Universidade Empreendedora como uma Plataforma para o Bem comum
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1. AVALIAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL
1º AO 9º ANO
Maria Teresa Esteban
Universidade Federal Fluminense
Faculdade de Educação/Programa de Pós-Graduação em
Educação/GRUPALFA
2. Avaliação na Educação
Mensuração
• referência na padronização e
homogeneidade;
• ênfase no desempenho;
• fortalece o aspecto técnico,
deixando as dimensões ética,
sócio-cultural e política em
segundo plano;
• uniformização de instrumentos e
procedimentos;
• hierarquia e classificação.
Compreensão
• reconhecimento da diferença
como valor;
• ênfase nos processos cotidianos
• prioriza as dimensões ética,
sócio-cultural e política, às quais
a técnica se subordina;
• variedade de perspectivas,
percursos e procedimentos;
• reflexão e diálogo.
4. Funções da Avaliação
A avaliação desempenha diferentes funções na sociedade e na prática pedagógica,
indo além da verificação, certificação e classificação, como se pode observar a seguir:
a) Definição dos significados pedagógicos e sociais: manifesta desigualdades
construídas entre sujeitos;
b) Funções sociais: regula as relações interpessoais, em especial através da
certificação;
c) Poder de controle;
d) Funções pedagógicas;
e) Funções na organização escolar: credenciamento e controle dos percursos
escolares;
f) Projeção psicológica: repercute na motivação, na modelagem do auto-conceito,
nas atitudes, na produção de ansiedade, na acentuação de conflitos e de
determinadas características pessoais;
g) Apoio à investigação: permite analisar a experiência educativa global.
5. Funções Pedagógicas da Avaliação
*Criadora do ambiente escolar: a dinâmica de avaliação atua sobre a
estruturação das relações sociais na escola e sobre a produção do contexto de
aprendizagem;
* Diagnóstico: recurso para conhecer o progresso dos alunos e os processos
de aprendizagem para melhor intervir na dinâmica, podendo ser usado em
vários sentidos:
a) informar sobre o ponto de partida de cada estudante, quando é necessário
o domínio de aprendizagens prévias para passar às seguintes;
b) conhecer condições pessoais, familiares e sociais do estudante;
c) identificar qualidades dos estudantes para distribuí-los em grupos;
d) finalidade formativa;
e) finalidade somativa.
* Recurso para a individualização: permite a adaptação do ensino às
condições de cada aluno;
* Fortalecimento da aprendizagem; Orientadora; Base de Prognósticos;
Ponderação do Currículo.
6. Função Formativa
Tem a finalidade de favorecer a melhora do processo de aprendizagem. Se
realiza na sala de aula, serve para tomar consciência dos processos e faz
parte da relação entre professores(as) e estudantes. É um processo contínuo
que não serve para a classificação dos alunos ou para decidir sobre a
aprovação ou reprovação.
Função Somativa
Pretende determinar níveis de rendimento. Se refere a um processo
finalizado e serve para a seleção e hierarquização dos estudantes
de acordo com os resultados alcançados.
7. Avaliação do rendimento escolar
Avaliação Classificatória
Pedagogia do Exame
Objeto da avaliação: rendimento do aluno
Aprendizagem: efeito do ensino, reprodução
Ensino: transmissão de informação
Ênfase: controle e coerção
Justifica a seleção e a exclusão
8. O exame combina as técnicas da
hierarquia que vigia e as da sanção
que normaliza. É um controle
normalizante, uma vigilância que
permite qualificar, classificar e punir.
(...). É por isso que, em todos os
dispositivos de disciplina, o exame é
altamente . Nele vêm-se
reunir a cerimônia do poder e a forma
da experiência, a demonstração da
força e o estabelecimento da verdade.
(1999: p.154)
O exame inverte a economia da
visibilidade no exercício do poder.
(1999:p.181)
O exame faz também a individualidade entrar num campo
documentário — o exame coloca os indivíduos num campo
de vigilância, em que os documentos escritos captam,
classificam, qualificam, quantificam e fixam os resultados
desenvolvidos. (1999:p.158)
O exame, cercado de todas as suas
técnicas documentárias, faz de cada
indivíduo um caso: o indivíduo é
descrito, mensurado, comparado a
outro e em sua própria
individualidade. (1999:p.183)
F
O
U
C
A
U
L
T
9. Princípios do Exame
• uniformidade nos
processos
• similitude nos
resultados
sujeitos
processos
produtos
previsibilidade
busca da homogeneidade
construção de padrão
hierarquia
classificação
controle
10. Uma polêmica em relação ao exame
Ángel Díaz Barriga
• O exame é um efeito das concepções sobre a aprendizagem, não o motor que
transforma o ensino. (pág. 51)
• Em certo sentido, quando a sociedade não pode resolver problemas de ordem
econômica (definição de orçamento), de ordem social (justiça na distribuição de
satisfações), de ordem psicopedagógica (conhecer e promover os processos de
conhecimento de cada sujeito) transfere esta impotência para uma excessiva
confiança em “elevar a qualidade da educação”, só através de racionalizar o uso de
um instrumento: o exame. (pág. 56)
• O debate conceitual, a gênese de perguntas originais sobre determinados temas, o
prazer pelo saber têm sido expulsos da relação pedagógica. (pág. 75)
• O exame moderno (com seu sistema de notas) se converteu de fato num
instrumento adequado para a perversão das relações pedagógicas. Estas não se
prendem mais ao desejo de saber. (pág. 77)
11. Pedagogia do Exame
Se mostra a si mesma eficiente quando consegue representar com
um número a aprendizagem do estudante. (pág. 77)
A ação na aula se converteu em uma ação perversa: os professores
só preparam os alunos para resolver eficientemente os exames e os
alunos só se interessam por aquilo que representa pontos para
passar no exame. (pág. 77)
Perverteu as relações pedagógicas ao centrar o resultado de um
curso, e portanto a sua valoração, apenas em função do exame.
(Pág. 78)
12. Contradição
na Ação Cotidiana
Exame: atribuição de valor
negativo ao que difere do
padrão.
Concepções de
aprendizagem que
identificam diferenças
de ritmos e percursos.
Busca
de
homogeneidade.
Reconhecimento
da
heterogeneidade.
13. Princípios que Re-significam
a Avaliação
• heterogeneidade dos
processos
• multiplicidade de
resultados
sujeitos
contextos
processos
produtos
imprevisibilidade
diferença
simultaneidade
singularidade
diálogo
14. Avaliação do processo ensino-aprendizagem
Processo dialógico
Objeto de avaliação: Processo ensino-aprendizagem
Aprendizagem: processo singular constituído nas relações sociais
Ensino: apoio à aprendizagem
Ênfase: diálogo e reflexão
Orienta a flexibilidade metodológica buscando contribuir para a
contínua ampliação do conhecimento de todos
15. Necessitamos recuperar a sala de aula como espaço de
reflexão, debate e organização de pensamentos
originais. Uma vez alcançado isto o problema do exame
será totalmente secundário. (Díaz Barriga; 2001: 78)
16. Avaliação Formativa
Designa-se tradicionalmente por avaliação formativa um conjunto de práticas
variadas que se integram no processo de ensino/aprendizagem e que procuram
contribuir para que os alunos se apropriem melhor das aprendizagens curricularmente
estabelecidas, como importantes. (...) A avaliação formativa (...) processa-se na
intimidade da relação professor-aluno, ou mesmo no interior da auto-análise feita pelo
aluno ou pelo professor (...).
Procura-se deste modo suscitar a idéia de cooperação, até mesmo de cumplicidade
de professores, alunos e pais, na construção de um processo de aprendizagem que se
deseja com bons resultados.
Consequentemente a avaliação formativa na sua forma ideal acontecerá ao longo do
processo de ensino/aprendizagem e nunca poderá, formalmente, ser usada para
classificar e muito menos para decidir da passagem ou da reprovação do aluno.
Através da avaliação formativa (...) o processo educativo é analisado (...). E tudo isso
acontece (...) frequentemente no tranquilo desenrolar da rotina da sala de aula.
(Cortesão; 1993: 12/13)
17. Avaliação Emancipatória
“A avaliação emancipatória caracteriza-se como um
processo de descrição, análise e crítica de uma dada
realidade, visando transformá-la. (...) Ela está situada
numa vertente político-pedagógica cujo interesse
primordial é emancipador, ou seja, libertador (...). O
compromisso principal desta avaliação é o de fazer
com que as pessoas direta ou indiretamente
envolvidas em uma ação educacional escrevam a sua
“própria história” e gerem as suas próprias alternativas
de ação.”(Saul:1991:61)
18. Conseqüências para o Cotidiano Escolar
indagar o processo de avaliação realizado
produzir processo compatível com a heterogeneidade das
turmas
Avaliação como Prática
de Investigação
19. Avaliação como Prática de Investigação
• Compreender os percursos realizados pelos alunos e alunas
• Buscar intervenções pedagógicas favoráveis à aprendizagem
de todos
• A sala de aula como espaço dialógico
• Refletir constantemente sobre o cotidiano
• Realizar trabalho coletivo e solidário
20. Avaliação como Prática de Investigação
• Erro e acerto como expressões do conhecimento
individual e coletivamente tecido
• Saber e não saber como simultâneos e
complementares
• Percursos diferenciados
• Diferença como enriquecimento do processo
• Negociação
21. Avaliação como Prática de Investigação
• Redução das dimensões de
controle e classificação
• Amplificação das dimensões
de reflexão e diálogo do
processo de avaliação
• Controle no sentido de
autonomia e aprendizagem
• Classificação como meio
para encontrar semelhanças
e particularidades
• Instrumentos e
procedimentos que
favoreçam a reflexão e o
diálogo
22. Avaliação como Prática de Investigação
PROCEDIMENTOS
• Coleta de dados
• Registro das informações
• Reflexão sobre o material
acumulado
• Exposição dos processos
efetivados, dos resultados
encontrados e das
possibilidades abertas
23. Referências Bibliográficas
CORTESÃO, L. E o que é afinal, avaliação formativa? IN.: Cadernos Pedagógicos. nº 67,
1993. Pp. 12-17
DÍAZ BARRIGA, Ángel. “Uma polêmica em relação ao exame” IN: ESTEBAN, M.T. (org.)
Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos. Rio de Janeiro: DP&A. 2001. 3ªed.
ESTEBAN, M.T. O que sabe quem erra? Reflexões sobre avaliação e fracasso escolar. Rio
de Janeiro, DP&A. 2001.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. História da violência nas prisões. Petrópolis, Vozes.
1999. 21ª
GIMENO SACRISTÁN, José. “La evaluación em la enseñanza” IN: GIMENO SACRISTÀN,
José & PÉREZ GÓMEZ, Ángel Comprender y transformar la enseñanza. Madrid.
Morata. 1996. Pp. 334-97. 5ª ed.
SAUL, A. M. Avaliação emancipatória. São Paulo: Cortez. 1991. 2ª ed.