2. TECNOLOGIAS SOCIAIS
As palavras técnica e tecnologia possuem sua raiz no
verbo grego TECNOLOGIA ???tictein, que
significa criar, produzir. Os
gregos utilizavam a palavra téchne para designar o
conhecimento prático que visava a um fim concreto e,
combinada com logos (palavra, fala), diferenciava um
"simples fazer" de um "raciocínio".
3. Considera-se TECNOLOGIA SOCIAL todo produto, método,
processo ou técnicas criadas para solucionar algum tipo de
problema social e que atendam aos quesitos de
,
ou seja, um conjunto de técnicas de produção que utiliza de
maneira ótima os recursos disponíveis de certa sociedade
maximizando, assim, seu bem-estar” (DAGNINO, 1976).
4. TECNOLOGIAS SOCIAIS
Introduzidas por Gandhi entre 1924 e 1927 como forma de lutar
contra as injustiças sociais.
Sua frase era “Produção pelas massas, não produção em
massa”.
•Gandhi introduziu as Tecnologias Alternativas visando a
popularização da fiação manual e sendo reconhecida como o
5. TECNOLOGIAS SOCIAIS
primeiro equipamento tecnologicamente apropriado como forma
de lutar contra a injustiça social e o sistema de castas da Índia.
“Uma tecnologia social sempre nasce da mistura do saber popular
com os estudos da ciência, oferece solução simples e barata para a
população e pode ser difundida para outros lugares, sempre
respeitando a realidade do local que a recebe”.
6. TECNOLOGIAS SOCIAIS
Falar em tecnologias sociais é abordar processos que, ao mesmo
tempo, se inserem na mais moderna agenda do conhecimento e na
mais antiga das intenções – a superação da pobreza.
Toda relação do homem com a natureza é portadora e
produtora de técnicas que se foram enriquecendo,
diversificando e avolumando ao longo do tempo… As
técnicas oferecem respostas à vontade de evolução dos
homens e, definidas pelas possibilidades que criam, são a
marca de cada período da história.
(Santos, 2000, p. 62-63).
7. TECNOLOGIAS SOCIAIS
Temos, hoje, um conjunto de experiências para um desenvolvimento alternativo,
integral e solidário, com base em uma ética que inclua a responsabilidade e que
supere a lógica utilitarista e individualista do lucro acima do ser humano, do
econômico em detrimento ao social, cultural e ambiental. São iniciativas
espalhadas por esse Brasil afora que se voltam para as necessidades de grupos,
comunidades e territórios, que valorizam o saber popular e o integram ao
conhecimento acadêmico.
Os exemplos de tecnologias sociais são variados e em diferentes áreas, como:
comercialização e economia solidária; reservatórios para armazenamento de
água de chuva para a produção de alimentos e consumo humano; agroecologia;
saneamento; energia; meio ambiente; sementes crioulas; segurança alimentar e
nutriconal; moradia popular; educação; saúde; plantas medicinais; inclusão
digital; arte; cultura; lazer; geração de trabalho e renda; microcrédito;
promoção de igualdade em relação à raça, gênero, comunidades tradicionais e
pessoas com deficiência; comunicação popular e comunitária; entre outras.
8. TECNOLOGIAS SOCIAIS
Muitos conhecem, mas poucos sabem o que são tecnologias sociais (TS).
Elas estão espalhadas por todo lugar, mas, por serem extremamente
simples, nem sempre o status de tecnologia lhes é facilmente conferido.
Estão relativamente disseminadas, em várias áreas (há tecnologias
para a saúde, a educação, o meio ambiente, a agricultura etc.), e chegam
a pessoas de norte a sul do país. Todavia, espalhadas como estão, vivem
isoladas umas das outras e representam soluções parciais. Não se
integram a ponto de representar uma solução conjunta para políticas
sustentáveis (LASSANCE JR. et al., 2004).
Existem algumas tão geniais, tão inovadoras, tão simples e tão baratas
que provocam uma reação imediata em qualquer pessoa: a de se perguntar
por que não se pensou nisso antes.
9. TECNOLOGIAS SOCIAIS
PRÉ-REQUISITOS:
• Inovação: é o grau de novidade intrínseco à tecnologia social, aquilo em que ela
inova e faz a diferença frente às outras iniciativas com objetivos similares.
• Nível de Envolvimento da Comunidade: trata do protagonismo da comunidade no
desenvolvimento ou na apropriação da tecnologia.
• Transformações Sociais: é o resultado concreto, em termos quantitativos e
qualitativos, das transformações sociais instauradas pelas ações desenvolvidas. É
expresso por melhorias significativas e consistentes nas condições de vida das
pessoas e das comunidades.
• Potencial de reaplicabilidade: capacidade latente de reaplicar um modelo de
intervenção social, de maneira global, em outros ambientes ou junto a outros
segmentos sociais, sem perda relevante nos seus níveis de eficácia, eficiência e
efetividade. Quanto maior a amplitude do público beneficiário, maior o potencial de
reaplicabilidade.
10. EXEMPLOS DE “TS”
USO DA ENERGIA SOLAR
Secador Solar para Desidratação de Frutas
O uso da energia solar em substituição à energia elétrica no
processo de desidratação das frutas em empreendimentos
agroindustriais pode ter consequências favoráveis, tanto em
termos econômicos e ambientais quanto de inclusão social, pois
permite maior participação de pequenos produtores no
processamento industrial de frutas (SILVA, 2010).
11. EXEMPLOS DE “TS”
Secador Solar para Desidratação de Frutas
O secador consta de uma câmara de vidro, cantoneiras e chapas de
alumínio para desidratação de frutas;
As vantagens da desidratação observadas foram praticidade, baixos
custos e redução de volume no transporte, bem como o aumento na vida útil
e vantagens no armazenamento do produto, mantendo o alimento natural e
saudável.
12. EXEMPLOS DE “TS”
Desinfecção Solar de Água
A Organização Mundial da Saúde recomenda que as garrafas com
água sejam expostas ao sol por um período de 6 horas a sol pleno;
A utilização das garrafas transparente e preta permite eficiência
de 100%, ambas com tempo de exposição solar de 5 horas;
14. EXEMPLOS DE “TS”
BARRAGINHAS
Consiste na construção de mini-barramentos de forma a recuperar áreas
degradadas pelo escorrimento das águas de chuvas sobre solos compactados
(enxurradas), formando pequenos açudes que captam a água da chuva e a
mantém represada
Com o barramento da água, ocorre o umedecimento da área e aumento do nível
do lençol freático, o que favorece o desenvolvimento da agricultura, dando
condições para o plantio de hortas, pomares, canaviais, bosques, assim como a
criação de pequenos animais. Além disso, possibilita a diminuição de danos
ambientais, principalmente erosão e assoreamento, ao evitar enxurradas.
Barragem Subterrânea
15. ÁGUA É VIDA
•O projeto Água é Vida é uma tecnologia social desenvolvida pela Associação da
Juventude Defensora da Natureza de Matelândia–Adenam, com a finalidade de recuperar
as nascentes de água assoreadas ou degradadas localizadas nas propriedades de pequenos
produtores rurais.
•O método consiste em limpar o entorno da nascente manualmente, colocando pedras e,
em seguida, instalando canos. A cabeceira é vedada com uma mistura feita com solo,
cimento e água. As pedras têm o objetivo de filtrar a água. A tecnologia ainda viabiliza o
aumento dos ganhos através de atividades típicas da agricultura família.
Valor estimado para a implementação da tecnologia: R$ 1.000,00
16. EXEMPLOS DE “TS”
Gestão Doméstica de Recursos Hídricos
A tecnologia social proposta implica na implantação de sistema de captação e armazenamento de água de
chuva, de fossa ecológica (bacia evapotranspiradora) para tratamento de água negra (esgoto) e de um
sistema ecológico (círculo de bananeira) para tratamento de água cinza (servida por pias, chuveiros e etc.).
Por ser apropriada, a tecnologia proposta não necessita de mão de obra especializada, requerendo apenas
materiais com baixo custo relativo e de fácil acesso no mercado, além de reaproveitar materiais reciclados
de diferentes origens.
O impacto ambiental da tecnologia mais sensível é justamente transformar o que seriam problemas em
soluções, na forma de recursos. O uso da água da chuva garante o abastecimento familiar mínimo em
períodos de seca e diminui a pressão sobre os recursos hídricos locais. A contaminação do solo por
sumidouros e fossas sépticas é totalmente eliminada. Os sistemas de tratamento, além de
desempenharem função ecológica, atuam como ambientes produtivos.
17. Bambu Inclusão Sustentável
Utilização do bambu como matéria-prima para o desenvolvimento de produtos artesanais.
Melhoria das condições de renda e inclusão social, empregabilidade
e sustentabilidade.
O cultivo do bambu pode ser realizado em diversos tipos de solo e em desnível. O plantio
nessas áreas possibilitará a contenção da erosão e a preservação dos recursos hídricos
dessas áreas, tanto na prevenção do assoreamento dos cursos d’água quanto dos
aquíferos, por permitir um elevado coeficiente de infiltração das águas das chuvas.
18. EXEMPLOS DE “TS”
Documentário Sisal
Banco Comunitário de Sementes Crioulas
•O Banco Comunitário de Sementes Crioulas é uma tecnologia social que promove a sustentabilidade da agricultura familiar por meio do
fortalecimento do intercâmbio de variedades crioulas e as respectivas informações sobre o seu cultivo e usos entre as famílias de agricultores e
agricultoras.
•Com a agricultura moderna, criou-se uma relação de dependência entre sementes melhoradas, adubos e defensivos químicos. Um pacote tecnológico
caro e viável somente quando aplicado em extensas áreas. Insumos e custos que não se sustentam no contexto da agricultura familiar, forçada a adquirir
sementes híbridas, muitas vezes as únicas disponíveis no mercado.
•Promover a sustentabilidade da agricultura familiar através do fortalecimento do intercâmbio de variedades tradicionais e as respectivas informações sobre
o seu cultivo e usos, entre as famílias de agricultores e agricultoras
19. Bioconstrução para Agricultura Familiar
Uso de tecnologias sustentáveis na construção de moradias eficientes do ponto de vista
ecológico, econômico e social para agricultores familiares de baixa renda, visando a
melhoria da qualidade de vida dessas pessoas.
A bioconstrução apresenta uma maior eficiência econômica com um reduzido impacto
ambiental e promove a igualdade social pela valorização da cultura e do bem-estar
familiar pela valorização do clima local na concepção dos projetos.
Problema Solucionado:
Redução do déficit habitacional no meio rural por meio de soluções sustentáveis; -
Ampliação do acesso a moradias com qualidade ambiental e baixo custo financeiro; -
Redução do impacto ambiental das obras; Uso de materiais locais com baixa energia
incorporada (madeira, terra, pedra, fibras vegetais); Construção de moradias com
eficiência energética, com redução do uso de energia para conforto térmico e
luminosidade; - Redução do uso da energia elétrica pelo uso do aquecimento solar de
baixo custo para água de banho.
20. EXEMPLOS DE “TS”
•PAIS – Produção Agroecológica Integrada e
Sustentável
Agroecológica – dispensa uso de ações que causam danos ao
meio ambiente;
Integrada – alia criação de animais com produção vegetal,
utilizando insumos da propriedade em todo o processo;
Sustentável – preserva a qualidade do solo e das fontes de
água, incentiva associativismo e aponta novos canais de
comercialização.
21. EXEMPLOS DE “TS”
Fossa Séptica Biodigestora
O projeto visa o tratamento dos dejetos humanos por meio do processo de
biodigestão, afim de evitar a contaminação do solo e, ainda, produzir adubo
orgânico de qualidade (biofertilizante) e Biogás;
A tecnologia consiste no desvio da tubulação do vaso sanitário para três caixas
coletoras, enterradas para propiciar o isolamento térmico.
22. Aliança Social (AS)
Metodologia socioeducativa aplicada em várias localidades, inovadora
e em constante renovação. Mobiliza a comunidade utilizando a cultura
como catalisador de projetos sociais. Visa soluções socioeconômicas,
culturais e ambientais, utilizando pedagogias participativas, de ampla
difusão e replicável. Esta ação busca tirar as pessoas da situação
conformista, fazendo-as acreditar na possibilidade de mudança e
proporcionando a identificação dos fatores que as influenciam e que as
fazem permanecer sem expectativas de desenvolvimento
Problemas Solucionados:
•Aumento da vulnerabilidade social, analfabetismo político,
individualidade, desconfiança, falta de cooperação, falta de identidade
coletiva, e da inoperância das associações; Baixa autoestima,
impossibilidade de qualificação profissional, histórico de estudos
precários e reduzidas experiências profissionais
23. Aprender Fazendo: Formação de Multiplicadores
Comunitários
•A tecnologia consiste em uma metodologia para formação de multiplicadores em
comunidades de baixa renda junto a serviços e produtos gerados pela Embrapa
Amazônia Oriental e parceiros em um sistema produtivo e organizacional.
•Estimular a busca pelo conhecimento e a adoção de atitudes e práticas conscientes e
cidadãs a partir da formação de multiplicadores comunitários a fim de colaborar com a
inclusão social, a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável.
•Como solução dos problemas foi construída uma agenda de capacitações para formação
de multiplicadores comunitários de acordo com as necessidades levantadas nas
24. comunidades. Os multiplicadores atuam como consultores e capacitam outros moradores
a partir de uma linguagem de fácil entendimento.
•Assentamentos Rurais Sustentáveis
•Conhecimentos técnicos e científicos em agroecologia suficientes para provocar
processos de transição para a sustentabilidade. O principal objetivo da ação é promover
o estabelecimento de sistemas complexos e biodiversos, com objetivos econômicos e
ambientais associados. Construção e apropriação social de conhecimento
agroecológico para a transição para a sustentabilidade em realidades de assentamento
rural.
•De modo geral, os assentamentos carecem de uma base técnica mais sólida em
agricultura sustentável, em parte pela perda dos conhecimentos tradicionais ancestrais,
25. especialmente nas camadas mais jovens, em parte pela adesão parcial ao modelo
agrícola da modernização.
•A solução em desenvolvimento para o avanço dos sistemas agroecológicos em
assentamentos rurais inclui forte interação com as comunidades na aplicação de um
conjunto de processos técnicos e pedagógicos. A tecnologia social proposta se define
como um conjunto de princípios e métodos de construção da sustentabilidade dos
assentamentos rurais, estreitamente vinculado a aplicações locais na forma de
unidades referenciais de conhecimento agroecológico.
26. Bancos de Sementes Comunitários
Resgate, multiplicação e preservação de variedades de sementes locais que estavam
desaparecendo com a erosão genética. É uma TS que busca dinamizar o processo
produtivo dos agricultores(as) por meio do estoque coletivo de sementes e grãos, através
de bancos de sementes comunitários.
Fortalecimento da agricultura familiar através do resgate, multiplicação e preservação
das sementes locais.
Problema Solucionado:
Os agricultores da região semiárida, ao longo dos anos, sofreram um perigoso processo
de erosão genética, sobretudo no que se refere às sementes agrícolas. As formas
tradicionais e típicas de entrada de sementes na região não eram baseadas no âmbito
local. Isso ocasionou um cenário de dependência em relação às sementes externas, que
na sua grande maioria são inadequadas à realidade climática do semiárido.
27. EXEMPLOS DE “TS”
Cisterna de Placas Pré-Moldadas
Consiste na construção de estrutura para
captação e armazenamento da água da chuva, por
meio de calhas instaladas nas casas, ligadas à
cisterna de placas;
De construção simples e tradicional, a cisterna
oferece água limpa e fácil de ser tratada;
O custo aproximado dessa instalação varia em
torno de R$ 1.400,00 e ela pode ser construída em
sistema de consórcio ou mutirão.
28. EXEMPLOS DE “TS”
Minifábrica de Castanha-de-Caju
Promove o aperfeiçoamento da produção e o
melhor aproveitamento das castanhas;
Os pequenos produtores rurais estarão
participando de toda a cadeia produtiva, não só na
produção, mas também no beneficiamento, na
seleção, na comercialização e na exportação das
castanhas de caju.