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A NARRAÇÃO
A narração é um modo de
 organização de texto cujo conteúdo
está vinculado, em geral, às ações ou
  acontecimentos contados por um
 narrador. Para construir esse tipo
    de texto, é preciso explorar os
       elementos da narrativa:
ELEMENTOS DA NARRATIVA

•Enredo
• Personagens
• Espaço
• Tempo
• Narrador
O ENREDO
   É o conjunto de fatos ligados entre si que fundamentam
    a ação de um texto narrativo.
   O enredo pode ser organizado de diversas formas.
    Observe a seguir, a organização mais comum:
• situação inicial – personagens e espaço   são apresentados.
• estabelecimento de um conflito – surge uma situação a ser
resolvida, que quebra a estabilidade de personagens e
acontecimentos.
• desenvolvimento – busca de solução do conflito.
• clímax – ponto de maior tensão na narrativa.

• desfecho – solução do conflito.
O ESPAÇO
 Espaço é o lugar em que a narrativa ocorre.
A construção do espaço contribui
 para elaborar as personagens. Se
 o autor descreve uma personagem
 que mora na cidade, em uma casa
 grande e todo organizado, o leitor
 imagina certas características
 para essa personagem, diferentes
 das que suporia para alguém que
 sempre viveu num deserto, por
 exemplo.
O TEMPO
Tempo em uma narrativa pode ser definido como a
duração da ação. Pode ser cronológico ou
psicológico.
   No tempo cronológico os fatos são
    apresentados de acordo com a ordem
    dos acontecimentos.
   Já o tempo psicológico é a maneira
    pela qual a passagem do tempo é
    vivenciada. O tempo nesse caso não
    é uma seqüência temporal linear,
    pois é medido pelas emoções e não
    pelo relógio.
NARRADOR
   Tudo na narrativa depende do narrador, isto é, a voz
    que conta a história. O ponto principal de uma
    narrativa é o seu ponto de vista, ou seja, a
    perspectiva, o modo de contar e de organizar o que é
    contado. Desse modo, o narrador funciona como um
    mediador entre a história narrada e o leitor, ouvinte
    ou espectador.
   Basicamente, existem três tipos de ponto de vista, ou
    foco narrativo, determinado pelo tipo de narrador.
Tipos de narradores
1 - Narrador-personagem: é o que conta a história da
  qual é participante. Ele é narrador e personagem ao
  mesmo tempo, e conta a história em 1ª pessoa

 •Quando avistei-a sozinha na arquibancada da quadra, percebi que
 era a melhor oportunidade para definitivamente conhecê-la. Então
 pedi a meu melhor amigo Fabrício que me ajudasse com o plano
 que eu tinha bolado. Mas enquanto eu passava algumas
 coordenadas para Fabrício vi Marcos da 8ª série se aproximar e
 sentar ao lado dela. Será que eles estavam ficando? Mas logo o
 Marcos...
2 - Narrador-observador (neutro): é o que conta
     uma história como alguém que observa o que acontece.
     Transmite para o leitor apenas os fatos que consegue
     observar e conta a história em 3ª pessoa, como nesse
     trecho:

     Aos quatorze anos, Miguel Strogoff, que desde os onze
    acompanhava o pai nas freqüentes incursões pela estepe, matara
    seu primeiro urso. A vida na estepe dera-lhe uma força e
    resistência incomuns e o rapaz podia passar vinte e quatro horas
    sem comer e dez noites sem dormir, sem aparentar excessivo
    desgaste físico, conseguindo sobreviver onde outros em pouco
    tempo morreriam. Era capaz de guiar-se em plena noite polar, pois
    o pai lhe ensinara os segredos da orientação – valendo-se de sinais
    quase imperceptíveis na neve e nas árvores, no vento e no vôo dos
    pássaros. (Júlio Verne, Miguel Strogoff, p. 16
3 – Narrador intruso (onisciente): Não
    participa da história, mas faz várias intervenções
    com comentários e opiniões acerca das ações das
     personagens. O foco narrativo é em 3ª pessoa.
“F lávia logo percebeu que as outras moradoras do prédio,
mães dos amiguinhos do seu filho, Paulinho, seis anos, olhavam-
na com um ar de superioridade. Não era para menos. Afinal o
garoto até aquela idade — imaginem — se limitava a brincar e ir
à escola.”

“Se tinha medo, então era para a natação mesmo que ele iria
entrar. Os medos devem ser eliminados na infância. Paulinho
ainda quis argumentar. Sugeriu alpinismo. Foi a vez de os pais
tremerem. Mas o medo dos pais é outra história. Paulinho
entrou para a natação.”

                            (Carlos Eduardo Novaes. A cadeira do dentista e
                              outras crônicas. São Paulo: Ática, 1994. p. 15-7.
A PERSONAGEM
   É um ser criado para um texto narrativo. Pode simular as
    características de uma pessoa, pode ser um animal,
    sentimento ou objeto personificado.
   Numa narrativa, pode haver personagens principais, que
    ocupam o primeiro lugar num acontecimento, e
    personagens secundários.
   Ao criar personagens devem-se desenvolver características
    físicas e psicológicas para elas. É preciso mostrar ao leitor
    como se parecem ou vestem, andam, falam, pensam,
    sentem. Alguns gêneros permitem descrições mais
    trabalhadas. Quando isso não é possível, descrever o
    espaço e uma característica da personagem já dá uma boa
    idéia de como ela é.
Bezerro sem mãe
                                        Rachel de Queiroz
       Foi numa fazenda de gado, no tempo do ano me que as             apresentação
vacas dão cria. Cada vaca toda satisfeita com o seu bezerro. Mas
                                                                      complicação: quebra da
dois deles andavam tristes de dar pena: uma vaca que tinha            situação inicial e
perdido o seu bezerro e um bezerro que ficou sem mãe.                 estabelecimento de um
                                                                      conflito
       A vaquinha até parecia estar chorando, com os peitos
cheios de leite, sem filho para mamar. E o bezerro sem mãe gemia,
morrendo de fome e abandonado.
       Não adiantava juntar os dois, porque a vaca não aceitava.
Ela sentia pelo cheiro que o bezerrinho órfão não era filho dela, e
o empurrava para longe.
       Aí o vaqueiro se lembrou do couro do bezerro morto, que                   enredo
estava secado ao sol. Enrolou naquele couro o bezerrinho sem mãe       desenvolvimento

e levou o bichinho disfarçado para junto da vaca sem filho.
       Ora, foi uma beleza! a vaca deu uma lambida no couro,
sentiu o cheiro do filho e deixou que o outro mamasse à vontade.
E por três dias foi aquela mascarada. Mas no quarto dia, a vaca, de
repente, meteu o focinho no couro e puxou fora o disfarce.             clímax

Lambeu o bezerrinho direto, como se dissesse: “Agora você já está
adotado.”
     E ficaram os dois no maior amor, como filho e mãe de             desfecho
verdade.
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Os elementos da narrativa

  • 2. A narração é um modo de organização de texto cujo conteúdo está vinculado, em geral, às ações ou acontecimentos contados por um narrador. Para construir esse tipo de texto, é preciso explorar os elementos da narrativa:
  • 3. ELEMENTOS DA NARRATIVA •Enredo • Personagens • Espaço • Tempo • Narrador
  • 4. O ENREDO  É o conjunto de fatos ligados entre si que fundamentam a ação de um texto narrativo.  O enredo pode ser organizado de diversas formas. Observe a seguir, a organização mais comum: • situação inicial – personagens e espaço são apresentados. • estabelecimento de um conflito – surge uma situação a ser resolvida, que quebra a estabilidade de personagens e acontecimentos. • desenvolvimento – busca de solução do conflito. • clímax – ponto de maior tensão na narrativa. • desfecho – solução do conflito.
  • 5. O ESPAÇO Espaço é o lugar em que a narrativa ocorre. A construção do espaço contribui para elaborar as personagens. Se o autor descreve uma personagem que mora na cidade, em uma casa grande e todo organizado, o leitor imagina certas características para essa personagem, diferentes das que suporia para alguém que sempre viveu num deserto, por exemplo.
  • 6. O TEMPO Tempo em uma narrativa pode ser definido como a duração da ação. Pode ser cronológico ou psicológico.  No tempo cronológico os fatos são apresentados de acordo com a ordem dos acontecimentos.  Já o tempo psicológico é a maneira pela qual a passagem do tempo é vivenciada. O tempo nesse caso não é uma seqüência temporal linear, pois é medido pelas emoções e não pelo relógio.
  • 7. NARRADOR  Tudo na narrativa depende do narrador, isto é, a voz que conta a história. O ponto principal de uma narrativa é o seu ponto de vista, ou seja, a perspectiva, o modo de contar e de organizar o que é contado. Desse modo, o narrador funciona como um mediador entre a história narrada e o leitor, ouvinte ou espectador.  Basicamente, existem três tipos de ponto de vista, ou foco narrativo, determinado pelo tipo de narrador.
  • 8. Tipos de narradores 1 - Narrador-personagem: é o que conta a história da qual é participante. Ele é narrador e personagem ao mesmo tempo, e conta a história em 1ª pessoa •Quando avistei-a sozinha na arquibancada da quadra, percebi que era a melhor oportunidade para definitivamente conhecê-la. Então pedi a meu melhor amigo Fabrício que me ajudasse com o plano que eu tinha bolado. Mas enquanto eu passava algumas coordenadas para Fabrício vi Marcos da 8ª série se aproximar e sentar ao lado dela. Será que eles estavam ficando? Mas logo o Marcos...
  • 9. 2 - Narrador-observador (neutro): é o que conta uma história como alguém que observa o que acontece. Transmite para o leitor apenas os fatos que consegue observar e conta a história em 3ª pessoa, como nesse trecho:  Aos quatorze anos, Miguel Strogoff, que desde os onze acompanhava o pai nas freqüentes incursões pela estepe, matara seu primeiro urso. A vida na estepe dera-lhe uma força e resistência incomuns e o rapaz podia passar vinte e quatro horas sem comer e dez noites sem dormir, sem aparentar excessivo desgaste físico, conseguindo sobreviver onde outros em pouco tempo morreriam. Era capaz de guiar-se em plena noite polar, pois o pai lhe ensinara os segredos da orientação – valendo-se de sinais quase imperceptíveis na neve e nas árvores, no vento e no vôo dos pássaros. (Júlio Verne, Miguel Strogoff, p. 16
  • 10. 3 – Narrador intruso (onisciente): Não participa da história, mas faz várias intervenções com comentários e opiniões acerca das ações das personagens. O foco narrativo é em 3ª pessoa. “F lávia logo percebeu que as outras moradoras do prédio, mães dos amiguinhos do seu filho, Paulinho, seis anos, olhavam- na com um ar de superioridade. Não era para menos. Afinal o garoto até aquela idade — imaginem — se limitava a brincar e ir à escola.” “Se tinha medo, então era para a natação mesmo que ele iria entrar. Os medos devem ser eliminados na infância. Paulinho ainda quis argumentar. Sugeriu alpinismo. Foi a vez de os pais tremerem. Mas o medo dos pais é outra história. Paulinho entrou para a natação.” (Carlos Eduardo Novaes. A cadeira do dentista e outras crônicas. São Paulo: Ática, 1994. p. 15-7.
  • 11. A PERSONAGEM  É um ser criado para um texto narrativo. Pode simular as características de uma pessoa, pode ser um animal, sentimento ou objeto personificado.  Numa narrativa, pode haver personagens principais, que ocupam o primeiro lugar num acontecimento, e personagens secundários.  Ao criar personagens devem-se desenvolver características físicas e psicológicas para elas. É preciso mostrar ao leitor como se parecem ou vestem, andam, falam, pensam, sentem. Alguns gêneros permitem descrições mais trabalhadas. Quando isso não é possível, descrever o espaço e uma característica da personagem já dá uma boa idéia de como ela é.
  • 12. Bezerro sem mãe Rachel de Queiroz Foi numa fazenda de gado, no tempo do ano me que as apresentação vacas dão cria. Cada vaca toda satisfeita com o seu bezerro. Mas complicação: quebra da dois deles andavam tristes de dar pena: uma vaca que tinha situação inicial e perdido o seu bezerro e um bezerro que ficou sem mãe. estabelecimento de um conflito A vaquinha até parecia estar chorando, com os peitos cheios de leite, sem filho para mamar. E o bezerro sem mãe gemia, morrendo de fome e abandonado. Não adiantava juntar os dois, porque a vaca não aceitava. Ela sentia pelo cheiro que o bezerrinho órfão não era filho dela, e o empurrava para longe. Aí o vaqueiro se lembrou do couro do bezerro morto, que enredo estava secado ao sol. Enrolou naquele couro o bezerrinho sem mãe desenvolvimento e levou o bichinho disfarçado para junto da vaca sem filho. Ora, foi uma beleza! a vaca deu uma lambida no couro, sentiu o cheiro do filho e deixou que o outro mamasse à vontade. E por três dias foi aquela mascarada. Mas no quarto dia, a vaca, de repente, meteu o focinho no couro e puxou fora o disfarce. clímax Lambeu o bezerrinho direto, como se dissesse: “Agora você já está adotado.” E ficaram os dois no maior amor, como filho e mãe de desfecho verdade.