SlideShare uma empresa Scribd logo
Parque dos Poetas em Oeiras
O Parque dos Poetas, em Oeiras, presta uma justa e bonita homenagem aos poetas portugueses. Nesta primeira fase, estão ali expostas 20 esculturas de poetas do Séc. XX: Teixeira de Pascoaes, Florbela Espanca, José Gomes Ferreira, Miguel Torga, Sophia de Mello Breyner, Natália Correia, Eugénio de Andrade, Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro, Alexandre O`Neill, Camilo Pessanha, José Régio, Vitorino Nemésio, Jorge de Sena, Carlos Oliveira, Manuel Alegre, David Mourão Ferreira, António Gedeão, Ruy Belo e António Ramos Rosa.
 
Digam que foi mentira   Digam que foi mentira, que não sou (ninguém,  que atravesso apenas ruas da cidade (abandonada  fechada como boca onde não encontro (nada:  não encontro respostas para tudo o que (pergunto nem  na verdade pergunto coisas por aí além  Eu não vivi ali em tempo algum. Ruy Belo  (1933-1978)
A uma oliveira Muito antes de  Os Lusíadas  diz-se que (já aqui estavas. Pré-camoniana, sazão a sazão, foste varejada séculos a fio. O pinho viajou. tu ficaste. Ao som bárbaro de um rádio de pilhas, desdobram toalhas na tua sombra rala. Alexandre O'Neill  (1924-1986)
Um gesto Um gesto sem paisagem sem horizonte ou casa sem o outro não chega a ser um gesto será talvez um esgar um grito que sufoca tal como um rio se perde sem as suas margens. António Ramos Rosa (1924-
Poema XI do livro Guardador de Rebanhos,  de Alberto Caeiro Aquela senhora tem um piano Que é agradável mas não é o  (correr dos rios  Nem o murmúrio que as árvores fazem… Para que é preciso ter um piano? O melhor é ter ouvidos E amar a Natureza. Fernando Pessoa (1888-1935)
Descida aos infernos 1 Desço Pelo cascalho interno da terra, Onde o esqueleto da vida Se petrifica protestando. Como um rio ao contrário, de águas povoadas Por alucinações mortas boiando levadas Para a alma da terra, Procuro os úberes do fogo. … Carlos Oliveira (1921-1981)
Este é o tempo Este é o tempo Da selva mais obscura Até o ar azul se tornou grades E a luz do sol se tornou impura Esta é a noite Densa de chacais Pesada de amargura Este é o tempo em que os homens renunciam. Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004)
Não hei-de morrer sem saber qual a cor da liberdade Qual a cor da liberdade? É verde, verde e vermelha. Quase, quase cinquenta anos reinaram neste país, e conta de tantos danos, de tantos crimes e enganos, chegava até à raiz. … Saem tanques para a rua, sai o povo logo atrás: estala enfim, altiva e nua, com força que não recua, a verdade mais veraz. Qual a cor da liberdade? É verde, verde e vermelha. Jorge de Sena (1919-1978)
Quase Um pouco mais de sol – eu era brasa, Um pouco mais de azul – eu era além. Para atingir, faltou-me um golpe de asa… Se ao menos eu permanecesse aquém… … Num ímpeto difuso de quebranto, Tudo encetei e nada possuí… Hoje, de mim, só resta o desencanto Das coisas que beijei mas não vivi… Um pouco mais de sol — e fora brasa, Um pouco mais de azul — e fora além. Para atingir faltou-me um golpe de asa… Se ao menos eu permanecesse aquém… Mário de Sá-Carneiro  (1890-1910)
Elegia do Amor Lembras-te, meu amor, Das tardes outonais, Em que íamos os dois, Sozinhos, passear, Para fora do povo Alegre e dos casais, Onde só Deus pudesse Ouvir-nos conversar? Tu levavas, na mão, Um lírio enamorado, E davas-me o teu braço; … E a lua, para nós, Os braços estendeu. Uniu-nos num abraço, Espiritual, profundo; E levou-nos assim, Com ela, até ao céu... Mas, ai, tu não voltaste E eu regressei ao mundo. (...) Teixeira de Pascoaes (1877-1952)
Ser poeta Ser poeta é ser mais alto, é ser maior Do que os homens! Morder como quem beija! É ser mendigo e dar como quem seja Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!  É ter de mil desejos o esplendor E não saber sequer que se deseja!  É ter cá dentro um astro que flameja, É ter garras e asas de condor!  É ter fome, é ter sede de Infinito! Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim... É condensar o mundo num só grito!  E é amar-te, assim, perdidamente... É seres alma, e sangue, e vida em mim E dizê-lo cantando a toda a gente!  Florbela Espanca (1894-1930)
Vai-te, Poesia! Deixa-me ver a vida exacta e intolerável neste planeta feito de carne humana (a chorar onde um anjo me arrasta todas as noites  (para casa pelos cabelos com bandeiras de lume nos olhos, para fabricar sonhos carregados de dinamite de lágrimas. Vai-te, Poesia! Não quero cantar. Quero gritar! José Gomes Ferreira (1900-1985)
Nomeio o Mundo    Com medo de o perder nomeio o mundo, Seus quantos e qualidades, seus objectos, E assim durmo sonoro no profundo Poço de astros anónimos e quietos.   Nomeei as coisas e fiquei contente: Prendi a frase ao texto do universo. Quem escuta ao meu peito ainda lá sente, Em cada pausa e pulsação, um verso. Vitorino Nemésio  (1901-1978)
Interrogação Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar, Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo; E apesar disso, crê! nunca pensei num lar Onde fosses feliz, e eu feliz contigo. Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito. E nunca te escrevi nenhuns versos românticos. Nem depois de acordar te procurei no leito Como a esposa sensual do Cântico dos Cânticos. … Eu não sei se é amor. Será talvez começo... Eu não sei que mudança a minha alma pressente... Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço, Que adoecia talvez de te saber doente. Camilo Pessanha (1867-1926)
Cântico Negro   “ Vem por aqui" - dizem-me alguns com os (olhos doces Estendendo-me os braços, e seguros De que seria bom que eu os ouvisse Quando me dizem: "vem por aqui!" Eu olho-os com olhos lassos, (Há, nos meus olhos, ironias e cansaços) E cruzo os braços, E nunca vou por ali... … Ah, que ninguém me dê piedosas intenções! Ninguém me peça definições! Ninguém me diga: "vem por aqui"! A minha vida é um vendaval que se soltou. É uma onda que se alevantou. É um átomo a mais que se animou... Não sei por onde vou, Não sei para onde vou - Sei que não vou por aí! José Régio (1901-1969)
O Retrato O meu perfil é duro como o perfil do mundo. Quem adivinha nele a graça da poesia? Pedra talhada a pico e sofrimento, É um muro hostil à volta do pomar. Lá dentro há frutos, há frescura, há quanto Faz um poema doce e desejado: Mas quem passa na rua Nem sequer sonha que do outro lado A paisagem da vida continua. Miguel Torga  (1907-1995)
URGENTEMENTE   É urgente o amor. É urgente um barco no mar. É urgente destruir certas palavras, Ódio, solidão e crueldade, Alguns lamentos, Muitas espadas. É urgente inventar a alegria, Multiplicar as searas, É urgente descobrir rosas e rios E manhãs claras. Cai o silêncio nos ombros e a luz Impura, até doer. É urgente o amor, é urgente Permanecer. Eugénio de Andrade (1923-2005)
A Defesa do Poeta   Senhores jurados sou um poeta  um multipétalo uivo um defeito  e ando com uma camisa de vento  ao contrário do esqueleto  … Senhores juízes que não molhais  a pena na tinta da natureza  não apedrejeis meu pássaro  sem que ele cante minha defesa  Sou uma impudência a mesa posta  de um verso onde o possa escrever  ó subalimentados do sonho !  a poesia é para comer. Natália Correia  (1923-1993)
Trova do Vento que Passa Pergunto ao vento que passa notícias do meu país e o vento cala a desgraça o vento nada me diz.  Mas há sempre uma candeia dentro da própria desgraça há sempre alguém que semeia canções no vento que passa.  Mesmo na noite mais triste em tempo de servidão há sempre alguém que resiste há sempre alguém que diz não.  Manuel Alegre (1936-
Abandono Por teu livre pensamento Foram-te longe encerrar Tão longe que o meu lamento Não te consegue alcançar E apenas ouves o vento E apenas ouves o mar Levaram-te a meio da noite A treva tudo cobria Foi de noite numa noite De todas a mais sombria Foi de noite, foi de noite E nunca mais se fez dia. Ai! Dessa noite o veneno Persiste em me envenenar Oiço apenas o silêncio Que ficou em teu lugar E ao menos ouves o vento E ao menos ouves o mar. David Mourão-Ferreira (1927-1996)
Poema da Malta das Naus Lancei ao mar um madeiro, espetei-lhe um pau e um lençol. Com palpite marinheiro medi a altura do sol.   Deu-me o vento de feição, levou-me ao cabo do mundo. Pelote de vagabundo, rebotalho de gibão. … O meu sabor é diferente. Provo-me e saibo-me a sal. Não se nasce impunemente nas praias de Portugal. António Gedeão (1906-1997)
Título:  Parque dos Poetas em Oeiras Formatação:   [email_address] Música:   Ernesto Cortazar,  a chasing of the winds   Ano:  2011
F I M

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Gonçalves Dias
Gonçalves DiasGonçalves Dias
Gonçalves Dias
Alexandre Rodrigues Nunes
 
Meus oito anos
Meus oito anosMeus oito anos
Meus oito anos
gaby_advent
 
Romantismo
RomantismoRomantismo
Romantismo
Isabella Silva
 
Natalia Correia
Natalia CorreiaNatalia Correia
Natalia Correia
timtim100
 
Eugénio de Andrade
Eugénio de AndradeEugénio de Andrade
Eugénio de Andrade
Rosário Cunha
 
Natalia Correia
Natalia CorreiaNatalia Correia
Natalia Correia
Maria Pereira
 
Eugénio de Andrade
Eugénio de AndradeEugénio de Andrade
Eugénio de Andrade
Dina Baptista
 
Castro alves navio negreiro
Castro alves   navio negreiroCastro alves   navio negreiro
Castro alves navio negreiro
Talita Travassos
 
Os pobres raul brandao
Os pobres   raul brandaoOs pobres   raul brandao
Os pobres raul brandao
AnaRibeiro968038
 
Alvares de azevedo lira dos vinte anos
Alvares de azevedo   lira dos vinte anosAlvares de azevedo   lira dos vinte anos
Alvares de azevedo lira dos vinte anos
Tulipa Zoá
 
Gerações poéticas
Gerações poéticasGerações poéticas
Gerações poéticas
Andre Guerra
 
Castro alves slide²
Castro alves slide²Castro alves slide²
Castro alves slide²
Maria da Paz
 
Figuras De Linguagem
Figuras De LinguagemFiguras De Linguagem
Figuras De Linguagem
Angela Santos
 
OFICINA DE POEMAS (POWER POINT, WORD E INTERNET)
OFICINA DE POEMAS (POWER POINT, WORD E INTERNET)OFICINA DE POEMAS (POWER POINT, WORD E INTERNET)
OFICINA DE POEMAS (POWER POINT, WORD E INTERNET)
Mirian Souza
 
Eugenio Andrade 4
Eugenio Andrade 4Eugenio Andrade 4
Eugenio Andrade 4
Helena
 
Projeto “O Jogo do Poema”
Projeto “O Jogo do Poema” Projeto “O Jogo do Poema”
Projeto “O Jogo do Poema”
Sistema Municipal de Bibliotecas
 
Explicacaopoemapp 110926203012-phpapp01
Explicacaopoemapp 110926203012-phpapp01Explicacaopoemapp 110926203012-phpapp01
Explicacaopoemapp 110926203012-phpapp01
Maria De Jesus Soares
 
A obra eterniza o poeta (f. pessoa)
A obra eterniza o poeta (f. pessoa)A obra eterniza o poeta (f. pessoa)
A obra eterniza o poeta (f. pessoa)
Margarida Botelho da Silva
 
Antologia Poética de um Segundo de Inspiração
Antologia Poética de um Segundo de InspiraçãoAntologia Poética de um Segundo de Inspiração
Antologia Poética de um Segundo de Inspiração
Roberto Dalmo
 

Mais procurados (19)

Gonçalves Dias
Gonçalves DiasGonçalves Dias
Gonçalves Dias
 
Meus oito anos
Meus oito anosMeus oito anos
Meus oito anos
 
Romantismo
RomantismoRomantismo
Romantismo
 
Natalia Correia
Natalia CorreiaNatalia Correia
Natalia Correia
 
Eugénio de Andrade
Eugénio de AndradeEugénio de Andrade
Eugénio de Andrade
 
Natalia Correia
Natalia CorreiaNatalia Correia
Natalia Correia
 
Eugénio de Andrade
Eugénio de AndradeEugénio de Andrade
Eugénio de Andrade
 
Castro alves navio negreiro
Castro alves   navio negreiroCastro alves   navio negreiro
Castro alves navio negreiro
 
Os pobres raul brandao
Os pobres   raul brandaoOs pobres   raul brandao
Os pobres raul brandao
 
Alvares de azevedo lira dos vinte anos
Alvares de azevedo   lira dos vinte anosAlvares de azevedo   lira dos vinte anos
Alvares de azevedo lira dos vinte anos
 
Gerações poéticas
Gerações poéticasGerações poéticas
Gerações poéticas
 
Castro alves slide²
Castro alves slide²Castro alves slide²
Castro alves slide²
 
Figuras De Linguagem
Figuras De LinguagemFiguras De Linguagem
Figuras De Linguagem
 
OFICINA DE POEMAS (POWER POINT, WORD E INTERNET)
OFICINA DE POEMAS (POWER POINT, WORD E INTERNET)OFICINA DE POEMAS (POWER POINT, WORD E INTERNET)
OFICINA DE POEMAS (POWER POINT, WORD E INTERNET)
 
Eugenio Andrade 4
Eugenio Andrade 4Eugenio Andrade 4
Eugenio Andrade 4
 
Projeto “O Jogo do Poema”
Projeto “O Jogo do Poema” Projeto “O Jogo do Poema”
Projeto “O Jogo do Poema”
 
Explicacaopoemapp 110926203012-phpapp01
Explicacaopoemapp 110926203012-phpapp01Explicacaopoemapp 110926203012-phpapp01
Explicacaopoemapp 110926203012-phpapp01
 
A obra eterniza o poeta (f. pessoa)
A obra eterniza o poeta (f. pessoa)A obra eterniza o poeta (f. pessoa)
A obra eterniza o poeta (f. pessoa)
 
Antologia Poética de um Segundo de Inspiração
Antologia Poética de um Segundo de InspiraçãoAntologia Poética de um Segundo de Inspiração
Antologia Poética de um Segundo de Inspiração
 

Semelhante a Parque dos Poetas, Oeiras

Parque dos poetas
Parque dos poetasParque dos poetas
Parque dos poetas
isabelgmatreno
 
Parque dos Poetas, Oeiras
Parque dos Poetas, OeirasParque dos Poetas, Oeiras
Parque dos Poetas, Oeiras
Agostinho.Gouveia
 
Poesia 2ª fase modernista
Poesia 2ª fase modernistaPoesia 2ª fase modernista
Poesia 2ª fase modernista
Luciene Gomes
 
25 a2008 poesia
25 a2008 poesia25 a2008 poesia
25 a2008 poesia
Helena Mendes
 
25 a2008 poesia
25 a2008 poesia25 a2008 poesia
25 a2008 poesia
Helena Mendes
 
Primeira geração da poesia romântica
Primeira geração da poesia românticaPrimeira geração da poesia romântica
Primeira geração da poesia romântica
ma.no.el.ne.ves
 
Romantismo
RomantismoRomantismo
Romantismo
Isabella Silva
 
Primavera
PrimaveraPrimavera
Primavera
bibliomag
 
Primavera
PrimaveraPrimavera
Primavera
bibliomag
 
Primavera
PrimaveraPrimavera
Primavera
bibliomag
 
Primavera
PrimaveraPrimavera
Primavera
bibliomag
 
Primavera
PrimaveraPrimavera
Primavera
bibliomag
 
Poesia 8 1
Poesia 8 1Poesia 8 1
Poesia 8 1
bibliotecaagansiao
 
SEMANA DE ARTE MODERNA - UMA VISÃO
SEMANA DE ARTE MODERNA - UMA VISÃOSEMANA DE ARTE MODERNA - UMA VISÃO
SEMANA DE ARTE MODERNA - UMA VISÃO
Sérgio Pitaki
 
As canções/Os poetas/ Os cantores de Abril -25 de abril.pdf
As canções/Os poetas/ Os cantores de Abril -25 de abril.pdfAs canções/Os poetas/ Os cantores de Abril -25 de abril.pdf
As canções/Os poetas/ Os cantores de Abril -25 de abril.pdf
Bibliotecas Infante D. Henrique
 
ascanes-25deabril-240305190922-afc93fa9 (1).pdf
ascanes-25deabril-240305190922-afc93fa9 (1).pdfascanes-25deabril-240305190922-afc93fa9 (1).pdf
ascanes-25deabril-240305190922-afc93fa9 (1).pdf
MSantos35
 
Gonçalves dias
Gonçalves diasGonçalves dias
Gonçalves dias
Leno Moreira
 
Poesia e poema
Poesia e poemaPoesia e poema
Poesia e poema
ionasilva
 
Poesia e poema
Poesia e poemaPoesia e poema
Poesia e poema
ionasilva
 
Modernismo poesia - 2.a fase - Ose
Modernismo   poesia - 2.a fase - OseModernismo   poesia - 2.a fase - Ose
Modernismo poesia - 2.a fase - Ose
André Damázio
 

Semelhante a Parque dos Poetas, Oeiras (20)

Parque dos poetas
Parque dos poetasParque dos poetas
Parque dos poetas
 
Parque dos Poetas, Oeiras
Parque dos Poetas, OeirasParque dos Poetas, Oeiras
Parque dos Poetas, Oeiras
 
Poesia 2ª fase modernista
Poesia 2ª fase modernistaPoesia 2ª fase modernista
Poesia 2ª fase modernista
 
25 a2008 poesia
25 a2008 poesia25 a2008 poesia
25 a2008 poesia
 
25 a2008 poesia
25 a2008 poesia25 a2008 poesia
25 a2008 poesia
 
Primeira geração da poesia romântica
Primeira geração da poesia românticaPrimeira geração da poesia romântica
Primeira geração da poesia romântica
 
Romantismo
RomantismoRomantismo
Romantismo
 
Primavera
PrimaveraPrimavera
Primavera
 
Primavera
PrimaveraPrimavera
Primavera
 
Primavera
PrimaveraPrimavera
Primavera
 
Primavera
PrimaveraPrimavera
Primavera
 
Primavera
PrimaveraPrimavera
Primavera
 
Poesia 8 1
Poesia 8 1Poesia 8 1
Poesia 8 1
 
SEMANA DE ARTE MODERNA - UMA VISÃO
SEMANA DE ARTE MODERNA - UMA VISÃOSEMANA DE ARTE MODERNA - UMA VISÃO
SEMANA DE ARTE MODERNA - UMA VISÃO
 
As canções/Os poetas/ Os cantores de Abril -25 de abril.pdf
As canções/Os poetas/ Os cantores de Abril -25 de abril.pdfAs canções/Os poetas/ Os cantores de Abril -25 de abril.pdf
As canções/Os poetas/ Os cantores de Abril -25 de abril.pdf
 
ascanes-25deabril-240305190922-afc93fa9 (1).pdf
ascanes-25deabril-240305190922-afc93fa9 (1).pdfascanes-25deabril-240305190922-afc93fa9 (1).pdf
ascanes-25deabril-240305190922-afc93fa9 (1).pdf
 
Gonçalves dias
Gonçalves diasGonçalves dias
Gonçalves dias
 
Poesia e poema
Poesia e poemaPoesia e poema
Poesia e poema
 
Poesia e poema
Poesia e poemaPoesia e poema
Poesia e poema
 
Modernismo poesia - 2.a fase - Ose
Modernismo   poesia - 2.a fase - OseModernismo   poesia - 2.a fase - Ose
Modernismo poesia - 2.a fase - Ose
 

Mais de BESL

15 nov lgp
15 nov lgp15 nov lgp
15 nov lgp
BESL
 
Dia Mundial da Poupança
Dia Mundial da PoupançaDia Mundial da Poupança
Dia Mundial da Poupança
BESL
 
Dst telma, mafalda, teresa e mariana
Dst  telma, mafalda, teresa e marianaDst  telma, mafalda, teresa e mariana
Dst telma, mafalda, teresa e mariana
BESL
 
Prevenção dos maus tratos físicos e psicológicos e
Prevenção dos maus tratos físicos e psicológicos ePrevenção dos maus tratos físicos e psicológicos e
Prevenção dos maus tratos físicos e psicológicos e
BESL
 
Planeamento familiar e métodos contracetivos
Planeamento familiar e métodos contracetivosPlaneamento familiar e métodos contracetivos
Planeamento familiar e métodos contracetivos
BESL
 
Aborto e gravidez na adolescência joana,ana nunes,andreia e david silva
Aborto e gravidez na adolescência joana,ana nunes,andreia e david silvaAborto e gravidez na adolescência joana,ana nunes,andreia e david silva
Aborto e gravidez na adolescência joana,ana nunes,andreia e david silva
BESL
 
Marte
MarteMarte
Marte
BESL
 
A llha de Páscoa
A llha de PáscoaA llha de Páscoa
A llha de Páscoa
BESL
 
2011 em fotos
 2011 em fotos 2011 em fotos
2011 em fotos
BESL
 
ÁFrica
ÁFricaÁFrica
ÁFrica
BESL
 
Museo evolucionhumana
Museo evolucionhumanaMuseo evolucionhumana
Museo evolucionhumana
BESL
 

Mais de BESL (11)

15 nov lgp
15 nov lgp15 nov lgp
15 nov lgp
 
Dia Mundial da Poupança
Dia Mundial da PoupançaDia Mundial da Poupança
Dia Mundial da Poupança
 
Dst telma, mafalda, teresa e mariana
Dst  telma, mafalda, teresa e marianaDst  telma, mafalda, teresa e mariana
Dst telma, mafalda, teresa e mariana
 
Prevenção dos maus tratos físicos e psicológicos e
Prevenção dos maus tratos físicos e psicológicos ePrevenção dos maus tratos físicos e psicológicos e
Prevenção dos maus tratos físicos e psicológicos e
 
Planeamento familiar e métodos contracetivos
Planeamento familiar e métodos contracetivosPlaneamento familiar e métodos contracetivos
Planeamento familiar e métodos contracetivos
 
Aborto e gravidez na adolescência joana,ana nunes,andreia e david silva
Aborto e gravidez na adolescência joana,ana nunes,andreia e david silvaAborto e gravidez na adolescência joana,ana nunes,andreia e david silva
Aborto e gravidez na adolescência joana,ana nunes,andreia e david silva
 
Marte
MarteMarte
Marte
 
A llha de Páscoa
A llha de PáscoaA llha de Páscoa
A llha de Páscoa
 
2011 em fotos
 2011 em fotos 2011 em fotos
2011 em fotos
 
ÁFrica
ÁFricaÁFrica
ÁFrica
 
Museo evolucionhumana
Museo evolucionhumanaMuseo evolucionhumana
Museo evolucionhumana
 

Último

Apresentação_Primeira_Guerra_Mundial 9 ANO-1.pptx
Apresentação_Primeira_Guerra_Mundial 9 ANO-1.pptxApresentação_Primeira_Guerra_Mundial 9 ANO-1.pptx
Apresentação_Primeira_Guerra_Mundial 9 ANO-1.pptx
JulianeMelo17
 
Livro: Pedagogia do Oprimido - Paulo Freire
Livro: Pedagogia do Oprimido - Paulo FreireLivro: Pedagogia do Oprimido - Paulo Freire
Livro: Pedagogia do Oprimido - Paulo Freire
WelberMerlinCardoso
 
Sócrates e os sofistas - apresentação de slides
Sócrates e os sofistas - apresentação de slidesSócrates e os sofistas - apresentação de slides
Sócrates e os sofistas - apresentação de slides
jbellas2
 
APOSTILA DE TEXTOS CURTOS E INTERPRETAÇÃO.pdf
APOSTILA DE TEXTOS CURTOS E INTERPRETAÇÃO.pdfAPOSTILA DE TEXTOS CURTOS E INTERPRETAÇÃO.pdf
APOSTILA DE TEXTOS CURTOS E INTERPRETAÇÃO.pdf
RenanSilva991968
 
“A classe operária vai ao paraíso os modos de produzir e trabalhar ao longo ...
“A classe operária vai ao paraíso  os modos de produzir e trabalhar ao longo ...“A classe operária vai ao paraíso  os modos de produzir e trabalhar ao longo ...
“A classe operária vai ao paraíso os modos de produzir e trabalhar ao longo ...
AdrianoMontagna1
 
Sinais de pontuação
Sinais de pontuaçãoSinais de pontuação
Sinais de pontuação
Mary Alvarenga
 
Fernão Lopes. pptx
Fernão Lopes.                       pptxFernão Lopes.                       pptx
Fernão Lopes. pptx
TomasSousa7
 
Caderno de Resumos XVIII ENPFil UFU, IX EPGFil UFU E VII EPFEM.pdf
Caderno de Resumos XVIII ENPFil UFU, IX EPGFil UFU E VII EPFEM.pdfCaderno de Resumos XVIII ENPFil UFU, IX EPGFil UFU E VII EPFEM.pdf
Caderno de Resumos XVIII ENPFil UFU, IX EPGFil UFU E VII EPFEM.pdf
enpfilosofiaufu
 
Caça-palavras - ortografia S, SS, X, C e Z
Caça-palavras - ortografia  S, SS, X, C e ZCaça-palavras - ortografia  S, SS, X, C e Z
Caça-palavras - ortografia S, SS, X, C e Z
Mary Alvarenga
 
Leonardo da Vinci .pptx
Leonardo da Vinci                  .pptxLeonardo da Vinci                  .pptx
Leonardo da Vinci .pptx
TomasSousa7
 
347018542-PAULINA-CHIZIANE-Balada-de-Amor-ao-Vento-pdf.pdf
347018542-PAULINA-CHIZIANE-Balada-de-Amor-ao-Vento-pdf.pdf347018542-PAULINA-CHIZIANE-Balada-de-Amor-ao-Vento-pdf.pdf
347018542-PAULINA-CHIZIANE-Balada-de-Amor-ao-Vento-pdf.pdf
AntnioManuelAgdoma
 
Vogais Ilustrados para alfabetização infantil
Vogais Ilustrados para alfabetização infantilVogais Ilustrados para alfabetização infantil
Vogais Ilustrados para alfabetização infantil
mamaeieby
 
05-os-pre-socraticos sociologia-28-slides.pptx
05-os-pre-socraticos sociologia-28-slides.pptx05-os-pre-socraticos sociologia-28-slides.pptx
05-os-pre-socraticos sociologia-28-slides.pptx
ValdineyRodriguesBez1
 
CADERNO DE CONCEITOS E ORIENTAÇÕES DO CENSO ESCOLAR 2024.pdf
CADERNO DE CONCEITOS E ORIENTAÇÕES DO CENSO ESCOLAR 2024.pdfCADERNO DE CONCEITOS E ORIENTAÇÕES DO CENSO ESCOLAR 2024.pdf
CADERNO DE CONCEITOS E ORIENTAÇÕES DO CENSO ESCOLAR 2024.pdf
NatySousa3
 
O sentimento nacional brasiliero, segundo o historiador Jose Murlo de Carvalho
O sentimento nacional brasiliero, segundo o historiador Jose Murlo de CarvalhoO sentimento nacional brasiliero, segundo o historiador Jose Murlo de Carvalho
O sentimento nacional brasiliero, segundo o historiador Jose Murlo de Carvalho
analuisasesso
 
Famílias Que Contribuíram Para O Crescimento Do Assaré
Famílias Que Contribuíram Para O Crescimento Do AssaréFamílias Que Contribuíram Para O Crescimento Do Assaré
Famílias Que Contribuíram Para O Crescimento Do Assaré
profesfrancleite
 
iNTRODUÇÃO À Plantas terrestres e Plantas aquáticas. (1).pdf
iNTRODUÇÃO À Plantas terrestres e Plantas aquáticas. (1).pdfiNTRODUÇÃO À Plantas terrestres e Plantas aquáticas. (1).pdf
iNTRODUÇÃO À Plantas terrestres e Plantas aquáticas. (1).pdf
andressacastro36
 
UFCD_10949_Lojas e-commerce no-code_índice.pdf
UFCD_10949_Lojas e-commerce no-code_índice.pdfUFCD_10949_Lojas e-commerce no-code_índice.pdf
UFCD_10949_Lojas e-commerce no-code_índice.pdf
Manuais Formação
 
Folheto | Centro de Informação Europeia Jacques Delors (junho/2024)
Folheto | Centro de Informação Europeia Jacques Delors (junho/2024)Folheto | Centro de Informação Europeia Jacques Delors (junho/2024)
Folheto | Centro de Informação Europeia Jacques Delors (junho/2024)
Centro Jacques Delors
 
Slides Lição 11, CPAD, A Realidade Bíblica do Inferno, 2Tr24.pptx
Slides Lição 11, CPAD, A Realidade Bíblica do Inferno, 2Tr24.pptxSlides Lição 11, CPAD, A Realidade Bíblica do Inferno, 2Tr24.pptx
Slides Lição 11, CPAD, A Realidade Bíblica do Inferno, 2Tr24.pptx
LuizHenriquedeAlmeid6
 

Último (20)

Apresentação_Primeira_Guerra_Mundial 9 ANO-1.pptx
Apresentação_Primeira_Guerra_Mundial 9 ANO-1.pptxApresentação_Primeira_Guerra_Mundial 9 ANO-1.pptx
Apresentação_Primeira_Guerra_Mundial 9 ANO-1.pptx
 
Livro: Pedagogia do Oprimido - Paulo Freire
Livro: Pedagogia do Oprimido - Paulo FreireLivro: Pedagogia do Oprimido - Paulo Freire
Livro: Pedagogia do Oprimido - Paulo Freire
 
Sócrates e os sofistas - apresentação de slides
Sócrates e os sofistas - apresentação de slidesSócrates e os sofistas - apresentação de slides
Sócrates e os sofistas - apresentação de slides
 
APOSTILA DE TEXTOS CURTOS E INTERPRETAÇÃO.pdf
APOSTILA DE TEXTOS CURTOS E INTERPRETAÇÃO.pdfAPOSTILA DE TEXTOS CURTOS E INTERPRETAÇÃO.pdf
APOSTILA DE TEXTOS CURTOS E INTERPRETAÇÃO.pdf
 
“A classe operária vai ao paraíso os modos de produzir e trabalhar ao longo ...
“A classe operária vai ao paraíso  os modos de produzir e trabalhar ao longo ...“A classe operária vai ao paraíso  os modos de produzir e trabalhar ao longo ...
“A classe operária vai ao paraíso os modos de produzir e trabalhar ao longo ...
 
Sinais de pontuação
Sinais de pontuaçãoSinais de pontuação
Sinais de pontuação
 
Fernão Lopes. pptx
Fernão Lopes.                       pptxFernão Lopes.                       pptx
Fernão Lopes. pptx
 
Caderno de Resumos XVIII ENPFil UFU, IX EPGFil UFU E VII EPFEM.pdf
Caderno de Resumos XVIII ENPFil UFU, IX EPGFil UFU E VII EPFEM.pdfCaderno de Resumos XVIII ENPFil UFU, IX EPGFil UFU E VII EPFEM.pdf
Caderno de Resumos XVIII ENPFil UFU, IX EPGFil UFU E VII EPFEM.pdf
 
Caça-palavras - ortografia S, SS, X, C e Z
Caça-palavras - ortografia  S, SS, X, C e ZCaça-palavras - ortografia  S, SS, X, C e Z
Caça-palavras - ortografia S, SS, X, C e Z
 
Leonardo da Vinci .pptx
Leonardo da Vinci                  .pptxLeonardo da Vinci                  .pptx
Leonardo da Vinci .pptx
 
347018542-PAULINA-CHIZIANE-Balada-de-Amor-ao-Vento-pdf.pdf
347018542-PAULINA-CHIZIANE-Balada-de-Amor-ao-Vento-pdf.pdf347018542-PAULINA-CHIZIANE-Balada-de-Amor-ao-Vento-pdf.pdf
347018542-PAULINA-CHIZIANE-Balada-de-Amor-ao-Vento-pdf.pdf
 
Vogais Ilustrados para alfabetização infantil
Vogais Ilustrados para alfabetização infantilVogais Ilustrados para alfabetização infantil
Vogais Ilustrados para alfabetização infantil
 
05-os-pre-socraticos sociologia-28-slides.pptx
05-os-pre-socraticos sociologia-28-slides.pptx05-os-pre-socraticos sociologia-28-slides.pptx
05-os-pre-socraticos sociologia-28-slides.pptx
 
CADERNO DE CONCEITOS E ORIENTAÇÕES DO CENSO ESCOLAR 2024.pdf
CADERNO DE CONCEITOS E ORIENTAÇÕES DO CENSO ESCOLAR 2024.pdfCADERNO DE CONCEITOS E ORIENTAÇÕES DO CENSO ESCOLAR 2024.pdf
CADERNO DE CONCEITOS E ORIENTAÇÕES DO CENSO ESCOLAR 2024.pdf
 
O sentimento nacional brasiliero, segundo o historiador Jose Murlo de Carvalho
O sentimento nacional brasiliero, segundo o historiador Jose Murlo de CarvalhoO sentimento nacional brasiliero, segundo o historiador Jose Murlo de Carvalho
O sentimento nacional brasiliero, segundo o historiador Jose Murlo de Carvalho
 
Famílias Que Contribuíram Para O Crescimento Do Assaré
Famílias Que Contribuíram Para O Crescimento Do AssaréFamílias Que Contribuíram Para O Crescimento Do Assaré
Famílias Que Contribuíram Para O Crescimento Do Assaré
 
iNTRODUÇÃO À Plantas terrestres e Plantas aquáticas. (1).pdf
iNTRODUÇÃO À Plantas terrestres e Plantas aquáticas. (1).pdfiNTRODUÇÃO À Plantas terrestres e Plantas aquáticas. (1).pdf
iNTRODUÇÃO À Plantas terrestres e Plantas aquáticas. (1).pdf
 
UFCD_10949_Lojas e-commerce no-code_índice.pdf
UFCD_10949_Lojas e-commerce no-code_índice.pdfUFCD_10949_Lojas e-commerce no-code_índice.pdf
UFCD_10949_Lojas e-commerce no-code_índice.pdf
 
Folheto | Centro de Informação Europeia Jacques Delors (junho/2024)
Folheto | Centro de Informação Europeia Jacques Delors (junho/2024)Folheto | Centro de Informação Europeia Jacques Delors (junho/2024)
Folheto | Centro de Informação Europeia Jacques Delors (junho/2024)
 
Slides Lição 11, CPAD, A Realidade Bíblica do Inferno, 2Tr24.pptx
Slides Lição 11, CPAD, A Realidade Bíblica do Inferno, 2Tr24.pptxSlides Lição 11, CPAD, A Realidade Bíblica do Inferno, 2Tr24.pptx
Slides Lição 11, CPAD, A Realidade Bíblica do Inferno, 2Tr24.pptx
 

Parque dos Poetas, Oeiras

  • 1. Parque dos Poetas em Oeiras
  • 2. O Parque dos Poetas, em Oeiras, presta uma justa e bonita homenagem aos poetas portugueses. Nesta primeira fase, estão ali expostas 20 esculturas de poetas do Séc. XX: Teixeira de Pascoaes, Florbela Espanca, José Gomes Ferreira, Miguel Torga, Sophia de Mello Breyner, Natália Correia, Eugénio de Andrade, Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro, Alexandre O`Neill, Camilo Pessanha, José Régio, Vitorino Nemésio, Jorge de Sena, Carlos Oliveira, Manuel Alegre, David Mourão Ferreira, António Gedeão, Ruy Belo e António Ramos Rosa.
  • 3.  
  • 4. Digam que foi mentira Digam que foi mentira, que não sou (ninguém, que atravesso apenas ruas da cidade (abandonada fechada como boca onde não encontro (nada: não encontro respostas para tudo o que (pergunto nem na verdade pergunto coisas por aí além Eu não vivi ali em tempo algum. Ruy Belo (1933-1978)
  • 5. A uma oliveira Muito antes de Os Lusíadas diz-se que (já aqui estavas. Pré-camoniana, sazão a sazão, foste varejada séculos a fio. O pinho viajou. tu ficaste. Ao som bárbaro de um rádio de pilhas, desdobram toalhas na tua sombra rala. Alexandre O'Neill (1924-1986)
  • 6. Um gesto Um gesto sem paisagem sem horizonte ou casa sem o outro não chega a ser um gesto será talvez um esgar um grito que sufoca tal como um rio se perde sem as suas margens. António Ramos Rosa (1924-
  • 7. Poema XI do livro Guardador de Rebanhos, de Alberto Caeiro Aquela senhora tem um piano Que é agradável mas não é o (correr dos rios Nem o murmúrio que as árvores fazem… Para que é preciso ter um piano? O melhor é ter ouvidos E amar a Natureza. Fernando Pessoa (1888-1935)
  • 8. Descida aos infernos 1 Desço Pelo cascalho interno da terra, Onde o esqueleto da vida Se petrifica protestando. Como um rio ao contrário, de águas povoadas Por alucinações mortas boiando levadas Para a alma da terra, Procuro os úberes do fogo. … Carlos Oliveira (1921-1981)
  • 9. Este é o tempo Este é o tempo Da selva mais obscura Até o ar azul se tornou grades E a luz do sol se tornou impura Esta é a noite Densa de chacais Pesada de amargura Este é o tempo em que os homens renunciam. Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004)
  • 10. Não hei-de morrer sem saber qual a cor da liberdade Qual a cor da liberdade? É verde, verde e vermelha. Quase, quase cinquenta anos reinaram neste país, e conta de tantos danos, de tantos crimes e enganos, chegava até à raiz. … Saem tanques para a rua, sai o povo logo atrás: estala enfim, altiva e nua, com força que não recua, a verdade mais veraz. Qual a cor da liberdade? É verde, verde e vermelha. Jorge de Sena (1919-1978)
  • 11. Quase Um pouco mais de sol – eu era brasa, Um pouco mais de azul – eu era além. Para atingir, faltou-me um golpe de asa… Se ao menos eu permanecesse aquém… … Num ímpeto difuso de quebranto, Tudo encetei e nada possuí… Hoje, de mim, só resta o desencanto Das coisas que beijei mas não vivi… Um pouco mais de sol — e fora brasa, Um pouco mais de azul — e fora além. Para atingir faltou-me um golpe de asa… Se ao menos eu permanecesse aquém… Mário de Sá-Carneiro (1890-1910)
  • 12. Elegia do Amor Lembras-te, meu amor, Das tardes outonais, Em que íamos os dois, Sozinhos, passear, Para fora do povo Alegre e dos casais, Onde só Deus pudesse Ouvir-nos conversar? Tu levavas, na mão, Um lírio enamorado, E davas-me o teu braço; … E a lua, para nós, Os braços estendeu. Uniu-nos num abraço, Espiritual, profundo; E levou-nos assim, Com ela, até ao céu... Mas, ai, tu não voltaste E eu regressei ao mundo. (...) Teixeira de Pascoaes (1877-1952)
  • 13. Ser poeta Ser poeta é ser mais alto, é ser maior Do que os homens! Morder como quem beija! É ser mendigo e dar como quem seja Rei do Reino de Áquem e de Além Dor! É ter de mil desejos o esplendor E não saber sequer que se deseja! É ter cá dentro um astro que flameja, É ter garras e asas de condor! É ter fome, é ter sede de Infinito! Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim... É condensar o mundo num só grito! E é amar-te, assim, perdidamente... É seres alma, e sangue, e vida em mim E dizê-lo cantando a toda a gente! Florbela Espanca (1894-1930)
  • 14. Vai-te, Poesia! Deixa-me ver a vida exacta e intolerável neste planeta feito de carne humana (a chorar onde um anjo me arrasta todas as noites (para casa pelos cabelos com bandeiras de lume nos olhos, para fabricar sonhos carregados de dinamite de lágrimas. Vai-te, Poesia! Não quero cantar. Quero gritar! José Gomes Ferreira (1900-1985)
  • 15. Nomeio o Mundo    Com medo de o perder nomeio o mundo, Seus quantos e qualidades, seus objectos, E assim durmo sonoro no profundo Poço de astros anónimos e quietos.   Nomeei as coisas e fiquei contente: Prendi a frase ao texto do universo. Quem escuta ao meu peito ainda lá sente, Em cada pausa e pulsação, um verso. Vitorino Nemésio (1901-1978)
  • 16. Interrogação Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar, Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo; E apesar disso, crê! nunca pensei num lar Onde fosses feliz, e eu feliz contigo. Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito. E nunca te escrevi nenhuns versos românticos. Nem depois de acordar te procurei no leito Como a esposa sensual do Cântico dos Cânticos. … Eu não sei se é amor. Será talvez começo... Eu não sei que mudança a minha alma pressente... Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço, Que adoecia talvez de te saber doente. Camilo Pessanha (1867-1926)
  • 17. Cântico Negro “ Vem por aqui" - dizem-me alguns com os (olhos doces Estendendo-me os braços, e seguros De que seria bom que eu os ouvisse Quando me dizem: "vem por aqui!" Eu olho-os com olhos lassos, (Há, nos meus olhos, ironias e cansaços) E cruzo os braços, E nunca vou por ali... … Ah, que ninguém me dê piedosas intenções! Ninguém me peça definições! Ninguém me diga: "vem por aqui"! A minha vida é um vendaval que se soltou. É uma onda que se alevantou. É um átomo a mais que se animou... Não sei por onde vou, Não sei para onde vou - Sei que não vou por aí! José Régio (1901-1969)
  • 18. O Retrato O meu perfil é duro como o perfil do mundo. Quem adivinha nele a graça da poesia? Pedra talhada a pico e sofrimento, É um muro hostil à volta do pomar. Lá dentro há frutos, há frescura, há quanto Faz um poema doce e desejado: Mas quem passa na rua Nem sequer sonha que do outro lado A paisagem da vida continua. Miguel Torga (1907-1995)
  • 19. URGENTEMENTE É urgente o amor. É urgente um barco no mar. É urgente destruir certas palavras, Ódio, solidão e crueldade, Alguns lamentos, Muitas espadas. É urgente inventar a alegria, Multiplicar as searas, É urgente descobrir rosas e rios E manhãs claras. Cai o silêncio nos ombros e a luz Impura, até doer. É urgente o amor, é urgente Permanecer. Eugénio de Andrade (1923-2005)
  • 20. A Defesa do Poeta Senhores jurados sou um poeta um multipétalo uivo um defeito e ando com uma camisa de vento ao contrário do esqueleto … Senhores juízes que não molhais a pena na tinta da natureza não apedrejeis meu pássaro sem que ele cante minha defesa Sou uma impudência a mesa posta de um verso onde o possa escrever ó subalimentados do sonho ! a poesia é para comer. Natália Correia (1923-1993)
  • 21. Trova do Vento que Passa Pergunto ao vento que passa notícias do meu país e o vento cala a desgraça o vento nada me diz. Mas há sempre uma candeia dentro da própria desgraça há sempre alguém que semeia canções no vento que passa. Mesmo na noite mais triste em tempo de servidão há sempre alguém que resiste há sempre alguém que diz não. Manuel Alegre (1936-
  • 22. Abandono Por teu livre pensamento Foram-te longe encerrar Tão longe que o meu lamento Não te consegue alcançar E apenas ouves o vento E apenas ouves o mar Levaram-te a meio da noite A treva tudo cobria Foi de noite numa noite De todas a mais sombria Foi de noite, foi de noite E nunca mais se fez dia. Ai! Dessa noite o veneno Persiste em me envenenar Oiço apenas o silêncio Que ficou em teu lugar E ao menos ouves o vento E ao menos ouves o mar. David Mourão-Ferreira (1927-1996)
  • 23. Poema da Malta das Naus Lancei ao mar um madeiro, espetei-lhe um pau e um lençol. Com palpite marinheiro medi a altura do sol.   Deu-me o vento de feição, levou-me ao cabo do mundo. Pelote de vagabundo, rebotalho de gibão. … O meu sabor é diferente. Provo-me e saibo-me a sal. Não se nasce impunemente nas praias de Portugal. António Gedeão (1906-1997)
  • 24. Título: Parque dos Poetas em Oeiras Formatação: [email_address] Música: Ernesto Cortazar, a chasing of the winds Ano: 2011
  • 25. F I M