O documento descreve o estilo artístico Barroco que floresceu entre os séculos XVI e XVIII na Europa e Américas. O Barroco se distinguiu pelo esplendor exuberante e maior dinamismo em comparação ao Renascimento, refletindo os tempos turbulentos após a Reforma Protestante e a Contrarreforma Católica.
O estilo artístico Barroco entre os séculos XVI e XVIII
1. Barrocos
Barroco é o estilo artístico que floresceu
entre o final do século XVI e meados
do século XVIII, inicialmente na Itália,
difundindo-se em seguida pelos
países católicos da Europa e da América,
antes de atingir, em uma forma
modificada, as áreas protestantes e
alguns pontos do Oriente.
Considerado como o estilo correspondente
ao absolutismo e à Contrarreforma,
distingue-se pelo esplendor exuberante.
De certo modo o Barroco foi uma
continuação natural do Renascimento,
porque ambos os movimentos
compartilharam de um profundo interesse
pela arte da Antiguidade clássica, embora
interpretando-a diferentemente. Enquanto
no Renascimento o tratamento das
temáticas enfatizava qualidades de
moderação, economia formal, austeridade,
equilíbrio e harmonia, o tratamento
barroco de temas idênticos mostrava
maior dinamismo, contrastes mais fortes,
maior dramaticidade, exuberância e
realismo e uma tendência ao decorativo,
2. além de manifestar uma tensão entre o
gosto pela materialidade opulenta e as
demandas de uma vida espiritual. Mas nem
sempre essas características são bem
evidentes ou se apresentam todas ao
mesmo tempo. Houve uma grande
variedade de abordagens que foram
englobadas sob a denominação genérica
de "arte barroca", com certas escolas
mais próximas do classicismo
renascentista e outras mais afastadas
dele, o que tem gerado muita polêmica e
pouco consenso na conceituação e
caracterização do estilo.[1]
Para diversos pesquisadores o Barroco
constitui não apenas um estilo artístico,
mas todo um período histórico e um
movimento sociocultural, onde se
formularam novos modos de entender o
mundo, o homem e Deus. As mudanças
introduzidas pelo espírito barroco se
originaram, pois, de um grande respeito
pela autoridade da tradição clássica, e de
um desejo de superá-la com a criação de
obras originais, dentro de um contexto que
já se havia modificado profundamente em
relação ao período anterior.[1]
3. Desde o Renascimento, a Itália se tornara o maior polo de atração de artistas em toda a
Europa e, no início do século XVI, Roma, sede do Papado católico e capital dos Estados
Pontifícios, se tornara o maior centro irradiador de influência artística, tendo a Igreja
Católica como o mais pródigo mecenas. Mas, desde lá, tendo passado por invasões
dramáticas, como a que culminou no Saque de Roma de 1527, e sofrendo com agitação
interna, a Itália havia perdido muito prestígio e força, ainda que continuasse a ser a maior
referência na cultura europeia. A atmosfera otimista do Renascimento havia se
desvanecido. Os progressos na filosofia, nas ciências e nas artes, o florescer
do humanismo, não evitaram os ódios e guerras, e a fé no homem como imagem
da Divindade e no mundo como um novo Éden em potencial - um mote recorrente no
Renascimento - se deparava com o cinismo e a brutalidade da política, a vaidade do clero,
a eterna opressão do povo, surgindo uma nova corrente cultural a que se deu o nome
de maneirismo - erudita, sofisticada, experimental, mas carregada de dúvidas e agitação, e
dada a excentricidades e ao cultivo do bizarro.[2][3][4][5]
Na religião, o poder papal teve de enfrentar a Reforma Protestante, um evento com
amplas repercussões políticas e sociais, que pôs um fim à unidade do cristianismo e
solapou a influência católica sobre os assuntos seculares de toda a Europa, que antes era
imensa. Além das diferenças de doutrina, onde se incluía a condenação do culto às
imagens, os protestantes denunciaram o luxo excessivo dos templos e a corrupção do
clero católico. Suas igrejas rapidamente se esvaziaram de estátuas e pinturas devocionais
e de decoração. A reação católica foi orquestrada a partir da convocação do Concílio de
Trento (1545-1563), o marco inicial da contrarreforma, numa tentativa de refrear a evasão
de fiéis para o lado protestante e a perda de influência política da Igreja. Ao mesmo tempo
que fazia uma revisão na doutrina, estabelecendo uma nova abordagem do conceito
de Deus, a contrarreforma tentou moralizar o clero e disciplinou a produção de arte sacra,
buscando utilizá-la como instrumento de proselitismo. Longas guerras de religião
seguiriam o cisma protestante nas décadas seguintes, devastando muitas
regiões.[2][3][4][5] Na economia, a abertura de novas rotas comerciais em vista das grandes
navegações deixou a Itália fora do centro do comércio internacional, deslocando o eixo
econômico para as nações do oeste
europeu. Portugal, Espanha, França, Inglaterra e Países Baixos eram as novas potências
navais, cuja ascensão política era financiada pelas riquezas coloniais e o comércio em
expansão. A arte desses países se beneficiou enormemente desse novo afluxo de
riquezas.[6] Murray Edelman, fazendo um balanço da arte deste período, disse que:
"Os pintores e escritores maneiristas do século XVI eram menos "realistas" do que
seus predecessores da Alta Renascença, mas eles reconheceram e ensinaram
muito sobre como a vida pode se tornar motivo de perplexidade: através da
sensualidade, do horror, do reconhecimento da vulnerabilidade, da melancolia, do
lúdico, da ironia, da ambiguidade e da atenção a diversas situações sociais e
naturais. Suas concepções tanto reforçaram como refletiram a preocupação com a
qualidade da vida cotidiana, com o desejo de experimentar e inovar, e com outros
impulsos de índole política... É possível que toda arte apresente esta postura, mas
o maneirismo a tornou especialmente