1. Descoberta cobra-de-duas-cabeças no Vale do Catimbau
Considerado o segundo maior parque arqueológico do Brasil, o Vale do
Catimbau (Buíque-PE) vem se tornando berço de descobertas de espécies de anfíbios e
répteis. A mais recente delas, a Amphisbaena supernumeraria, um tipo da popularmente
conhecida cobra-de-duas-cabeças, foi descoberta na Fazenda Porto Seguro, localidade
conhecida como Meu Rei, em Buíque, por pesquisadores das Universidades Federal
Rural de Pernambuco – Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UAST/UFRPE), de São
Paulo (USP) e Federal do Mato Grosso (UFMG).
Há dois anos, a equipe realiza projeto Anfíbios e répteis do bioma Caatinga:
indicadores de conservação para o Sertão de Pernambuco, sob a orientação da
professora Edinilza Maranhão, bióloga da UFRPE, com a finalidade de explorar o
potencial da região.
Estudos realizados até o momento para a descoberta dos hábitos e da origem da
nova espécie revelam que o animal vive enterrado no solo, onde passa grande parte da
sua vida, alimentando-se possivelmente de vermes e insetos. A espécie é pequena –
cerca de 20cm –, delgada e apresenta, perto da cloaca, quatro poros precloacais. O
número elevado de anéis corpóreos, a presença de anéis corpóreos na parte anterior do
corpo em formato “V” e a fusão das escamas frontais são as principais características
desse animal.
Para a orientadora da pesquisa, a professora da UFRPE Ednilza Maranhão, a
descoberta significa mais uma conquista para o universo acadêmico e um alerta para a
valorização merecida da área de pesquisa científica no País. “Sabemos muito pouco
sobre o que existe de anfíbios e répteis em Pernambuco e no Brasil. É necessário mais
incentivo aos pesquisadores e alunos para que eles possam desvendar a nossa
biodiversidade, pois, conhecendo o nosso potencial biológico, podemos definir
estratégias de conservação e o melhor uso sustentável dos nossos recursos naturais”,
informa Ednilza.
Para o Parque Nacional do Catimbau, a descoberta da espécie destaca ainda mais
a importância da reserva como área prioritária para conservação, principalmente da
herpetofauna (anfíbios e répteis) no Semi-árido nordestino. Considerada também região
de riqueza biológica por possuir registros de pinturas rupestres e vestígios da ocupação
pré-histórica, com a continuação das pesquisas, possivelmente serão descobertas novas
espécies a reafirmar a necessidade de preservação do Vale como verdadeiro local de
origens.
Exploração da reserva – A parceria entre a UFRPE e as Universidades do Mato
Grosso e de São Paulo (UFMG/USP) teve inicio quando, em 2008, foi descoberto pela
equipe um lagarto, de cinco centímetros, conhecido como Escrivão na região de Buíque.
Vivendo nas areias do Parque do Catimbau, o réptil não desenvolveu patas,
provavelmente para melhor locomoção.
Mais informações pelo fone: (87) 3831.1927.