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MÚSICA .FILME .HQ .SHOWAno 4 nº 25 João Pessoa, maio 2015
Distribuiçãogratuita
Que Curitiba é o maior celeiro de psychobilly do Brasil, isso todos sabem. O DNA deixado pelos Catalépticos foi
forte o bastante para segurar novas gerações de bandas que perpetuam até hoje. Sem falar nos números de festi-
vais relacionados com o estilo. Falando em novas gerações o Microfonia teve acesso ao Psycho Carnival e viu in
loco como a coisa anda atualmente na cidade curitibana. Aqui conversamos com uma das bandas que dão con-
tinuidade a esse estilo, tocando em todas as quebradas e preste a lançar seu debut. Com vocês: Skullbillies!
Márcio – Eu sou o mais novo em instrumento,
só tem uns dois anos que toco. A minha primeira
banda foi essa de surf music, então, posso dizer
que Skullbillies é a minha segunda banda. Na ver-
dade, eu sempre quis tocar baixo e acabou não
acontecendo porque tinha o fato dos meus pais não
gostarem. Daí fui pegando idade e pensei: ou eu
faço isso agora ou nunca mais vou fazer. Comprei
o baixo e comecei a aprender sozinho e tamo aí.
Guilherme – Pra nós, a entrada do Márcio já era es-
perada porque o Rocker fazia as músicas e, quando
passava pra gente, nas nossas cabeças, já tinha o reg
reg reg (risos). Já tava formatado o baixolão. Ele foi
vislumbrado desde o primeiro momento. Quando ele
chegou com o rabecão, falamos: pronto, é da banda!
Tá feito, vai ficar aqui! Se não gostou, vai deixar o
rabeco, pelo menos (risos). Foi uma fase de uns dois
meses de adaptação, porque muda a formatação da
música. É outra coisa encaixar as linhas da guitarra,
vocal e bateria, principalmente, com o que o rabecão
faz. Ele tem duas batidas, soa o acorde e faz o slap.
No caso, as músicas estavam prontas, mas tiveram
que ser remodeladas pra se adaptar ao rabecão.
Márcio – Estamos tocando juntos, nessa formação
só tem uns seis meses. Então, é muito nova, ainda.
Rocker – Márcio agregou bastante ao som.
Teve que mudar muito para adequar o que
já se fazia. Agora está bem rápido, an-
tes era mais “soladinho”. Melhorou bastante!
Vocês fazem parte da segunda geração do psycho
de Curitiba?
Guilherme – Nós somos a segunda geração. Teve uma
geração a mais, que acaba sendo uma parte só. Tem a
CBWBillies, que é uma banda do caralho, que tá to-
cando aí, que começou nos meados dos anos 2000,
mas foram só eles. Começou por aqui em 1984 com
os Cervejas, depois Catalépticos, e aquela avalanche
de bandas tradicionais que temos aqui, como Krápu-
las, etc. e depois veio Ovos Presley. Até 2010, ficou
só o Ovos Presley tocando, mantendo a cena mesmo,
sabe? Catalépticos acabou, Sick Sick Sinners tocando
bastante fora do país, Diabatz tocando fora também.
Então, quem manteve a cena durante uns cinco anos
foi o Ovos Presley. Tínhamos um bar aqui chamado
Porão do Rock, que começou a abrir espaço pros psy-
chobilly, então, todo domingo tinha a banda CW-
Billies, que era a banda fixa e tinha mais uma convida-
da. Ficou um ano e meio com essa programação, e isso
fez com que a cena se movimentasse novamente. Em
2013, começaram a surgir as bandas novas, e é dessa
nova onda que nós fazemos parte, aqui em Curitiba.
O Zabilly também é dessa geração?
Guilherme – Sim. E estamos em estúdio gravando
Como foi o início da Skullbillies?
Guilherme – Começou com o Rocker. Ele foi o
mentor da banda. Ele pode falar do começo até o
momento em que me convidou para entrar na banda.
Rocker – Conheci o Diego pela internet e desco-
bri que ele gostava de psychobilly. Eu sempre
gostei, mas nunca achava ninguém pra mon-
tar uma banda. Começamos em 2013. Tentamos
com um monte de gente, até achar o Guilherme.
Guilherme – Quando entrei, eles estavam no estúdio,
tentando formatar a banda. Entrei no final de 2014 e
tínhamos um outro baixista, Alexandre, que tocava
baixo elétrico, então, puxava um pouco pro lado do
punk. A nossa vertente é psychobilly, porém, com o
baixo elétrico, a gente perdia um pouco da identi-
dade. E foi aí que começou a história do Márcio na
banda. A nossa intenção era realmente colocar um
rabeco, que é a alma. Para você ter uma banda de
psychobilly, é quase que necessário ter um rabecão.
Foi quando achamos o Márcio, em agosto de 2014.
Márcio – Na verdade, eu tocava numa ban-
da de suf music com o Rocker. Tocava baixo
acústico. Quando o baixista saiu, eu meio
que me voluntariei para fazer um teste.
Você já tocava em outra banda?
Skullbillies - Psychobilly maloqueiro
Foto:DyegoMartins
MICROFONIA2
EXPEDIENTE
Editores:
Adriano Stevenson (DRT - 3401)
Olga Costa (DRT - 60/85)
Colaboradores: Beto L./Fred N.C./Igor Nicotina/
Adelvan Kenobi
Fotos/Editoração:Olga Costa
Ilustração:Josival Fonseca
Revisão: Juliene Paiva Osias
E-mail:jornalmicrofonia@gmail.com
Facebook.com/jornalmicrofonia
Twitter:@jmicrofonia
Tiragem:5.000 exemplares
Todos os textos dos nossos colaboradores são as-
sinados e não necessariamente refletem a opinião
da redação.
músicas para uma coletânea de psychobilly com
cinco bandas que surgiram recentemente. Uma nova
escola de psychobilly baseada na antiga, totalmente,
mas com uma formatação nova, agregando a cena,
sendo bem recebido pelo pessoal mais antigo, porque,
na realidade, somos todos amigos. A gente quer fazer
um som pra todo mundo ouvir, não só o pessoal do
psychobilly, também rockabilly, punk. A música
é livre, quem quiser ouvir vai ouvir nosso som!
O Psycho Carnival tem dezesseis anos. Você fa-
lou num hiato que foi mantido pelo Ovos Presley.
Comorolavaofestivalsemarenovaçãodebandas?
Guilherme - O Psycho Carnival sempre rolou.
Nunca foi afetado por isso. O PC sempre trouxe
bastante bandas de fora. Depois da quinta edição do
festival, já era referência para o pessoal da Europa,
dos Estados Unidos, México, Chile. Hoje em dia, o
pessoal quase briga pra ver quem vai vir porque é
um celeiro. A gente tem uma troca de informação
com o pessoal de fora, aqui do Brasil, de outros es-
tados e países. Então, o PC nunca foi afetado, nem
o Psychobilly Fest que rola em novembro, porém,
durante o resto do ano, não tinha nada acontecendo.
Márcio – Creio que, até 2006, tinha um show no
final de semana com banda de psychobilly, e isso
foi escasseando, até chegar ao ponto de não existir
mais nenhum show de psycho na cidade, exceto o
Psycho Carnival, que acontece durante o carnaval.
E essa segunda onda tá vindo com bandas novas.
Rocker – As cenas nas outras cidades estavam
acontecendo em Minas, São Paulo, Londrina.
Guilherme – O bom do surgimento do Skull,
Zabilly, Diabo Cabron, B. Booms, Tampa do
Caixão, que é de Joinville, é que só vem para au-
mentar o movimento dos shows. É a renovação!
O que foi que levou vocês para o psychobilly?
Rocker–Eutocavanumabandademetalquandocha-
meioDiego,mas,conversandosobreasbandasdeque
gostava, acabei falando, meio do nada, que gostava de
psychobilly, e ele também gostava. Foi meio que sem
querer, mesmo!Aintenção no começo era tocar metal.
E vocês, de onde vieram?
Guilherme – O Márcio é o nosso psychobilly man!
Eu já tive duas bandas antes de punk rock, mas, aqui
em Curitiba, o movimento punk anda junto com o
psychobilly. A gente frequenta os mesmos bares, vai
aos mesmos lugares. Os Catalépticos, Ovos Pres-
ley e Sick Sick Sinners fazem um som que a gente
chama de punkabilly, que foge do psychobilly clás-
sico e vai para uma linha mais pesada, até nas le-
tras, mistura o punk aí, porque falam da sociedade.
A nossa banda tem umas letras bem fortes, elas têm
uma ironia, a gente não fala só de zumbis, falamos
da sociedade e do que está acontecendo. Rótulo
não é muito legal, mas é pra gente entender essas
diferenças. Eles fazem a linha powerpsycho, que
é o psychobilly rápido, sujo e pesado, e nós segui-
mos essa linha, também. Como esse som sempre
atraiu muito os punks, a gente sempre andou junto.
Márcio – Na verdade, a gente foge do psychobilly
clássico e mistura um pouco por conta da influên-
cia de cada um. O Guilherme vem do punk, Rocker
do metal, Diego tocou em banda de rock clássico,
e eu venho do Psychobilly. Desde a primeira vez
em que ouvi, fiquei meio doido, não entendia de
onde vinha aquele monte de “slapeira”! Depois é
que fui entender que era o baixo que fazia aquilo.
Você usa esparadrapo nos dedos da mão direita...
Márcio – Sim, porque faz bolhas nos dedos!
Guilherme – O rabecão é quase um instru-
mento percussivo. Você bate na corda, puxa,
solta, volta, bate de volta na madeira, faz
o slap, tudo isso numa velocidade incrível.
Vocês ainda não lançaram nenhum mate-
rial físico com o trabalho da banda. Vocês
têm preferência por algum formato?
Márcio – A gente tem uma demo, mas estamos lan-
çando o material oficial na coletânea que vai sair.
Serão cinco bandas, e cada banda com três músicas.
Guilherme – Tudo aconteceu muito rápido. Fomos
aceitos pelo público em geral muito rápido, caímos no
gosto dos motos clubes daqui de Curitiba e boa parte
do sul do Brasil. Tocamos no Moto Clube em Join-
ville,tocamosemtrêsdaquievamostocarnovamente.
Você vão lançar o CD e, futuramente, com
qual formato você pretendem trabalhar?
Márcio – Acho que o negócio do CD é mais para
divulgação porque é legal ter um material de quali-
dade gravado em estúdio, mas a gente vai colo-
car em MP3 grátis na internet para baixar e curtir.
Guilherme – Até porque a internet nos possi-
bilitou ter seguidores no México, Chile... tem uma
rádio em Nova Iorque que já pediu nosso mate-
rial, então, se não fosse a internet, não teríamos
a metade do público que já temos hoje, e um pú-
blico internacional. No México, por exemplo, te-
mos bastante seguidores. Lá, o pessoal posta nos-
sas músicas, troca ideias pelo Facebook, temos um
feedback bacana. A internet é a nossa melhor arma.
Como estava falando antes, tudo aconteceu muito
rápido. Achamos que levaria um ano para o público
nos aceitar, e, durante esse tempo, a gente trabalharia
uma 10 ou 15 músicas. No segundo ano, a gente en-
traria com o material: camiseta, patch, bottons e o CD,
que é o que mais nos cobram. Como tudo aconteceu
muito rápido, não deu tempo de parar e gravar o CD.
Temos oito músicas gravadas disponíveis na internet,
no soundcloud ou no site da banda skullbillies.com.
Vocês têm material suficiente para gravar um ál-
bum?
Guilherme – Sim. Hoje temos 47 minutos de re-
pertório que daria para fazer um CD tranquilamente.
O que acontecia em Curitiba, no car-
naval, antes do Psycho Carnival?
Guilherme – De rock, tinha lá em Boqueirão, que, an-
tigamente,era360GrausehojePlanetaIbiza,quetinha
a Sexta-feira Rock, mas era algo virado para o metal.
Márcio – Em 1994, tinha uma cena HC
muito forte com bandas locais como Je-
sus Control, Pogoball, A Mal Encarada...
EDITORIAL
Quando pequeno, nunca entendi a frase:
“A volta dos que não foram”. Hoje, com a
edição 25, essa frase cabe como uma luva!
Nós nunca fomos, no entanto, voltamos
com tudo, em 2015. Entrevistão com o Skull-
billies, banda curitibana da nova safra de
psycho. Você descobre, também, que toda a
antiga Sessão da Tarde está virando zumbi,
no Zumbilândia. Igor Nicotina e Beto Luxúria
mandam bala no El Mariachi, sem falar que
Beto continua se especializando no Atrás da
Porta Verde. A volta do Fahrenheit 451, com
a metamorfose das palavras de Vanessa
Reis, de Adelvan Kenobi, com o mais novo
trabalho da Karne Krua, e Fred dissecando
uma loja de discos, na Alemanha. Como diz
a letra de Rockixe de Raul, “Eu tô tão lindo/
porém bem mais perigoso/aprendi a ficar
quieto/e começar tudo de novo”! É noise!
Guilherme – Tinha um festival mais hardcore,
punk, era outra vertente, mas sempre teve uma
fuga pra gente aqui, e o desfile das escolas de
samba de Curitiba (risos), que ninguém nunca viu!
Além do gosto pela sonoridade do es-
tilo Psycho, vocês capricham no visual...
Márcio – O psychobilly não é só um estilo musical,
é uma cultura também e envolve várias
outras coisas, como pin ups, carros antigos, tatuagem,
costumização de moto, deixando de ser apenas um
estilo musical e passando a ser um estilo de vida...
Vocês incorporaram isso ao cotidiano de vocês?
Guilherme – Eu sempre usei o topete, sempre
me vesti dessa forma. O Márcio tem uma gara-
gem que é uma oficina, costumiza carros. Ou
você é do psychobilly ou você está na cena só
para ouvir a música. Você tem que viver mesmo!
Foto:OlgaCosta
MICROFONIA 3
Enquanto isso, fora da redação...
PENSAMENTO OBTUSO - A GENTE ERA FELIZ E SABIA CD-R 2014 (PB) Nostalgia é algo presente em todas as músicas do Pen-
samento Obtuso, inclusive na quantidade de pequenas empresas, geralmente de amigos da banda que dão aquela força no orçamento da
produção do disco. Algo muito comum entre algumas bandas saídas do underground na década de 80 e 90. Esse é a forte característica das
bandas formadas por amigos de bairro e que fazem transparecer na faixa título que abre o album: A Gente era Feliz e Sabia. A formação
conta com sete integrantes: Wendel, Clodo e Alexandre os responsavéis pelos vocais, enquanto Dannyllo e Jaildo cuidam das guitarras.
Giu e Beto ficam respectivamente com baixo e bateria. As faixas de destaque são: Incógnita e Nada pra Fazer em que o lado pop dá lugar
ao lado mais punk rock dos caras. Para entrar em contato tem o número (83)8882 1468 e o email pensamentoobtuso@hotmail.com. I.N.
BANQUETEDOSVERMES-S/TCD-R2015(PB)-Omovimentopunktemsidoquestionadoháumbomtempoetaxadocomoimprodutivo,
mas novos registros tem deixado evidente que a produção não parou, enquanto as ideias ainda vivem além das divergências e limitações. O pro-
testosefazpresenteemtodasasfaixasdademo-ensaiodoBanquetedosVermes,cujaamensagem,expostadeformaagressiva,seencontracom
o caos sonoro declarado por ZK nos vocais, David na batera e Dan na guitarra.Abanda tem participado de gigs agitadas pelo movimento punk e
anarquistaeproduziuesseregistrodeformaindependentedentrodoselodosprópriosintegrantes,o“ÉPesoDistro”,eaartedacapafoifeitapela
amigadoscaras,LuanaSilva. Alémdesonsautoraisoscarasaindamandamumaversãocaóticadopoema“DeusVerme”,deAugustodosAnjos.
Segundo os caras, o contato para conseguir o material é através da Caixa Postal 4028 CEP: 58041-974 João Pessoa-PB - Bostazil – Mundo. I.N.
KARNE KRUA – BEM VINDOS AO FIM DO MUNDO LP 2015 (SE) A capa é belíssima - obra de Alexandre Gandhi, o guitarrista. Nela,
num círculo em que o centro é a morte, gravitam os males do mundo. A bolacha começa de sopetão, numa vibe “tudo ao mesmo tempo agora”,
com “Horrores Humanos”: curtinha, simples e direta, perfeita como faixa de abertura. Na sequência, “Por Enquanto sem Coisas Belas” - e aí
já nos deparamos com outra característica marcante da Karne Krua: a construção coletiva. Letra e música de Alexandre Gandhi. Fica evidente
o entrosamento dos músicos e a qualidade da gravação. Gravado nos estúdios Rikeza e mixado e masterizado por Alex Prado, com o auxílio
da própria banda. A faixa-título é uma pequena obra-prima! Tem uma estrutura muito bem pensada, com a letra perfeitamente encaixada na
melodia, nos levando por um cenário apocalíptico com imagens aterrorizantes. De bônus, três regravações de músicas de fases distintas da
banda. Com esse LP, a Karne Krua fecha um ciclo, voltando às origens com um som cru, curto e grosso, registrado nos bons e velhos sulcos
negros de um vinil. Tem muita história pra contar e está pronta para o futuro. Há 30 anos na estrada, parece estar apenas começando... A.K.
El Mariachi
99 NOIZAGAIN – DUST ROCK EP CD-R 2014 (PR) Os EPs sempre significam uma grande surpresa, especialmente quan-
do se trata de um Power trio. Os caras fazem um som a la Motörhead, misturando com hardcore e com solos bem ao estilo psycho-
billy. Esta fórmula é matadora, sem dúvidas! O CD está muito bem gravado, pesado e raivoso. A produção da embalagem é o famoso di-
gipack, só que o CD merecia ser prensado. A formação conta com o Mutante Cox (baixo/vocal), Emiliano Ramires (bateria) e David Ernst
(guitarra/vocal), todos eles veteranos da cena da cidade celeiro do psychobr - Curitiba. Todas as músicas são ótimas. As que mere-
cem destaque, principalmente, são: Ayuaska (instrumental), Nine Nine e Dry-Snow, uma verdadeira paulada nos ovos de Elvis Presley. B.L.
MAD OLD LADY – POWER OF WARRIOR CD 2014 (SP) No Brasil, a produção das bandas de heavy metal cresceu mui-
to. O Mad Old Lady faz um heavy metal tradicional mesclado com Power metal. Essa mistura lembra bandas como Running Wild
e Gravedigger. A cozinha é muito bem executada, e os solos estão muito bem encaixados, na medida certa, sem exageros. O baixo
é pesado e harmônico, enquanto a bateria é cadenciada e certeira. O vocal é bem grave, o que dá um diferencial ao som da banda. A for-
mação conta com Eduardo Perras (vocal), Fernando Giovannetti (baixo), Rafael Agostinho (teclados) e Guga Bento (bateria). O
formato do CD é digipack, bem legal, só faltaram as letras. Destaque para: Viking Soul, Too Blind to See, Far Away e Somenone. B.L.
MICROFONIA4
Fahrenheit 451
Atrás da Porta Verde
Zombie Nights
direção - John Gulager
elenco- Antony Michael Hall,
Daryl Hannah, Alan Huck
(2014)
Imagine uma condessa insatisfeita e um conde
que só pensa em pular a cerca. Esse é o enredo
dessa bagaça. A produção é muita boa. As toma-
das foram feitas em alguns castelos. Destaque para
Luana Borgia, que é a condessa, pois, ao flagrar o
conde com a empregada, não aguenta e começa
a se tocar, enlouquecidamente. Depois, ao voltar
para o castelo, Luana é incumbida de escolher a
nova cozinheira. Ao lembrar as cenas que tinha
visto do conde tran-sando com a empregada e com
a cozinheira, que é uma tremenda gata, não pen-
sa duas vezes e dá um verdadeiro banho de gato
na garota. Pela manhã, a condensa tem uma sur-
presa: o conde insinua transar com a enfermeira
e com ela, por se encontrar muito adoentado. A
princípio, ela não aceita, mas, quando a enfer-
meira tira a roupa, a condessa não aguenta e cai
de boca. O filme termina, como diz meu amigo
Mano, o corno levando cangalha, pois o médico,
que foi visitar o conde, acaba transando com a
condessa. E o conde observando a cena. B.L.
A vida na metrópole denuncia: Metamorfose in-
completa. Asa de Lagarta transborda como asa de
borboleta, pois a vontade é de ser liberto. “Prisão
não é escola” – “janelas,se abertas/propõem-se
como saídas: salto e ornamento o ar. No início,
as palavras vão para a estrada, para as lembran-
ças de quando criança – a alegria de sentir a força
do vento empurrar a mão aberta (meu nome é asa
de borboleta/que se prendeu/a uma fissura da tua
lembrança). Insistência de nadar contra a maré.
Muitos esquecem como é prazerosa a alegria de
criança, que, mesmo sem “asas”, sentem-se li-
bertas. Até que, aos poucos, lhes são incorporados
os dogmas, limites, obrigações e cobranças. E a
alegria se perde em meio a tantos padrões exigi-
dos, que têm que ser alcançados a todo custo, pois
existe uma probabilidade imensa de ser taxado
como looser. Manter a espontaneidade em meio ao
mar de concreto é impossível. O que fazer? Fugir,
voar: Prédios/Prédios/cada elemento da cidade/in-
terpreta o querer fugir aos nossos olhos. No final, o
corte e a constatação da inevitável realidade: lança
a moda das flores mortas/artigos de decoração/
tudo que podia ter sido: borboletas só asas! O.C.
La Condessa
& I’ortanella
Direção de
Nicholas
Moore.
Com Luana
Borgia, Nik-
ky Blond,
Cristoph
Clark
(2001)
Filme feito para TV tem sempre aquela dúvida: se
a coisa vai ser boa ou se vai ser trash. Aqui é trash
explícito. Apesar de que, atualmente, a TV tem séri-
es que estão pau a pau com o cinema em termos de
produção, elenco, figurino, locação, mas isso já é
outra conversa. John Gulager já está familiarizado
com esse tipo de produção, vide as direções de Feast,
Feast II, Feast III, Piranha II. O cara sabe desleixar
uma produção e, em Zombie Nights, extrapola o
máximo no quesito “zueira”. O começo do filme é
bacana, segura o expectador, a exemplo dos mortos
saindo da tumba, coisa que só foi vista no clipe do
Michael Jackson (Thriller), dirigido pelo espetacular
John Landis. Mas a coisa se perde, igual a cego em
tiroteio. Felizmente, você quer ver aonde isso vai dar,
até porque existe uma sereia em nossa vida! Falo da
loirona Daryl Hannah fazendo dupla com aquele me-
nino (menino?) do clube dos cinco, Antony Michael
Hall, que atuam como a obra pede, piloto-automáti-
co. JáAlan Huck é uma caso à parte: mesmo interpre-
tando um padre, um cangaceiro ou um sujeito com
uma doença degenerativa, ele sempre será o amigo
do Matthew Broderick em Curtindo a Vida Adoida-
do, clássico da sessão da tarde – aqui, ele faz o papel
de um pai de família tentando sobreviver à epidemia,
só falta aparecer uma Ferrari, e ele gritar: “É o carro
do meu pai”. O desenrolar da história é a sobrevivên-
cia numa pequena cidade americana. Aqui o elenco
tem que se esconder por uma noite, pois, ao raiar do
sol, os zumbis morrerão (pera, pera, pera...isso não é
regra de vampiro?). Ah! É obra de TV, Mr. Gulager
faz questão de nos lembrar isso. Fica a dica. A.S.
Asa de Lagarta
Vanessa
Reis
Patuá
Editora
2014
92p. 12x18cm.
R$20,00.
Zumbilândia
PATROCÍNIO
Alta Fidelidade
Cerca de 85% de minha coleção é de material refe-
rente ao Punk/Hardcore. Os outros 15% dos discos
se dividem entre Black/Death Metal anos 80 e al-
guns outros estilos que eu realmente gosto. Tudo
que tenho eu ouço e gosto; se não gosto; eu troco
ou vendo. Simples assim! Mas não sou daqueles
caras psicopatas por certas questões, tipo prensa-
gem original ou reprensagem. Tenho muita coisa
original da época do lançamento com valores sen-
timentais e financeiros realmente gigantes. Mas
a coisa é mais ou menos assim: vi determinado
disco original por R$ 500,00 e uma reprensagem
caprichada e que não seja um bootleg de merda por
R$ 80,00: não pensarei duas vezes e levarei a se-
gunda opção. Mas deixo claro que, se a prensagem
original estiver num valor humanamente viável, eu
irei pegá-la sem dúvidas. Exemplo: anos atrás, eu
me deparei com uma cópia original do single “Who
the fuck are you?”, do Pandemonium. Na época, já
era muito raro e peguei por um valor que hoje não
paga um single lançado essa semana! Essa sorte, às
vezes, rola, e você só precisa estar no lugar certo e
na hora certa! E há vários lugares certos pra pegar
material Punk/Hardcore com um preço justo, mas
um deles tem lugar cativo em meu coração e se
chama Real Deal, localizada em Berlin, no bairro
de Kreuzberg, na rua Gneisenaustr, nº 60. Já es-
tive em muitas lojas, mas nenhuma se compara à
icônica Real Deal. Lá você encontra tudo voltado
exclusivamente pra essência Punk, desde livros,
zines, camisas, fitas K7, CDs e, lógico, muitos vi-
nis. Lá se leva muito a sério o lema: MORE THAN
MUSIC! O simpático dono da loja, Helmut, me
explicou que ele começou com a loja com o único
intuito de poder espalha ideias culturais, de pro-
testo, arte e de ideologia anarquista. Em nenhum
momento, passou pela cabeça dele ficar rico com o
negócio, e isso fica nítido quando se entra na loja.
Há discos novos e raridades de segunda mão, mas
tudo com preços cabíveis. Encontrei muita coisa
que provavelmente só encontraria naquela ocasião
ou pagaria uma fortuna em outro lugar. Destaque
especial para um duplo fuderoso com toda a disco-
grafia do maravilhoso Hostages of Ayatollah. Um
achado! Outra coisa muito legal foi ver in loco o
interesse da loja em adquirir material do meu selo.
Pegaram várias cópias de um único LP que eram
as únicas que eu tinha na ocasião. Isso foi o máxi-
mo, pois deu pra ver como a loja dá real suporte e
valorizam selos independentes. Antes de sair fora,
fui presenteado com zines, posters, adesivos e um
bom desconto no valor total do que comprei! Fica
aí a dica. Se um dia estiver por aquelas bandas, não
deixe de visitar a Real Deal, que funciona de terça-
feira a sábado após 14h. É diversão garantida! E,
pra muito lojista, a dica é ter humildade e tentar
ser um pouco menos ganancioso, sacou? F.N.C.

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  • 1. MÚSICA .FILME .HQ .SHOWAno 4 nº 25 João Pessoa, maio 2015 Distribuiçãogratuita Que Curitiba é o maior celeiro de psychobilly do Brasil, isso todos sabem. O DNA deixado pelos Catalépticos foi forte o bastante para segurar novas gerações de bandas que perpetuam até hoje. Sem falar nos números de festi- vais relacionados com o estilo. Falando em novas gerações o Microfonia teve acesso ao Psycho Carnival e viu in loco como a coisa anda atualmente na cidade curitibana. Aqui conversamos com uma das bandas que dão con- tinuidade a esse estilo, tocando em todas as quebradas e preste a lançar seu debut. Com vocês: Skullbillies! Márcio – Eu sou o mais novo em instrumento, só tem uns dois anos que toco. A minha primeira banda foi essa de surf music, então, posso dizer que Skullbillies é a minha segunda banda. Na ver- dade, eu sempre quis tocar baixo e acabou não acontecendo porque tinha o fato dos meus pais não gostarem. Daí fui pegando idade e pensei: ou eu faço isso agora ou nunca mais vou fazer. Comprei o baixo e comecei a aprender sozinho e tamo aí. Guilherme – Pra nós, a entrada do Márcio já era es- perada porque o Rocker fazia as músicas e, quando passava pra gente, nas nossas cabeças, já tinha o reg reg reg (risos). Já tava formatado o baixolão. Ele foi vislumbrado desde o primeiro momento. Quando ele chegou com o rabecão, falamos: pronto, é da banda! Tá feito, vai ficar aqui! Se não gostou, vai deixar o rabeco, pelo menos (risos). Foi uma fase de uns dois meses de adaptação, porque muda a formatação da música. É outra coisa encaixar as linhas da guitarra, vocal e bateria, principalmente, com o que o rabecão faz. Ele tem duas batidas, soa o acorde e faz o slap. No caso, as músicas estavam prontas, mas tiveram que ser remodeladas pra se adaptar ao rabecão. Márcio – Estamos tocando juntos, nessa formação só tem uns seis meses. Então, é muito nova, ainda. Rocker – Márcio agregou bastante ao som. Teve que mudar muito para adequar o que já se fazia. Agora está bem rápido, an- tes era mais “soladinho”. Melhorou bastante! Vocês fazem parte da segunda geração do psycho de Curitiba? Guilherme – Nós somos a segunda geração. Teve uma geração a mais, que acaba sendo uma parte só. Tem a CBWBillies, que é uma banda do caralho, que tá to- cando aí, que começou nos meados dos anos 2000, mas foram só eles. Começou por aqui em 1984 com os Cervejas, depois Catalépticos, e aquela avalanche de bandas tradicionais que temos aqui, como Krápu- las, etc. e depois veio Ovos Presley. Até 2010, ficou só o Ovos Presley tocando, mantendo a cena mesmo, sabe? Catalépticos acabou, Sick Sick Sinners tocando bastante fora do país, Diabatz tocando fora também. Então, quem manteve a cena durante uns cinco anos foi o Ovos Presley. Tínhamos um bar aqui chamado Porão do Rock, que começou a abrir espaço pros psy- chobilly, então, todo domingo tinha a banda CW- Billies, que era a banda fixa e tinha mais uma convida- da. Ficou um ano e meio com essa programação, e isso fez com que a cena se movimentasse novamente. Em 2013, começaram a surgir as bandas novas, e é dessa nova onda que nós fazemos parte, aqui em Curitiba. O Zabilly também é dessa geração? Guilherme – Sim. E estamos em estúdio gravando Como foi o início da Skullbillies? Guilherme – Começou com o Rocker. Ele foi o mentor da banda. Ele pode falar do começo até o momento em que me convidou para entrar na banda. Rocker – Conheci o Diego pela internet e desco- bri que ele gostava de psychobilly. Eu sempre gostei, mas nunca achava ninguém pra mon- tar uma banda. Começamos em 2013. Tentamos com um monte de gente, até achar o Guilherme. Guilherme – Quando entrei, eles estavam no estúdio, tentando formatar a banda. Entrei no final de 2014 e tínhamos um outro baixista, Alexandre, que tocava baixo elétrico, então, puxava um pouco pro lado do punk. A nossa vertente é psychobilly, porém, com o baixo elétrico, a gente perdia um pouco da identi- dade. E foi aí que começou a história do Márcio na banda. A nossa intenção era realmente colocar um rabeco, que é a alma. Para você ter uma banda de psychobilly, é quase que necessário ter um rabecão. Foi quando achamos o Márcio, em agosto de 2014. Márcio – Na verdade, eu tocava numa ban- da de suf music com o Rocker. Tocava baixo acústico. Quando o baixista saiu, eu meio que me voluntariei para fazer um teste. Você já tocava em outra banda? Skullbillies - Psychobilly maloqueiro Foto:DyegoMartins
  • 2. MICROFONIA2 EXPEDIENTE Editores: Adriano Stevenson (DRT - 3401) Olga Costa (DRT - 60/85) Colaboradores: Beto L./Fred N.C./Igor Nicotina/ Adelvan Kenobi Fotos/Editoração:Olga Costa Ilustração:Josival Fonseca Revisão: Juliene Paiva Osias E-mail:jornalmicrofonia@gmail.com Facebook.com/jornalmicrofonia Twitter:@jmicrofonia Tiragem:5.000 exemplares Todos os textos dos nossos colaboradores são as- sinados e não necessariamente refletem a opinião da redação. músicas para uma coletânea de psychobilly com cinco bandas que surgiram recentemente. Uma nova escola de psychobilly baseada na antiga, totalmente, mas com uma formatação nova, agregando a cena, sendo bem recebido pelo pessoal mais antigo, porque, na realidade, somos todos amigos. A gente quer fazer um som pra todo mundo ouvir, não só o pessoal do psychobilly, também rockabilly, punk. A música é livre, quem quiser ouvir vai ouvir nosso som! O Psycho Carnival tem dezesseis anos. Você fa- lou num hiato que foi mantido pelo Ovos Presley. Comorolavaofestivalsemarenovaçãodebandas? Guilherme - O Psycho Carnival sempre rolou. Nunca foi afetado por isso. O PC sempre trouxe bastante bandas de fora. Depois da quinta edição do festival, já era referência para o pessoal da Europa, dos Estados Unidos, México, Chile. Hoje em dia, o pessoal quase briga pra ver quem vai vir porque é um celeiro. A gente tem uma troca de informação com o pessoal de fora, aqui do Brasil, de outros es- tados e países. Então, o PC nunca foi afetado, nem o Psychobilly Fest que rola em novembro, porém, durante o resto do ano, não tinha nada acontecendo. Márcio – Creio que, até 2006, tinha um show no final de semana com banda de psychobilly, e isso foi escasseando, até chegar ao ponto de não existir mais nenhum show de psycho na cidade, exceto o Psycho Carnival, que acontece durante o carnaval. E essa segunda onda tá vindo com bandas novas. Rocker – As cenas nas outras cidades estavam acontecendo em Minas, São Paulo, Londrina. Guilherme – O bom do surgimento do Skull, Zabilly, Diabo Cabron, B. Booms, Tampa do Caixão, que é de Joinville, é que só vem para au- mentar o movimento dos shows. É a renovação! O que foi que levou vocês para o psychobilly? Rocker–Eutocavanumabandademetalquandocha- meioDiego,mas,conversandosobreasbandasdeque gostava, acabei falando, meio do nada, que gostava de psychobilly, e ele também gostava. Foi meio que sem querer, mesmo!Aintenção no começo era tocar metal. E vocês, de onde vieram? Guilherme – O Márcio é o nosso psychobilly man! Eu já tive duas bandas antes de punk rock, mas, aqui em Curitiba, o movimento punk anda junto com o psychobilly. A gente frequenta os mesmos bares, vai aos mesmos lugares. Os Catalépticos, Ovos Pres- ley e Sick Sick Sinners fazem um som que a gente chama de punkabilly, que foge do psychobilly clás- sico e vai para uma linha mais pesada, até nas le- tras, mistura o punk aí, porque falam da sociedade. A nossa banda tem umas letras bem fortes, elas têm uma ironia, a gente não fala só de zumbis, falamos da sociedade e do que está acontecendo. Rótulo não é muito legal, mas é pra gente entender essas diferenças. Eles fazem a linha powerpsycho, que é o psychobilly rápido, sujo e pesado, e nós segui- mos essa linha, também. Como esse som sempre atraiu muito os punks, a gente sempre andou junto. Márcio – Na verdade, a gente foge do psychobilly clássico e mistura um pouco por conta da influên- cia de cada um. O Guilherme vem do punk, Rocker do metal, Diego tocou em banda de rock clássico, e eu venho do Psychobilly. Desde a primeira vez em que ouvi, fiquei meio doido, não entendia de onde vinha aquele monte de “slapeira”! Depois é que fui entender que era o baixo que fazia aquilo. Você usa esparadrapo nos dedos da mão direita... Márcio – Sim, porque faz bolhas nos dedos! Guilherme – O rabecão é quase um instru- mento percussivo. Você bate na corda, puxa, solta, volta, bate de volta na madeira, faz o slap, tudo isso numa velocidade incrível. Vocês ainda não lançaram nenhum mate- rial físico com o trabalho da banda. Vocês têm preferência por algum formato? Márcio – A gente tem uma demo, mas estamos lan- çando o material oficial na coletânea que vai sair. Serão cinco bandas, e cada banda com três músicas. Guilherme – Tudo aconteceu muito rápido. Fomos aceitos pelo público em geral muito rápido, caímos no gosto dos motos clubes daqui de Curitiba e boa parte do sul do Brasil. Tocamos no Moto Clube em Join- ville,tocamosemtrêsdaquievamostocarnovamente. Você vão lançar o CD e, futuramente, com qual formato você pretendem trabalhar? Márcio – Acho que o negócio do CD é mais para divulgação porque é legal ter um material de quali- dade gravado em estúdio, mas a gente vai colo- car em MP3 grátis na internet para baixar e curtir. Guilherme – Até porque a internet nos possi- bilitou ter seguidores no México, Chile... tem uma rádio em Nova Iorque que já pediu nosso mate- rial, então, se não fosse a internet, não teríamos a metade do público que já temos hoje, e um pú- blico internacional. No México, por exemplo, te- mos bastante seguidores. Lá, o pessoal posta nos- sas músicas, troca ideias pelo Facebook, temos um feedback bacana. A internet é a nossa melhor arma. Como estava falando antes, tudo aconteceu muito rápido. Achamos que levaria um ano para o público nos aceitar, e, durante esse tempo, a gente trabalharia uma 10 ou 15 músicas. No segundo ano, a gente en- traria com o material: camiseta, patch, bottons e o CD, que é o que mais nos cobram. Como tudo aconteceu muito rápido, não deu tempo de parar e gravar o CD. Temos oito músicas gravadas disponíveis na internet, no soundcloud ou no site da banda skullbillies.com. Vocês têm material suficiente para gravar um ál- bum? Guilherme – Sim. Hoje temos 47 minutos de re- pertório que daria para fazer um CD tranquilamente. O que acontecia em Curitiba, no car- naval, antes do Psycho Carnival? Guilherme – De rock, tinha lá em Boqueirão, que, an- tigamente,era360GrausehojePlanetaIbiza,quetinha a Sexta-feira Rock, mas era algo virado para o metal. Márcio – Em 1994, tinha uma cena HC muito forte com bandas locais como Je- sus Control, Pogoball, A Mal Encarada... EDITORIAL Quando pequeno, nunca entendi a frase: “A volta dos que não foram”. Hoje, com a edição 25, essa frase cabe como uma luva! Nós nunca fomos, no entanto, voltamos com tudo, em 2015. Entrevistão com o Skull- billies, banda curitibana da nova safra de psycho. Você descobre, também, que toda a antiga Sessão da Tarde está virando zumbi, no Zumbilândia. Igor Nicotina e Beto Luxúria mandam bala no El Mariachi, sem falar que Beto continua se especializando no Atrás da Porta Verde. A volta do Fahrenheit 451, com a metamorfose das palavras de Vanessa Reis, de Adelvan Kenobi, com o mais novo trabalho da Karne Krua, e Fred dissecando uma loja de discos, na Alemanha. Como diz a letra de Rockixe de Raul, “Eu tô tão lindo/ porém bem mais perigoso/aprendi a ficar quieto/e começar tudo de novo”! É noise! Guilherme – Tinha um festival mais hardcore, punk, era outra vertente, mas sempre teve uma fuga pra gente aqui, e o desfile das escolas de samba de Curitiba (risos), que ninguém nunca viu! Além do gosto pela sonoridade do es- tilo Psycho, vocês capricham no visual... Márcio – O psychobilly não é só um estilo musical, é uma cultura também e envolve várias outras coisas, como pin ups, carros antigos, tatuagem, costumização de moto, deixando de ser apenas um estilo musical e passando a ser um estilo de vida... Vocês incorporaram isso ao cotidiano de vocês? Guilherme – Eu sempre usei o topete, sempre me vesti dessa forma. O Márcio tem uma gara- gem que é uma oficina, costumiza carros. Ou você é do psychobilly ou você está na cena só para ouvir a música. Você tem que viver mesmo! Foto:OlgaCosta
  • 3. MICROFONIA 3 Enquanto isso, fora da redação... PENSAMENTO OBTUSO - A GENTE ERA FELIZ E SABIA CD-R 2014 (PB) Nostalgia é algo presente em todas as músicas do Pen- samento Obtuso, inclusive na quantidade de pequenas empresas, geralmente de amigos da banda que dão aquela força no orçamento da produção do disco. Algo muito comum entre algumas bandas saídas do underground na década de 80 e 90. Esse é a forte característica das bandas formadas por amigos de bairro e que fazem transparecer na faixa título que abre o album: A Gente era Feliz e Sabia. A formação conta com sete integrantes: Wendel, Clodo e Alexandre os responsavéis pelos vocais, enquanto Dannyllo e Jaildo cuidam das guitarras. Giu e Beto ficam respectivamente com baixo e bateria. As faixas de destaque são: Incógnita e Nada pra Fazer em que o lado pop dá lugar ao lado mais punk rock dos caras. Para entrar em contato tem o número (83)8882 1468 e o email pensamentoobtuso@hotmail.com. I.N. BANQUETEDOSVERMES-S/TCD-R2015(PB)-Omovimentopunktemsidoquestionadoháumbomtempoetaxadocomoimprodutivo, mas novos registros tem deixado evidente que a produção não parou, enquanto as ideias ainda vivem além das divergências e limitações. O pro- testosefazpresenteemtodasasfaixasdademo-ensaiodoBanquetedosVermes,cujaamensagem,expostadeformaagressiva,seencontracom o caos sonoro declarado por ZK nos vocais, David na batera e Dan na guitarra.Abanda tem participado de gigs agitadas pelo movimento punk e anarquistaeproduziuesseregistrodeformaindependentedentrodoselodosprópriosintegrantes,o“ÉPesoDistro”,eaartedacapafoifeitapela amigadoscaras,LuanaSilva. Alémdesonsautoraisoscarasaindamandamumaversãocaóticadopoema“DeusVerme”,deAugustodosAnjos. Segundo os caras, o contato para conseguir o material é através da Caixa Postal 4028 CEP: 58041-974 João Pessoa-PB - Bostazil – Mundo. I.N. KARNE KRUA – BEM VINDOS AO FIM DO MUNDO LP 2015 (SE) A capa é belíssima - obra de Alexandre Gandhi, o guitarrista. Nela, num círculo em que o centro é a morte, gravitam os males do mundo. A bolacha começa de sopetão, numa vibe “tudo ao mesmo tempo agora”, com “Horrores Humanos”: curtinha, simples e direta, perfeita como faixa de abertura. Na sequência, “Por Enquanto sem Coisas Belas” - e aí já nos deparamos com outra característica marcante da Karne Krua: a construção coletiva. Letra e música de Alexandre Gandhi. Fica evidente o entrosamento dos músicos e a qualidade da gravação. Gravado nos estúdios Rikeza e mixado e masterizado por Alex Prado, com o auxílio da própria banda. A faixa-título é uma pequena obra-prima! Tem uma estrutura muito bem pensada, com a letra perfeitamente encaixada na melodia, nos levando por um cenário apocalíptico com imagens aterrorizantes. De bônus, três regravações de músicas de fases distintas da banda. Com esse LP, a Karne Krua fecha um ciclo, voltando às origens com um som cru, curto e grosso, registrado nos bons e velhos sulcos negros de um vinil. Tem muita história pra contar e está pronta para o futuro. Há 30 anos na estrada, parece estar apenas começando... A.K. El Mariachi 99 NOIZAGAIN – DUST ROCK EP CD-R 2014 (PR) Os EPs sempre significam uma grande surpresa, especialmente quan- do se trata de um Power trio. Os caras fazem um som a la Motörhead, misturando com hardcore e com solos bem ao estilo psycho- billy. Esta fórmula é matadora, sem dúvidas! O CD está muito bem gravado, pesado e raivoso. A produção da embalagem é o famoso di- gipack, só que o CD merecia ser prensado. A formação conta com o Mutante Cox (baixo/vocal), Emiliano Ramires (bateria) e David Ernst (guitarra/vocal), todos eles veteranos da cena da cidade celeiro do psychobr - Curitiba. Todas as músicas são ótimas. As que mere- cem destaque, principalmente, são: Ayuaska (instrumental), Nine Nine e Dry-Snow, uma verdadeira paulada nos ovos de Elvis Presley. B.L. MAD OLD LADY – POWER OF WARRIOR CD 2014 (SP) No Brasil, a produção das bandas de heavy metal cresceu mui- to. O Mad Old Lady faz um heavy metal tradicional mesclado com Power metal. Essa mistura lembra bandas como Running Wild e Gravedigger. A cozinha é muito bem executada, e os solos estão muito bem encaixados, na medida certa, sem exageros. O baixo é pesado e harmônico, enquanto a bateria é cadenciada e certeira. O vocal é bem grave, o que dá um diferencial ao som da banda. A for- mação conta com Eduardo Perras (vocal), Fernando Giovannetti (baixo), Rafael Agostinho (teclados) e Guga Bento (bateria). O formato do CD é digipack, bem legal, só faltaram as letras. Destaque para: Viking Soul, Too Blind to See, Far Away e Somenone. B.L.
  • 4. MICROFONIA4 Fahrenheit 451 Atrás da Porta Verde Zombie Nights direção - John Gulager elenco- Antony Michael Hall, Daryl Hannah, Alan Huck (2014) Imagine uma condessa insatisfeita e um conde que só pensa em pular a cerca. Esse é o enredo dessa bagaça. A produção é muita boa. As toma- das foram feitas em alguns castelos. Destaque para Luana Borgia, que é a condessa, pois, ao flagrar o conde com a empregada, não aguenta e começa a se tocar, enlouquecidamente. Depois, ao voltar para o castelo, Luana é incumbida de escolher a nova cozinheira. Ao lembrar as cenas que tinha visto do conde tran-sando com a empregada e com a cozinheira, que é uma tremenda gata, não pen- sa duas vezes e dá um verdadeiro banho de gato na garota. Pela manhã, a condensa tem uma sur- presa: o conde insinua transar com a enfermeira e com ela, por se encontrar muito adoentado. A princípio, ela não aceita, mas, quando a enfer- meira tira a roupa, a condessa não aguenta e cai de boca. O filme termina, como diz meu amigo Mano, o corno levando cangalha, pois o médico, que foi visitar o conde, acaba transando com a condessa. E o conde observando a cena. B.L. A vida na metrópole denuncia: Metamorfose in- completa. Asa de Lagarta transborda como asa de borboleta, pois a vontade é de ser liberto. “Prisão não é escola” – “janelas,se abertas/propõem-se como saídas: salto e ornamento o ar. No início, as palavras vão para a estrada, para as lembran- ças de quando criança – a alegria de sentir a força do vento empurrar a mão aberta (meu nome é asa de borboleta/que se prendeu/a uma fissura da tua lembrança). Insistência de nadar contra a maré. Muitos esquecem como é prazerosa a alegria de criança, que, mesmo sem “asas”, sentem-se li- bertas. Até que, aos poucos, lhes são incorporados os dogmas, limites, obrigações e cobranças. E a alegria se perde em meio a tantos padrões exigi- dos, que têm que ser alcançados a todo custo, pois existe uma probabilidade imensa de ser taxado como looser. Manter a espontaneidade em meio ao mar de concreto é impossível. O que fazer? Fugir, voar: Prédios/Prédios/cada elemento da cidade/in- terpreta o querer fugir aos nossos olhos. No final, o corte e a constatação da inevitável realidade: lança a moda das flores mortas/artigos de decoração/ tudo que podia ter sido: borboletas só asas! O.C. La Condessa & I’ortanella Direção de Nicholas Moore. Com Luana Borgia, Nik- ky Blond, Cristoph Clark (2001) Filme feito para TV tem sempre aquela dúvida: se a coisa vai ser boa ou se vai ser trash. Aqui é trash explícito. Apesar de que, atualmente, a TV tem séri- es que estão pau a pau com o cinema em termos de produção, elenco, figurino, locação, mas isso já é outra conversa. John Gulager já está familiarizado com esse tipo de produção, vide as direções de Feast, Feast II, Feast III, Piranha II. O cara sabe desleixar uma produção e, em Zombie Nights, extrapola o máximo no quesito “zueira”. O começo do filme é bacana, segura o expectador, a exemplo dos mortos saindo da tumba, coisa que só foi vista no clipe do Michael Jackson (Thriller), dirigido pelo espetacular John Landis. Mas a coisa se perde, igual a cego em tiroteio. Felizmente, você quer ver aonde isso vai dar, até porque existe uma sereia em nossa vida! Falo da loirona Daryl Hannah fazendo dupla com aquele me- nino (menino?) do clube dos cinco, Antony Michael Hall, que atuam como a obra pede, piloto-automáti- co. JáAlan Huck é uma caso à parte: mesmo interpre- tando um padre, um cangaceiro ou um sujeito com uma doença degenerativa, ele sempre será o amigo do Matthew Broderick em Curtindo a Vida Adoida- do, clássico da sessão da tarde – aqui, ele faz o papel de um pai de família tentando sobreviver à epidemia, só falta aparecer uma Ferrari, e ele gritar: “É o carro do meu pai”. O desenrolar da história é a sobrevivên- cia numa pequena cidade americana. Aqui o elenco tem que se esconder por uma noite, pois, ao raiar do sol, os zumbis morrerão (pera, pera, pera...isso não é regra de vampiro?). Ah! É obra de TV, Mr. Gulager faz questão de nos lembrar isso. Fica a dica. A.S. Asa de Lagarta Vanessa Reis Patuá Editora 2014 92p. 12x18cm. R$20,00. Zumbilândia PATROCÍNIO Alta Fidelidade Cerca de 85% de minha coleção é de material refe- rente ao Punk/Hardcore. Os outros 15% dos discos se dividem entre Black/Death Metal anos 80 e al- guns outros estilos que eu realmente gosto. Tudo que tenho eu ouço e gosto; se não gosto; eu troco ou vendo. Simples assim! Mas não sou daqueles caras psicopatas por certas questões, tipo prensa- gem original ou reprensagem. Tenho muita coisa original da época do lançamento com valores sen- timentais e financeiros realmente gigantes. Mas a coisa é mais ou menos assim: vi determinado disco original por R$ 500,00 e uma reprensagem caprichada e que não seja um bootleg de merda por R$ 80,00: não pensarei duas vezes e levarei a se- gunda opção. Mas deixo claro que, se a prensagem original estiver num valor humanamente viável, eu irei pegá-la sem dúvidas. Exemplo: anos atrás, eu me deparei com uma cópia original do single “Who the fuck are you?”, do Pandemonium. Na época, já era muito raro e peguei por um valor que hoje não paga um single lançado essa semana! Essa sorte, às vezes, rola, e você só precisa estar no lugar certo e na hora certa! E há vários lugares certos pra pegar material Punk/Hardcore com um preço justo, mas um deles tem lugar cativo em meu coração e se chama Real Deal, localizada em Berlin, no bairro de Kreuzberg, na rua Gneisenaustr, nº 60. Já es- tive em muitas lojas, mas nenhuma se compara à icônica Real Deal. Lá você encontra tudo voltado exclusivamente pra essência Punk, desde livros, zines, camisas, fitas K7, CDs e, lógico, muitos vi- nis. Lá se leva muito a sério o lema: MORE THAN MUSIC! O simpático dono da loja, Helmut, me explicou que ele começou com a loja com o único intuito de poder espalha ideias culturais, de pro- testo, arte e de ideologia anarquista. Em nenhum momento, passou pela cabeça dele ficar rico com o negócio, e isso fica nítido quando se entra na loja. Há discos novos e raridades de segunda mão, mas tudo com preços cabíveis. Encontrei muita coisa que provavelmente só encontraria naquela ocasião ou pagaria uma fortuna em outro lugar. Destaque especial para um duplo fuderoso com toda a disco- grafia do maravilhoso Hostages of Ayatollah. Um achado! Outra coisa muito legal foi ver in loco o interesse da loja em adquirir material do meu selo. Pegaram várias cópias de um único LP que eram as únicas que eu tinha na ocasião. Isso foi o máxi- mo, pois deu pra ver como a loja dá real suporte e valorizam selos independentes. Antes de sair fora, fui presenteado com zines, posters, adesivos e um bom desconto no valor total do que comprei! Fica aí a dica. Se um dia estiver por aquelas bandas, não deixe de visitar a Real Deal, que funciona de terça- feira a sábado após 14h. É diversão garantida! E, pra muito lojista, a dica é ter humildade e tentar ser um pouco menos ganancioso, sacou? F.N.C.