O poema descreve o tempo como um rio amarelado e poeirento que conta piadas a um velho paciente, ora cochilando, ora disparando, ora dolorido. O tempo é como um livro sem revisores cujas páginas retratam momentos e cujos fios sustentam velhas tramas, resultando em nossas dores. O tempo é também como um rei contínuo e absoluto que não para para o riso ou luto, estando aquém do berço e além da cova.
16. O tempo
O tempo é livro amarelado e poeirento
A contar piadas a um velho paciente
Aqui cochila, além dispara, ali dolente
E cada página é retrato de um momento
Se o tempo é livro não passou por revisores
Já que não volta para desfazer seus dramas
São seus fios que sustentam velhas tramas
Que bem urdidas resultam em nossas dores
O tempo é como um rio sem memórias
Que tange a vida, afoga histórias
E se refaz a cada curva nova
É como um rei, contínuo e absoluto
Não se detém para o riso ou para o luto
Pois está aquém da vida e além da cova.