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MÚSICA .FILME .HQ .SHOWAno 4 nº 18 João Pessoa, janeiro 2014
Distribuiçãogratuita
Madness Factory - Seguindo a Loucura
Inúmeras são as razões para se fazer uma banda de rock: afinidade, amizade, nada pra fazer, ego, musicalidade, dro-
gas, sexo e por aí vai. No caso do Madness Factory, o gatilho foi o Heavy Metal. Boca (voz/baixo), Vannucci (guitarra), Di-
ego Nóbrega (guitarra) e Jorge Augusto (bateria) se enclausuraram e fizeram o seu segundo trabalho lançado pelo selo Mi-
crofonia. Com o amadurecimento natural, os mesmos discorrem sobre o flerte com o rock’n’roll e hardcore e que cantar em
português num estilo onde reina o idioma inglês é mais confortável. Agora, você pode conferir tudo isso na entrevista a seguir.
Foto:OlgaCosta
Depois do primeiro álbum lançado em 2010, só a-
gora, depois de três anos, chega o Follow The Mad-
ness. Quais as impressões deste segundo trabalho?
Diego – É o álbum mais sincero e espontâneo. As
músicas deste CD foram feitas com bastante cautela,
se aproximam do que a gente queria. Neste disco,
baixamos a afinação das guitarras para Ré, cos-
tumávamos usar em Mi, então, consequentemente
estão mais pesadas. Para quem conhece o primeiro
disco, sentirá uma diferença nas composições, uma
evolução, no estilo de composição das musicas.
Existe uma sonoridade que não tinha no primeiro,
devido às influências que estão mais diversificadas.
A produção de Hansen Pessoa e Vi-
computador e equipamentos básicos para a gravação.
Jorge Augusto – Diego e Hansen captaram da melhor
forma possível as guitarras e o baixo, e depois Vitor
Hugo fez o papel dele de produtor, mixando e mas-
terizando. No final, o resultado foi bem original, sem
ser muito plastificado, algo que vem sendo de praxe,
nesse tipo de som. Ele entendeu nossa mensagem.
Quem escreveu as letras do Follow The Madness?
Boca – A maioria é de Diego. A letra da
última música do disco – The First Song
– é de Cleber. Le Monde Bizarre é minha.
Você tem alguma dificuldade em can-
tar letras que não foram escritas por você?
Boca – Na verdade, a minha maior dificul-
dade era fazer a entonação nas músicas de Cle-
ber, que tive que adaptar todas para o meu vocal.
Jorge Augusto – As músicas tinham
sido feitas por um vocalista que só can-
tava. No caso de Boca, ele toca e canta.
Boca – Esse processo levou um tempo,
até eu me acostumar com as duas funções.
O que lhe atraiu no Madness Factory?
Boca – Eu vinha do Crânio, outra banda de trash
metal, mas eles fazem uma linha de trash de que não
gosto muito e sem muito compromisso. Vi na MF uma
banda organizada, e a sonoridade me agradava mais.
Para vocês, qual a diferen-
ça entre o vocal de Cleber e Boca?
Diego – Na verdade, Cleber continuou tocando com a
gente depois que ele gravou o disco, só que ele pas-
sou num concurso da Petrobrás e foi morar no Rio
de Janeiro. A gente, na verdade, já tinha convidado
Boca para ser o vocalista da banda, ele tocava baixo
e fazia backing vocals. Quando Cleber saiu, Boca já
tocava e daí ele ficou cantando e tocando baixo. E foi
muito positivo. O vocal de Boca em relação ao de Cle-
ber soa mais versátil. Não é uma linha tão diferente,
mas eu acho que Boca consegue umas variações.
Jorge Augusto – Como baixamos a afinação, Boca
se adaptou com mais facilidade nesse processo.
Se fosse Cleber, provavelmente, ele teria mais
dificuldade de se adaptar para um tom mais baixo.
O vocal de Boca acabou caindo como uma luva.
A impressão é que, com a entrada de Boca,
a banda ficou mais coesa. É isso mesmo?
Jorge Augusto – Quando Boca reassumiu
o vocal, a gente percebeu que era o vocal de
que a banda precisava, bem mais dinâmico.
Do primeiro para o segundo tra-
balho, qual a diferença mais gritante?
Jorge Augusto – No primeiro, demos mais ên-
fase às estruturas musicais, à complexidade das
composições. No segundo, a gente prezou mais
pela musicalidade. No primeiro, ficamos muito
presos ao trash metal; no atual; não ficamos atre-
lados ao trash, e está mais pesado que o anterior.
Diego – A afinação usada nesse trabalho é em
tor Hugo acrescentou alguma coisa, se
compararmos com o trabalho anterior?
Diego - Na verdade, a produção toda iria ser minha e
do Hansen e, por motivos pessoais, não foi possível
prosseguir. Acho que o trabalho ficou da maneira que
a gente queria. As bases foram todas captadas na casa
de Hansen, e o trabalho final foi feito por Vitor Hugo,
que evoluiu muito como produtor, tendo ficado mui-
to bom o resultado final, bem a nossa cara mesmo.
Quais instrumentos foram cap-
tados na casa de Hansen?
Diego - As guitarras e o baixo. O vocal foi gravado em
um estúdio no Bessa, e a bateria, no Estúdio Peixeboi.
NacasadeHansen,háumhomeestúdio,umquartocom
MICROFONIA2
EXPEDIENTE
Editores:
Adriano Stevenson (DRT - 3401)
Olga Costa (DRT - 60/85)
Colaboradores: Josival Fonseca/
Beto L./Erivan Silva
Fotos/Editoração:Olga Costa
Ilustração:Josival Fonseca
Revisão: Juliene Paiva Osias
E-mail:jornalmicrofonia@gmail.
com
Facebook.com/jornalmicrofonia
Twitter:@jmicrofonia
Tiragem:5.000 exemplares
Todos os textos dos nossos co-
laboradores são assinados e não
necessariamente refletem a opi-
nião da redação
Ré, e o primeiro foi na afinação padrão em Mi.
Boca–Odiscoestámaisdinâmicoqueoprimeiro.Tem
músicasmuitorápidaseoutrasbemmaiscadenciadas.
Boca, quando você assumiu os vocais, qual foi a
sua preocupação? Tentar levar um pouco do vo-
calista anterior ou pegar uma veia totalmente dife-
rente? Tinha a preocupação de seguir uma linha?
Boca – na verdade, eu ainda estava descobrindo o
que eu ia fazer! Eu nunca tinha cantado e fui testando
e comecei a descobrir junto com a banda qual seria a
melhor forma naquele momento. O que você vai ou-
vir no CD foi definido no estúdio, na gravação final.
Qual o processo de composição de vocês?
Diego – Na verdade, essas músicas já haviam sido
feitas há um bom tempo. Eu escrevo as músicas
no Guitar Pro, passo pros caras e a gente acres-
centa outras coisas no processo natural de ensaios.
Jorge Augusto – Na verdade, 80% é do Diego.
Ele tinha todas as músicas montadas no Gui-
tar Pro, e a gente fez as mudanças necessárias
que são naturais quando se começa a tocar.
Qual foi a música do Follow the
Madness que deu mais trabalho?
Jorge Augusto – A música que mais deu trab-
alho na hora de pôr em prática foi Earthquake.
Diego – É uma das músicas mais trabalhosas de
se tocar ao vivo, pois fico com o braço quase to-
rando porque a palhetada é foda. Essa música eu
fiz com Luiz Humberto, nosso antigo guitarrista. A
primeira parte da música é dele, eu fiz o restante.
Marcelo Holanda (Nailbiter) tocou com vocês
também. Qual a contribuição dele para a banda?
Jorge Augusto – Na verdade, ele mudou a forma
de encaixar as letras nas músicas, fez coisas que a
gente não estava acostumado a trabalhar e, por fazer
parte do punk, trouxe muita coisa diferente, pela
experiência que teve como vocalista em outros pro-
jetos. Uma das mais interessantes foi o encaixe da
letra de Satanic Western, do nosso trabalho anterior.
Diego – Nesse disco, tem uma música chamada Ma-
ligna, um nome de um projeto que tive com Mar-
celo, que durou apenas uma semana! A base dessa
música é do Marcelo, que tem uma forma bem pe-
culiar de compor, algo bem simples, mas de uma
expressividade enorme e que me influenciou muito.
Vocês compõem músicas em português e em in-
glês. Diante disso, sentem alguma diferença?
Boca – No começo, eu achei estranho, não por
ser em português, pois gosto de bandas que can-
tam em português. O problema é construir, ad-
equar a métrica da música, rima, sonoridade – em
inglês, existe a vantagem de se poder contornar
algumas dificuldades que encontramos na nossa
língua. Mas, no final, é mais fácil em português
na hora de cantar porque é a nossa língua e não ex-
iste a preocupação da pronúncia na hora de cantar.
Diego – Eu fiz as letras em português porque meu
inglês é uma merda. Dorsal Atlantica e Ratos de
Porão lançaram discos em português e inglês. A
proposta inicial era fazer o mesmo, mas ficou in-
viável pelo pouco tempo que tínhamos em estúdio.
Vocês já pensaram em fazer um ál-
bum só com letras em português?
Diego – Particularmente, eu acharia interessante.
Essa coisa de cantar em inglês no heavy metal é
muito comum, sacramentada, e não é tão comum ter
uma banda de heavy metal em português. Às vezes, a
gente esquece que é a nossa língua, que tem o domínio
dela e que, por isso, pode fazer muita coisa boa!
Asmúsicasquejáestãocompostasparaumpróximo
trabalho já têm letras em inglês ou em português?
Diego–Eutenhoalgunsrascunhosdeletras,nadamuito
sólido ainda, mas provavelmente serão em português.
Boca – As músicas em português que estão nesse
CD podem servir como termômetro. O público,
aceitando ou não, isso pode a vir influenciar.
Diego – Como é um trabalho que não está muito fo-
cado no trash metal, poderá atrair fã de outros estilos.
Boca–Achoqueopúblicodometalestádesacostuma-
do a ouvir letras em português. Por exemplo, aqui em
João Pessoa, tem o Sodoma, que canta em português,
mas, como o vocal é gutural, disfarça muito a língua.
Das bandas que vocês ouviram no cenário lo-
cal, qual, de certa forma, influenciou vocês?
Diego – Uma das bandas de que mais gostava era
o Medicine Death, inclusive, tenho um projeto com
os caras, chamado Alba Savage. Quando ouvi o
MD pela primeira vez, eu quis fazer algo parecido.
JorgeAugusto – Não sei se teve alguma que me influ-
encioudessamaneira,mas,depoisquecomeceiatocar
e fui conhecendo bandas locais, algumas me chama-
ram a atenção, como Metal Brain, Medicine Death.
Vannucci – Quando eu via o Dead Nomads
tocando no teatro de Arena do Espaço Cul-
tural com aquela roda de pogo gigante, eu
queria fazer um show em que rolasse aquilo.
Boca – Um dos motivos que me influenciou foi
o fato de ver bandas locais tocando músicas au-
torais e a galera indo pros shows e curtindo.
EDITORIAL
Em algum lugar no passado, existia zines
que pipocavam no cenário nordestino,
eram eles o Buracaju de Silvio “Karne
Krua”, Escarro Napalm de Adelvan Barbo-
sa, Secreção Esporádica de Jayme Katar-
ro (zine de Belém (PA), mas que chegava
por aqui), Diário Punk de Natal de Sopa
d’Osso, Recifezes de Carlos, Grito Punk
de Joacy James. Eram todos no esquema
Do it Yourself, e foi a melhor lição deixada
para o Jornal Microfonia, sabendo-se que
nos dias atuais, existe a patrulha do politi-
camente correto, que em outras palavras
é a ditadura da liberdade de expressão. A
gente aprendeu e ficou safo em lidar com
as criaturinhas que puxam pra baixo, apre-
ndemos que ganhamos tempo falando
de música e não perdemos tempo nas
lamúrias. Nessa edição, a primeira do ano,
conversamos com o lançamento do selo
Microfonia Madness Factory, Val Fonseca
mostra que é Valente, Zombex tem uma
ótima trilha num filme trash e o Avatar não
é aquele que ganhou o Oscar! Boa leitura! Z
THE FACTORY (Diego) – É uma alusão à so-
noridade da banda, e essa introdução é como
se fosse uma fábrica em funcionamento. Existe
aquela coisa da fábrica de loucuras, né? É um
sentido amplo, você pode associar ao cotidiano,
que é grotesco, e ela emenda com Follow the
Madness. A ideia é como se fosse a fábrica fab-
ricando a loucura, e, como vocês não têm o que
fazer, então, segue a porra da loucura mesmo!
FOLLOW TH MADNESS (Vannucci) – Quan-
do a gente foi fazer essa letra, estavam todos
da banda e vimos que não funcionou. Foram
muitas ideias, e ficou complicado de montar. O
tempo foi passando, e, um dia, Diego chegou
com uma letra que falava de várias loucuras.
MALIGNA (Diego) – Essa letra fala de um cara
que era correto, conheceu uma mulher que
pensou ser a mulher da vida dele e, de repente,
descobre que ela é uma filha de uma puta, e o
cara fica nas mãos dela, mudando a visão ini-
cial que ele tinha, se tornando mais desleixado
e entregue a futilidades sensuais. Inclusive, tem
a participação de Olivia Delrio, que Beto (ba-
terista da Rotten Flies) conhece perfeitamente.
GRITOS AO SILÊNCIO (Jorge Augusto)
– É uma música que não tem tanto o trash
metal, pois é uma música bem marcada. No
meio, tem uma levada meio puxada para o
blues. É uma música que gosto muito de tocar.
LE MONDE BIZARRE (Boca) – Essa música é
de quando eu e Diego tocávamos na Crânio.Aca-
bou que não foi trabalhada como a gente queria.
Depois, quando já não estávamos mais na banda
e como gostávamos dessa música, trabalhamos
nela e ficou como queríamos desde o início.
Como tem um clima meio circense, a letra veio
com elementos de circo de horror, inclusive, ex-
iste um na França com esse nome, desde de 1800.
I AM A RENAGADE (Diego) – É a mais
rock’n’roll do disco. Ela não é tão veloz como
as outras. Quando a compus, Cleber (ex-vo-
cal/baixo) ainda estava na banda e fez a le-
tra. A gente aposta muito nessa música. Tem
um refrão pegajoso e é muito legal de tocar.
Vannucci adora, é a música da vida dele.
MATADORES DE GIGANTES (Vannucci)
– No começo, ela ia se chamar Gangues do
Nordeste, mas ficou muito bairrista. É uma
música frenética, meio Motorhead. A letra é
bem otimista, fala de lutar por um ideal e re-
sistência. A letra foi inspirada nos cangaceiros.
ESTAÇÃO PARADOXO (Jorge Augusto)
– É um dos destaques do CD, tanto pela le-
tra como pela música que tem uma veia
hardcore no riff inicial. É uma música rá-
pida e marcante, com várias influências.
FIRSTSONG(Boca)–QuandoDiegoapresentou
amúsica,atépensamosemusá-lacomoreferência
para esse CD. A letra conta uma história fictícia
do processo de composição da primeira música,
EARTHQUAKE (Diego) – Essa música é
minha e do Luiz Humberto. Antes de sair o
nosso primeiro CD, já tinha uma parte dela
pronta. A letra é de Cleber. Ela começa suave,
como se fosse um dia ensolarado e, de repente,
entra uma orquestra bem obscura, como se
fosse o início do terremoto, do caos mundial.
FAIXAA FAIXA - FOLLOW THE MADNESS
MICROFONIA 3
Enquanto isso, fora da redação...
El Mariachi
RIVEROS - S/T CD-R 2013 (RN) Já sei o que o ouvinte deste CD irá pensar: é uma explosiva mistura de Misfits com Ramones!
Sim, caro leitor, Arhur Cumming (guitarra), Hermano Rivero (voz), Antônio Garrafinha (baixo) e Sérvulo Rivero (bateria) ouvi-
ram Misfits e Ramones a vida toda, e aí você espera que eles toquem Oasis e Radiohead? Ah, dá licença! Capa bacana, encarte legal e
o som com letras que fariam Jerry Only se roer de inveja. Falando nisso, o CD tem momentos Michael Graves, e, conversando com o
maior especialista do Brasil em Misfits, Pedro Stevenson, o mesmo me garantiu de pé junto que Michael é a melhor fase dos Mis-
fits, esse é o momento enquete: Graves x Danzing. Voltando aos Riveros, começaram com o primeiro CD marcando um golaço. De-
staque para quatro faixas: Sangue, osso e batom, Circo de horrores, Mansão mal assombrada, que é a irmã mais nova de Forbiden Zone,
e a que-não-sai-da-cabeça À Meia Noite Beberei Cachaça Com Satanás, que foi a trilha sonora oficial da noite de Natal aqui em casa. A.S.
ROCKDALLE – S/T CD-R 2013 (SP) Entendemos que a música virtual vai permanecer e já virou uma nova mídia, mas so-
mos um jornal impresso e, com isso, queremos estimular a produção física. A banda Rockdalle, formada por Athilla Levi (voz),
Danilo Dias (guitarra e Voz), Bruno Dias (baixo) e Ernani Junior (bateria), lançou um trabalho virtual, no entanto, a pretensão
é lançar o físico. O som dos caras, que é da escola Discharge dos primeiros discos, está aqui, enquanto o vocal lembrou outra ban-
da paulistana chamada Prole. A capa simples, com uma estrela, tipo a do The Clash, é legal. Com quatro músicas, o EP é uma boa
entrada para o que está por vir. Além do som, destaque para as letras de Jogado à Própria Sorte (o seu médico/irá receitar alguns re-
médios/para te acalmar/você já não se importa mais/não liga pro que vai acontecer/pois não há motivos pra você querer viver) e da
agonizante Alguns Anos (Isso porque você está presente todos os dias/consumindo minha alma/consumindo minha vida). A.S.
NARK SOBREVIVENDO - AOS TIROS DA REINTEGRAÇÃO DE POSSE CD-R 2013 (PE) O nome da banda foi ti-
rado de uma música do Wasted Youth (Reagan’s In – 1981) e vem de Jaboatão dos Guararapes, Recife. O quarteto formado por
Wendell (vocal/guitarra), Pato (guitarra), Júlio (baixo), e Raphael (bateria) põe o dedo na ferida de vários temas que incomo-
dam o sistema, e que, por comodidade, são jogados para debaixo do tapete ou não são abordados com a seriedade devida. A sonori-
dade hardcore rápida e sem firulas – leia-se Dissension, Youth of Today e 7 Seconds – é perfeita para os temas escolhidos, a exem-
plo de “Por que Você é Contra o Aborto?” e “Dom Helder Holocausto”, cuja letra denuncia os descasos com a comunidade onde a
banda foi criada, em 2006. É por conta dessa honestidade escancarada que esse trabalho se destaca por si só. Recomendado. O.C.
MADNESS FACTORY – FOLLOW THE MADNESS CD 2013 (PB) É com imensa satisfação e alegria que acompanho o excelente tra-
balho do jornal/selo Microfonia. Agora tenho em mãos o CD Follow the Madness, da Madness Factory. Bem, sem mais firulas, vamos logo
ao que interessa: música! Não posso deixar de mencionar a excelente arte gráfica, uma marca registrada do selo. O som dos caras é um misto
de Thrash Metal com boas pegadas de Metal tradicional e Hard Rock (I am a Renegade), soando moderno sem ser fútil ou maçante, o que
já é um ponto positivo demais. Cantando em português e inglês, com uma base instrumental muito bem elaborada, ótimas transições e sem
aquela pretensão babaca de compor um amontoado de riffs, tentando ser a banda mais técnica do planeta. Se eu tivesse que compará-los a uma
banda, eu diria que, durante a audição do CD, me lembrei vagamente do que o Hirax vem fazendo nos últimos anos, especificamente nas partes
puramente Thrash Metal. Meus destaques? Eu apontaria “Maligna”, “Grito ao Silêncio”, “Estação Paradoxo” e “Earthquake”. Se você é fã de
Thrash Metal e HM tradicional, músicas agressivas e bem feitas, ótimos vocais e letras conscientes, embarque nessa sem medo! FRED N.C.
HORSE BASTARD EQUESTRIAN BLASTICORE CD-R 2011 (UK) Quando peguei esse CD-R com Pedro Henrique do Cätärro, no
Festival Caos Natal, de cara, imaginei que deveria ser algo tipo metal extremo, ou grindcore carrego. Imaginei certo, pois se trata de um
grind porradeira, música de, no máximo, 50 segundos, baterista tentacular, com a guitarra e o baixo fazendo uma massa sonora para o berro
comer solto. É um CD promo lançado pela própria banda, e o nome do disco é a definição, que eles mesmos encontraram, para o estilo
tocado. São onze músicas bem executadas em oito minutos, o problema é a falta de informação na capa, formação da banda, ficha técnica e
letras, o que ajudaria muito a um ouvinte curioso. Depois de uma rápida pesquisa na grande rede, vejo que os rapazes Bob (guitarra), Trippy
(bateria), Pete (baixo) e Chris (voz) são de Liverpool e que estão na ativa desde 2011. É isso que chamo de uma grande e grata surpresa. A.S.
CINEMERNE COISAS BELAS E SUJAS EPCD-R 2011 (SE) Amúsica remete a uma sonoridade dos anos noventa, que é a tela branca
onde as palavras de Paulo Henrique, um pioneiro em criações experimentais e existenciais, irão desenhar um mundo bizarro, cheio de coi-
sas belas e sujas. PH, para quem não lembra, foi o vocalista do banda Lacertae, da cidade de Lagarto, interior de Sergipe. Léo Airplane é o
seu comparsa que faz os drum dubs, baixo e teclados. O EP de cinco faixas inicia com 100 km com um sapato, uma espécie de Gita atordo-
ado mundo afora. Nem sempre se escapa da chuva. Ela pode te pegar desprevenido e, mesmo que esteja preparado para enfrentá-la, ainda
assim irá respingar.Agora, imagine que essa chuva, seja de querosene, o incômodo é muito maior... Chovendo Querosene (quando um olho
entorpecido se abrir/por que esses dias estão negros? A verdade está crua/A mentira está nua!) é outro destaque do EP. Embarque! O.C.
DESERDADOS REVOLUÇÃO AGORA! CD 2000/2008 (SP) Uma banda verdadeiramente punk-rock com influências do
Ramones e do The Clash, os caros fizeram um disco coeso e direto, pois cada música tem uma conotação diferente, o que me lem-
brou muito algumas bandas dos anos 80. A gravação está muito boa, com baixo, guitarra e bateria bem timbrados. O vocal é
limpo, mas não deixa de imprimir toda uma indignação que está refletida nas letras. A formação atual é Celo (guitarra), Da-
none (baixo), Jamaica (bateria) e Lambão (vocal/guitarra). Destaque para todas as músicas, principalmente, “Brasil”, “1977” e
“3º Mundo”. No CD, ainda tem duas músicas bônus, versões demo. Se você gosta de um bom punk-rock, esta é a deixa. B.L.
MICROFONIA4
Atrás da Porta VerdeAmor à Queima Roupa
Zombex
Horror.
Direção:
Jesse
Dayton
(2013)
Sabe aquele momento em que o garoto cheio de in-
segurança e dúvidas começa seu primeiro envolvim-
ento amoroso com aquela menina dos sonhos? Pois
é, essa é a história de Valente, criação de Vitor Ca-
faggi (Turma da Mônica – Laços, Duotone), com dois
álbuns antes lançados de forma independente, agora
sai pela Panini o terceiro, e que também reimprime
os anteriores. O personagem foi inspirado em dois
cães da raça Pastor Alemão (Valente e Valente II) que
acompanharam a juventude do autor. Ele faz uso da
bravura da raça desses cães, dando vida e personali-
dade a um personagem muito humano e carismático,
que conquista o leitor de cara. O medo de Valente se
transforma em coragem, e iniciativas são tomadas na
mudança do destino de sua vida, envolvido entre dois
amores e um dilema. É impossível não se identificar
com todas essas situações de humor, tristeza, ingenui-
dade e companheirismo de um personagem em busca
do amor da sua vida, passando por surpresas e desi-
lusões. Essa humanidade se faz muito presente em
uma galeria de personagens antropomórficos bem di-
vertidos, como Bu (macaca) e seu namorado girafa,
Cacique (elefante) e Ted (rato), entre outros. Tudo isso
é muito bem regido, com maestria, por Cafaggi, em ti-
ras seriadas que se iniciaram no jornal O Globo e que,
posteriormente, foram compiladas nesses álbuns lan-
çados em bancas e livrarias. Ao fim da cada um deles,
vem uma galeria de vários talentosos artistas com sua
versões do cãozinho e companhia. O gibi está sendo
muito bem recomendado, e reforço o coro. Adquiri o
primeiro pra conhecer e logo fui em busca dos out-
ros exemplares sem pestanejar. É agradável e diver-
tido para todas as idades. Em algum momento, você
irá se identificar com algumas dessas situações da
história. É ler para crer, e vai entender por que Valente
é exemplo de um pequeno gigante de coragem! J.F.
Com produção acima da média, esta paródia ultra-
passa todos os limites. Se você viu muitos efeitos
especiais no original, aqui não fica diferente, pois
o trabalho aqui ficou na mesma pegada, só que
acrescentando o doce da vida: o sexo! Os ava-
tares transam com mulheres, entre elas, Eva Stone,
que é destaque por sempre mostrar toda sua per-
formance, assim como Misty Stone. A parte dois
é curta, mas não deixa de ter um belo conteúdo,
como a cena em que duas avatares transam com
um humano. Depois, o líder dos Avatares ordena
que duas humanas se peguem (por sinal, duas be-
las loiras). Elas só faltam se engolir e depois vão
para o corte, como diz minha amiga Cláudia! O
filme se encerra com a transa dos atores Rachel
Roxxx e Chris Johnson. Com relação à tinta, não
atrapalha, até deixa a transa mais colorida! B.L.
Valente para
sempre (1)
Valente para
todas (2)
Valente por
opção (3)
Editora Panini
- 23x12 cm
100 pgs.,
R$ 14,90 cada
Eis aqui a fórmula mágica para se fazer um trash-
movie de péssima qualidade. Primeiro, pegue um ator
canastrão, estilo cigano Igor, que você encontra em
qualquer balada noturna. Segundo, mulheres gosto-
sas em cenas de lesbianismo. Terceiro, atores cult ou
simplesmente músicos reconhecidos para fazer uma
ponta. Quarto, alie tudo isso a uma direção desleixada,
num roteiro frouxo, fazendo até o próprio Ed Wood
parecer Stanley Kubrick. Quinto, uma trilha sonora
boa de lascar, que você vai lembrar na hora de dormir.
Estes itens foram encontrados no filme Zombex, do
diretor estreante Jesse Dayton, guitarrista texano dono
de um selo chamado Stag records. Dayton compôs a
trilha do filme com músicas da banda fictícia Captain
Clegg and the Night Creatures (psychobilly), que foi
lançada no filme Halloween II, de Rob Zombie. Mas,
vamos ao filme: depois de o furacão Katrina destroçar
New Orleans, os habitantes se encontram em um es-
tado pós-traumático, e uma indústria farmacêutica de
métodos escusos (ficção?) se aproveita da situação
para lançar um antidepressivo que altera o estado
dos habitantes. O docinho chama-se Zombex. O ar-
gumento é joia, o problema são as participações que
poderiam ser mais bem aproveitadas. O vocalista do
Slayer, Tom Araya, por exemplo, só diz uma frase: -
Você está dirigindo na direção errada, lá todos estão
mortos! Ok, o cara não é ator, mas quando é que você
vai ver o vocalista do Slayer num filme? John Doe,
baixista e vocalista da banda X, faz um barman desco-
lado. Corey Feldman (o pirralho de Conta Comigo)
e Sid Haig, ator tarimbado em películas de terror, fa-
lando duas ou três frases, e um inexpressivo Malcom
Macdowell atuando no automático. Quem segura a pe-
teca é o ator Lew Temple (presente na terceira tempo-
rada de Walking Dead), como um radialista paranoico
chamado Aldous Huxtable. Fica a constatação de que
o Sr. Jesse Dayton não aproveitou o filé que tinha em
mãos. Como diretor, ele é um ótimo músico! A.S.
This Is Ain’t Avatar Xxx This Is A Parody
Direção – Axel Braun Com Misty Stone,
Rachel Roxxx, Chris Johnson, Evan Stone E
Adriana Sephora 2012
Zumbilândia
Patrocínio

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Jornalmicrofonia #18

  • 1. MÚSICA .FILME .HQ .SHOWAno 4 nº 18 João Pessoa, janeiro 2014 Distribuiçãogratuita Madness Factory - Seguindo a Loucura Inúmeras são as razões para se fazer uma banda de rock: afinidade, amizade, nada pra fazer, ego, musicalidade, dro- gas, sexo e por aí vai. No caso do Madness Factory, o gatilho foi o Heavy Metal. Boca (voz/baixo), Vannucci (guitarra), Di- ego Nóbrega (guitarra) e Jorge Augusto (bateria) se enclausuraram e fizeram o seu segundo trabalho lançado pelo selo Mi- crofonia. Com o amadurecimento natural, os mesmos discorrem sobre o flerte com o rock’n’roll e hardcore e que cantar em português num estilo onde reina o idioma inglês é mais confortável. Agora, você pode conferir tudo isso na entrevista a seguir. Foto:OlgaCosta Depois do primeiro álbum lançado em 2010, só a- gora, depois de três anos, chega o Follow The Mad- ness. Quais as impressões deste segundo trabalho? Diego – É o álbum mais sincero e espontâneo. As músicas deste CD foram feitas com bastante cautela, se aproximam do que a gente queria. Neste disco, baixamos a afinação das guitarras para Ré, cos- tumávamos usar em Mi, então, consequentemente estão mais pesadas. Para quem conhece o primeiro disco, sentirá uma diferença nas composições, uma evolução, no estilo de composição das musicas. Existe uma sonoridade que não tinha no primeiro, devido às influências que estão mais diversificadas. A produção de Hansen Pessoa e Vi- computador e equipamentos básicos para a gravação. Jorge Augusto – Diego e Hansen captaram da melhor forma possível as guitarras e o baixo, e depois Vitor Hugo fez o papel dele de produtor, mixando e mas- terizando. No final, o resultado foi bem original, sem ser muito plastificado, algo que vem sendo de praxe, nesse tipo de som. Ele entendeu nossa mensagem. Quem escreveu as letras do Follow The Madness? Boca – A maioria é de Diego. A letra da última música do disco – The First Song – é de Cleber. Le Monde Bizarre é minha. Você tem alguma dificuldade em can- tar letras que não foram escritas por você? Boca – Na verdade, a minha maior dificul- dade era fazer a entonação nas músicas de Cle- ber, que tive que adaptar todas para o meu vocal. Jorge Augusto – As músicas tinham sido feitas por um vocalista que só can- tava. No caso de Boca, ele toca e canta. Boca – Esse processo levou um tempo, até eu me acostumar com as duas funções. O que lhe atraiu no Madness Factory? Boca – Eu vinha do Crânio, outra banda de trash metal, mas eles fazem uma linha de trash de que não gosto muito e sem muito compromisso. Vi na MF uma banda organizada, e a sonoridade me agradava mais. Para vocês, qual a diferen- ça entre o vocal de Cleber e Boca? Diego – Na verdade, Cleber continuou tocando com a gente depois que ele gravou o disco, só que ele pas- sou num concurso da Petrobrás e foi morar no Rio de Janeiro. A gente, na verdade, já tinha convidado Boca para ser o vocalista da banda, ele tocava baixo e fazia backing vocals. Quando Cleber saiu, Boca já tocava e daí ele ficou cantando e tocando baixo. E foi muito positivo. O vocal de Boca em relação ao de Cle- ber soa mais versátil. Não é uma linha tão diferente, mas eu acho que Boca consegue umas variações. Jorge Augusto – Como baixamos a afinação, Boca se adaptou com mais facilidade nesse processo. Se fosse Cleber, provavelmente, ele teria mais dificuldade de se adaptar para um tom mais baixo. O vocal de Boca acabou caindo como uma luva. A impressão é que, com a entrada de Boca, a banda ficou mais coesa. É isso mesmo? Jorge Augusto – Quando Boca reassumiu o vocal, a gente percebeu que era o vocal de que a banda precisava, bem mais dinâmico. Do primeiro para o segundo tra- balho, qual a diferença mais gritante? Jorge Augusto – No primeiro, demos mais ên- fase às estruturas musicais, à complexidade das composições. No segundo, a gente prezou mais pela musicalidade. No primeiro, ficamos muito presos ao trash metal; no atual; não ficamos atre- lados ao trash, e está mais pesado que o anterior. Diego – A afinação usada nesse trabalho é em tor Hugo acrescentou alguma coisa, se compararmos com o trabalho anterior? Diego - Na verdade, a produção toda iria ser minha e do Hansen e, por motivos pessoais, não foi possível prosseguir. Acho que o trabalho ficou da maneira que a gente queria. As bases foram todas captadas na casa de Hansen, e o trabalho final foi feito por Vitor Hugo, que evoluiu muito como produtor, tendo ficado mui- to bom o resultado final, bem a nossa cara mesmo. Quais instrumentos foram cap- tados na casa de Hansen? Diego - As guitarras e o baixo. O vocal foi gravado em um estúdio no Bessa, e a bateria, no Estúdio Peixeboi. NacasadeHansen,háumhomeestúdio,umquartocom
  • 2. MICROFONIA2 EXPEDIENTE Editores: Adriano Stevenson (DRT - 3401) Olga Costa (DRT - 60/85) Colaboradores: Josival Fonseca/ Beto L./Erivan Silva Fotos/Editoração:Olga Costa Ilustração:Josival Fonseca Revisão: Juliene Paiva Osias E-mail:jornalmicrofonia@gmail. com Facebook.com/jornalmicrofonia Twitter:@jmicrofonia Tiragem:5.000 exemplares Todos os textos dos nossos co- laboradores são assinados e não necessariamente refletem a opi- nião da redação Ré, e o primeiro foi na afinação padrão em Mi. Boca–Odiscoestámaisdinâmicoqueoprimeiro.Tem músicasmuitorápidaseoutrasbemmaiscadenciadas. Boca, quando você assumiu os vocais, qual foi a sua preocupação? Tentar levar um pouco do vo- calista anterior ou pegar uma veia totalmente dife- rente? Tinha a preocupação de seguir uma linha? Boca – na verdade, eu ainda estava descobrindo o que eu ia fazer! Eu nunca tinha cantado e fui testando e comecei a descobrir junto com a banda qual seria a melhor forma naquele momento. O que você vai ou- vir no CD foi definido no estúdio, na gravação final. Qual o processo de composição de vocês? Diego – Na verdade, essas músicas já haviam sido feitas há um bom tempo. Eu escrevo as músicas no Guitar Pro, passo pros caras e a gente acres- centa outras coisas no processo natural de ensaios. Jorge Augusto – Na verdade, 80% é do Diego. Ele tinha todas as músicas montadas no Gui- tar Pro, e a gente fez as mudanças necessárias que são naturais quando se começa a tocar. Qual foi a música do Follow the Madness que deu mais trabalho? Jorge Augusto – A música que mais deu trab- alho na hora de pôr em prática foi Earthquake. Diego – É uma das músicas mais trabalhosas de se tocar ao vivo, pois fico com o braço quase to- rando porque a palhetada é foda. Essa música eu fiz com Luiz Humberto, nosso antigo guitarrista. A primeira parte da música é dele, eu fiz o restante. Marcelo Holanda (Nailbiter) tocou com vocês também. Qual a contribuição dele para a banda? Jorge Augusto – Na verdade, ele mudou a forma de encaixar as letras nas músicas, fez coisas que a gente não estava acostumado a trabalhar e, por fazer parte do punk, trouxe muita coisa diferente, pela experiência que teve como vocalista em outros pro- jetos. Uma das mais interessantes foi o encaixe da letra de Satanic Western, do nosso trabalho anterior. Diego – Nesse disco, tem uma música chamada Ma- ligna, um nome de um projeto que tive com Mar- celo, que durou apenas uma semana! A base dessa música é do Marcelo, que tem uma forma bem pe- culiar de compor, algo bem simples, mas de uma expressividade enorme e que me influenciou muito. Vocês compõem músicas em português e em in- glês. Diante disso, sentem alguma diferença? Boca – No começo, eu achei estranho, não por ser em português, pois gosto de bandas que can- tam em português. O problema é construir, ad- equar a métrica da música, rima, sonoridade – em inglês, existe a vantagem de se poder contornar algumas dificuldades que encontramos na nossa língua. Mas, no final, é mais fácil em português na hora de cantar porque é a nossa língua e não ex- iste a preocupação da pronúncia na hora de cantar. Diego – Eu fiz as letras em português porque meu inglês é uma merda. Dorsal Atlantica e Ratos de Porão lançaram discos em português e inglês. A proposta inicial era fazer o mesmo, mas ficou in- viável pelo pouco tempo que tínhamos em estúdio. Vocês já pensaram em fazer um ál- bum só com letras em português? Diego – Particularmente, eu acharia interessante. Essa coisa de cantar em inglês no heavy metal é muito comum, sacramentada, e não é tão comum ter uma banda de heavy metal em português. Às vezes, a gente esquece que é a nossa língua, que tem o domínio dela e que, por isso, pode fazer muita coisa boa! Asmúsicasquejáestãocompostasparaumpróximo trabalho já têm letras em inglês ou em português? Diego–Eutenhoalgunsrascunhosdeletras,nadamuito sólido ainda, mas provavelmente serão em português. Boca – As músicas em português que estão nesse CD podem servir como termômetro. O público, aceitando ou não, isso pode a vir influenciar. Diego – Como é um trabalho que não está muito fo- cado no trash metal, poderá atrair fã de outros estilos. Boca–Achoqueopúblicodometalestádesacostuma- do a ouvir letras em português. Por exemplo, aqui em João Pessoa, tem o Sodoma, que canta em português, mas, como o vocal é gutural, disfarça muito a língua. Das bandas que vocês ouviram no cenário lo- cal, qual, de certa forma, influenciou vocês? Diego – Uma das bandas de que mais gostava era o Medicine Death, inclusive, tenho um projeto com os caras, chamado Alba Savage. Quando ouvi o MD pela primeira vez, eu quis fazer algo parecido. JorgeAugusto – Não sei se teve alguma que me influ- encioudessamaneira,mas,depoisquecomeceiatocar e fui conhecendo bandas locais, algumas me chama- ram a atenção, como Metal Brain, Medicine Death. Vannucci – Quando eu via o Dead Nomads tocando no teatro de Arena do Espaço Cul- tural com aquela roda de pogo gigante, eu queria fazer um show em que rolasse aquilo. Boca – Um dos motivos que me influenciou foi o fato de ver bandas locais tocando músicas au- torais e a galera indo pros shows e curtindo. EDITORIAL Em algum lugar no passado, existia zines que pipocavam no cenário nordestino, eram eles o Buracaju de Silvio “Karne Krua”, Escarro Napalm de Adelvan Barbo- sa, Secreção Esporádica de Jayme Katar- ro (zine de Belém (PA), mas que chegava por aqui), Diário Punk de Natal de Sopa d’Osso, Recifezes de Carlos, Grito Punk de Joacy James. Eram todos no esquema Do it Yourself, e foi a melhor lição deixada para o Jornal Microfonia, sabendo-se que nos dias atuais, existe a patrulha do politi- camente correto, que em outras palavras é a ditadura da liberdade de expressão. A gente aprendeu e ficou safo em lidar com as criaturinhas que puxam pra baixo, apre- ndemos que ganhamos tempo falando de música e não perdemos tempo nas lamúrias. Nessa edição, a primeira do ano, conversamos com o lançamento do selo Microfonia Madness Factory, Val Fonseca mostra que é Valente, Zombex tem uma ótima trilha num filme trash e o Avatar não é aquele que ganhou o Oscar! Boa leitura! Z THE FACTORY (Diego) – É uma alusão à so- noridade da banda, e essa introdução é como se fosse uma fábrica em funcionamento. Existe aquela coisa da fábrica de loucuras, né? É um sentido amplo, você pode associar ao cotidiano, que é grotesco, e ela emenda com Follow the Madness. A ideia é como se fosse a fábrica fab- ricando a loucura, e, como vocês não têm o que fazer, então, segue a porra da loucura mesmo! FOLLOW TH MADNESS (Vannucci) – Quan- do a gente foi fazer essa letra, estavam todos da banda e vimos que não funcionou. Foram muitas ideias, e ficou complicado de montar. O tempo foi passando, e, um dia, Diego chegou com uma letra que falava de várias loucuras. MALIGNA (Diego) – Essa letra fala de um cara que era correto, conheceu uma mulher que pensou ser a mulher da vida dele e, de repente, descobre que ela é uma filha de uma puta, e o cara fica nas mãos dela, mudando a visão ini- cial que ele tinha, se tornando mais desleixado e entregue a futilidades sensuais. Inclusive, tem a participação de Olivia Delrio, que Beto (ba- terista da Rotten Flies) conhece perfeitamente. GRITOS AO SILÊNCIO (Jorge Augusto) – É uma música que não tem tanto o trash metal, pois é uma música bem marcada. No meio, tem uma levada meio puxada para o blues. É uma música que gosto muito de tocar. LE MONDE BIZARRE (Boca) – Essa música é de quando eu e Diego tocávamos na Crânio.Aca- bou que não foi trabalhada como a gente queria. Depois, quando já não estávamos mais na banda e como gostávamos dessa música, trabalhamos nela e ficou como queríamos desde o início. Como tem um clima meio circense, a letra veio com elementos de circo de horror, inclusive, ex- iste um na França com esse nome, desde de 1800. I AM A RENAGADE (Diego) – É a mais rock’n’roll do disco. Ela não é tão veloz como as outras. Quando a compus, Cleber (ex-vo- cal/baixo) ainda estava na banda e fez a le- tra. A gente aposta muito nessa música. Tem um refrão pegajoso e é muito legal de tocar. Vannucci adora, é a música da vida dele. MATADORES DE GIGANTES (Vannucci) – No começo, ela ia se chamar Gangues do Nordeste, mas ficou muito bairrista. É uma música frenética, meio Motorhead. A letra é bem otimista, fala de lutar por um ideal e re- sistência. A letra foi inspirada nos cangaceiros. ESTAÇÃO PARADOXO (Jorge Augusto) – É um dos destaques do CD, tanto pela le- tra como pela música que tem uma veia hardcore no riff inicial. É uma música rá- pida e marcante, com várias influências. FIRSTSONG(Boca)–QuandoDiegoapresentou amúsica,atépensamosemusá-lacomoreferência para esse CD. A letra conta uma história fictícia do processo de composição da primeira música, EARTHQUAKE (Diego) – Essa música é minha e do Luiz Humberto. Antes de sair o nosso primeiro CD, já tinha uma parte dela pronta. A letra é de Cleber. Ela começa suave, como se fosse um dia ensolarado e, de repente, entra uma orquestra bem obscura, como se fosse o início do terremoto, do caos mundial. FAIXAA FAIXA - FOLLOW THE MADNESS
  • 3. MICROFONIA 3 Enquanto isso, fora da redação... El Mariachi RIVEROS - S/T CD-R 2013 (RN) Já sei o que o ouvinte deste CD irá pensar: é uma explosiva mistura de Misfits com Ramones! Sim, caro leitor, Arhur Cumming (guitarra), Hermano Rivero (voz), Antônio Garrafinha (baixo) e Sérvulo Rivero (bateria) ouvi- ram Misfits e Ramones a vida toda, e aí você espera que eles toquem Oasis e Radiohead? Ah, dá licença! Capa bacana, encarte legal e o som com letras que fariam Jerry Only se roer de inveja. Falando nisso, o CD tem momentos Michael Graves, e, conversando com o maior especialista do Brasil em Misfits, Pedro Stevenson, o mesmo me garantiu de pé junto que Michael é a melhor fase dos Mis- fits, esse é o momento enquete: Graves x Danzing. Voltando aos Riveros, começaram com o primeiro CD marcando um golaço. De- staque para quatro faixas: Sangue, osso e batom, Circo de horrores, Mansão mal assombrada, que é a irmã mais nova de Forbiden Zone, e a que-não-sai-da-cabeça À Meia Noite Beberei Cachaça Com Satanás, que foi a trilha sonora oficial da noite de Natal aqui em casa. A.S. ROCKDALLE – S/T CD-R 2013 (SP) Entendemos que a música virtual vai permanecer e já virou uma nova mídia, mas so- mos um jornal impresso e, com isso, queremos estimular a produção física. A banda Rockdalle, formada por Athilla Levi (voz), Danilo Dias (guitarra e Voz), Bruno Dias (baixo) e Ernani Junior (bateria), lançou um trabalho virtual, no entanto, a pretensão é lançar o físico. O som dos caras, que é da escola Discharge dos primeiros discos, está aqui, enquanto o vocal lembrou outra ban- da paulistana chamada Prole. A capa simples, com uma estrela, tipo a do The Clash, é legal. Com quatro músicas, o EP é uma boa entrada para o que está por vir. Além do som, destaque para as letras de Jogado à Própria Sorte (o seu médico/irá receitar alguns re- médios/para te acalmar/você já não se importa mais/não liga pro que vai acontecer/pois não há motivos pra você querer viver) e da agonizante Alguns Anos (Isso porque você está presente todos os dias/consumindo minha alma/consumindo minha vida). A.S. NARK SOBREVIVENDO - AOS TIROS DA REINTEGRAÇÃO DE POSSE CD-R 2013 (PE) O nome da banda foi ti- rado de uma música do Wasted Youth (Reagan’s In – 1981) e vem de Jaboatão dos Guararapes, Recife. O quarteto formado por Wendell (vocal/guitarra), Pato (guitarra), Júlio (baixo), e Raphael (bateria) põe o dedo na ferida de vários temas que incomo- dam o sistema, e que, por comodidade, são jogados para debaixo do tapete ou não são abordados com a seriedade devida. A sonori- dade hardcore rápida e sem firulas – leia-se Dissension, Youth of Today e 7 Seconds – é perfeita para os temas escolhidos, a exem- plo de “Por que Você é Contra o Aborto?” e “Dom Helder Holocausto”, cuja letra denuncia os descasos com a comunidade onde a banda foi criada, em 2006. É por conta dessa honestidade escancarada que esse trabalho se destaca por si só. Recomendado. O.C. MADNESS FACTORY – FOLLOW THE MADNESS CD 2013 (PB) É com imensa satisfação e alegria que acompanho o excelente tra- balho do jornal/selo Microfonia. Agora tenho em mãos o CD Follow the Madness, da Madness Factory. Bem, sem mais firulas, vamos logo ao que interessa: música! Não posso deixar de mencionar a excelente arte gráfica, uma marca registrada do selo. O som dos caras é um misto de Thrash Metal com boas pegadas de Metal tradicional e Hard Rock (I am a Renegade), soando moderno sem ser fútil ou maçante, o que já é um ponto positivo demais. Cantando em português e inglês, com uma base instrumental muito bem elaborada, ótimas transições e sem aquela pretensão babaca de compor um amontoado de riffs, tentando ser a banda mais técnica do planeta. Se eu tivesse que compará-los a uma banda, eu diria que, durante a audição do CD, me lembrei vagamente do que o Hirax vem fazendo nos últimos anos, especificamente nas partes puramente Thrash Metal. Meus destaques? Eu apontaria “Maligna”, “Grito ao Silêncio”, “Estação Paradoxo” e “Earthquake”. Se você é fã de Thrash Metal e HM tradicional, músicas agressivas e bem feitas, ótimos vocais e letras conscientes, embarque nessa sem medo! FRED N.C. HORSE BASTARD EQUESTRIAN BLASTICORE CD-R 2011 (UK) Quando peguei esse CD-R com Pedro Henrique do Cätärro, no Festival Caos Natal, de cara, imaginei que deveria ser algo tipo metal extremo, ou grindcore carrego. Imaginei certo, pois se trata de um grind porradeira, música de, no máximo, 50 segundos, baterista tentacular, com a guitarra e o baixo fazendo uma massa sonora para o berro comer solto. É um CD promo lançado pela própria banda, e o nome do disco é a definição, que eles mesmos encontraram, para o estilo tocado. São onze músicas bem executadas em oito minutos, o problema é a falta de informação na capa, formação da banda, ficha técnica e letras, o que ajudaria muito a um ouvinte curioso. Depois de uma rápida pesquisa na grande rede, vejo que os rapazes Bob (guitarra), Trippy (bateria), Pete (baixo) e Chris (voz) são de Liverpool e que estão na ativa desde 2011. É isso que chamo de uma grande e grata surpresa. A.S. CINEMERNE COISAS BELAS E SUJAS EPCD-R 2011 (SE) Amúsica remete a uma sonoridade dos anos noventa, que é a tela branca onde as palavras de Paulo Henrique, um pioneiro em criações experimentais e existenciais, irão desenhar um mundo bizarro, cheio de coi- sas belas e sujas. PH, para quem não lembra, foi o vocalista do banda Lacertae, da cidade de Lagarto, interior de Sergipe. Léo Airplane é o seu comparsa que faz os drum dubs, baixo e teclados. O EP de cinco faixas inicia com 100 km com um sapato, uma espécie de Gita atordo- ado mundo afora. Nem sempre se escapa da chuva. Ela pode te pegar desprevenido e, mesmo que esteja preparado para enfrentá-la, ainda assim irá respingar.Agora, imagine que essa chuva, seja de querosene, o incômodo é muito maior... Chovendo Querosene (quando um olho entorpecido se abrir/por que esses dias estão negros? A verdade está crua/A mentira está nua!) é outro destaque do EP. Embarque! O.C. DESERDADOS REVOLUÇÃO AGORA! CD 2000/2008 (SP) Uma banda verdadeiramente punk-rock com influências do Ramones e do The Clash, os caros fizeram um disco coeso e direto, pois cada música tem uma conotação diferente, o que me lem- brou muito algumas bandas dos anos 80. A gravação está muito boa, com baixo, guitarra e bateria bem timbrados. O vocal é limpo, mas não deixa de imprimir toda uma indignação que está refletida nas letras. A formação atual é Celo (guitarra), Da- none (baixo), Jamaica (bateria) e Lambão (vocal/guitarra). Destaque para todas as músicas, principalmente, “Brasil”, “1977” e “3º Mundo”. No CD, ainda tem duas músicas bônus, versões demo. Se você gosta de um bom punk-rock, esta é a deixa. B.L.
  • 4. MICROFONIA4 Atrás da Porta VerdeAmor à Queima Roupa Zombex Horror. Direção: Jesse Dayton (2013) Sabe aquele momento em que o garoto cheio de in- segurança e dúvidas começa seu primeiro envolvim- ento amoroso com aquela menina dos sonhos? Pois é, essa é a história de Valente, criação de Vitor Ca- faggi (Turma da Mônica – Laços, Duotone), com dois álbuns antes lançados de forma independente, agora sai pela Panini o terceiro, e que também reimprime os anteriores. O personagem foi inspirado em dois cães da raça Pastor Alemão (Valente e Valente II) que acompanharam a juventude do autor. Ele faz uso da bravura da raça desses cães, dando vida e personali- dade a um personagem muito humano e carismático, que conquista o leitor de cara. O medo de Valente se transforma em coragem, e iniciativas são tomadas na mudança do destino de sua vida, envolvido entre dois amores e um dilema. É impossível não se identificar com todas essas situações de humor, tristeza, ingenui- dade e companheirismo de um personagem em busca do amor da sua vida, passando por surpresas e desi- lusões. Essa humanidade se faz muito presente em uma galeria de personagens antropomórficos bem di- vertidos, como Bu (macaca) e seu namorado girafa, Cacique (elefante) e Ted (rato), entre outros. Tudo isso é muito bem regido, com maestria, por Cafaggi, em ti- ras seriadas que se iniciaram no jornal O Globo e que, posteriormente, foram compiladas nesses álbuns lan- çados em bancas e livrarias. Ao fim da cada um deles, vem uma galeria de vários talentosos artistas com sua versões do cãozinho e companhia. O gibi está sendo muito bem recomendado, e reforço o coro. Adquiri o primeiro pra conhecer e logo fui em busca dos out- ros exemplares sem pestanejar. É agradável e diver- tido para todas as idades. Em algum momento, você irá se identificar com algumas dessas situações da história. É ler para crer, e vai entender por que Valente é exemplo de um pequeno gigante de coragem! J.F. Com produção acima da média, esta paródia ultra- passa todos os limites. Se você viu muitos efeitos especiais no original, aqui não fica diferente, pois o trabalho aqui ficou na mesma pegada, só que acrescentando o doce da vida: o sexo! Os ava- tares transam com mulheres, entre elas, Eva Stone, que é destaque por sempre mostrar toda sua per- formance, assim como Misty Stone. A parte dois é curta, mas não deixa de ter um belo conteúdo, como a cena em que duas avatares transam com um humano. Depois, o líder dos Avatares ordena que duas humanas se peguem (por sinal, duas be- las loiras). Elas só faltam se engolir e depois vão para o corte, como diz minha amiga Cláudia! O filme se encerra com a transa dos atores Rachel Roxxx e Chris Johnson. Com relação à tinta, não atrapalha, até deixa a transa mais colorida! B.L. Valente para sempre (1) Valente para todas (2) Valente por opção (3) Editora Panini - 23x12 cm 100 pgs., R$ 14,90 cada Eis aqui a fórmula mágica para se fazer um trash- movie de péssima qualidade. Primeiro, pegue um ator canastrão, estilo cigano Igor, que você encontra em qualquer balada noturna. Segundo, mulheres gosto- sas em cenas de lesbianismo. Terceiro, atores cult ou simplesmente músicos reconhecidos para fazer uma ponta. Quarto, alie tudo isso a uma direção desleixada, num roteiro frouxo, fazendo até o próprio Ed Wood parecer Stanley Kubrick. Quinto, uma trilha sonora boa de lascar, que você vai lembrar na hora de dormir. Estes itens foram encontrados no filme Zombex, do diretor estreante Jesse Dayton, guitarrista texano dono de um selo chamado Stag records. Dayton compôs a trilha do filme com músicas da banda fictícia Captain Clegg and the Night Creatures (psychobilly), que foi lançada no filme Halloween II, de Rob Zombie. Mas, vamos ao filme: depois de o furacão Katrina destroçar New Orleans, os habitantes se encontram em um es- tado pós-traumático, e uma indústria farmacêutica de métodos escusos (ficção?) se aproveita da situação para lançar um antidepressivo que altera o estado dos habitantes. O docinho chama-se Zombex. O ar- gumento é joia, o problema são as participações que poderiam ser mais bem aproveitadas. O vocalista do Slayer, Tom Araya, por exemplo, só diz uma frase: - Você está dirigindo na direção errada, lá todos estão mortos! Ok, o cara não é ator, mas quando é que você vai ver o vocalista do Slayer num filme? John Doe, baixista e vocalista da banda X, faz um barman desco- lado. Corey Feldman (o pirralho de Conta Comigo) e Sid Haig, ator tarimbado em películas de terror, fa- lando duas ou três frases, e um inexpressivo Malcom Macdowell atuando no automático. Quem segura a pe- teca é o ator Lew Temple (presente na terceira tempo- rada de Walking Dead), como um radialista paranoico chamado Aldous Huxtable. Fica a constatação de que o Sr. Jesse Dayton não aproveitou o filé que tinha em mãos. Como diretor, ele é um ótimo músico! A.S. This Is Ain’t Avatar Xxx This Is A Parody Direção – Axel Braun Com Misty Stone, Rachel Roxxx, Chris Johnson, Evan Stone E Adriana Sephora 2012 Zumbilândia Patrocínio