1. O Grito da Gaivota<br />Bom dia, hoje vamos falar sobre O Grito da Gaivota, uma biografia de Emmanuelle Laborit.<br />Emmanuelle Laborit nasceu no dia 18 de Outubro de 1971. É uma actriz francesa e directora do Teatro Visual Internacional. Recebeu o prémio Molière da revelação teatral, em 1993, pelo seu papel em Filhos de um deus menor, escrita por Mark Medoff, ela é a primeira comediante Surda a receber, em França, tal reconhecimento. Tornou-se ainda a embaixatriz da Língua Gestual Francesa.<br />O narrador é participante porque narra a história na primeira pessoa e não participa nela, subjectivo porque……… O obra passa-se em França durante a vida da escritora. As personagem principal é: Emmanuelle Laborit, e as secundárias são os pais de Emmanuelle.<br />Emmanuelle, cuja surdez só foi detectada aos 9 meses de idade, foi “obrigada” a seguir os métodos tradicionais de ensino e comunicação para os surdos, aprender a vocalizar e a ler lábios, até que um dia os pais descobrem a língua gestual.<br />A partir daí, a sua vida muda radicalmente, ela sente-se presa por ser obrigada a usar um modo de comunicação diferente e que nem todas as pessoas sabem, com o qual não consegue comunicar com os outros, porque a língua gestual francesa era proibida nessa altura e com a indiferença da parte dos “ouvintes” que querem que os surdos, (as únicas pessoas com uma diferença que não é visível), sejam como eles e não aceitem a diferença.<br />Devido a essa luta e atitude, consegue seguir o seu sonho de infância, o teatro e tornar-se numa actriz de sucesso, recebendo inclusive o prémio Moliére de revelação do ano, um dos mais importantes do teatro francês.<br />“Por vezes os meus pais explicam-me que vão sair. Mas compreenderia eu realmente o que significava aquela história de sair? Para mim eles desapareciam, abandonavam-me. Os meus pais saíam e voltavam. Mas iriam regressar? Quando? Eu não tinha a noção do quando. Não tinha palavras para o dizer, não tinha língua, não podia exprimir a minha angústia. Era horrível.”<br />“Um dia fui buscar-te, a professora estava a contar histórias às crianças para elas aprenderem a falar. Tu estavas a um canto, sozinha, sentada a uma mesa sem prestar a menor atenção, a desenhar. Não parecias lá muito feliz.”<br />“No meu próximo regresso à escola vou fazer sete anos e estou ao nível de um infantário. Mas a minha existência, o universo restrito no qual me movimento, a maior parte do tempo em silêncio, estão prestes a estoirar de uma só vez.”<br />“Pela primeira vez ensinam-me que se pode dar um nome às pessoas. (…) Percebi enfim que tinha identidade. (…) A Emmanuelle surda não sabia que era “eu” ou “mim”. Compreendeu-o com a língua gestual.”<br />quot;
Agora sei o que fazer. Faço como eles, uma vez que sou surda como eles. Vou estudar, trabalhar, viver, falar, pois eles fazem-no também! Vou ser feliz, pois eles também o são. Porque só vejo pessoas felizes à minha volta, pessoas com futuro. São adultos, têm um emprego; também eu um dia hei-de trabalhar. Tenho pois dons subitamente revelados, capacidades, possibilidades, esperança.” <br />Eu gostei muito deste livro porque este confronta-nos com uma realidade que em geral pouco conhecemos. Convida a partilhar as experiências, tantas vezes dolorosas, do dia-a-dia dos que vivem envoltos no silêncio e na incompreensão.<br />Esta obra chama-se O Grito da Gaivota porque gaivota em francês “mouette” confunde-se com muda “muette”. Foi a alcunha que a família pôs a Emmanuelle Laborit quando esta em pequena se esforçava por comunicar.<br />E “grito” porque no livro ela desabafa de tudo aquilo que viveu e dos problemas que teve de enfrentar devido à surdez, e representa o grito que ela sempre quis dar, mas nunca os conseguiu ouvir.<br />