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                                       VII Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo
                                        USP (Universidade de São Paulo), novembro de 2009
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                      Usos jornalísticos no Twitter:
        a instantaneidade como valor de consumo da informação

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Resumo: Esse artigo discute quais os usos jornalísticos que podem ser feitos do microblog,
enfatizando a análise a partir do uso da instantaneidade por parte de jornalistas e usuários como
valor de consumo da informação. As possibilidades do Twitter são imensas, e muitas ainda a
descobrir, mas o jornalismo já caminha a passos largos na ferramenta, explorando mais preci-
samente partir de um elemento do jornalismo on-line, a instantaneidade. Além disso, ainda con-
segue estabelecer um elo importante para um modelo geral de construção de reportagem e co-
berturas ao vivo de eventos de forte mobilização popular com a colaboração de usuários. Esses
usos podem ser definidos como ainda incipientes, porém mostram-se de grande valia para o
jornalismo e a busca pela informação em tempo real.

Palavras-chave: jornalismo, twitter, instantaneidade



       1. A urgência do microblog
                            As transformações no ambiente da internet ocorrem de uma maneira bas-
tante rápida e ágil, e não é diferente com o jornalismo aplicado ao mesmo. Desde que
houve a liberação do pólo emissor (LEMOS, 2005), diversas transformações permitiram
que não só os antigos agentes da mídia pudessem estar à frente da produção de conteú-
do, mas também cidadãos comuns que tem um imenso espaço como suporte à sua fren-
te.
              Essa reconfiguração do cenário midiático (AQUINO, 2009) põe novos questio-
namentos em voga, como o futuro do jornalismo e como a própria internet influencia na
rotina produtiva da profissão. Porém, fica evidenciado que as novas maneiras de se pro-
duzir conteúdo para a internet alteram substancialmente os formatos que chegam aos

1
  Jornalista e Pós-Graduando em Jornalismo e Convergência Midiática, da Faculdade Social da Bahia - FSBA, email:
rodrigocarreiro@gmail.com.
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usuários, como é o caso de blogs e, mais recentemente, dos microblogs. Esse último
vem ganhando força e se configura como um novo meio para produção jornalística atra-
vés da sua capacidade de instantaneidade e de estar ligado em tempo real com o usuário,
podendo ser perfeitamente inserido na rotina de jornalistas, na interação com fontes
potenciais ou no compartilhamento de sua produção em busca de colaboradores próxi-
mos aos fatos.
              Essa emissão de conteúdo descentralizada tem como grande aliado o blog. Sch-
midt (2008, n/p) apresenta os blogs como sendo “websites freqüentemente atualizados
onde o conteúdo (texto, fotos, arquivos de som, etc.) são postados em uma base regular
e posicionados em ordem cronológica reversa”. Esse modelo não é inteiramente fecha-
do, podendo sofrer algumas alterações, entretanto, configura-se como sendo um ambi-
ente fortemente caracterizado pela interatividade, já que pressupõe comentários, e hiper-
textualidade (oferta de links relacionados). Mais do que isso, os blogs escrevem para
sua própria audiência (AMARAL; MONTARDO; RECUERO, 2008), formando comu-
nidades de leitores fieis (PALACIOS apud ZAGO, 2008) e confiantes no conteúdo a-
presentado.
              Com o passar dos anos, porém, os blogs passaram a apresentar novas ferramen-
tas para incremento do conteúdo, “alguns deles decorrentes do advento das tecnologias
de informação e comunicação, como no caso da possibilidade de atualização por dispo-
sitivos móveis, ou o surgimento de widgets2 e ferramentas especiais para blogs” (ZA-
GO, 2008a, p. 23). Uma dessas ferramentas é o microblog, que surgiu em 2006 como
auxiliar ao blog na tentativa de dar vazão à necessidade de postagem de material mais
ágil e rápido, sem necessariamente ter que entrar no ambiente de publicação do blog.
Orihuela (apud ZAGO, 2008a) define microblog como uma mistura de blog, mensagens
instantâneas e rede social.
              O microblog, portanto, permite ao usuário publicar conteúdo de um modo mais
instantâneo, mas com uma peculiaridade: só são permitidos 140 caracteres. Escobar
(2009) caracteriza os blogs em três aspectos básicos e que servem perfeitamente para
compreensão dos microblogs. A saber: facilidade e agilidade na publicação, disposição

2
  De acordo com o Wikipedia (wikipedia.com), widget é um componente de uma interface gráfica do utilizador
(GUI), o que inclui janelas, botões, menus, ícones, barras de rolagem, etc. No caso do blog, são novas apropriações
de uso, como blogroll, lista de filmes, links animados, nuvens de tag, entre outros.
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de conteúdo em ordem cronológica reversa e data, hora e autor registrados automatica-
mente. O modelo, que no blog é mais flexível, no microblog torna-se mais rígido, em-
bora a própria limitação imponha novos usos para ferramenta que a tornam bem peculi-
ar.




Figura 1 – quadro mostra curva com volume de atualizações relacionadas às manifestações do G-20, na
Inglaterra, com aumento de “tweets” no dia 1° de abril, ápice do movimento.


              Na conceituação do microblog, Zago (2008a) vai mais além e o aponta como
uma ferramenta capaz de se projetar em diversos suportes diferentes, dando ao jorna-
lismo mais opções na hora da distribuição do conteúdo. Essa facilidade fez com que,
além dos usuários comuns, diversos veículos jornalísticos também adotassem a ferra-
menta, como é o caso do G1, O Globo e Folha On Line3, além de algumas experiências
mais específicas. Essas, por sua vez, são cada vez mais comuns na cobertura de eventos
pontuais e de grande mobilização popular, como é o caso das eleições do Irã, em 2009,
e das manifestações da reunião do G-20, no mesmo ano (figura 1).

3
  Os grandes portais do Brasil e do mundo utilizam o microblog como forma de divulgação de notícias publicadas no
site e logo depois na ferramenta. Mais sobre o assunto no decorrer do artigo.
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       2. O Twitter e a instantaneidade jornalística


              Dentre as opções de microblogs disponíveis estão o Jaiku4, Gozub5, e Twitter6,
esse o mais utilizado no mundo. O Twitter, parte do objeto de estudo desse artigo, cres-
ceu de uma maneira vertiginosa nos últimos meses, estando hoje no topo das ferramen-
tas/sites que mais crescem na internet. Não só usuários comuns, mas também grandes
corporações midiáticas já fazem uso dele em larga escala, inclusive desenvolvendo pro-
dutos específicos para a ferramenta. Pesquisa realizada em 20087 aponta o Twitter com
cinco milhões de usuários, crescendo 600% nos últimos 12 meses e apresentando de
cinco a dez mil novas contas por dia. Apenas em junho 2009, o Twitter ganhou 7 mi-
lhões de usuários8 e cerca de 75% dos usuários atuais só se cadastraram em 20099. A
adoção da ferramenta, portanto, a coloca no patamar de importante meio a ser explorado
pelo jornalismo.
              Figurando com destaque na virada de 2007 para 2008 e se consolidando 2009, o
Twitter10 demonstra a possibilidade de ser um elemento inovador dentro das práticas de
jornalismo on-line. Esse apresenta elementos bem definidos e é envolto em característi-
cas específicas. Canavilhas (2007) põe sobre o jornalismo on-line três aspectos básicos:
hipertextualidade, multimidialidade e interatividade/usabilidade. Já Mielniczuk (2003)
acrescenta mais um elemento, o da atualização contínua, posição compartilhada com
Palacios (2003). Ele define assim a instantaneidade, outro nome dado ao item:


                                              A rapidez de acesso, combinada com a facilidade de produção e de disponi-
                                              bilização, propiciadas pela digitalização da informação e pelas tecnologias
                                              telemáticas, permitem uma extrema agilidade de atualização do material nos
                                              jornais da web. Isso possibilita o acompanhamento contínuo em torno do de-
                                              senvolvimento dos assuntos jornalísticos de maior interesse (PALACIOS,
                                              2003, p. 20).

4
  http://www.jaiku.com
5
  http://www.gozub.com
6
  http://www.twitter.com
7
  “State of the Twittersphere” (2008), disponível em:
http://cdnqa.hubteam.com/State_of_the_Twittersphere_by_HubSpot_Q4-2008.pdf
8
    Pesquisa conduzida pela consultoria comScore: www.comscore.com
9
    Pesquisa elaborada pela Sysomos: www.sysomos.com
10
   O artigo adota, a partir desse momento, o Twitter como sinônimo de microblog, já que é a ferramenta mais usada,
além de ser o objeto de estudo desse artigo.
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              No entanto, essa procura pelo modo instantâneo da notícia não surgiu com a in-
ternet, e sim já era debatido com os meios massivos de comunicação no século XX e
também “muito antes, apareciam como um fato futurístico no cinema e na televisão”
(QUADROS apud SILVA, 2008, p. 5). De qualquer modo, essa procura mais incessante
pelo tempo real é evidenciada com maior freqüência no jornalismo feito na web e em
novas ferramentas, visto que, mais do que nos portais noticiosos, no Twitter a busca
pela informação é dada sempre do mais recente para o menos recente. Isso quer dizer
que, devido à disposição na ordem cronológica inversa, “a informação mais importante
é simplesmente a mais recente ou, melhor dizendo, a que foi publicada mais recente-
mente”. (ESCOBAR, 2009, p. 227). Desse modo, há uma quebra na maneira como se é
estruturada a notícia.
              A instantaneidade passa a ter uma importância muito maior com o surgimento de
novos modos de se multiplicar conteúdo na web, como o caso do Twitter. Escobar
(2009) aponta uma ruptura no modelo organizativo da notícia, denotando que o único
critério importante na recepção da informação é o tempo. Isto é, quanto mais rápido a
notícia chega ao público, mais ele vai se sentir informado. Nessa via, os critérios de
noticiabilidade e as rotinas produtivas sofrem um abalo considerável (SILVA, 2008),
pois surge a atualização contínua como um caminho a ser seguido por todos. A instan-
taneidade, portanto, é o principal elemento que o jornalismo utiliza para atuar no Twit-
ter.
              A busca pelo tempo real vem seduzindo muitos jornalistas. “A rapidez de aces-
so, combinada com a facilidade de produção e disponibilização de conteúdo, faz com
que na web as notícias possam ser dadas praticamente em tempo real” (ZAGO, 2008, p.
55). Seguindo essa premissa, o Twitter potencializa a busca pelo instantâneo e o relato
do acontecido mais próximo possível do fato em si (ESCOBAR, 2009).
              O espaço citado vê no Twitter uma ferramenta capaz de dar ao usuário e à mídia
toda essa aproximação requerida. Então, como a instantaneidade no Twitter pode efeti-
vamente se encaixar num modelo de produção de conteúdo jornalístico? Há diversos
caminhos a serem seguidos para construção e hierarquização de informação no jorna-
lismo on-line, e quase todos são unânimes em buscar a quebra da pirâmide invertida
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(CANAVILHAS, 2008), tão adotada no jornalismo impresso. Para o ambiente da web,
há uma quebra da linearidade narrativa:


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                                              podem, a partir de um bloco de informações, acessar um arquivo de áudio,
                                              um banco de dados, um gráfico, um resumo, um vídeo, um arquivo e, em
                                              seguida, desaparecer num link externo para outro site. Isso não significa que
                                              todos os usuários agem dessa forma, mas eles podem se assim quiserem
                                              (WARD, 2007, p. 125).


              Dada essa quebra de rota, cada usuário pode seguir seu próprio caminho, o que
impõe aos editores e jornalistas novas maneiras de arquitetar a notícia. Um deles, e que
se encaixa no modelo de maximização da instantaneidade no jornalismo através do
Twitter, é o News Diamond (BRADSHAW, 2007). A proposta de Bradshaw é que o
Twitter sirva para dar o “alerta” de determinada notícia, para só depois aprofundar no
assunto em diversas camadas informacionais. O modelo pressupõe convergência de
redações, em que o profissional é capaz de produzir conteúdo tanto para os meios tradi-
cionais, quanto para as novas mídias.
              Essa proposta só é possível num ambiente de produção com “velocidade, pro-
fundidade e interatividade (o fim da pirâmide invertida)” (LEMOS, 2009, p. 9). O pri-
meiro passo do modelo aponta para uma rápida alerta de notícia dada diretamente do
ocorrido, ou simplesmente no momento em que o jornalista tem idéia de fato que aquele
assunto pode gerar uma cobertura mais aprofundada. A conseqüência desse primeiro
passo é que o jornalista demonstra “ter” a notícia, o furo ou a informação, além de ga-
nhar reputação perante a comunidade que o lê (BRADSHAW, 2007). Ele continua: “pa-
ra notícias pequenas, é uma oportunidade para dar personalidade à cobertura”11
(BRADSHAW, 2007, n/p). É como se os leitores que acompanham o Twitter do repór-
ter tivessem mais perto do fato em si.
              A partir do alerta, Bradshaw (2007) aponta ainda os próximos caminhos da notí-
cia: draft, article, context, analysis, interactivity e customisation12. Todas as etapas se-
guem uma lógica de aprofundamento, ou seja, cada passo vai aumentando o valor da


11
  Tradução para: “for the smaller stories, it can provide an opportunity to add personality to your coverage”.
12
  Para mais informações sobre as outras etapas do “News Diamond”, acessar:
http://onlinejournalismblog.com/2007/09/17/a-model-for-the-21st-century-newsroom-pt1-the-news-diamond/.
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notícia e acrescentando mais informações pertinentes. Na prática, alguns jornais já fa-
zem isso, como é o caso do G1, Último Segundo, BBCBrasil, New York Times e CNN
(ZAGO, 2008). Eles já enviam alertas de notícias que ainda não possuem cobertura ou
qualquer outro tipo de conteúdo em seus portais. Há ainda contas no Twitter de veículos
especializados em breaknews, como por exemplo o @breaknews13. Ele foi o primeiro a
relatar, por exemplo, a queda de um avião no rio Hudson, em NY, além de deixar em
alerta a população e avisar quem estava por perto caso pudesse tirar uma foto ou fazer
um vídeo do acontecido14 para ajudar na compreensão do fato.
              Esse sistema de notas curtas tende a prender a atenção do leitor, mostrando a ele
que ainda há algo maior e mais aprofundado por vir:


                                              Essas pequenas “pílulas” de notícias curtas vão construindo um nó de infor-
                                              mações que pode desencadear na expectativa para a leitura das matérias jor-
                                              nalísticas mais aprofundadas sobre o tema em foco do dia. Por isso, talvez,
                                              se deva a adoção rápida dos microblogs por jornais online consagrados, co-
                                              mo The New York Times e BBC, que perceberam que surgia um novo fe-
                                              nômeno na internet com características apropriadas para “chamadas” de suas
                                              notícias principais (SILVA, 2009, p. 269).


              Outros veículos seguiram o mesmo caminho e, após o breve alerta no Twitter,
foram atrás de mais conteúdo para preencher o portal. A conclusão do ocorrido, e que
serve também para outros fatos semelhantes, é que os dois tipos de mídia que existem
atualmente (tradicional e web) não precisam necessariamente entrar em colisão; elas
podem perfeitamente coexistirem, colaborando uma com a outra com conteúdos diver-
sos, ambos explorando os aspectos mais potencializados de cada.
              Como via potencializada já apontada no artigo, a instantaneidade no Twitter
também apresenta outras abordagens. Talvez a funcionalidade mais usada hoje pelo
jornalismo na ferramenta é o que Zago (2008) aponta como feed, que nada mais é do
que a publicação de manchetes de matérias publicadas nos portais. Alguns veículos já
citados no artigo fazem uso dessa função, que se assemelha muito aos tradicionais feeds




13
  http://twitter.com/BreakingNews
14
   Mais sobre o assunto: http://kristinelowe.blogs.com/kristine_lowe/2009/01/hudson-river-crash-reveals-twitter-in-
league-of-its-own-for-breaking-news.html
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RSS15 de blogs, portais e sites noticiosos. No caso do Twitter, a situação seria a mesma
caso o microblog não tivesse uma característica bastante peculiar: é possível repercutir a
notícia através da rede de contatos de cada leitor, adicionando comentários e novos links
e informações ao que já foi noticiado16.
              Para Recuero17, um ponto importante nas discussões das redes sociais, e conse-
quentemente do Twitter, é a conectividade dos usuários, pois estes estão cada vez mais
ubiquamente e permanentemente ligados entre si. É uma característica que impõe ao
microblog um forte aspecto de troca de informações em tempo real e que leva em conta
alguns critérios, como laços sociais e relevância na rede. A pesquisadora acredita18 que
as próprias limitações da ferramenta é que geraram uma apropriação mais informacional
do Twitter, tomando para si uma ilusão de “último minuto”. A diferença dele para o
Orkut, continua Recuero, seria um poder de concentração e credibilidade maiores. Per-
cebe-se isso com a adesão de jornalistas, publicitários, músicos e formadores de opinião
em geral, que ficam conectados quase que em tempo real com sua rede de contatos.
              É esse poder informacional que coloca no Twitter um valor instantâneo de con-
sumo, mesmo que para isso seja preciso entrelaçar-se em uma rede. Se um jornalista
tiver uma rede social bem articulada, ele poderá usufruir mais ainda da ferramenta, seja
para procurar fontes e personagens para suas matérias, seja para dar em primeira mão
uma notícia urgente.


                                              Mais do que novas formas de interação, temos novas formas de conversação,
                                              diálogos assíncronos, migrantes. A tecnologia potencializa a conexão das
                                              redes sociais, evidenciando, assim, todo um poder de articulação que ainda
                                              nos é desconhecido. Isso tudo porque não podemos esquecer do básico: Es-
                                              sas redes sociais não são desconectadas do mundo offline. Portanto, as ações
                                              decorrentes da difusão de informações nessas redes têm efeito no mundo
                                              concreto. (RECUERO, 2009, n/p)




15
   Feeds RSS são usados para que um usuário de internet possa acompanhar os novos artigos e demais
conteúdo de um site ou blog sem que precise visitar o site em si.
16
   No Twitter, a maneira de se repercutir a notícia é diferente de sites de bookmark social, como o Deli-
cious.com. Nesses casos, não há conexão em tempo real entre os usuários da rede e a própria lógica do
serviço não permite uma rapidez e instantaneidade na conexão entre os atores sociais.
17
   http://pontomidia.com.br/raquel/arquivos/midia_social_alem_do_hype.html
18
   http://pontomidia.com.br/raquel/arquivos/redes_sociais_na_internet_e_difusao_de_informacoes.html
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              A situação apontada acima encontra reverberação no que Silva (2008) chama de
ambiente móvel de produção. Junto a essa nova prática, o jornalismo continua sua jor-
nada em busca da instantaneidade:


                                              O jornalismo incorpora essa variante na sua fase de transformação diante de
                                              ferramentas que instauram a instantaneidade como valor de consumo da in-
                                              formação e nas relações com a audiência abrindo caminho para novos parâ-
                                              metros quando da interpretação de suas especificidades com a presença das
                                              mídias de funções pós-massivas ocupando cada vez mais espaço (SILVA,
                                              2008ª, p. 9).


              Jornalisticamente falando, estamos na era “que permite uma mobilidade física e
informacional (LEMOS, 2008) maior da produção e uma capacidade de geração de con-
teúdo em situação de instantaneidade mais potencializada” (SILVA, 2008, p. 2). Um
grande uso que pode ser feito do Twitter é também a cobertura de eventos ao vivo, já
bastante utilizado e que condiz perfeitamente com um ambiente móvel de produção
(SILVA, 2008), em que a diferença de tempo entre o acontecido e a divulgação do fato
pode se tornar quase nulo:


                                              Nos deparamos com novas apropriações por parte do jornalismo relaciona-
                                              dos a estas características das mídias móveis que fornecem ao jornalismo um
                                              aparato que se adapta perfeitamente às necessidades buscadas como imedia-
                                              tismo, maior capacidade para transmissão de arquivos diretamente dos locais
                                              da reportagens de campo em qualquer formato digital (áudio, vídeo, ima-
                                              gem, texto) (Silva, 2008, p. 10).


              Essa mobilidade no Twitter aproxima tanto usuários de outros usuários, quanto
formadores de opinião/grande mídia de usuários. É um passo importante que supera um
buraco de defasagem na dita interatividade, uma vez que somente quando o leitor “inter-
fere” na notícia, e não somente a consome, a interatividade está plena e a informação
muda de papel (LEMOS, 2008). Em decorrência disso, “o twitter possibilita agregar a
linguagem empregada pelos enunciadores primários com a linguagem dos enunciadores
secundários – os colaboradores” (LEMOS, 2008, p. 10). A notícia, portanto, ganha re-
percussão e real valor ao ser discutida pelos leitores.
              Os usuários também podem e tem o poder de criar conteúdo relevante. Desde a
estabilização, na prática, do conceito de cooperação de conteúdo da web 2.0, o usuário
SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo
                                       VII Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo
                                        USP (Universidade de São Paulo), novembro de 2009
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ganhou poder que antes não tinha. No Twitter, como uma das novas formas de dissemi-
nação de conteúdo jornalístico, a situação se potencializa ainda mais. Isto porque há a
criação de um espaço igualitário de produção de conteúdo, ou seja, o espaço e limitação
que um grande agente da mídia possui são os mesmos de um usuário que acabou de se
cadastrar no Twitter. A diferença está na audiência que, com o tempo, pode crescer bas-
tante, ou simplesmente é grande a depender do usuário.




Figura 2 – quadro mostra, em tempo real, atualizações referentes às eleições no Irã, fato que teve forte
mobilização popular através do Twitter.



              A rapidez com o que o Twitter pode ser atualizado potencializa e ajuda na cober-
tura de fatos importantes. Exemplos disso são os tremores de terra sentidos em São Pau-
lo em 2008, em que rapidamente hashtags19 foram criadas para facilitar o acompanha-
mento do caso, além da já famosa #forasarney, movimento em prol da renúncia do pre-
sidente do Senado, José Sarney, que figurou algumas horas durante alguns dias entre os
tópicos mais comentados do Twitter. Em outras situações, o Twitter ainda consegue
criar uma complexa rede de cooperação entre membros de um mesmo espaço social,

19
     São etiquetas iniciadas com o ícone #, com o objetivo de agregar notícias e fatos.
SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo
                                       VII Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo
                                        USP (Universidade de São Paulo), novembro de 2009
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como foi o caso das manifestações do G-20 (com forte apoio e adesão popular) e as e-
leições do Irã (figura 2). O Twitter se apropria dessas características para se posicionar
num patamar importante na cobertura de eventos de grande mobilização popular, bas-
tante propícias para que o público coopere conjuntamente na cobertura dos fatos.


              3. Considerações Finais


              Embora os estudos com relação aos usos jornalísticos no Twitter ainda estejam
no início, já existem algumas conceituações práticas no horizonte. Mesmo que num ca-
so específico, o jornal New York Times utilizou o termo microjournalism para se referir
ao uso que se fez do Twitter nas eleições americanas em 2008 (ZAGO, 2008). Mesmo
que esse não seja o ponto mais importante das discussões acerca do Twitter, o fato já
demonstra que a grande mídia, detentora de poder econômico e influência social, vê na
ferramenta algum tipo de uso, ou que pelo menos merece algum tipo de estudo.


              É no fator “tempo real” que o Twitter consegue seduzir tanto usuários como ato-
res da mídia, uma vez que essa procura em dar a notícia em primeira mão antes dos
concorrentes sempre norteou grande parte do jornalismo no mundo. O poder do “furo”
ganhou força e já alimenta inclusive usuários, que tendem também a tentar cooperar
com o ambiente social em que vivem, propagando notícias e acontecimentos que os
cercam. É uma tentativa de entrar em contato com sua própria rede e, além de outros
motivos, também fazer repercutir suas próprias informações para ganhar relevância na
rede como um todo. Como foi visto anteriormente, os jornalistas já são capazes de ar-
quitetar a notícia e inserir o Twitter como primeiro passo para uma reportagem na web.
Mais do que isso, há uma quebra da linearidade na narrativa jornalística que obriga os
produtores de conteúdo a tentarem se adequar ainda mais ao gosto dos leitores.


              Referências

AMARAL, Adriana; MONTARDO, Sandra Portella; RECUERO, Raquel. Blogs: Mapeando
um objeto. In: VI CONGRESSO NACIONAL DE HISTÓRIA DA MÍDIA. Universidade Fe-
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SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo
                                       VII Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo
                                        USP (Universidade de São Paulo), novembro de 2009
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informação. In: Blogs.Com: estudos sobre blogs e comunicação/ Adriana Amaral, Raquel Re-
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http://onlinejournalismblog.com/2007/09/17/a-model-for-the-21st-century-newsroom-pt1-the-
news-diamond/. Acesso em: 13/01/2009.

DEAK, André. O fim da pirâmide invertida?. Disponível em:
http://www.andredeak.com.br/2007/09/19/o-fim-da-piramide-invertida. Acesso em 19/01/2009.

CANAVILHAS, João. Webnotícia: propuesta de modelo periodístico para la www. 1 ed.
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ESCOBAR, Juliana Lúcia. Blogs como nova categoria de webjornalismo. In: Blogs.Com:
estudos sobre blogs e comunicação/ Adriana Amaral, Raquel Recuero, Sandra Montardo
(orgs.)- São Paulo: Momento Editorial, 2009.

LEMOS, André. Podcast. Emissão sonora, futuro do rádio e cibercultura. 404nOtF0und, n.
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LEMOS, Lúcia. O poder do discurso na era digital: o caso twitter. Disponível
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MORETZSOHN, Sylvia. A verdade como fetiche. In: Jornalismo em “tempo real”. Rio de
Janeiro: Revan, 2002.

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lugar da memória. In: PALACIOS, Marcos; MACHADO, Elias. (Org.). Modelos de jornalis-
mo digital. Salvador: Calandra, 2003.

PRIMO, Alex. A cobertura e o debate público sobre os casos Madeleine e Isabella: encade-
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http://pontomidia.com.br/raquel/arquivos/midia_social_alem_do_hype.html. Acesso em:
05/08/2009.

RECUERO, Raquel. Rede sociais na internet e difusão de informações. Disponível em:
http://pontomidia.com.br/raquel/arquivos/redes_sociais_na_internet_e_difusao_de_informacoes.
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Mediated Communication, 12(4), article 13. 2007. Disponível em:
http://jcmc.indiana.edu/vol12/issue4/schmidt.html Acesso em: 05/08/2009.
SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo
                                       VII Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo
                                        USP (Universidade de São Paulo), novembro de 2009
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urbano. In: VI ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISADORES EM JORNALISMO. Uni-
versidade Metodista de São Paulo, 2008.

SILVA, Fernando Firmino da. Jornalismo e tecnologias da mobilidade: conceito e configu-
rações. In: II SIMPÓSIO NACIONAL DE PESQUISADORES EM CIBERCULTURA – AB-
CIBER. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2008a.

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Blogs.Com: estudos sobre blogs e comunicação/ Adriana Amaral, Raquel Recuero, Sandra
Montardo (orgs.) - São Paulo: Momento Editorial, 2009.

WARD, Mike. Jornalismo Online. 1 ed. Londres: Editora Rocca, 2007.

ZAGO, Gabriela. Jornalismo em Microblogs: um estudo das apropriações jornalísticas do
twitter. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade Católica de Pelotas – Centro de Educa-
ção e Comunicação, 2008.

ZAGO, Gabriela. Dos Blogs aos Microblogs. In: VI CONGRESSO NACIONAL DE HISTÓ-
RIA DA MÍDIA. Universidade Federal Fluminense, 2008a.

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Usos jornalísticos no Twitter: a instantaneidade como valor de consumo da informação

  • 1. SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo VII Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo USP (Universidade de São Paulo), novembro de 2009 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: Usos jornalísticos no Twitter: a instantaneidade como valor de consumo da informação Rodrigo Carreiro 1 Resumo: Esse artigo discute quais os usos jornalísticos que podem ser feitos do microblog, enfatizando a análise a partir do uso da instantaneidade por parte de jornalistas e usuários como valor de consumo da informação. As possibilidades do Twitter são imensas, e muitas ainda a descobrir, mas o jornalismo já caminha a passos largos na ferramenta, explorando mais preci- samente partir de um elemento do jornalismo on-line, a instantaneidade. Além disso, ainda con- segue estabelecer um elo importante para um modelo geral de construção de reportagem e co- berturas ao vivo de eventos de forte mobilização popular com a colaboração de usuários. Esses usos podem ser definidos como ainda incipientes, porém mostram-se de grande valia para o jornalismo e a busca pela informação em tempo real. Palavras-chave: jornalismo, twitter, instantaneidade 1. A urgência do microblog As transformações no ambiente da internet ocorrem de uma maneira bas- tante rápida e ágil, e não é diferente com o jornalismo aplicado ao mesmo. Desde que houve a liberação do pólo emissor (LEMOS, 2005), diversas transformações permitiram que não só os antigos agentes da mídia pudessem estar à frente da produção de conteú- do, mas também cidadãos comuns que tem um imenso espaço como suporte à sua fren- te. Essa reconfiguração do cenário midiático (AQUINO, 2009) põe novos questio- namentos em voga, como o futuro do jornalismo e como a própria internet influencia na rotina produtiva da profissão. Porém, fica evidenciado que as novas maneiras de se pro- duzir conteúdo para a internet alteram substancialmente os formatos que chegam aos 1 Jornalista e Pós-Graduando em Jornalismo e Convergência Midiática, da Faculdade Social da Bahia - FSBA, email: rodrigocarreiro@gmail.com.
  • 2. SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo VII Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo USP (Universidade de São Paulo), novembro de 2009 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: usuários, como é o caso de blogs e, mais recentemente, dos microblogs. Esse último vem ganhando força e se configura como um novo meio para produção jornalística atra- vés da sua capacidade de instantaneidade e de estar ligado em tempo real com o usuário, podendo ser perfeitamente inserido na rotina de jornalistas, na interação com fontes potenciais ou no compartilhamento de sua produção em busca de colaboradores próxi- mos aos fatos. Essa emissão de conteúdo descentralizada tem como grande aliado o blog. Sch- midt (2008, n/p) apresenta os blogs como sendo “websites freqüentemente atualizados onde o conteúdo (texto, fotos, arquivos de som, etc.) são postados em uma base regular e posicionados em ordem cronológica reversa”. Esse modelo não é inteiramente fecha- do, podendo sofrer algumas alterações, entretanto, configura-se como sendo um ambi- ente fortemente caracterizado pela interatividade, já que pressupõe comentários, e hiper- textualidade (oferta de links relacionados). Mais do que isso, os blogs escrevem para sua própria audiência (AMARAL; MONTARDO; RECUERO, 2008), formando comu- nidades de leitores fieis (PALACIOS apud ZAGO, 2008) e confiantes no conteúdo a- presentado. Com o passar dos anos, porém, os blogs passaram a apresentar novas ferramen- tas para incremento do conteúdo, “alguns deles decorrentes do advento das tecnologias de informação e comunicação, como no caso da possibilidade de atualização por dispo- sitivos móveis, ou o surgimento de widgets2 e ferramentas especiais para blogs” (ZA- GO, 2008a, p. 23). Uma dessas ferramentas é o microblog, que surgiu em 2006 como auxiliar ao blog na tentativa de dar vazão à necessidade de postagem de material mais ágil e rápido, sem necessariamente ter que entrar no ambiente de publicação do blog. Orihuela (apud ZAGO, 2008a) define microblog como uma mistura de blog, mensagens instantâneas e rede social. O microblog, portanto, permite ao usuário publicar conteúdo de um modo mais instantâneo, mas com uma peculiaridade: só são permitidos 140 caracteres. Escobar (2009) caracteriza os blogs em três aspectos básicos e que servem perfeitamente para compreensão dos microblogs. A saber: facilidade e agilidade na publicação, disposição 2 De acordo com o Wikipedia (wikipedia.com), widget é um componente de uma interface gráfica do utilizador (GUI), o que inclui janelas, botões, menus, ícones, barras de rolagem, etc. No caso do blog, são novas apropriações de uso, como blogroll, lista de filmes, links animados, nuvens de tag, entre outros.
  • 3. SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo VII Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo USP (Universidade de São Paulo), novembro de 2009 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: de conteúdo em ordem cronológica reversa e data, hora e autor registrados automatica- mente. O modelo, que no blog é mais flexível, no microblog torna-se mais rígido, em- bora a própria limitação imponha novos usos para ferramenta que a tornam bem peculi- ar. Figura 1 – quadro mostra curva com volume de atualizações relacionadas às manifestações do G-20, na Inglaterra, com aumento de “tweets” no dia 1° de abril, ápice do movimento. Na conceituação do microblog, Zago (2008a) vai mais além e o aponta como uma ferramenta capaz de se projetar em diversos suportes diferentes, dando ao jorna- lismo mais opções na hora da distribuição do conteúdo. Essa facilidade fez com que, além dos usuários comuns, diversos veículos jornalísticos também adotassem a ferra- menta, como é o caso do G1, O Globo e Folha On Line3, além de algumas experiências mais específicas. Essas, por sua vez, são cada vez mais comuns na cobertura de eventos pontuais e de grande mobilização popular, como é o caso das eleições do Irã, em 2009, e das manifestações da reunião do G-20, no mesmo ano (figura 1). 3 Os grandes portais do Brasil e do mundo utilizam o microblog como forma de divulgação de notícias publicadas no site e logo depois na ferramenta. Mais sobre o assunto no decorrer do artigo.
  • 4. SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo VII Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo USP (Universidade de São Paulo), novembro de 2009 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: 2. O Twitter e a instantaneidade jornalística Dentre as opções de microblogs disponíveis estão o Jaiku4, Gozub5, e Twitter6, esse o mais utilizado no mundo. O Twitter, parte do objeto de estudo desse artigo, cres- ceu de uma maneira vertiginosa nos últimos meses, estando hoje no topo das ferramen- tas/sites que mais crescem na internet. Não só usuários comuns, mas também grandes corporações midiáticas já fazem uso dele em larga escala, inclusive desenvolvendo pro- dutos específicos para a ferramenta. Pesquisa realizada em 20087 aponta o Twitter com cinco milhões de usuários, crescendo 600% nos últimos 12 meses e apresentando de cinco a dez mil novas contas por dia. Apenas em junho 2009, o Twitter ganhou 7 mi- lhões de usuários8 e cerca de 75% dos usuários atuais só se cadastraram em 20099. A adoção da ferramenta, portanto, a coloca no patamar de importante meio a ser explorado pelo jornalismo. Figurando com destaque na virada de 2007 para 2008 e se consolidando 2009, o Twitter10 demonstra a possibilidade de ser um elemento inovador dentro das práticas de jornalismo on-line. Esse apresenta elementos bem definidos e é envolto em característi- cas específicas. Canavilhas (2007) põe sobre o jornalismo on-line três aspectos básicos: hipertextualidade, multimidialidade e interatividade/usabilidade. Já Mielniczuk (2003) acrescenta mais um elemento, o da atualização contínua, posição compartilhada com Palacios (2003). Ele define assim a instantaneidade, outro nome dado ao item: A rapidez de acesso, combinada com a facilidade de produção e de disponi- bilização, propiciadas pela digitalização da informação e pelas tecnologias telemáticas, permitem uma extrema agilidade de atualização do material nos jornais da web. Isso possibilita o acompanhamento contínuo em torno do de- senvolvimento dos assuntos jornalísticos de maior interesse (PALACIOS, 2003, p. 20). 4 http://www.jaiku.com 5 http://www.gozub.com 6 http://www.twitter.com 7 “State of the Twittersphere” (2008), disponível em: http://cdnqa.hubteam.com/State_of_the_Twittersphere_by_HubSpot_Q4-2008.pdf 8 Pesquisa conduzida pela consultoria comScore: www.comscore.com 9 Pesquisa elaborada pela Sysomos: www.sysomos.com 10 O artigo adota, a partir desse momento, o Twitter como sinônimo de microblog, já que é a ferramenta mais usada, além de ser o objeto de estudo desse artigo.
  • 5. SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo VII Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo USP (Universidade de São Paulo), novembro de 2009 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: No entanto, essa procura pelo modo instantâneo da notícia não surgiu com a in- ternet, e sim já era debatido com os meios massivos de comunicação no século XX e também “muito antes, apareciam como um fato futurístico no cinema e na televisão” (QUADROS apud SILVA, 2008, p. 5). De qualquer modo, essa procura mais incessante pelo tempo real é evidenciada com maior freqüência no jornalismo feito na web e em novas ferramentas, visto que, mais do que nos portais noticiosos, no Twitter a busca pela informação é dada sempre do mais recente para o menos recente. Isso quer dizer que, devido à disposição na ordem cronológica inversa, “a informação mais importante é simplesmente a mais recente ou, melhor dizendo, a que foi publicada mais recente- mente”. (ESCOBAR, 2009, p. 227). Desse modo, há uma quebra na maneira como se é estruturada a notícia. A instantaneidade passa a ter uma importância muito maior com o surgimento de novos modos de se multiplicar conteúdo na web, como o caso do Twitter. Escobar (2009) aponta uma ruptura no modelo organizativo da notícia, denotando que o único critério importante na recepção da informação é o tempo. Isto é, quanto mais rápido a notícia chega ao público, mais ele vai se sentir informado. Nessa via, os critérios de noticiabilidade e as rotinas produtivas sofrem um abalo considerável (SILVA, 2008), pois surge a atualização contínua como um caminho a ser seguido por todos. A instan- taneidade, portanto, é o principal elemento que o jornalismo utiliza para atuar no Twit- ter. A busca pelo tempo real vem seduzindo muitos jornalistas. “A rapidez de aces- so, combinada com a facilidade de produção e disponibilização de conteúdo, faz com que na web as notícias possam ser dadas praticamente em tempo real” (ZAGO, 2008, p. 55). Seguindo essa premissa, o Twitter potencializa a busca pelo instantâneo e o relato do acontecido mais próximo possível do fato em si (ESCOBAR, 2009). O espaço citado vê no Twitter uma ferramenta capaz de dar ao usuário e à mídia toda essa aproximação requerida. Então, como a instantaneidade no Twitter pode efeti- vamente se encaixar num modelo de produção de conteúdo jornalístico? Há diversos caminhos a serem seguidos para construção e hierarquização de informação no jorna- lismo on-line, e quase todos são unânimes em buscar a quebra da pirâmide invertida
  • 6. SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo VII Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo USP (Universidade de São Paulo), novembro de 2009 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: (CANAVILHAS, 2008), tão adotada no jornalismo impresso. Para o ambiente da web, há uma quebra da linearidade narrativa: Os usuários têm o poder de ir aonde quiserem, coletando informações. Eles podem, a partir de um bloco de informações, acessar um arquivo de áudio, um banco de dados, um gráfico, um resumo, um vídeo, um arquivo e, em seguida, desaparecer num link externo para outro site. Isso não significa que todos os usuários agem dessa forma, mas eles podem se assim quiserem (WARD, 2007, p. 125). Dada essa quebra de rota, cada usuário pode seguir seu próprio caminho, o que impõe aos editores e jornalistas novas maneiras de arquitetar a notícia. Um deles, e que se encaixa no modelo de maximização da instantaneidade no jornalismo através do Twitter, é o News Diamond (BRADSHAW, 2007). A proposta de Bradshaw é que o Twitter sirva para dar o “alerta” de determinada notícia, para só depois aprofundar no assunto em diversas camadas informacionais. O modelo pressupõe convergência de redações, em que o profissional é capaz de produzir conteúdo tanto para os meios tradi- cionais, quanto para as novas mídias. Essa proposta só é possível num ambiente de produção com “velocidade, pro- fundidade e interatividade (o fim da pirâmide invertida)” (LEMOS, 2009, p. 9). O pri- meiro passo do modelo aponta para uma rápida alerta de notícia dada diretamente do ocorrido, ou simplesmente no momento em que o jornalista tem idéia de fato que aquele assunto pode gerar uma cobertura mais aprofundada. A conseqüência desse primeiro passo é que o jornalista demonstra “ter” a notícia, o furo ou a informação, além de ga- nhar reputação perante a comunidade que o lê (BRADSHAW, 2007). Ele continua: “pa- ra notícias pequenas, é uma oportunidade para dar personalidade à cobertura”11 (BRADSHAW, 2007, n/p). É como se os leitores que acompanham o Twitter do repór- ter tivessem mais perto do fato em si. A partir do alerta, Bradshaw (2007) aponta ainda os próximos caminhos da notí- cia: draft, article, context, analysis, interactivity e customisation12. Todas as etapas se- guem uma lógica de aprofundamento, ou seja, cada passo vai aumentando o valor da 11 Tradução para: “for the smaller stories, it can provide an opportunity to add personality to your coverage”. 12 Para mais informações sobre as outras etapas do “News Diamond”, acessar: http://onlinejournalismblog.com/2007/09/17/a-model-for-the-21st-century-newsroom-pt1-the-news-diamond/.
  • 7. SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo VII Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo USP (Universidade de São Paulo), novembro de 2009 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: notícia e acrescentando mais informações pertinentes. Na prática, alguns jornais já fa- zem isso, como é o caso do G1, Último Segundo, BBCBrasil, New York Times e CNN (ZAGO, 2008). Eles já enviam alertas de notícias que ainda não possuem cobertura ou qualquer outro tipo de conteúdo em seus portais. Há ainda contas no Twitter de veículos especializados em breaknews, como por exemplo o @breaknews13. Ele foi o primeiro a relatar, por exemplo, a queda de um avião no rio Hudson, em NY, além de deixar em alerta a população e avisar quem estava por perto caso pudesse tirar uma foto ou fazer um vídeo do acontecido14 para ajudar na compreensão do fato. Esse sistema de notas curtas tende a prender a atenção do leitor, mostrando a ele que ainda há algo maior e mais aprofundado por vir: Essas pequenas “pílulas” de notícias curtas vão construindo um nó de infor- mações que pode desencadear na expectativa para a leitura das matérias jor- nalísticas mais aprofundadas sobre o tema em foco do dia. Por isso, talvez, se deva a adoção rápida dos microblogs por jornais online consagrados, co- mo The New York Times e BBC, que perceberam que surgia um novo fe- nômeno na internet com características apropriadas para “chamadas” de suas notícias principais (SILVA, 2009, p. 269). Outros veículos seguiram o mesmo caminho e, após o breve alerta no Twitter, foram atrás de mais conteúdo para preencher o portal. A conclusão do ocorrido, e que serve também para outros fatos semelhantes, é que os dois tipos de mídia que existem atualmente (tradicional e web) não precisam necessariamente entrar em colisão; elas podem perfeitamente coexistirem, colaborando uma com a outra com conteúdos diver- sos, ambos explorando os aspectos mais potencializados de cada. Como via potencializada já apontada no artigo, a instantaneidade no Twitter também apresenta outras abordagens. Talvez a funcionalidade mais usada hoje pelo jornalismo na ferramenta é o que Zago (2008) aponta como feed, que nada mais é do que a publicação de manchetes de matérias publicadas nos portais. Alguns veículos já citados no artigo fazem uso dessa função, que se assemelha muito aos tradicionais feeds 13 http://twitter.com/BreakingNews 14 Mais sobre o assunto: http://kristinelowe.blogs.com/kristine_lowe/2009/01/hudson-river-crash-reveals-twitter-in- league-of-its-own-for-breaking-news.html
  • 8. SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo VII Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo USP (Universidade de São Paulo), novembro de 2009 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: RSS15 de blogs, portais e sites noticiosos. No caso do Twitter, a situação seria a mesma caso o microblog não tivesse uma característica bastante peculiar: é possível repercutir a notícia através da rede de contatos de cada leitor, adicionando comentários e novos links e informações ao que já foi noticiado16. Para Recuero17, um ponto importante nas discussões das redes sociais, e conse- quentemente do Twitter, é a conectividade dos usuários, pois estes estão cada vez mais ubiquamente e permanentemente ligados entre si. É uma característica que impõe ao microblog um forte aspecto de troca de informações em tempo real e que leva em conta alguns critérios, como laços sociais e relevância na rede. A pesquisadora acredita18 que as próprias limitações da ferramenta é que geraram uma apropriação mais informacional do Twitter, tomando para si uma ilusão de “último minuto”. A diferença dele para o Orkut, continua Recuero, seria um poder de concentração e credibilidade maiores. Per- cebe-se isso com a adesão de jornalistas, publicitários, músicos e formadores de opinião em geral, que ficam conectados quase que em tempo real com sua rede de contatos. É esse poder informacional que coloca no Twitter um valor instantâneo de con- sumo, mesmo que para isso seja preciso entrelaçar-se em uma rede. Se um jornalista tiver uma rede social bem articulada, ele poderá usufruir mais ainda da ferramenta, seja para procurar fontes e personagens para suas matérias, seja para dar em primeira mão uma notícia urgente. Mais do que novas formas de interação, temos novas formas de conversação, diálogos assíncronos, migrantes. A tecnologia potencializa a conexão das redes sociais, evidenciando, assim, todo um poder de articulação que ainda nos é desconhecido. Isso tudo porque não podemos esquecer do básico: Es- sas redes sociais não são desconectadas do mundo offline. Portanto, as ações decorrentes da difusão de informações nessas redes têm efeito no mundo concreto. (RECUERO, 2009, n/p) 15 Feeds RSS são usados para que um usuário de internet possa acompanhar os novos artigos e demais conteúdo de um site ou blog sem que precise visitar o site em si. 16 No Twitter, a maneira de se repercutir a notícia é diferente de sites de bookmark social, como o Deli- cious.com. Nesses casos, não há conexão em tempo real entre os usuários da rede e a própria lógica do serviço não permite uma rapidez e instantaneidade na conexão entre os atores sociais. 17 http://pontomidia.com.br/raquel/arquivos/midia_social_alem_do_hype.html 18 http://pontomidia.com.br/raquel/arquivos/redes_sociais_na_internet_e_difusao_de_informacoes.html
  • 9. SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo VII Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo USP (Universidade de São Paulo), novembro de 2009 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: A situação apontada acima encontra reverberação no que Silva (2008) chama de ambiente móvel de produção. Junto a essa nova prática, o jornalismo continua sua jor- nada em busca da instantaneidade: O jornalismo incorpora essa variante na sua fase de transformação diante de ferramentas que instauram a instantaneidade como valor de consumo da in- formação e nas relações com a audiência abrindo caminho para novos parâ- metros quando da interpretação de suas especificidades com a presença das mídias de funções pós-massivas ocupando cada vez mais espaço (SILVA, 2008ª, p. 9). Jornalisticamente falando, estamos na era “que permite uma mobilidade física e informacional (LEMOS, 2008) maior da produção e uma capacidade de geração de con- teúdo em situação de instantaneidade mais potencializada” (SILVA, 2008, p. 2). Um grande uso que pode ser feito do Twitter é também a cobertura de eventos ao vivo, já bastante utilizado e que condiz perfeitamente com um ambiente móvel de produção (SILVA, 2008), em que a diferença de tempo entre o acontecido e a divulgação do fato pode se tornar quase nulo: Nos deparamos com novas apropriações por parte do jornalismo relaciona- dos a estas características das mídias móveis que fornecem ao jornalismo um aparato que se adapta perfeitamente às necessidades buscadas como imedia- tismo, maior capacidade para transmissão de arquivos diretamente dos locais da reportagens de campo em qualquer formato digital (áudio, vídeo, ima- gem, texto) (Silva, 2008, p. 10). Essa mobilidade no Twitter aproxima tanto usuários de outros usuários, quanto formadores de opinião/grande mídia de usuários. É um passo importante que supera um buraco de defasagem na dita interatividade, uma vez que somente quando o leitor “inter- fere” na notícia, e não somente a consome, a interatividade está plena e a informação muda de papel (LEMOS, 2008). Em decorrência disso, “o twitter possibilita agregar a linguagem empregada pelos enunciadores primários com a linguagem dos enunciadores secundários – os colaboradores” (LEMOS, 2008, p. 10). A notícia, portanto, ganha re- percussão e real valor ao ser discutida pelos leitores. Os usuários também podem e tem o poder de criar conteúdo relevante. Desde a estabilização, na prática, do conceito de cooperação de conteúdo da web 2.0, o usuário
  • 10. SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo VII Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo USP (Universidade de São Paulo), novembro de 2009 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: ganhou poder que antes não tinha. No Twitter, como uma das novas formas de dissemi- nação de conteúdo jornalístico, a situação se potencializa ainda mais. Isto porque há a criação de um espaço igualitário de produção de conteúdo, ou seja, o espaço e limitação que um grande agente da mídia possui são os mesmos de um usuário que acabou de se cadastrar no Twitter. A diferença está na audiência que, com o tempo, pode crescer bas- tante, ou simplesmente é grande a depender do usuário. Figura 2 – quadro mostra, em tempo real, atualizações referentes às eleições no Irã, fato que teve forte mobilização popular através do Twitter. A rapidez com o que o Twitter pode ser atualizado potencializa e ajuda na cober- tura de fatos importantes. Exemplos disso são os tremores de terra sentidos em São Pau- lo em 2008, em que rapidamente hashtags19 foram criadas para facilitar o acompanha- mento do caso, além da já famosa #forasarney, movimento em prol da renúncia do pre- sidente do Senado, José Sarney, que figurou algumas horas durante alguns dias entre os tópicos mais comentados do Twitter. Em outras situações, o Twitter ainda consegue criar uma complexa rede de cooperação entre membros de um mesmo espaço social, 19 São etiquetas iniciadas com o ícone #, com o objetivo de agregar notícias e fatos.
  • 11. SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo VII Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo USP (Universidade de São Paulo), novembro de 2009 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: como foi o caso das manifestações do G-20 (com forte apoio e adesão popular) e as e- leições do Irã (figura 2). O Twitter se apropria dessas características para se posicionar num patamar importante na cobertura de eventos de grande mobilização popular, bas- tante propícias para que o público coopere conjuntamente na cobertura dos fatos. 3. Considerações Finais Embora os estudos com relação aos usos jornalísticos no Twitter ainda estejam no início, já existem algumas conceituações práticas no horizonte. Mesmo que num ca- so específico, o jornal New York Times utilizou o termo microjournalism para se referir ao uso que se fez do Twitter nas eleições americanas em 2008 (ZAGO, 2008). Mesmo que esse não seja o ponto mais importante das discussões acerca do Twitter, o fato já demonstra que a grande mídia, detentora de poder econômico e influência social, vê na ferramenta algum tipo de uso, ou que pelo menos merece algum tipo de estudo. É no fator “tempo real” que o Twitter consegue seduzir tanto usuários como ato- res da mídia, uma vez que essa procura em dar a notícia em primeira mão antes dos concorrentes sempre norteou grande parte do jornalismo no mundo. O poder do “furo” ganhou força e já alimenta inclusive usuários, que tendem também a tentar cooperar com o ambiente social em que vivem, propagando notícias e acontecimentos que os cercam. É uma tentativa de entrar em contato com sua própria rede e, além de outros motivos, também fazer repercutir suas próprias informações para ganhar relevância na rede como um todo. Como foi visto anteriormente, os jornalistas já são capazes de ar- quitetar a notícia e inserir o Twitter como primeiro passo para uma reportagem na web. Mais do que isso, há uma quebra da linearidade na narrativa jornalística que obriga os produtores de conteúdo a tentarem se adequar ainda mais ao gosto dos leitores. Referências AMARAL, Adriana; MONTARDO, Sandra Portella; RECUERO, Raquel. Blogs: Mapeando um objeto. In: VI CONGRESSO NACIONAL DE HISTÓRIA DA MÍDIA. Universidade Fe- deral Fluminense, 2008.
  • 12. SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo VII Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo USP (Universidade de São Paulo), novembro de 2009 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: AQUINO, Maria Clara. Os Blogs na Web 2.0: representação e recuperação coletivas de informação. In: Blogs.Com: estudos sobre blogs e comunicação/ Adriana Amaral, Raquel Re- cuero, Sandra Montardo (orgs.)- São Paulo: Momento Editorial, 2009. BRADSHAW, Paul. A model for the 21st century newsroom. Disponível em: http://onlinejournalismblog.com/2007/09/17/a-model-for-the-21st-century-newsroom-pt1-the- news-diamond/. Acesso em: 13/01/2009. DEAK, André. O fim da pirâmide invertida?. Disponível em: http://www.andredeak.com.br/2007/09/19/o-fim-da-piramide-invertida. Acesso em 19/01/2009. CANAVILHAS, João. Webnotícia: propuesta de modelo periodístico para la www. 1 ed. Portugal: Livros Labcom, 2007. ESCOBAR, Juliana Lúcia. Blogs como nova categoria de webjornalismo. In: Blogs.Com: estudos sobre blogs e comunicação/ Adriana Amaral, Raquel Recuero, Sandra Montardo (orgs.)- São Paulo: Momento Editorial, 2009. LEMOS, André. Podcast. Emissão sonora, futuro do rádio e cibercultura. 404nOtF0und, n. 46, Jun 2005. LEMOS, Lúcia. O poder do discurso na era digital: o caso twitter. Disponível em:http://www.eca.usp.br/caligrama/n_10/06_lemos.pdf. Acesso em 14/01/2009. MIELNICZUK, L. Sistematizando alguns conhecimentos sobre jornalismo na web. In: PA- LACIOS, Marcos; MACHADO, Elias. (Org.). Modelos de jornalismo digital. Salvador: Calan- dra, 2003, v., p. 37-54. MORETZSOHN, Sylvia. A verdade como fetiche. In: Jornalismo em “tempo real”. Rio de Janeiro: Revan, 2002. PALACIOS, Marcos. Ruptura, continuidade e potencialização no jornalismo on-line: o lugar da memória. In: PALACIOS, Marcos; MACHADO, Elias. (Org.). Modelos de jornalis- mo digital. Salvador: Calandra, 2003. PRIMO, Alex. A cobertura e o debate público sobre os casos Madeleine e Isabella: encade- amento midiático de blogs, Twitter e mídia massiva. Galáxia, v. 16, 2008. No prelo. RECUERO, Raquel. Mídia Social além do hype. Disponível em: http://pontomidia.com.br/raquel/arquivos/midia_social_alem_do_hype.html. Acesso em: 05/08/2009. RECUERO, Raquel. Rede sociais na internet e difusão de informações. Disponível em: http://pontomidia.com.br/raquel/arquivos/redes_sociais_na_internet_e_difusao_de_informacoes. html. Acesso em: 06/08/2009. SCHMIDT, J. Blogging practices: An analytical framework. In: Journal of Computer- Mediated Communication, 12(4), article 13. 2007. Disponível em: http://jcmc.indiana.edu/vol12/issue4/schmidt.html Acesso em: 05/08/2009.
  • 13. SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo VII Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo USP (Universidade de São Paulo), novembro de 2009 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: SILVA, Fernando Firmino da. Jornalismo Live Stream: tempo real, mobilidade e espaço urbano. In: VI ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISADORES EM JORNALISMO. Uni- versidade Metodista de São Paulo, 2008. SILVA, Fernando Firmino da. Jornalismo e tecnologias da mobilidade: conceito e configu- rações. In: II SIMPÓSIO NACIONAL DE PESQUISADORES EM CIBERCULTURA – AB- CIBER. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2008a. SILVA, Fernando Firmino da. Moblogs e microblogs: jornalismo e mobilidade. In: Blogs.Com: estudos sobre blogs e comunicação/ Adriana Amaral, Raquel Recuero, Sandra Montardo (orgs.) - São Paulo: Momento Editorial, 2009. WARD, Mike. Jornalismo Online. 1 ed. Londres: Editora Rocca, 2007. ZAGO, Gabriela. Jornalismo em Microblogs: um estudo das apropriações jornalísticas do twitter. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade Católica de Pelotas – Centro de Educa- ção e Comunicação, 2008. ZAGO, Gabriela. Dos Blogs aos Microblogs. In: VI CONGRESSO NACIONAL DE HISTÓ- RIA DA MÍDIA. Universidade Federal Fluminense, 2008a.