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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
COMUNICAÇÃO SOCIAL JORNALISMO
FILIPE OLIVEIRA XAVIER
BLOGOSFERA DE TECNOLOGIA:
UM ESTUDO SOBRE A BLOGOSFERA TECNOLÓGICA NO BRASIL
Rio de Janeiro
2012
iii
‘UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
COMUNICAÇÃO SOCIAL JORNALISMO
FILIPE OLIVEIRA XAVIER
BLOGOSFERA DE TECNOLOGIA:
UM ESTUDO SOBRE A BLOGOSFERA TECNOLÓGICA NO BRASIL
Monografia apresentada como requisito de
conclusão do curso de comunicação social
com habilitação em jornalismo para a
conclusão do curso de Comunicação Social -
Habilitação em Jornalismo. Orientado pelo
professor Márcio Ferreira
Rio de Janeiro
2012
iv
FILIPE OLIVEIRA XAVIER
BLOGOSFERA DE TECNOLOGIA:
UM ESTUDO SOBRE A BLOGOSFERA TECNOLÓGICA NO BRASIL
Trabalho de conclusão de curso submetido à
Universidade Veiga de Almeida, como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do Grau
de Bacharel em Comunicação Social,
Habilitação em Jornalismo.
___________________________
Orientador
Título/Instituição
___________________________
Examinador
Título/Instituição
___________________________
Examinador
Título/Instituição
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, _____ de ________________________________ de _________
v
Dedico aos meus pais, pelo incentivo por
todos esses anos de luta e confiança
depositada em meus estudos.
vi
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, Deus, que iluminou meu
caminho e confortou meu espírito nesta
caminhada. Agradeço a família por toda
ajuda ao longo dos últimos anos - em especial
– meu irmão de coração, Tiago Oliveira, por
me arrancar sorrisos e resmungar a cada vez
que eu solicitava o uso do meu próprio
computador.
A Bárbara Perrut, Gustavo Beroli e Glória de
Brito por todas as dúvidas respondidas e
indicações para pesquisa. Ao meu orientador
Márcio Ferreira pela paciência e empenho.
Agradeço à Stephanie Carvalho por fazer
companhia, mesmo que virtual, em longas
noites de sono escasso. Aos amigos Anderson
Ferreira, Cláudio Rodrigo, Jéssica Lima e
Peterson Souza– a quem considero como
irmão – pelo companheirismo.
Claro que não posso esquecer os colegas da
graduação, agora amigos, Camilla Monteiro,
Fernanda Teixeira, Karen Nascimento e em
especial, a inseparável, Gabriela Sant’Anna,
por todos os conselhos e puxões de orelha.
vii
“Ao dar às pessoas o poder de partilhar,
estamos tornando o mundo mais
transparente.”
Mark Zuckerberg - 2010
viii
RESUMO
O estudo a seguir foi feito com finalidade de analisar e debater sobre o
movimento dos blogs tecnológicos no país. Logo, deve-se abordar o início do
movimento a nível global, para enfim, focar em nosso objeto de estudo. Logo, se faz
necessário resgatar os principais eventos da evolução sofrida pelo weblog em todo o seu
tempo de existência, e assim, refletir a relevância dos blogs, sua estrutura, linguagem e
conceitos comunicacionais empregados para atrair a audiência.
Palavras chave: Blogosfera, blog, internet, wordpress, tecnologia, redes sociais
ix
ABSTRACT
The following study was done in order to analyze the technology blogs
movements in Brasil. We approach the beginning of the movement at a global level, to
finally focus on our subject. Therefore, it is necessary to rescue the major events of
evolution suffered by the blog around the time, and thus reflect the relevance of blogs,
their structure, communication and language concepts employed to attract the audience.
Keywords: Blogosphere, blog, internet, wordpress, technology, social networking
x
SUMÁRIO
SUMÁRIO................................................................................................................................................x
INTRODUÇÃO......................................................................................................................................10
...............................................................................................................................................................12
1. TECNOLOGIA VICE-LÍDER DAS BUSCAS...................................................................................12
1.1 SURGE UMA NOVA REVOLUÇÃO NA COMUNICAÇÃO.......................................................................12
1.2 A SOCIEDADE VIVENCIA A CIBERCULTURA........................................................................................14
1.3 O NASCIMENTO DOS BLOGS.............................................................................................................16
1.3.1 O SURGIMENTO DOS NICHOS NOS BLOGS...........................................................................17
2. A OPINIÃO INDEPENDENTE PODE SUPERAR OS GRANDES PORTAIS.................................27
2.1 NOVOS HÁBITOS PARA O CONSUMO DO CONTEÚDO VIRTUAL........................................................27
2.1.1 OS PERCALÇOS NA MANUTENÇÃO DE UM BLOG.................................................................30
2.2 OS DESAFIOS PARA POPULARIZAR O BLOG.......................................................................................32
2.2.2 O BLOGUEIRO E O CAMINHO PARA OBTER RELEVÂNCIA.....................................................35
3.QUANDO O BLOG ULTRAPASSA A BARREIRA DA BLOGOSFERA........................................38
3.1 A ASCENSÃO DA BLOGOSFERA NACIONAL........................................................................................38
3.1.2 A PROFISSIONALIZAÇÃO DA BLOGOSFERA TECNOLÓGICA NO BRASIL E NO MUNDO....................39
3.2 CASES: BLOGS DE TECNOLOGIA DO BRASIL.......................................................................................40
3.3 O PANORAMA DA BLOGOSFERA TECNOLÓGICA DO BRASIL.............................................................43
CONCLUSÃO........................................................................................................................................45
...............................................................................................................................................................45
REFERÊNCIAS......................................................................................................................................47
INTERNET................................................................................................................................................49
Glossário.................................................................................................................................................51
ANEXO A..............................................................................................................................................53
ANEXO B...............................................................................................................................................55
xi
ANEXO C...............................................................................................................................................57
10
INTRODUÇÃO
O trabalho a seguir foi motivado por uma série de experiências pessoais do autor
ao longo de três anos na blogosfera de tecnologia com o blog Pitacos Modernos. Os blogs já
fazem parte do nosso cotidiano envolvido pela cibercultura tão abordada por Pierre Lévy. O
universo dos blogs já é capaz de alterar nossas rotinas, criar bordões e moldar à velha mídia,
tão resistente as inevitáveis mudanças na comunicação moderna.
No meio deste contexto, a blogosfera ainda apresenta participação ativa como
um grande agregador das novidades virtuais. Há tempos que o blog perdeu a alcunha de
“diários pessoais”, assim, os sítios eletrônicos e de simples publicação caminharam para
especialização e segmentação dos assuntos abordados. O surgimento dos nichos tornou esses
blogs verdadeiros “espaços coletivos de interação” (PRIMO, 2008, p. 123). Essas páginas
foram responsáveis pelo surgimento de diversas comunidades conectadas, aptas a debater
todo o tipo de assunto proposto no ambiente online.
O primeiro capítulo buscou posicionar o surgimento da blogosfera como uma
ferramenta de conversação, protesto e debate gerados pela “emergência do ciberespaço”
(Lévy, 1999, p.118). A partir deste fato, há o início uma análise sobre o primeiro caso de
blogs que obtiveram êxito em atingir a velha mídia e até mesmo, influenciar na disputada
corrida presidencial norte-americana. O estudo segue com destaque da batalha enfrentada
pela blogosfera com a antiga mídia que passa a tratá-la como inimiga do jornalismo
profissional, capaz até mesmo de levantar um debate recorrente entre os profissionais da
comunicação: Seria o blogueiro um jornalista?
11
O estudo segue ao abordar o impacto da gerado pela alta relevância de alguns
blogs na mídia e no cotidiano dos internautas, para enfim, voltar-se ao blogueiro no estudo
das dificuldades enfrentadas pelo mesmo na incessante busca da popularização do seu
espaço virtual, incluindo as técnicas mais utilizadas pelo publicador para obter mais visitas
em sua página pessoal.
O terceiro capítulo aborda os blogs de sucesso no Brasil e no exterior, cujo tema,
seja a tecnologia e suas variantes. Apresentamos uma linha do tempo que traça a aceitação
do blog em grandes corporações que voltaram seus investimentos à internet, além de debater
as características fundamentais da blogosfera de tecnologia e seu futuro em um mundo
repleto de novidades da cultura tech e cada vez mais conectado.
Este trabalho teve a finalidade de traçar um panorama da blogosfera tecnológica
nacional, e assim, colaborar efetivamente na identificação de hábitos e características
presentes neste segmento de nichos, bem como, do internauta que o acessa e consome a
informação lançada por essas páginas.
12
1. TECNOLOGIA VICE-LÍDER DAS BUSCAS
1.1 SURGE UMA NOVA REVOLUÇÃO NA COMUNICAÇÃO
Evidencia-se o modo como o desenvolvimento da comunicação contribuiu na
evolução da humanidade ao longo da história. Tais mudanças no processo comunicacional
são descritas em três grandes eras por Melvin L. DeFleur e Sandra Ball-Rokeach (1993,
p.22). Os símbolos e sinais estão relacionados como a mais rudimentar comunicação
reconhecida pelo homem. O ser humano emitia sinais e gestos passados de geração em
geração (1993, p.24).
A cerca de 40 mil anos atrás, os sons estranhos e gestos foram substituídos pela
fala. Essa por sua vez foi primordial para evolução da raça humana, uma vez que a
comunicação oral permite abordagens mais complexas – exterminando assim – as limitações
presentes na comunicação por sinais (1993, p.31). Anos mais tarde, acontece o surgimento
das primeiras formas de arte, como a rupestre. Já a terceira etapa é a que vivenciamos até
hoje, a Era da Escrita. A necessidade de armazenar as informações de modo físico e
compreensivo as demais gerações criou o esboço de escrita – e mais tarde – a escrita
fonética empregada no alfabeto sumério.
"Não obstante, o uso de caracteres para representar sílabas foi o primeiro
passo na criação da escrita fonética e foi um grande avanço na
comunicação humana. Particularmente, tonou imensamente mais fácil a
alfabetização. A pessoa tinha apenas de lembrar mais ou menos uma
centena de símbolos para as várias sílabas da língua”. (Melvin L.
DeFleur e Sandra Ball-Rokeach 1993 p.34).
No século XV o alemão Johannes Gutenberg desenvolve um dispositivo voltado
à impressão em superfícies como papel e tecido. A prensa de tipos móveis – conhecida
como imprensa – entrou para história da humanidade como um aparelho que revolucionou
13
as comunicações no mundo (1993, p.92). O modo de impressão criado pelo alemão encurtou
o tempo utilizado na confecção de livros, uma vez que o método anterior envolvia o
processo manual executado por monges católicos. A Bíblia de Gutenberg é certamente a
mais aclamada obra do alemão, responsável pela produção de livros em massa, o que abriu
os caminhos não só para difusão do conhecimento, como também, para uma nova era
religiosa marcada pelo movimento protestante, iniciado por Martin Lutero.
É importante salientar que o mundo viveu ainda uma segunda revolução no meio
impresso, com o surgimento dos primeiros jornais periódicos datados no século XVII,
seguido pela revolução radiofônica no inicio do século XX. Em 1922 ocorreu o início da
grande explosão radiofônica em território norte-americano, com o advento de redes como a
ABC (American Broadcasting Company), CBS (Columbia Broadcasting System) e NBC
(National Broadcasting Company), sobreviventes do sistema de rádios e impulsionadoras do
sistema televisivo durante a década de 30.
O que admitimos, hoje, como internet, teve seu início anos mais tarde em um
dos programas militares impulsionados pela Guerra Fria entre Estados Unidos da América e
a União Soviética. O governo estadunidense temia ataques soviéticos em suas bases
militares, capazes de vazar sigilosas informações de guerra. Era necessário descentralizar a
informação em uma espécie de rede com documentos compartilhados pelas forças armadas
(LAMBERT, 2005, p.61) Surgia a ARPANET (do inglês Advanced Research Projects
Agency) cujo projeto, foi estendido às instituições acadêmicas no final da mesma década,
registrando o que pode ser considerado o primeiro e-mail da internet.
Já sem fins militares, a ARPANET dividiu-se em dois grupos: A MILNET, sem
fins militares e a nova ARPANET, que manteve as informações de segurança do governo
norte-americano (2005 p.1972). Em 1992 o cientista, Tim Berners-Lee criou a linguagem
HTTPS (HyperText Transfer Protocol Secure), possibilitando o envio de dados
criptografados pela grande rede. O projeto concebeu ainda o primeiro navegador da história
e a linguagem HTML (HyperText Markup Language) desenvolvida para construção de
páginas e sua adequação na internet.
A internet revoluciona as comunicações e ganha cada vez mais adeptos. A
explosão dos PC’s pessoais ocorreu com o desenvolvimento da interface gráfica nos
sistemas operacionais Windows e MAC OS, grandes responsáveis pela invasão da internet
nos lares do Estados Unidos (2005, p.4). Pesquisas escolares e acadêmicas tornam-se muito
14
simples, o resultado de uma dúvida está a poucos cliques e hiperlinks no interior de um
aparelho com um modem, uma pequena placa utilizada para conectar o PC à internet. No
final da década de 90 as chamadas empresas “ponto com” receberam investimentos
milionários, representando grande parte dos investimentos da Nasdaq. O mundo vivencia a
explosão de um movimento sem precedentes, a internet influencia não só a rotina, como a
economia e a sociedade de modo geral.
1.2 A SOCIEDADE VIVENCIA A CIBERCULTURA
Exemplificar a cibercultura é mergulhar em um novo contexto vivenciado pela
sociedade que engloba mudanças nos âmbito cultural e comunicacional. Trata-se de um
processo de comunicação flexível, capaz de aproximar pessoas do mundo inteiro com
interesses iguais e de direcionar novos hábitos a rotina da população. Cartões de crédito,
GPS, internet banking e pendrive são apenas alguns exemplos de aparelhos e serviços
integrados a população de maneira tão cômoda, que hoje somos incapazes de pensar em
nossas atividades sem o auxilio destas tecnologias.
O ser humano – talvez por sua capacidade de evolução e adaptação ao meio em
que vive – responde positivamente aos impulsos gerados pela revolução tecnológica
implantada pela indústria. No entanto, Levy, Pierré conclui que “cada um nós se encontra
em maior ou menor grau nesse estado de desapossamento”. A aceleração é tão forte e tão
generalizada que até mesmo os mais ‘ligados’ encontram-se, em graus diversos,
ultrapassados pela mudança’(1999, p28).
A nova realidade propaga as informações em ritmo acelerado, o
desenvolvimento de novas linguagens e dispositivos, a comunicação se torna instantânea.
A internet quebrou as barreiras de tempo e espaço físico aos indivíduos, agora, um jovem
estudante conectado a internet é capaz de acompanhar a palestra de um físico oferecido aos
alunos de Havard, dispensando assim, o translado até o local e todas as despesas de
burocracias envolvidas em uma viagem internacional.
15
Agora o conhecimento é livremente difundido entre as comunidades ao redor
do globo, capaz de desconstruir modelos ultrapassados e quebrar hierarquias políticas. A
inteligência coletiva é um dos pontos analisados por Levy. Segundo o autor, o
desenvolvimento da cibercultura não é capaz de influenciar automaticamente a evolução da
inteligência coletiva, uma vez que o movimento pode ser excludente a aqueles que não se
adaptam as novas formas, assim, “a inteligência coletiva que favorece a cibercultura é ao
mesmo tempo um veneno para aqueles que dela não participam (e ninguém pode participar
completamente dela, de tão vasta e multiforme que é)” (1999, p.30).
O avanço em pesquisas associadas ao ramo da informática criou o micro
processador, pontapé inicial para a criação dos primeiros computadores pessoais, logo, o
mesmo aparelho ganhou novas aplicações e tecnologias capazes de redirecionar suas
funções. Essa evolução parte de uma necessidade coletiva do ser humano. Trata-se do fator
emergencial que Levy discorre em seu livro “Cibercultura”:
A emergência do ciberespaço acompanhada, traduz e favorece uma
evolução geral da civilização. Uma técnica é produzida dentro de uma
cultura, e uma sociedade encontra-se condicionada por suas técnicas. E
digo condicionada, não determinada. Essa diferença é fundamental. A
invenção do estribo, permitiu o desenvolvimento de uma nova forma de
cavalaria pesada, a partir do qual foram construídas o imaginário da
cavalaria e as estruturas políticas do feudalismo. No entanto, o estribo,
enquanto dispositivo material, não é a “causa” do feudalismo europeu.
Não há uma “causa” identificável para um estado de fato social ou
cultural, mas sim, um conjunto infinitamente complexo e parcialmente
indeterminado de processos em interação que se auto - sustentam ou se
inibem.
Com base nessas observações, podemos supor que a origem da blogosfera vem
de uma iminente necessidade do desenvolvimento de um espaço amplo, propicio ao debate
das informações levantadas por meio da expansão do conhecimento criado no espaço
virtual – e que por esta condição primordial – apresenta ferramentas interativas capazes de
levantar a intercomunicação entre os usuários da plataforma.
16
1.3 O NASCIMENTO DOS BLOGS
Em meados 1997 surgiu o aquilo que é considerado como o primeiro weblog
da história. A página criada por Jorn Barger – The Robot Wisdom - é perceptivelmente,
ultrapassada, se compararmos a tecnologia empregada para criação de páginas eletrônicas
na atualidade. O weblog (Contração do termo inglês Web log que significa diário da web)
surgiu como uma ferramenta para que o internauta relatasse sua rotina em textos divididos
em uma página com ordem cronológica (HUGH, 2007 p.99).
Mais tarde, o blogueiro Peter Merholz, desmembrou o termo weblog para
formar a frase we blog (do inglês ”nós blogamos”) na barra lateral da sua página eletrônica,
surgindo desse modo, a nomenclatura na qual reconhecemos esse ambiente virtual nos dias
de hoje. O termo de origem norte-americana foi o primeiro a revolucionar a comunicação
que vivenciamos na atualidade. Os blogs atingiram a popularidade em 1999, quando
muitos internautas utilizaram plataformas virtuais que não exigiam conhecimento em
linguagens de programação - surgiam assim - os blogueiros, conforme destaca o artigo “A
História dos Blogs”, escrito por Caio Novaes:
No final do ano de 1999, tudo ficou mais fácil para pessoas que não
sabiam nem o básico de linguagem de programação, ou seja, não
eram expert no assunto, porém gostariam de ter um blog. Os Blogs
se tornaram uma preciosa fonte de renda para empresas, que
começaram a investir em sua automatização, ou seja, a partir de um
template pronto e um backoffice uma pessoa leiga no assunto
poderia muito bem desenvolver um blog.
Uma das pioneiras a desenvolver um sistema capaz de converter a linguagem
textual em HTML de modo automático para a publicação de páginas virtuais foi o Blogger,
agora, qualquer internauta comum é capaz de construir seu próprio conteúdo para o
ambiente virtual. A plataforma Blogger conta com ferramentas simples e de fácil
aprendizado, que exigem pouco mais de 30 minutos para desvendá-las. Assim, muitas
pessoas com idade acima de 12 anos já conseguiam facilmente criar o seu próprio blog a
17
custo de criação, edição e atualização zero, desse modo, o sistema de blogs se popularizou
rapidamente.
Os antigos blogueiros utilizavam suas páginas para compartilhar links de sites
e/ou outros blogs interessantes, já que esse sistema de troca era visto como uma maneira de
interagir com outros blogs sobre assuntos que talvez fosse interessante para um maior
número de pessoas, formando assim, uma comunidade de interesses (PRIMO,
SMANIOTTO, p. 6/16). Com o tempo, aquelas simples páginas de HTML agregaram
ainda mais o contexto pessoal do blogueiro. Os internautas passaram a compartilhar parte
do seu cotidiano com amigos, parentes e pessoas que dividem o mesmo hábito de vida dos
blogueiros, criando assim, diários virtuais que ajudaram a descredenciar a blogosfera no
futuro.
No começo do ano 2000, o Blogger ofereceu aos internautas a opção do
hiperlink, ou seja, a partir de agora, cada post do seu blog passa a ter uma única url
definida por um endereço como www.seublog.com.br/ano_mes_dia.html. A criação do
permalink contribuiu demasiadamente para o compartilhamento de conteúdo e divulgação
da página. A partir de agora, o blogueiro tinha a opção de divulgar uma única postagem,
além de manter o debate por maior espaço de tempo. A url única para cada texto foi de
suma importância para alimentar debates e redirecionar o comportamento do blogueiro
como um produtor de conteúdo, segundo analisa Caio Novaes.
Com essa nova ferramenta de interação, ou seja, com o sistema de
comentários, os blogueiros se tornaram mais escritores do que
simplesmente blogueiros. Seus textos deixaram de ser apenas um texto
jogado na internet para ser algo comentado por pessoas muitas vezes
criticas e diretas que denunciavam até mesmo um simples erro de
português, como se o seu blog tivesse a obrigação de passar uma
informação seguindo os padrões de um livro, por exemplo, com direito a
revisões e tudo antes de publicar um post.
1.3.1 O SURGIMENTO DOS NICHOS NOS BLOGS
18
De acordo com o estudo realizado por Hugh Hewitt, em seu livro “Blog,
Entenda a Revolução Que Vai Mudar Seu Mundo”, somente em 2001, na cobertura
midiática dos atentados terroristas ao centro empresarial do World Trade Center que
grande parte da mídia percebeu que poderia explorar as informações independentes com
intuito de adicionar o que suas equipes jornalísticas apuravam ao redor da cidade e nos
principais centros do poder estadunidense. Fotos, depoimentos e pequenos vídeos surgiam
a todo instante e cada conteúdo foi reproduzido, ao vivo, pelas gigantes do telejornalismo:
CNN, NBC e Fox News.
O ataque terrorista mudou muitos rumos na história mundial. Historiadores
consideram o evento como o ponto de início do século XXI na história recente. Já era de se
esperar que a mídia e a internet sofressem modificações com o evento. A partir de agora,
os blogs passam a tratar de questões mais limitadas e assuntos de interesse geral, é o
surgimento de um movimento conhecido como “blogs de guerra”, capazes até mesmo, de
interferir na disputa eleitoral do país. No livro “Blog: Entenda a Revolução Que Vai Mudar
Seu Mundo”, Hugh Hewitt, descreve a nova organização comunicacional gerada pela nova
ferramenta:
O que realmente está acontecendo é uma revolução na informação,
semelhante em suas consequências, à Reforma que dividiu a cristandade
no século XVI... Hoje não temos um cânone, mas temos sede de
informação, temos uma nova tecnologia de distribuição e um milhão de
fornecedores de conteúdo. A velha guarda da velha mídia está em uma
situação semelhante à da Igreja Católica Romana quando Lutero se
ergueu para questionar a autoridade do papa. Assim que a centelha de
Lutero acendeu o fogo, a disponibilidade de edições da Bíblia tornou o
inevitável o colapso da autoridade da Igreja, embora a luta tenha sido
longa e frequentemente sangrenta (2007, p.17).
A revolução na comunicação pela web tomou fôlego com ferramentas de
publicação simples e aparelhos portáteis capazes de produzir conteúdo similar ao grande
conglomerado da mídia. Tornou-se real a possibilidade de cada pessoa ter um veículo de
comunicação na rede, como se cada um montasse a própria emissora de televisão e
decidisse sobre a programação.
19
A explosão de celulares com câmera e aparelhos digitais com lentes ajudou a
iniciar um movimento irreversível, onde a mídia começa a reconhecer a audiência como
produtora de conteúdo. Um fenômeno sem precedentes, capaz de gerar uma revolução
midiática muito bem descrita por Ana Foschini e Roberto Taddei na “Coleção Conquiste a
Rede” – edição Flog e Vlog,
(...) O mundo ganhou muitos autores e cidadãos jornalistas que, mesmo
não sendo profissionais da comunicação, divulgam notícias.
Há momentos em que os amadores são os únicos capazes de obter
imagens de momentos importantes. É uma questão de estar com
equipamento no lugar certo e na hora certa e de ter a presença de espírito
de registrar o momento. Foi assim que vimos as imagens do ataque
terrorista às torres gêmeas do World Trade Center em 2001, o tsunami no
Oceano Índico em 2004 e o impacto da explosão de bombas dentro de
trens do metrô de Londres em 2005, por exemplo. (2006, p.13).
Os casos citados acima são alguns dos inúmeros registros já feitos por pessoas
anônimas, que por meio de seus dispositivos móveis, ultrapassaram o poder dos grandes
conglomerados midiáticos, que sem opção, cederam à pressão dessa mídia nova e a todo o
dinamismo da informação gerada pelos meios eletrônicos.
As emissoras de televisão abrem ainda mais espaço para produções realizadas
por amadores em seus telejornais e programas de variedades. Quadros que destacam os
vídeos da internet são apresentados em emissoras do mundo inteiro, manchetes como a do
enforcamento do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein - condenado pela morte de 148
civis xiitas na década oitenta - chegaram primeiro ao Youtube. Mais uma vez, o furo
jornalístico veio das mãos de um cinegrafista amador, portado de um celular e conexão a
internet. A imagem da pena submetida ao ex-governante árabe percorreu o mundo em
poucas horas por meio das agências de noticias1
.
A facilidade e agilidade empregada pelas plataformas de blogs tornaram-no um
veículo com disposição a segmentação de conteúdo em acordo com os assuntos e
interesses definidos por cada blogueiro, isso fez com que o número de páginas disparasse a
1
New York Times. 29/12/2006: “Redes de TV nos EUA tentam definir como mostrar execução de Saddam”.
Disponível em: < http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,AA1403685-5602,00.html>
20
cada mês. Um efeito sem volta, iniciado principalmente, pelo Blogger que por anos se
firmou como a mais popular plataforma de weblog (RECUERO p.27), e que mais tarde, foi
adquirida pelo Google, já reconhecida como a companhia que revolucionou as buscas
virtuais por meio de seu algoritmo.
Muitos passaram a usar o blog como um espaço opinativo sobre diferentes
questões e temas, como: televisão, música, gastronomia, artes, literatura e fotografia. Só
em abril de 2007, o Technorati (Principal ferramenta de indexação de blogs, com aspecto
semelhantes ao de uma rede social, muito utilizada como um agregador de notícias e de
troca de links entre os internautas) registrava 175 mil blogs por dia e cerca de 1,6 milhão
de postagens publicadas diariamente, ou seja, o equivalente a 18 atualizações por segundo.
Tais números são capazes de impressionar até os mais céticos, ainda mais, se o
compararmos a antigos veículos de mídia e comunicação, como os citados em “O Leitor de
Blogs: Um estudo com Base nos blogs mais acessados do Brasil”. Assim, para atingir um
milhão de usuários, a telefonia fixa demorou 74 anos; o rádio, 38 anos; os computadores,
16 anos; os celulares, 5 anos, a Internet, 4 anos.
A grande variedade de assuntos disponíveis e antes não explorados abre o
caminho para uma nova fase no ciberespaço (Termo criado pelo escritor norte-americano
William Gibson em 1984. Amplamente utilizado para definir um ambiente onde o homem
tem acesso à informação sem estar presente fisicamente). Esse processo de segmentação
dos blogs por assuntos foi batizado como “nicho”.
As páginas dedicadas a uma só linha editorial despontaram como os mais
buscados pelos internautas. O Technorati, aproveita-se da sua base de clientes cadastrados
para estudar os mais diversos aspectos da blogosfera mundial relatórios anuais nomeados
como “The State of Blogosphere” que apresenta registros para destacar humor, política e a
tecnologia entre os assuntos que impulsionaram a nova fase vivenciadas na reconhecida
blogosfera (termo cunhado em 10 de setembro de 1999 pelo blogueiro Brad L. Graham.
Ele foi recunhado em 2002, rapidamente adotado e propagado pela comunidade de blogs
sobre guerras em curso (warblogs). Na mídia estadunidense o termo passou a ser
empregado para caracterizar a opinião da audiência sobre a ofensiva norte-americana no
Oriente Médio).
21
1.3.2 WEBJORNALISMO CONTRA OS BLOGS DE NICHO
Como observado pelos estudiosos, Ravi Kumar, Prabhakar Raghavan, Jasmine
Novak e Andrew Talkins no artigo acadêmico “On the bursty evolution of blogspace” é
perceptível como os blogueiros estão frequentemente envolvidos em grupos pequenos que
são capazes de impor leituras similares a seus leitores, formando assim, pequenas redes de
conteúdo com interesses similares.
A grande mídia nunca foi capaz de agradar aos diferentes interesses do público,
mesmo diante do dito jornalismo especializado. O nicho na blogosfera foi capaz de suprir
uma antiga necessidade, uma vez que o blogueiro tem a opinião pessoal e a liberdade como
importantes aliados. Características capazes de gerar polêmica entre alguns estudiosos que
observaram o fenômeno gerado pelos “blogs de guerra”.
Ao observar como o blogueiro é capaz de atrair audiência e aprimorar seu
espaço para transmitir cada vez mais informação especializada, pesquisadores como
Allysson Martins e Cláudio Paiva demonstram na publicação “As Ferramentas da
Blogosfera e as Características do Webjornalismo” passaram a questionar a relação entre o
blog de nicho e o webjornalismo, mas os principais estudos fincaram os grandes portais e
sites como objetos exemplificadores da questão.
Assim, devemos observar que a grande mídia é pautada pelo denominado
interesse público, uma série de assuntos, julgados em reuniões de pauta, pelos editores e
jornalistas ligados ao veículo. Mas a reunião de pautas pode estar suscetível aos interesses
comercias ou até mesmo, pessoais e políticos dos grupos e proprietários do jornalismo
tradicional. Enquanto o blogueiro pauta-se por aquilo que ele julga como relevante em seu
nicho.
Surge assim, o que pode ser considerando como novo gatewatching. Este
conceito de tamanha importância foi profundamente analisado por Bruns, Axel ao destacar
o novo momento vivenciado pela comunicação ao destacar a profusão de espaço a ser
utilizado no ambiente online. O pesquisador considera que o alto e crescente volume de
dados supera as limitações empregadas pela publicidade presente em veículos como rádio e
televisão.
22
A internet apresenta a democratização de todo esse espaço, já que a mesma não
está presa a nenhuma limitação comum em outros veículos de mídia, e assim, as notícias
antes rejeitadas ou não publicadas, ganham espaço no mundo virtual. No entanto, deve-se
destacar que as informações consideradas mais importantes em um website ou blog
ganham algum destaque na home page ou sidebar da página, com hiperlinks e chamadas
que possam atrair a atenção do internauta, um processo já utilizado por publicações
impressas e que Bruns nomeia como publicizing.
Ao observar o comportamento do internauta e editores o pesquisador conclui
ainda que o webjornalista não é mais um profissional que vai às ruas para apurar o fato e
levá-lo ao ar. Agora, o jornalista coleta dados em sua posição na redação, transformando os
em uma espécie de “bibliotecário” um profissional que trabalha na publicação de notas
jornalísticas e na coleção do maior número possível de documentos. Mas ao perceber o
engajamento do profissional Bruns é capaz de encontrar um novo termo ao “novo
gatekeeper”, seria o gatewatcher, capaz de observar e definir a relevância das informações
e torná-la disponíveis ao seu público (Bruns, 2005 p.11).
Pode-se dizer então, que o blogueiro quebra uma série de paradigmas presentes
no embrionário jornalismo digital atrelado aos veículos impressos, rádios e redes
televisivas. Mielniczuk, Luciana caracteriza, o então, jornalismo novo como “versões de
jornais já existentes no papel, seções de notícias em portais ou produtos desenvolvidos
especificamente para a web”. Em acordo com essas informações, é possível dividir o
webjornalismo em duas fases distintas. A primeira geração destaca-se no início da
popularização da internet, seguido por uma fase de transição para o jornalismo digital
semelhante ao que vivenciamos no presente:
Essa fase de transposição acontece quando o produto da web é igual ao
do jornal impresso, isto é, a empresa copia literalmente o conteúdo
veiculado no papel. Na segunda geração, a fase da metáfora, o produto do
webjornalismo ainda se baseia no veículo impresso, mas começa a
utilizar algumas das características que vão marcar o webjornalismo de
terceira geração, como a hipertextualidade, através de links como menu
para navegação.
Por fim, na fase do webjornalismo, os produtos não têm vínculos com o
veículo impresso. É nessa geração que nascem os dispositivos
propriamente da web. (MARTINS: PAIVA, 2009, p4)
23
Assim, pode-se concluir, que o blog está inserido na última fase do
webjornalismo, uma vez que o weblog é um produto específico da internet, cujo material é
produzido especialmente para o ambiente em que está com formatação e até mesmo
redação muito bem definidas para meio online.
Mas é perceptível o fato que a grande mídia não conviveria bem com a nova
concorrente. No Brasil, o caso de maior repercussão foi dá série de campanhas do impresso
Jornal Estado de São Paulo contra a blogosfera. As peças publicitárias e campanhas de
televisão foram levadas ao ar em agosto de 2007 atacando os autores de blogs. A
mensagem generalista atacava a credibilidade dos blogueiros, ao afirmar sua falta de
experiência e especialização. Já a campanha televisiva comparava o blogueiro a um
macaco de laboratório devidamente estudado e sem vontade ou opinião própria2
.
A campanha do jornal foi interpretada de modo agressivo pela blogosfera
brasileira, que por sua vez, concebeu uma ofensiva contra o veículo por meio de imagens e
posts como o de Carlos Merigo para o Brainstorm 9, que abordou a questão de modo
pontual, ao destacar o momento vivenciado pela blogosfera na ocasião:
Milhares de blogs ao redor do mundo estão conseguindo trazer,
antes, informações relevantes para um determinado público,
ditando tendências e decisões estratégicas de grandes marcas.
Mas o mais curioso, é que o O Estado de São Paulo parece ir contra
o seu próprio mercado, onde jornais estão integrando as
ferramentas da web e trazendo os leitores para dentro do jornal,
convidando-os a participar. A mídia tradicional sempre estará aí,
será a líder, mas alguns membros desse segmento ainda terão que
aprender a lidar com o novo, pois não tratam-se de “diários virtuais
de adolescentes ociosos”, mas de uma mudança social mais do que
consolidada.
O weblog apresentava-se cada vez mais integrado aos veículos de massa. O
Estado de São Paulo se posicionou contra o próprio mercado que começou a explorar o
2
A campanha está disponível no Youtube pela url: http://www.youtube.com/watch?v=QfrxH9sGlfs
24
blog como uma ferramenta para oferecer conteúdo complementar ao leitor internauta.
Veículos impressos transferiram colunistas para o ciberespaço, com uma frequência maior
de atualizações, e consequentemente, maior interação vinda do público por meio das
ferramentas de comentários disponíveis no rodapé das atualizações
A repercussão do episódio fez com que o veículo promovesse um evento
chamado Responsabilidade e Conteúdo Digital, uma mesa-redonda com um único
propósito: Desculpar-se da campanha repleta de estigmas. Em relato no blog
“Jornalirismo”, Guilherme Azevedo descreve o pedido de desculpas do tradicional veiculo
feito – na ocasião – pelo jornalista especial Roberto Godoy: "A campanha não teve o
objetivo da ofensa ou da irritação... Amamos os blogs", resumiu.
1.3.3 A BLOGOSFERA GANHA RELEVÂNCIA
Mais tarde, onde o blog passa a ser visto como uma mídia especializada por
muitos internautas e até pelo marketing de certas companhias interessadas no dinamismo
na produção de conteúdo dos blogueiros, que ao utilizar câmeras, filmadoras, webcams e
gravadores digitais para publicar seu ponto de vista crítico sobre as novidades do mercado
tecnológico elevaram os blogs a categoria de veículos de publicidade e marketing
espontâneo na visão de algumas companhias do Vale do Silício.
Uma das pioneiras no uso da blogosfera como mídia especializada foi a Apple
de Steve Jobs. A companhia do Vale do Silício foi a quem do seu tempo e percebeu o
potencial do blogueiro tecnológico, ao categorizar o mesmo como um importante formador
de opinião.
Desde então, blogueiros e jornalistas dividem espaço nas convenções da
empresa que desse modo, obtêm até hoje, um grande buzz no lançamento de seus produtos,
uma vez que a blogosfera e a mídia tradicional transmitem em tempo real as conferências e
a apresentação de aparelhos desenvolvidos pela companhia. Alguns, como Maristela
Alves, apontam a blogosfera como à grande responsável pela repercussão na apresentação
do primeiro iPhone, lançado no dia 29 de junho de 2007.
25
Ninguém explora melhor este potencial do que Steve Jobs. Se no ano
passado o grande hype que se formou em torno do lançamento do iPhone,
em 2008 a onda do momento foi o propalado lançamento do Mac Book
Air, o notebook que cabe num envelope de papel pardo. O MacWorld
anualmente provoca uma onda "viral", disseminada pelos blogs que
faziam a cobertura do evento, e fez com que um verbete sobre o iPhone já
aparecesse na Wikipedia minutos após a palestra de Steve Jobs sobre o
lançamento do produto no ano passado, e que fossem publicados no
YouTube mais vídeos sobre o gadget da Apple do que sobre a Gucci ou o
Papa Bento XVI3
..
A empresa de Steve Jobs não tratou somente o blogger como um formador de
opinião e influenciador, mas também, como uma grande ferramenta de marketing decisiva
para aquisição de seus produtos. A companhia tratou de distribuir informações relevantes e
precisas aos editores de weblog. Onde todos, recebiam em um release, imagens, tutoriais e
todas as especificações possíveis dos produtos da marca. Ao agir assim, a empresa tende a
impedir que informações erradas, capazes de exercer a desistência na compra de um
aparelho da companhia, fossem publicadas.
A estratégia de voltar os olhos à blogosfera foi crucial, uma vez que o iPhone
era visto por analistas como um aparelho desacreditado, antes mesmo do lançamento, o
que gerou inúmeras previsões de fracassos e desconfiança do mercado. Em entrevista a
rede de telenotícias norte-americana CNBC-TV – o então Presidente Executivo da
Microsoft, Steve Ballmer – no cargo desde 1998 chegou a prever o fracasso do aparelho,
classificando a invenção como um gagdget de nicho, incapaz de atrair os executivos pela
ausência do teclado físico, fundamental para o envio de e-mails seguindo4
.
A mídia classificava o aparelho como um gadget caro e que não faria sentido
com o momento tecnológico. As previsões geraram expectativa, e resultaram em um
absurdo sucesso de vendas e uma referência de mercado. A multinacional representada
pela logomarca de uma maça mordida surpreendeu o mundo ao disponibilizar um aparelho
3
Vide ALVES, Maristela em Referências.
4
O vídeo com o trecho da entrevista e sua descrição está disponível em:
http://articles.businessinsider.com/2010-06-30/tech/29972743_1_phones-macworld-interviewer,
acessado em 12/02/2012.
26
de uso simples e intuitivo e repleto de aplicativos (pequenos softwares que desempenham
funções determinadas no aparelho).
Ao olhar para o passado, percebe-se que o iPod e o iPhone inauguram uma
nova forma de tratar e relacionar-se com os dispositivos móveis e internet. A tecnologia de
ponta ultrapassa a barreira das grandes máquinas e torna-se compacta, por meio de
aparelhos que podem ser levados para onde o usuário desejar. A revolução digital inicia
uma nova corrida industrial entre a Apple e as concorrentes, que agora investem grandes
quantias de dinheiro na tentativa de recuperar a fatia do mercado obtida pela “maça”. A
competição dos bastidores ganha à blogosfera que destaca o feito da Apple adotar a
integração na fabricação e desenvolvimento de suas patentes, fator responsável em grande
parte, pelo a admiração que envolve os aparelhos e sistemas operacionais da companhia.
(Leander. Kahney, p.30)
Em 2007, a Revista “Time” cedeu ao aparelho celular da Apple, o “título de
invenção do ano” por compreender navegador web e player de mídia em um gadget
compacto, de design atraente e tela sensível ao toque. Assim, o revolucionário telefone
celular modificou todo o traçado da tecnologia móvel, que anos mais tarde, presenciaria o
lançamento de computadores portáteis, com opções mais complexas do que as oferecidas
nos chamados smartphones. Em um formato de prancheta, os tablets despontam na
atualidade como a revolução do mercado no uso de computadores pessoais.
27
2. A OPINIÃO INDEPENDENTE PODE SUPERAR OS GRANDES PORTAIS
2.1 NOVOS HÁBITOS PARA O CONSUMO DO CONTEÚDO VIRTUAL
Maristela é efusiva ao destacar em seu artigo o movimento inverso gerado no
jornalismo. Agora o blogueiro passa a ser uma fonte da mídia tradicional. O número de
jornalistas monitorando blogs para obter notícias foi crescente. Esses profissionais
procuram informações, aprofundadas, capazes de acrescentar suas reportagens
tecnológicas. O público tende a exigir ainda mais especialização na blogosfera e no
jornalismo tecnológico. Aqueles que não acompanham a tendência submergem sua
imagem com a exigente audiência, fruto de um mundo, agora, dominado pela presença de
inúmeros aparelhos voltados ao trabalho e entretenimento.
Em 2010 o mundo é apresentado ao iPad, um novo dispositivo já reconhecido
no mercado como tablet. A inovação criativa da equipe de Steve Jobs segue a mesma
fórmula de sucesso dos smartphones, associados, estes aparelhos demonstram o como a
informação está acessível, a tecnologia não é mais um artigo de luxo ou de exclusividade
dos amantes da tecnologia. Agora, ela mergulha em nossas rotinas, agrega plataformas e
atrai atenção de todos os tipos de consumidores.
A edição número 77 da revista Dicas Info Exame, referência nacional em
jornalismo tecnológico, dedicou espaço para sintetizar o novo momento da cibercultura,
capaz de elevar os nerds ao topo da pirâmide do conhecimento. Representados,
anteriormente, pelo mercado do entretenimento, como impopulares e potenciais vitimas de
bullying, os nerds e geeks, invertem a imagem recrida nas telas e publicações. Agora, os
entendidos da tecnologia representam uma nova elite cultural, capaz de causar admiração e
influenciar diferentes setores:
O bastão do poder passou por diferentes mãos ao longo da história.
Na antiguidade, os homens que influenciavam a vida das pessoas
eram os donos de terra. Tome como exemplo o imperador romano
Júlio César. Nascido em 100 a.C conquistou um território que
começava em Roma e ia até o Oceano Atlântico, passando pelo
norte da África. Juntas, as terras somavam 2,75 milhões de
quilômetros quadrados.
28
Mas adiante, nos séculos 18 e 19 a revolução industrial fez com
que o poder se transferisse para os grandes grupos econômicos. Um
dos empresários que se beneficiaram com a mudança foi Henry
Ford, fundador da montadora que leva seu nome. Agora, na era da
informação, poder é sinônimo de conhecimento (Info Exame, Ed.
303, p.48).
Jovens brilhantes como Mark Zuckerberg, cofundador da maior rede social do
mundo, o Facebook (cuja história foi retratada no livro “Bilionário Por Acaso – A Criação
do Facebook. Uma história de sexo, dinheiro, genialidade e traição”, cujo roteiro foi
adaptado para o filme “A Rede Social” lançado em 2010), serve de inspiração ao estilo,
comportamento e os sonhos de muitos jovens da chamada geração Y, conceito sociológico
que identifica os nascidos na década de 1980 a meados da década seguinte. Frutos de um
período repleto de grandes avanços tecnológicos, prosperidade econômica e a quebra de
paradigmas religiosos e culturais.
Presidentes e fundadores das principais companhias tecnológicas do Vale do
Silício tornam-se verdadeiras celebridades em um mundo cuja tecnologia criada por estas
mentes impulsiona um fenômeno que é gerado pela quantidade de informação ao qual a
pessoa é submetida diariamente. Essa avalanche de informações é capaz de instituir novos
hábitos ao internauta que passa a empregar, até mesmo, o uso da “memória externa”.
A pesquisadora Sparrow Betsy, professora da Universidade de Columbia
(Nova York – Estados Unidos da América), sugere que a população jovem utiliza os
serviços de buscas como uma extensão memorial, tornando o homem cada vez mais
dependente das informações disponíveis na rede. O internauta memoriza as informações
mais importantes em pesquisa e arquiva em sua memória o caminho para obter mais
informações quando for preciso. O efeito de “googlar” as palavras como uma extensão do
pensamento humano é somente uma das interferências da tecnologia estudadas no plano
sensorial. Já outro relatório, realizado em 2009, pela Universidade da Califórnia em San
Diego, calcula que cada cidadão norte-americano consome o equivalente a 34 Gigabytes de
informação diária entre o consumo de vídeos, mensagens sonoras e escritas5
.
5
Agência EFE. 09/12/2009: População consome 34 Gb de informação diária. Disponível em: <
http://noticias.r7.com/tecnologia-e-ciencia/noticias/americanos-consomem-34-gigabytes-de-
informacao-por-dia-20091210.html >
29
Dados assim, tão precisos, ajudam a confirmar a complexidade que é atrair a
atenção da audiência na atualidade. Agora o “público é o editor” (Hugh Hewitt, 2007,
p.140) e tem a sua disposição ferramentas para filtrar o excesso de informações diárias,
além de segmentar o que mais interessa para sua leitura cotidiana. Assim, leitores de feed,
agregadores de redes sociais, listas, grupos e sincronizadores de redes sociais são pequenos
exemplos levantados pela reportagem “Overdose de Informação” da Revista Dicas Info,
edição n° 77 p 56.
Nota-se que o blogueiro precisa utilizar técnicas distintas para combater o
excesso de informação, a extensão digital da memória e filtro pessoal – comportamentos
impostos pelo movimento da cibercultura – desse modo, além de demonstrar-se um grande
especialista no que aborda e conhecer a fundo os principais termos do universo que o
mesmo analisa. Já outros se dedicam a transmitir mais tutoriais e dicas ao internauta,
como é o caso do Techtudo, site que reúne uma vasta equipe de blogueiros e especialistas
em tecnologia, agregado ao portal de notícias Globo.com, empresa pertencente ao
conglomerado midiático das Organizações Globo. Porém, alguns bloggers se veem
obrigados a segmentar ainda mais seus nichos, tratando de fabricantes específicas de
celular, por exemplo, além de aperfeiçoar palavras chaves para obter maior relevância em
ferramentas de busca, como o Google. Assim, o blogueiro pode objetivar e atrair mais
visitas a sua página, bem como, desenvolver uma comunidade ampla e participativa em
volta do seu blog.
O Jovem Nerd pode ser apresentado como o caso mais representativo de blog
com uma comunidade ativa e exigente. Fundado em 2002, o blog recebe cerca de 50 mil
visitas por dia, seu público é composto basicamente por jovens de 18 a 35 anos, 85% da
audiência representativa de sua página. Em 2006, a página de humor geek lançou um
podcast (um formato de programa de rádio editado exclusivamente para internet. O ouvinte
pode reproduzir o arquivo direto de uma página ou proceder com o download do arquivo
MP3) batizado como “NerdCast”. O podcast trata-se de uma “mesa-redonda” sobre
variáveis assuntos do cotidiano nerd a vida de personalidades, como o comunicador Silvio
Santos.
O Jovem Nerd é um complexo exemplo de blogs que produzem conteúdo para
diferentes plataformas e que transformam seus criadores em formadores de opinião
30
cultuados por um público muito segmentado, ao ponto de formar uma empresa. A Pazos &
Ottoni Ltda coordena o trabalho de conteúdo que envolve o Nerdcast “baixado” cerca de
oitenta mil vezes por semana, o programa de vídeo do Jovem Nerd para o Youtube, o Nerd
Office, recebe mais de cem mil visualizações a cada semana de divulgação, a página oficial
no Facebook reúne cerca de setenta mil fãs e seu profile no microblog Twitter conta com
mais de cem mil seguidores6
.
Em estudo realizado pela Boo-Box no primeiro trimestre de 2011 demonstrou
que a maioria da audiência dos blogs brasileiros é composta por uma maioria feminina que
consome 68% de entretenimento contra 17% de informações relacionadas à tecnologia. Ao
combinar o entretenimento, humor, informação e tecnologia, o Jovem Nerd desponta como
um comovente case de sucesso da blogosfera aqui estudada.
2.1.1 OS PERCALÇOS NA MANUTENÇÃO DE UM BLOG
Antes de analisar as questões relevantes à blogosfera de tecnologia, deve-se
entender que atualizar um blog vai muito além de escrever artigos, pesquisar e construir
conteúdo. Muitas páginas nascem de modo despretensioso, trata-se do seu dono
compartilhando opiniões sobre um assunto que o mesmo tenha mais afinidade.
Já o blogueiro que opta pela profissionalização da sua página, não deve manter
seu foco só nos artigos, é necessário o conhecimento em HTML, para fins de publicação na
ferramenta, edição de imagens, conhecimento mínimo em outros idiomas com o objetivo
de formar uma lista de boas fontes nacionais e internacionais, além de estar a par das
otimizações e ferramentas voltadas ao uso dos publishers.
Certamente, a monetização é um assunto que é cada vez mais debatido entre os
blogueiros que buscam a profissionalização. No entanto, “desde 2007-2008, com o boom
de blogs na internet brasileira, ficou entendido que blog profissional é a pessoa que
consegue viver só com o blog, ou seja, ganhar dinheiro com o blog.” (Mobilon7
), um
pensamento que não condiz com a realidade, uma vez que uma simples acomodação de
6
Parte dos dados obtidos por observação das redes sociais do blog e pelo mídia-kit disponível
para consulta pelo seguinte sítio eletrônico:
http://www.ftpidigital.com.br/portifolios/midiakit_jovemnerd.pdf. última revisão de dados realizada
em 26/05/2012.
31
banner em um layout pode ser o suficiente para gerar rede em um espaço eletrônico, que é
sujeito, claro, a quantidade de tráfego recebida pela página.
Faustino pondera em seu livro “De desconhecido a Problogger”, todo o
caminho que um editor enfrenta ao profissionalizar e gerar lucros com a sua página. Entre
os principais, está a falta de investimentos no próprio meio eletrônico. O mito sobre a
gratuidade no uso das plataformas de blogs faz com que muitos pensem que um site não é
passível de investimentos. Mero engano daqueles que se impressionam com as cifras
geradas por empresas 2.0.
1. Um blog deve ter objectivos definidos desde o início. Não ter
objectivos definidos significa perder dinheiro, não ter orientação e/ou não
saber para onde se caminha.
2. Um blog não pode ter sucesso se não tiver uma audiência alvo
definida.
Os anúncios dispersam-se com a falta de foco, e a homepage do seu blog
provavelmente estará relacionada com tudo e com nada
Ao analisar as citações anteriores, podemos concluir que a manutenção de um
blog depende de todo um planejamento conduzido por metas e estudos da audiência. Mas é
evidente que editor da página enfrenta um demasiado volume de informações e distrações
proporcionadas pela tecnologia atual. O blogueiro Gabriel Subtil, em entrevista concedida
para esse estudo aponta seus maiores problemas ao produzir conteúdo voltado ao ambiente
virtual. “A maior dificuldade é conseguir juntar tempo, paciência e me livrar da distração
que a internet traz”. Manter-se em um ambiente repleto de informações, interação e
hiperlinks pode contribuir de modo significativo com a ausência de concentração. Manter
o foco é essencial na árdua tarefa a desenvolver conteúdo virtual.
Publicadores especializados em ajudar blogueiros são específicos ao apontar a
necessidade de um plano de negócios traçado pelo editor. “Não há um único plano a ser
seguido, imutável. Mas cada etapa precisa ser revista, novas metas precisam ser traçadas e
o que foi feito tem que ser avaliado.” (Lemos, 2009)
7
Palestra de Thiago Mobilon, fundador do Tecnoblog, realizada na Campus Party 2011. Link para o vídeo
disponível em < http://www.ustream.tv/recorded/12152271>
32
2.2 OS DESAFIOS PARA POPULARIZAR O BLOG
Nota-se que o blogueiro utiliza-se de fórmulas diferenciadas e adaptadas por
cada editor para alavancar a audiência de sua página pessoal, na tentativa iminente de
popularizar seu blog, e assim, torna-se um influenciador capaz de impulsionar a marca da
sua página virtual para variadas plataformas na busca por atingir um grupo maior de
internautas.
A blogosfera tecnológica, no entanto, diferencia-se dos demais nichos,
basicamente, pelo elevado número de páginas, seguindo a declaração do blogueiro Wallace
Gonçalves Pereira, 28 anos, em entrevista: “Hoje vejo a blogosfera de tecnologia
diversificada e muito competitiva. Por mais que digam que não existe, há competição sim,
afinal o leitor não vai querer visitar diversos blogs e ver as mesmas notícias em todos. Não
há apenas blogs para tecnologia em geral, mas há um bom número voltado para assuntos
específicos, como telefones e câmeras”.
O blogueiro subentende que a página e o conteúdo que ele apresenta devem
dispor da sua opinião. Como abordado anteriormente, o expressivo volume de informações
disponíveis, atualmente, pela rede mundial de computadores, faz com que o internauta
desenvolva poderosos filtros. O especialista, quando capaz de transmitir seus
conhecimentos de modo compreensível e aprofundado ao público em geral, tende a
despontar dos blogs que costumam pautar exatamente o que os grandes portais noticiam.
Seja uma simples seleção de imagens ou links, o weblog trata-se de um sítio
que apresenta formas de publicação diferenciadas no ciberespaço é de responsabilidade do
blogueiro, impor sua personalidade e modo de escrita diferenciada para ao benefício do seu
visitante. Efimova e Hendrick apontam que os weblogs estão se tornando de forma cada
vez maior, a digitalização da personalidade marcante de seus autores. “A maioria dos
weblogs não são formais, sem face, sites corporativos ou fontes de notícias: eles são
autorais por indivíduos (conhecidos como blogueiros), e percebidos como ‘vozes pessoais
não editadas” 8
.
8
Tradução das autoras: “Weblogs are increasingly becoming the online identities of their authors.
Most weblogs are not formal, faceless, corporate sites or news sources: they are authored by
individuals (known as webloggers or bloggers), and perceived as ‘unedited personal voices’”
(Efimova e Hendrick, 2005:2). Disponível em: https://doc.telin.nl/dscgi/ds.py/Get/File46041. Acesso
no dia 20/03/2012.
33
A jornada pelo reconhecimento, respeito e influência costuma ser duradoura. É
de obrigatoriedade do blogueiro, ainda, executar o bom uso das ferramentas de publicação
dos seus textos na rede, bem como, aperfeiçoar as ferramentas utilizadas para divulgação e
métricas. Produzir conteúdo relevante, e por fim, mover sua audiência de modo a interagir
com seu público, ao ponto de constituir sua comunidade, conforme destaca o pesquisador
Primo, Alex (2008, p. 123).
Deve ficar claro que blogs são muito mais que uma simples
interface facilitada para a publicação individual, como são
frequentemente definidos. Faço tal alerta não apenas para criticar
uma definição que se resume à descrição do meio, mas também
para lembrar que os blogs são espaços coletivos de interação. Ou
seja, blogs/espaço podem converte-se em um ponto de encontro.
Tem razão De Kerckhove quando afirma: “Não creio que seja uma
exibição do eu, mas antes da relação com os outros”. Como a maior
parte dos posts apresenta um link para o serviço de comentários, tal
apontador funciona como um convite para a conversação. A
observação empírica das conversações em blogs não é trivial, por
utilizarem apenas a escrita, ocorrerem de forma assíncrona e por
vezes “escorrerem” para outros blogs e interfaces de comunicação.
A concorrência, além do número já reconhecido de blogs populares entre os
internautas que pesquisam sobre os assuntos abordados nesse nicho, criam a necessidade
de elementos que possam diferenciar o blog dos demais é um desafio onde à experiência
por parte de quem administra a página, tende a ser um fator crucial na busca pela
relevância no ambiente online.
Hoje, a forte aceleração econômica dos países emergentes pode parecer
pequena, se comparada aos avanços do mundo digital ocorridos nos últimos cinco anos
onde “sites e aplicações podem atingir a popularidade e reconhecimento dos internautas em
questão de dias ou horas e decretarem a falência na mesma velocidade na qual essas
empresas surgem” (Lariu, Alessandra Revista Info Exame, Ed 315, p.30) O autor do blog
que busca popularizar sua página em meio à agilidade da informação no ciberespaço deve
dominar técnicas únicas para distinguir suas páginas das demais.
Um artifício que pode ser utilizado pelo blogueiro na busca do diferencial é
utilizar em sua página o conceito multiplataforma, uma vez que o internauta tem a sua
34
disposição vídeos, textos, áudio e muitos artifícios gráficos, disponíveis na grande rede.
Percebe-se que essa gama de conteúdo foi capaz de desenvolver novos hábitos no consumo
da informação. Se antes, um livro era escrito e lançado, hoje, percebe-se a necessidade de
apoio comunicacional nas mídias sociais com intuito de despertar a atenção do futuro
leitor, bem como, situar o mesmo do lançamento do livro para que o leitor obtenha o
interesse e venha adquirir à publicação.
Muito empregado em portais de notícias como o G1 (pertencente às
organizações Globo e que engloba todas as emissoras e veículos de comunicação do grupo,
além de sites e blogs devidamente selecionados) e Folha.com (Portal da Folha de São
Paulo, atrelado ao UOL, disponibiliza a íntegra da publicação imprensa, além de vídeos.
Fotos e mídias complementares aos assuntos abordoados.), os infográficos, vídeos e
podcasts são capazes de complementar a informação, atrair atenção do leitor e mantê-los
por mais tempo na página.
O blogueiro Gabriel Subtil, responsável pela página Tambotech, analisa essa
questão de modo estratégico e que difere a cada nicho. “É como uma guerra, precisamos de
várias ferramentas para conseguir comunicar com o público. Usar outras mídias faz você
consegui falar com seu público de diversas maneiras e ao mesmo tempo dá ao blogueiro
uma ferramenta para diversificar o conteúdo que muitas vezes não é completamente
aproveitado em texto”.
35
2.2.2 O BLOGUEIRO E O CAMINHO PARA OBTER RELEVÂNCIA
Recuero aborda mais uma vez a insatisfação do leitor do impresso com o
tradicional jornalismo empregado nos meios de comunicação como uma das principais
justificativas da relevância jornalística alcançada por alguns blogs. Observa-se a blogosfera
como um “observatório da imprensa”, capaz de apontar erros com a colaboração de uma
comunidade ativa.
Os blogs de guerra são exemplos práticos da insatisfação coletiva com os
meios de comunicação, segundo Recuero, a influência desses blogs se tornou evidente no
início da ofensiva norte-americana no Iraque em março de 2003. Os editores dos blogs,
ainda vistos como simples diários virtuais, abordavam a sua visão do conflito no decorrer
da guerra. Os blogs começaram a ganhar espaço em outros meios digitais, até atingir a
mídia tradicional. Na visão de Feltrin, isso é reflexo da personalidade e do relato do
blogueiro, que traz à tona os fatos para contextualizar a notícia de modo aprofundado.
Pode-se dizer que os blogs estão trazendo isso também porque eles
próprios são frutos diretos de uma resposta à reivindicação da
sociedade atual por uma informação mais complexa. O advento do
uso dos weblogs como fonte de informação de relevância
jornalística, em 2001 veio para responder a uma demanda da
sociedade de ter ou trás visões dos acontecimentos, articulando os
fatos como um todo e explicando o contexto em que eles estão
inseridos.
A relevância de alguns blogueiros frente aos veículos de massa fez com que
alguns examinassem o trabalho executado pelas páginas como uma forma de “jornalismo
amador” (Lasica -- 2002), que se destaca pela opinião do blogueiro, contra a tão advogada
imparcialidade empregada nas redações de grandes veículos. Outro ponto alto para blogs
diz respeito ao testemunho pessoal do blogueiro, capaz de posicionar o internauta com seu
discurso direto e firme, característico a quem, vivenciou e esteve próximo ao fato relatado.
A tecnologia empregada nos dispositivos móveis permitiu que o editor fosse às ruas
acompanhar operações, coletivas de imprensa, o trânsito... Enfim, questões pontuais que
traçam o cotidiano da população de modo geral.
36
Evidencia-se que a blogosfera tecnológica não estaria atrás dos demais
editores, assim, a cobertura de grandes eventos e feiras do setor passam a pautar os blogs
de tecnologia, demonstrando conteúdo até então, tratado de forma leviana ou ineficaz pela
grande mídia. O blogger nesse tipo de cobertura costuma utilizar vídeos e fotos, a
descrição da programação do evento, muita das vezes, fica em segundo plano. O objetivo
nestes casos é integrar o internauta que não compareceu a localidade.
Transformar o blog em uma mídia independente e bem estruturada oferece
confiabilidade ao internauta, que por sua vez, tende a retornar para a página e indicá-la aos
seus contatos. Um movimento natural, importante para propagação de qualquer tipo de
conteúdo na web. Por isso, implantar identidade e o blog atual são passos primordiais para
obter a relevância do blog, e assim, acompanhar a indicação do seu conteúdo para um
número superior de pessoas na rede. Mas o processo para alcançar o “respeito” dentro do
ambiente virtual pode ser árduo e complicado. Assim o blogueiro se vê obrigado a por em
prática uma série de manobras evolutivas para, de fato, elevar a sua página no ambiente
virtual. Entre as técnicas, destacadas por Faustino, Paulo podemos destacar:
1. Parceria: Uma remota prática da blogosfera para atrair tráfego, e
empregada por muitos. Este exemplo em grande parte das vezes era constituído de um
acordo bilateral entre os publicadores. Cada blog envolvido na parceria apresenta um link
ou uma pequena imagem com a logomarca (banner) do blog parceiro, esse sistema vingou
nos primórdios da blogosfera e vive um novo momento em tempos que a
profissionalização e rentabilidade atingiram uma expressiva parcela dos blogs de nichos.
Este diálogo entre blogs considerados parceiros ganha novos contextos e significados, se
anteriormente, o link representava um voto de confiança, uma admiração praticada por
ambas as partes, agora, pode ser negociado em páginas com acentuado número de
visitantes.
Uma das práticas de monetização atuais é a venda hiperlinks na barra lateral do
blog, assim como, banners e até mesmo a indicação de links externos no interior de posts.
Já em 1978, Enzesberger defendia a influência recíproca entre os emissores de conteúdo e
do emissor ao receptor (PRIMO, 2003 p.2/17). Este princípio pode ser aproveitado por
blogueiros que buscam investir para tornar o site fundamentalmente conhecido pelo
público. O hiperlink é elemento forte capaz de agregar muito valor ao blog que o recebe,
uma vez o que a página que estabelece o link está o indicando para os demais internautas,
37
um comportamento caracteristicamente humano, mas que é decifrado de modo semelhante
pelos robots e scripts empregados nos principais buscadores da rede.
2. PageRank: O sistema do Google classifica cada página virtual com uma
pontuação chamada PageRank, que determina por meios técnicos, a importância da página
que aborda aquele assunto. Cada link recebido pelo site equivale a um ponto de confiança
que é interpretado pelos robots da companhia, logo, a ferramenta leva em consideração
dois fatores para classificar o site: O número de links que ele recebe e a quantidade de
páginas que linkam o mesmo, assim, o Google consegue definir qual página será
privilegiada nos seus resultados, para potencializar a probabilidade de encabeçar a primeira
página em uma pesquisa, é que existe toda uma série de estudos sobre o SEO.
3. SEO (Search Enginer Optmization): uma das primeiras exigências
abordadas por livros e blogs que se dispõem a auxiliar os autores. O SEO trata-se,
basicamente, da busca por posições melhores em mecanismos de pesquisa ao utilizar
palavras chaves e links que possam aumentar a relevância da página no algoritmo do
Google (Faustino, 2010 p26).
4. Web Analytics: São ferramentas para análise de dados referentes a blogs e
sites. Estas ferramentas apresentam de forma simples, tendências e análises sobre os
visitantes da página, sendo capazes até, de apontar a região do globo que mais visita o
blog, o navegador utilizado pela audiência e até o tempo médio por visita. Dados
fundamentais para traçar metas, estratégias e direcionar o conteúdo da página (Faustino,
2010 p.6).
5. Conteúdo relevante: A internet exige, ainda, o refinamento do conteúdo
utilizado pelo blogueiro da atualidade. O blogueiro que busca a especialização tende a
ajustar seu conteúdo com as redes sociais, além de empregar a linguagem especifica ao seu
público e conhecer o que agrada o mesmo. O bom conteúdo é replicado entre as redes
sociais e blogs, o que pode submeter o mesmo ao “efeito viral”, ou seja, um conteúdo que é
espalhado de forma descontrolada pela rede até atingir um surpreendente número de
visualizações capaz de torna-se, até mesmo, um referência no ambiente virtual (Faustino,
2010 p.59).
38
3. QUANDO O BLOG ULTRAPASSAA BARREIRA DA BLOGOSFERA
3.1 A ASCENSÃO DA BLOGOSFERA NACIONAL
Já no primeiro capítulo desse estudo, apontamos a ascensão dos blogs de
guerra, capazes de pautar, até mesmo, à velha mídia como uma grande rede de páginas
dispostas ao livre debate sobre a situação enfrentada pelos Estados Unidos, tanto interna,
como externa. É de se esperar que o fenômeno fosse capaz de alcançar outras ramificações
da blogosfera, acarretando, na popularização de muitos blogs de uma maneira geral. A
blogosfera começou a despontar no cenário internacional e sua profissionalização seria
nada mais que um processo que exigiria tempo.
O Brasil viu a explosão do número de blogs já no início de 2002, quando o IG
(afiliado da Brasil Telecom) desenvolveu um publicador próprio voltado, somente, ao
cadastro dos seus clientes. O Blig foi só uma das ferramentas nacionais para divulgação de
posts na rede, lá, o internauta contava com 50 layouts diferentes e um simples editor de
HTML A iniciativa do discador abriu espaço para a versão nacional do Blogger, lançada
por meio de uma parceria realizada com a Globo.com, e mais tarde, no UOL Blogs,
plataforma mais popular entre os editores do país, que contou com uma grande campanha
de marketing ao envolver o apresentador Marcelo Tas, primeiro blogueiro famoso a utilizar
a ferramenta do UOL (FELITTI, 2010, p.7).
Já em 2003, a blogosfera brasileira vivencia seus primeiros casos de
profissionalização de weblogs, quando o “Mundo Perfeito” de Daniela Abade e “Eu Hein”,
de Nelito Fernandes assinaram parceria com o Portal Terra. No acordo, a empresa
espanhola bancava a hospedagem desses blogs, além de dividir as receitas obtidas para
publicidade em banners. Assim, Nelito foi considerado pela jornalista Cora Ronai, o
primeiro blogueiro do país a obter dinheiro com sua página e transformá-lo em renda extra.
Finalmente alguém encontrou o caminho das pedras! O jornalista Nelito
Fernandes, meu colega da “Época”, é o primeiro blogueiro brasileiro a
receber pelo fruto do seu trabalho, realizando, assim, o sonho de onze
entre dez confrades. Na semana que vem, embolsa um cheque de R$
1.570,17 pela publicidade veiculada no seu Eu, Hein?. Isso ainda não faz
dele um milionário.com, mas já representa um notável progresso em
39
relação a outros blogueiros que, como a vossa escriba, ainda pagam para
blogar. (Cora Ronai, O Globo – 28/04/2003)
Internautas brasileiros ainda acompanharam a explosão no número de
blogueiras que abordam técnicas de maquiagem, seja por meio de posts repletos de
imagens autoexplicativas ou videotutoriais. A blogosfera que aborda a beleza feminina tem
a audiência muito fiel a blogueira e suas dicas, sem contar que o número de acessos pode
surpreender a quem não era capaz de ver muita oferta neste setor.
Talvez o primeiro blog nacional a ganhar proporções acima de qualquer
pretensão tenha sido o Kibe Loco. A página voltada ao humor foi convidada a integrar a
Globo.com, em simples questão de tempo, seus posts ilustravam páginas no caderno de
entretenimento do Jornal Extra e seu editor, Antônio Tabet, se tornou redator do Caldeirão
do Hulk, atração da TV Globo apresentada por Luciano Hulk.
Logo, o número de editores que passam a integrar portais de comunicação
aumenta consideravelmente (FELITTI, 2010, p.12). Esta junção caracteriza o crescente
profissionalismo da blogosfera nacional. Só o portal IG adicionou Jovem Nerd, Brainstorm
9, Tiago dória e InterNey Blogs à rede. A Globo.com escalou, também, o Blog Instante
Posterior e Jacaré Banguela, já o UOL foi precursor em adicionar páginas de alta
relevância, mas que de fato, fossem capazes de acrescentar o conteúdo noticioso da página
ao destacar o MacMagazine, voltado a noticiar sobre os aparelhos da Apple.
3.1.2 A PROFISSIONALIZAÇÃO DA BLOGOSFERA TECNOLÓGICA NO
BRASIL E NO MUNDO
Ao abordar o nicho tecnológico na atualidade, consegue-se abordar dois
grandes blogs internacionais, de grande relevância, e pertencentes a grandes
conglomerados de mídia, mas que enfrentaram o mesmo caminho, característico a muitos
editores. O Gizmodo, Mashable, Engadget e Techcrunch são grandes responsáveis por
pautar a mídia tradicional quando o assunto envolve o desenvolvimento de aparelhos,
mídias sociais e outros aspectos tecnológicos.
40
O Mashable, fundado em 2005 pelo escocês Pete Cashmore, tem como foco
principal as mídias sociais em suas páginas. Ao longo do tempo, obteve relevância e visitas
suficientes para ser classificado como um dos 25 melhores blogs de 2009, capaz de
alcançar 20 milhões de visitantes únicos a cada mês. O “Guia da Mídia Social” 9
preocupou-se em ser muito mais do que um website repleto de conteúdo, constatação
perceptível ao observar iniciativas como a Mashable Connect, conferência que reúne
profissionais ligados ao marketing, empresários e estudiosos.
Em março de 2012, a CNN (Cable News Network) demonstrou interesse
estratégico na compra do blog10
. A rede desembolsaria cerca de 200 milhões de dólares
para adquirir o blog, e assim, tentar conquistar o público mais jovem e atualizado com as
últimas ferramentas sociais.
3.2 CASES: BLOGS DE TECNOLOGIA DO BRASIL
Os exemplos nacionais mais próximos do sucesso obtido pelo Mashable são o
Gizmodo, Meio Bit e Tecnoblog, páginas pessoais que agora são profissionais e contam
com a participação de colaboradores e funcionários. A relevância desses blogs é capaz de
impressionar qualquer editor de publicação imprensa e percentual de visitantes capaz de
superar seções de grandes portais do mundo virtual.
Essas páginas são frequentemente acionadas para encabeçar campanhas de
marketing digital, coletivas de imprensa e eventos voltados à área. Logo, questionar o
porquê de tamanho sucesso dessas páginas é altamente aceitável, uma vez que os blogs,
aqui citados, podem servir de inspiração para o trabalho de blogueiros iniciantes, além de
pautar a velha mídia.
3.2.1 GIZMODO
9
Tradução de “The Social Media Guide”. Slogan utilizado pelo blog.
10
CNN negocia compra do Mashable Disponível em
<http://www2.valoronline.com.br/empresas/2566354/cnn-negocia-compra-do-mashable-diz-guardian>
41
O Gizmodo é um blog de tecnologia presente em diversos países: Alemanha,
Itália, Espanha, França e Reinou Unido são algumas nações que tem suas próprias versões
do blog. Só nos Estados Unidos, o Gizmodo conta com mais de 60 milhões de pageviews/
mês. A chegada do Gizmodo ao Brasil aconteceu em setembro de 200811
, manobra que
marcou a primeira operação do site na América Latina.
Como em muitos blogs tecnológicos, o Gizmodo destaca o mundo dos gadgets,
softwares cuja tecnologia de ponta desperta o desejo dos consumidores. São produtos
também nomeados como Gizmos, expressão que inspirou o nome do projeto que se alto
define “uma igreja aonde os tech lovers e geeks vão para realizar um culto”.
Uma característica presente no blog, e comum aos demais, é a constante
preocupação em simplificar a linguagem que envolve uma série de termos próprios a um
padrão em que todos sejam capazes de compreender. Entretanto, percebe-se que muitas
postagens consistem na tradução de artigos escritos em versões estrangeiras do site.
O projeto do Gizmodo tem o apoio integral da Gawker Media, atual detentora
do blog, já especialista em desenvolver conteúdo de qualidade para diferentes públicos, a
Gawker tem sede em Nova York onde administra oito blogs aclamados como o Kotaku e o
Lifehacker. A administração de um grupo de mídia pode levar a pensar que o blog tenha se
desligado da essência opinativa das páginas pessoais, porém, o conteúdo faz questão de
manter artigos opinativos, com muita propriedade e pitadas de humor.
No período compreendido entre os dias 20 de maio a 31 de maio de 2012, a
média de postagens diárias foi de 18 artigos escritos pela equipe do blog que conta com
quatro editores – colaboradores.
11
Blog Gizmodo sai do ar em sua estreia no Brasil, FOLHA DE SÃO PAULO, 01/09/2008 Disponível em <
http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u440075.shtml>
42
3.2.2 MEIO BIT
O Meio Bit foi fundado em maio de 2004, pelo blogueiro Leonardo Faoro e
Luiz Eduardo Nercollini. O blog passou pelo os mesmos caminhos obrigatórios a páginas
que não contam com mídia e investimentos iniciais. O tráfego foi crescendo aos poucos, e
logo, seus fundadores preocuparam-se em aperfeiçoar a experiência do usuário com um
novo layout, logo, a necessidade de contar com mais membros na equipe.
Anos de trabalho fizeram com que o Meio Bit tornar-se um dos blogs mais
relevantes da blogosfera brasileira. O site conta, hoje em dia, com cinco colaboradores,
entre eles, Nick Ellis e Carlos Cardoso, já reconhecidos como grandes nomes da blogosfera
nacional.
Mesmo com o número considerável de editores, o Meio Bit teve média de três
atualizações diárias no período estudado (20/05 a 31/05/2012). Os posts abordam games,
mercado mobile, apps, softwares e aparelhos de modo absurdamente claro e simples. O
blog mantém uma linha de redação capaz de atingir até os mais leigos.
3.2.3 TECNOBLOG
O Tecnoblog foi projetado por Thiago Mobilon, nascido em 10 de julho de
1986, criou o site em 2005, com objetivo inicial de “agregar todas as experiências
tecnológicas vividas por seu dono”. O blog foi adquirindo público e relevância com muito
trabalho, e atualmente, faz parte da Globo.com. Mesmo assim, Thiago garante manter
credibilidade e liberdade para abordar, até mesmo, assuntos que envolvam o grupo de
comunicação que seu site integra.
As visitas cresceram de modo tão impressionante capaz de demandar a
profissionalização do site em vários aspectos O blog passa a empregar linguagem de
simples compreensão, mesmo ao tratar os termos mais técnicos que envolvem o mundo da
tecnologia, mas percebe-se uma preocupação com relação a redação aprimorada de acordo
com certos preceitos jornalísticos.
43
Para se aproximar do mercado publicitário e estar mais próximo das feiras,
convenções e coletivas, Mobilon mudou-se de Americana para São Paulo, onde passou a
dividir a casa com editores do seu blog. Em palestra durante a Campus Party 2011,
Mobilon afiram que a “Techno house” foi um passo importante para a evolução do projeto.
Agora seus colaboradores, antes, espalhados por diversas partes do país, iniciaram o
processo para obter um ambiente profissional capaz de aprimorar o conteúdo e aspectos
essenciais para divulgação e crescimento da página.
O Tecnoblog passou por um período turbulento de mudanças e deixou de ser
um simples sítio eletrônico com conteúdo digital, para assumir o posto de uma empresa
registrada e com funcionários contratados, conforme instituído pela legislação vigente
deliberada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, incluindo assim, deveres e benefícios
trabalhistas passíveis a qualquer tipo de empresa.
O site que virou uma empresa de mídia com sede em um centro comercial no
bairro da Vila Mariana, capital do estado de São Paulo, conta com uma equipe de sete
pessoas, incluindo editores, redatores, desenvolvedor e colunistas. O site conta com média
diária de 10 posts e visitação de 1,1 milhão de visitantes únicos a cada mês12
.
.
3.3 O PANORAMA DA BLOGOSFERA TECNOLÓGICA DO BRASIL
Percebe-se que os maiores blogs citados apresentam características muito
idênticas, uma vez que mantém estrutura de texto simples, para a compreensão dos mais
apaixonados, técnicos e até mesmo, leigos do assunto. A estrutura do layout é muito
parecida, principalmente, ao observar as cores utilizadas. Nos três casos, o branco e azul
predominam sobre outras tonalidades.
A posição dos banners ao longo da página pode até, dar a entender, que se trata
de um comum acordo entre os editores. Sempre acima das postagens e com espaços
demarcados na lateral, evitando qualquer espécie de confronto visual com o texto do blog.
Logo, pode-se supor que os blogs seguem um padrão com relação ao layout, técnicas de
12
Dados obtidos em <http://tecnoblog.net/things/apresentacao-tecnoblog.pdf>
44
divulgação de até mesmo, formatação de texto, muito em parte, da série de artigos e
metablogs que projetam assistência ao blogueiro iniciante, apresentando uma série de dicas
quase unânimes sobre uma série de indagações e conteúdo voltado a blogosfera.
O que de fato caracteriza essas páginas é a individualidade empregada nas
postagens, o blogueiro ainda é muito fiel as suas convicções. A opinião é um atributo
demasiadamente usado, não só para impor a personalidade ao seu endereço eletrônico,
como também, para aprofundar em diversas questões e atender seu público da maneira que
julgar pertinente. Impor autoconfiança, organização e demonstrar que está muito bem
organizado são chamarizes capazes de conquistar o público fiel, cada vez mais complicado.
A blogosfera é um veículo de mídia, mesmo que em grandes partes, não
associada a extensos grupos de comunicação, sofre com as mesmas previsões submetidas a
veículos como o rádio, televisão e jornal. Nem mesmo com os mais modernos avanços
tecnológicos foram capazes de trazer esses veículos ao limbo da extinção, no entanto, é
muito admirável a cautela ao abordar a internet e suas frequentes transformações.
As redes sociais já chegaram a ser vistas como um potencial vilão, fato que
agora está em desacordo com o momento da internet, uma vez, que muitos blogs utilizam
esses canais para complementar suas informações, fazer a cobertura de eventos e produzir
conteúdo exclusivo com a ajuda do seu público.
Adequar os blogs as plataformas móveis e ao conceito multimedia é essencial,
tona-se uma atitude essencial ao passar do tempo. O Tecnoblog lançou no inicio de 2012
uma versão voltada aos celulares e um podcast. Já é perceptível o resultado destas atitudes,
atualmente, o podcast do blog conta com mais de 4,500 downloads por semana, já o
número de internautas que acessam o blog pelo smartphone é 40% dos leitores fieis da
página. Percebe-se que a blogosfera, tanto tecnológica, tanto de modo geral, caminha para
desbravar novas plataformas e maneiras de diversificar seu conteúdo.
45
CONCLUSÃO
O estudo aqui apresentado traçou uma linha evolutiva da comunicação humana
para situar os fatores que constituíram o surgimento da blogosfera como um veículo de
comunicação, independente e capaz de movimentar uma intensa comunidade para uma
série de debates, nunca antes, vivenciado pela matriz do poder.
O feito alcançado pela influência da blogosfera de guerra foi a precursora para
levantar os debates sobre a relação do blogueiro com o webjornalismo. Logo, percebemos
que o blogueiro foi além do que se esperava do jornalismo online em uma época que a
internet evoluía a passos largos. O editor foi pioneiro em alimentar a página com
informações de interesse segmentado, impor sua opinião e uma série de atributos que
tornaram os artigos mais aprofundados nos temas abordados. Mesmo sendo responsável
por um novo movimento do webjornalismo, o blogueiro sofreu muitas dificuldades em ser
aceito como tal. Seja pelo público, como veículos concorrentes e pelo receoso mercado
publicitário.
A relevância surgiu aos poucos e ganhou maior repercussão com cases de
sucesso de marcas e veículos de mídia que enxergaram além do seu tempo e incluíram os
blogs em suas estratégias de mídia. Percebe-se, também, como o desenvolvimento da
tecnologia foi fundamental para a ampliação da blogosfera e de debates virtuais que viriam
a surgir com a sua ascensão. Smartphones, câmeras digitais – e tantos aparelhos – que
ajudaram a propagar mensagens com maior agilidade guiaram um novo momento para a
geração de conteúdo online.
Em paralelo, o número de pessoas com acesso as novas tecnologias criou uma
escala crescente de internautas que buscam conhecer melhor as funções de seus aparelhos,
e assim, buscar informações para aperfeiçoar seu uso. O conhecedor destes avanços
tecnológicos passou a ter o poder da informação, e assim, influenciar os demais. A geração
Y recriou o modo de se relacionar com os demais e compartilhar a informação. Os blogs e
as redes sociais passam a ser ainda mais populares e capazes de moldar o vocabulário e
desejos de jovens sedentos pelas novidades do mercado tecnológico.
46
Outro ponto constatado foi a dificuldade diária enfrentada pelo editor do
conteúdo para popularizar o mesmo. A opinião e identidade bem implantadas não são mais
suficientes para atingir o auge na rede, agora, o blogueiro é obrigado a se reinventar
diariamente na contínua busca pelo seu reconhecimento – ainda mais em um nicho tão
competitivo na blogosfera – a tecnologia gera cada vez mais acesso, no mesmo ritmo em
que aumenta o número de blogs dedicados a este nicho.
Ao observar a evolução da blogosfera tecnológica internacional e nacional,
alcançamos a conclusão que mais uma vez, o Brasil seguiu tendências internacionais, ao
ver que o modelo de negócio era sim, capaz de gerar lucratividade e tonar-se
autossustentável.
Espero que o trabalho aqui exposto enquadra-se como base para estudos ainda
mais aprofundados sobre as questões aqui levantadas, os dados apresentados servem como
estímulo, também, a criação de novos trabalhos que tenham outros tipos de blogosfera
como objeto de estudo. O estudo deve servir como reflexão para os rumos da blogosfera
nacional e a necessidade crescente da profissionalização destas páginas.
47
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50
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<http://www.jornalirismo.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=189>
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Título: Efeito Google' reduz a memória, diz estudo. Agência EFE. 14/07/2011 Disponível
em: <http://veja.abril.com.br/noticia/saude/efeito-google-reduz-a-memoria> Acesso em 02
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Título: História da Internet: O início, Revista Exame online, Disponível em:
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Título: População consome 34 Gb de informação diária. Disponível em:
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Título: iPhone: Invention of the year, Time Magazine, 2007, Disponível em:
<http://www.time.com/time/specials/2007/article/0,28804,1677329_1678542_1677891,00.
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Título: Redes de TV dos EUA tentam definir como mostrar execução de Sadam Disponível
em <http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,AA1403685-5602,00.html> Acesso em 14
maio. 2012.
Título: Total de Internautas Cresce 13,9% no Brasil. Disponível em
<http://tecnologia.ig.com.br/noticia/2011/05/04/total+de+internautas+cresce+139+no+bras
il+em+um+ano+10413441.html >. Acesso em 18 set. 2011.
51
GLOSSÁRIO
Algoritmo: Trata-se de uma sequência finita de instruções digitais bem definidas que
podem ser executadas mecanicamente num período de tempo determinado.
Banner: Formato publicitário simples, de utilização popular em blogs com. Configura-se,
geralmente, em imagens estáticas ou sequenciais.
Blogosfera: Termo que compreende a comunidade de weblogs
Bullying: termo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica,
intencionais praticados por um individuo ou grupo de pessoas.
Buzz: traduzindo ao pé da letra, buzz significa burburinho. Trata-se de uma mensagem que
se propaga imediatamente e atinge um alto nível de pessoas.
Gadget: Equipamentos com funções e propósitos definidos.
Gatekeeper: Conceito jornalístico que define o que será publicado pelo veículo.
Gigabyte: Unidade de medida de informação que equivale a 1 000 000 000 bytes
GPS: Global Positioning System ou Sistema de Posicionamento Global. Aparelhagem que
emprega o uso de satélites para informar a posição exata em um determinado ponto do
mundo.
Home Page: Página inicial de algum site na internet.
HTML: (HyperText Markup Language) Linguagem universal desenvolvida para a
construção de páginas virtuais.
HTTPS: (HyperText Transfer Protocol Secure) Camada de segurança aplicada na
linguagem HTTP que se comunica com os servidores para obter a posição exata de um site
ou arquivo online.
Internet Banking: Serviços de internet prestados pelo ambiente online. O cliente pode
consultar o extrato, pagar contas e desenvolver outras atividades.
52
MILNET: Military Network, criada em 1983 foi uma rede que cuidava das informações
militares dos Estados Unidos da América (EUA).
MP3: Formato de arquivo utilizado para reprodução de músicas no computador e
dispositivos portáteis.
PageRank: Uma série de algoritmos de análise de rede que dá uma classificação
numéricos a uma coleção de hiperlinks para medir a sua importância nesse grupo por meio
de um motor de busca.
PC: Equipamento de pequeno porte e baixo custo, que se destina ao uso pessoal ou por um
pequeno grupo de indivíduos.
Pendrive: Dispositivo constituído por memória flash, com aspecto semelhante a um
isqueiro e uma ligação USB, capaz de armazenar gigabytes de informação.
Permalink: Hyperlink permanente entre páginas.
Podcast: áudio digital, frequentemente em formato MP3 ou AAC, publicado através
de podcasting na internet e atualizado via RSS. Também pode se referir a série de
episódios de algum programa quanto à forma em que este é distribuído.
Robots: Linguagem virtual desenvolvida para melhor encontro dos links na rede.
SEO: Search Engine Optimization
Sidebar: Painel encontrado na lateral de blogs e websites, constituído, geralmente por
links w widgets.
Smartphone: Telefone com funcionalidades avançadas.
Tablet: é um dispositivo pessoal em formato de prancheta que pode ser usado para acesso
à Internet, organização pessoal, visualização de foto.
Technorati: Motor de buscas especializado em blogs
URL: ( Uniform Resource Locator), em português, é o endereço de um recurso disponível
em uma rede,seja ela de qualquer porte.
WEB: World Wide Web é uma série de páginas e documentos interligados e executados
com a utilização de um navegador e conexão virtual.
53
ANEXO A
Entrevista com o blogueiro Wallace Pereira, 28 anos, realizada por e-mail em 2/05/2012
Como você vê a blogosfera de tecnologia no Brasil? Acha muito competitiva? os blogs
tem qualidade? O que falta?
Hoje vejo a blogosfera de tecnologia diversificada. Não há apenas blogs para tecnologia
em geral, mas há um bom número voltados para assuntos específicos, como telefones e
câmeras. Por mais que digam que não existe, há competição sim, afinal o leitor não vai
querer visitar diversos blogs e ver as mesmas notícias em todos. Quanto a qualidade, digo
que tem sim. Os blogueiros experientes souberam valorizar esse espaço e nos tem brindado
com blogs com informações confiáveis, para mim, imprescindível na internet. O que falta?
Talvez blogs dos próprios fabricantes, de preferência com atualizações constantes.
Como você procura dar identidade própria ao seu blog?
Receita velha, procuro usar cores únicas para cada categoria.
Na sua opinião como blogueiro, o que faz o internauta priorizar um blog na busca
pela informação e não um portal ligado a um grande grupo de comunicação ou
empresa de internet?
Se for um internauta paraquedista, será a sua relevância nos sites de busca, mas para um
leitor geek será a relevância do conteúdo.
Como você define o que pode ser ou não relevante ao seu leitor?
Como você acha que pode produzir conteúdo de qualidade e ao mesmo tempo, estar a
frente nas pesquisas do Google?
Sem citar números de acesso ou percentuais. No momento, quais são os 5 termos que
mais direcionam internautas do Google para o seu site/blog?
impressora, deskjet, canon, xerox, laser
Quais são as redes sociais e técnicas que você utiliza para divulgar seu blog?
54
Facebook e Twitter. Participação em grupos de interesse em tecnologias de impressã
Qual a maior dificuldade em escrever textos que devem agradar os mais experientes,
exigentes e conhecedores do assunto ao mesmo tempo que deve informar e situar os
mais inexperientes?
Buscar utilizar termos nem tão nerds e nem tão noobs.
Como um vlog ou podcast pode agregar conteúdo ao seu blog?
Acredito que sim. No caso de um vlog, na demonstração da nova tecnologia ou fazendo-se
o uso de infográficos seriam de grande valia, principalmente para os mais inexperientes.
55
ANEXO B
Entrevista com o Blogueiro Gabriel Subtil, 27 anos, realizada em 2/05/2012.
Como você vê a blogosfera de tecnologia no Brasil? Acha muito competitiva? os blogs
tem qualidade? O que falta?
A Blogosfera no Brasil parece que são grandes corporações pensam nas cifras, SIM tem
bastante qualidade, mas falta PARCIALIDADE.
Como você procura dar identidade própria ao seu blog?
Sendo parcial, se você tem um blog e não coloca a sua opinião, o seu ponto de vista, você
não tem um blog. Não tem como dar melhor identidade própria, sendo você mesmo.
Na sua opinião como blogueiro, o que faz o internauta priorizar um blog na busca
pela informação e não um portal ligado a um grande grupo de comunicação ou
empresa de internet?
Os Blogs no geral são de pessoas comuns, pessoas que realmente usam os produtos e que
falam mal ( E COMO FALAM MAL ) quando precisa, os usuários procuram
transparência, uma opinião sincera. A minha primeira coisa que vossa mãe faz ao ver uma
propaganda é perguntar para a vizinha ou para a prima o que acham daquele produto ou
serviço. Apenas Digitalizamos isso.
Como você define o que pode ser ou não relevante ao seu leitor?
Relevante é mostrar exatamente o que você pensa, o leitor procura alguém como ele para
que possa entender ou compartilhar algo.
Como você acha que pode produzir conteúdo de qualidade e ao mesmo tempo, estar a
frente nas pesquisas do Google?
As pessoas pensam que depende da estrutura técnica do Google para estar a frente em suas
pesquisas, produzir um conteúdo que remete diretamente é EXATAMENTE o maior valor
da equação para lhe deixar em destaque em pesquisas.
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  • 1. UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA COMUNICAÇÃO SOCIAL JORNALISMO FILIPE OLIVEIRA XAVIER BLOGOSFERA DE TECNOLOGIA: UM ESTUDO SOBRE A BLOGOSFERA TECNOLÓGICA NO BRASIL Rio de Janeiro 2012
  • 2.
  • 3. iii ‘UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA COMUNICAÇÃO SOCIAL JORNALISMO FILIPE OLIVEIRA XAVIER BLOGOSFERA DE TECNOLOGIA: UM ESTUDO SOBRE A BLOGOSFERA TECNOLÓGICA NO BRASIL Monografia apresentada como requisito de conclusão do curso de comunicação social com habilitação em jornalismo para a conclusão do curso de Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo. Orientado pelo professor Márcio Ferreira Rio de Janeiro 2012
  • 4. iv FILIPE OLIVEIRA XAVIER BLOGOSFERA DE TECNOLOGIA: UM ESTUDO SOBRE A BLOGOSFERA TECNOLÓGICA NO BRASIL Trabalho de conclusão de curso submetido à Universidade Veiga de Almeida, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do Grau de Bacharel em Comunicação Social, Habilitação em Jornalismo. ___________________________ Orientador Título/Instituição ___________________________ Examinador Título/Instituição ___________________________ Examinador Título/Instituição Rio de Janeiro Rio de Janeiro, _____ de ________________________________ de _________
  • 5. v Dedico aos meus pais, pelo incentivo por todos esses anos de luta e confiança depositada em meus estudos.
  • 6. vi AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, Deus, que iluminou meu caminho e confortou meu espírito nesta caminhada. Agradeço a família por toda ajuda ao longo dos últimos anos - em especial – meu irmão de coração, Tiago Oliveira, por me arrancar sorrisos e resmungar a cada vez que eu solicitava o uso do meu próprio computador. A Bárbara Perrut, Gustavo Beroli e Glória de Brito por todas as dúvidas respondidas e indicações para pesquisa. Ao meu orientador Márcio Ferreira pela paciência e empenho. Agradeço à Stephanie Carvalho por fazer companhia, mesmo que virtual, em longas noites de sono escasso. Aos amigos Anderson Ferreira, Cláudio Rodrigo, Jéssica Lima e Peterson Souza– a quem considero como irmão – pelo companheirismo. Claro que não posso esquecer os colegas da graduação, agora amigos, Camilla Monteiro, Fernanda Teixeira, Karen Nascimento e em especial, a inseparável, Gabriela Sant’Anna, por todos os conselhos e puxões de orelha.
  • 7. vii “Ao dar às pessoas o poder de partilhar, estamos tornando o mundo mais transparente.” Mark Zuckerberg - 2010
  • 8. viii RESUMO O estudo a seguir foi feito com finalidade de analisar e debater sobre o movimento dos blogs tecnológicos no país. Logo, deve-se abordar o início do movimento a nível global, para enfim, focar em nosso objeto de estudo. Logo, se faz necessário resgatar os principais eventos da evolução sofrida pelo weblog em todo o seu tempo de existência, e assim, refletir a relevância dos blogs, sua estrutura, linguagem e conceitos comunicacionais empregados para atrair a audiência. Palavras chave: Blogosfera, blog, internet, wordpress, tecnologia, redes sociais
  • 9. ix ABSTRACT The following study was done in order to analyze the technology blogs movements in Brasil. We approach the beginning of the movement at a global level, to finally focus on our subject. Therefore, it is necessary to rescue the major events of evolution suffered by the blog around the time, and thus reflect the relevance of blogs, their structure, communication and language concepts employed to attract the audience. Keywords: Blogosphere, blog, internet, wordpress, technology, social networking
  • 10. x SUMÁRIO SUMÁRIO................................................................................................................................................x INTRODUÇÃO......................................................................................................................................10 ...............................................................................................................................................................12 1. TECNOLOGIA VICE-LÍDER DAS BUSCAS...................................................................................12 1.1 SURGE UMA NOVA REVOLUÇÃO NA COMUNICAÇÃO.......................................................................12 1.2 A SOCIEDADE VIVENCIA A CIBERCULTURA........................................................................................14 1.3 O NASCIMENTO DOS BLOGS.............................................................................................................16 1.3.1 O SURGIMENTO DOS NICHOS NOS BLOGS...........................................................................17 2. A OPINIÃO INDEPENDENTE PODE SUPERAR OS GRANDES PORTAIS.................................27 2.1 NOVOS HÁBITOS PARA O CONSUMO DO CONTEÚDO VIRTUAL........................................................27 2.1.1 OS PERCALÇOS NA MANUTENÇÃO DE UM BLOG.................................................................30 2.2 OS DESAFIOS PARA POPULARIZAR O BLOG.......................................................................................32 2.2.2 O BLOGUEIRO E O CAMINHO PARA OBTER RELEVÂNCIA.....................................................35 3.QUANDO O BLOG ULTRAPASSA A BARREIRA DA BLOGOSFERA........................................38 3.1 A ASCENSÃO DA BLOGOSFERA NACIONAL........................................................................................38 3.1.2 A PROFISSIONALIZAÇÃO DA BLOGOSFERA TECNOLÓGICA NO BRASIL E NO MUNDO....................39 3.2 CASES: BLOGS DE TECNOLOGIA DO BRASIL.......................................................................................40 3.3 O PANORAMA DA BLOGOSFERA TECNOLÓGICA DO BRASIL.............................................................43 CONCLUSÃO........................................................................................................................................45 ...............................................................................................................................................................45 REFERÊNCIAS......................................................................................................................................47 INTERNET................................................................................................................................................49 Glossário.................................................................................................................................................51 ANEXO A..............................................................................................................................................53 ANEXO B...............................................................................................................................................55
  • 12. 10 INTRODUÇÃO O trabalho a seguir foi motivado por uma série de experiências pessoais do autor ao longo de três anos na blogosfera de tecnologia com o blog Pitacos Modernos. Os blogs já fazem parte do nosso cotidiano envolvido pela cibercultura tão abordada por Pierre Lévy. O universo dos blogs já é capaz de alterar nossas rotinas, criar bordões e moldar à velha mídia, tão resistente as inevitáveis mudanças na comunicação moderna. No meio deste contexto, a blogosfera ainda apresenta participação ativa como um grande agregador das novidades virtuais. Há tempos que o blog perdeu a alcunha de “diários pessoais”, assim, os sítios eletrônicos e de simples publicação caminharam para especialização e segmentação dos assuntos abordados. O surgimento dos nichos tornou esses blogs verdadeiros “espaços coletivos de interação” (PRIMO, 2008, p. 123). Essas páginas foram responsáveis pelo surgimento de diversas comunidades conectadas, aptas a debater todo o tipo de assunto proposto no ambiente online. O primeiro capítulo buscou posicionar o surgimento da blogosfera como uma ferramenta de conversação, protesto e debate gerados pela “emergência do ciberespaço” (Lévy, 1999, p.118). A partir deste fato, há o início uma análise sobre o primeiro caso de blogs que obtiveram êxito em atingir a velha mídia e até mesmo, influenciar na disputada corrida presidencial norte-americana. O estudo segue com destaque da batalha enfrentada pela blogosfera com a antiga mídia que passa a tratá-la como inimiga do jornalismo profissional, capaz até mesmo de levantar um debate recorrente entre os profissionais da comunicação: Seria o blogueiro um jornalista?
  • 13. 11 O estudo segue ao abordar o impacto da gerado pela alta relevância de alguns blogs na mídia e no cotidiano dos internautas, para enfim, voltar-se ao blogueiro no estudo das dificuldades enfrentadas pelo mesmo na incessante busca da popularização do seu espaço virtual, incluindo as técnicas mais utilizadas pelo publicador para obter mais visitas em sua página pessoal. O terceiro capítulo aborda os blogs de sucesso no Brasil e no exterior, cujo tema, seja a tecnologia e suas variantes. Apresentamos uma linha do tempo que traça a aceitação do blog em grandes corporações que voltaram seus investimentos à internet, além de debater as características fundamentais da blogosfera de tecnologia e seu futuro em um mundo repleto de novidades da cultura tech e cada vez mais conectado. Este trabalho teve a finalidade de traçar um panorama da blogosfera tecnológica nacional, e assim, colaborar efetivamente na identificação de hábitos e características presentes neste segmento de nichos, bem como, do internauta que o acessa e consome a informação lançada por essas páginas.
  • 14. 12 1. TECNOLOGIA VICE-LÍDER DAS BUSCAS 1.1 SURGE UMA NOVA REVOLUÇÃO NA COMUNICAÇÃO Evidencia-se o modo como o desenvolvimento da comunicação contribuiu na evolução da humanidade ao longo da história. Tais mudanças no processo comunicacional são descritas em três grandes eras por Melvin L. DeFleur e Sandra Ball-Rokeach (1993, p.22). Os símbolos e sinais estão relacionados como a mais rudimentar comunicação reconhecida pelo homem. O ser humano emitia sinais e gestos passados de geração em geração (1993, p.24). A cerca de 40 mil anos atrás, os sons estranhos e gestos foram substituídos pela fala. Essa por sua vez foi primordial para evolução da raça humana, uma vez que a comunicação oral permite abordagens mais complexas – exterminando assim – as limitações presentes na comunicação por sinais (1993, p.31). Anos mais tarde, acontece o surgimento das primeiras formas de arte, como a rupestre. Já a terceira etapa é a que vivenciamos até hoje, a Era da Escrita. A necessidade de armazenar as informações de modo físico e compreensivo as demais gerações criou o esboço de escrita – e mais tarde – a escrita fonética empregada no alfabeto sumério. "Não obstante, o uso de caracteres para representar sílabas foi o primeiro passo na criação da escrita fonética e foi um grande avanço na comunicação humana. Particularmente, tonou imensamente mais fácil a alfabetização. A pessoa tinha apenas de lembrar mais ou menos uma centena de símbolos para as várias sílabas da língua”. (Melvin L. DeFleur e Sandra Ball-Rokeach 1993 p.34). No século XV o alemão Johannes Gutenberg desenvolve um dispositivo voltado à impressão em superfícies como papel e tecido. A prensa de tipos móveis – conhecida como imprensa – entrou para história da humanidade como um aparelho que revolucionou
  • 15. 13 as comunicações no mundo (1993, p.92). O modo de impressão criado pelo alemão encurtou o tempo utilizado na confecção de livros, uma vez que o método anterior envolvia o processo manual executado por monges católicos. A Bíblia de Gutenberg é certamente a mais aclamada obra do alemão, responsável pela produção de livros em massa, o que abriu os caminhos não só para difusão do conhecimento, como também, para uma nova era religiosa marcada pelo movimento protestante, iniciado por Martin Lutero. É importante salientar que o mundo viveu ainda uma segunda revolução no meio impresso, com o surgimento dos primeiros jornais periódicos datados no século XVII, seguido pela revolução radiofônica no inicio do século XX. Em 1922 ocorreu o início da grande explosão radiofônica em território norte-americano, com o advento de redes como a ABC (American Broadcasting Company), CBS (Columbia Broadcasting System) e NBC (National Broadcasting Company), sobreviventes do sistema de rádios e impulsionadoras do sistema televisivo durante a década de 30. O que admitimos, hoje, como internet, teve seu início anos mais tarde em um dos programas militares impulsionados pela Guerra Fria entre Estados Unidos da América e a União Soviética. O governo estadunidense temia ataques soviéticos em suas bases militares, capazes de vazar sigilosas informações de guerra. Era necessário descentralizar a informação em uma espécie de rede com documentos compartilhados pelas forças armadas (LAMBERT, 2005, p.61) Surgia a ARPANET (do inglês Advanced Research Projects Agency) cujo projeto, foi estendido às instituições acadêmicas no final da mesma década, registrando o que pode ser considerado o primeiro e-mail da internet. Já sem fins militares, a ARPANET dividiu-se em dois grupos: A MILNET, sem fins militares e a nova ARPANET, que manteve as informações de segurança do governo norte-americano (2005 p.1972). Em 1992 o cientista, Tim Berners-Lee criou a linguagem HTTPS (HyperText Transfer Protocol Secure), possibilitando o envio de dados criptografados pela grande rede. O projeto concebeu ainda o primeiro navegador da história e a linguagem HTML (HyperText Markup Language) desenvolvida para construção de páginas e sua adequação na internet. A internet revoluciona as comunicações e ganha cada vez mais adeptos. A explosão dos PC’s pessoais ocorreu com o desenvolvimento da interface gráfica nos sistemas operacionais Windows e MAC OS, grandes responsáveis pela invasão da internet nos lares do Estados Unidos (2005, p.4). Pesquisas escolares e acadêmicas tornam-se muito
  • 16. 14 simples, o resultado de uma dúvida está a poucos cliques e hiperlinks no interior de um aparelho com um modem, uma pequena placa utilizada para conectar o PC à internet. No final da década de 90 as chamadas empresas “ponto com” receberam investimentos milionários, representando grande parte dos investimentos da Nasdaq. O mundo vivencia a explosão de um movimento sem precedentes, a internet influencia não só a rotina, como a economia e a sociedade de modo geral. 1.2 A SOCIEDADE VIVENCIA A CIBERCULTURA Exemplificar a cibercultura é mergulhar em um novo contexto vivenciado pela sociedade que engloba mudanças nos âmbito cultural e comunicacional. Trata-se de um processo de comunicação flexível, capaz de aproximar pessoas do mundo inteiro com interesses iguais e de direcionar novos hábitos a rotina da população. Cartões de crédito, GPS, internet banking e pendrive são apenas alguns exemplos de aparelhos e serviços integrados a população de maneira tão cômoda, que hoje somos incapazes de pensar em nossas atividades sem o auxilio destas tecnologias. O ser humano – talvez por sua capacidade de evolução e adaptação ao meio em que vive – responde positivamente aos impulsos gerados pela revolução tecnológica implantada pela indústria. No entanto, Levy, Pierré conclui que “cada um nós se encontra em maior ou menor grau nesse estado de desapossamento”. A aceleração é tão forte e tão generalizada que até mesmo os mais ‘ligados’ encontram-se, em graus diversos, ultrapassados pela mudança’(1999, p28). A nova realidade propaga as informações em ritmo acelerado, o desenvolvimento de novas linguagens e dispositivos, a comunicação se torna instantânea. A internet quebrou as barreiras de tempo e espaço físico aos indivíduos, agora, um jovem estudante conectado a internet é capaz de acompanhar a palestra de um físico oferecido aos alunos de Havard, dispensando assim, o translado até o local e todas as despesas de burocracias envolvidas em uma viagem internacional.
  • 17. 15 Agora o conhecimento é livremente difundido entre as comunidades ao redor do globo, capaz de desconstruir modelos ultrapassados e quebrar hierarquias políticas. A inteligência coletiva é um dos pontos analisados por Levy. Segundo o autor, o desenvolvimento da cibercultura não é capaz de influenciar automaticamente a evolução da inteligência coletiva, uma vez que o movimento pode ser excludente a aqueles que não se adaptam as novas formas, assim, “a inteligência coletiva que favorece a cibercultura é ao mesmo tempo um veneno para aqueles que dela não participam (e ninguém pode participar completamente dela, de tão vasta e multiforme que é)” (1999, p.30). O avanço em pesquisas associadas ao ramo da informática criou o micro processador, pontapé inicial para a criação dos primeiros computadores pessoais, logo, o mesmo aparelho ganhou novas aplicações e tecnologias capazes de redirecionar suas funções. Essa evolução parte de uma necessidade coletiva do ser humano. Trata-se do fator emergencial que Levy discorre em seu livro “Cibercultura”: A emergência do ciberespaço acompanhada, traduz e favorece uma evolução geral da civilização. Uma técnica é produzida dentro de uma cultura, e uma sociedade encontra-se condicionada por suas técnicas. E digo condicionada, não determinada. Essa diferença é fundamental. A invenção do estribo, permitiu o desenvolvimento de uma nova forma de cavalaria pesada, a partir do qual foram construídas o imaginário da cavalaria e as estruturas políticas do feudalismo. No entanto, o estribo, enquanto dispositivo material, não é a “causa” do feudalismo europeu. Não há uma “causa” identificável para um estado de fato social ou cultural, mas sim, um conjunto infinitamente complexo e parcialmente indeterminado de processos em interação que se auto - sustentam ou se inibem. Com base nessas observações, podemos supor que a origem da blogosfera vem de uma iminente necessidade do desenvolvimento de um espaço amplo, propicio ao debate das informações levantadas por meio da expansão do conhecimento criado no espaço virtual – e que por esta condição primordial – apresenta ferramentas interativas capazes de levantar a intercomunicação entre os usuários da plataforma.
  • 18. 16 1.3 O NASCIMENTO DOS BLOGS Em meados 1997 surgiu o aquilo que é considerado como o primeiro weblog da história. A página criada por Jorn Barger – The Robot Wisdom - é perceptivelmente, ultrapassada, se compararmos a tecnologia empregada para criação de páginas eletrônicas na atualidade. O weblog (Contração do termo inglês Web log que significa diário da web) surgiu como uma ferramenta para que o internauta relatasse sua rotina em textos divididos em uma página com ordem cronológica (HUGH, 2007 p.99). Mais tarde, o blogueiro Peter Merholz, desmembrou o termo weblog para formar a frase we blog (do inglês ”nós blogamos”) na barra lateral da sua página eletrônica, surgindo desse modo, a nomenclatura na qual reconhecemos esse ambiente virtual nos dias de hoje. O termo de origem norte-americana foi o primeiro a revolucionar a comunicação que vivenciamos na atualidade. Os blogs atingiram a popularidade em 1999, quando muitos internautas utilizaram plataformas virtuais que não exigiam conhecimento em linguagens de programação - surgiam assim - os blogueiros, conforme destaca o artigo “A História dos Blogs”, escrito por Caio Novaes: No final do ano de 1999, tudo ficou mais fácil para pessoas que não sabiam nem o básico de linguagem de programação, ou seja, não eram expert no assunto, porém gostariam de ter um blog. Os Blogs se tornaram uma preciosa fonte de renda para empresas, que começaram a investir em sua automatização, ou seja, a partir de um template pronto e um backoffice uma pessoa leiga no assunto poderia muito bem desenvolver um blog. Uma das pioneiras a desenvolver um sistema capaz de converter a linguagem textual em HTML de modo automático para a publicação de páginas virtuais foi o Blogger, agora, qualquer internauta comum é capaz de construir seu próprio conteúdo para o ambiente virtual. A plataforma Blogger conta com ferramentas simples e de fácil aprendizado, que exigem pouco mais de 30 minutos para desvendá-las. Assim, muitas pessoas com idade acima de 12 anos já conseguiam facilmente criar o seu próprio blog a
  • 19. 17 custo de criação, edição e atualização zero, desse modo, o sistema de blogs se popularizou rapidamente. Os antigos blogueiros utilizavam suas páginas para compartilhar links de sites e/ou outros blogs interessantes, já que esse sistema de troca era visto como uma maneira de interagir com outros blogs sobre assuntos que talvez fosse interessante para um maior número de pessoas, formando assim, uma comunidade de interesses (PRIMO, SMANIOTTO, p. 6/16). Com o tempo, aquelas simples páginas de HTML agregaram ainda mais o contexto pessoal do blogueiro. Os internautas passaram a compartilhar parte do seu cotidiano com amigos, parentes e pessoas que dividem o mesmo hábito de vida dos blogueiros, criando assim, diários virtuais que ajudaram a descredenciar a blogosfera no futuro. No começo do ano 2000, o Blogger ofereceu aos internautas a opção do hiperlink, ou seja, a partir de agora, cada post do seu blog passa a ter uma única url definida por um endereço como www.seublog.com.br/ano_mes_dia.html. A criação do permalink contribuiu demasiadamente para o compartilhamento de conteúdo e divulgação da página. A partir de agora, o blogueiro tinha a opção de divulgar uma única postagem, além de manter o debate por maior espaço de tempo. A url única para cada texto foi de suma importância para alimentar debates e redirecionar o comportamento do blogueiro como um produtor de conteúdo, segundo analisa Caio Novaes. Com essa nova ferramenta de interação, ou seja, com o sistema de comentários, os blogueiros se tornaram mais escritores do que simplesmente blogueiros. Seus textos deixaram de ser apenas um texto jogado na internet para ser algo comentado por pessoas muitas vezes criticas e diretas que denunciavam até mesmo um simples erro de português, como se o seu blog tivesse a obrigação de passar uma informação seguindo os padrões de um livro, por exemplo, com direito a revisões e tudo antes de publicar um post. 1.3.1 O SURGIMENTO DOS NICHOS NOS BLOGS
  • 20. 18 De acordo com o estudo realizado por Hugh Hewitt, em seu livro “Blog, Entenda a Revolução Que Vai Mudar Seu Mundo”, somente em 2001, na cobertura midiática dos atentados terroristas ao centro empresarial do World Trade Center que grande parte da mídia percebeu que poderia explorar as informações independentes com intuito de adicionar o que suas equipes jornalísticas apuravam ao redor da cidade e nos principais centros do poder estadunidense. Fotos, depoimentos e pequenos vídeos surgiam a todo instante e cada conteúdo foi reproduzido, ao vivo, pelas gigantes do telejornalismo: CNN, NBC e Fox News. O ataque terrorista mudou muitos rumos na história mundial. Historiadores consideram o evento como o ponto de início do século XXI na história recente. Já era de se esperar que a mídia e a internet sofressem modificações com o evento. A partir de agora, os blogs passam a tratar de questões mais limitadas e assuntos de interesse geral, é o surgimento de um movimento conhecido como “blogs de guerra”, capazes até mesmo, de interferir na disputa eleitoral do país. No livro “Blog: Entenda a Revolução Que Vai Mudar Seu Mundo”, Hugh Hewitt, descreve a nova organização comunicacional gerada pela nova ferramenta: O que realmente está acontecendo é uma revolução na informação, semelhante em suas consequências, à Reforma que dividiu a cristandade no século XVI... Hoje não temos um cânone, mas temos sede de informação, temos uma nova tecnologia de distribuição e um milhão de fornecedores de conteúdo. A velha guarda da velha mídia está em uma situação semelhante à da Igreja Católica Romana quando Lutero se ergueu para questionar a autoridade do papa. Assim que a centelha de Lutero acendeu o fogo, a disponibilidade de edições da Bíblia tornou o inevitável o colapso da autoridade da Igreja, embora a luta tenha sido longa e frequentemente sangrenta (2007, p.17). A revolução na comunicação pela web tomou fôlego com ferramentas de publicação simples e aparelhos portáteis capazes de produzir conteúdo similar ao grande conglomerado da mídia. Tornou-se real a possibilidade de cada pessoa ter um veículo de comunicação na rede, como se cada um montasse a própria emissora de televisão e decidisse sobre a programação.
  • 21. 19 A explosão de celulares com câmera e aparelhos digitais com lentes ajudou a iniciar um movimento irreversível, onde a mídia começa a reconhecer a audiência como produtora de conteúdo. Um fenômeno sem precedentes, capaz de gerar uma revolução midiática muito bem descrita por Ana Foschini e Roberto Taddei na “Coleção Conquiste a Rede” – edição Flog e Vlog, (...) O mundo ganhou muitos autores e cidadãos jornalistas que, mesmo não sendo profissionais da comunicação, divulgam notícias. Há momentos em que os amadores são os únicos capazes de obter imagens de momentos importantes. É uma questão de estar com equipamento no lugar certo e na hora certa e de ter a presença de espírito de registrar o momento. Foi assim que vimos as imagens do ataque terrorista às torres gêmeas do World Trade Center em 2001, o tsunami no Oceano Índico em 2004 e o impacto da explosão de bombas dentro de trens do metrô de Londres em 2005, por exemplo. (2006, p.13). Os casos citados acima são alguns dos inúmeros registros já feitos por pessoas anônimas, que por meio de seus dispositivos móveis, ultrapassaram o poder dos grandes conglomerados midiáticos, que sem opção, cederam à pressão dessa mídia nova e a todo o dinamismo da informação gerada pelos meios eletrônicos. As emissoras de televisão abrem ainda mais espaço para produções realizadas por amadores em seus telejornais e programas de variedades. Quadros que destacam os vídeos da internet são apresentados em emissoras do mundo inteiro, manchetes como a do enforcamento do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein - condenado pela morte de 148 civis xiitas na década oitenta - chegaram primeiro ao Youtube. Mais uma vez, o furo jornalístico veio das mãos de um cinegrafista amador, portado de um celular e conexão a internet. A imagem da pena submetida ao ex-governante árabe percorreu o mundo em poucas horas por meio das agências de noticias1 . A facilidade e agilidade empregada pelas plataformas de blogs tornaram-no um veículo com disposição a segmentação de conteúdo em acordo com os assuntos e interesses definidos por cada blogueiro, isso fez com que o número de páginas disparasse a 1 New York Times. 29/12/2006: “Redes de TV nos EUA tentam definir como mostrar execução de Saddam”. Disponível em: < http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,AA1403685-5602,00.html>
  • 22. 20 cada mês. Um efeito sem volta, iniciado principalmente, pelo Blogger que por anos se firmou como a mais popular plataforma de weblog (RECUERO p.27), e que mais tarde, foi adquirida pelo Google, já reconhecida como a companhia que revolucionou as buscas virtuais por meio de seu algoritmo. Muitos passaram a usar o blog como um espaço opinativo sobre diferentes questões e temas, como: televisão, música, gastronomia, artes, literatura e fotografia. Só em abril de 2007, o Technorati (Principal ferramenta de indexação de blogs, com aspecto semelhantes ao de uma rede social, muito utilizada como um agregador de notícias e de troca de links entre os internautas) registrava 175 mil blogs por dia e cerca de 1,6 milhão de postagens publicadas diariamente, ou seja, o equivalente a 18 atualizações por segundo. Tais números são capazes de impressionar até os mais céticos, ainda mais, se o compararmos a antigos veículos de mídia e comunicação, como os citados em “O Leitor de Blogs: Um estudo com Base nos blogs mais acessados do Brasil”. Assim, para atingir um milhão de usuários, a telefonia fixa demorou 74 anos; o rádio, 38 anos; os computadores, 16 anos; os celulares, 5 anos, a Internet, 4 anos. A grande variedade de assuntos disponíveis e antes não explorados abre o caminho para uma nova fase no ciberespaço (Termo criado pelo escritor norte-americano William Gibson em 1984. Amplamente utilizado para definir um ambiente onde o homem tem acesso à informação sem estar presente fisicamente). Esse processo de segmentação dos blogs por assuntos foi batizado como “nicho”. As páginas dedicadas a uma só linha editorial despontaram como os mais buscados pelos internautas. O Technorati, aproveita-se da sua base de clientes cadastrados para estudar os mais diversos aspectos da blogosfera mundial relatórios anuais nomeados como “The State of Blogosphere” que apresenta registros para destacar humor, política e a tecnologia entre os assuntos que impulsionaram a nova fase vivenciadas na reconhecida blogosfera (termo cunhado em 10 de setembro de 1999 pelo blogueiro Brad L. Graham. Ele foi recunhado em 2002, rapidamente adotado e propagado pela comunidade de blogs sobre guerras em curso (warblogs). Na mídia estadunidense o termo passou a ser empregado para caracterizar a opinião da audiência sobre a ofensiva norte-americana no Oriente Médio).
  • 23. 21 1.3.2 WEBJORNALISMO CONTRA OS BLOGS DE NICHO Como observado pelos estudiosos, Ravi Kumar, Prabhakar Raghavan, Jasmine Novak e Andrew Talkins no artigo acadêmico “On the bursty evolution of blogspace” é perceptível como os blogueiros estão frequentemente envolvidos em grupos pequenos que são capazes de impor leituras similares a seus leitores, formando assim, pequenas redes de conteúdo com interesses similares. A grande mídia nunca foi capaz de agradar aos diferentes interesses do público, mesmo diante do dito jornalismo especializado. O nicho na blogosfera foi capaz de suprir uma antiga necessidade, uma vez que o blogueiro tem a opinião pessoal e a liberdade como importantes aliados. Características capazes de gerar polêmica entre alguns estudiosos que observaram o fenômeno gerado pelos “blogs de guerra”. Ao observar como o blogueiro é capaz de atrair audiência e aprimorar seu espaço para transmitir cada vez mais informação especializada, pesquisadores como Allysson Martins e Cláudio Paiva demonstram na publicação “As Ferramentas da Blogosfera e as Características do Webjornalismo” passaram a questionar a relação entre o blog de nicho e o webjornalismo, mas os principais estudos fincaram os grandes portais e sites como objetos exemplificadores da questão. Assim, devemos observar que a grande mídia é pautada pelo denominado interesse público, uma série de assuntos, julgados em reuniões de pauta, pelos editores e jornalistas ligados ao veículo. Mas a reunião de pautas pode estar suscetível aos interesses comercias ou até mesmo, pessoais e políticos dos grupos e proprietários do jornalismo tradicional. Enquanto o blogueiro pauta-se por aquilo que ele julga como relevante em seu nicho. Surge assim, o que pode ser considerando como novo gatewatching. Este conceito de tamanha importância foi profundamente analisado por Bruns, Axel ao destacar o novo momento vivenciado pela comunicação ao destacar a profusão de espaço a ser utilizado no ambiente online. O pesquisador considera que o alto e crescente volume de dados supera as limitações empregadas pela publicidade presente em veículos como rádio e televisão.
  • 24. 22 A internet apresenta a democratização de todo esse espaço, já que a mesma não está presa a nenhuma limitação comum em outros veículos de mídia, e assim, as notícias antes rejeitadas ou não publicadas, ganham espaço no mundo virtual. No entanto, deve-se destacar que as informações consideradas mais importantes em um website ou blog ganham algum destaque na home page ou sidebar da página, com hiperlinks e chamadas que possam atrair a atenção do internauta, um processo já utilizado por publicações impressas e que Bruns nomeia como publicizing. Ao observar o comportamento do internauta e editores o pesquisador conclui ainda que o webjornalista não é mais um profissional que vai às ruas para apurar o fato e levá-lo ao ar. Agora, o jornalista coleta dados em sua posição na redação, transformando os em uma espécie de “bibliotecário” um profissional que trabalha na publicação de notas jornalísticas e na coleção do maior número possível de documentos. Mas ao perceber o engajamento do profissional Bruns é capaz de encontrar um novo termo ao “novo gatekeeper”, seria o gatewatcher, capaz de observar e definir a relevância das informações e torná-la disponíveis ao seu público (Bruns, 2005 p.11). Pode-se dizer então, que o blogueiro quebra uma série de paradigmas presentes no embrionário jornalismo digital atrelado aos veículos impressos, rádios e redes televisivas. Mielniczuk, Luciana caracteriza, o então, jornalismo novo como “versões de jornais já existentes no papel, seções de notícias em portais ou produtos desenvolvidos especificamente para a web”. Em acordo com essas informações, é possível dividir o webjornalismo em duas fases distintas. A primeira geração destaca-se no início da popularização da internet, seguido por uma fase de transição para o jornalismo digital semelhante ao que vivenciamos no presente: Essa fase de transposição acontece quando o produto da web é igual ao do jornal impresso, isto é, a empresa copia literalmente o conteúdo veiculado no papel. Na segunda geração, a fase da metáfora, o produto do webjornalismo ainda se baseia no veículo impresso, mas começa a utilizar algumas das características que vão marcar o webjornalismo de terceira geração, como a hipertextualidade, através de links como menu para navegação. Por fim, na fase do webjornalismo, os produtos não têm vínculos com o veículo impresso. É nessa geração que nascem os dispositivos propriamente da web. (MARTINS: PAIVA, 2009, p4)
  • 25. 23 Assim, pode-se concluir, que o blog está inserido na última fase do webjornalismo, uma vez que o weblog é um produto específico da internet, cujo material é produzido especialmente para o ambiente em que está com formatação e até mesmo redação muito bem definidas para meio online. Mas é perceptível o fato que a grande mídia não conviveria bem com a nova concorrente. No Brasil, o caso de maior repercussão foi dá série de campanhas do impresso Jornal Estado de São Paulo contra a blogosfera. As peças publicitárias e campanhas de televisão foram levadas ao ar em agosto de 2007 atacando os autores de blogs. A mensagem generalista atacava a credibilidade dos blogueiros, ao afirmar sua falta de experiência e especialização. Já a campanha televisiva comparava o blogueiro a um macaco de laboratório devidamente estudado e sem vontade ou opinião própria2 . A campanha do jornal foi interpretada de modo agressivo pela blogosfera brasileira, que por sua vez, concebeu uma ofensiva contra o veículo por meio de imagens e posts como o de Carlos Merigo para o Brainstorm 9, que abordou a questão de modo pontual, ao destacar o momento vivenciado pela blogosfera na ocasião: Milhares de blogs ao redor do mundo estão conseguindo trazer, antes, informações relevantes para um determinado público, ditando tendências e decisões estratégicas de grandes marcas. Mas o mais curioso, é que o O Estado de São Paulo parece ir contra o seu próprio mercado, onde jornais estão integrando as ferramentas da web e trazendo os leitores para dentro do jornal, convidando-os a participar. A mídia tradicional sempre estará aí, será a líder, mas alguns membros desse segmento ainda terão que aprender a lidar com o novo, pois não tratam-se de “diários virtuais de adolescentes ociosos”, mas de uma mudança social mais do que consolidada. O weblog apresentava-se cada vez mais integrado aos veículos de massa. O Estado de São Paulo se posicionou contra o próprio mercado que começou a explorar o 2 A campanha está disponível no Youtube pela url: http://www.youtube.com/watch?v=QfrxH9sGlfs
  • 26. 24 blog como uma ferramenta para oferecer conteúdo complementar ao leitor internauta. Veículos impressos transferiram colunistas para o ciberespaço, com uma frequência maior de atualizações, e consequentemente, maior interação vinda do público por meio das ferramentas de comentários disponíveis no rodapé das atualizações A repercussão do episódio fez com que o veículo promovesse um evento chamado Responsabilidade e Conteúdo Digital, uma mesa-redonda com um único propósito: Desculpar-se da campanha repleta de estigmas. Em relato no blog “Jornalirismo”, Guilherme Azevedo descreve o pedido de desculpas do tradicional veiculo feito – na ocasião – pelo jornalista especial Roberto Godoy: "A campanha não teve o objetivo da ofensa ou da irritação... Amamos os blogs", resumiu. 1.3.3 A BLOGOSFERA GANHA RELEVÂNCIA Mais tarde, onde o blog passa a ser visto como uma mídia especializada por muitos internautas e até pelo marketing de certas companhias interessadas no dinamismo na produção de conteúdo dos blogueiros, que ao utilizar câmeras, filmadoras, webcams e gravadores digitais para publicar seu ponto de vista crítico sobre as novidades do mercado tecnológico elevaram os blogs a categoria de veículos de publicidade e marketing espontâneo na visão de algumas companhias do Vale do Silício. Uma das pioneiras no uso da blogosfera como mídia especializada foi a Apple de Steve Jobs. A companhia do Vale do Silício foi a quem do seu tempo e percebeu o potencial do blogueiro tecnológico, ao categorizar o mesmo como um importante formador de opinião. Desde então, blogueiros e jornalistas dividem espaço nas convenções da empresa que desse modo, obtêm até hoje, um grande buzz no lançamento de seus produtos, uma vez que a blogosfera e a mídia tradicional transmitem em tempo real as conferências e a apresentação de aparelhos desenvolvidos pela companhia. Alguns, como Maristela Alves, apontam a blogosfera como à grande responsável pela repercussão na apresentação do primeiro iPhone, lançado no dia 29 de junho de 2007.
  • 27. 25 Ninguém explora melhor este potencial do que Steve Jobs. Se no ano passado o grande hype que se formou em torno do lançamento do iPhone, em 2008 a onda do momento foi o propalado lançamento do Mac Book Air, o notebook que cabe num envelope de papel pardo. O MacWorld anualmente provoca uma onda "viral", disseminada pelos blogs que faziam a cobertura do evento, e fez com que um verbete sobre o iPhone já aparecesse na Wikipedia minutos após a palestra de Steve Jobs sobre o lançamento do produto no ano passado, e que fossem publicados no YouTube mais vídeos sobre o gadget da Apple do que sobre a Gucci ou o Papa Bento XVI3 .. A empresa de Steve Jobs não tratou somente o blogger como um formador de opinião e influenciador, mas também, como uma grande ferramenta de marketing decisiva para aquisição de seus produtos. A companhia tratou de distribuir informações relevantes e precisas aos editores de weblog. Onde todos, recebiam em um release, imagens, tutoriais e todas as especificações possíveis dos produtos da marca. Ao agir assim, a empresa tende a impedir que informações erradas, capazes de exercer a desistência na compra de um aparelho da companhia, fossem publicadas. A estratégia de voltar os olhos à blogosfera foi crucial, uma vez que o iPhone era visto por analistas como um aparelho desacreditado, antes mesmo do lançamento, o que gerou inúmeras previsões de fracassos e desconfiança do mercado. Em entrevista a rede de telenotícias norte-americana CNBC-TV – o então Presidente Executivo da Microsoft, Steve Ballmer – no cargo desde 1998 chegou a prever o fracasso do aparelho, classificando a invenção como um gagdget de nicho, incapaz de atrair os executivos pela ausência do teclado físico, fundamental para o envio de e-mails seguindo4 . A mídia classificava o aparelho como um gadget caro e que não faria sentido com o momento tecnológico. As previsões geraram expectativa, e resultaram em um absurdo sucesso de vendas e uma referência de mercado. A multinacional representada pela logomarca de uma maça mordida surpreendeu o mundo ao disponibilizar um aparelho 3 Vide ALVES, Maristela em Referências. 4 O vídeo com o trecho da entrevista e sua descrição está disponível em: http://articles.businessinsider.com/2010-06-30/tech/29972743_1_phones-macworld-interviewer, acessado em 12/02/2012.
  • 28. 26 de uso simples e intuitivo e repleto de aplicativos (pequenos softwares que desempenham funções determinadas no aparelho). Ao olhar para o passado, percebe-se que o iPod e o iPhone inauguram uma nova forma de tratar e relacionar-se com os dispositivos móveis e internet. A tecnologia de ponta ultrapassa a barreira das grandes máquinas e torna-se compacta, por meio de aparelhos que podem ser levados para onde o usuário desejar. A revolução digital inicia uma nova corrida industrial entre a Apple e as concorrentes, que agora investem grandes quantias de dinheiro na tentativa de recuperar a fatia do mercado obtida pela “maça”. A competição dos bastidores ganha à blogosfera que destaca o feito da Apple adotar a integração na fabricação e desenvolvimento de suas patentes, fator responsável em grande parte, pelo a admiração que envolve os aparelhos e sistemas operacionais da companhia. (Leander. Kahney, p.30) Em 2007, a Revista “Time” cedeu ao aparelho celular da Apple, o “título de invenção do ano” por compreender navegador web e player de mídia em um gadget compacto, de design atraente e tela sensível ao toque. Assim, o revolucionário telefone celular modificou todo o traçado da tecnologia móvel, que anos mais tarde, presenciaria o lançamento de computadores portáteis, com opções mais complexas do que as oferecidas nos chamados smartphones. Em um formato de prancheta, os tablets despontam na atualidade como a revolução do mercado no uso de computadores pessoais.
  • 29. 27 2. A OPINIÃO INDEPENDENTE PODE SUPERAR OS GRANDES PORTAIS 2.1 NOVOS HÁBITOS PARA O CONSUMO DO CONTEÚDO VIRTUAL Maristela é efusiva ao destacar em seu artigo o movimento inverso gerado no jornalismo. Agora o blogueiro passa a ser uma fonte da mídia tradicional. O número de jornalistas monitorando blogs para obter notícias foi crescente. Esses profissionais procuram informações, aprofundadas, capazes de acrescentar suas reportagens tecnológicas. O público tende a exigir ainda mais especialização na blogosfera e no jornalismo tecnológico. Aqueles que não acompanham a tendência submergem sua imagem com a exigente audiência, fruto de um mundo, agora, dominado pela presença de inúmeros aparelhos voltados ao trabalho e entretenimento. Em 2010 o mundo é apresentado ao iPad, um novo dispositivo já reconhecido no mercado como tablet. A inovação criativa da equipe de Steve Jobs segue a mesma fórmula de sucesso dos smartphones, associados, estes aparelhos demonstram o como a informação está acessível, a tecnologia não é mais um artigo de luxo ou de exclusividade dos amantes da tecnologia. Agora, ela mergulha em nossas rotinas, agrega plataformas e atrai atenção de todos os tipos de consumidores. A edição número 77 da revista Dicas Info Exame, referência nacional em jornalismo tecnológico, dedicou espaço para sintetizar o novo momento da cibercultura, capaz de elevar os nerds ao topo da pirâmide do conhecimento. Representados, anteriormente, pelo mercado do entretenimento, como impopulares e potenciais vitimas de bullying, os nerds e geeks, invertem a imagem recrida nas telas e publicações. Agora, os entendidos da tecnologia representam uma nova elite cultural, capaz de causar admiração e influenciar diferentes setores: O bastão do poder passou por diferentes mãos ao longo da história. Na antiguidade, os homens que influenciavam a vida das pessoas eram os donos de terra. Tome como exemplo o imperador romano Júlio César. Nascido em 100 a.C conquistou um território que começava em Roma e ia até o Oceano Atlântico, passando pelo norte da África. Juntas, as terras somavam 2,75 milhões de quilômetros quadrados.
  • 30. 28 Mas adiante, nos séculos 18 e 19 a revolução industrial fez com que o poder se transferisse para os grandes grupos econômicos. Um dos empresários que se beneficiaram com a mudança foi Henry Ford, fundador da montadora que leva seu nome. Agora, na era da informação, poder é sinônimo de conhecimento (Info Exame, Ed. 303, p.48). Jovens brilhantes como Mark Zuckerberg, cofundador da maior rede social do mundo, o Facebook (cuja história foi retratada no livro “Bilionário Por Acaso – A Criação do Facebook. Uma história de sexo, dinheiro, genialidade e traição”, cujo roteiro foi adaptado para o filme “A Rede Social” lançado em 2010), serve de inspiração ao estilo, comportamento e os sonhos de muitos jovens da chamada geração Y, conceito sociológico que identifica os nascidos na década de 1980 a meados da década seguinte. Frutos de um período repleto de grandes avanços tecnológicos, prosperidade econômica e a quebra de paradigmas religiosos e culturais. Presidentes e fundadores das principais companhias tecnológicas do Vale do Silício tornam-se verdadeiras celebridades em um mundo cuja tecnologia criada por estas mentes impulsiona um fenômeno que é gerado pela quantidade de informação ao qual a pessoa é submetida diariamente. Essa avalanche de informações é capaz de instituir novos hábitos ao internauta que passa a empregar, até mesmo, o uso da “memória externa”. A pesquisadora Sparrow Betsy, professora da Universidade de Columbia (Nova York – Estados Unidos da América), sugere que a população jovem utiliza os serviços de buscas como uma extensão memorial, tornando o homem cada vez mais dependente das informações disponíveis na rede. O internauta memoriza as informações mais importantes em pesquisa e arquiva em sua memória o caminho para obter mais informações quando for preciso. O efeito de “googlar” as palavras como uma extensão do pensamento humano é somente uma das interferências da tecnologia estudadas no plano sensorial. Já outro relatório, realizado em 2009, pela Universidade da Califórnia em San Diego, calcula que cada cidadão norte-americano consome o equivalente a 34 Gigabytes de informação diária entre o consumo de vídeos, mensagens sonoras e escritas5 . 5 Agência EFE. 09/12/2009: População consome 34 Gb de informação diária. Disponível em: < http://noticias.r7.com/tecnologia-e-ciencia/noticias/americanos-consomem-34-gigabytes-de- informacao-por-dia-20091210.html >
  • 31. 29 Dados assim, tão precisos, ajudam a confirmar a complexidade que é atrair a atenção da audiência na atualidade. Agora o “público é o editor” (Hugh Hewitt, 2007, p.140) e tem a sua disposição ferramentas para filtrar o excesso de informações diárias, além de segmentar o que mais interessa para sua leitura cotidiana. Assim, leitores de feed, agregadores de redes sociais, listas, grupos e sincronizadores de redes sociais são pequenos exemplos levantados pela reportagem “Overdose de Informação” da Revista Dicas Info, edição n° 77 p 56. Nota-se que o blogueiro precisa utilizar técnicas distintas para combater o excesso de informação, a extensão digital da memória e filtro pessoal – comportamentos impostos pelo movimento da cibercultura – desse modo, além de demonstrar-se um grande especialista no que aborda e conhecer a fundo os principais termos do universo que o mesmo analisa. Já outros se dedicam a transmitir mais tutoriais e dicas ao internauta, como é o caso do Techtudo, site que reúne uma vasta equipe de blogueiros e especialistas em tecnologia, agregado ao portal de notícias Globo.com, empresa pertencente ao conglomerado midiático das Organizações Globo. Porém, alguns bloggers se veem obrigados a segmentar ainda mais seus nichos, tratando de fabricantes específicas de celular, por exemplo, além de aperfeiçoar palavras chaves para obter maior relevância em ferramentas de busca, como o Google. Assim, o blogueiro pode objetivar e atrair mais visitas a sua página, bem como, desenvolver uma comunidade ampla e participativa em volta do seu blog. O Jovem Nerd pode ser apresentado como o caso mais representativo de blog com uma comunidade ativa e exigente. Fundado em 2002, o blog recebe cerca de 50 mil visitas por dia, seu público é composto basicamente por jovens de 18 a 35 anos, 85% da audiência representativa de sua página. Em 2006, a página de humor geek lançou um podcast (um formato de programa de rádio editado exclusivamente para internet. O ouvinte pode reproduzir o arquivo direto de uma página ou proceder com o download do arquivo MP3) batizado como “NerdCast”. O podcast trata-se de uma “mesa-redonda” sobre variáveis assuntos do cotidiano nerd a vida de personalidades, como o comunicador Silvio Santos. O Jovem Nerd é um complexo exemplo de blogs que produzem conteúdo para diferentes plataformas e que transformam seus criadores em formadores de opinião
  • 32. 30 cultuados por um público muito segmentado, ao ponto de formar uma empresa. A Pazos & Ottoni Ltda coordena o trabalho de conteúdo que envolve o Nerdcast “baixado” cerca de oitenta mil vezes por semana, o programa de vídeo do Jovem Nerd para o Youtube, o Nerd Office, recebe mais de cem mil visualizações a cada semana de divulgação, a página oficial no Facebook reúne cerca de setenta mil fãs e seu profile no microblog Twitter conta com mais de cem mil seguidores6 . Em estudo realizado pela Boo-Box no primeiro trimestre de 2011 demonstrou que a maioria da audiência dos blogs brasileiros é composta por uma maioria feminina que consome 68% de entretenimento contra 17% de informações relacionadas à tecnologia. Ao combinar o entretenimento, humor, informação e tecnologia, o Jovem Nerd desponta como um comovente case de sucesso da blogosfera aqui estudada. 2.1.1 OS PERCALÇOS NA MANUTENÇÃO DE UM BLOG Antes de analisar as questões relevantes à blogosfera de tecnologia, deve-se entender que atualizar um blog vai muito além de escrever artigos, pesquisar e construir conteúdo. Muitas páginas nascem de modo despretensioso, trata-se do seu dono compartilhando opiniões sobre um assunto que o mesmo tenha mais afinidade. Já o blogueiro que opta pela profissionalização da sua página, não deve manter seu foco só nos artigos, é necessário o conhecimento em HTML, para fins de publicação na ferramenta, edição de imagens, conhecimento mínimo em outros idiomas com o objetivo de formar uma lista de boas fontes nacionais e internacionais, além de estar a par das otimizações e ferramentas voltadas ao uso dos publishers. Certamente, a monetização é um assunto que é cada vez mais debatido entre os blogueiros que buscam a profissionalização. No entanto, “desde 2007-2008, com o boom de blogs na internet brasileira, ficou entendido que blog profissional é a pessoa que consegue viver só com o blog, ou seja, ganhar dinheiro com o blog.” (Mobilon7 ), um pensamento que não condiz com a realidade, uma vez que uma simples acomodação de 6 Parte dos dados obtidos por observação das redes sociais do blog e pelo mídia-kit disponível para consulta pelo seguinte sítio eletrônico: http://www.ftpidigital.com.br/portifolios/midiakit_jovemnerd.pdf. última revisão de dados realizada em 26/05/2012.
  • 33. 31 banner em um layout pode ser o suficiente para gerar rede em um espaço eletrônico, que é sujeito, claro, a quantidade de tráfego recebida pela página. Faustino pondera em seu livro “De desconhecido a Problogger”, todo o caminho que um editor enfrenta ao profissionalizar e gerar lucros com a sua página. Entre os principais, está a falta de investimentos no próprio meio eletrônico. O mito sobre a gratuidade no uso das plataformas de blogs faz com que muitos pensem que um site não é passível de investimentos. Mero engano daqueles que se impressionam com as cifras geradas por empresas 2.0. 1. Um blog deve ter objectivos definidos desde o início. Não ter objectivos definidos significa perder dinheiro, não ter orientação e/ou não saber para onde se caminha. 2. Um blog não pode ter sucesso se não tiver uma audiência alvo definida. Os anúncios dispersam-se com a falta de foco, e a homepage do seu blog provavelmente estará relacionada com tudo e com nada Ao analisar as citações anteriores, podemos concluir que a manutenção de um blog depende de todo um planejamento conduzido por metas e estudos da audiência. Mas é evidente que editor da página enfrenta um demasiado volume de informações e distrações proporcionadas pela tecnologia atual. O blogueiro Gabriel Subtil, em entrevista concedida para esse estudo aponta seus maiores problemas ao produzir conteúdo voltado ao ambiente virtual. “A maior dificuldade é conseguir juntar tempo, paciência e me livrar da distração que a internet traz”. Manter-se em um ambiente repleto de informações, interação e hiperlinks pode contribuir de modo significativo com a ausência de concentração. Manter o foco é essencial na árdua tarefa a desenvolver conteúdo virtual. Publicadores especializados em ajudar blogueiros são específicos ao apontar a necessidade de um plano de negócios traçado pelo editor. “Não há um único plano a ser seguido, imutável. Mas cada etapa precisa ser revista, novas metas precisam ser traçadas e o que foi feito tem que ser avaliado.” (Lemos, 2009) 7 Palestra de Thiago Mobilon, fundador do Tecnoblog, realizada na Campus Party 2011. Link para o vídeo disponível em < http://www.ustream.tv/recorded/12152271>
  • 34. 32 2.2 OS DESAFIOS PARA POPULARIZAR O BLOG Nota-se que o blogueiro utiliza-se de fórmulas diferenciadas e adaptadas por cada editor para alavancar a audiência de sua página pessoal, na tentativa iminente de popularizar seu blog, e assim, torna-se um influenciador capaz de impulsionar a marca da sua página virtual para variadas plataformas na busca por atingir um grupo maior de internautas. A blogosfera tecnológica, no entanto, diferencia-se dos demais nichos, basicamente, pelo elevado número de páginas, seguindo a declaração do blogueiro Wallace Gonçalves Pereira, 28 anos, em entrevista: “Hoje vejo a blogosfera de tecnologia diversificada e muito competitiva. Por mais que digam que não existe, há competição sim, afinal o leitor não vai querer visitar diversos blogs e ver as mesmas notícias em todos. Não há apenas blogs para tecnologia em geral, mas há um bom número voltado para assuntos específicos, como telefones e câmeras”. O blogueiro subentende que a página e o conteúdo que ele apresenta devem dispor da sua opinião. Como abordado anteriormente, o expressivo volume de informações disponíveis, atualmente, pela rede mundial de computadores, faz com que o internauta desenvolva poderosos filtros. O especialista, quando capaz de transmitir seus conhecimentos de modo compreensível e aprofundado ao público em geral, tende a despontar dos blogs que costumam pautar exatamente o que os grandes portais noticiam. Seja uma simples seleção de imagens ou links, o weblog trata-se de um sítio que apresenta formas de publicação diferenciadas no ciberespaço é de responsabilidade do blogueiro, impor sua personalidade e modo de escrita diferenciada para ao benefício do seu visitante. Efimova e Hendrick apontam que os weblogs estão se tornando de forma cada vez maior, a digitalização da personalidade marcante de seus autores. “A maioria dos weblogs não são formais, sem face, sites corporativos ou fontes de notícias: eles são autorais por indivíduos (conhecidos como blogueiros), e percebidos como ‘vozes pessoais não editadas” 8 . 8 Tradução das autoras: “Weblogs are increasingly becoming the online identities of their authors. Most weblogs are not formal, faceless, corporate sites or news sources: they are authored by individuals (known as webloggers or bloggers), and perceived as ‘unedited personal voices’” (Efimova e Hendrick, 2005:2). Disponível em: https://doc.telin.nl/dscgi/ds.py/Get/File46041. Acesso no dia 20/03/2012.
  • 35. 33 A jornada pelo reconhecimento, respeito e influência costuma ser duradoura. É de obrigatoriedade do blogueiro, ainda, executar o bom uso das ferramentas de publicação dos seus textos na rede, bem como, aperfeiçoar as ferramentas utilizadas para divulgação e métricas. Produzir conteúdo relevante, e por fim, mover sua audiência de modo a interagir com seu público, ao ponto de constituir sua comunidade, conforme destaca o pesquisador Primo, Alex (2008, p. 123). Deve ficar claro que blogs são muito mais que uma simples interface facilitada para a publicação individual, como são frequentemente definidos. Faço tal alerta não apenas para criticar uma definição que se resume à descrição do meio, mas também para lembrar que os blogs são espaços coletivos de interação. Ou seja, blogs/espaço podem converte-se em um ponto de encontro. Tem razão De Kerckhove quando afirma: “Não creio que seja uma exibição do eu, mas antes da relação com os outros”. Como a maior parte dos posts apresenta um link para o serviço de comentários, tal apontador funciona como um convite para a conversação. A observação empírica das conversações em blogs não é trivial, por utilizarem apenas a escrita, ocorrerem de forma assíncrona e por vezes “escorrerem” para outros blogs e interfaces de comunicação. A concorrência, além do número já reconhecido de blogs populares entre os internautas que pesquisam sobre os assuntos abordados nesse nicho, criam a necessidade de elementos que possam diferenciar o blog dos demais é um desafio onde à experiência por parte de quem administra a página, tende a ser um fator crucial na busca pela relevância no ambiente online. Hoje, a forte aceleração econômica dos países emergentes pode parecer pequena, se comparada aos avanços do mundo digital ocorridos nos últimos cinco anos onde “sites e aplicações podem atingir a popularidade e reconhecimento dos internautas em questão de dias ou horas e decretarem a falência na mesma velocidade na qual essas empresas surgem” (Lariu, Alessandra Revista Info Exame, Ed 315, p.30) O autor do blog que busca popularizar sua página em meio à agilidade da informação no ciberespaço deve dominar técnicas únicas para distinguir suas páginas das demais. Um artifício que pode ser utilizado pelo blogueiro na busca do diferencial é utilizar em sua página o conceito multiplataforma, uma vez que o internauta tem a sua
  • 36. 34 disposição vídeos, textos, áudio e muitos artifícios gráficos, disponíveis na grande rede. Percebe-se que essa gama de conteúdo foi capaz de desenvolver novos hábitos no consumo da informação. Se antes, um livro era escrito e lançado, hoje, percebe-se a necessidade de apoio comunicacional nas mídias sociais com intuito de despertar a atenção do futuro leitor, bem como, situar o mesmo do lançamento do livro para que o leitor obtenha o interesse e venha adquirir à publicação. Muito empregado em portais de notícias como o G1 (pertencente às organizações Globo e que engloba todas as emissoras e veículos de comunicação do grupo, além de sites e blogs devidamente selecionados) e Folha.com (Portal da Folha de São Paulo, atrelado ao UOL, disponibiliza a íntegra da publicação imprensa, além de vídeos. Fotos e mídias complementares aos assuntos abordoados.), os infográficos, vídeos e podcasts são capazes de complementar a informação, atrair atenção do leitor e mantê-los por mais tempo na página. O blogueiro Gabriel Subtil, responsável pela página Tambotech, analisa essa questão de modo estratégico e que difere a cada nicho. “É como uma guerra, precisamos de várias ferramentas para conseguir comunicar com o público. Usar outras mídias faz você consegui falar com seu público de diversas maneiras e ao mesmo tempo dá ao blogueiro uma ferramenta para diversificar o conteúdo que muitas vezes não é completamente aproveitado em texto”.
  • 37. 35 2.2.2 O BLOGUEIRO E O CAMINHO PARA OBTER RELEVÂNCIA Recuero aborda mais uma vez a insatisfação do leitor do impresso com o tradicional jornalismo empregado nos meios de comunicação como uma das principais justificativas da relevância jornalística alcançada por alguns blogs. Observa-se a blogosfera como um “observatório da imprensa”, capaz de apontar erros com a colaboração de uma comunidade ativa. Os blogs de guerra são exemplos práticos da insatisfação coletiva com os meios de comunicação, segundo Recuero, a influência desses blogs se tornou evidente no início da ofensiva norte-americana no Iraque em março de 2003. Os editores dos blogs, ainda vistos como simples diários virtuais, abordavam a sua visão do conflito no decorrer da guerra. Os blogs começaram a ganhar espaço em outros meios digitais, até atingir a mídia tradicional. Na visão de Feltrin, isso é reflexo da personalidade e do relato do blogueiro, que traz à tona os fatos para contextualizar a notícia de modo aprofundado. Pode-se dizer que os blogs estão trazendo isso também porque eles próprios são frutos diretos de uma resposta à reivindicação da sociedade atual por uma informação mais complexa. O advento do uso dos weblogs como fonte de informação de relevância jornalística, em 2001 veio para responder a uma demanda da sociedade de ter ou trás visões dos acontecimentos, articulando os fatos como um todo e explicando o contexto em que eles estão inseridos. A relevância de alguns blogueiros frente aos veículos de massa fez com que alguns examinassem o trabalho executado pelas páginas como uma forma de “jornalismo amador” (Lasica -- 2002), que se destaca pela opinião do blogueiro, contra a tão advogada imparcialidade empregada nas redações de grandes veículos. Outro ponto alto para blogs diz respeito ao testemunho pessoal do blogueiro, capaz de posicionar o internauta com seu discurso direto e firme, característico a quem, vivenciou e esteve próximo ao fato relatado. A tecnologia empregada nos dispositivos móveis permitiu que o editor fosse às ruas acompanhar operações, coletivas de imprensa, o trânsito... Enfim, questões pontuais que traçam o cotidiano da população de modo geral.
  • 38. 36 Evidencia-se que a blogosfera tecnológica não estaria atrás dos demais editores, assim, a cobertura de grandes eventos e feiras do setor passam a pautar os blogs de tecnologia, demonstrando conteúdo até então, tratado de forma leviana ou ineficaz pela grande mídia. O blogger nesse tipo de cobertura costuma utilizar vídeos e fotos, a descrição da programação do evento, muita das vezes, fica em segundo plano. O objetivo nestes casos é integrar o internauta que não compareceu a localidade. Transformar o blog em uma mídia independente e bem estruturada oferece confiabilidade ao internauta, que por sua vez, tende a retornar para a página e indicá-la aos seus contatos. Um movimento natural, importante para propagação de qualquer tipo de conteúdo na web. Por isso, implantar identidade e o blog atual são passos primordiais para obter a relevância do blog, e assim, acompanhar a indicação do seu conteúdo para um número superior de pessoas na rede. Mas o processo para alcançar o “respeito” dentro do ambiente virtual pode ser árduo e complicado. Assim o blogueiro se vê obrigado a por em prática uma série de manobras evolutivas para, de fato, elevar a sua página no ambiente virtual. Entre as técnicas, destacadas por Faustino, Paulo podemos destacar: 1. Parceria: Uma remota prática da blogosfera para atrair tráfego, e empregada por muitos. Este exemplo em grande parte das vezes era constituído de um acordo bilateral entre os publicadores. Cada blog envolvido na parceria apresenta um link ou uma pequena imagem com a logomarca (banner) do blog parceiro, esse sistema vingou nos primórdios da blogosfera e vive um novo momento em tempos que a profissionalização e rentabilidade atingiram uma expressiva parcela dos blogs de nichos. Este diálogo entre blogs considerados parceiros ganha novos contextos e significados, se anteriormente, o link representava um voto de confiança, uma admiração praticada por ambas as partes, agora, pode ser negociado em páginas com acentuado número de visitantes. Uma das práticas de monetização atuais é a venda hiperlinks na barra lateral do blog, assim como, banners e até mesmo a indicação de links externos no interior de posts. Já em 1978, Enzesberger defendia a influência recíproca entre os emissores de conteúdo e do emissor ao receptor (PRIMO, 2003 p.2/17). Este princípio pode ser aproveitado por blogueiros que buscam investir para tornar o site fundamentalmente conhecido pelo público. O hiperlink é elemento forte capaz de agregar muito valor ao blog que o recebe, uma vez o que a página que estabelece o link está o indicando para os demais internautas,
  • 39. 37 um comportamento caracteristicamente humano, mas que é decifrado de modo semelhante pelos robots e scripts empregados nos principais buscadores da rede. 2. PageRank: O sistema do Google classifica cada página virtual com uma pontuação chamada PageRank, que determina por meios técnicos, a importância da página que aborda aquele assunto. Cada link recebido pelo site equivale a um ponto de confiança que é interpretado pelos robots da companhia, logo, a ferramenta leva em consideração dois fatores para classificar o site: O número de links que ele recebe e a quantidade de páginas que linkam o mesmo, assim, o Google consegue definir qual página será privilegiada nos seus resultados, para potencializar a probabilidade de encabeçar a primeira página em uma pesquisa, é que existe toda uma série de estudos sobre o SEO. 3. SEO (Search Enginer Optmization): uma das primeiras exigências abordadas por livros e blogs que se dispõem a auxiliar os autores. O SEO trata-se, basicamente, da busca por posições melhores em mecanismos de pesquisa ao utilizar palavras chaves e links que possam aumentar a relevância da página no algoritmo do Google (Faustino, 2010 p26). 4. Web Analytics: São ferramentas para análise de dados referentes a blogs e sites. Estas ferramentas apresentam de forma simples, tendências e análises sobre os visitantes da página, sendo capazes até, de apontar a região do globo que mais visita o blog, o navegador utilizado pela audiência e até o tempo médio por visita. Dados fundamentais para traçar metas, estratégias e direcionar o conteúdo da página (Faustino, 2010 p.6). 5. Conteúdo relevante: A internet exige, ainda, o refinamento do conteúdo utilizado pelo blogueiro da atualidade. O blogueiro que busca a especialização tende a ajustar seu conteúdo com as redes sociais, além de empregar a linguagem especifica ao seu público e conhecer o que agrada o mesmo. O bom conteúdo é replicado entre as redes sociais e blogs, o que pode submeter o mesmo ao “efeito viral”, ou seja, um conteúdo que é espalhado de forma descontrolada pela rede até atingir um surpreendente número de visualizações capaz de torna-se, até mesmo, um referência no ambiente virtual (Faustino, 2010 p.59).
  • 40. 38 3. QUANDO O BLOG ULTRAPASSAA BARREIRA DA BLOGOSFERA 3.1 A ASCENSÃO DA BLOGOSFERA NACIONAL Já no primeiro capítulo desse estudo, apontamos a ascensão dos blogs de guerra, capazes de pautar, até mesmo, à velha mídia como uma grande rede de páginas dispostas ao livre debate sobre a situação enfrentada pelos Estados Unidos, tanto interna, como externa. É de se esperar que o fenômeno fosse capaz de alcançar outras ramificações da blogosfera, acarretando, na popularização de muitos blogs de uma maneira geral. A blogosfera começou a despontar no cenário internacional e sua profissionalização seria nada mais que um processo que exigiria tempo. O Brasil viu a explosão do número de blogs já no início de 2002, quando o IG (afiliado da Brasil Telecom) desenvolveu um publicador próprio voltado, somente, ao cadastro dos seus clientes. O Blig foi só uma das ferramentas nacionais para divulgação de posts na rede, lá, o internauta contava com 50 layouts diferentes e um simples editor de HTML A iniciativa do discador abriu espaço para a versão nacional do Blogger, lançada por meio de uma parceria realizada com a Globo.com, e mais tarde, no UOL Blogs, plataforma mais popular entre os editores do país, que contou com uma grande campanha de marketing ao envolver o apresentador Marcelo Tas, primeiro blogueiro famoso a utilizar a ferramenta do UOL (FELITTI, 2010, p.7). Já em 2003, a blogosfera brasileira vivencia seus primeiros casos de profissionalização de weblogs, quando o “Mundo Perfeito” de Daniela Abade e “Eu Hein”, de Nelito Fernandes assinaram parceria com o Portal Terra. No acordo, a empresa espanhola bancava a hospedagem desses blogs, além de dividir as receitas obtidas para publicidade em banners. Assim, Nelito foi considerado pela jornalista Cora Ronai, o primeiro blogueiro do país a obter dinheiro com sua página e transformá-lo em renda extra. Finalmente alguém encontrou o caminho das pedras! O jornalista Nelito Fernandes, meu colega da “Época”, é o primeiro blogueiro brasileiro a receber pelo fruto do seu trabalho, realizando, assim, o sonho de onze entre dez confrades. Na semana que vem, embolsa um cheque de R$ 1.570,17 pela publicidade veiculada no seu Eu, Hein?. Isso ainda não faz dele um milionário.com, mas já representa um notável progresso em
  • 41. 39 relação a outros blogueiros que, como a vossa escriba, ainda pagam para blogar. (Cora Ronai, O Globo – 28/04/2003) Internautas brasileiros ainda acompanharam a explosão no número de blogueiras que abordam técnicas de maquiagem, seja por meio de posts repletos de imagens autoexplicativas ou videotutoriais. A blogosfera que aborda a beleza feminina tem a audiência muito fiel a blogueira e suas dicas, sem contar que o número de acessos pode surpreender a quem não era capaz de ver muita oferta neste setor. Talvez o primeiro blog nacional a ganhar proporções acima de qualquer pretensão tenha sido o Kibe Loco. A página voltada ao humor foi convidada a integrar a Globo.com, em simples questão de tempo, seus posts ilustravam páginas no caderno de entretenimento do Jornal Extra e seu editor, Antônio Tabet, se tornou redator do Caldeirão do Hulk, atração da TV Globo apresentada por Luciano Hulk. Logo, o número de editores que passam a integrar portais de comunicação aumenta consideravelmente (FELITTI, 2010, p.12). Esta junção caracteriza o crescente profissionalismo da blogosfera nacional. Só o portal IG adicionou Jovem Nerd, Brainstorm 9, Tiago dória e InterNey Blogs à rede. A Globo.com escalou, também, o Blog Instante Posterior e Jacaré Banguela, já o UOL foi precursor em adicionar páginas de alta relevância, mas que de fato, fossem capazes de acrescentar o conteúdo noticioso da página ao destacar o MacMagazine, voltado a noticiar sobre os aparelhos da Apple. 3.1.2 A PROFISSIONALIZAÇÃO DA BLOGOSFERA TECNOLÓGICA NO BRASIL E NO MUNDO Ao abordar o nicho tecnológico na atualidade, consegue-se abordar dois grandes blogs internacionais, de grande relevância, e pertencentes a grandes conglomerados de mídia, mas que enfrentaram o mesmo caminho, característico a muitos editores. O Gizmodo, Mashable, Engadget e Techcrunch são grandes responsáveis por pautar a mídia tradicional quando o assunto envolve o desenvolvimento de aparelhos, mídias sociais e outros aspectos tecnológicos.
  • 42. 40 O Mashable, fundado em 2005 pelo escocês Pete Cashmore, tem como foco principal as mídias sociais em suas páginas. Ao longo do tempo, obteve relevância e visitas suficientes para ser classificado como um dos 25 melhores blogs de 2009, capaz de alcançar 20 milhões de visitantes únicos a cada mês. O “Guia da Mídia Social” 9 preocupou-se em ser muito mais do que um website repleto de conteúdo, constatação perceptível ao observar iniciativas como a Mashable Connect, conferência que reúne profissionais ligados ao marketing, empresários e estudiosos. Em março de 2012, a CNN (Cable News Network) demonstrou interesse estratégico na compra do blog10 . A rede desembolsaria cerca de 200 milhões de dólares para adquirir o blog, e assim, tentar conquistar o público mais jovem e atualizado com as últimas ferramentas sociais. 3.2 CASES: BLOGS DE TECNOLOGIA DO BRASIL Os exemplos nacionais mais próximos do sucesso obtido pelo Mashable são o Gizmodo, Meio Bit e Tecnoblog, páginas pessoais que agora são profissionais e contam com a participação de colaboradores e funcionários. A relevância desses blogs é capaz de impressionar qualquer editor de publicação imprensa e percentual de visitantes capaz de superar seções de grandes portais do mundo virtual. Essas páginas são frequentemente acionadas para encabeçar campanhas de marketing digital, coletivas de imprensa e eventos voltados à área. Logo, questionar o porquê de tamanho sucesso dessas páginas é altamente aceitável, uma vez que os blogs, aqui citados, podem servir de inspiração para o trabalho de blogueiros iniciantes, além de pautar a velha mídia. 3.2.1 GIZMODO 9 Tradução de “The Social Media Guide”. Slogan utilizado pelo blog. 10 CNN negocia compra do Mashable Disponível em <http://www2.valoronline.com.br/empresas/2566354/cnn-negocia-compra-do-mashable-diz-guardian>
  • 43. 41 O Gizmodo é um blog de tecnologia presente em diversos países: Alemanha, Itália, Espanha, França e Reinou Unido são algumas nações que tem suas próprias versões do blog. Só nos Estados Unidos, o Gizmodo conta com mais de 60 milhões de pageviews/ mês. A chegada do Gizmodo ao Brasil aconteceu em setembro de 200811 , manobra que marcou a primeira operação do site na América Latina. Como em muitos blogs tecnológicos, o Gizmodo destaca o mundo dos gadgets, softwares cuja tecnologia de ponta desperta o desejo dos consumidores. São produtos também nomeados como Gizmos, expressão que inspirou o nome do projeto que se alto define “uma igreja aonde os tech lovers e geeks vão para realizar um culto”. Uma característica presente no blog, e comum aos demais, é a constante preocupação em simplificar a linguagem que envolve uma série de termos próprios a um padrão em que todos sejam capazes de compreender. Entretanto, percebe-se que muitas postagens consistem na tradução de artigos escritos em versões estrangeiras do site. O projeto do Gizmodo tem o apoio integral da Gawker Media, atual detentora do blog, já especialista em desenvolver conteúdo de qualidade para diferentes públicos, a Gawker tem sede em Nova York onde administra oito blogs aclamados como o Kotaku e o Lifehacker. A administração de um grupo de mídia pode levar a pensar que o blog tenha se desligado da essência opinativa das páginas pessoais, porém, o conteúdo faz questão de manter artigos opinativos, com muita propriedade e pitadas de humor. No período compreendido entre os dias 20 de maio a 31 de maio de 2012, a média de postagens diárias foi de 18 artigos escritos pela equipe do blog que conta com quatro editores – colaboradores. 11 Blog Gizmodo sai do ar em sua estreia no Brasil, FOLHA DE SÃO PAULO, 01/09/2008 Disponível em < http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u440075.shtml>
  • 44. 42 3.2.2 MEIO BIT O Meio Bit foi fundado em maio de 2004, pelo blogueiro Leonardo Faoro e Luiz Eduardo Nercollini. O blog passou pelo os mesmos caminhos obrigatórios a páginas que não contam com mídia e investimentos iniciais. O tráfego foi crescendo aos poucos, e logo, seus fundadores preocuparam-se em aperfeiçoar a experiência do usuário com um novo layout, logo, a necessidade de contar com mais membros na equipe. Anos de trabalho fizeram com que o Meio Bit tornar-se um dos blogs mais relevantes da blogosfera brasileira. O site conta, hoje em dia, com cinco colaboradores, entre eles, Nick Ellis e Carlos Cardoso, já reconhecidos como grandes nomes da blogosfera nacional. Mesmo com o número considerável de editores, o Meio Bit teve média de três atualizações diárias no período estudado (20/05 a 31/05/2012). Os posts abordam games, mercado mobile, apps, softwares e aparelhos de modo absurdamente claro e simples. O blog mantém uma linha de redação capaz de atingir até os mais leigos. 3.2.3 TECNOBLOG O Tecnoblog foi projetado por Thiago Mobilon, nascido em 10 de julho de 1986, criou o site em 2005, com objetivo inicial de “agregar todas as experiências tecnológicas vividas por seu dono”. O blog foi adquirindo público e relevância com muito trabalho, e atualmente, faz parte da Globo.com. Mesmo assim, Thiago garante manter credibilidade e liberdade para abordar, até mesmo, assuntos que envolvam o grupo de comunicação que seu site integra. As visitas cresceram de modo tão impressionante capaz de demandar a profissionalização do site em vários aspectos O blog passa a empregar linguagem de simples compreensão, mesmo ao tratar os termos mais técnicos que envolvem o mundo da tecnologia, mas percebe-se uma preocupação com relação a redação aprimorada de acordo com certos preceitos jornalísticos.
  • 45. 43 Para se aproximar do mercado publicitário e estar mais próximo das feiras, convenções e coletivas, Mobilon mudou-se de Americana para São Paulo, onde passou a dividir a casa com editores do seu blog. Em palestra durante a Campus Party 2011, Mobilon afiram que a “Techno house” foi um passo importante para a evolução do projeto. Agora seus colaboradores, antes, espalhados por diversas partes do país, iniciaram o processo para obter um ambiente profissional capaz de aprimorar o conteúdo e aspectos essenciais para divulgação e crescimento da página. O Tecnoblog passou por um período turbulento de mudanças e deixou de ser um simples sítio eletrônico com conteúdo digital, para assumir o posto de uma empresa registrada e com funcionários contratados, conforme instituído pela legislação vigente deliberada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, incluindo assim, deveres e benefícios trabalhistas passíveis a qualquer tipo de empresa. O site que virou uma empresa de mídia com sede em um centro comercial no bairro da Vila Mariana, capital do estado de São Paulo, conta com uma equipe de sete pessoas, incluindo editores, redatores, desenvolvedor e colunistas. O site conta com média diária de 10 posts e visitação de 1,1 milhão de visitantes únicos a cada mês12 . . 3.3 O PANORAMA DA BLOGOSFERA TECNOLÓGICA DO BRASIL Percebe-se que os maiores blogs citados apresentam características muito idênticas, uma vez que mantém estrutura de texto simples, para a compreensão dos mais apaixonados, técnicos e até mesmo, leigos do assunto. A estrutura do layout é muito parecida, principalmente, ao observar as cores utilizadas. Nos três casos, o branco e azul predominam sobre outras tonalidades. A posição dos banners ao longo da página pode até, dar a entender, que se trata de um comum acordo entre os editores. Sempre acima das postagens e com espaços demarcados na lateral, evitando qualquer espécie de confronto visual com o texto do blog. Logo, pode-se supor que os blogs seguem um padrão com relação ao layout, técnicas de 12 Dados obtidos em <http://tecnoblog.net/things/apresentacao-tecnoblog.pdf>
  • 46. 44 divulgação de até mesmo, formatação de texto, muito em parte, da série de artigos e metablogs que projetam assistência ao blogueiro iniciante, apresentando uma série de dicas quase unânimes sobre uma série de indagações e conteúdo voltado a blogosfera. O que de fato caracteriza essas páginas é a individualidade empregada nas postagens, o blogueiro ainda é muito fiel as suas convicções. A opinião é um atributo demasiadamente usado, não só para impor a personalidade ao seu endereço eletrônico, como também, para aprofundar em diversas questões e atender seu público da maneira que julgar pertinente. Impor autoconfiança, organização e demonstrar que está muito bem organizado são chamarizes capazes de conquistar o público fiel, cada vez mais complicado. A blogosfera é um veículo de mídia, mesmo que em grandes partes, não associada a extensos grupos de comunicação, sofre com as mesmas previsões submetidas a veículos como o rádio, televisão e jornal. Nem mesmo com os mais modernos avanços tecnológicos foram capazes de trazer esses veículos ao limbo da extinção, no entanto, é muito admirável a cautela ao abordar a internet e suas frequentes transformações. As redes sociais já chegaram a ser vistas como um potencial vilão, fato que agora está em desacordo com o momento da internet, uma vez, que muitos blogs utilizam esses canais para complementar suas informações, fazer a cobertura de eventos e produzir conteúdo exclusivo com a ajuda do seu público. Adequar os blogs as plataformas móveis e ao conceito multimedia é essencial, tona-se uma atitude essencial ao passar do tempo. O Tecnoblog lançou no inicio de 2012 uma versão voltada aos celulares e um podcast. Já é perceptível o resultado destas atitudes, atualmente, o podcast do blog conta com mais de 4,500 downloads por semana, já o número de internautas que acessam o blog pelo smartphone é 40% dos leitores fieis da página. Percebe-se que a blogosfera, tanto tecnológica, tanto de modo geral, caminha para desbravar novas plataformas e maneiras de diversificar seu conteúdo.
  • 47. 45 CONCLUSÃO O estudo aqui apresentado traçou uma linha evolutiva da comunicação humana para situar os fatores que constituíram o surgimento da blogosfera como um veículo de comunicação, independente e capaz de movimentar uma intensa comunidade para uma série de debates, nunca antes, vivenciado pela matriz do poder. O feito alcançado pela influência da blogosfera de guerra foi a precursora para levantar os debates sobre a relação do blogueiro com o webjornalismo. Logo, percebemos que o blogueiro foi além do que se esperava do jornalismo online em uma época que a internet evoluía a passos largos. O editor foi pioneiro em alimentar a página com informações de interesse segmentado, impor sua opinião e uma série de atributos que tornaram os artigos mais aprofundados nos temas abordados. Mesmo sendo responsável por um novo movimento do webjornalismo, o blogueiro sofreu muitas dificuldades em ser aceito como tal. Seja pelo público, como veículos concorrentes e pelo receoso mercado publicitário. A relevância surgiu aos poucos e ganhou maior repercussão com cases de sucesso de marcas e veículos de mídia que enxergaram além do seu tempo e incluíram os blogs em suas estratégias de mídia. Percebe-se, também, como o desenvolvimento da tecnologia foi fundamental para a ampliação da blogosfera e de debates virtuais que viriam a surgir com a sua ascensão. Smartphones, câmeras digitais – e tantos aparelhos – que ajudaram a propagar mensagens com maior agilidade guiaram um novo momento para a geração de conteúdo online. Em paralelo, o número de pessoas com acesso as novas tecnologias criou uma escala crescente de internautas que buscam conhecer melhor as funções de seus aparelhos, e assim, buscar informações para aperfeiçoar seu uso. O conhecedor destes avanços tecnológicos passou a ter o poder da informação, e assim, influenciar os demais. A geração Y recriou o modo de se relacionar com os demais e compartilhar a informação. Os blogs e as redes sociais passam a ser ainda mais populares e capazes de moldar o vocabulário e desejos de jovens sedentos pelas novidades do mercado tecnológico.
  • 48. 46 Outro ponto constatado foi a dificuldade diária enfrentada pelo editor do conteúdo para popularizar o mesmo. A opinião e identidade bem implantadas não são mais suficientes para atingir o auge na rede, agora, o blogueiro é obrigado a se reinventar diariamente na contínua busca pelo seu reconhecimento – ainda mais em um nicho tão competitivo na blogosfera – a tecnologia gera cada vez mais acesso, no mesmo ritmo em que aumenta o número de blogs dedicados a este nicho. Ao observar a evolução da blogosfera tecnológica internacional e nacional, alcançamos a conclusão que mais uma vez, o Brasil seguiu tendências internacionais, ao ver que o modelo de negócio era sim, capaz de gerar lucratividade e tonar-se autossustentável. Espero que o trabalho aqui exposto enquadra-se como base para estudos ainda mais aprofundados sobre as questões aqui levantadas, os dados apresentados servem como estímulo, também, a criação de novos trabalhos que tenham outros tipos de blogosfera como objeto de estudo. O estudo deve servir como reflexão para os rumos da blogosfera nacional e a necessidade crescente da profissionalização destas páginas.
  • 49. 47 REFERÊNCIAS AMARAL, Adriana; RECUERO, Raquel; Sandra Mortado. Blogs.com: Estudo sobre blogs e comunicação. Ed. Única, São Paulo, Momento Editorial, 2009. BARBOSA, S. Jornalismo Digital de Terceira Geração. ed. única. Covihá, 2007. Esqueça o Previsto e Abrace o Inesperado. REVISTA INFO EXAME, SÃO PAULO, abr. 2012, Ed. 315 p. 30. HEWITT, HUGH. Tradução Alexandre Martins Morais BLOG: Entenda A Revolução Que Vai Mudar Seu Mundo. Edição única, Rio de Janeiro, Thomas Nelson Brasil, 2007. KARNEY, LEANDER. A Cabeça de Steve Jobs. 2° reimpressão, Rio de Janeiro, Agir Editora Ltda. KUMAR, R.; NOVAK, J.; RAGHAVEN, P.; TOMKINS, A. “On the bursty evolution of blogspace”. In: Proceedings of the twelfth international conference on World Wide Web. Budapest, Hungary, p. 568576, 2003. LAMBERT, L. The Internet: A Historical Encyclopedia. Biographies, Volume 1, Santa Barbara ABC-CLIO, 2005. MATTELART, A. Tradução Luiz Paulo Rouanet História Das Teorias Da Comunicação. Ed. 8, Edições Loyola, São Paulo, 2005. MELVIN L, BALL – ROCKEACH S. Tradução. Octavio Alves Velho. Teorias da Comunicação de Massa. Ed.5, Rio de Janeiro, Zahar, 1993. O Império Contra-Ataca. REVISTA INFO EXAME, SÃO PAULO, maio de 2011, Editora Abril, edição 303 p. 42. Paulo Vaz. Uma história da Social Mídia: De Gutenberg à Internet. Tradução 2002 Editora Zahar. BRUNS, AXEL Gatewatching: collaborative online news production. Edição I, New York, Peter Long Publishing, INC 2005,2009.
  • 50. 48 Allysson Martins, Cláudio Paiva. As Ferramentas da Blogosfera e as Características do Webjornalismo. Um Estudo da Experiência Comunicativa de Diogo Mainardi e Marcelo Tas. Universidade Federal da Paraíba. Disponível em < http://www.slideshare.net/allyssonviana/as-ferramentas-da-blogosfera-e-as-caractersticas- do-webjornalismo-um-estudo-da-experincia-comunicativa-de-diogo-mainardi-e-marcelo- tas>. Alves, Maristela. Título: Blog como plataforma de lançamentos de produtos. Disponível em: <http://imasters.com.br/artigo/7905/midiasocial/blogs_como_plataforma_de_lancamento_ de_produtos> Acesso em 12 set. 2011. FAUSTINO, Paulo. Desconhecido a Problogger. ed única .Lisboa: 2010. < http://www.escoladinheiro.com/como-criar-um-blog/ > Fernando Moreno da Silva em “O Leitor de Blogs: Um estudo com base nos blogs mais acessados do Brasil, 2009, Universidade estadual Paulista – UNESP. Programa de Pós Gradução em Linguística e Língua Portuguesa. Disponível em: <http://www.athena.biblioteca.unesp.br/exlibris/bd/bar/33004030009P4/2009/silva_fm_dr _arafcl.pdf> Acesso em 20 mar. 2012. FELITTI Guilherme, Marcos e diferenças: comparando o desenvolvimento da blogosfera nos Estados Unidos e no Brasil. Pontifícia Universidade Católica, São Paulo. Disponível em <http://www.intercom.org.br/papers/regionais/sudeste2010/resumos/R19-1186-1.pdf> Acesso em 31 maio. 2012. Foschini, Ana e Taddei, Roberto. Título: Conquiste a Rede: Flog e Vlog. Disponível em <http://www.anacarmen.com/download/conquiste-a- rede/Conquiste_a_Rede_Flog&Vlog.pdf > GOMES, Marcos. Título: Características da audiência dos Blogs no Brasil no primeiro trimestre de 2011, Disponível em <http://blog.boo-box.com/br/2011/caracteristicas-da- audiencia-dos-blogs-no-brasil-no-primeiro-trimestre-de-2011/>. Acesso em 04 set. 2011. LEMOS, Marcos Título: Trate seu blog como um negócio. Disponível em: <http://www.ferramentasblog.com/2009/11/trate-o-seu-blog-como-um-negocio.html> Acesso em 20 out. 2011. NOVAES, Caio. Título: A História da Blogosfera. Disponível em: <http://www.brogui.com/a-historia-dos-blogs> Acesso em 28 out. 2011.
  • 51. 49 SEVERO, Rafael Henrique. Título: O Desafio de Manter um Blog de Nicho, Disponível em <http://www.bloguinhodasdicas.com/2011/03/o-desafio-de-se-manter-um-blog-de- nicho.html>. Acesso em 20 abr. 2011. INTERNET PRIMO, Alex. Blogs e seus gêneros: Avaliação estatística dos 50 blogs mais populares em língua portuguesa. In: XXXI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Intercom 2008, Natal. Disponível em: <http://intercom.org.br/papers/nacionais/2008/resumos/R3-1199-1.pdf>. Acesso em: 04 abr. 2012. ___________. Os blogs não são diários pessoais online: Matriz para a tipificação da blogosfera - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, - UFRGS, 2008 p 213. Disponível em <http://www6.ufrgs.br/limc/PDFs/revista_famecos.pdf> Acesso em 25 maio. 2012. ___________. Quão interativo é o hipertexto? : Da interface potencial à escrita coletiva. Fronteiras: Estudos Midiáticos, São Leopoldo, v. 5, n. 2, p. 125-142, 2003 Disponível em < http://www6.ufrgs.br/limc/PDFs/quao_interativo_hipertexto.pdf> Acesso em 12 mar. 2012. ___________. F. T.; SMANIOTTO, Ana Maria Reczek . Blogs como espaços de conversação: interações conversacionais na comunidade de blogs insanus. e Compos, v. 1, n. 5, p. 1-21, 2006. Disponível em < http://www6.ufrgs.br/limc/PDFs/conversacao.pdf> Acesso em 14 mar. 2012. ___________ Título: O Fortalecimento das Redes de Nicho. Disponível em: <http://www.novagradiente.com.br/blog/o-fortalecimento-das-redes-de-nicho> Acesso em 24 abr. 2012. Título: CNN negocia compra do Mashable, diz site. Disponível em: <http://www2.valoronline.com.br/empresas/2566354/cnn-negocia-compra-do-mashable- diz-guardian> Acesso em 29 maio. 2012.
  • 52. 50 Título: “Estadão recua e diz a blogueiros: ‘Amamos vocês’” Disponível em: <http://www.jornalirismo.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=189> Acesso em 10 abr. 2012. Título: Efeito Google' reduz a memória, diz estudo. Agência EFE. 14/07/2011 Disponível em: <http://veja.abril.com.br/noticia/saude/efeito-google-reduz-a-memoria> Acesso em 02 maio. 2012. Título: História da Internet: O início, Revista Exame online, Disponível em: <http://exameinformatica.sapo.pt/noticias/internet/2009/10/29/historia-da-internet-o- inicio> Acesso em 12 maio. 2012 Título: População consome 34 Gb de informação diária. Disponível em: <http://noticias.r7.com/tecnologia-e-ciencia/noticias/americanos-consomem-34-gigabytes- de-informacao-por-dia-20091210.html> Acesso em 02 maio. 2012. Título: iPhone: Invention of the year, Time Magazine, 2007, Disponível em: <http://www.time.com/time/specials/2007/article/0,28804,1677329_1678542_1677891,00. html> Acesso em 29 abr. 2012. Título: Redes de TV dos EUA tentam definir como mostrar execução de Sadam Disponível em <http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,AA1403685-5602,00.html> Acesso em 14 maio. 2012. Título: Total de Internautas Cresce 13,9% no Brasil. Disponível em <http://tecnologia.ig.com.br/noticia/2011/05/04/total+de+internautas+cresce+139+no+bras il+em+um+ano+10413441.html >. Acesso em 18 set. 2011.
  • 53. 51 GLOSSÁRIO Algoritmo: Trata-se de uma sequência finita de instruções digitais bem definidas que podem ser executadas mecanicamente num período de tempo determinado. Banner: Formato publicitário simples, de utilização popular em blogs com. Configura-se, geralmente, em imagens estáticas ou sequenciais. Blogosfera: Termo que compreende a comunidade de weblogs Bullying: termo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais praticados por um individuo ou grupo de pessoas. Buzz: traduzindo ao pé da letra, buzz significa burburinho. Trata-se de uma mensagem que se propaga imediatamente e atinge um alto nível de pessoas. Gadget: Equipamentos com funções e propósitos definidos. Gatekeeper: Conceito jornalístico que define o que será publicado pelo veículo. Gigabyte: Unidade de medida de informação que equivale a 1 000 000 000 bytes GPS: Global Positioning System ou Sistema de Posicionamento Global. Aparelhagem que emprega o uso de satélites para informar a posição exata em um determinado ponto do mundo. Home Page: Página inicial de algum site na internet. HTML: (HyperText Markup Language) Linguagem universal desenvolvida para a construção de páginas virtuais. HTTPS: (HyperText Transfer Protocol Secure) Camada de segurança aplicada na linguagem HTTP que se comunica com os servidores para obter a posição exata de um site ou arquivo online. Internet Banking: Serviços de internet prestados pelo ambiente online. O cliente pode consultar o extrato, pagar contas e desenvolver outras atividades.
  • 54. 52 MILNET: Military Network, criada em 1983 foi uma rede que cuidava das informações militares dos Estados Unidos da América (EUA). MP3: Formato de arquivo utilizado para reprodução de músicas no computador e dispositivos portáteis. PageRank: Uma série de algoritmos de análise de rede que dá uma classificação numéricos a uma coleção de hiperlinks para medir a sua importância nesse grupo por meio de um motor de busca. PC: Equipamento de pequeno porte e baixo custo, que se destina ao uso pessoal ou por um pequeno grupo de indivíduos. Pendrive: Dispositivo constituído por memória flash, com aspecto semelhante a um isqueiro e uma ligação USB, capaz de armazenar gigabytes de informação. Permalink: Hyperlink permanente entre páginas. Podcast: áudio digital, frequentemente em formato MP3 ou AAC, publicado através de podcasting na internet e atualizado via RSS. Também pode se referir a série de episódios de algum programa quanto à forma em que este é distribuído. Robots: Linguagem virtual desenvolvida para melhor encontro dos links na rede. SEO: Search Engine Optimization Sidebar: Painel encontrado na lateral de blogs e websites, constituído, geralmente por links w widgets. Smartphone: Telefone com funcionalidades avançadas. Tablet: é um dispositivo pessoal em formato de prancheta que pode ser usado para acesso à Internet, organização pessoal, visualização de foto. Technorati: Motor de buscas especializado em blogs URL: ( Uniform Resource Locator), em português, é o endereço de um recurso disponível em uma rede,seja ela de qualquer porte. WEB: World Wide Web é uma série de páginas e documentos interligados e executados com a utilização de um navegador e conexão virtual.
  • 55. 53 ANEXO A Entrevista com o blogueiro Wallace Pereira, 28 anos, realizada por e-mail em 2/05/2012 Como você vê a blogosfera de tecnologia no Brasil? Acha muito competitiva? os blogs tem qualidade? O que falta? Hoje vejo a blogosfera de tecnologia diversificada. Não há apenas blogs para tecnologia em geral, mas há um bom número voltados para assuntos específicos, como telefones e câmeras. Por mais que digam que não existe, há competição sim, afinal o leitor não vai querer visitar diversos blogs e ver as mesmas notícias em todos. Quanto a qualidade, digo que tem sim. Os blogueiros experientes souberam valorizar esse espaço e nos tem brindado com blogs com informações confiáveis, para mim, imprescindível na internet. O que falta? Talvez blogs dos próprios fabricantes, de preferência com atualizações constantes. Como você procura dar identidade própria ao seu blog? Receita velha, procuro usar cores únicas para cada categoria. Na sua opinião como blogueiro, o que faz o internauta priorizar um blog na busca pela informação e não um portal ligado a um grande grupo de comunicação ou empresa de internet? Se for um internauta paraquedista, será a sua relevância nos sites de busca, mas para um leitor geek será a relevância do conteúdo. Como você define o que pode ser ou não relevante ao seu leitor? Como você acha que pode produzir conteúdo de qualidade e ao mesmo tempo, estar a frente nas pesquisas do Google? Sem citar números de acesso ou percentuais. No momento, quais são os 5 termos que mais direcionam internautas do Google para o seu site/blog? impressora, deskjet, canon, xerox, laser Quais são as redes sociais e técnicas que você utiliza para divulgar seu blog?
  • 56. 54 Facebook e Twitter. Participação em grupos de interesse em tecnologias de impressã Qual a maior dificuldade em escrever textos que devem agradar os mais experientes, exigentes e conhecedores do assunto ao mesmo tempo que deve informar e situar os mais inexperientes? Buscar utilizar termos nem tão nerds e nem tão noobs. Como um vlog ou podcast pode agregar conteúdo ao seu blog? Acredito que sim. No caso de um vlog, na demonstração da nova tecnologia ou fazendo-se o uso de infográficos seriam de grande valia, principalmente para os mais inexperientes.
  • 57. 55 ANEXO B Entrevista com o Blogueiro Gabriel Subtil, 27 anos, realizada em 2/05/2012. Como você vê a blogosfera de tecnologia no Brasil? Acha muito competitiva? os blogs tem qualidade? O que falta? A Blogosfera no Brasil parece que são grandes corporações pensam nas cifras, SIM tem bastante qualidade, mas falta PARCIALIDADE. Como você procura dar identidade própria ao seu blog? Sendo parcial, se você tem um blog e não coloca a sua opinião, o seu ponto de vista, você não tem um blog. Não tem como dar melhor identidade própria, sendo você mesmo. Na sua opinião como blogueiro, o que faz o internauta priorizar um blog na busca pela informação e não um portal ligado a um grande grupo de comunicação ou empresa de internet? Os Blogs no geral são de pessoas comuns, pessoas que realmente usam os produtos e que falam mal ( E COMO FALAM MAL ) quando precisa, os usuários procuram transparência, uma opinião sincera. A minha primeira coisa que vossa mãe faz ao ver uma propaganda é perguntar para a vizinha ou para a prima o que acham daquele produto ou serviço. Apenas Digitalizamos isso. Como você define o que pode ser ou não relevante ao seu leitor? Relevante é mostrar exatamente o que você pensa, o leitor procura alguém como ele para que possa entender ou compartilhar algo. Como você acha que pode produzir conteúdo de qualidade e ao mesmo tempo, estar a frente nas pesquisas do Google? As pessoas pensam que depende da estrutura técnica do Google para estar a frente em suas pesquisas, produzir um conteúdo que remete diretamente é EXATAMENTE o maior valor da equação para lhe deixar em destaque em pesquisas.