O livro branco descreve um país onde as pessoas liam um livro sem palavras para expressar seus problemas e sentimentos. Ao fazê-lo, sentiam-se melhor. Um viajante descobriu este livro e levou a ideia para seu país, onde escritores começaram a escrever livros para ajudar as pessoas. Agora há livros de todas as cores que ajudam milhões de pessoas.

1. O livro branco
de Constantino Mendes Alves

2. Era uma vez…há muito tempo, num país muito especial,
onde se dizia que todos os sonhos se realizavam,
não havia rei, nem presidente, as pessoas eram corteses
e muito educadas.

3. Ainda não sabiam como se produzia uma boneca, como se
fabricava um automóvel, como se construía uma ponte
metálica, ou como se confecionava um gelado.
Mas as pessoas eram muito felizes.

4. E não havia livros, quer dizer, havia apenas um livro, um livro
muito especial, um livro em branco. Não tinha titulo, não tinha
autor, não tinha ilustrador e não tinha qualquer palavra. Tinha
mil páginas sem uma única palavra, com todas as páginas em
branco.
Para que podia servir tal livro?
Um livro que não se podia ler.

5. O livro era muito popular naquele lugar, todos o conheciam e
requisitavam regularmente.
Quem viesse de outro lugar acharia isto tudo muito estranho,
pois as pessoas depois de lerem o livro branco ficavam
diferentes, se estavam sisudas, depois de o lerem ficavam
alegres, quando estavam desesperados ficavam com esperança
e vontade de viver, quando tinham dúvidas encontravam o
caminho da melhor certeza, que é a certeza com dúvidas.
O que se passaria? Que poderes tinha aquele livro?

6. Chegou um dia a esse país um viajante, (um rei perdido,
desfadado e desesperado?) andava pelo mundo à procura de
um antídoto para a sua infinita ignorância e infelicidade. Logo
ali na praça um ancião lhe aconselhou a ler o livro daquele
lugar, o livro branco.
- Como posso ler um livro em branco? Perguntou o viajante.

7. O ancião respondeu-lhe que o livro, para dizer a verdade, não
se lia. Quando abrisse o livro devia falar sobre a sua vida os
seus problemas em voz alta, página a página, demorasse o
tempo que quisesse.

8. E ele assim fez, falou dos problemas que o apoquentavam
desde a sua infância. Dizia ele por exemplo que era órfão, que
teve poucos amigos, tinha tomado decisões erradas, etc.

9. Quando chegou à milésima página, parou e fechou o livro.,
sentia-se diferente, talvez por ter falado tanto dos seus
problemas, de os pôr cá para fora. Ficou consciente do seu
estado, isso confortou-o. Respirou fundo, era um homem novo,
mais confiante e feliz.

10. O viajante ficou tão feliz que foi para o seu país e fez um livro
semelhante. Foi um sucesso, todos queriam ler o livro em
branco.

11. Os escritores, ansiosos por contarem estórias, e por não
conseguirem parar de escrever, acharam a ideia do livro muito
interessante, então começaram a escrever livros com sonhos,
preocupações, medos, problemas difíceis de resolver. Assim
todos podiam curar-se dos males do mundo, pois só os
escritores os conheciam bem.

12. E agora não há só o livro branco, mas livros de todas as cores,
de todas as palavras. Tem sido um fenómeno mundial, leem-se
livros aos milhares, às dezenas de milhar, às centenas de
milhar, aos milhões que já é um número muito grande.

13. E tu? Também queres ler esses livros que curam?

14. FIM
Imagens da internet
Texto e composição – Constantino Mendes Alves
constalves19@gmail.com 2017
(agradeço feedbeck, dê a sua opinião)
Esta edição não tem intuitos comerciais.