1. Cronologia do
25 de Abril de 1974
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A cronologia que será apresentada a seguir aborda os eventos que culminaram na
Revolução dos Cravos, ocorrida em 25 de Abril de 1974, em Portugal. Esse movimento,
liderado por um grupo de capitães do exército, que se transformou no Movimento das
Forças Armadas, marcou o fim de 48 anos de regime ditatorial, iniciado por António
Salazar.
19 de Abril de 1973
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Inicialmente decidimos abordar o dia 19 de Abril de 1973. Este ficou marcado pela
reunião entre membros da Ação Socialista Portuguesa na Alemanha, provenientes de
Portugal e de diferentes partes do mundo. Reuniram-se para aprovar a transformação
da Ação Socialista Portuguesa no Partido Socialista. A decisão não foi unânime entre
os 27 delegados presentes. Após a votação, todos os congressistas aplaudiram a
deliberação, discutiram e aprovaram diferentes documentos preparatórios, incluindo
uma brochura.
9 de Setembro de 1973
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De seguida, a 9 de setembro de 1973, mais de cem oficiais militares encontraram-se
secretamente em Évora, no Monte do Sobral, em Alcáçovas. Sob a aparência de uma
confraternização, organizada pelos jovens capitães Diniz de Almeida, Vasco Lourenço,
Rosário Simões, Carlos Camilo e Bicho Beatriz, estava prestes a acontecer a formação
do Movimento. Nas próximas horas, esse encontro resultaria na fundação de um
movimento que, após oito meses de intensa atividade conspiratória, eclodiria em 25 de
abril de 1974, marcando o fim de 48 anos de regime ditatorial, exercendo uma função
2. vital na forja da democracia em Portugal, atuando sob os títulos de Movimento dos
Capitães, Movimento dos Oficiais das Forças Armadas (MOFA) e, por último,
Movimento das Forças Armadas (MFA).
24 de Setembro de 1973
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A 24 de setembro de 1973, a Guiné-Bissau conquistou a sua independência do
domínio colonial português. No dia anterior, 23 de setembro de 1973, a primeira
Assembleia Nacional Popular foi realizada em Boé, resultando na proclamação
unilateral da independência um dia depois. Esse marco histórico foi o resultado da luta
armada liderada por Amílcar Cabral, cujo assassinato, em janeiro do mesmo ano na
Guiné-Conacri, não impediu o avanço da busca pela liberdade. A Guiné-Bissau foi
pioneira entre as ex-colónias portuguesas ao se declarar como um estado autónomo.
No entanto, Portugal só reconheceu a independência a 10 de setembro de 1974,
alguns meses após a Revolução dos Cravos em 25 de abril.
22 de Fevereiro de 1974
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No dia 22 de fevereiro de 1974, ocorreu a publicação do livro intitulado "Portugal e o
Futuro", de autoria do general António de Spínola. No referido livro, o ex-governador da
Guiné-Bissau defendia uma abordagem política para resolver o conflito no Ultramar, em
contraste com a estratégia militar então em vigor. As ideias contidas no livro foram
controversas, pois representavam uma ameaça ao regime vigente devido à sua
natureza divergente em relação à abordagem militar adotada.
14 de Março de 1974
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A 14 de março de 1974, os generais António de Spínola e Costa Gomes, que
lideravam o Estado-Maior-General das Forças Armadas, foram destituídos pelo governo
devido à não comparência a uma convocatória feita pelas lideranças militares.
16 de Março de 1974
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Na manhã de 16 de março de 1974, aproximadamente duzentos soldados liderados
pelo major Armando Ramos partiram do Regimento de Infantaria 5, localizado nas
Caldas da Rainha, em direção a Lisboa. A missão deles consistia em destituir o governo
de Marcello Caetano, contando com a expectativa de obter a cooperação de outras
unidades militares, tais como as de Lamego, Mafra e Vendas Novas. A marcha
continuou até às imediações da capital, onde receberam a informação de que nenhuma
3. das unidades mencionadas havia iniciado qualquer deslocação. Diante dessa situação,
a decisão foi tomada. Abortar o golpe e retornar ao quartel. Somente após chegarem
às Caldas é que foram cercados por forças leais ao regime, provenientes de Leiria e
Santarém. Por volta das 5 da tarde, após várias horas de negociações, os rebeldes
renderam-se. Os participantes foram detidos.
24 de Março de 1974
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A 24 de março de 1974, a comissão coordenadora realizou a sua última reunião e
optou pela medida definitiva de iniciar o processo de deposição do regime. Este
processo concretizou-se um mês depois, precisamente na noite de 24 de abril de 1974.
24 de Abril de 1974
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A 24 de abril de 1974, às 22 horas, é estabelecido o Posto de Comando do
Movimento das Forças Armadas (MFA) no Regimento de Engenharia 1 da Pontinha.
Oficiais encarregados das operações revolucionárias reúnem-se. Às 22h55, a canção
"E depois do Adeus", de Paulo de Carvalho, é transmitida pelas Emissoras Associadas
de Lisboa. Esta era a primeira senha da Revolução, como sinal a informar os militares
que as operações estavam prestes a começar.
25 de Abril de 1974
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A data escolhida para o movimento foi o dia 25 de abril de 1974. Nas primeiras
horas da manhã, membros do Movimento das Forças Armadas (MFA) ocuparam os
estúdios do Rádio Clube Português. Através das ondas de rádio, eles comunicaram à
população o desejo de restaurar a democracia no país, com eleições e liberdades
abrangentes para a sociedade. Além disso, transmitiram músicas que eram
desaprovadas pela ditadura, incluindo "Grândola, Vila Morena" de José Afonso.
4. Simultaneamente, uma coluna
militar, liderada pelo capitão
Salgueiro Maia e composta por
tanques, partiu da Escola
Prática de Cavalaria em
Santarém em direção a Lisboa.
Ao chegar à capital, assumiu
posições estratégicas nos
arredores dos ministérios e
posteriormente cercou o
quartel da GNR do Carmo.
Neste quartel, estava abrigado
Marcello Caetano, o sucessor de Salazar no comando da ditadura. No final da tarde,
Marcello Caetano entregou-se, cedendo o controle ao general Spínola. Apesar de não
fazer parte do Movimento das Forças Armadas, Spínola discordava das políticas
coloniais do governo vigente. A população também participou ativamente, unindo-se ao
Movimento das Forças Armadas, exibindo cravos vermelhos nas lapelas e nos canos
das armas. Com a rendição do sucessor de Salazar, encerrou-se um período ditatorial
de 48 anos. Uma nova história estava prestes a começar, marcada pela vitória e pelo
início de uma era diferente.
5. O dia 25 de abril de 1974 detalhadamente, hora a hora:
00:20 - É transmitida a canção "Grândola, Vila Morena", de José Afonso, no programa
Limite, da Rádio Renascença. Foi a senha eleita pelos militares do Movimento das
Forças Armadas para afirmar que as operações militares já estavam em marcha e são
irreversíveis.
00:30 - Deram início às operações para ocupar os locais estratégicos considerados
essenciais no plano de Otelo Saraiva de Carvalho.
03:45 - Primeiro comunicado realizado pelo Movimento das Forças Armadas difundido
pelo Rádio Clube Português.
05:45 - Forças da Escola Prática de Cavalaria de Santarém, comandadas pelo capitão
Salgueiro Maia, pararam no Terreiro do Paço, em Lisboa.
09:00 - Fragata "Gago Coutinho" deixa precipitadamente as manobras da NATO em
que participava. Marcello Caetano ordena que bombardeasse o Terreiro do Paço.
Porém o telefonema havia sido intercetado por Otelo que logo contatou o comandante
Contreiras.
10:25 - Fuzileiros cercam a sede da PIDE/DGS, na Rua António Maria Cardoso.
11:45 - O Movimento das Forças Armadas anuncia ao país, através de um comunicado
no Rádio Clube Português, que domina a situação de Norte a Sul. Informa que todos os
estabelecimentos deveriam fechar portas.
12:00 - As forças da Escola Prática de Cavalaria presentes no Terreiro do Paço
subdividem-se e dirigem-se para o quartel de GNR do Largo do Carmo.
12:30 - As tropas de Salgueiro Maia vedam o Largo do Carmo, obtendo ordens para
abrir fogo sobre o Quartel da GNR, a fim de obter a rendição de Marcello Caetano.
Além do presidente do Conselho, no quartel estão mais dois ministros do seu Governo
(Cesar Baptista- Ministro do interior e Rui Patrício- Ministro dos negócios estrangeiros).
É dado um ultimato para se renderem até as 17 horas. Vivem-se momentos de tensão
no Largo, onde centenas de pessoas acompanham os acontecimentos.
14:00 - Agentes da PIDE disparam sobre estudantes que se manifestam na Rua
António Cardoso, fazendo mortos e feridos. A Cruz Vermelha instala um ponto de
primeiros socorros no Cais de Sodré.
15:30 - As forças de Maia acabam por disparar contra a fachada do quartel para forçar
a rendição de Marcello Caetano.
17:54 - A RTP transmite um comunicado do Movimento das Forças Armadas que
proclama ao País a causa de libertar de um regime que oprimiu durante vários anos.
18:00 - Francisco Sousa Tavares, que era um político defensor da liberdade, dirige-se á
multidão a convite do Movimento das Forças Armadas, chamando os populares para se
comportarem civicamente e anuncia a libertação do "jugo fascista". Forma-se um clima
agradável com abraços e cravos vermelhos entre os populares e militares. Spínola
recebe o poder ao lado do major da cavalaria Dias Lima.
18:30 - A chaimite "Bula" entra no quartel e retira Marcello Caetano e mais dois
ministros, Rui Patrício e Moreira Baptista. Estes são transportados para o Posto de
Comando do Movimento das Forças Armadas, no Quartel da Pontinha.
18:50 - Os tanques abandonam o Largo do Carmo e formam uma coluna militar para os
detidos.
20:05 - É lida, através dos emissores do Rádio Clube Português, a Proclamação do
Movimento das Forças Armadas.
6. 26 de Abril de 1974
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No dia seguinte, a 26 de abril de 1974 a PIDE/DGS rende-se e a Junta de Salvação
Nacional faz uma declaração pela RTP. Spínola é nomeado Presidente da República e
os prisioneiros políticos são libertados.
27 de Abril de 1974
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Por último, a 27 de abril de 1974, a junta de Salvação Nacional nomeia Chefes de
Estados-Maiores dos três ramos das Forças Armadas, reunindo movimentos como o
Movimento Democrático Português e as Sedes de Convergência Monárquica.
7. Referências
26 de Abril de 1974. (26 de Abril de 2023). Obtido de museudoaljube.pt:
https://www.museudoaljube.pt/2023/04/26/26-de-abril-de-1974/
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https://app.parlamento.pt/comunicar/V1/202104/72/artigos/art2.html
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