1. Texto-Bíblico: TIAGO 4: 13-17
TEMA: PROPÓSITOS
Mais um ano se passou. O ano de 2011 ficará apenas na nossa memória. Foram
365 dias, o que equivale a 8.760 horas ou a 525.600 minutos O calendário de 2011 vai
para o lixo e vamos colocar na parede o calendário de 2012. Para este novo ano com
certeza todos nós temos algumas intenções ou propósitos para este novo ano. Você já tem
alguns planos e aspirações para este novo ano? Aliás, viver sem propósito nenhum é
angustiante. Os dias se passam vagarosamente como a areia que escorre pela ampulheta,
e nada de efetivo é experimentado no viver. Além disso, muitos propósitos irrelevantes
também são estabelecidos e poucos dias depois são abandonados.
Jeremias apresentou a mensagem divina para o povo de Israel que deliberadamente
desobedecia ao Senhor e estabelecia os seus propósitos egoístas. “Mas isto lhes ordenei,
dizendo: Dai ouvidos à minha voz, e eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; e
andai em todo o caminho que eu vos mandar, para que vos vá bem. Mas não ouviram,
nem inclinaram os seus ouvidos, mas andaram nos seus próprios conselhos, no propósito
do seu coração rebelde; e andaram para trás, e não para diante" (Jeremias 7:23-24 ACF).
O Senhor Deus, por intermédio do salmista, revela a rebeldia do povo de Israel: “O meu
povo não me quis escutar a voz, e Israel não me atendeu. Assim, deixei-o andar na
teimosia do seu coração; seguindo os seus próprios conselhos. Ah! Se o meu povo me
escutasse, se Israel andasse nos meus caminhos!” (Sl. 81: 11-13).
Os nossos propósitos para o ano que se inicia podem estar cheios de sabedoria
ou de insensatez. Para isso é necessário aferir o que estamos planejando com a Palavra
de Deus, a bússola perfeita que nos orienta em todas as coisas. Como cristãos, o nosso
propósito maior deve ser viver de modo agradável diante do Senhor e para isso
precisamos estar sensíveis à voz de Deus por meio das Escrituras.
A epístola de Tiago foi escrita para demonstrar que a fé no Senhor Jesus Cristo deve
ser aplicada a todas as experiências e relações dos discípulos cristãos. O que Tiago visa é
a fé em ação, daí sua ênfase marcante sobre o lugar das obras na vida cristã. A epístola é
repleta de ensinos práticos objetivando a edificação da igreja.
A epístola de Tiago está permeada de instruções para um viver sábio. Logo no início
da epístola, Tiago recomenda aos leitores que clamem por sabedoria a Deus: “Se, porém,
algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada
lhes impropera; e ser-lhe-á concedida” (Tg. 1:5). Tiago também descreve como é a
sabedoria que desce do alto, ou seja, a sabedoria que procede de Deus (Tg. 3:13-18):
“pura, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem
parcialidade, e sem hipocrisia.”
Neste texto que acabamos de ler, Tiago nos faz refletir sobre os propósitos que
traçamos. Ele nos mostra que é necessário submeter cada um dos nossos propósitos à
Palavra de Deus. Somente agindo assim, daremos evidências de um viver pautado na
sabedoria bíblica. Então, eu gostaria de afirmar o seguinte:
O CRISTÃO SÁBIO SUBMETE SEUS PROPÓSITOS
À AUTORIDADE DA PALAVRA DE DEUS
Será que os nossos propósitos para 2012 estão submissos à autoridade da Palavra
de Deus? Ou será que estamos traçando planos sem a menor evidência de temor a Deus?
Se nossas vidas não estão submissas à autoridade da Palavra de Deus é necessária uma
séria reflexão sobre o cristianismo que professamos. Uma vida sem o menor compromisso
com o que Deus requer de nós confirma que há problemas em nosso cristianismo.
? COMO O CRISTÃO SÁBIO SUBMETE SEUS PROPÓSITOS À AUTORIDADE DA PALAVRA DE
DEUS?
! O CRISTÃO SÁBIO SUBMETE SEUS PROPÓSITOS À AUTORIDADE DA PALAVRA DE DEUS
DE ALGUMAS MANEIRAS:
Nesta noite veremos três maneiras pelas quais o cristão sábio submete seus
propósitos à autoridade da Palavra de Deus.
2. Z:/d EK ^Z s/ K K D dZ/ /^DK s^
O versículo 13 nos ensina que o objetivo final era o lucro. Ir para outra cidade e
permanecer lá por 1 ano tinha como propósito encher os bolsos. Os negociantes judeus
iriam aos centros comerciais da época (por exemplo: Antioquia, Alexandria, Damasco,
Corinto) e em cada uma dessas praças de comércio gastar tempo necessário para
acumular riquezas. Os negociantes buscavam lucros cada vez maiores movidos por
ganância e ambição materialista.
O contexto imediato da passagem nos dá um grande auxílio na interpretação. Tiago
vinha escrevendo sobre os conflitos dos seus leitores nos versos 1 a 4, que eram
resultado de cobiça, inveja e desejos mesquinhos. Pedis e não recebeis, porque pedis
mal, para esbanjardes em vossos prazeres (Tg. 4:3). A palavra traduzida como “esbanjar”
significa: gastar de forma desenfreada, desperdiçar, dissipar, consumir rapidamente. E
no capítulo 5, Tiago aborda sobre as riquezas obtidas de forma fraudulenta.
Materialismo é a excessiva busca por coisas materiais que sufoca a nossa
comunhão com Cristo. O MATERIALISMO PODE NOS DOMINAR A PONTO DE FAZER A
NOSSA FÉ NAUFRAGAR. Muitas pessoas abandonaram a fé porque se iludiram com as
riquezas deste mundo. Por isso Paulo faz um alerta na sua carta ao jovem Timóteo: “Ora,
os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências
insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor
do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si
mesmos se atormentaram com muitas dores” (2 Tm. 6: 9-10). O que Paulo queria dizer
quando escreveu a Timóteo: “o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males” em 1 Tm.
6:10? O que ele quer nos ensinar é que não existe nenhum tipo de mal do qual a pessoa
que ama o dinheiro não seja capaz para consegui-lo ou não perdê-lo. Toda moderação é
eliminada – quem ama o dinheiro fará qualquer coisa por ele: trapaças, sonegação, roubo,
jogos de loteria, práticas ilícitas, contrabando, fraudes, corrupção, mentiras.
Talvez você já cantarolou algumas vezes a música de final de ano: “Adeus ano velho,
feliz ano novo, que tudo se realize no ano que vai nascer: muito dinheiro no bolso, saúde
pra dar e vender.” Há uma forte ênfase nesta música na abundância de dinheiro/saúde,
mas para o cristão sábio a ênfase deve ser outra: mais santidade, devoção,
arrependimento, mais zelo, graça e abnegação.
John Piper escreveu que “a raiz de todo mal é que nós somos pessoas do tipo que se
acomodam ao amor pelo dinheiro em vez de buscar o amor por Deus. Paulo não está
advertindo contra o desejo de ganhar dinheiro para suprir nossas necessidades ou as de
outros, mas contra o desejo de ter mais e mais dinheiro e contra promover o ego e o luxo
material que ele pode proporcionar.”
O dinheiro tem poder – poder espiritual – para conquistar o coração do homem.
Segundo a Bíblia, o dinheiro tem caráter de divindade, pois ele inspira devoção. Vários
problemas morais surgem por causa desta devoção a Mamom. A devoção ao dinheiro é
um grande empecilho para que Ele seja de fato Senhor de nossas vidas (realçar a
ilustração do jovem rico em Mateus 19:21). É importante discernir bem quais são as
nossas reais necessidades na vida, para evitar extremos que podem arruinar nossa
devoção a Deus.
Os seus propósitos para 2012 resumem-se em negociar muito e ganhar mais
dinheiro? Será conquistar mais bens e aumentar suas posses? Não ame ao dinheiro mais
do que a Deus: é um sério risco! Trabalhe honestamente sem enganos ou fraudes e cobre
o preço justo. A ganância é um poço sem fundo, e quem nele cai terá enormes
dificuldades para sair. O dinheiro é incapaz de satisfazer nossa necessidade fundamental
(Eclesiastes 5:10), pois somente o relacionamento com Cristo suprirá plenamente nosso
ser (João 14:14). “Com efeito, passa o homem como uma sombra; em vão se inquieta;
amontoa tesouros e não sabe quem os levará” (Sl. 39.6). Em Cristo Jesus podemos
confiar que todas as nossas necessidades serão supridas, sem nos submetermos ao jugo
da escravidão ao materialismo.
3. KE^/Z EK hd// WZ^hE K ,hD E s^
Tiago faz uma grave denúncia: os planos traçados no verso 13 foram feitos sem
levar em conta a vontade de Deus. Tudo foi arquitetado por pessoas presunçosas que
desprezavam o governo divino. A própria pergunta “que é a vossa vida?” é uma
reprimenda, porém a resposta é dura e inflexível. A vida, na melhor das hipóteses, vista à
luz da eternidade, é apenas como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. É
como o vapor que sai de nossas bocas num dia frio. A vida é breve e imprevisível, mas as
pessoas cheias de presunção não refletem sobre isto. A palavra pretensão no versículo 6
contém a ideia de “uma certeza insolente e vazia, arrogância, que confia em seu próprio
poder e recursos, que despreza o governo divino”. É a soberba da vida em 1 Jo. 2:16.
O salmista disse “acabam-se os nossos anos como um breve pensamento” (Sl. 90:9).
Já o cristão sábio considera atentamente a futilidade de toda e qualquer presunção
humana, e por isso mesmo submete seus desejos e planos ao Senhor.
O humanismo é uma filosofia de vida que coloca o homem no centro do palco: o
homem torna-se o senhor da própria história. Em resumo, é a fé no homem com todo o
seu potencial interior, pois a interferência de Deus não existe. O humanismo exclui Deus
porque crê que os seres humanos são suficientes em si mesmos. Esta filosofia está muito
ligada com a ideia em moda atualmente: “eu quero, eu posso, eu consigo”. As propagandas
na televisão incentivam a independência e a autonomia humana, para realizar tudo sem
depender de ninguém. O humanista faz seus planos numa redoma de auto-suficiência. O
humanista é alguém dominado pela arrogância e por isso desconsidera a brevidade da
vida. Apesar de não saber o que vai acontecer amanhã, ele vive como se soubesse. Ou
seja, as pretensões humanas são carregadas de presunção.
Muitos crentes traçam seus planos sem levar em conta a vontade de Deus. Ser um cristão-
humanista é uma contradição, POIS quem segue a Cristo não ignora a poderosa mão de Deus em
ação na história da sua vida. Tudo o que somos e o que fazemos é fruto da graça de Deus sobre
nós. A Bíblia diz quem sem Cristo nada podemos fazer (Jo. 15:5), ou seja, nossa ligação com a
videira é essencial para tudo que intentamos realizar. Nenhum fruto de valor eterno será
produzido se não estivermos desfrutando de comunhão com Cristo, a Videira que nos supre.
Não sejas sábio aos teus próprios olhos (não presuma que tem todas as respostas); teme ao
Senhor e aparta-te do mal. (Pv. 3:7). É pura tolice pensar e agir como se soubéssemos mais que
Deus. É duas vezes tolo aquele que é sábio a seus próprios olhos (John Trapp). Abominável é ao
Senhor todo arrogante de coração (Pv. 16:5).
Obviamente Tiago não está combatendo a questão do planejamento, mas
combatendo o planejamento sem levar Deus em conta. Precisamos ter alvos e planos,
mas sem presunção. A Bíblia não nos proíbe de fazer planos, pelo contrário somos
encorajados a isso. Mas enquanto planejamos, nunca podemos esquecer quem somos:
seres frágeis, limitados e dependentes. Os nossos planos devem ser submetidos sempre à
aprovação de Deus. É necessário termos a visão correta sobre Deus enquanto
planejamos: é Ele quem nos supre do fôlego da vida e nos capacita para realizarmos algo.
Em Provérbios 16:1 lemos que o coração do homem pode fazer planos, mas a resposta
certa dos lábios vem do Senhor” e em Provérbios 19:21 lemos o seguinte: Muitos
propósitos há no coração do homem, mas o desígnio do Senhor permanecerá. Planejar é
necessário, mas depender de Deus é fundamental.
Tudo o que pensamos e tudo o que façamos deve estar em contínua submissão a
Deus, pois Ele tem tudo sob Seu controle. Ignorar esta verdade revela um coração
humanista e arrogante. A Bíblia nos apresenta um paradoxo: “O homem que vive mais
seguro é o que menos confiança tem em si mesmo.”
Será que em nossas vidas não há algum vestígio de humanismo? Quantas vezes
consideramos a boa, agradável e perfeita vontade de Deus quando vamos tomar alguma
decisão? Quantas vezes recorremos a Deus em oração para que Ele nos oriente em
nossas vidas? Quantas vezes buscamos o ensino de Sua Palavra a fim de sermos
instruídos sobre como proceder? Se você agiu com presunção em 2011 e colheu amargas
decepções, é momento de reconsiderar a importância de depender de Deus nas decisões
que deverá tomar em 2012.
4. W/ EK KD //'E/ ^ /E^dZhO^ 1/ ^ s^
W
Tiago nos ensina que a essência da sabedoria é a prática, não o mero conhecimento
sobre o que fazer. John Gill no seu comentário sobre este versículo, afirma que esta
exortação refere-se à totalidade das instruções que Tiago abordou em sua epístola, e não
apenas com relação ao fato de considerar a vontade de Deus nos planos que fazemos. É
por isso que ele enfatizou em sua carta que a fé verdadeira é acompanhada de obras. Ou
seja, a fé que justifica o homem traz como resultado uma vida diferente. O mero
entendimento intelectual das verdades espirituais é inútil se não evidenciarmos na
prática atitudes que glorifiquem a Deus. Isto se torna bem claro em Tiago 1: 22-25:
“Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós
mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao
homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla,
e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência. Mas aquele que
considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo
ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar”.
A Palavra de Deus é como um espelho. Ela mostra a verdade nua e crua a nosso
respeito, sem fazer nada para diminuir-lhe o impacto. Também explica quais atitudes
devemos tomar a partir daquilo que vemos. Por outro lado, nos iludimos quando nos
afastamos da Palavra e nos recusamos a agir com base no que lemos.
John Stott escreveu: O conhecimento carrega consigo a solene responsabilidade de
se agir com base nele, traduzindo-o no comportamento apropriado e também Deus
nunca pretende que o conhecimento seja um fim em si mesmo, mas sempre o meio para
se chegar a um fim. A Bíblia não é apenas uma coletânea de informações. Em termos
espirituais, o que nós somos hoje é o resultado direto dos princípios bíblicos que aplicamos
ou deixamos de aplicar em nossas vidas.
As instruções dadas por Cristo no Sermão do Monte e em todo o seu ministério
deviam ser empreendidas. Os discípulos eram individualmente responsáveis para aplicar
em suas vidas o que tinham aprendido do Mestre. No final do Sermão, Jesus alerta-os:
Mateus 7: 26-27: “E todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica
será comparado a um homem insensato (tolo, néscio, estulto) que edificou a sua casa
sobre a areia; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram
com ímpeto contra aquela casa, e ela desabou, sendo grande a sua ruína.” Jesus nos
diz com toda clareza que tipo de fundação resiste às dificuldades da vida. Um dia
virá a tempestade. A grande tempestade, que testará nossas vidas. Quem ouviu e
obedeceu ficará firme, quem apenas ouviu será arruinado.
O conhecimento sobre o que devemos fazer aumenta a nossa responsabilidade
diante de Deus. Tornamo-nos mais responsáveis sempre que ouvimos um sermão ou
somos confrontados com a Palavra de Deus. Cada estudo bíblico, cada pregação, cada
desafio que ouvimos precisa de uma resposta. E muitas vezes o nosso silêncio e letargia é
a resposta. A pergunta é: o que colocamos em prática de tudo o que ouvimos neste ano
que passou? E os propósitos que temos para 2012 incluem a importante necessidade de
praticar o que já sabemos? Ou será que estamos construindo nossa casa sobre a areia,
acumulando conhecimento sem colocá-lo em ação? “Ora, se sabeis estas coisas, bem-
aventurados sois se as praticardes” (Jo. 13:17). A sabedoria do ponto vista bíblico não é o
mero conhecimento de fatos. A sabedoria “é a percepção da vontade de Deus e do modo
pelo qual ela deve ser aplicada na vida”. Já aprendemos sobre a criação de filhos,
relacionamento marido-mulher, serviço, dons, a necessidade de perdoar, compromisso.
As palavras do Hino C.C. 301 nos mostram que o crer (a fé) está ligado ao observar
(práticas corretas): Crer e observar / Tudo quanto ordenar / O fiel obedece ao que Cristo
mandar. Lembre-se que a evidência do conhecimento de Deus é a obediência a Ele:
“Aquele que diz: Eu o conheço e não guarda (obedecer, praticar) os seus mandamentos é
mentiroso, e nele não está a verdade” (1 Jo. 2:4).