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PrograMinas
Como as vagas em grupos do Facebook
refletem o mercado de TI para mulheres
Estudo
PrograMinas: Como as vagas em grupos do Facebook refletem o mercado de TI para mulheres
Como tudo começou...
Entender como linguagem (texto e imagem) e informações expressas
nas vagas divulgadas em grupos de TI no Facebook incentivam ou
desencorajam a candidatura de mulheres — esse é o objetivo do
PrograMinas, pesquisa realizada para o curso de Mídia, Cultura e
Informação da ECA-USP.
Durante as próximas páginas você encontrará os resultados desse
estudo, além de considerações sobre o cenário atual na área de TI —
escolhida por ser sensível ao tema, já que no decorrer da história
sofreu uma inversão no gênero dos trabalhadores atuantes, de
mulheres, a princípio, para homens, no presente.
Se durante a leitura perceber que essa pesquisa pode fomentar o
debate sobre o assunto em seu ambiente de trabalho, sinta-se à
vontade para compartilhar, afinal, todo debate é sempre bem-vindo!
Índice
• Metodologias do Estudo
• Introdução Mulheres e TI
• Aprendizado principal
• Top 5 Aprendizados
• Quer fazer algo sobre isso?
• Pessoas entrevistadas e as autoras
PrograMinas: Como as vagas em grupos do Facebook refletem o mercado de TI para mulheres
Metodologias do Estudo
Entrevistas:
8 entrevistas com
Especialistas em RH
e no mercado de
Tecnologia
Leituras:
Dados de vagas
na área de Tecnologia
e a participação das
mulheres
Grupos de Facebook:
Análise de 180 Posts de
vagas no Facebook (Grupos
Gerais de TI e Grupos de
Mulheres em TI)
Questionário:
Questionário com
participantes dos
Grupos de
Mulheres em TI
Troca de papéis
PrograMinas: Como as vagas em grupos do Facebook refletem o mercado de TI para mulheres
Nos anos 40, o ENIAC, primeiro computador eletrônico de
larga escala capaz de realizar cálculos complexos, contou
com uma equipe de mulheres para o seu desenvolvimento.
Eram as chamadas ENIAC Girls.
No começo da computação, enquanto os homens eram os
responsáveis pelos trabalhos que envolviam a criação de
hardware, elas atuavam na programação das máquinas. O
motivo: até aquele momento, a área era uma extensão do
secretariado e do processamento de dados.
Por exemplo, mulheres representavam 70% da primeira
turma do bacharelado em Ciência da Computação do
Instituto de Matemática e Estatística da USP.
Entretanto, os anos 80 mudaram completamente esse
cenário. Entre a (ou por conta da) propagação dos PCs e
videogames, visto como ‘brinquedos de meninos’, e a
consolidação do estereótipo do nerd antissocial, as mulheres
passaram a ser minoria nesse mercado.
“É como planejar um jantar. Você precisa
planejar com antecedência e programar
cada coisa para que esteja pronta
quando você precisar dela.”
Grace Hopper - programadora, em entrevista para a Cosmopolitan, 1967.
Os pais estavam mais propensos a
esperar que os seus filhos, em vez
de suas filhas, trabalhassem em
um campo da ciência, tecnologia,
engenharia ou matemática -
mesmo quando seus meninos e
meninas de 15 anos de idade
obtinham o mesmo desempenho
em matemática”.
Programme for International
Student Assessment - PISA. 2015
“
Trabalhei com 3 meninas de
Tecnologia em 14 anos de experiência.
Hoje já tá mais aberto, vejo mais
mulheres participando de processo
seletivo, antigamente era muito
fechado.
Ainda é pequeno, mas já tá mudando
um pouco com grupos como
JungleGirls, PyLadies, a comunidade
feminina está se motivando."
“
Adriano Fernandes -
Programador Front-End na R/GA
A forma como as vagas são escritas impacta na
atratividade de mulheres na área de TI.
A predominância é de linguagem voltada ao
masculino, não neutra, o que poderia ser mais
interessante para ambos. O neutro é mais inclusivo.
Aprendizado Principal do Estudo
Top 5
Aprendizados
Os grupos gerais analisados não são tão inclusivos assim. Os textos
escritos ou imagens são mais voltados à linguagem masculina
Aprendizado #1
Macho, pero no mucho
Em grupos gerais, homens e mulheres
usaram uma linguagem mais masculina
(55% dos posts), optando por cargos
como "desenvolvedor", "programador",
entre tantos outros.
Quando analisado o comportamento
das mulheres dentro desses grupos, o
cenário é animador: 52% usaram uma
linguagem neutra, que pudesse incluir
todos os gêneros sem segregar, como
“desenvolvedor(a).”
Dados
Textos em posts de Grupos Gerais
Imagens ligadas à masculinidade foram maioria em grupos gerais.
Super-herói e estereótipos eram incentivos a mais aos homens.
Aprendizado #2
O que os olhos veem...
Nas imagens analisadas, homens são
maioria. E isso reflete desde super
heróis que remetem à força, valentia e
coragem, como o deus Thor, até a
homens brancos engravatados.
Imagens mais neutras e com mulheres
aparecendo ao invés de apensar
homens, podem ser um degrau para
incentivo a elas ocuparem mais espaços
no mundo da tecnologia.
Nos grupos direcionados somente a mulheres, a linguagem
que elas optam é mais neutra, em sua maioria, e feminina
Aprendizado #3
Mais representatividade
Quando o assunto é grupos
femininos, as mulheres optam por
uma linguagem mais neutra (50%).
As vagas possuem descrição em
inglês ou o cargo não possui gênero.
Ainda assim, termos em femininos
também merecem destaque,
alcançando 31% de toda a
amostragem nos grupos, como
“desenvolvedora”.
Dados
Textos em posts de Grupos de Mulheres
Incentivo na veia: grande parte dos posts em grupos de mulheres merece
destaque por ter animação, incentivo e união em sua essência
Aprendizado #4
Vamos ocupar, manas
Mesmo com uma predominância de
linguagem neutra, as mulheres usaram e
abusaram da irmandade em seus posts.
Publicações do tipo "vamos ocupar!",
"essa é para você, mana!" alcançaram
42% da nossa amostragem, classificadas
como "animadas".
Palavras de incentivo e união ("essa vaga é
sua!" ou ajudas para aplicações) somaram
14% e 34% do total respectivamente.
Dados
Como alguém que muito
recentemente começou a estudar
programação, já tive um apoio
sensacional em relação a orientações
para quem ainda não conseguiu se
inserir no mercado. Tenho certeza
que participar desses grupos vai me
ajudar nesse início de carreira e mais
pra frente também! <3"
Resposta anônima sobre grupos
de mulheres de TI no Facebook
“
Nem ela, nem ele: os grupos femininos usam muito mais de uma linguagem
não-binária para indicar vagas e ser ainda mais inclusivas
Aprendizado #5
Todxs juntxs
A linguagem não-binária, ou seja, aquela
que descaracteriza o gênero em uma
palavra, tem sido amplamente usada em
publicações para vagas nos grupos
femininos. E bem aceita.
Nas contribuições anônimas à nossa
pesquisa, muitas mulheres afirmaram que
esse tipo de caracterização de linguagem
inclui: "A área de TI é tida como masculina,
e na maioria dos posts, sempre aparece a
palavra “DESENVOLVEDOR”, no
masculino.
38% de toda a
amostragem possuía
linguagem masculina
18% de toda a
amostragem possuía
linguagem masculina
Textos em posts de Grupos Gerais Textos em posts de Grupos de Mulheres
Dados
Aprofundando
Vagas
PrograMinas: Como as vagas em grupos do Facebook refletem o mercado de TI para mulheres
Processo Seletivo
Faculdades
Ensino Médio
Importante lembrar: o PrograMinas é
sobre as vagas, mas há muito o que
mudar para que a área seja mais
receptiva às mulheres.
Depois de as mulheres passarem por uma estrutura
cultural machista, enfrentarem desafios de conteúdo
profissional e preconceitos no ensino médio e
superior, serem desestimuladas a não se
candidatarem nos processos seletivos, o topo do
nosso iceberg são as vagas. Muito concorridas e que
são preenchidas, em grande maioria, pelos homens,
mostrando um desequilíbrio em toda a pirâmide.
O topo é um espelho de toda uma estrutura que vem
mudando, mas ainda está longe de ser perfeita.
O que posso fazer? Textos mais neutros são mais
inclusivos. Ao invés de “ Desenvolvedor”, por
exemplo, que tal “Desenvolvedor(a)”?
Cultura
Vagas
Quer fazer algo sobre isso?
Já há muitas boas ideias para que essa transformação
aconteça, principalmente nesses pilares:
Quer fazer algo sobre isso?
Educação:
Começar nas escolas
estimulando as meninas
a se verem na área
Ambiente:
Proporcionar espaço
de discussão e
valorização da mulher
Incentivos:
Criar estímulos voltados
para contratar mulheres
nas empresas
Grupos:
Crescer a noção de
comunidade e
irmandade se ajudando
É preciso um trabalho de berço,
em escolas, mesmo. É lá que a
gente precisa estimular, mostrar
que há mulheres trabalhando
em Tecnologia, sim, que elas
podem vencer e ganhar bem.”
“
Vanessa Silvestre -
Analista de Governança na Pernambucanas
e criadora do grupo femme.it
Em busca do post perfeito
PrograMinas: Como as vagas em grupos do Facebook refletem o mercado de TI para mulheres
Até aqui, vimos que existe muito trabalho a ser feito e que a desigualdade persiste,
ainda na divulgação e descrição de vagas. Mas a solução existe e pode partir de
você. Abaixo, confira dicas sobre como escrever vagas inclusivas e fique por dentro!
De olho na escrita
Expressões informais são legais,
mas todo cuidado é pouco. Gírias
como "mano", "cara", "fodão" ou
quaisquer palavras que remetam
ao masculino podem segregar e
desincentivar mulheres a se
candidatar às vagas
Textos mais inclusivos
Utilize linguagem neutra
para descrever cargos e
posições. Caso não seja
possível, opte pelo uso de
o(a), os(as) para definir
gênero na descrição. Ex:
Desenvolvedor(a)
Linguagem não-verbal
Que tal optar por imagens
genéricas ou inclusivas na
hora de ilustrar sua vaga?
Pode ser um grupo de
homens e mulheres ou algo
que não induza a gêneros.
Vamos ocupar!
PrograMinas: Como as vagas em grupos do Facebook refletem o mercado de TI para mulheres
PyLadies
PyLadies: comunidade mundial com
objetivo de instigar mais mulheres a
entrarem na área tecnológica.
Emílias - Armação em Bits
Projeto que realiza ações para
despertar o interesse de futuras
estudantes e profissionais.
Programaria
Um grupo feminino que promove
oportunidades e ferramentas para
aprendizagem na programação
Confira alguns grupos de incentivo para mulheres entrarem -
e ficarem! - no mercado de trabalho de Tecnologia:
Como diz o ditado, a união faz a força. E nos incentiva a ser mais! Como vimos, grupos de vagas específicos para
mulheres podem ajudar a mudar o status quo no mercado de TI e ajudam as manas a alcançar todos os espaços.
Você pode fortalecer ainda mais essa rede. Incentive a criação de grupos de apoio e, caso tenha alguma
oportunidade de emprego e puder indicar alguém, dê preferência para as mulheres. Converse com elas, troque
experiências e ideias e compartilhe conhecimento e oportunidades.
Participantes
Pessoas entrevistadas
PrograMinas: Como as vagas em grupos do Facebook refletem o mercado de TI para mulheres
As autoras
Fernanda Nunes
Larissa Gould
Meriangela Farias
Nathalia Andrijic
Vanessa Fujihira
Tamara Alves de Melo
na.andrijic@gmail.com
Quer falar mais sobre o assunto?
Adriano Fernandes
Front end Developer
da agência R/GA
Marina Pereira
Recursos
Humanos na TQI
Ariani Mol
Recursos Humanos na
Gestão Humana
Natassia Perez,
Associada na FIND HR -
Consultoria de RH em
Tecnologia da Informação
Carolina Bonturi
Desenvolvedora de
software na QEdu e
co-fundadora do coaShe
Juliana Amorim
Gerente Sênior de RH
da agência R/GA
Daniela Viaro
Analista de RH no
Grupo Personale
Vanessa Silvestre
Analista de Governança na
Pernambucanas e criadora do
grupo femme.it
Estudantes do curso de
Especialização em Mídia
Informação e Cultura na
Escola de Comunicações e
Artes da Universidade de
São Paulo (ECA/USP)
PrograMinas
Como as vagas em grupos do Facebook
refletem o mercado de TI para mulheres
Estudo

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PrograMinas - Report do Estudo

  • 1. PrograMinas Como as vagas em grupos do Facebook refletem o mercado de TI para mulheres Estudo
  • 2. PrograMinas: Como as vagas em grupos do Facebook refletem o mercado de TI para mulheres Como tudo começou... Entender como linguagem (texto e imagem) e informações expressas nas vagas divulgadas em grupos de TI no Facebook incentivam ou desencorajam a candidatura de mulheres — esse é o objetivo do PrograMinas, pesquisa realizada para o curso de Mídia, Cultura e Informação da ECA-USP. Durante as próximas páginas você encontrará os resultados desse estudo, além de considerações sobre o cenário atual na área de TI — escolhida por ser sensível ao tema, já que no decorrer da história sofreu uma inversão no gênero dos trabalhadores atuantes, de mulheres, a princípio, para homens, no presente. Se durante a leitura perceber que essa pesquisa pode fomentar o debate sobre o assunto em seu ambiente de trabalho, sinta-se à vontade para compartilhar, afinal, todo debate é sempre bem-vindo!
  • 3. Índice • Metodologias do Estudo • Introdução Mulheres e TI • Aprendizado principal • Top 5 Aprendizados • Quer fazer algo sobre isso? • Pessoas entrevistadas e as autoras PrograMinas: Como as vagas em grupos do Facebook refletem o mercado de TI para mulheres
  • 4. Metodologias do Estudo Entrevistas: 8 entrevistas com Especialistas em RH e no mercado de Tecnologia Leituras: Dados de vagas na área de Tecnologia e a participação das mulheres Grupos de Facebook: Análise de 180 Posts de vagas no Facebook (Grupos Gerais de TI e Grupos de Mulheres em TI) Questionário: Questionário com participantes dos Grupos de Mulheres em TI
  • 5. Troca de papéis PrograMinas: Como as vagas em grupos do Facebook refletem o mercado de TI para mulheres Nos anos 40, o ENIAC, primeiro computador eletrônico de larga escala capaz de realizar cálculos complexos, contou com uma equipe de mulheres para o seu desenvolvimento. Eram as chamadas ENIAC Girls. No começo da computação, enquanto os homens eram os responsáveis pelos trabalhos que envolviam a criação de hardware, elas atuavam na programação das máquinas. O motivo: até aquele momento, a área era uma extensão do secretariado e do processamento de dados. Por exemplo, mulheres representavam 70% da primeira turma do bacharelado em Ciência da Computação do Instituto de Matemática e Estatística da USP. Entretanto, os anos 80 mudaram completamente esse cenário. Entre a (ou por conta da) propagação dos PCs e videogames, visto como ‘brinquedos de meninos’, e a consolidação do estereótipo do nerd antissocial, as mulheres passaram a ser minoria nesse mercado. “É como planejar um jantar. Você precisa planejar com antecedência e programar cada coisa para que esteja pronta quando você precisar dela.” Grace Hopper - programadora, em entrevista para a Cosmopolitan, 1967.
  • 6. Os pais estavam mais propensos a esperar que os seus filhos, em vez de suas filhas, trabalhassem em um campo da ciência, tecnologia, engenharia ou matemática - mesmo quando seus meninos e meninas de 15 anos de idade obtinham o mesmo desempenho em matemática”. Programme for International Student Assessment - PISA. 2015 “
  • 7. Trabalhei com 3 meninas de Tecnologia em 14 anos de experiência. Hoje já tá mais aberto, vejo mais mulheres participando de processo seletivo, antigamente era muito fechado. Ainda é pequeno, mas já tá mudando um pouco com grupos como JungleGirls, PyLadies, a comunidade feminina está se motivando." “ Adriano Fernandes - Programador Front-End na R/GA
  • 8. A forma como as vagas são escritas impacta na atratividade de mulheres na área de TI. A predominância é de linguagem voltada ao masculino, não neutra, o que poderia ser mais interessante para ambos. O neutro é mais inclusivo. Aprendizado Principal do Estudo
  • 10. Os grupos gerais analisados não são tão inclusivos assim. Os textos escritos ou imagens são mais voltados à linguagem masculina Aprendizado #1 Macho, pero no mucho Em grupos gerais, homens e mulheres usaram uma linguagem mais masculina (55% dos posts), optando por cargos como "desenvolvedor", "programador", entre tantos outros. Quando analisado o comportamento das mulheres dentro desses grupos, o cenário é animador: 52% usaram uma linguagem neutra, que pudesse incluir todos os gêneros sem segregar, como “desenvolvedor(a).” Dados Textos em posts de Grupos Gerais
  • 11. Imagens ligadas à masculinidade foram maioria em grupos gerais. Super-herói e estereótipos eram incentivos a mais aos homens. Aprendizado #2 O que os olhos veem... Nas imagens analisadas, homens são maioria. E isso reflete desde super heróis que remetem à força, valentia e coragem, como o deus Thor, até a homens brancos engravatados. Imagens mais neutras e com mulheres aparecendo ao invés de apensar homens, podem ser um degrau para incentivo a elas ocuparem mais espaços no mundo da tecnologia.
  • 12. Nos grupos direcionados somente a mulheres, a linguagem que elas optam é mais neutra, em sua maioria, e feminina Aprendizado #3 Mais representatividade Quando o assunto é grupos femininos, as mulheres optam por uma linguagem mais neutra (50%). As vagas possuem descrição em inglês ou o cargo não possui gênero. Ainda assim, termos em femininos também merecem destaque, alcançando 31% de toda a amostragem nos grupos, como “desenvolvedora”. Dados Textos em posts de Grupos de Mulheres
  • 13. Incentivo na veia: grande parte dos posts em grupos de mulheres merece destaque por ter animação, incentivo e união em sua essência Aprendizado #4 Vamos ocupar, manas Mesmo com uma predominância de linguagem neutra, as mulheres usaram e abusaram da irmandade em seus posts. Publicações do tipo "vamos ocupar!", "essa é para você, mana!" alcançaram 42% da nossa amostragem, classificadas como "animadas". Palavras de incentivo e união ("essa vaga é sua!" ou ajudas para aplicações) somaram 14% e 34% do total respectivamente. Dados
  • 14. Como alguém que muito recentemente começou a estudar programação, já tive um apoio sensacional em relação a orientações para quem ainda não conseguiu se inserir no mercado. Tenho certeza que participar desses grupos vai me ajudar nesse início de carreira e mais pra frente também! <3" Resposta anônima sobre grupos de mulheres de TI no Facebook “
  • 15. Nem ela, nem ele: os grupos femininos usam muito mais de uma linguagem não-binária para indicar vagas e ser ainda mais inclusivas Aprendizado #5 Todxs juntxs A linguagem não-binária, ou seja, aquela que descaracteriza o gênero em uma palavra, tem sido amplamente usada em publicações para vagas nos grupos femininos. E bem aceita. Nas contribuições anônimas à nossa pesquisa, muitas mulheres afirmaram que esse tipo de caracterização de linguagem inclui: "A área de TI é tida como masculina, e na maioria dos posts, sempre aparece a palavra “DESENVOLVEDOR”, no masculino. 38% de toda a amostragem possuía linguagem masculina 18% de toda a amostragem possuía linguagem masculina Textos em posts de Grupos Gerais Textos em posts de Grupos de Mulheres Dados
  • 17. Vagas PrograMinas: Como as vagas em grupos do Facebook refletem o mercado de TI para mulheres Processo Seletivo Faculdades Ensino Médio Importante lembrar: o PrograMinas é sobre as vagas, mas há muito o que mudar para que a área seja mais receptiva às mulheres. Depois de as mulheres passarem por uma estrutura cultural machista, enfrentarem desafios de conteúdo profissional e preconceitos no ensino médio e superior, serem desestimuladas a não se candidatarem nos processos seletivos, o topo do nosso iceberg são as vagas. Muito concorridas e que são preenchidas, em grande maioria, pelos homens, mostrando um desequilíbrio em toda a pirâmide. O topo é um espelho de toda uma estrutura que vem mudando, mas ainda está longe de ser perfeita. O que posso fazer? Textos mais neutros são mais inclusivos. Ao invés de “ Desenvolvedor”, por exemplo, que tal “Desenvolvedor(a)”? Cultura Vagas
  • 18. Quer fazer algo sobre isso?
  • 19. Já há muitas boas ideias para que essa transformação aconteça, principalmente nesses pilares: Quer fazer algo sobre isso? Educação: Começar nas escolas estimulando as meninas a se verem na área Ambiente: Proporcionar espaço de discussão e valorização da mulher Incentivos: Criar estímulos voltados para contratar mulheres nas empresas Grupos: Crescer a noção de comunidade e irmandade se ajudando
  • 20. É preciso um trabalho de berço, em escolas, mesmo. É lá que a gente precisa estimular, mostrar que há mulheres trabalhando em Tecnologia, sim, que elas podem vencer e ganhar bem.” “ Vanessa Silvestre - Analista de Governança na Pernambucanas e criadora do grupo femme.it
  • 21. Em busca do post perfeito PrograMinas: Como as vagas em grupos do Facebook refletem o mercado de TI para mulheres Até aqui, vimos que existe muito trabalho a ser feito e que a desigualdade persiste, ainda na divulgação e descrição de vagas. Mas a solução existe e pode partir de você. Abaixo, confira dicas sobre como escrever vagas inclusivas e fique por dentro! De olho na escrita Expressões informais são legais, mas todo cuidado é pouco. Gírias como "mano", "cara", "fodão" ou quaisquer palavras que remetam ao masculino podem segregar e desincentivar mulheres a se candidatar às vagas Textos mais inclusivos Utilize linguagem neutra para descrever cargos e posições. Caso não seja possível, opte pelo uso de o(a), os(as) para definir gênero na descrição. Ex: Desenvolvedor(a) Linguagem não-verbal Que tal optar por imagens genéricas ou inclusivas na hora de ilustrar sua vaga? Pode ser um grupo de homens e mulheres ou algo que não induza a gêneros.
  • 22. Vamos ocupar! PrograMinas: Como as vagas em grupos do Facebook refletem o mercado de TI para mulheres PyLadies PyLadies: comunidade mundial com objetivo de instigar mais mulheres a entrarem na área tecnológica. Emílias - Armação em Bits Projeto que realiza ações para despertar o interesse de futuras estudantes e profissionais. Programaria Um grupo feminino que promove oportunidades e ferramentas para aprendizagem na programação Confira alguns grupos de incentivo para mulheres entrarem - e ficarem! - no mercado de trabalho de Tecnologia: Como diz o ditado, a união faz a força. E nos incentiva a ser mais! Como vimos, grupos de vagas específicos para mulheres podem ajudar a mudar o status quo no mercado de TI e ajudam as manas a alcançar todos os espaços. Você pode fortalecer ainda mais essa rede. Incentive a criação de grupos de apoio e, caso tenha alguma oportunidade de emprego e puder indicar alguém, dê preferência para as mulheres. Converse com elas, troque experiências e ideias e compartilhe conhecimento e oportunidades.
  • 24. Pessoas entrevistadas PrograMinas: Como as vagas em grupos do Facebook refletem o mercado de TI para mulheres As autoras Fernanda Nunes Larissa Gould Meriangela Farias Nathalia Andrijic Vanessa Fujihira Tamara Alves de Melo na.andrijic@gmail.com Quer falar mais sobre o assunto? Adriano Fernandes Front end Developer da agência R/GA Marina Pereira Recursos Humanos na TQI Ariani Mol Recursos Humanos na Gestão Humana Natassia Perez, Associada na FIND HR - Consultoria de RH em Tecnologia da Informação Carolina Bonturi Desenvolvedora de software na QEdu e co-fundadora do coaShe Juliana Amorim Gerente Sênior de RH da agência R/GA Daniela Viaro Analista de RH no Grupo Personale Vanessa Silvestre Analista de Governança na Pernambucanas e criadora do grupo femme.it Estudantes do curso de Especialização em Mídia Informação e Cultura na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP)
  • 25. PrograMinas Como as vagas em grupos do Facebook refletem o mercado de TI para mulheres Estudo