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MEMÓRIA E SOCIEDADE: OS EXCLUÍDOS
EM POEMAS DOS BECOS
DE GOIÁS E ESTÓRIAS MAIS
Programa de Pós-Graduação em Letras da
Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT),
Câmpus Universitário de Sinop, 2019/2
Disciplina: Metodologia da Pesquisa em Letras
Professora Drª. Cristine Leus Tomé
Mestranda: Claudia Miranda S. M. Franco
RESUMO
Afirmar o caráter engajado da poesia de Cora Coralina em relação às vozes dos
marginalizados de seu tempo, é reafirmar o caráter opositor e a
heterogeneidade de seus escritos. Segundo Hutcheon (1991 apud SPIVAK 1985,
p. 245): “O Múltiplo, o heterogêneo, o diferente: essa é a retórica plural do pós-
modernismo”, que rejeita a não-identidade e o silenciamento, aliados a voz que
fala em nome dos afetados pela “separação compulsória e privilégios desiguais”.
A consciência político-social de Cora Coralina, justifica essa identificação com os
elementos que configuram o caráter da poesia pós-moderna.
Palavras-chave: Literatura. Poesia Pós-moderna. marginalizados. Mulher. Cora
Coralina.
INTRODUÇÃO
■ “Alguém deve rever, escrever e assinar os autos do Passado antes que oTempo passe
tudo a raso”, assim Cora Coralina inicia o prefácio de seu primeiro livro Poemas dos Becos
de Goiás e Estórias Mais (2012), no qual já de início convida o leitor para uma
reminiscência que está prestes a iniciar.
■ SegundoVan Dijk (2012), ao se dedicar a um estudo analítico é necessário considerar
sociedade, cognição e discurso, como ferramentas capazes de conduzir o entendimento
das relações sociais e como estas, analisando seus conjuntos, representam o mundo.
Para o linguista, o papel do discurso na sociedade só pode ser compreendido por meio da
abordagem sociocognitiva do contexto em que está inserido (VAN DIJK, 2012, p. 163).
■ O pós-modernismo, como momento de reflexão, passa a apresentar um caminho para
reflexões culturais, sobre gênero, sexualidade e marginalizados, afirmando a identidade
nacional da poesia no Brasil. De acordo com Hutcheon (1991) o pós-modernismo é um
fenômeno conflitante, “desafiador de conceitos, fundamentalmente contraditório,
deliberadamente histórico e inevitavelmente político”. (HUTCHEON, 2002, p.20).
CRÍTICA SOCIOLÓGICA
Não há como falar da poética de Cora sem levar em conta a Crítica Sociológica
de Antônio Candido (2000), em Literatura e Sociedade, acerca do fenômeno
literário intrinsicamente ligado as questões sociais, o teórico afirma que existem
camadas profundas só sendo possível observá-las por meio do traço social da
obra funcionando para formar a estrutura do texto (CANDIDO, 2000, p.7).
O estudo das relações entre o texto e a sociedade desloca o individuo do senso
comum, permitindo que seja compreendido na arte, aqui pela poesia, uma
reflexão sobre o tempo, e a transformação. que ele sofre por meio do discurso e
da memória.
A passagem do tempo perpassa o sentido da , e confere a literatura a coerência
enquanto sistema sincrônico, durante um certo período, e diacrônico, as
mudanças ao longo do tempo, de obras que, não obstante sua singularidade, se
intercomunicam num incessante processo de transmissão de valores, o que lhes
conferem uma razão de ordem cultural.
DIALOGANDO COM ASTEORIAS
■ De acordo com Denófrio (1996, p. 34), a falta de liberdade afetou a escrita das mulheres
durante séculos. “liberdade e plenitude de expressão fazem parte dessa arte;
■ Virgínia Woolf, ao falar da escrita feminina afirma que “é tanto herdeira como uma
geradora”, porém, no que se refere a produção literária, “maioria das mulheres não tem
absolutamente caráter algum;
■ Antônio Candido (2000, p.10) para se compreender o nexo causal e seu efeito no texto,
“modificando a ordem do mundo justamente para torná-la mais expressiva” (CANDIDO,
2000, p.13), como é possível observar no poemaTodas asVidas O Linguista
■ Van Dijk (1997) e a teoria do contexto entre estrutura social e discurso como estruturas
subjetivas que representam aspectos relevantes da sociedade e se oferecem como meios
que intervêm diretamente nos processos mentais;
■ Os pressupostos teóricos de Linda Hutcheon (1991, p.20) sobre o pós-modernismo
explicam como a presença do passado ganha forma na escrita presente, porém
dialogando criticamente, e não como um retorno nostálgico.
Beco do Sertão, Goiás – GO. Foto do acervo do
Museu Casa de Cora Coralina
Beco do Sertão, Goiás – GO. Foto do acervo do
Museu Casa de Cora Coralina
Carta de Cora (1977)
dedicada a jovem
MarleneVellasco, sua
amiga e vizinha. Foto
do acervo Pessoal
MarleneVellasco
■ ENTREVISTA
■ (01) Conte um pouco da sobre a formação escolar de Cora Coralina: Ana Lins dos Guimaraes Peixoto
Bretas, nasceu e 20 de agosto de 1889 foi criada entre 7 mulheres na casaVelha da Ponte. Aos 5 anos de
idade muda-se para a Fazenda Paraiso, próxima da cidade de Mossamedes. Foi na fazenda que aprendeu
a gostar de ler, habito adquirido pela sua Mae, que era uma mulher que gostava de leitura. Ainda como
Ana, estudou até o terceiro livro, como era chamado na época.Teve como única professora a Mestra
Silvina, que havia inclusive ensinado a geração de sua Mae. Já começa a publicar as suas primeiras
crônicas no Jornal OGoyaz, ainda não contando com 14 anos de idade. Aos 14 anos cria o pseudônimo de
Cora Coralina e passa desde então a se identificar como Cora Coralina (coração vermelho).
■ (02) “MULHER DAVIDA, MINHA IRMÔ,Cora procura se imanar à essas mulheres marginalizadas, a figura
da prostituta aparece de uma forma muito sublime em sua poesia, na sua opinião, como se dá essa
aproximação? O poema Mulher daVida está publicado no livro Poemas dos Becos de Goiás, que é um livro
cuja temática maior é de dar voz aos excluídos da sociedade. No citado poema, a poetisa apresenta a
imagem da mulher prostituta, abrindo através da sua escrita espaço para os marginalizados da sociedade.
Cora Coralina promove a mulher prostituta, trazendo para quem está à margem da sociedade para centro
da cena. Ela se coloca como ˜minha irmãzinha˜.Cora leva o leitor a refletir sobre o papel que essa mulher
ocupa na sociedade. Ao falar da Mulher daVida, Cora Coralina se mostra uma escritora crítica, colocando
na voz da prostituta as mazelas da sociedade machista e que sempre existiu em todos os lugares e tempo,
entretanto, sendo tratada de forma pejorativa e desprezível. Cora metamorfoseia essa mulher da zona,
que passa a ser a mulher da ˜Vida, mesmo excluída, maltrata e espezinhada pela sociedade.
■ CONSIDERAÇÕES FINAIS
■ Ao considerar as proposições de Linda Hutcheon (2002) e as informações cedidas na
entrevista, sobre as características da Pós-modernidade, fica evidente que
compreender o engajamento literário da época, é assumir o caráter desafiador, de
quem se levanta de um limbo, de um silenciamento histórico e se faz ouvir pela poesia.
■ Coralina experimentou os dissabores da sociedade patriarcal e machista em sua
juventude, e enxergou de perto as problemáticas relativas à questão de gênero e
preconceito, enfrentando às dificuldades femininas, tanto na sociedade, quanto na
política, e também na família.
■ Havia na poética modernista uma apropriação da posição masculina (HUTCHEON,
2002, p.94), a exclusão das mulheres quanto ao fazer literário, fundamentava essa
misoginia. sejaA poesia de Cora enfrenta valores de várias épocas, seja ainda jovem
nos seus primeiros escritos, ou a “velha da ponte” que desafia as leis do tempo, espaço
e sociedade, publicando seu primeiro livro com mais de 70 anos de idade. Segundo
Antônio Candido (1996), o elemento externo de uma obra literária é relevante como
fator que agrega a estrutura da escrita poética em relação ao seu tempo.
REFERÊNCIAS
BOTASSI, Miriam. Cora Coralina conta um pouco da sua história. Mulherio, mai/junho. 1984, p. 9. Disponível em:
https://www.fcc.org.br/conteudosespeciais/mulherio/arquivo/IV_16_1984menor.pdf
Acesso em: 11 nov. 2019.
CANDIDO,Antonio. O estudo analítico do poema. São Paulo: Humanitas Publicações, 1996.
CANDIDO,Antonio. Literatura e Sociedade. São Paulo: Pubifolha, 2000.
CORALINA, Cora. Poemas dos becos de Goiás e estórias mais. São Paulo: Global Editora. 2012.
CURADO, M. E. Aspectos irônicos na prosa coralineana. In: BRITO. C. C.; CURADO, M. E.;VELLASCO, M. Moinho do tempo:
estudos sobre Cora Coralina. Goiânia: Ed. Kelps, 2009.
DIJK,TeunA.Van. Discurso e Contexto: Uma abordagem sociocognitiva. (Tradução: Rodolfo Ilari). SP: Editora Contexto, ISBN
978-85-7244-693-8, 2012.
HUTCHEON, Poética do Pós-modernismo. Rio de Janeiro: Imago, 2002.
https://www.passeidireto.com/arquivo/16910711/hutcheon-linda-poetica-do-pos-modernismo
NIGRO, Cláudia Maria Ceneviva. Um olhar sobre o Brasil hoje: Gênero e Raça na produção de escritoras brasileiras. Dossiê:
“Incroci: Italia e Brasile in dialogo” – Cruzamentos: Itália e Brasil em diálogo. Revista de Letras Norteamentos. Sinop, v. 11, n. 25,
p. 62-73, junho, 2018. ISSN 1983-8018. Disponível em:
http://sinop.unemat.br/projetos/revista/index.php/norteamentos/article/view/3253 Acesso em: 11 nov. 2019.
SALLES. Mariana de Almeida. Cora Coralina: uma análise biográfica. Monografia (Graduação em Antropologia) – Instituto de
Ciências Sociais. Universidade de Brasília. 2004.
VELLASCO, Marlene. Metamorfoses de Cora. Entrevista concedida em outubro de 2019. Entrevistador: Franco, Claudia Miranda
S. M. Sinop:Via E-mail. 2019.
WOOLF,Virgínia. Um teto todo seu. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2004

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  • 1. MEMÓRIA E SOCIEDADE: OS EXCLUÍDOS EM POEMAS DOS BECOS DE GOIÁS E ESTÓRIAS MAIS Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Câmpus Universitário de Sinop, 2019/2 Disciplina: Metodologia da Pesquisa em Letras Professora Drª. Cristine Leus Tomé Mestranda: Claudia Miranda S. M. Franco
  • 2. RESUMO Afirmar o caráter engajado da poesia de Cora Coralina em relação às vozes dos marginalizados de seu tempo, é reafirmar o caráter opositor e a heterogeneidade de seus escritos. Segundo Hutcheon (1991 apud SPIVAK 1985, p. 245): “O Múltiplo, o heterogêneo, o diferente: essa é a retórica plural do pós- modernismo”, que rejeita a não-identidade e o silenciamento, aliados a voz que fala em nome dos afetados pela “separação compulsória e privilégios desiguais”. A consciência político-social de Cora Coralina, justifica essa identificação com os elementos que configuram o caráter da poesia pós-moderna. Palavras-chave: Literatura. Poesia Pós-moderna. marginalizados. Mulher. Cora Coralina.
  • 3. INTRODUÇÃO ■ “Alguém deve rever, escrever e assinar os autos do Passado antes que oTempo passe tudo a raso”, assim Cora Coralina inicia o prefácio de seu primeiro livro Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais (2012), no qual já de início convida o leitor para uma reminiscência que está prestes a iniciar. ■ SegundoVan Dijk (2012), ao se dedicar a um estudo analítico é necessário considerar sociedade, cognição e discurso, como ferramentas capazes de conduzir o entendimento das relações sociais e como estas, analisando seus conjuntos, representam o mundo. Para o linguista, o papel do discurso na sociedade só pode ser compreendido por meio da abordagem sociocognitiva do contexto em que está inserido (VAN DIJK, 2012, p. 163). ■ O pós-modernismo, como momento de reflexão, passa a apresentar um caminho para reflexões culturais, sobre gênero, sexualidade e marginalizados, afirmando a identidade nacional da poesia no Brasil. De acordo com Hutcheon (1991) o pós-modernismo é um fenômeno conflitante, “desafiador de conceitos, fundamentalmente contraditório, deliberadamente histórico e inevitavelmente político”. (HUTCHEON, 2002, p.20).
  • 4. CRÍTICA SOCIOLÓGICA Não há como falar da poética de Cora sem levar em conta a Crítica Sociológica de Antônio Candido (2000), em Literatura e Sociedade, acerca do fenômeno literário intrinsicamente ligado as questões sociais, o teórico afirma que existem camadas profundas só sendo possível observá-las por meio do traço social da obra funcionando para formar a estrutura do texto (CANDIDO, 2000, p.7). O estudo das relações entre o texto e a sociedade desloca o individuo do senso comum, permitindo que seja compreendido na arte, aqui pela poesia, uma reflexão sobre o tempo, e a transformação. que ele sofre por meio do discurso e da memória. A passagem do tempo perpassa o sentido da , e confere a literatura a coerência enquanto sistema sincrônico, durante um certo período, e diacrônico, as mudanças ao longo do tempo, de obras que, não obstante sua singularidade, se intercomunicam num incessante processo de transmissão de valores, o que lhes conferem uma razão de ordem cultural.
  • 5. DIALOGANDO COM ASTEORIAS ■ De acordo com Denófrio (1996, p. 34), a falta de liberdade afetou a escrita das mulheres durante séculos. “liberdade e plenitude de expressão fazem parte dessa arte; ■ Virgínia Woolf, ao falar da escrita feminina afirma que “é tanto herdeira como uma geradora”, porém, no que se refere a produção literária, “maioria das mulheres não tem absolutamente caráter algum; ■ Antônio Candido (2000, p.10) para se compreender o nexo causal e seu efeito no texto, “modificando a ordem do mundo justamente para torná-la mais expressiva” (CANDIDO, 2000, p.13), como é possível observar no poemaTodas asVidas O Linguista ■ Van Dijk (1997) e a teoria do contexto entre estrutura social e discurso como estruturas subjetivas que representam aspectos relevantes da sociedade e se oferecem como meios que intervêm diretamente nos processos mentais; ■ Os pressupostos teóricos de Linda Hutcheon (1991, p.20) sobre o pós-modernismo explicam como a presença do passado ganha forma na escrita presente, porém dialogando criticamente, e não como um retorno nostálgico.
  • 6. Beco do Sertão, Goiás – GO. Foto do acervo do Museu Casa de Cora Coralina Beco do Sertão, Goiás – GO. Foto do acervo do Museu Casa de Cora Coralina Carta de Cora (1977) dedicada a jovem MarleneVellasco, sua amiga e vizinha. Foto do acervo Pessoal MarleneVellasco
  • 7. ■ ENTREVISTA ■ (01) Conte um pouco da sobre a formação escolar de Cora Coralina: Ana Lins dos Guimaraes Peixoto Bretas, nasceu e 20 de agosto de 1889 foi criada entre 7 mulheres na casaVelha da Ponte. Aos 5 anos de idade muda-se para a Fazenda Paraiso, próxima da cidade de Mossamedes. Foi na fazenda que aprendeu a gostar de ler, habito adquirido pela sua Mae, que era uma mulher que gostava de leitura. Ainda como Ana, estudou até o terceiro livro, como era chamado na época.Teve como única professora a Mestra Silvina, que havia inclusive ensinado a geração de sua Mae. Já começa a publicar as suas primeiras crônicas no Jornal OGoyaz, ainda não contando com 14 anos de idade. Aos 14 anos cria o pseudônimo de Cora Coralina e passa desde então a se identificar como Cora Coralina (coração vermelho). ■ (02) “MULHER DAVIDA, MINHA IRMÔ,Cora procura se imanar à essas mulheres marginalizadas, a figura da prostituta aparece de uma forma muito sublime em sua poesia, na sua opinião, como se dá essa aproximação? O poema Mulher daVida está publicado no livro Poemas dos Becos de Goiás, que é um livro cuja temática maior é de dar voz aos excluídos da sociedade. No citado poema, a poetisa apresenta a imagem da mulher prostituta, abrindo através da sua escrita espaço para os marginalizados da sociedade. Cora Coralina promove a mulher prostituta, trazendo para quem está à margem da sociedade para centro da cena. Ela se coloca como ˜minha irmãzinha˜.Cora leva o leitor a refletir sobre o papel que essa mulher ocupa na sociedade. Ao falar da Mulher daVida, Cora Coralina se mostra uma escritora crítica, colocando na voz da prostituta as mazelas da sociedade machista e que sempre existiu em todos os lugares e tempo, entretanto, sendo tratada de forma pejorativa e desprezível. Cora metamorfoseia essa mulher da zona, que passa a ser a mulher da ˜Vida, mesmo excluída, maltrata e espezinhada pela sociedade.
  • 8. ■ CONSIDERAÇÕES FINAIS ■ Ao considerar as proposições de Linda Hutcheon (2002) e as informações cedidas na entrevista, sobre as características da Pós-modernidade, fica evidente que compreender o engajamento literário da época, é assumir o caráter desafiador, de quem se levanta de um limbo, de um silenciamento histórico e se faz ouvir pela poesia. ■ Coralina experimentou os dissabores da sociedade patriarcal e machista em sua juventude, e enxergou de perto as problemáticas relativas à questão de gênero e preconceito, enfrentando às dificuldades femininas, tanto na sociedade, quanto na política, e também na família. ■ Havia na poética modernista uma apropriação da posição masculina (HUTCHEON, 2002, p.94), a exclusão das mulheres quanto ao fazer literário, fundamentava essa misoginia. sejaA poesia de Cora enfrenta valores de várias épocas, seja ainda jovem nos seus primeiros escritos, ou a “velha da ponte” que desafia as leis do tempo, espaço e sociedade, publicando seu primeiro livro com mais de 70 anos de idade. Segundo Antônio Candido (1996), o elemento externo de uma obra literária é relevante como fator que agrega a estrutura da escrita poética em relação ao seu tempo.
  • 9. REFERÊNCIAS BOTASSI, Miriam. Cora Coralina conta um pouco da sua história. Mulherio, mai/junho. 1984, p. 9. Disponível em: https://www.fcc.org.br/conteudosespeciais/mulherio/arquivo/IV_16_1984menor.pdf Acesso em: 11 nov. 2019. CANDIDO,Antonio. O estudo analítico do poema. São Paulo: Humanitas Publicações, 1996. CANDIDO,Antonio. Literatura e Sociedade. São Paulo: Pubifolha, 2000. CORALINA, Cora. Poemas dos becos de Goiás e estórias mais. São Paulo: Global Editora. 2012. CURADO, M. E. Aspectos irônicos na prosa coralineana. In: BRITO. C. C.; CURADO, M. E.;VELLASCO, M. Moinho do tempo: estudos sobre Cora Coralina. Goiânia: Ed. Kelps, 2009. DIJK,TeunA.Van. Discurso e Contexto: Uma abordagem sociocognitiva. (Tradução: Rodolfo Ilari). SP: Editora Contexto, ISBN 978-85-7244-693-8, 2012. HUTCHEON, Poética do Pós-modernismo. Rio de Janeiro: Imago, 2002. https://www.passeidireto.com/arquivo/16910711/hutcheon-linda-poetica-do-pos-modernismo NIGRO, Cláudia Maria Ceneviva. Um olhar sobre o Brasil hoje: Gênero e Raça na produção de escritoras brasileiras. Dossiê: “Incroci: Italia e Brasile in dialogo” – Cruzamentos: Itália e Brasil em diálogo. Revista de Letras Norteamentos. Sinop, v. 11, n. 25, p. 62-73, junho, 2018. ISSN 1983-8018. Disponível em: http://sinop.unemat.br/projetos/revista/index.php/norteamentos/article/view/3253 Acesso em: 11 nov. 2019. SALLES. Mariana de Almeida. Cora Coralina: uma análise biográfica. Monografia (Graduação em Antropologia) – Instituto de Ciências Sociais. Universidade de Brasília. 2004. VELLASCO, Marlene. Metamorfoses de Cora. Entrevista concedida em outubro de 2019. Entrevistador: Franco, Claudia Miranda S. M. Sinop:Via E-mail. 2019. WOOLF,Virgínia. Um teto todo seu. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2004