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Olá, educador!
Quantos alunos você tem em cada uma de suas turmas? Segundo o Ministério da
Educação, a média por sala no Ensino Médio em 2010 era de 32,9 alunos na rede
pública – e sabemos que boa parte tem muito mais do que isso.
Com o tempo, o professor pode entender melhor cada aluno, conhecer os pontos fortes e
fracos. O problema é que pouco se consegue fazer além disso quando ele fica na frente
de uma sala numerosa.
A grande questão é que as pessoas não aprendem da mesma maneira nem no mesmo
ritmo. Alguns só conseguem aprender respondendo a exercícios ou assistindo a vídeos.
E podem existir, na mesma sala, alunos que não têm base para certos conteúdos e outros
que se sentem desestimulados por estarem em um estado mais avançado do que o resto
da turma.
Estamos tão acostumados com a necessidade de o aluno se adaptar ao conteúdo que não
consideramos a possibilidade (e a necessidade) de o conteúdo se adaptar ao modo com
que cada um aprende melhor. E as razões para isso são históricas. Se até o século 19
trabalhava-se em pequenos grupos heterogêneos e de uma maneira artesanal, com as
duas Revoluções Industriais as pessoas passaram a ser organizadas em grandes grupos
que exerciam as mesmas tarefas ao longo do dia dentro de fábricas. O mesmo aconteceu
nas escolas: tendo que atender a uma grande demanda de força de trabalho, os alunos
foram divididos por idade em grupos maiores para receber uma formação padronizada.
Acontece que o mundo passou por outra mudança drástica com a evolução da
tecnologia. A economia e o mercado de trabalho têm agora outra dinâmica: as equipes
passaram a ser menores e interdisciplinares, usam ferramentas digitais avançadas,
trabalham com problemas complexos, executam tarefas variadas e, muitas vezes, não
contam com supervisão próxima. No entanto, a Educação não acompanhou essa
mudança e permanece em sua versão 2.0, desconectada do mercado de trabalho e,
principalmente, da realidade dos alunos.
É urgente colocar os estudantes no centro do processo de aprendizagem, tendo os
conhecimentos e as necessidades reconhecidos e respeitados, de maneira que encontrem
sentido para aquilo que aprendem. Como tornar isso possível? Apesar de não ser fácil
escapar do modelo tradicional, há muitas iniciativas bem-sucedidas no Brasil e no
mundo. Veja abaixo três delas.
Escola personalizada
Inspirado na portuguesa Escola Ponte e localizada em Cotia, na região metropolitana de
São Paulo, o Projeto Âncora tem uma proposta diferente da tradicional, sem divisão por
séries ou por disciplinas. Cada aluno segue um roteiro de estudo individual, que é
definido por ele em conjunto com seu tutor e aborda conteúdos de várias disciplinas. No
fim, eles têm de desenvolver um projeto relacionado ao assunto de interesse. Os
estudantes ajudam a definir as normas da escola, as ferramentas pedagógicas e a forma
como organizam o espaço. A escola atende gratuitamente cerca de 200 alunos de baixa
renda dos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental.
Para garantir que os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) sejam respeitados, uma
lista com todos os conteúdos que as crianças precisam dominar ao longo dos anos fica
afixada na parede dos salões da escola – não existem salas de aula convencionais. As
avaliações são diárias: os tutores estão sempre atualizando o domínio dos conteúdos
demonstrado no desenrolar dos projetos e o desenvolvimento de habilidades
socioemocionais.
Plataforma de ensino adaptativo
Se parece ser muito difícil personalizar o ensino em turmas com muitos alunos, a
tecnologia permite dar escala a esses processos, fornecendo de forma ágil dados sobre
as necessidades de cada um e, muitas vezes, já criando automaticamente planos de
estudos exclusivos.
É isso o que faz a plataforma da Geekie: através de tecnologias inovadoras, ela
customiza o processo de ensino-aprendizagem. Por meio de testes de múltipla escolha, o
software aponta aqueles conteúdos que o aluno não absorveu de maneira adequada e
sugere tópicos que devem ser priorizados nos estudos. Além disso, quanto maior o
volume de dados coletados, mais os professores e alunos podem compreender as
variáveis que fazem o estudante aprender melhor, como horário, tipo de conteúdo,
abordagem etc.
Uma grande vantagem disso é o fato de que o professor deixa de ser o transmissor do
conhecimento e ganha um papel muito mais nobre: ele se torna um tutor, podendo
sentar com cada aluno, entender e trabalhar melhor suas dificuldades. A tecnologia
nunca vai substituir a sensibilidade e cumplicidade de um educador – pelo contrário, seu
objetivo é dar a ele mais autonomia para exercer essas qualidades.
Tecnologia e transtornos de aprendizagem
O Ensinando o Cérebro (EnsCer) é um software criado por pesquisadores de Sergipe
que usa conhecimentos da neurociência para auxiliar o aprendizado de Português e
Matemática entre alunos do Ensino Fundamental com transtornos de aprendizagem. Ele
foi desenvolvido a partir da leitura dos mapas cerebrais de estudantes que tinham déficit
de atenção ou dislexia.
Com a ajuda de modelos matemáticos, os pesquisadores conseguiram analisar as
dificuldades específicas dos estudantes enquanto eles respondiam uma série de questões
sobre as duas disciplinas. O resultado foi a criação de roteiros dos assuntos que levavam
mais tempo para serem compreendidos e a indicação personalizada de exercícios e
atividades complementares que deveriam ser trabalhados pelos professores com os
alunos no contraturno. O primeiro piloto do projeto foi realizado com alunos de Santa
Luzia do Itanhy, a 86 km de Aracaju. Cerca de 30% dos participantes apresentaram
algum nível de transtorno de aprendizagem e foram monitorados durante todo o ano
letivo de 2010. Os resultados foram animadores: eles tiveram melhora de desempenho
de 16% em português e 12% em matemática, além de apresentarem melhor
comportamento em classe e maior autoestima. Agora, o plano é desenvolver uma nova
versão do Software, que será chamada de Synapse, para auxiliar todos os alunos do
ensino fundamental, com transtornos de aprendizagem ou não, no processo de
alfabetização. Após o mapeamento das dificuldades dos alunos, o programa vai sugerir
materiais didáticos adequados a serem trabalhados em cada sala de aula – e não mais no
contraturno. Saiba mais sobre o projeto nesta reportagem do Porvir.
Enfim, o século 21 veio com muitas mudanças no trabalho, no ambiente familiar e até
mesmo nas relações pessoais. Já passou da hora de a Educação se modernizar também e
se adequar às necessidades dos maiores interessados: os alunos.
Você conhece outras histórias que envolvem o ensino personalizado? Compartilhe
conosco.
Um abraço,
Claudio Sassaki

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  • 1. Olá, educador! Quantos alunos você tem em cada uma de suas turmas? Segundo o Ministério da Educação, a média por sala no Ensino Médio em 2010 era de 32,9 alunos na rede pública – e sabemos que boa parte tem muito mais do que isso. Com o tempo, o professor pode entender melhor cada aluno, conhecer os pontos fortes e fracos. O problema é que pouco se consegue fazer além disso quando ele fica na frente de uma sala numerosa. A grande questão é que as pessoas não aprendem da mesma maneira nem no mesmo ritmo. Alguns só conseguem aprender respondendo a exercícios ou assistindo a vídeos. E podem existir, na mesma sala, alunos que não têm base para certos conteúdos e outros que se sentem desestimulados por estarem em um estado mais avançado do que o resto da turma. Estamos tão acostumados com a necessidade de o aluno se adaptar ao conteúdo que não consideramos a possibilidade (e a necessidade) de o conteúdo se adaptar ao modo com que cada um aprende melhor. E as razões para isso são históricas. Se até o século 19 trabalhava-se em pequenos grupos heterogêneos e de uma maneira artesanal, com as duas Revoluções Industriais as pessoas passaram a ser organizadas em grandes grupos que exerciam as mesmas tarefas ao longo do dia dentro de fábricas. O mesmo aconteceu nas escolas: tendo que atender a uma grande demanda de força de trabalho, os alunos foram divididos por idade em grupos maiores para receber uma formação padronizada. Acontece que o mundo passou por outra mudança drástica com a evolução da tecnologia. A economia e o mercado de trabalho têm agora outra dinâmica: as equipes passaram a ser menores e interdisciplinares, usam ferramentas digitais avançadas, trabalham com problemas complexos, executam tarefas variadas e, muitas vezes, não contam com supervisão próxima. No entanto, a Educação não acompanhou essa mudança e permanece em sua versão 2.0, desconectada do mercado de trabalho e, principalmente, da realidade dos alunos. É urgente colocar os estudantes no centro do processo de aprendizagem, tendo os conhecimentos e as necessidades reconhecidos e respeitados, de maneira que encontrem sentido para aquilo que aprendem. Como tornar isso possível? Apesar de não ser fácil escapar do modelo tradicional, há muitas iniciativas bem-sucedidas no Brasil e no mundo. Veja abaixo três delas. Escola personalizada Inspirado na portuguesa Escola Ponte e localizada em Cotia, na região metropolitana de São Paulo, o Projeto Âncora tem uma proposta diferente da tradicional, sem divisão por séries ou por disciplinas. Cada aluno segue um roteiro de estudo individual, que é definido por ele em conjunto com seu tutor e aborda conteúdos de várias disciplinas. No fim, eles têm de desenvolver um projeto relacionado ao assunto de interesse. Os estudantes ajudam a definir as normas da escola, as ferramentas pedagógicas e a forma como organizam o espaço. A escola atende gratuitamente cerca de 200 alunos de baixa renda dos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental. Para garantir que os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) sejam respeitados, uma lista com todos os conteúdos que as crianças precisam dominar ao longo dos anos fica afixada na parede dos salões da escola – não existem salas de aula convencionais. As
  • 2. avaliações são diárias: os tutores estão sempre atualizando o domínio dos conteúdos demonstrado no desenrolar dos projetos e o desenvolvimento de habilidades socioemocionais. Plataforma de ensino adaptativo Se parece ser muito difícil personalizar o ensino em turmas com muitos alunos, a tecnologia permite dar escala a esses processos, fornecendo de forma ágil dados sobre as necessidades de cada um e, muitas vezes, já criando automaticamente planos de estudos exclusivos. É isso o que faz a plataforma da Geekie: através de tecnologias inovadoras, ela customiza o processo de ensino-aprendizagem. Por meio de testes de múltipla escolha, o software aponta aqueles conteúdos que o aluno não absorveu de maneira adequada e sugere tópicos que devem ser priorizados nos estudos. Além disso, quanto maior o volume de dados coletados, mais os professores e alunos podem compreender as variáveis que fazem o estudante aprender melhor, como horário, tipo de conteúdo, abordagem etc. Uma grande vantagem disso é o fato de que o professor deixa de ser o transmissor do conhecimento e ganha um papel muito mais nobre: ele se torna um tutor, podendo sentar com cada aluno, entender e trabalhar melhor suas dificuldades. A tecnologia nunca vai substituir a sensibilidade e cumplicidade de um educador – pelo contrário, seu objetivo é dar a ele mais autonomia para exercer essas qualidades. Tecnologia e transtornos de aprendizagem O Ensinando o Cérebro (EnsCer) é um software criado por pesquisadores de Sergipe que usa conhecimentos da neurociência para auxiliar o aprendizado de Português e Matemática entre alunos do Ensino Fundamental com transtornos de aprendizagem. Ele foi desenvolvido a partir da leitura dos mapas cerebrais de estudantes que tinham déficit de atenção ou dislexia. Com a ajuda de modelos matemáticos, os pesquisadores conseguiram analisar as dificuldades específicas dos estudantes enquanto eles respondiam uma série de questões sobre as duas disciplinas. O resultado foi a criação de roteiros dos assuntos que levavam mais tempo para serem compreendidos e a indicação personalizada de exercícios e atividades complementares que deveriam ser trabalhados pelos professores com os alunos no contraturno. O primeiro piloto do projeto foi realizado com alunos de Santa Luzia do Itanhy, a 86 km de Aracaju. Cerca de 30% dos participantes apresentaram algum nível de transtorno de aprendizagem e foram monitorados durante todo o ano letivo de 2010. Os resultados foram animadores: eles tiveram melhora de desempenho de 16% em português e 12% em matemática, além de apresentarem melhor comportamento em classe e maior autoestima. Agora, o plano é desenvolver uma nova versão do Software, que será chamada de Synapse, para auxiliar todos os alunos do ensino fundamental, com transtornos de aprendizagem ou não, no processo de alfabetização. Após o mapeamento das dificuldades dos alunos, o programa vai sugerir materiais didáticos adequados a serem trabalhados em cada sala de aula – e não mais no contraturno. Saiba mais sobre o projeto nesta reportagem do Porvir. Enfim, o século 21 veio com muitas mudanças no trabalho, no ambiente familiar e até mesmo nas relações pessoais. Já passou da hora de a Educação se modernizar também e se adequar às necessidades dos maiores interessados: os alunos.
  • 3. Você conhece outras histórias que envolvem o ensino personalizado? Compartilhe conosco. Um abraço, Claudio Sassaki