SlideShare uma empresa Scribd logo
1
TÉCNICAS DE TOMADA DE NOTAS1
Orlando Bahule2
A tomada de notas assenta em duas dimensões de comunicação linguística: a dimensão
receptivo (ouvir e/ou ler) e a produtiva (escrever). Há que tomar nota do que lemos e do
que ouvimos em exposições, entrevistas, aulas, debates, para delas nos servirmos
posteriormente.
1. Conceitos de tomada de nota
São inúmeras as concepções sobre a tomada de notas:
• Modo particularmente fiável de arquivo das informações ;
• Prolongamento da memória ao mundo visual;
• Exercício mental extremamente formador: é indispensável um esforço intelectual;
• Redução do texto, seleccionando, de forma sintética, determinadas informações
de um texto (oral ou escrito), mantendo o seu sentido inicial;
• Treino para reconhecer as ideias – força do pensamento de outrem.
…
Destes conceitos, destaca-se a necessidade de raciocínio/reflexão (para compreender
as ideais veiculadas pelo enunciador) e de arquivo de informações num suporte
material (o escrito).
2. Finalidades da tomada de notas
De acordo com o objectivo do que se anota e de quem faz as anotações, a tomada de
notas pode ter uma das seguintes finalidades:
• Reunir uma documentação sólida sobre um determinado assunto a partir dos
registos dos assuntos mais relevantes em determinados documentos;
• Remediar os lapsos da memória, fixando as informações essenciais dos textos que
lemos ou ouvimos;
• Seleccionar e arquivar as informações de um texto básico;
• Retransmitir o conteúdo de um texto de maneira tão completa e fiel quanto
possível;
2
• Transmitir um conjunto de informações, preservando integralmente o sentido da
mensagem original, numa formulação mais económica;
• Base para a redacção de resumo (entendido como a reescrita de um texto, usando
construção sintáctica e vocábulos novos e uma estrutura menos complexa que a do texto
original, de tal modo que se possa captar a essência do texto original), relatórios…
3. Procedimentos
A tomada de notas é precedida de uma percepção da coerência semântica e sintáctica do
conjunto de palavras. Os conectivos ajudam o leitor/ouvinte a seguir o fio do discurso.
Esses conectivos podem ser lógicos, pronomes (com função anafórica), repetição de
palavras, nominalizações e expressões de transição (exemplificação, contraste,
conclusão, etc.).
3.1. Tomada de notas a partir do material escrito
Apresentamos alguns procedimentos que podem ser úteis para anotações a partir do
suporte escrito:
• (Re)ler o texto, sublinhar e escrever à margem as siglas correspondentes: usar
siglas para sublinhar a importância das informações (p. ex.: IMP (importante); CIT
(citar); R (rever/reler); CF (confrontar.) e sublinhar de forma criteriosa (diferenciar os
sublinhados, as cores. Esta prática serve para assinalar as pistas do que é interessante e
permite a detecção dos aspectos importantes, volvido muito tempo. No entanto, nem
sempre é possível ou aconselhável sublinhar o escrito: o livro não é da nossa propriedade;
a obra é uma preciosidade; o livro poderá ser emprestado a colegas…
• Produzir fichas (de leitura, de citação…);
• Fazer pequenos resumos: frases, com sujeito, verbo e complementos;
• Recorrer a palavras-chave: as ideias aparecem de modo esquemático, usando-se
setas ou outros sinais;
• Produzir mapas de ideias: demonstração gráfica das correspondências e
hierarquias entre as palavras. Usam-se esquemas e/ou palavras-chave.
3.2. Tomada de notas a partir de discursos orais
3
A mensagem do discurso oral passa rapidamente é não se deve interromper o orador.
Esta situação exige do receptor a assunção de determinadas habilidades e procedimentos
diversos. Eis alguma propostas:
• Apontar o maior número de coisas possíveis no mínimo espaço de tempo, o que
requer não anotar frases inteiras ou frases textuais;
• Assentar o que é útil ou necessário reter: palavras-chave, conclusões parciais e
gerais;
• Anotar as informações com exactidão, respeitando o que se diz, com recurso ao
estilo telegráfico (frases curtas e sem verbos, abreviaturas, símbolos e
esquematizações).
3.2.1. Constrangimentos na tomada de notas a partir de textos orais
Como se pode depreender, a tomada de notas não é tarefa fácil.
• Para uns, custa escutar e/ou ler (em caso de data show) e escrever ao mesmo
tempo.
• Há os que nem chegam a tomar notas (se o fazem, são poucas notas), porque não
conseguem acompanhar a exposição.
• Outros ainda querem anotar tudo e falham, perdem-se.
• Há quem apenas anota as informações com que está de acordo.
O que anotar depende, muitas vezes, de factores como:
• Assunto: o desconhecimento/conhecimento do assunto concorre para a
quantidade de anotações;
• Orador: o estilo do orador, a velocidade do discurso pode ou não facilitar o
acompanhamento da exposição;
• Receptor: a disposição mental, a atenção e a capacidade de análise e síntese
influenciam na tomada de notas;
• Objectivo: a quantidade de notas depende do que se pretende com essas notas
(compare as notas tomadas na sala de aula com as que obteve num debate…).
3.2.2. Técnicas de escrita acelerada
4
Perante a dificuldade/impossibilidade de anotar tudo o que é dito, há que ter atenção nos
seguintes aspectos:
• Tom de voz;
• Palavras/frases que chamem atenção;
• Repetição de ideias;
• Tempo dedicado a cada assunto;
• Registos feitos no quadro;
• Indicações expressas pelo orador.
No acto de registo, é conveniente observar as seguintes práticas:
- Supressão de palavras (p.e. artigos, preposições, verbos: ser, dever, ter, estar…)
(Ex.: As línguas bantu são aglutinantes: LB = aglutinantes);
- Supressão por nominalização de expressões (ex.: falha de memória = esquecimento), de
verbos ( ex.: O Carlos adquiriu um propriedade: aquisição propriedade);
- Codificação de palavras, com recurso a símbolos, Sinais…
(Ex.: homem: ♂ ; trabalho: w ; muito: x;)
- Generalização: com recurso a hiperónimos.
(Ex.: comprei livros, cadernos, sebentas, esferográficas = compra de material escolar);
- Ordenação de diferentes partes do discurso, atribuindo um número (Ex.: para começar
(1), segue-se (2), finalmente (3));
- Abreviaturas: reduções, consagradas pelo uso, de palavras ou grupo de palavras, embora
possamos criar as nossas abreviaturas. (Ex.: páginas: pp., problemas = prbls,
desenvolvimento = dsv.)
Uma vez que as notas são de carácter pessoal, cabe ao receptor seleccionar estratégia (s)
de tomada de nota, tais como:
• Estilo telegráfico: desaparecem as relações de significação entre as palavras,
recorrendo-se a travessões, letras, palavras, números…)
(Ex.: crítica histórica: literatura e correntes literárias ↔ obra; Registou-se acidente de
viação hoje: acidente viação hoje).
Sem uma leitura imediata das notas, perde-se o sentido do que se disse.
5
• Estilo de frases completas: conserva o sentido do texto, mas requer muito
tempo. Um dos riscos é a escrita ilegível ou perda de partes significativas do
discurso, na angústia de anotar tudo;
• Estilo de sinais simbólicos: recorre-se aos nexos entre as partes que constituem o
sentido do discurso (relações de implicação, de oposição, de causa-efeito, de
conclusão …)
Ex.: A mortalidade infantil deve-se à miséria de muitas famílias e à falta de cuidados de
saúde.
Mortalidade infantil → miséria + – cuidados de saúde).
4. Conclusão
Na tomada de notas é possível combinarem-se vários estilos.
Uma tomada de notas eficiente adquire-se com a prática: deve-se exercitar estas práticas
não só na aula mas ainda nos debates e nas exposições…
- Depois de anotações, devemos passar os apontamentos a limpo num curto espaço de
tempo.
A produção de um resumo depende da qualidade e quantidade das notas tomadas.
A simples posse das fotocópias não substitui a leitura, por isso deve-se fazer anotações
sobre ou nesse material.
1 Palestra apresentada na UP, sob organização do CEPE-NEPOCULI, aos 17 de Outubro
de 2008
2 Assistente Universitátio no Departamento de Português, Faculdade de Línguas.
6
Bibliografia
CUNHA, Dalila. O Resumo (Texto de apoio). ISPU, 2000.
ECO, Umberto. Como se faz uma tese em Ciências Humanas, 9ª Edição, Ed. Presença,
Lisboa, 2002.
JÚNIOR, Ernesto, SIMÃO, Jerónimo, SANTOS, Nobre, BAHULE, Orlando. Técnicas
de Expressão em Língua Portuguesa. CEAD, UP, 2007.
MAVALE, Cecília. Tomada de notas (Texto de apoio). UP, 1977.
SERAFINI, Maria Teresa. Como se faz um trabalho escolar, 4ª Edição. Ed. Presença,

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Tomada_notas_Baule.pdf

Produção de texto - Percursos da escrita - Texto argumentativo
Produção de texto - Percursos da escrita - Texto argumentativoProdução de texto - Percursos da escrita - Texto argumentativo
Produção de texto - Percursos da escrita - Texto argumentativocomplementoindirecto
 
Metodologia aula 3 2012.1
Metodologia aula 3  2012.1Metodologia aula 3  2012.1
Metodologia aula 3 2012.1UNIPÊ
 
Enc11 como fazer_apresentacao_oral
Enc11 como fazer_apresentacao_oralEnc11 como fazer_apresentacao_oral
Enc11 como fazer_apresentacao_oralFrancisca Bolrão
 
Enc11 como fazer_apresentacao_oral
Enc11 como fazer_apresentacao_oralEnc11 como fazer_apresentacao_oral
Enc11 como fazer_apresentacao_oralfatimamendonca64
 
Enc11 como fazer_apresentacao_oral
Enc11 como fazer_apresentacao_oralEnc11 como fazer_apresentacao_oral
Enc11 como fazer_apresentacao_oralfatimamendonca64
 
produção textual, enem, vestibular .pptx
produção textual, enem, vestibular .pptxprodução textual, enem, vestibular .pptx
produção textual, enem, vestibular .pptxalmeidaluana280
 
Como fazer um trabalho escrito
Como fazer um trabalho escritoComo fazer um trabalho escrito
Como fazer um trabalho escritoLuis Ribeiro
 
Como fazer um trabalho escrito
Como fazer um trabalho escritoComo fazer um trabalho escrito
Como fazer um trabalho escritoCarlos Pinheiro
 
Guia de estudos Inglês Instrumental Agronomia IFMT 2014
Guia de estudos Inglês Instrumental Agronomia IFMT 2014Guia de estudos Inglês Instrumental Agronomia IFMT 2014
Guia de estudos Inglês Instrumental Agronomia IFMT 2014Ana Regina Bresolin
 
Métodos estudo
Métodos estudoMétodos estudo
Métodos estudoteresaX
 
Estratégias de Leitura.pptx
  Estratégias de Leitura.pptx  Estratégias de Leitura.pptx
Estratégias de Leitura.pptxMarcia Rates
 
Métodos e técnicas de estudo.pps
Métodos e técnicas de estudo.ppsMétodos e técnicas de estudo.pps
Métodos e técnicas de estudo.ppsAna Gomes
 
Slide 04 - Comunicação..pdf
Slide 04  - Comunicação..pdfSlide 04  - Comunicação..pdf
Slide 04 - Comunicação..pdfKarinyRocha4
 

Semelhante a Tomada_notas_Baule.pdf (20)

Produção de texto - Percursos da escrita - Texto argumentativo
Produção de texto - Percursos da escrita - Texto argumentativoProdução de texto - Percursos da escrita - Texto argumentativo
Produção de texto - Percursos da escrita - Texto argumentativo
 
Metodologia aula 3 2012.1
Metodologia aula 3  2012.1Metodologia aula 3  2012.1
Metodologia aula 3 2012.1
 
Como realizar o fichamento
Como realizar o fichamentoComo realizar o fichamento
Como realizar o fichamento
 
Escrita coletiva e individual
Escrita coletiva e individualEscrita coletiva e individual
Escrita coletiva e individual
 
Aula10 Comunicação oral e escrita
Aula10 Comunicação oral e escritaAula10 Comunicação oral e escrita
Aula10 Comunicação oral e escrita
 
Enc11 como fazer_apresentacao_oral
Enc11 como fazer_apresentacao_oralEnc11 como fazer_apresentacao_oral
Enc11 como fazer_apresentacao_oral
 
Enc11 como fazer_apresentacao_oral
Enc11 como fazer_apresentacao_oralEnc11 como fazer_apresentacao_oral
Enc11 como fazer_apresentacao_oral
 
Enc11 como fazer_apresentacao_oral
Enc11 como fazer_apresentacao_oralEnc11 como fazer_apresentacao_oral
Enc11 como fazer_apresentacao_oral
 
Estudar e aprender com método
Estudar e aprender com métodoEstudar e aprender com método
Estudar e aprender com método
 
Unidade 3
Unidade 3Unidade 3
Unidade 3
 
produção textual, enem, vestibular .pptx
produção textual, enem, vestibular .pptxprodução textual, enem, vestibular .pptx
produção textual, enem, vestibular .pptx
 
Como fazer um trabalho escrito
Como fazer um trabalho escritoComo fazer um trabalho escrito
Como fazer um trabalho escrito
 
Como fazer um trabalho escrito
Como fazer um trabalho escritoComo fazer um trabalho escrito
Como fazer um trabalho escrito
 
Guia de estudos Inglês Instrumental Agronomia IFMT 2014
Guia de estudos Inglês Instrumental Agronomia IFMT 2014Guia de estudos Inglês Instrumental Agronomia IFMT 2014
Guia de estudos Inglês Instrumental Agronomia IFMT 2014
 
2W PORTUG JENIFA.docx
2W PORTUG JENIFA.docx2W PORTUG JENIFA.docx
2W PORTUG JENIFA.docx
 
Métodos estudo
Métodos estudoMétodos estudo
Métodos estudo
 
3ª Sessão
3ª Sessão3ª Sessão
3ª Sessão
 
Estratégias de Leitura.pptx
  Estratégias de Leitura.pptx  Estratégias de Leitura.pptx
Estratégias de Leitura.pptx
 
Métodos e técnicas de estudo.pps
Métodos e técnicas de estudo.ppsMétodos e técnicas de estudo.pps
Métodos e técnicas de estudo.pps
 
Slide 04 - Comunicação..pdf
Slide 04  - Comunicação..pdfSlide 04  - Comunicação..pdf
Slide 04 - Comunicação..pdf
 

Último

OFICINA - CAFETERIA DAS HABILIDADES.pdf_20240516_002101_0000.pdf
OFICINA - CAFETERIA DAS HABILIDADES.pdf_20240516_002101_0000.pdfOFICINA - CAFETERIA DAS HABILIDADES.pdf_20240516_002101_0000.pdf
OFICINA - CAFETERIA DAS HABILIDADES.pdf_20240516_002101_0000.pdfAndriaNascimento27
 
04_GuiaDoCurso_Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfulness.pdf
04_GuiaDoCurso_Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfulness.pdf04_GuiaDoCurso_Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfulness.pdf
04_GuiaDoCurso_Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfulness.pdfARIANAMENDES11
 
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptxSlides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
ATPCG 27.05 - Recomposição de aprendizagem.pptx
ATPCG 27.05 - Recomposição de aprendizagem.pptxATPCG 27.05 - Recomposição de aprendizagem.pptx
ATPCG 27.05 - Recomposição de aprendizagem.pptxmairaviani
 
GRAMÁTICA NORMATIVA DA LÍNGUA PORTUGUESA UM GUIA COMPLETO DO IDIOMA.pdf
GRAMÁTICA NORMATIVA DA LÍNGUA PORTUGUESA UM GUIA COMPLETO DO IDIOMA.pdfGRAMÁTICA NORMATIVA DA LÍNGUA PORTUGUESA UM GUIA COMPLETO DO IDIOMA.pdf
GRAMÁTICA NORMATIVA DA LÍNGUA PORTUGUESA UM GUIA COMPLETO DO IDIOMA.pdfrarakey779
 
Eurodeputados Portugueses 2019-2024 (nova atualização)
Eurodeputados Portugueses 2019-2024 (nova atualização)Eurodeputados Portugueses 2019-2024 (nova atualização)
Eurodeputados Portugueses 2019-2024 (nova atualização)Centro Jacques Delors
 
Manual dos Principio básicos do Relacionamento e sexologia humana .pdf
Manual dos Principio básicos do Relacionamento e sexologia humana .pdfManual dos Principio básicos do Relacionamento e sexologia humana .pdf
Manual dos Principio básicos do Relacionamento e sexologia humana .pdfPastor Robson Colaço
 
Administração (Conceitos e Teorias sobre a Administração)
Administração (Conceitos e Teorias sobre a Administração)Administração (Conceitos e Teorias sobre a Administração)
Administração (Conceitos e Teorias sobre a Administração)zarinha
 
Atividades-Sobre-o-Conto-Venha-Ver-o-Por-Do-Sol.docx
Atividades-Sobre-o-Conto-Venha-Ver-o-Por-Do-Sol.docxAtividades-Sobre-o-Conto-Venha-Ver-o-Por-Do-Sol.docx
Atividades-Sobre-o-Conto-Venha-Ver-o-Por-Do-Sol.docxSolangeWaltre
 
hereditariedade é variabilidade genetic
hereditariedade é variabilidade  genetichereditariedade é variabilidade  genetic
hereditariedade é variabilidade geneticMrMartnoficial
 
Curso de Direito do Trabalho - Maurício Godinho Delgado - 2019.pdf
Curso de Direito do Trabalho - Maurício Godinho Delgado - 2019.pdfCurso de Direito do Trabalho - Maurício Godinho Delgado - 2019.pdf
Curso de Direito do Trabalho - Maurício Godinho Delgado - 2019.pdfLeandroTelesRocha2
 
Fotossíntese para o Ensino médio primeiros anos
Fotossíntese para o Ensino médio primeiros anosFotossíntese para o Ensino médio primeiros anos
Fotossíntese para o Ensino médio primeiros anosbiancaborges0906
 
DIFERENÇA DO INGLES BRITANICO E AMERICANO.pptx
DIFERENÇA DO INGLES BRITANICO E AMERICANO.pptxDIFERENÇA DO INGLES BRITANICO E AMERICANO.pptx
DIFERENÇA DO INGLES BRITANICO E AMERICANO.pptxcleanelima11
 
Os Padres de Assaré - CE. Prof. Francisco Leite
Os Padres de Assaré - CE. Prof. Francisco LeiteOs Padres de Assaré - CE. Prof. Francisco Leite
Os Padres de Assaré - CE. Prof. Francisco Leiteprofesfrancleite
 
5ca0e9_ea0307e5baa1478490e87a15cb4ee530.pdf
5ca0e9_ea0307e5baa1478490e87a15cb4ee530.pdf5ca0e9_ea0307e5baa1478490e87a15cb4ee530.pdf
5ca0e9_ea0307e5baa1478490e87a15cb4ee530.pdfedjailmax
 
Slides Lição 8, Betel, Ordenança para confessar os pecados e perdoar as ofens...
Slides Lição 8, Betel, Ordenança para confessar os pecados e perdoar as ofens...Slides Lição 8, Betel, Ordenança para confessar os pecados e perdoar as ofens...
Slides Lição 8, Betel, Ordenança para confessar os pecados e perdoar as ofens...LuizHenriquedeAlmeid6
 
AULA Saúde e tradição-3º Bimestre tscqv.pptx
AULA Saúde e tradição-3º Bimestre tscqv.pptxAULA Saúde e tradição-3º Bimestre tscqv.pptx
AULA Saúde e tradição-3º Bimestre tscqv.pptxGraycyelleCavalcanti
 
Slides Lição 8, Central Gospel, Os 144 Mil Que Não Se Curvarão Ao Anticristo....
Slides Lição 8, Central Gospel, Os 144 Mil Que Não Se Curvarão Ao Anticristo....Slides Lição 8, Central Gospel, Os 144 Mil Que Não Se Curvarão Ao Anticristo....
Slides Lição 8, Central Gospel, Os 144 Mil Que Não Se Curvarão Ao Anticristo....LuizHenriquedeAlmeid6
 
Evangelismo e Missões Contemporânea Cristã.pdf
Evangelismo e Missões Contemporânea Cristã.pdfEvangelismo e Missões Contemporânea Cristã.pdf
Evangelismo e Missões Contemporânea Cristã.pdfPastor Robson Colaço
 
Poema - Reciclar é preciso
Poema            -        Reciclar é precisoPoema            -        Reciclar é preciso
Poema - Reciclar é precisoMary Alvarenga
 

Último (20)

OFICINA - CAFETERIA DAS HABILIDADES.pdf_20240516_002101_0000.pdf
OFICINA - CAFETERIA DAS HABILIDADES.pdf_20240516_002101_0000.pdfOFICINA - CAFETERIA DAS HABILIDADES.pdf_20240516_002101_0000.pdf
OFICINA - CAFETERIA DAS HABILIDADES.pdf_20240516_002101_0000.pdf
 
04_GuiaDoCurso_Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfulness.pdf
04_GuiaDoCurso_Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfulness.pdf04_GuiaDoCurso_Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfulness.pdf
04_GuiaDoCurso_Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfulness.pdf
 
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptxSlides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
 
ATPCG 27.05 - Recomposição de aprendizagem.pptx
ATPCG 27.05 - Recomposição de aprendizagem.pptxATPCG 27.05 - Recomposição de aprendizagem.pptx
ATPCG 27.05 - Recomposição de aprendizagem.pptx
 
GRAMÁTICA NORMATIVA DA LÍNGUA PORTUGUESA UM GUIA COMPLETO DO IDIOMA.pdf
GRAMÁTICA NORMATIVA DA LÍNGUA PORTUGUESA UM GUIA COMPLETO DO IDIOMA.pdfGRAMÁTICA NORMATIVA DA LÍNGUA PORTUGUESA UM GUIA COMPLETO DO IDIOMA.pdf
GRAMÁTICA NORMATIVA DA LÍNGUA PORTUGUESA UM GUIA COMPLETO DO IDIOMA.pdf
 
Eurodeputados Portugueses 2019-2024 (nova atualização)
Eurodeputados Portugueses 2019-2024 (nova atualização)Eurodeputados Portugueses 2019-2024 (nova atualização)
Eurodeputados Portugueses 2019-2024 (nova atualização)
 
Manual dos Principio básicos do Relacionamento e sexologia humana .pdf
Manual dos Principio básicos do Relacionamento e sexologia humana .pdfManual dos Principio básicos do Relacionamento e sexologia humana .pdf
Manual dos Principio básicos do Relacionamento e sexologia humana .pdf
 
Administração (Conceitos e Teorias sobre a Administração)
Administração (Conceitos e Teorias sobre a Administração)Administração (Conceitos e Teorias sobre a Administração)
Administração (Conceitos e Teorias sobre a Administração)
 
Atividades-Sobre-o-Conto-Venha-Ver-o-Por-Do-Sol.docx
Atividades-Sobre-o-Conto-Venha-Ver-o-Por-Do-Sol.docxAtividades-Sobre-o-Conto-Venha-Ver-o-Por-Do-Sol.docx
Atividades-Sobre-o-Conto-Venha-Ver-o-Por-Do-Sol.docx
 
hereditariedade é variabilidade genetic
hereditariedade é variabilidade  genetichereditariedade é variabilidade  genetic
hereditariedade é variabilidade genetic
 
Curso de Direito do Trabalho - Maurício Godinho Delgado - 2019.pdf
Curso de Direito do Trabalho - Maurício Godinho Delgado - 2019.pdfCurso de Direito do Trabalho - Maurício Godinho Delgado - 2019.pdf
Curso de Direito do Trabalho - Maurício Godinho Delgado - 2019.pdf
 
Fotossíntese para o Ensino médio primeiros anos
Fotossíntese para o Ensino médio primeiros anosFotossíntese para o Ensino médio primeiros anos
Fotossíntese para o Ensino médio primeiros anos
 
DIFERENÇA DO INGLES BRITANICO E AMERICANO.pptx
DIFERENÇA DO INGLES BRITANICO E AMERICANO.pptxDIFERENÇA DO INGLES BRITANICO E AMERICANO.pptx
DIFERENÇA DO INGLES BRITANICO E AMERICANO.pptx
 
Os Padres de Assaré - CE. Prof. Francisco Leite
Os Padres de Assaré - CE. Prof. Francisco LeiteOs Padres de Assaré - CE. Prof. Francisco Leite
Os Padres de Assaré - CE. Prof. Francisco Leite
 
5ca0e9_ea0307e5baa1478490e87a15cb4ee530.pdf
5ca0e9_ea0307e5baa1478490e87a15cb4ee530.pdf5ca0e9_ea0307e5baa1478490e87a15cb4ee530.pdf
5ca0e9_ea0307e5baa1478490e87a15cb4ee530.pdf
 
Slides Lição 8, Betel, Ordenança para confessar os pecados e perdoar as ofens...
Slides Lição 8, Betel, Ordenança para confessar os pecados e perdoar as ofens...Slides Lição 8, Betel, Ordenança para confessar os pecados e perdoar as ofens...
Slides Lição 8, Betel, Ordenança para confessar os pecados e perdoar as ofens...
 
AULA Saúde e tradição-3º Bimestre tscqv.pptx
AULA Saúde e tradição-3º Bimestre tscqv.pptxAULA Saúde e tradição-3º Bimestre tscqv.pptx
AULA Saúde e tradição-3º Bimestre tscqv.pptx
 
Slides Lição 8, Central Gospel, Os 144 Mil Que Não Se Curvarão Ao Anticristo....
Slides Lição 8, Central Gospel, Os 144 Mil Que Não Se Curvarão Ao Anticristo....Slides Lição 8, Central Gospel, Os 144 Mil Que Não Se Curvarão Ao Anticristo....
Slides Lição 8, Central Gospel, Os 144 Mil Que Não Se Curvarão Ao Anticristo....
 
Evangelismo e Missões Contemporânea Cristã.pdf
Evangelismo e Missões Contemporânea Cristã.pdfEvangelismo e Missões Contemporânea Cristã.pdf
Evangelismo e Missões Contemporânea Cristã.pdf
 
Poema - Reciclar é preciso
Poema            -        Reciclar é precisoPoema            -        Reciclar é preciso
Poema - Reciclar é preciso
 

Tomada_notas_Baule.pdf

  • 1. 1 TÉCNICAS DE TOMADA DE NOTAS1 Orlando Bahule2 A tomada de notas assenta em duas dimensões de comunicação linguística: a dimensão receptivo (ouvir e/ou ler) e a produtiva (escrever). Há que tomar nota do que lemos e do que ouvimos em exposições, entrevistas, aulas, debates, para delas nos servirmos posteriormente. 1. Conceitos de tomada de nota São inúmeras as concepções sobre a tomada de notas: • Modo particularmente fiável de arquivo das informações ; • Prolongamento da memória ao mundo visual; • Exercício mental extremamente formador: é indispensável um esforço intelectual; • Redução do texto, seleccionando, de forma sintética, determinadas informações de um texto (oral ou escrito), mantendo o seu sentido inicial; • Treino para reconhecer as ideias – força do pensamento de outrem. … Destes conceitos, destaca-se a necessidade de raciocínio/reflexão (para compreender as ideais veiculadas pelo enunciador) e de arquivo de informações num suporte material (o escrito). 2. Finalidades da tomada de notas De acordo com o objectivo do que se anota e de quem faz as anotações, a tomada de notas pode ter uma das seguintes finalidades: • Reunir uma documentação sólida sobre um determinado assunto a partir dos registos dos assuntos mais relevantes em determinados documentos; • Remediar os lapsos da memória, fixando as informações essenciais dos textos que lemos ou ouvimos; • Seleccionar e arquivar as informações de um texto básico; • Retransmitir o conteúdo de um texto de maneira tão completa e fiel quanto possível;
  • 2. 2 • Transmitir um conjunto de informações, preservando integralmente o sentido da mensagem original, numa formulação mais económica; • Base para a redacção de resumo (entendido como a reescrita de um texto, usando construção sintáctica e vocábulos novos e uma estrutura menos complexa que a do texto original, de tal modo que se possa captar a essência do texto original), relatórios… 3. Procedimentos A tomada de notas é precedida de uma percepção da coerência semântica e sintáctica do conjunto de palavras. Os conectivos ajudam o leitor/ouvinte a seguir o fio do discurso. Esses conectivos podem ser lógicos, pronomes (com função anafórica), repetição de palavras, nominalizações e expressões de transição (exemplificação, contraste, conclusão, etc.). 3.1. Tomada de notas a partir do material escrito Apresentamos alguns procedimentos que podem ser úteis para anotações a partir do suporte escrito: • (Re)ler o texto, sublinhar e escrever à margem as siglas correspondentes: usar siglas para sublinhar a importância das informações (p. ex.: IMP (importante); CIT (citar); R (rever/reler); CF (confrontar.) e sublinhar de forma criteriosa (diferenciar os sublinhados, as cores. Esta prática serve para assinalar as pistas do que é interessante e permite a detecção dos aspectos importantes, volvido muito tempo. No entanto, nem sempre é possível ou aconselhável sublinhar o escrito: o livro não é da nossa propriedade; a obra é uma preciosidade; o livro poderá ser emprestado a colegas… • Produzir fichas (de leitura, de citação…); • Fazer pequenos resumos: frases, com sujeito, verbo e complementos; • Recorrer a palavras-chave: as ideias aparecem de modo esquemático, usando-se setas ou outros sinais; • Produzir mapas de ideias: demonstração gráfica das correspondências e hierarquias entre as palavras. Usam-se esquemas e/ou palavras-chave. 3.2. Tomada de notas a partir de discursos orais
  • 3. 3 A mensagem do discurso oral passa rapidamente é não se deve interromper o orador. Esta situação exige do receptor a assunção de determinadas habilidades e procedimentos diversos. Eis alguma propostas: • Apontar o maior número de coisas possíveis no mínimo espaço de tempo, o que requer não anotar frases inteiras ou frases textuais; • Assentar o que é útil ou necessário reter: palavras-chave, conclusões parciais e gerais; • Anotar as informações com exactidão, respeitando o que se diz, com recurso ao estilo telegráfico (frases curtas e sem verbos, abreviaturas, símbolos e esquematizações). 3.2.1. Constrangimentos na tomada de notas a partir de textos orais Como se pode depreender, a tomada de notas não é tarefa fácil. • Para uns, custa escutar e/ou ler (em caso de data show) e escrever ao mesmo tempo. • Há os que nem chegam a tomar notas (se o fazem, são poucas notas), porque não conseguem acompanhar a exposição. • Outros ainda querem anotar tudo e falham, perdem-se. • Há quem apenas anota as informações com que está de acordo. O que anotar depende, muitas vezes, de factores como: • Assunto: o desconhecimento/conhecimento do assunto concorre para a quantidade de anotações; • Orador: o estilo do orador, a velocidade do discurso pode ou não facilitar o acompanhamento da exposição; • Receptor: a disposição mental, a atenção e a capacidade de análise e síntese influenciam na tomada de notas; • Objectivo: a quantidade de notas depende do que se pretende com essas notas (compare as notas tomadas na sala de aula com as que obteve num debate…). 3.2.2. Técnicas de escrita acelerada
  • 4. 4 Perante a dificuldade/impossibilidade de anotar tudo o que é dito, há que ter atenção nos seguintes aspectos: • Tom de voz; • Palavras/frases que chamem atenção; • Repetição de ideias; • Tempo dedicado a cada assunto; • Registos feitos no quadro; • Indicações expressas pelo orador. No acto de registo, é conveniente observar as seguintes práticas: - Supressão de palavras (p.e. artigos, preposições, verbos: ser, dever, ter, estar…) (Ex.: As línguas bantu são aglutinantes: LB = aglutinantes); - Supressão por nominalização de expressões (ex.: falha de memória = esquecimento), de verbos ( ex.: O Carlos adquiriu um propriedade: aquisição propriedade); - Codificação de palavras, com recurso a símbolos, Sinais… (Ex.: homem: ♂ ; trabalho: w ; muito: x;) - Generalização: com recurso a hiperónimos. (Ex.: comprei livros, cadernos, sebentas, esferográficas = compra de material escolar); - Ordenação de diferentes partes do discurso, atribuindo um número (Ex.: para começar (1), segue-se (2), finalmente (3)); - Abreviaturas: reduções, consagradas pelo uso, de palavras ou grupo de palavras, embora possamos criar as nossas abreviaturas. (Ex.: páginas: pp., problemas = prbls, desenvolvimento = dsv.) Uma vez que as notas são de carácter pessoal, cabe ao receptor seleccionar estratégia (s) de tomada de nota, tais como: • Estilo telegráfico: desaparecem as relações de significação entre as palavras, recorrendo-se a travessões, letras, palavras, números…) (Ex.: crítica histórica: literatura e correntes literárias ↔ obra; Registou-se acidente de viação hoje: acidente viação hoje). Sem uma leitura imediata das notas, perde-se o sentido do que se disse.
  • 5. 5 • Estilo de frases completas: conserva o sentido do texto, mas requer muito tempo. Um dos riscos é a escrita ilegível ou perda de partes significativas do discurso, na angústia de anotar tudo; • Estilo de sinais simbólicos: recorre-se aos nexos entre as partes que constituem o sentido do discurso (relações de implicação, de oposição, de causa-efeito, de conclusão …) Ex.: A mortalidade infantil deve-se à miséria de muitas famílias e à falta de cuidados de saúde. Mortalidade infantil → miséria + – cuidados de saúde). 4. Conclusão Na tomada de notas é possível combinarem-se vários estilos. Uma tomada de notas eficiente adquire-se com a prática: deve-se exercitar estas práticas não só na aula mas ainda nos debates e nas exposições… - Depois de anotações, devemos passar os apontamentos a limpo num curto espaço de tempo. A produção de um resumo depende da qualidade e quantidade das notas tomadas. A simples posse das fotocópias não substitui a leitura, por isso deve-se fazer anotações sobre ou nesse material. 1 Palestra apresentada na UP, sob organização do CEPE-NEPOCULI, aos 17 de Outubro de 2008 2 Assistente Universitátio no Departamento de Português, Faculdade de Línguas.
  • 6. 6 Bibliografia CUNHA, Dalila. O Resumo (Texto de apoio). ISPU, 2000. ECO, Umberto. Como se faz uma tese em Ciências Humanas, 9ª Edição, Ed. Presença, Lisboa, 2002. JÚNIOR, Ernesto, SIMÃO, Jerónimo, SANTOS, Nobre, BAHULE, Orlando. Técnicas de Expressão em Língua Portuguesa. CEAD, UP, 2007. MAVALE, Cecília. Tomada de notas (Texto de apoio). UP, 1977. SERAFINI, Maria Teresa. Como se faz um trabalho escolar, 4ª Edição. Ed. Presença,