Este documento discute as reaproximações históricas e culturais entre Recife e Luanda através do comércio de escravos. Apresenta evidências de que houve um grande fluxo de angolanos, especialmente de Luanda, para Pernambuco entre os séculos XVIII e XIX. Também destaca o papel dos holandeses na aproximação entre as duas cidades no século XVII, quando dominaram o Recife e conquistaram Luanda.
Lisboa no século XVI era um importante ponto de encontro de culturas devido ao comércio marítimo português. A cidade era descrita como uma "rainha dos oceanos" e um local onde se cruzavam pessoas de diversos continentes. Autores como Damião de Góis enfatizavam o papel central de Lisboa como porta de entrada entre a África e Ásia para os portugueses. A cidade era vista como um símbolo do império português e de seu poder marítimo.
Este documento fornece um resumo da descrição da cidade de Lisboa no século XVI. Ele destaca sete grandes monumentos construídos pelos reis portugueses, incluindo o Mosteiro dos Jerónimos, o Hospital de Todos-os-Santos, o Paço dos Estaus, o Armazém Público, a Alfândega Nova, a Casa da Índia e o Arsenal de Guerra. O documento também descreve as fontes de água, praças, ruas comerciais e mercados que tornavam Lisboa uma cidade pró
O documento discute a literatura clássica em Portugal. Aponta que o Classicismo surgiu em meados de 1527, tendo como principais autores Luís de Camões, Sá de Miranda e Antônio Ferreira. Em Os Lusíadas, obra máxima do Classicismo português, Camões narra a viagem de Vasco da Gama às Índias e lamenta que Portugal acabe subjugado pela Espanha.
O documento discute a representação do caboclo brasileiro na obra Urupês de Monteiro Lobato. Lobato caracteriza o caboclo, aqui representado pelo "Jeca Tatu", como preguiçoso, atrasado e incapaz de evolução social devido à sua mistura racial, em contraste com a riqueza da natureza brasileira. No entanto, em outra obra Lobato reconhece que a situação precária do camponês se deve mais à estrutura econômica do país do que às características raciais.
O documento fornece informações sobre conceitos e termos literários relacionados à obra de Eça de Queirós "Os Maias". Entre eles estão o Romantismo, o Realismo, o Naturalismo, a Geração de 70, a Questão Coimbrã, a simbologia presente na obra e conceitos como dandismo, impressionismo e vencidos da vida.
Tavira, o Marquês de Pombal e a fábrica de TapeçariasJosé Mesquita
A acção política do marquês de Pombal na 2ª metade do séc. XVIII teve como objectivo a centralização do poder no Estado-Pessoa. Porém, quase em simultâneo, desenvolveu iniciativas de fomento económico que, em grande parte, contribuíram para um vasto programa de reformas, quer na organização da administração pública, quer no ordenamento social, introduzindo ideias e projectos que se assemelham, em certa medida, à revolução iluminista. O fomento do sector industrial foi um dos sectores de maior sucesso e grande dinamismo económico durante o seu consulado. A cidade de Tavira foi contemplada com o apoio à instalação de uma unidade fabril dedicada à produção de tapeçarias. Razões de vária ordem, nomeadamente o afastamento do Marquês do poder, contribuíram para o insucesso mercantil e encerramento desta unidade industrial, única em toda a História do Algarve.
O documento apresenta um resumo sobre a Idade Média na Europa, abordando tópicos como a estrutura política feudal, a sociedade hierarquizada e a influência da Igreja Católica. Também discute eventos históricos como as Cruzadas e a Peste Negra. Por fim, faz uma breve introdução sobre a produção literária da época, notadamente o trovadorismo, com suas cantigas de escárnio, amor e amigo.
Vila Real de Santo António no I Centenário do seu FundadorJosé Mesquita
1) O documento descreve as comemorações do centenário da morte do Marquês de Pombal em Vila Real de Santo António em 1882.
2) Uma comissão foi formada para organizar os eventos, incluindo um sarau literário-musical para inaugurar as comemorações.
3) O sarau contou com discursos sobre a vida e obra do Marquês de Pombal, bem como performances musicais.
Lisboa no século XVI era um importante ponto de encontro de culturas devido ao comércio marítimo português. A cidade era descrita como uma "rainha dos oceanos" e um local onde se cruzavam pessoas de diversos continentes. Autores como Damião de Góis enfatizavam o papel central de Lisboa como porta de entrada entre a África e Ásia para os portugueses. A cidade era vista como um símbolo do império português e de seu poder marítimo.
Este documento fornece um resumo da descrição da cidade de Lisboa no século XVI. Ele destaca sete grandes monumentos construídos pelos reis portugueses, incluindo o Mosteiro dos Jerónimos, o Hospital de Todos-os-Santos, o Paço dos Estaus, o Armazém Público, a Alfândega Nova, a Casa da Índia e o Arsenal de Guerra. O documento também descreve as fontes de água, praças, ruas comerciais e mercados que tornavam Lisboa uma cidade pró
O documento discute a literatura clássica em Portugal. Aponta que o Classicismo surgiu em meados de 1527, tendo como principais autores Luís de Camões, Sá de Miranda e Antônio Ferreira. Em Os Lusíadas, obra máxima do Classicismo português, Camões narra a viagem de Vasco da Gama às Índias e lamenta que Portugal acabe subjugado pela Espanha.
O documento discute a representação do caboclo brasileiro na obra Urupês de Monteiro Lobato. Lobato caracteriza o caboclo, aqui representado pelo "Jeca Tatu", como preguiçoso, atrasado e incapaz de evolução social devido à sua mistura racial, em contraste com a riqueza da natureza brasileira. No entanto, em outra obra Lobato reconhece que a situação precária do camponês se deve mais à estrutura econômica do país do que às características raciais.
O documento fornece informações sobre conceitos e termos literários relacionados à obra de Eça de Queirós "Os Maias". Entre eles estão o Romantismo, o Realismo, o Naturalismo, a Geração de 70, a Questão Coimbrã, a simbologia presente na obra e conceitos como dandismo, impressionismo e vencidos da vida.
Tavira, o Marquês de Pombal e a fábrica de TapeçariasJosé Mesquita
A acção política do marquês de Pombal na 2ª metade do séc. XVIII teve como objectivo a centralização do poder no Estado-Pessoa. Porém, quase em simultâneo, desenvolveu iniciativas de fomento económico que, em grande parte, contribuíram para um vasto programa de reformas, quer na organização da administração pública, quer no ordenamento social, introduzindo ideias e projectos que se assemelham, em certa medida, à revolução iluminista. O fomento do sector industrial foi um dos sectores de maior sucesso e grande dinamismo económico durante o seu consulado. A cidade de Tavira foi contemplada com o apoio à instalação de uma unidade fabril dedicada à produção de tapeçarias. Razões de vária ordem, nomeadamente o afastamento do Marquês do poder, contribuíram para o insucesso mercantil e encerramento desta unidade industrial, única em toda a História do Algarve.
O documento apresenta um resumo sobre a Idade Média na Europa, abordando tópicos como a estrutura política feudal, a sociedade hierarquizada e a influência da Igreja Católica. Também discute eventos históricos como as Cruzadas e a Peste Negra. Por fim, faz uma breve introdução sobre a produção literária da época, notadamente o trovadorismo, com suas cantigas de escárnio, amor e amigo.
Vila Real de Santo António no I Centenário do seu FundadorJosé Mesquita
1) O documento descreve as comemorações do centenário da morte do Marquês de Pombal em Vila Real de Santo António em 1882.
2) Uma comissão foi formada para organizar os eventos, incluindo um sarau literário-musical para inaugurar as comemorações.
3) O sarau contou com discursos sobre a vida e obra do Marquês de Pombal, bem como performances musicais.
Este documento resume o enredo e os principais elementos da obra literária "Os Maias", de Eça de Queirós. A história segue três gerações da família Maia e inclui intrigas românticas e elementos de crítica social à decadência de Portugal no século XIX.
O documento discute a cultura portuguesa no século XII e o trovadourismo. Afirma que a cultura portuguesa na época conciliava as culturas católica, islâmica e hebraica, mas que a cultura católica acabou se impondo de forma sistemática, levando à expulsão dos mouros e judeus e à Inquisição. O trovadourismo floresceu nesse contexto de diversidade cultural inicial.
O documento descreve a literatura produzida no Brasil colonial entre os séculos XVI e XVII, conhecida como Quinhentismo. Resume-se em 3 frases:
A produção literária do período tinha caráter informativo e de catequese, sendo composta principalmente por cartas, diários e tratados com o objetivo de descrever a terra e os nativos, e por poemas, peças teatrais e cartas escritas pelos jesuítas com fins de evangelização. Os principais autores eram missionários como José de Anchieta e Manuel
O documento descreve os diferentes espaços presentes no romance Os Maias, incluindo espaços físicos como Lisboa, Coimbra e Sintra, espaços interiores como o Ramalhete e a Toca, espaço social como jantares e bailes, e espaço psicológico representado pela consciência das personagens. Também aborda os diferentes tipos de tempo no romance, como o tempo histórico, tempo do discurso e tempo psicológico.
1. O documento descreve os principais elementos do Realismo como movimento literário, incluindo a ênfase na objetividade, na representação da realidade exterior e na crítica social.
2. O texto também discute como o Realismo se opunha ao Romantismo e defendia a reforma social através da literatura, criticando os problemas da sociedade portuguesa da época.
3. Por fim, afirma que a obra literária deve ser um reflexo fiel da realidade.
Luís de Camões viveu no século XVI em Portugal. Escreveu a famosa epopeia Os Lusíadas, publicada em 1572, que celebra as conquistas portuguesas. A obra segue a viagem de Vasco da Gama à Índia e inclui elementos da mitologia greco-romana. Camões representou o Renascimento português através de sua admiração pela cultura clássica e foco no humanismo.
Trabalho realizado por dois formandos do Curso EFA - B3 (2008/2009) da Escola E.B. 2,3 de Valongo, no âmbito do Tema de Vida 3 ("Somos Consumidores") e das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
Este capítulo apresenta as personagens principais Carlos da Maia e Maria Eduarda, descrevendo suas aparências físicas. O capítulo também descreve os espaços da Toca onde Carlos e Maria Eduarda consomem seu amor pela primeira vez e onde Carlos rompe seu relacionamento com a Condessa de Gouvarinho. O tempo é o verão de 1875.
O documento apresenta uma introdução sobre a literatura brasileira no período colonial e a influência da literatura portuguesa. Em seguida, resume os principais momentos da literatura portuguesa até o século XVI, como o Trovadorismo, o Humanismo, o Classicismo e o Quinhentismo, que serviram de referência para os escritores brasileiros.
O documento discute como a história do Brasil é geralmente ensinada de forma conservadora, focando nos brancos vencedores e ignorando contradições e conflitos. Também aponta que as novas abordagens encontram dificuldades para serem transmitidas, e defende repensar como conceber, escrever e divulgar a história do país.
O documento discute as principais características da escola literária realista no Brasil no século XIX, tendo como seu maior expoente Machado de Assis. O realismo rompeu com a subjetividade e idealização romântica para retratar a sociedade de forma crítica e fiel à realidade.
O documento descreve o contexto histórico e cultural do Trovadorismo e do Renascimento em Portugal, incluindo características das Cantigas produzidas no período trovadoresco e as principais obras e aspectos da vida do poeta Luís de Camões.
Os textos analisam as obras Os Lusíadas de Camões e Mensagem de Fernando Pessoa. Camões celebra a expansão marítima portuguesa enquanto Pessoa retrata Portugal em declínio precisando de uma nova força. Ambos cantam Portugal sob diferentes perspectivas históricas.
Memórias de um_sargento_de_milícias_-_materialrafabebum
1. O documento analisa o romance Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida, descrevendo seu contexto, estrutura, estilo e linguagem.
2. A narrativa se passa no Rio de Janeiro do início do século XIX e foca a vida do personagem Leonardo, desde a infância até a vida adulta, retratando a sociedade carioca da época de forma realista e irônica.
3. O romance apresenta características do Romantismo e do Realismo, utilizando
O documento discute o Movimento Literário Barroco no Brasil entre os séculos XVII e XVIII. Apresenta o contexto histórico e social da época, as origens do Barroco, e destaca Gregório de Matos e Padre Antônio Vieira como principais autores, analisando brevemente algumas de suas obras.
O documento discute a relação entre literatura e jornalismo em Moçambique. Apresenta as perspectivas de dois escritores, Calane da Silva e Nelson Saúte, que destacam como a imprensa contribuiu para o surgimento da literatura moçambicana e como alguns gêneros jornalísticos, como a crônica e a reportagem, se confundem com a literatura.
1) O documento analisa o romance Boca de chafariz, de Rui Mourão, que explora a tensão entre o passado e o presente na cidade de Ouro Preto através da sobreposição de imagens do passado e do presente.
2) A estrutura do romance reflete a estrutura da cidade, com capítulos alternando entre vozes do passado e do presente.
3) Figuras como Aleijadinho, Bené da Flauta e Cupica são usadas para exemplificar como o romance questiona representações estabelecidas de Ouro
O documento descreve o Movimento Literário Barroco no Brasil no séculos XVII e XVIII. O Barroco surgiu no contexto do domínio português sobre o Brasil e teve como principais representantes Gregório de Matos e Padre Antônio Vieira. A poesia de Gregório de Matos satirizava os costumes da época e o poder de Portugal, enquanto os sermões de Vieira tinham como objetivo persuadir os brasileiros.
O documento descreve a obra épica "Os Lusíadas", escrita por Luís Vaz de Camões. A obra narra a história de Portugal através da viagem de Vasco da Gama às Índias, celebrando os feitos do povo português. O documento fornece também contexto biográfico sobre o autor Camões.
O documento resume quatro episódios do livro "Os Maias" de Eça de Queirós:
1) Um jantar na casa dos Gouvarinho onde a Condessa tenta se reaproximar de Carlos;
2) Publicações nos jornais "A Corneta do Diabo" e "A Tarde" sobre o passado de Maria Eduarda;
3) Um sarau no Teatro da Trindade no qual Ega descobre a relação incestuosa de Carlos com Maria Eduarda;
4) O passeio final de Carlos e Ega dez anos depois do fim
As comemorações dos 500 anos do Brasil deveriam dar um lugar especial ao negro, pois o desenvolvimento da colônia só foi possível graças ao braço escravo. Foi o
escravo africano que, durante mais de três séculos de escravização, resistiu de todas as formas possíveis à opressão, e manteve valores e tradições que fazem definitivamente parte de nossa cultura. Mas ao mesmo tempo que se construía o Brasil, o tráfico esvaziava e destruía nações africanas.
O documento descreve a luta de reconquista da colônia portuguesa de Angola no século XVII, liderada por Salvador Correia de Sá e Benevides. Os holandeses haviam conquistado Angola em 1641, interrompendo o lucrativo comércio português de escravos. Benevides comandou uma frota luso-brasileira em 1648 para reconquistar Angola, essencial para a indústria de cana-de-açúcar brasileira. Após a vitória, a presença bras
Este documento resume o enredo e os principais elementos da obra literária "Os Maias", de Eça de Queirós. A história segue três gerações da família Maia e inclui intrigas românticas e elementos de crítica social à decadência de Portugal no século XIX.
O documento discute a cultura portuguesa no século XII e o trovadourismo. Afirma que a cultura portuguesa na época conciliava as culturas católica, islâmica e hebraica, mas que a cultura católica acabou se impondo de forma sistemática, levando à expulsão dos mouros e judeus e à Inquisição. O trovadourismo floresceu nesse contexto de diversidade cultural inicial.
O documento descreve a literatura produzida no Brasil colonial entre os séculos XVI e XVII, conhecida como Quinhentismo. Resume-se em 3 frases:
A produção literária do período tinha caráter informativo e de catequese, sendo composta principalmente por cartas, diários e tratados com o objetivo de descrever a terra e os nativos, e por poemas, peças teatrais e cartas escritas pelos jesuítas com fins de evangelização. Os principais autores eram missionários como José de Anchieta e Manuel
O documento descreve os diferentes espaços presentes no romance Os Maias, incluindo espaços físicos como Lisboa, Coimbra e Sintra, espaços interiores como o Ramalhete e a Toca, espaço social como jantares e bailes, e espaço psicológico representado pela consciência das personagens. Também aborda os diferentes tipos de tempo no romance, como o tempo histórico, tempo do discurso e tempo psicológico.
1. O documento descreve os principais elementos do Realismo como movimento literário, incluindo a ênfase na objetividade, na representação da realidade exterior e na crítica social.
2. O texto também discute como o Realismo se opunha ao Romantismo e defendia a reforma social através da literatura, criticando os problemas da sociedade portuguesa da época.
3. Por fim, afirma que a obra literária deve ser um reflexo fiel da realidade.
Luís de Camões viveu no século XVI em Portugal. Escreveu a famosa epopeia Os Lusíadas, publicada em 1572, que celebra as conquistas portuguesas. A obra segue a viagem de Vasco da Gama à Índia e inclui elementos da mitologia greco-romana. Camões representou o Renascimento português através de sua admiração pela cultura clássica e foco no humanismo.
Trabalho realizado por dois formandos do Curso EFA - B3 (2008/2009) da Escola E.B. 2,3 de Valongo, no âmbito do Tema de Vida 3 ("Somos Consumidores") e das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
Este capítulo apresenta as personagens principais Carlos da Maia e Maria Eduarda, descrevendo suas aparências físicas. O capítulo também descreve os espaços da Toca onde Carlos e Maria Eduarda consomem seu amor pela primeira vez e onde Carlos rompe seu relacionamento com a Condessa de Gouvarinho. O tempo é o verão de 1875.
O documento apresenta uma introdução sobre a literatura brasileira no período colonial e a influência da literatura portuguesa. Em seguida, resume os principais momentos da literatura portuguesa até o século XVI, como o Trovadorismo, o Humanismo, o Classicismo e o Quinhentismo, que serviram de referência para os escritores brasileiros.
O documento discute como a história do Brasil é geralmente ensinada de forma conservadora, focando nos brancos vencedores e ignorando contradições e conflitos. Também aponta que as novas abordagens encontram dificuldades para serem transmitidas, e defende repensar como conceber, escrever e divulgar a história do país.
O documento discute as principais características da escola literária realista no Brasil no século XIX, tendo como seu maior expoente Machado de Assis. O realismo rompeu com a subjetividade e idealização romântica para retratar a sociedade de forma crítica e fiel à realidade.
O documento descreve o contexto histórico e cultural do Trovadorismo e do Renascimento em Portugal, incluindo características das Cantigas produzidas no período trovadoresco e as principais obras e aspectos da vida do poeta Luís de Camões.
Os textos analisam as obras Os Lusíadas de Camões e Mensagem de Fernando Pessoa. Camões celebra a expansão marítima portuguesa enquanto Pessoa retrata Portugal em declínio precisando de uma nova força. Ambos cantam Portugal sob diferentes perspectivas históricas.
Memórias de um_sargento_de_milícias_-_materialrafabebum
1. O documento analisa o romance Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida, descrevendo seu contexto, estrutura, estilo e linguagem.
2. A narrativa se passa no Rio de Janeiro do início do século XIX e foca a vida do personagem Leonardo, desde a infância até a vida adulta, retratando a sociedade carioca da época de forma realista e irônica.
3. O romance apresenta características do Romantismo e do Realismo, utilizando
O documento discute o Movimento Literário Barroco no Brasil entre os séculos XVII e XVIII. Apresenta o contexto histórico e social da época, as origens do Barroco, e destaca Gregório de Matos e Padre Antônio Vieira como principais autores, analisando brevemente algumas de suas obras.
O documento discute a relação entre literatura e jornalismo em Moçambique. Apresenta as perspectivas de dois escritores, Calane da Silva e Nelson Saúte, que destacam como a imprensa contribuiu para o surgimento da literatura moçambicana e como alguns gêneros jornalísticos, como a crônica e a reportagem, se confundem com a literatura.
1) O documento analisa o romance Boca de chafariz, de Rui Mourão, que explora a tensão entre o passado e o presente na cidade de Ouro Preto através da sobreposição de imagens do passado e do presente.
2) A estrutura do romance reflete a estrutura da cidade, com capítulos alternando entre vozes do passado e do presente.
3) Figuras como Aleijadinho, Bené da Flauta e Cupica são usadas para exemplificar como o romance questiona representações estabelecidas de Ouro
O documento descreve o Movimento Literário Barroco no Brasil no séculos XVII e XVIII. O Barroco surgiu no contexto do domínio português sobre o Brasil e teve como principais representantes Gregório de Matos e Padre Antônio Vieira. A poesia de Gregório de Matos satirizava os costumes da época e o poder de Portugal, enquanto os sermões de Vieira tinham como objetivo persuadir os brasileiros.
O documento descreve a obra épica "Os Lusíadas", escrita por Luís Vaz de Camões. A obra narra a história de Portugal através da viagem de Vasco da Gama às Índias, celebrando os feitos do povo português. O documento fornece também contexto biográfico sobre o autor Camões.
O documento resume quatro episódios do livro "Os Maias" de Eça de Queirós:
1) Um jantar na casa dos Gouvarinho onde a Condessa tenta se reaproximar de Carlos;
2) Publicações nos jornais "A Corneta do Diabo" e "A Tarde" sobre o passado de Maria Eduarda;
3) Um sarau no Teatro da Trindade no qual Ega descobre a relação incestuosa de Carlos com Maria Eduarda;
4) O passeio final de Carlos e Ega dez anos depois do fim
As comemorações dos 500 anos do Brasil deveriam dar um lugar especial ao negro, pois o desenvolvimento da colônia só foi possível graças ao braço escravo. Foi o
escravo africano que, durante mais de três séculos de escravização, resistiu de todas as formas possíveis à opressão, e manteve valores e tradições que fazem definitivamente parte de nossa cultura. Mas ao mesmo tempo que se construía o Brasil, o tráfico esvaziava e destruía nações africanas.
O documento descreve a luta de reconquista da colônia portuguesa de Angola no século XVII, liderada por Salvador Correia de Sá e Benevides. Os holandeses haviam conquistado Angola em 1641, interrompendo o lucrativo comércio português de escravos. Benevides comandou uma frota luso-brasileira em 1648 para reconquistar Angola, essencial para a indústria de cana-de-açúcar brasileira. Após a vitória, a presença bras
1) O documento analisa a presença e integração de escravos na sociedade de Lisboa no século XVIII.
2) A maioria dos escravos era originária de regiões de Angola, Congo e Costa da Mina em África.
3) Os escravos organizavam-se em "nações" com base em sua origem étnica e cultural e tentavam preservar aspectos de suas culturas, apesar das tentativas de controle pelos senhores.
1) A Feira do ISED ocorrerá no dia 28 de novembro para apresentar trabalhos interdisciplinares de alunos da FUNEDI/UEMG e estreitar laços entre a academia e a sociedade.
2) Alunos do curso de História visitaram Paraty entre os dias 6 e 8 de novembro para conhecer a importante cidade histórica litorânea.
3) O boletim informativo apresenta eventos e cursos relacionados à História, como seminários em São José do Rio Preto e Campina Grande, e
O documento descreve o período humanista em Portugal entre os séculos XV e início do XVI. Neste período, destacaram-se a produção historiográfica de Fernão Lopes, a poesia palaciana dos nobres e o teatro de Gil Vicente. O humanismo surgiu em meio a mudanças econômicas e sociais trazidas pelo mercantilismo.
A história da cidade de Salvador teve início em 1510 com o naufrágio de um navio francês trazendo Diogo Álvares, conhecido como Caramuru. Em 1549, por ordem do rei de Portugal, Tomé de Sousa fundou formalmente a cidade como capital da colônia brasileira, trazendo mais de mil pessoas. Ao longo dos séculos XVI e XVII, Salvador se desenvolveu como principal centro econômico exportador de açúcar do Brasil, sofrendo invasões holandesas em 1624
O documento descreve o tráfico de escravos da África para o Brasil entre os séculos XVI e XIX, fornecendo as seguintes informações essenciais:
1) Cerca de 12 milhões de africanos foram traficados como escravos para a América, sendo 4-5 milhões para o Brasil.
2) O objetivo é ensinar sobre o funcionamento do tráfico de escravos através de atividades com mapas, textos e mídias.
3) As atividades pedem que os alunos analise
Este documento discute o período do Romantismo no Brasil e suas contribuições para a formação da literatura brasileira. O Romantismo surgiu como uma reação ao Iluminismo e Neoclassicismo e promoveu a independência literária do Brasil através de temas e elementos genuinamente nacionais. O documento também analisa autores e obras importantes deste período e como o Romantismo difundiu a língua, paisagens e costumes brasileiros.
O documento descreve a história inicial de povoamento de Santa Catarina desde os primeiros registros no século XVI até a fundação de cidades no século XVII. Detalha também o papel da província na Revolução Farroupilha no século XIX.
PresençA Negra Na Lapa Paraná E Cultura Materialguest5eb864
O documento descreve a presença negra na história da cidade de Lapa, no Paraná, Brasil, através da análise da cultura material. Aponta que escravos participaram da economia local, especialmente no tropeirismo, porém sua história foi ocultada. Recentemente, descobertas arqueológicas como uma fonte de água construída por escravos têm ajudado a reconstruir este passado e a importância do patrimônio afro-brasileiro.
O romance As Naus, de Antonio Lobo Antunes, promove um diálogo entre o passado glorioso dos descobrimentos portugueses no século XVI e o período contemporâneo da descolonização em Angola no século XX, mesclando personagens históricas como Camões e Vasco da Gama com colonos portugueses retornando de Angola de forma desiludida. A obra critica a visão idealizada do passado épico português por meio dessa contaminação entre épocas distintas.
O documento descreve a carreira de um militar luso-brasileiro, Elias Alexandre da Silva Corrêa, no século 18. Ele começou como soldado no Rio de Janeiro e serviu em Santa Catarina antes de ser transferido para Angola, onde escreveu uma história da colônia. Sua carreira ilustra como militares letrados das colônias portuguesas construíam redes para progredir em mérito e receber recompensas.
O documento descreve o tráfico de escravos da África para o Brasil durante os séculos XVI e XVII, incluindo: 1) Como os portugueses estabeleceram alianças com chefes tribais africanos para trocar bens por escravos; 2) Os dois principais grupos étnicos de escravos trazidos - sudaneses e bantos; 3) As péssimas condições a bordo dos navios "tumbeiros" que levavam os escravos.
O documento descreve:
1) As expedições portuguesas no período pré-colonial e o início da exploração da madeira pau-brasil;
2) O estabelecimento das capitanias hereditárias e o primeiro mapa político do Brasil;
3) A união das coroas portuguesa e espanhola no século XVI e as consequências para o Brasil, incluindo invasões estrangeiras.
Este documento descreve a presença do tema do mar na literatura portuguesa ao longo dos séculos. Desde as Cantigas de Amigo da Idade Média, passando pelos relatos de viagens marítimas como a Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, até obras como Os Lusíadas de Camões, o mar tem inspirado muitos escritores portugueses. O documento também aborda como o mar foi retratado na literatura dos séculos XVI em diante, com ênfase nos séculos XIX e XX.
O documento resume a biografia de Cristóvão Colombo, o descobridor da América. Detalha sua origem genovesa, seus estudos e convicção de que poderia chegar às Índias navegando para oeste através do Atlântico. Após muitos anos tentando obter apoio para sua empreitada, finalmente recebeu apoio dos Reis Católicos da Espanha e realizou sua primeira viagem em 1492, descobrindo o "Novo Mundo".
Durante a ocupação holandesa no Nordeste brasileiro entre 1630-1654, os holandeses estabeleceram sua capital no Recife e trouxeram políticas urbanas diferentes dos portugueses, com foco na cidade. O governo de Maurício de Nassau entre 1637-1644 trouxe melhorias para a população com projetos de saneamento, construção e incentivo à ciência.
O documento descreve a ocupação holandesa no Nordeste brasileiro entre 1630 e 1654, quando estabeleceram-se principalmente na região entre Alagoas e Maranhão, com foco no Recife. Destaca a chegada do Conde Maurício de Nassau em 1637, que trouxe melhorias urbanas e incentivou a ciência.
O documento descreve a Lisboa do século XVI como um espaço de encontro entre culturas diferentes, onde pessoas de África, América e Ásia estavam presentes. Detalha a representação destes "Outros" na época e como eram retratados em obras como a Crônica da Guiné e os biombo Nambam. Também menciona o papel econômico da cidade e locais como a Ribeira das Naus que eram centros do comércio global na época.
O documento descreve o Trovadorismo, o primeiro movimento literário em língua portuguesa durante a Idade Média. As cantigas eram poesias cantadas que misturavam texto e música e tratavam principalmente de amor cavaleiresco. A cantiga mais antiga conhecida data de 1200 e expressa uma relação de vassalagem entre o eu lírico e sua amada.
Semelhante a Recife Luanda Raproximacoes Historicas E Culturais (20)
Este documento discute a representação da natureza na literatura brasileira e como ela foi usada para representar a nação. A natureza foi frequentemente descrita de forma a enfatizar a beleza do Brasil e justificar a civilização. No entanto, autores como Machado de Assis e Borges escaparam deste controle ideológico, representando a natureza de forma mais subjetiva e livre da necessidade de refletir a nação. O documento também analisa como a literatura passou a ocultar as relações de exploração da natureza sob o progresso tra
1. Os textos indígenas refletem uma visão de mundo onde há uma integração e identificação com a natureza, reconhecendo animais, plantas e elementos naturais como parte de sua comunidade e memória ancestral.
2. As narrativas indígenas representam suas culturas sem hierarquizar humanos e não-humanos, mostrando uma relação de totalidade e bem comum onde todos os seres, visíveis ou invisíveis, são parte do conhecimento sobre a vida.
3. Enquanto os povos indígenas preservam
Este documento discute três caminhos pós-humanos na literatura: 1) A ficção de Jorge Luis Borges explora a noção de antiphysis para questionar os limites entre o físico e o não-físico. 2) A ficção científica utiliza a figura do ciborgue para confrontar o estado pós-humano do homem e explorar a humanização da máquina. 3) Os hipertextos digitais permitem novas formas de produção textual que colaboram com as máquinas em vez de se opor a elas.
O documento discute a apropriação e reescrita de mitos no hipertexto digital. Primeiramente, aborda como os mitos permanecem atuais ao responderem ao "e daí?" e se transformarem de acordo com o suporte e ênfase. Também discute como a interação entre autor e leitor no hipertexto permite novas narrativas e apropriações dos mitos literários. Por fim, analisa como a intertextualidade permite desmontar e remontar os mitos através da combinação de elementos textuais de diferentes obras.
Este documento discute como o discurso literário é transformado pela narrativa do leitor no contexto do hipertexto digital. Ele explora como os leitores podem reelaborar obras literárias usando recursos hipermidiáticos e como isso afeta a representação e percepção do discurso literário. O documento também analisa como as mudanças na sociedade afetam o discurso e a construção de gêneros textuais.
1) O documento discute a leitura e escrita no ambiente digital, especificamente textos escritos por leitores baseados em obras literárias que leram.
2) Estes textos demonstram como novos gêneros surgem no ambiente virtual e como leitores ganham autonomia ao criar suas próprias perspectivas.
3) Ao escreverem estas histórias, os leitores preenchem espaços vazios deixados pelas obras originais, realizando as possibilidades interpretativas do leitor.
1. O documento discute o romance "Flagelados do Vento Leste", de Manuel Lopes, e como a paisagem e o meio ambiente são elementos importantes na obra, revelando aspectos sociais e políticos de Cabo Verde.
2. A narrativa representa um período de seca na ilha de Santo Antão através dos personagens Nhô Isé, um agricultor obstinado, e as constantes mudanças climáticas.
3. Após um breve período de chuvas, as condições voltam a piorar,
1) O documento discute a morna, uma canção popular de Cabo Verde, e como ela incorpora elementos da oralidade, do crioulo e da poesia.
2) O poeta Eugénio Tavares procurou manter a relação direta entre poesia e oralidade ao "reler" a morna e trazê-la para a escrita.
3) A morna representa a fusão entre canto, dança e poesia, capturando a essência do povo e lugar de Cabo Verde.
Este documento discute como os cibergêneros permitem a investigação de gêneros literários que surgem na internet e como isso possibilita a atualização dos mitos literários. O documento também analisa a função do ethos nas narrativas virtuais, que é a construção de uma imagem do autor para causar boa impressão no público.
Recife Luanda Raproximacoes Historicas E Culturais
1. RECIFE – LUANDA: reaproximações históricas e culturais
José Bento Rosa da Silva
Introdução:
Buscar uma reaproximação histórica entre Recife e Luanda é, para mim, um
desafio, uma vez que nunca estive em Luanda, em Recife estou há menos de um ano.
Mesmo assim aceitei a proposta, com o intuito de apreender um pouco sobre ambas,
também por outros motivos, tais como o envolvimento pessoal com ambas: nas décadas
de quarenta, ao voltar dos campos de batalha da segunda grande guerra, meu pai ficou
hospitalizado no hospital militar do Recife, e ao rememorar o seu passado, não deixava
de mencionar que os recifenses usavam a expressão “arretado” e tinha um outro
significado para a palavra “frango”(pejorativo de homossexual).O segundo motivo, foi
que o tema me remete ao nome de minha filha. Ao nascer, na década de oitenta, eu era
professor de ensino médio na cidade portuária de Itajaí, Santa Catarina, e ministrava
aulas para muitos angolanos refugiados políticos em decorrência do processo de
independência de Angola. Portanto, este desafio me fez reviver este passado não muito
distante.
Tânia Macedo, professora de Estudos Comparados de Literaturas de Línguas
Portuguesa, me apresentou de certa forma um aspecto de Luanda que, ao meu ver,
assemelha-se com Recife, provavelmente por ambas terem um passado colonial cuja
metrópole era a mesma matriz e também com influências holandesas. Diz ela:
“Quem conhece, hoje, a cidade de Luanda, invariavelmente, tem uma sensação
contraditória com relação à capital de Angola. Por um lado, a beleza dessa cidade é
inquestionável: debruçada sobre o mar, com a baía de Luanda aos seus pés, a presença
de duas ilhas muito próximas do continente (a do Mussulo e a de Luanda) e uma
avenida marginal, costeando o mar, com edifícios grandiosos e seus coqueiros, Luanda,
imediatamente conquista seu visitante. A „Baixa‟- parte da cidade que fica próxima ao
mar – traz as marcas da história do país: são numerosos ainda os edifícios do período
2. colonial postados em ruas antigas e estreitas, algumas das quais ainda conhecidas pela
denominação d‟antanho: rua da Alfândega, rua Direita, rua dos Mercadores...”1
Mais adiante, ela fala das faces da cidade colonial, onde podemos identificar
uma Recife em Luanda, ou uma Luanda em Recife. Vejamos:
“quando nos referimos à escrita de uma cidade colonizada, como Luanda, é
fundamental que reflitamos sobre o status dessa cidade em função do papel que a
colônia representa no jogo de forças coloniais. Sob esse particular, pode-se verificar
que a cidade fundada pelos colonizadores nos territórios conquistados não mantém um
perfil exclusivo, já que o mesmo varia de acordo com os interesses da metrópole. No
caso das urbes nascidas sob o império colonial português, poderíamos traçar uma
tipologia de alteração do status das mesmas de acordo com o poder imperial e as
relações de autoconsciência da colônia. Assim, podemos dizer que a cidade,
primeiramente, adquire a feição de cidade portuguesa no além mar, representação do
„sonho de uma ordem‟ colonizadora que se pretende duplicada nas praias a que
chegaram as caravelas. Nesse sentido, ainda que prevaleçam a precariedade das
construções e a adversidade do meio, o modelo metropolitano impõe como paradigma
da urbanização e, politicamente, qualquer movimento centrípeto nascido na colônia em
relação ao poderio central é esmagado”2.
Esta pode ser considerada uma primeira aproximação da realidade histórica de
Recife e de Luanda: os movimentos de contestação à ordem colonial portuguesa.
Aprendi, por ter morado a maior parte de minha existência numa cidade
portuária, e também por ter investigado a organização do operariado urbano desta
mesma cidade a partir do início do século XX, que “As cidades portuárias são portas
abertas para o mundo”. Um dos objetivos desta conferência é justamente mostrar,
através de produções historiográficas que, como sugere o tema - Recife/Luanda:
reaproximações históricas e culturais (proposto pela coordenação deste Seminário) que
estas duas cidades estiveram mais próximas no passado, sobretudo através de seu porto.
1
MACEDO, Tânia. Luanda, Cidade, Literatura E História De Angola. In. AMÂNCIO, Iris Maria da Costa
(Org.) África- Brasil- África: Matrizes, Heranças e Diálogos Contemporâneos. Belo Horizonte: Ed.
PUCMINAS/ Nandyala, 2008,p.145-146.
2
Idem., p. 149-150.
3. Marcus Joaquim Carvalho, através de um estudo exaustivo, apontou a
presença de conhecidos navios negreiros no Recife, como O Formiga, União,
Providência e Andorinha, declinando também o nome de alguns dos traficantes
estabelecidos em Pernambuco nos anos quarenta do século XIX: Bento José da Costa,
José Ramos de Oliveira, Gaudino Agostinho de Barros, José Pinto da Fonseca e Silva,
Gabriel Antônio, José Francisco de Azevedo Lisboa, Antônio José de Magalhães Bastos
e Elias Batista da Silva3. E mais, identificou alguns traficantes sediados do outro lado
do Atlântico, em Angola, com os quais os daqui mantinham contactos: Inocêncio e José
Maria Matozo de Andrade Câmara, Arcênio Pompílio de Carpio, Anna Joaquina dos
Santos, Anna Obertalli, Augusto Garrido, Joaquim e José Francisco Regadas, Jácome
Felipe Torres e Joaquim Ribeiro de Britto”4. Todos eles, acrescenta Marcus, enviaram
carregamentos de escravos para Pernambuco nos anos trinta e quarenta do século XIX.
Muitas destas embarcações não chegavam ao porto de Recife após 1831, devido a lei
proibindo a entrada de africanos no Império, mas descarregavam nos arredores do
Recife(Barra de Catuama, Itamaracá,Pau Amarelo, Cabo de Santo Agostinho, Porto de
Galinhas, Barra de Sirinhaém, foz do Rio Formoso, Tamandaré e Uma); mas os navios
aportavam aqui para reabastecer de víveres necessários para o retorno ao continente
africano.
Carvalho, citando Joseph Miller, diz que na segunda metade da década de 1810,
pelo menos umas 49.233 pessoas saíram de Luanda para Pernambuco; destes a grande
maioria 33.812, foram trazidos entre 1816 e 18205. Considerando que aquela lei de
1831 ainda não havia sido „inventada‟6. Não havia razão para desembarcar estes
luandenses nos arredores da cidade, portanto, devem ter sido desembarcados aqui
mesmo, no porto do Recife. Portanto, as duas portas estavam abertas para o contato
3
CARVALHO, Marcus Joaquim Maciel de. A Guerra Dos Moraes ( A luta Dos Senhores De Engenho Na
Praieira)Recife: UFPE, 1986 ( Dissertação de Mestrado Em História),p. 21-22.
_________________________________. CARVALHO, Marcus Joaquim Maciel de. Liberdade: Rotinas e
rupturas do escravismo Recife, 1822-1850. Recife: Ed. UFPE,2002,p.118
4
CARVALHO, Marcus Joaquim M. de. A Guerra Dos Moraes ( A luta Dos Senhores De Engenho Na
Praieira)Recife: UFPE, 1986 ( Dissertação de Mestrado Em História),p. 21-22.
p.23.
5
CARVALHO, Marcus Joaquim Maciel de. Liberdade: Rotinas e rupturas do escravismo Recife, 1822-
1850. Recife: Ed. UFPE,2002,p.112-113.
6
Esta lei promulgada a 7 de novembro de 1831, pelos regentes Lima e Silva, Bráulio Muniz e Costa
Carvalho; declarava livres todos os escravos que, vindo de fora, entrassem em território brasileiro; e
reprimia com penas corporais os importadores clandestinos. O que raramente ou nunca aconteceu,
sendo por isso apelidada de “lei para inglês ver.
Sobre esta questão. Ver: LEI PARA INGLÊS VER. In. MOURA, Clóvis. Dicionário da Escravidão Negra no
Brasil. SP: Edusp., 2004,p.240.
4. entre estas duas cidades, embora em situação adversa para os luandenses na condição de
escravos, mas sabemos que nos navios negreiros, conhecidos como tumbeiros, devido
às condições subumanas nas quais eram trazidas estas pessoas, vinham além de
músculos: idéias, sentimentos, mentalidades ritmos, formas de ver a vida; como se verá
adiante.
Cláudia Viana Torres, investigando as organizações de escravos urbanos em
Recife, identificou a presença de angolanos em Pernambuco (1804- 1818), sem a
preocupação de especificar a localidade de onde eles teriam embarcado; possivelmente
muitos em Luanda, que era um dos portos de embarque, pois já havia um comércio
direto para Benguela e Luanda com carregamento de fumo e aguardente oriundos do
Brasil. Pois bem, a autora apresentou um quadro que a soma perfaz um total de 37.172
escravos angolanos; sendo o maior número o do ano de 1818: sete mil setecentos e doze
angolanos7. Recife tinha uma presença significativa de africanos nos séculos XVIII e
XIX, pode-se dizer que, era uma extensão da África, de Angola, de Luanda, separada
por um “Rio Chamado Atlântico”, - usando uma expressão de Alberto da Costa e Silva -
; esta presença foi registrada não apenas pelo número dos africanos na condição de
escravos que para cá foram transladados, na colônia e no império, mas pelas
permanências materiais e imateriais constatadas por estudos posteriores, como
mostraremos posteriormente.
É preciso que se diga que, antes dos séculos XVIII e XIX, no século XVII, outro
fator havia possibilitado a aproximação entre Recife e Angola foi a presença dos
holandeses, tanto cá, quanto lá, conforme análise de Alberto da Costa e Silva,
apresentada na obra: A Manilha e o libambo: a África e a escravidão de 1500 a 1700:
“Os flamengos tinham a firme intenção de instalar-se ao sul do cabo Lopez.
Na foz do Zaire, em Luanda e em Benguela, se possível. De vez em quando, um barco
deles atacava embarcações ou agredia os portos, tomando os navios neles surtos.
Como se deu, em novembro de 1633, em Benguela. De sobressalto em sobressalto, era
natural que as autoridades de Luanda, além de insistir com Lisboa por mais navios de
guerra, por mais soldados e por mais armas e munições, procurassem consolidar e
ampliar as fortificações da cidade, que continuaram, porém, tão precárias, que o
7
TORRES, Cláudia Viana. Um Reinado De Negros Em Um Estado De Bancos: organização de escravos
urbanos em Recife no final do século XVIII e início do século XIX. Recife: UFPE,1997( Dissertação de
mestrado em História).
5. governador português, Pedro César de Meneses, delas diria que se chamavam
fortificações, „mas não o eram‟. Algum socorro vinha da metrópole ou da Bahia, mas
sempre muito aquém das necessidades”8.
E continua o historiador, que também foi embaixador do Brasil na Nigéria e
no Benin, tendo estudado profundamente a relação histórica entre a África e o Brasil;
estudos que nos últimos anos tem enriquecido a historiografia sobre a África no Brasil e
fornecido uma maior aproximação de conhecimentos entre ambos os lados do oceano,
inclusive para os que não tiveram ainda a oportunidade de conhecer as duas margens do
Atlântico. Pois bem, vejamos o que ele nos diz acerca da importância dos holandeses
nesta aproximação pretérita entre Recife e Luanda:
“Em meados de dois dias, de 24 a 26 de agosto de 1641, os holandeses
tomassem a cidade: eles haviam saído de Pernambuco com 21 navios e cerca de três
mil homens, dentre os quais três companhias de brasilienses (200 ameríndios e
provavelmente alguns mamelucos)”9 .
René Ribeiro também destacou o impacto dos holandeses no tráfico de
angolanos para Pernambuco, sobretudo para a cidade do Recife:
“Antes da invasão holandesa no período de 1620 a 1623 registravam os livros
da Alfândega que 15.000 negros haviam sido introduzidos, todos procedentes de
Angola[...] No período de 1636 a 1645 chegaram a introduzir os holandeses 23.163
escravos africanos, numa média anual de pouco mais de dois mil. Essa importação
regular de escravos obtidos nos portos de Elmina e Loanda, conquistados
respectivamente em 1637 e 1641 – o último porque sendo grandíssima a importância do
resgate dos negros no reino de Angola, por imprescindíveis aos trabalhos das
minerações reais e dos engenhos brasileiros, prouve a Maurício levar a guerra também
lá –só viria a ser descontinuada por eles a partir de 1646 quando os seus navios
negreiros começaram a se afastar do Recife em virtude da revolução pernambucana”10
8
COSTA E SILVA, Alberto da. A Manilha E O Libambo: a África e a escravidão de 1500 a 1700. RJ: Nova
Fronteira, 2002, p. 466.
9
Idem. p.466.
10
RIBEIRO, René. Cultos Afro-Brasileiros Do Recife: um estudo de ajustamento social. Recife: Instituto
Joaquim Nabuco De Pesquisas Sociais, 1978, p.12-13.
6. Era a época em que Nzinga era rainha e negociara tanto com os portugueses
quanto com os holandeses de Nassau em África. Não é por acaso que evidências da
tradição oral recolhida na cidade do Recife, sobretudo por Câmara Cascudo registrou
narrativas acerca de Nzinga, mais conhecida como Rainha Jinga. Era o „espírito da
rainha Jinga acompanhando os africanos escravizados de Luanda e arredores, a
Pernambuco e Minas Gerais. Cascudo foi enfático: “os angolanos trouxeram consigo a
odisséia da rainha negra de Matamba”...11
Luiz Felipe de Alencastro dedicou o capítulo sexto da obra O Trato dos
Viventes, às guerras pelos mercados de escravos, momento em que reproduz o conselho
do jesuíta Gonçalo João à sua Majestade o Rei de Portugal com os seguintes dizeres:
“Sobretudo é necessário que Vossa Majestade mande com brevidade socorro àquela
praça [refere-se a Luanda], por ser de grande importância, porque sem Angola não há
Brasil”, - urgia, acrescenta, Alencastro expulsar primeiro os holandeses de Luanda, para
fazê-los largar o Brasil12. Diante desta afirmativa acreditamos não ser uma heresia
histórica afirmar, parafraseando o jesuíta que „sem Luanda não haveria Recife‟.
Luanda! Luanda!
Este é o título do décimo quarto capítulo da obra de Luiz da Câmara Cascudo,
intitulado Made in África, cuja primeira edição data do ano de 1965. Recolhendo
cantigas populares e fragmentos de memórias em diversas cidades brasileiras, disse não
acreditar que “nenhuma cidade deste mundo estivesse nas cantigas brasileiras como
Luanda”. Citou a cidade do Recife como uma delas:
“Nos tempestuosos Maracatus do Recife, sacudindo a multidão, estrondo de
tambores contagiantes, a grande voz uníssona atroa, inesgotável no solidarismo
instintivo e lúdico:
Rosa Aluanda, qui tenda, tenda,
Qui tenda, tenda, qui tem tororó!”13
11
Sobre esta questão. Ver: GLASGOW, Roy. Nzinga. SP: Perspectiva, 1982,p.146.
12
ALENCASTRO, Luiz Felipe. O Trato dos Viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul. SP: Cia. Das
Letras, 2000,p. 226.
13
CASCUDO, Luís da Câmara. Made in África. SP: Global, 2002, 4ª. Ed., p. 93.
7. O Maracatu do Recife foi a fonte onde muitos pesquisadores encontraram
representações da cidade de Luanda, muitas vezes metamorfoseada numa entidade, num
lugar de memória, ou numa memória coletiva dos descendentes dos luandeses que aqui
desembarcaram na condição de escravos, nos séculos XVI, XVII, XVIII e XIX.
Ascenso Ferreira cantando o Maracatu:
“Zabumbas de bombos,
Estouros de bombas
Batuques de ingonos,
Cantigas de banzo
Rangir de ganzás
Luanda, Luanda, aonde estás?
Luanda, Luanda, aonde estás?
As luas-crescentes
De espelhos luzentes,
Colares e pentes,
Queixares e dentes
de maracajás...
Luanda, Luanda, aonde estás?
Luanda, Luanda, aonde estás?
A balsa no rio
Cai no corrupio,
Faz passo macio
Mas toma o desvio
Que nunca sonhou...
Luanda, Luanda, aonde estou?
Luanda, Luanda, aonde estou?”14
14
Idem. p. 93-94.
8. Guerra Peixe publicou, em 1955, Maracatus do Recife na cidade de São Paulo,
registrando Luanda que, segundo Câmara Cascudo, era uma obsessão temática:
“Princesa Dona Emília
Pra onde vai? –Vou passeá.
Eu vou para Luanda,
Vou quebrá saramuná!
Vou pra Luanda,
Buscá miçanga pra saramuná!
Vamos vê Luanda, ô miçanga,
Chegô, chego!
A bandêra é brasilêra,
Nosso Rei veio de Luanda,
Ô, viva Dona Emília,
Princesa pernambucana!...
Quando eu vim lá de Luanda
Trusse cuíca e gugué...
Quem brinca em Cambinda Estrêla,
Êste baque é da Guiné!”15
No carnaval do ano de 1989, ainda sob o calor do centenário da Lei Áurea,
quando a África foi cantada em versos e prosas por algumas organizações carnavalescas
de diversas regiões do Brasil, Katarina Real que já havia pesquisado o carnaval do
Recife nos anos sessenta, registrou a presença de Luanda num maracatu, muito
semelhante à registrada por Guerra Peixe passado trinta e quatro anos; com pequenas
mudanças: Agora a princesa não era Dona Emília, mas Dona Clara; não havia menção
15
Idem., Ibidem., p. 94.
9. às miçangas, nem à bandeira brasileira, tampouco à cuíca e gungué trazidas de Luanda,
mas a Luanda estava lá, presente na letra da cantiga, ainda que com mais curta em
relação à registrada por Guerra Peixe. O que ele registrou foi:
“Princesa Dona Clara
Pra onde vai? – Vou passeá,
Eu vou para Luanda
Vou quebrá saramuná.
Eu vou, eu vou
Eu vou, eu para machá
Eu vou para Luanda
Eu vou para Luanda
Vou quebrá saramuná”16
Dentre as referências de Luanda citadas por Cascudo, uma remonta o ano de
1924, passados trinta e seis anos da abolição da escravidão no Brasil. Tratava-se de
cantiga de trabalhadores da cidade de Goiana, que ao descarregarem abacaxis na
Avenida Martins de Barros, à frente do Hotel Lusitano cantavam:
“Vou me embora pra Luanda,
A vida lá é mió...
Escalé de doze remo
Meia lua e meio só...”17
Câmara Cascudo, tal como um Sherlock Holmes, seguiu as pistas de uma
cantiga ouvida no Maractu do Recife que falava de uma certa Rosa Aluanda. Os versos
segundo ele eram: “Rosa Aluanda, que tenda, tenda/que tenda, tenda/ que tem tororó”.
Diz ele que ninguém sabia mais o significado da toada. Rosa Aluanda, supôs ele que
fosse Rosa de Luanda, quando esteve em Luanda, consultou Oscar Bento Ribas,
autoridade no assunto. A resposta foi a seguinte:
16
In. SILVA, Leonardo Dantas. Estudos Sobre A escravidão Negra – 2. Recife: fundação Joaquim Nabuco,
Ed. Massangana, 1989, p.50.
17
CASCUDO, Luís da Câmara. Made in África. SP: Global, 2002, 4ª. Ed., p. 95.
10. “Tenda tenda é a forma reduplicativa do verbo Kutenda, lembrar-se
de alguém, pensar em alguém, sentir saudades. E tororó, pelo que me parece, deve
constituir um derivado aportuguesado de kutolola, abater. Portanto, abatimento. Mas
apenas em sentido figurado, pois o verbo com sentido real é kutoloka, partir-se. Em
face disso, alarguemos a tradução em toda a sua extensão. Será: „A Rosa de Luanda,
que sente saudades imensas, que sente saudades imensas, e que tem abatimento‟. Ou
mais simplesmente: „A Rosa de Luanda, que se enche de saudades, que se enche de
saudades, e que tem quebramento‟.
“Em kimbundo, a conjugação „quando‟ corresponde a ki. Se não fosse
o último qui, a coisa ficaria: „A Rosa de Luanda, quando se enche de saudades, tem
quebramento!‟ Se eu conhecesse mais alguns versos seguintes, talvez me decidisse por
uma tradução mais concreta. Enfim, é o que posso dizer”18- completou Oscar Bento
Ribas.
Mas quem poderia representar melhor Angola e Luanda pelas ruas de Recife
senão a Calunga? Personagem indispensável no Maracatu foi exaustivamente
investigado por pesquisadores, tais como Pereira da Costa, Mário de Andrade, Arthur
Ramos dentre outros. Visando estabelecer uma possível relação da Calunga dos
Maracatus do Recife com a cidade de Luanda capital de Angola, recorri a Alberto da
Costa e Silva, que no capítulo vigésimo da obra A Enxada E A Lança – África Antes
Dos Portugueses, apresenta a Kalunga no Baixo Zaire e Nos Planaltos de Angola.
Talvez a Kalunga que aqui chegou, tenha saído pela porta de Luanda que é o porto, e
entrado pela porta do Recife, que também é o porto; pois como afirmei no início, as
cidades portuárias são portas para o mundo... Pois bem, Costa e Silva diz que:
“Como entre os lubas e os lundas, um grande caçador não o era somente
porque hábil no manejo do arco e da flecha, mas sobretudo pelos seus poderes
mágicos. Tinha, sob a guarda, discípulos com os quais estabelecia uma relação de
autoridade e respeito. Os aprendizes iam engrossar a sociedade secreta dos caçadores,
que talvez tenha exercido, tal qual entre os lubas e os lundas, um papel considerável na
formação e consolidação dos estados ambundos. Do que sabemos, dos pendes do rio
Lui, emergem, porém, outras personagens principais: os cabeças de certas linhagens
que custodiavam uma boneca de madeira, a lunga ou calunga.
18
Idem., p. 170
11. Segundo a lenda, o herói civilizador ambundo, Angola Inene, teria trazido de
terras do nordeste ou, conforme outras versões, do mar, as lungas (ou malungas, que é
o plural em quimbundo da palavra). Esta última origem seria o resultado de
interpolação européia, do traduzir equivocado de Calunga, „as grandes águas‟, por
oceano Atlântico, e contrasta com o papel agrário da escultura de madeira, ligada aos
ritos de chamar a chuva e da fertilidade. As „grandes águas‟ podem ter sido um dos
afluentes do Zaire ou qualquer outro lago ou rio. Os europeus, além disso,
interpretaram Calunga como uma alta divindade e talvez tenham contagiado com este
novo conceito as crenças ambundas.
Cada lunga vivia num determinado curso d‟água. Era guardada por uma
linhagem, cujo chefe conhecia o segredo da comunicação com as forças espirituais que
a boneca continha. Essa linhagem sobrepunha-se às outras e seu cabeça possuía
autoridade territorial sobre toda a área banhada pelo riacho ou pedaço de rio onde
morava a lunga. Era ele quem alocava as terras a novas famílias que para ali
quisessem mudar-se, paulatinamente, senhor das chuvas e da fertilidade da terra
passou a receber tributos e a concentrar riquezas e poder. Estabeleceu-se também uma
hierarquia entre os vários guardiões de calungas: o custódio da estatueta dório
principal era mais importante do que os dos riachos tributários, a graduação da
autoridade fazendo-se conforme a hidrografia.
A calunga tornou-se assim, e desde há bastante tempo – a contar do fim do
século XIII(talvez) – fonte de poder político e de uma organização social fundada na
terra, num sítio preciso, e não apenas na estrutura de parentesco. Muito embora tenha
sido suplantada, em quase toda parte, por novos símbolos da centralização estatal,
persistiu como emblema dominante no baixo Lui, e ligada ao nome de numerosos
ancestrais e fundadores de reinos, bem como aos títulos de vários sobas. Entre os
cubas, houve uma Calunga; Calala LLunga foi o herói civilizador dos lubas; os quiocos
possuem um Calunga entre os seus maiores; os povos do sul do lago Maláui dizem que
Calunga lhe trouxe as novas instituições; a palavra aplicava-se, entre os lundas, ao
senhor, ao chefe, ao rei, e, entre os congos, era, a um só tempo, o título mais comum
dos quitomes, uma grande extensão de água e a vasta corrente mítica a separar as duas
montanhas que formavam o mundo dos vivos e o mundo dos mortos. A boneca, com o
12. seu nome, atravessou o Atlântico e sobrevive nos maracatus brasileiros”19- conclui
Costa e Silva.
Resignificada, a Calunga passeia pelas ruas do Recife nos Maracatus, um
símbolo de possível elo entre o passado e o presente que pode sugerir que através da
cultura os dois portos: o de Luanda e o do Recife podem voltar a reaproximarem-se,
mas agora sem que um deles (o de Luanda) esteja em situação adversa, como aconteceu
no período da diáspora africana para o denominado Novo Mundo.
Concluo com uma frase atribuída ao filósofo Nietzsche, acerca da história: “se
a história não serve para a vida, ela não serve pra nada.” Acredito que a história destas
duas cidades possa orientar os nossos passos numa aproximação maior no contexto do
mundo em globalização, sem prejuízo para nenhuma delas.
19
COSTA E SILVA, Alberto da. A Enxada E A Lança – A África Antes Dos Portugueses. RJ: Nova Fronteira,
1996, 2ª. Ed., p.503-504.