, os anti- inflamatórios são utilizados SILVA et al., 2008) A utilização inadequada pode esconder determinados sintomas (POSSETI e VEIGA, 2011). Pode-se considerar que a dor é um dos vários motivos que leva as pessoas à automedicação e, Damasceno et al. (2007, p. 50) afirmam: “A pessoa que vivencia a experiência dolorosa busca alívio através de aconselhamento médico, terapias complementares de saúde e/ou automedicação”. Em relação à caracterização da dor, estudos com populações em geral mostraram que a automedicação foi prevalente entre aqueles que relataram dor aguda, de intensidade moderada e localizada na cabeça (SOUZA et al., 2011). Dados do mesmo estudo mostram que a prevalência de indivíduos que praticavam a automedicação em situações de dor foi de 38,8%. Este estudo indica que a prevalência da dor é muscular (37,9%), seguido da dor de cabeça (36,5%). A busca por medicamentos para o alívio das dores em geral é prática comum no país, sendo os analgésicos e anti-inflamatórios os mais comuns (SILVA et al., 2008; RODRIGUES et al., 2011). No entanto, os primeiros, normalmente, são os que prevalecem na escolha, como observado neste estudo. Segundo Souza et al. (2011) a automedicação com antiinflamatórios, em situações de dor crônica, é pouco investigada, porém, em estudo realizado na Suécia, com 1.806 pessoas, entre 25 e 74 anos, sobre o impacto da dor crônica no cuidado a saúde, observou-se que 14,9% das pessoas com dor crônica se automedicavam. Destas, a maioria utilizava analgésicos, mas era expressivo o número de usuários de antiinflamatórios. Por tudo isto, revela-se a importância dessa abordagem no uso de medicamentos comprados em farmácias e drogarias sem receita médica para o combate à dor. Com a expansão da quimiossíntese (processo de fabricação de medicamentos a partir de matéria prima sintética), a industria farmacêutica ampliou , nas últimas décadas, a gama de medicamentos disponíveis e a oferta destes, passando os antiinflamatórios a ocupar, de forma crescente, um lugar de destaque como alternativa para a cura das doenças e alívio dos sintomas (SOUZA et al., 2011). Vários estudos comprovam que a dor é a causa mais prevalente para o uso de analgésicos e anti-inflamatórios e que este uso raramente obedece a uma
  • 9. prescrição médica, sendo a automedicação a medida mais recorrente (ARRAIS et al., 2007; DAMASCENO et al., 2007). Assim, os dados deste estudo são compatíveis com outros estudos (SILVA et al., 2008; SOUZA et al., 2011), que encontraram o uso de analgésicos em maior quantidade que de anti-inflamatórios como medicamentos eletivos no combate à dor, bem como com em grande parte da literatura consultada neste estudo. Também de acordo com Santos (apud RODRIGUES et al., 2011, p. 15): “Um dos motivos mais frequentes de automedicação é a dor, por isso os analgésicos estão entre o grupo de medicamentos OTCs (Over the Counter, ou de venda livre) mais consumidos”. Para Musial et al. (2007), para que o tratamento da dor tenha sucesso, torna-se necessária uma boa avaliação de sua natureza, entendimento de diferentes tipos e padrões de dor e conhecimento do melhor tratamento. Rodrigues et al. (2011, p. 15) colocam, que “A boa avaliação inicial da dor irá atuar como uma linha de base para o julgamento de intervenções subsequentes”. Nos trabalhos de Abraão et al. (2009), os autores constataram que os analgésicos mais utilizados na automedicação da dor são a dipirona (59,2%), o paracetamol (19,8%), as drogas AINEs (13,1%), sendo que 2,6% usaram ácido acetilsalicílico e 7,9% outros medicamentos, associados ou não a outros fármacos. Esses dados se relacionam aos encontrados neste estudo, onde os analgésicos prevalecem sobre os AINEs como medicamentos eletivos de combate às dores. Sobre a assistência farmacêutica, a maioria dos sujeitos da pesquisa informou que não solicitou (82,5%). Isto reflete, segundo Bricks e Silva (2005), a determinação na busca do alívio da dor e a certeza do medicamento que quer. No Brasil a automedicação no combate à dor é uma prática muito difundida e também ocorre em vários outros países e ocorre independente da orientação do profissional da farmácia. No desenvolvimento da atenção farmacêutica o profissional se encarrega de reduzir e prevenir a morbimortalidade relacionada a medicamentos e o farmacêutico pode satisfazer esta necessidade social atendendo individualmente as necessidades dos pacientes (IVAMA et al., 2002). No entanto, não foi isso que mostrou este estudo, mesmo se observando que não houve iniciativa do usuário. Angonesi (2008) comenta que, no Brasil, a prática da atenção farmacêutica ainda é incipiente, mas já se observa um
  • 10. compromisso dos farmacêuticos em relação à sua promoção. No entanto, os resultados deste estudo indicam a necessidade de se assegurar uma atenção farmacêutica mais eficiente e responsável, visando à saúde da população. De acordo com Oliveira e Pelógia (2011), ainda que se considere grande parte dos países industrializados, é possível constatar que muitos medicamentos de uso mais simples e comuns encontram-se disponíveis em farmácias, drogarias ou supermercados e podem ser obtidos sem necessidade de receita médica, como os analgésicos e anti-inflamatórios não esteróides (AINES), que se constituem nas classes de medicamentos mais consumidas no mundo. Segundo Ivama et al. (2002), a atenção farmacêutica preconiza a interação direta do farmacêutico com o usuário, visando uma farmacoterapia racional e a obtenção de resultados definidos e mensuráveis, voltados para a melhoria da qualidade de vida. Quanto à forma farmacêutica, o comprimido aparece como a classe mais prevalente (77,8%), sendo a forma líquida a segunda (32,2%). Esses dados condizem com os estudos de Posseti e Veiga (2011) e Rodrigues et al. (2011). Estes autores explicam a preferência por comprimidos tendo em vista ser mais fáceis de carregar e de ingerir, bem como a praticidade de uso, além da dosagem já estar definida. Cada via de administração é indicada para uma situação específica, e apresenta vantagens e desvantagens. Conforme Rodrigues et al. (2011), a injeção é sempre incômoda e muitas vezes dolorosa, especialmente em crianças, mas seu efeito é mais rápido. Souza et al. (2011) lembra que não é apenas a forma do medicamento que é importante, a sua via de administração também deverá ser escolhida pelo médico, no ato da prescrição. A escolha do comprimido, conforme Silva et al. (2008) no ambiente hospitalar facilita a distribuição do medicamento no tempo e na dosagem correta, evitando o risco de erros relacionados a medicação. No entanto, quando o medicamento está disponível na forma líquida, Rodrigues et al. (2011) recomendam que esta via deve ter a preferência para uso em pediatria, normalmente porque a criança já possui uma via de acesso permanente (soro ou abocath). Quanto à prescrição médica prévia, constatou-se que mais de dois terços da população em estudo não se valeu de receita para a compra do medicamento
  • 11. (66,7%). O padrão deste estudo segue os dados encontrados na literatura (SILVA et al. 2008; POSSETI E VEIGA, 2011; RODRIGUES et al., 2011). Silva et al. (2008), relata a prática da automedicação em quase todo o país, como medida adotada pela população para o tratamento de várias enfermidades. Da mesma forma, Posseti e Veiga (2011) afirmam que a compra de medicamentos sem a devida prescrição médica é comum e o uso de analgésicos e anti-inflamatórios se destaca nessa prática porque não necessitam de receita para a aquisição. Em um estudo de Musial et al. (2007) constatou-se que o uso de AINEs também é elevado para o combate à dor, considerado pelos autores como o medicamento de ação mais ampla, sendo usado para combate a inflamações e à dor causada por estas, quase sempre sem prescrição médica. Souza et al. (2011) também relatam o uso destes medicamentos para os mesmos fins com aquisição sem receita. Os mesmos autores relatam em seus estudos que os analgésicos perfazem 35% e os anti-inflamatórios 59% das compras de medicamentos pela população que não se utiliza de qualquer orientação médica. Da mesma forma, num estudo sobre utilização de fármacos no combate à dor, Bortolon et al. (2008) contataram que a classe de medicamentos com maior frequência de utilização por automedicação consistiu no grupo dos antipiréticos, analgésicos e antiinflamatórios (44,7%). Esses mesmos medicamentos são revelados como os mais utilizados nos estudos de Loyola Filho et al. (2013), mas os dois últimos são os mais prevalentes no combate à dor, na maioria dos casos como automedicação, por indicação de amigos ou experiência anterior. Os dados revelados pelos autores mostram uma consonância com os dados levantados neste estudo quando à prevalência dos analgésicos e AINEs no combates às manifestações dolorosas. Estudo realizado por Araújo Júnior e Vicentini (2007) revelam serem necessárias intervenções e ações de fiscalização que evitem a automedicação, já que 74% dos estudados a praticam, e destes, 52% referem como critério de escolha a auto-prescrição, superando a indicação por familiares, balconistas e farmacêuticos. Bricks (2013, p. S112) relatam que “os analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios não hormonais (AINH) estão entre os medicamentos mais amplamente utilizados por crianças, com ou sem prescrição médica”. Os dados do
  • 12. autor são congruentes com este estudo, da mesma forma que os encontrados por Souza et al. (2011). Quanto ao fator que levou à indicação e busca do tipo de medicamento, contatou-se que a família tem grande influência na escolha dom tipo de fármaco a ser utilizado na situação em estudo, tendo em vista que neste estudo 58,7% dos sujeitos da pesquisa foram influenciados por familiares na escolha. Isso leva à busca pela automedicação, que foi constatado neste estudo o que, segundo Tourinho et al. (2008), embora a “automedicação responsável” (consumo de medicamentos que não requer prescrição médica para tratamento sintomático) possa, eventualmente, reduzir a “pressão” no sistema de saúde onde ele e de difícil acesso, tal procedimento é contestado e não isento de riscos. Por fim, acerca do conhecimento dos riscos de utilizar o medicamento adquirido, verificou-se que é muito alto o percentual daqueles que desconhecem possíveis efeitos indesejados (82,5%). A sociedade brasileira se encontra excessivamente exposta à propaganda de medicamentos, sem ter o devido esclarecimento sobre os riscos associados ao seu uso (BORTOLON et al., 2008). Ademais, a forma de remuneração dos atendentes das farmácias e drogarias brasileiras, baseada em comissão sobre vendas, cria uma lógica de mercado que favorece a prática da automedicação (MARQUES, 2008). Por outro lado, dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) dão conta de que o percentual de internações hospitalares provocadas por reações adversas a medicamentos ultrapassa os 10% (VITOR et al., 2008). Mesmo que os medicamentos isentos de prescrição (MIPs) possam ser adquiridos sem receita médica, não significa que eles sejam isentos de risco, sendo importantes as orientações do farmacêutico na aquisição (RODRIGUES et al., 2011). O uso apropriado dos MIPs, de acordo com Marques (2008), freqüentemente depende de um auto-diagnóstico e de bom senso do paciente ao determinar um sintoma presente, e saber qual substancia seria mais apropriada para o seu uso, pois, conforme Vitor et al. (2008), o medicamento também apresenta reações adversas, mesmo quando utilizados corretamente, e os rótulos não listam todas as reações, levando muitos usuários a acreditarem que esses medicamentos tenham pouco ou nenhum efeito adverso.
  • 13. Neste estudo, verificou-se que a maioria dos sujeitos da pesquisa não levou em consideração a possibilidade de reações adversas dos medicamentos adquiridos, nem os riscos de uso de MIPs, sendo mais uma vez importante destacar a importância da atuação do profissional na atenção farmacêutica como forma de inimizar o problema. CONCLUSÃO / CONSIDERAÇÕES FINAIS A dor é a principal causa que leva à busca de analgésicos e antiinflamatórios nas farmácias e drogarias. Os dados revelam que a maioria dos usuários de analgésicos e antiinflamatórios para combate à dor é formada por indivíduos com mais de 40 anos, predominantemente do sexo feminino, sendo Dipirona e Paracetamol os analgésicos mais utilizados e entre os AINEs, o Tandrilax e o Diclofenado e não solicitam orientação do profissional de farmácia quanto à eficiência e indicações. O comprimido é a forma farmacêutica mais utilizada e as dores musculares e de cabeça são os sintomas mais prevalentes para seu uso. E a dor muscular e dor de cabeça são os motivos que mais recorrem para a busca desse tipo de fármaco.A indicação do medicamento procurado normalmente é feita por familiares e a maioria dos sujeitos da pesquisa desconhece os riscos de seu uso, bem como não sabe dos possíveis efeitos colaterais advindos da medicação.Os dados deste estudo também revelaram que a maioria dos usuários desse tipo de fármaco o faz sem os devidos cuidados, pois não se utiliza de prescrição médica e desconhece os riscos do uso indiscriminado dos mesmos. Conclui-se que a atenção farmacêutica neste caso é de extrema importância, cabendo ao profissional de farmácia orientar os usuários quanto ao uso de MIPs, prevenindo os riscos de intoxicações ou efeitos colaterais advindos do mau uso, especialmente num país onde a automedicação se configura como hábito dos indivíduos e o uso de medicamentos em excesso leva, muitas vezes, às intoxicações, hospitalizações e até mesmo a óbito. REFERÊNCIAS
  • 14. ARAÚJO-JÚNIOR, J. C.; VICENTINI, G. E. Automedicação em adultos na cidade de Guairaçá - PR. Arquivo de Ciência da Saúde Unipar. Umuarama, v. 11, n. 2, p. 83- 88, maio/ago. 2007. ARRAIS, P.S.D.; COELO, H.L.L.; BATISTA, M.C.D.S. et al. Perfil da automedicação no Brasil. Revista de Saúde Pública. São Paulo, a. 41, n. 1, p. 71-7, 2007. BORTOLON, P.C.; MEDEIROS, E.F.F.; NAVES, J.O.S. Análise do perfil de automedicação em mulheres idosas brasileiras. Ciência & Saúde Coletiva, São Paulo, a. 13, n. 4, p. 1219-1226, 2008. BRICKS, L.F. Uso judicioso de medicamentos em crianças. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro, v. 89(Supl.1), S107-S114, 2013. BRICKS, L.F.; SILVA, C.A.A. Toxicidade dos antiinflamatórios não-hormonais. Pediatria. São Paulo, v. 27, n. 3, p. 181-93, 2005. DAMASCENO, D.D.; TERRA, F.S.; ZANETTI, H.H.V. et al. Automedicação entre graduandos de enfermagem, farmácia e odontologia da Universidade Federal de Alfenas. REME- Revista Mineira de Enfermagem. Alfenas, a. 11, n. 1, p. 48-52, 2007. IVAMA, A.M. et al. Consenso Brasileiro sobre Atenção Farmacêutica. Proposta. Brasília: Organização Pan-Americana de Saúde, 2002. LOYOLA FILHO, A.I.;UCHOA,E., GUERRA, H.L. et al. Estudo de base populacional sobre o consumo de medicamentos entre idosos: Projeto Bambuí. Cadernos de Saúde Pública. Rio de Janeiro,a. 29, n. 2, p. 545-553, 2013. MARQUES, L.A.M. Atenção farmacêutica em distúrbios menores. 2 ed. São Paulo: MedFarma, 2008. MARTELLI, R.C.; TRAEBERT, J. Estudo descritivo das alterações posturais de coluna vertebral em escolares de 10 a 16 anos de idade. Tangará-SC, 2004. Revista Brasileira de Epidemiologia. São Paulo, v. 9, n. 1, p. 20-3, mar., 2006. MUSIAL, D.C.; DUTRA, J.S.; BECKER, T.C.A. A automedicação entre os brasileiros. Rev. SaBios -Saúde e Biologia. Campo Mourão, v. 2, n. 2, p. 5-8, 2007. NUNES, E. R.; NASCIMENTO, J. W. L.; NATONIALLI, M. M. S. et al. Estudo do uso de antiinflamatórios em drogaria da região central de Guarulhos (SP). Revista ConScientiae Saúde. São Paul, v. 9, p. 83-89, 2010. POSSETI, D.N.; VEIGA, J.M.K. Avaliação do uso de antiinflamatórios não- esteroidais,analgésicos e antipiréticos na rede pública de Palmeira D’Oeste. Fernandópolis, 2011 FIF. Trabalho de Conclusão de Curso (Farmácia).Fundação Educacional de Fernandópolis. Faculdades Integradas de Fernandópolis. Fernandópolis, 2011.
  • 15. RODRIGUES, A.R.Q.; UGA, C.; JARDIM, J.S. et al. Estudo sobre automedicação no uso de analgésicos na cidade de Aparecida do Taboado – MS. Fernandópolis, 2011 FIF. Trabalho de Conclusão de Curso (Farmácia). Fundação Educacional de Fernandópolis. Faculdades Integradas de Fernandópolis. Fernandópolis, 2011. SILVA, R.A.; MARQUES, F.D. GOES, P.S.A. Fatores associados à automedicação em dor de dente: análise a partir dos profissionais dos estabelecimentos farmacêuticos da cidade do Recife, PE. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, a. 13 (Sup), p. 697-701, 2008. SOUZA, L.A.F.; SILVA, C.D.; FERRAZ, G.C. Prevalência e caracterização da prática de automedicação para alívio da dor entre estudantes universitários de enfermagem. Revista Latino-Americana de Enfermagem. Ribeirão Preto, a. 19, n. 2, p. 07, mar./abr., 2011. TOURINHO, F.S.V.; BUCARETCHI, F.; STEPHAN, C. Crianças, adolescentes, farmácia domiciliar, uso racional de medicamentos, automedicação, farmacoepidemiologia. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro, a. 84, n. 5, p. 416-422, 2008. VITOR, R.S.; LOPES, C.P.; MENEZES, H. S. et al. Padrão de consumo de medicamentos sem prescrição médica na cidade de Porto Alegre, RS. Ciência & Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, a. 13, (supl), p. 737-43, 2008.