1. RELATÓRIOS ESPECIAIS
NORDESTE
6 DE MARÇO DE 2013
Como enfrentar
as dores
do crescimento
Os administradores públicos e da iniciativa
privada pregam a necessidade de um programa
federal que planeje o desenvolvimento da região
como um todo, a fim de evitar retrocesso nos
avanços econômicos e sociais já obtidos
MINIMORGAN
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2. N O R D E S T E : Integração
Políticas para
quem precisa
O combate às desigualdades sociais
entre as regiões brasileiras ainda
é a arma mais eficiente para manter
a rota do crescimento
POR MARIANA SEGALA
H
á muitas maneiras de ra ordenar os fundamentos macroeconô- ticipação da região na economia brasileira
encarar quais são as me- micos do País, mas por si só não nos levou também não aumentou mais do que meio
lhores fórmulas para ga- a retomar o crescimento. As áreas econo- ponto porcentual. Hoje, o PIB nordestino
rantir o crescimento de micamente mais deprimidas só responde- representa em torno de 13,5% da riqueza
regiões economicamente ram quando a desigualdade começou a ser produzida no Brasil, embora a região abri-
desfavorecidas, como é o combatida, dez anos atrás”, acrescentou. gue mais de 28% da população do País.
caso do Nordeste brasilei- Uma calorosa onda de investimentos
ro. Uma parcela dos entendidos no assun- A resposta do Nordeste, no entanto, che- migrou para o Nordeste nos últimos anos
to defende que elevar o nível de consumo gou com uma velocidade e numa intensi- – de 2008 para cá, foram anunciados in-
das famílias é a saída mais rápida. Outro dade que ainda não foram suficientes para vestimentos de pelo menos 282 bilhões
grupo sugere que não há meio mais efi- levar a região a superar seu passivo social de reais nos estados nordestinos, o equi-
caz e duradouro de assegurar o avanço do histórico. Estudos conduzidos pelo Ban- valente às economias de Bahia, Pernam-
Produto Interno Bruto (PIB) do que uma co do Nordeste do Brasil (BNB) indicam buco e Rio Grande do Norte somadas. No
pesada carga de investimentos. O fato é que os estados da região precisam crescer entanto, a inexistência de uma estraté-
que quem sente na pele o que é a realidade bem acima do restante do Brasil, e duran- gia nacional que privilegie a região abre a
nordestina – e mais, quem administra pe- te muitos anos, para conseguir equiparar possibilidade de que esse movimento não
daços dessa região tão cheia de peculiari- a renda dos seus habitantes à média nacio- se sustente no longo prazo. Tânia Bacelar,
dades – não hesita ao afirmar que o cerne nal – mais precisamente, seria necessário professora de economia regional da Uni-
da questão está em atacar as desigualda- contar com mais de 40 anos de avanço de versidade Federal de Pernambuco (Ufpe)
des sociais antes de qualquer outra coisa. 1 ponto porcentual acima da cifra brasilei- e sócia da consultoria Ceplan, já enxerga
“Precisamos consolidar o conceito de que ra. Entre 2002 e 2010, um período de ele- “sinais de reconcentração” industrial no
as desigualdades regionais são um freio ao vada prosperidade no Nordeste, em que o Brasil, o que não ajuda em nada o desen-
desenvolvimento do País”, afirmou Edu- consumo na região se descolou (para ci- volvimento do Nordeste.
ardo Campos, governador de Pernambu- ma) das outras áreas do País, a diferença “Não é saudável nos deslumbrarmos
co, durante o seminário “Nordeste – Co- no crescimento do PIB foi de apenas meio com a chegada da Fiat a Pernambuco ou
mo enfrentar as dores do crescimento”, ponto porcentual para a média nacional – das refinarias da Petrobras ao Ceará e ao
da série Diálogos Capitais, promovido por um número que ajuda a entender a dimen- Maranhão”, ressaltou Tânia durante o se-
CartaCapital no Recife na segunda-feira são do desafio. E, ainda que tenha supera- minário. Muito mais eficiente seria estabe-
25. “O fim da inflação foi importante pa- do o ritmo de crescimento do País, a par- lecer recortes regionais nos desenhos das
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3. RELATÓRIOS ESPECIAIS CARTACAPITAL
FOTO S : L EO C A L DA S
políticas de apoio que têm sido desenvolvi- do sistema. “Somos uma federação e pre- Para Campos
das para setores como a indústria automo- cisamos do esforço de todos os entes fede- e Wagner, há um
tiva e a exploração de óleo e gás. “Devemos rados. O Nordeste contribui com o Bra- longo caminho
evitar que a exploração do petróleo da ca- sil e, por isso, o Brasil deve contribuir nos
mada do pré-sal, por exemplo, acabe se tor- proporcionando direitos – e não favores –
a fim de superar
nando um fator de reconcentração”, con- como o acesso à saúde e à educação.” Para o histórico
cordou o governador Eduardo Campos. o governador, está claro que não basta fa- passivo social
Para Tânia, o Brasil tem potencial para fa- zer a população chegar à periferia do mer-
zer sua indústria renascer, mas isso só é vá- cado de consumo, coisa que já aconteceu
lido se acontecer de forma desconcentrada. nos últimos anos. Falta ainda todo o resto. Sem deslumbre. Tânia
Do ponto de vista dos governantes da Bacelar já enxerga sinais
região, não há outra saída para esse en- O risco de não pensar em políticas públi- de uma indesejável
trave a não ser combater as desigualda- cas regionais no âmbito do Estado – e não reconcentração industrial
des com políticas mais amplas de desen- dos governos – é acabar retrocedendo em
volvimento regional, que embutam ferra- conquistas que já foram alcançadas e de-
mentas de financiamento específicas, em morar muito para alcançar as próximas,
vez das ações pontuais mais usualmente avaliou Jaques Wagner, governador da do combate à inflação, que se tornaram va-
aplicadas. “Trata-se de um debate sobre Bahia, que também participou do seminá- lores da política econômica brasileira du-
o pacto federativo”, ressaltou Campos, rio. “Não podemos permitir nenhum pas- rante as duas últimas décadas. É isso que
mencionando que a parcela dos tributos so para trás nessa caminhada dos últimos levará os avanços sociais ainda pendentes
federais compartilhados com os estados e dez anos e, para tanto, também não deve- no Nordeste a se tornarem uma prioridade
municípios – onde se encontram as prin- mos esquecer que o foco no combate sistê- do País. “Quem não comia dez anos atrás
cipais iniciativas de promoção do desen- mico da desigualdade regional depende de e hoje consegue comer está no céu. Mas
volvimento social – caiu de 80% para 36% quem está sentado na cadeira de presiden- quem já nasceu nessa situação apresenta
de 1985 para cá. Na saúde pública, a con- te da República”, afirmou. Para Wagner, outras demandas para nós”, afirmou o go-
tribuição da União para o financiamento é fundamental que o conceito da distri- vernador baiano. Dar comida à população,
do Sistema Único de Saúde (SUS) passou buição de renda e da luta por avanços so- talvez fosse a solução dos maiores proble-
de 75% para 45% em menos de 15 anos. ciais se solidifique e seja tão reverenciado mas sociais brasileiros dez anos atrás. Ho-
Hoje, os estados bancam 55% dos custos quanto o da estabilização da economia e •
je, definitivamente, já não é mais.
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4. N O R D E S T E : Finanças
O que é que a região tem
A Sudene possui em carteira 7 bilhões de reais, apenas
em projetos já pré-aprovados, e pleiteia um reforço no
orçamento para atender à crescente demanda por recursos
O
volume de recursos para
financiar investimentos
na Região Nordeste, que
se ampliou enormemen-
te na última década, pro-
mete crescer ainda mais
já neste ano. O avanço de-
ve se dar por obra da Superintendência de
Desenvolvimento do Nordeste (Sudene),
extinta em 2001 e recriada durante o go-
verno Lula. Nos últimos três anos, o orça-
mento da instituição para financiamento
de grandes projetos na região, por meio do
Fundo de Desenvolvimento do Nordeste
(FDNE), variou de 1,5 bilhão até 2 bilhões
de reais. Para este ano, no entanto, a dire-
toria da autarquia está pleiteando um va-
lor cinco vezes maior, de 10 bilhões de re-
ais, junto ao governo federal. “Nosso ar-
gumento é o volume de projetos que estão
chegando à Sudene”, explicou Henrique
Aguiar, diretor de gestão de fundos, incen-
tivos e atração de investimentos da Sude-
ne, que participou do seminário “Nordeste Cledorvino Belini, presidente da Fiat Aguiar visa
– Como enfrentar as dores do crescimen- no Brasil, durante o seminário. projetos de
to”, no Recife, na segunda-feira 25. Hoje, Em torno da fábrica, considerada a mais
segundo Aguiar, a Sudene tem na cartei- moderna do Grupo Fiat no mundo, deve impacto para
ra um montante de, aproximadamente, 7 ser erguido um polo automotivo completo, a região, como o
bilhões de reais apenas em projetos já pré- com dois parques de fornecedores, campo da Fiat, de Belini
-aprovados para receber recursos. de provas e área de desenvolvimento. Só a
construção da montadora, que já começou,
Os investimentos financiados pe- deve gerar 7 mil empregos. A operação da Novas ações. Perez,
lo FDNE – fundo operado pela Sude- fábrica quando pronta demandará outras da Provider, expandiu-se
ne que tem a origem dos seus recursos 4,5 mil pessoas – e é por isso que o projeto para o Chile e prepara
fortemente baseada em repasses do conseguiu obter recursos da Sudene. “Pro- a abertura de capital
Tesouro Nacional – são considerados jetos de impacto causam uma repercussão
projetos de impacto. Trata-se de obras imediata na economia e, na Sudene, esta-
do porte da ferrovia Transnordestina mos nos desafiando a participar cada vez çamento de recursos para investimentos
ou de fábricas como a que a Fiat está le- mais deles”, diz Aguiar. “Financiá-los dá de longo prazo que se aproxima do que dis-
vantando em Goiana, no estado de Per- uma resposta rápida ao crescimento baixo põe o Banco do Nordeste do Brasil (BNB),
nambuco. “Calculamos que o Nordes- do PIB, já que o Nordeste é visto como uma atualmente uma das principais fontes
te tenha uma demanda reprimida po- máquina que gira mais rapidamente que o de financiamento para grandes projetos
tencial de 18 milhões de automóveis e é Brasil. Por isso, acreditamos que será pos- na região. Em 2012, o BNB desembolsou
por isso que estamos instalando na re- sível ampliar o nosso orçamento.” quase 23 bilhões de reais para a economia
gião uma fábrica que poderá produzir Se conseguir o que está propondo, a Su- nordestina, dos quais cerca de 12,5 bilhões
até 250 mil carros por ano”, explicou dene chegará ao fim deste ano com um or- foram voltados especificamente para
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5. financiamentos de longo prazo. Neste ano, benefícios no quadro abaixo). Os incentivos impressionou as lideranças da Fiat. Em
a expectativa é de que esse volume alcance valem para as áreas consideradas prioritá- parceria com o governo estadual, a em-
13,8 bilhões de reais. Fora o dinheiro para rias para o desenvolvimento regional, co- presa enviou dez engenheiros para a Itá-
financiar os projetos, no âmbito da Sudene mo infraestrutura, indústria, exploração lia, para que se especializem no Politecni-
também é possível obter benefícios fiscais mineral e agricultura. co di Torino, instituto tecnológico na ci-
que tornam um investimento no Nordes- Aos incentivos proporcionados pela Su- dade de Turim. A recompensa não deve
te ainda mais atrativo. Quem aterrissa na dene se somam outros tantos oferecidos tardar a chegar, e na forma de arrecada-
região pode conseguir até 75% de descon- pelos próprios governos estaduais. Os be- ção de impostos. Ainda nos anos 1990, a
to no Imposto de Renda por um período nefícios de estar no Nordeste, no entanto, fábrica da Fiat, em Betim, chegava a com-
de dez anos. Do valor que sobra para pa- não se resumem a isso. Um setor que tem prar 80% dos componentes dos automó-
gar, mais 30% podem ser usados em pro- ampliado a presença na região é o de con- veis fora do estado. Hoje, esse índice não
jetos de modernização (mais exemplos de tact centers, formado por empresas de tec- passa de 30%. – POR MARIANA SEGALA
nologia especializadas no contato entre as
companhias e os seus consumidores. No
Brasil, o segmento fatura perto de 30 bi-
lhões de reais por ano. “Aproximadamen- Os incentivos
te, 18% desse mercado está no Nordes- fiscais a quem vai
te”, disse João Luiz Dias Perez, presiden-
te do Grupo Provider, que atua no ramo.
para o Nordeste
Sua empresa, fundada no Recife ainda na • Redução de 75% do Imposto de
década de 1990, encontra na região a mão Renda, por dez anos, para projetos
de obra mais adequada para trabalhar nos de instalação, ampliação,
serviços que presta, como o de call center: modernização ou diversificação
jovens entre 18 e 25 anos, a maioria mulhe- em setores prioritários para
res, com ensino médio completo e em bus- o desenvolvimento regional.
ca do primeiro emprego. “Os índices de ro- • Redução de 12,5% do Imposto
tatividade da mão de obra são muito me- de Renda para qualquer
nores aqui no Nordeste. Em geral, chegam empreendimento econômico,
a ser 30% mais baixos do que em outras re- enquadrado em setores prioritários
giões do Brasil”, afirmou Perez. A empre- para o desenvolvimento regional,
sa, que já conseguiu expandir as operações como infraestrutura e indústria.
até o Chile, fatura perto de 275 milhões de • Isenção do Imposto de Renda
reais por ano e se prepara para abrir o capi- para fabricantes de máquinas,
tal na Bolsa de Valores em dois anos. equipamentos, instrumentos
e dispositivos baseados
A Fiat, por sua vez, está especialmente em tecnologia digital.
interessada nos reflexos que o aumento • Reinvestimento de 30% do
da renda dos nordestinos tem causado no Imposto de Renda, acrescido
padrão de consumo da região. “O Brasil já de 50% de recursos próprios,
é o quarto maior mercado de automóveis para aplicação em projetos de
do mundo, com vendas que chegaram a modernização ou complementação
de equipamentos.
3,6 milhões de unidades no ano passado”,
disse Belini, calculando que a demanda • Isenção do Adicional ao Frete para
nacional pode chegar a 4,5 milhões de Renovação da Marinha Mercante
unidades em 2015. Uma parte significati- (AFRMM), tributo que varia de 10%
va desse aumento virá do Nordeste, onde a 40% sobre o valor do frete, para
empreendimentos implantados,
a frota cresceu quase 200% nos últimos
modernizados, ampliados ou
dez anos. No País, o avanço foi de, aproxi-
diversificados no Nordeste,
madamente, 115%. “A Fiat foi a primeira
declarados pela Sudene de interesse
montadora a sair do eixo paulista, abrin- para o desenvolvimento regional.
do uma fábrica em Betim, Minas Gerais,
• Depreciação acelerada incentivada
ainda na década de 1970. Hoje, somos a
e desconto do PIS/Pasep e da Cofins
que mais cresce no Brasil”, destacou Be-
para bens adquiridos por empresas
lini. “Produzimos, em solo mineiro, um de setores prioritários para o
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carro a cada 20 segundos, mas isso já não desenvolvimento regional, situadas
é suficiente.” Agradam ao executivo as em áreas menos desenvolvidas.
iniciativas de reindustrialização imple-
mentadas pelo governo de Pernambuco. Fonte: Sudene
O apoio do estado na empreitada, aliás,
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6. N O R D E S T E : Infraestrutura
Cosenza,
L EO C A L DA S
da Petrobras,
garante que
as refinarias
Premium sairão
do papel
Razões do atraso.
O objetivo é não repetir
os erros que encareceram
a construção
da Abreu e Lima
Combustível
“A construção dessas duas refinarias
está mantida no planejamento da Petro-
bras, elas não foram descartadas”, apres-
para crescer
sou-se a explicar José Carlos Cosenza,
diretor de abastecimento da estatal, que
participou do seminário “Nordeste – Co-
mo enfrentar as dores do crescimento”,
A Petrobras e várias empresas privadas promovido por CartaCapital no Recife
executam projetos para suprir o déficit na segunda-feira 25. “Ambos estão em
revisão para que consigamos adequar os
energético da região projetos de execução a padrões técnicos
internacionais, o que deve nos permi-
tir reduzir os custos”, destacou. Juntas,
as duas refinarias já chegaram a ser or-
N
çadas em quase 60 bilhões de reais, um
ão dá para o Nordeste nem de longe vai dar conta de suprir to- custo que entrou no radar de Graça Fos-
avançar de maneira sus- da a demanda da região. Com um consu- ter depois que ela assumiu a presidência
tentada sem dispor de mo diário de pouco mais de 1 milhão de da companhia, no ano passado. O objeti-
combustível e energia su- barris de combustível, o Nordeste ainda vo é evitar repetir erros como os come-
ficientes para alimentar manterá um déficit de aproximadamen- tidos na construção da própria Abreu e
os motores do seu cresci- te 450 mil barris por dia mesmo depois Lima que, além de atrasar, teve o orça-
mento. Não por outra ra- da inauguração da planta. Por isso, as in- mento recorrentemente ampliado até
zão os nordestinos vibraram com a es- certezas sobre os projetos das refinarias chegar perto dos atuais 35 bilhões de re-
colha da região pela Petrobras, em mea- Premium I, no Maranhão, e Premium II, ais – os primeiros cálculos eram de que
dos da década passada, para a instalação no Ceará, causam arrepios nos consumi- a obra custaria em torno de 5 bilhões.
de três novas refinarias, depois de a esta- dores e nos investidores da região. No úl- “A fase em que é possível baixar mais os
tal ter passado mais de 30 anos sem cons- timo plano de negócios da empresa, di- custos de uma obra é a do planejamen-
truir nenhuma no País. A primeira delas vulgado no ano passado, as duas cons- to da estratégia de construção. Não fi-
– a Refinaria de Abreu e Lima, que está tam como projetos “em avaliação”, com zemos isso muito bem em Pernambuco,
sendo erguida em Ipojuca, Pernambuco a sua implantação ainda condicionada a então é hora de compensar nas Premium
– deve ficar pronta no ano que vem, mas uma série de fatores. I e II”, justificou Cosenza.
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7. N O R D E S T E : Infraestrutura
FOTO S : L EO C A L DA S
Até lá, o que resta à Petrobras é manter
o formato baseado no abastecimento com
petróleo importado. Atualmente, a estatal
tem comprado do exterior cerca de 300 mil
barris de combustível por dia, o equivalen-
te à produção estimada para a Premium I,
a refinaria do Ceará. Importar não é neces-
sariamente mau negócio, mas abastecer-se
com importação amplia a dependência do
Brasil com o mercado internacional de pe-
tróleo, altamente instável. Depois de efeti-
vamente saírem do papel, as duas plantas
nordestinas que hoje estão em avaliação –
e devem deixar essa condição em meados
deste ano – só devem dar a partida na pro-
dução entre 2017 e 2018, pelas projeções Temke, da MPX,
da empresa. Sem as novas refinarias, a Pe- promete para
trobras consegue elevar a sua produção de a região o maior
combustível a uma taxa de aproximada-
polo de energia
mente 2% ao ano, ampliando a produtivi-
dade das fábricas já existentes. “Mas o con- termoelétrica
sumo está crescendo até 3,5% ao ano”, afir- do País
ma Cosenza. “Não podemos esperar suprir
o mercado só com o que já temos.”
Alternativa. Lima, da
O Nordeste tem sido alvo de vários outros AD Diper: menos impostos
projetos ligados ao setor energético, mui- a quem usar energia limpa
to em razão dos recursos de que dispõe no gerada em Pernambuco
seu território. A MPX, empresa do Gru-
po EBX, de Eike Batista, por exemplo, está
dando a largada, desde o fim do ano passa-
do, em usinas termoelétricas para produzir Alternativas renováveis de geração de presidente da Agência de Desenvolvi-
energia no Maranhão e no Ceará. O proje- energia também têm sido alvo de inves- mento Econômico de Pernambuco (AD
to mais importante da empresa, a Usina de timentos pesados no Nordeste. Só para a Diper). “Mas temos um bom porto pa-
Parnaíba, no Maranhão, movida a gás na- construção de parques eólicos, que pro- ra receber os insumos e uma localização
tural, promete ter todas as suas turbinas duzem energia elétrica a partir da força privilegiada, o que nos permite produ-
funcionando até o início do ano que vem. dos ventos, mais de 16 bilhões de reais zir os equipamentos para serem distri-
“Quando isso acontecer, Parnaíba deverá estão sendo injetados na região – fora o buídos por quase todo o Nordeste.” Atu-
se consolidar como o maior polo de energia que já foi gasto com parques que já estão almente, três grandes empresas do se-
termoelétrica do País”, disse Marcus Te- em operação, segundo a Associação Bra- tor já estão instaladas nos arredores do
mke, diretor de operações da MPX, duran- sileira de Energia Eólica (Abeeólica). É o Porto de Suape: a argentina Impsa, fa-
te o seminário no Recife. A intenção do go- caso da Enel Green Power, empresa do bricante de aerogeradores; a espanho-
verno de poupar as hidrelétricas para que grupo italiano Enel que veio para o Nor- la Gestamp, que produz torres; e a dina-
seus reservatórios cheguem a 2014 com deste para gerar energia eólica em esta- marquesa LM Wind Power, de pás eóli-
níveis razoáveis de água anima a empre- dos como a Bahia. O potencial das fon- cas. O estado também está buscando am-
sa, ainda mais quando se considera o pre- tes renováveis de energia na região é tão pliar o uso das energias renováveis no
ço da geração de energia em usinas como a grande que todos os estados, até os me- seu território e, para tanto, criou um pro-
de Parnaíba – lá, é possível produzir 1 me- nos bem servidos de matérias-primas, grama apelidado de PE Sustentável. Pe-
gawatt/hora de energia elétrica por até 80 estão tentando se beneficiar. Pernambu- lo projeto, que ainda está em fase de re-
reais, enquanto em uma termoelétrica tra- co, por exemplo, está fazendo um esfor- gulamentação, empresas que compra-
dicional, movida a óleo, o custo para a ge- ço para se consolidar como um polo de rem no mercado livre energia de fontes
ração dessa mesma quantidade de energia produção de equipamentos destinados limpas produzida no estado terão direi-
chega a 600 reais. “Verticalizamos os pro- aos parques eólicos, como torres e pás. to a redução na sua carga tributária. Pa-
cessos, explorando gás em Parnaíba, e es- “Não somos tão bem servidos de jazi- ra os interessados, a AD Diper promete:
sa é uma das qualidades mais importantes das de vento como a Bahia ou o Rio Gran- “Os incentivos devem começar a ser da-
desse projeto”, explicou Temke. de do Norte”, diz Roberto Abreu e Lima, dos ainda neste ano”. – POR MARIANA SEGALA
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